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1 Pablo Muryllo de Oliveira Globalização, Consumo e Cidades Médias: o complexo arranjo em redes hierárquicas e heterarquicas. Presidente Prudente 2017 2 Pablo Muryllo de Oliveira Globalização, Consumo e Cidades Médias: o complexo arranjo em redes hierárquicas e heterarquicas. Presidente Prudente 2017 Trabalho de monografia apresentado ao Departamento de Geografia da Faculdade de Ciências e Tecnologia – Universidade Estadual Paulista (UNESP) de Presidente Prudente – S.P, para obtenção do titulo de Bacharel em Geografia. Orientador: Prof. Márcio José Catelan. 3 FICHA CATALOGRÁFICA Oliveira, Pablo Muryllo. O49g Globalização, consumo e cidades médias : o complexo arranjo em redes hierárquicas e hierárquicas / Pablo Muryllo de Oliveira. - Presidente Prudente: [s.n], 2017 123 f. : i l . Orientador: Márcio José Catelan Trabalho de conclusão (bacharelado – Geografia) - Universidade Estadual Paulista, Faculdade de Ciências e Tecnologia Inclui bibliografia 1. Cidades médias. 2. Globalização. 3. Redes. I. Catelan, Márcio José. II. Universidade Estadual Paulista. Faculdade de Ciências e Tecnologia. III. Título. 4 Termo de aprovação 5 Agradecimentos Desses 5 anos que estou em Presidente Prudente, creio que esse momento de escrever os agradecimentos para minha monografia, seja sem duvidas, a mais esperada. Nesse tempo, aconteceram muitas coisas. Não dá pra mensurar o tanto quanto cresci e aprendi, seja no aspecto pessoal, como acadêmico/profissional. Em meio a todo esse processo, me apoie (e me apoio) em varias pessoas. Muitas delas se tornaram grandes amigxs, outrxs já ficarão como lembranças em minha memoria. Nesse breve texto, tentarei não ser injusto e hierárquico, em relação à importância que cada uma dessas pessoas teve em minha passagem por aqui. Sendo assim, irei elencar as pessoas por ordem cronológica, para não ser injusto em meus agradecimentos. Quero primeiramente, agradecer a minha família, pois sem eles não estarei aqui: Mãe (Célia), irmã (Laís) e paidrasto (Marcelo). Vocês sabem bem, como tenho problemas em demonstrar sentimentos, mas saibam que amo vocês, mais do que tudo nessa vida. Obrigado pelo carinho, amor e esforços que cada um de vocês fizeram, pra eu pudesse realizar esse sonho. Quero agradecer também minha Tia Valeria, Tia Neia, Tio Mauricio, meus primos Miguel, Manu e Laura, e Vó Cida, “Seu” Juca e “Dona” Alda por tudo que representam em minha formação humana. Aos meus amigos do “Trio Ternura”: Rafael e Glaucia. Quero imensamente agradecer, ao apoio, a amizade, as risadas. Enfim, tudo, amizade como a nossa de mais de 15 anos, não surgem ao acaso. Sempre digo que vocês é a família que tive a oportunidade de escolher. Tati, Geison e Cíntia, obrigado por tudo mesmo. Quero agradecer a todos que moraram comigo na Moradia Estudantil. Esse espaço de luta e resiliência, que me ensinou muito, a partir dos contatos , discussões e debates que tive. Nesse sentido, quero deixar meu agradecimento a todos os lendários e saudosos “B4trianos”, em especial a: Tim, Nina, Rubens, Paulot, André e Caique. Cada um de vocês foi único, e tiveram sua importância nesse processo. Desde, um Ki-dogão da madrugada, conveniência, a questões filosóficas e geográficas, muito obrigado. Não posso me esquecer dos moradores do “B1” e do “B2”, foram tantas conversas, bagunças, campeonatos (B12). Neste sentido, quero agradecer especialmente ao Hélio, pessoa formidável, que aprendi a respeitar e a gostar muito, valeu por tudo “maninho”. 6 A todos aqueles que participaram e participam (professores e alunos) do Cursinho Popular Rosa Luxemburgo, esse projeto que dá oportunidade de estudo, debates e acesso a universidade publica a pessoas que são excluídas desses direitos. Nesse sentido, agradeço principalmente ao Leandro, Mauro e Annalisa. Obrigado pela oportunidade de fazer parte desse projeto. Tenho muitas pessoas que gostaria de agradecer, aqui elencarei algumas: Lika, Mayara, Magda, Dielme, Gezivaldo, Nicolas, Felipe Vieira, vocês são pessoas que ajudam sem pedir nada em troca. Tantas conversas, vídeo-game, mercado, etc. É difícil mensurar o carinho e respeito que tenho por vocês. Obrigado. Stephanie, Cathi, Bruna Guldoni, Leticia Chicheira, Luana (Ourinhos) e Silmara. Vocês foram às pessoas que “ganhei” na faculdade. Stephanie, você foi a primeira pessoa que tive contato, grande amiga, grande irmã. Bruna, a pessoa mais bela e cativante que conheci, e a inteligência? Nem vamos comentar. Cathi, já falei que iremos casar (risos), obrig ado por cada café com pão de queijo, desde os dias frios, aos dias típicos de Prudente. Chicheira, a menina “reclamona” do trabalho de campo, quantos cinemas nos fomos? Lu, eu e seu “escortinho”, sem palavras pra tudo que já tivemos. Sillllll, minha companheira acadêmica, tantos trabalhos, seminários, discussões, aprendi demais com você. Obrigado a todos. Jeff (presida) e Juliano. Caras, vocês são fenomenais. Somos e seremos sempre os “velhos” dos rolês (risos). Cada balancê, que é melhor nem comentar. Nani, minha amiga, irmã, mãe, e não sei mais o que. Sempre seremos, bebê um do outro. A também a galera que conheci há pouco tempo. Renan, Vanessa, Karina, Lets, Lúcia. Vocês são pessoas que me surpreendem a cada dia, olha, não tenho palavras. Vocês são f****. Márcio Catelan, meu orientador, entendedor da minha mente confusa e caótica, obrigado por tudo, e principalmente, perceber meus probleminhas de ser peixes com peixes (risos). Valeu por tudo. E que no mestrado seja muito melhor ainda nossa relação. Nesse processo, tive tantas pessoas que me ajudaram de alguma maneira, e não quero ser injusto com nenhum, desta forma quero citar algumas: Ana B, Andreotti, Aylê, Di Maria, Diego (B1), Diego (B4), Elines, Eric (Fininho), Gabriel (Ceará), Giugliana, Gustavo (Degrau), Joyce, Luiz (Escada), Mari da sala, Mari do Gasperr, Mari (casa), Maria Ruth, 7 Maricielo, Mayra, Michelle (Mimi), Reginaldo Campo, Rodolfo, Sarinha, Silmara da educa, Tais Telles, Tamires, enfim, já não tenho palavras pra todos vocês. Obrigado pela FAPESP pelo auxílio. Provavelmente, fui injusto com alguém. Mas, saibam que o meu carinho, respeito e admiração, não se resumem a esse pedaço de papel. Amo todos, sem exceção, aqueles que estão, e aqueles que não estão. Obrigado por tudo, sem vocês não seria nada. 8 Resumo O presente trabalho tem como fundamento, a apresentação dos debates e resultados de uma pesquisa realizada no âmbito do projeto “Lógicas Econômicas e Práticas Espaciais Contemporâneas: Cidades Médias e Consumo”, avaliado e aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Estado de São Paulo – FAPESP, na qualidade de Projeto Temático, 2011/20155-3. É uma proposta teórica – metodológica e de perspectiva analítica para compreendermos a (re)estruturação da rede urbana, tendo em vista a ampliação das articulações escalares dado a expansão de processos, como a urbanização, cujos reflexos advêm do processo de Globalização. Sendo assim, nos debruçaremos na análise dos dados e exportação e importaçãodas cidades médias de Presidente Prudente, Marília e São Carlos, obtidos na plataforma da Secretaria de Comércio Exterior (SECEX), vinculada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. Palavras-chave: Cidades Médias, Globalização, Consumo, Comércio Exterior, Hierarquia-Heterarquia Urbana. 9 Abstract The present work is based on the presentation of the debates and results of a research carried out under the project "Economic Logics and Contemporary Space Practices: Medium Cities and Consumption", evaluated and approved by the Foundation for Research Support of the State of São Paulo Paulo - FAPESP, as Thematic Project, 2011 / 20155-3. It is a theoretical - methodological proposal and an analytical perspective to understand the (re) structuring of the urban network, in view of the expansion of scalar articulations given the expansion of processes, such as urbanization, whose reflexes come from the Globalization process. Therefore, we will analyze the data and export and import of the medium-sized cities of Presidente Prudente, Marília and São Carlos, obtained from the Secretariat of Foreign Trade (SECEX), linked to the Ministry of Development, Industry and Foreign Trade. Keywords: Medium Cities, Globalization, Consumption, Foreign Trade, Hierarchy-Urban Heterarchy. 10 ÍNDICE DE TABELAS TABELA 1- 40 TABELA 2- 41 TABELA 3- 45 TABELA 4- 46 TABELA 5- 49 TABELA 6- 50 TABELA 7-57 TABELA 8- 58 TABELA 9 - 58 TABELA 10- 62 TABELA 11- 63 TABELA 12- 66 TABELA 13- 67 TABELA 14- 68 TABELA 15- 71 TABELA 16- 71 TABELA 17 - 74 TABELA 18- 75 TABELA 19 - 76 TABELA 20- 79 TABELA 21- 79 11 SUMÁRIO INTRODUÇÃO - 12 CAPÍTULO 1: GLOBALIZAÇÃO, COMÉRCIO EXTERIOR E CONSUMO - 16 Globalização: aspectos do capitalismo na era da informação - 17 Consumo, Comércio Exterior como base da Globalização - 22 Cidades Médias e sua dinâmica na rede urbana - 25 Hierarquia e a Heterarquia Urbana como proposta de análise - 30 CAPÍTULO 2: CONTEXTUALIZAÇÃO ECONÔMICA, ESPACIAL E HISTÓRICA DAS CIDADES MÉDIAS DE PRESIDENTE PRUDENTE, MARÍLIA E SÃO CARLOS - 36 Presidente Prudente - 38 Marília - 42 São Carlos - 46 CAPÍTULO 3: A INSERÇÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE, MARÍLIA E SÃO CARLOS NO COMÉRCIO EXTERIOR - 55 Presidente Prudente: o couro e a carne - 56 Marília: doces, bolachas e chocolates - 66 São Carlos: tecnologia, material escolar e veículos automotores – 74 Conclusões e resultados a partir dos dados da SECEX/MDIC - 82 CONSIDERAÇÕES FINAIS - 84 BIBLIOGRAFIA - 88 APÊNDICE - 97 12 INTRODUÇÃO 13 Nossa premissa parte da idéia de que as interações espaciais das cidades médias extrapolam uma lógica hierarquizada. Desta forma, o paradigma da Hierarquia Urbana, pautada na idéia das Localidades Centrais de Walter Christaller (1933, 1966), não é mais suficiente para entendermos o complexo arranjo das redes urbanas na atualidade. Essa teoria foi cunhada, tendo em vista, níveis de funções e papéis que as cidades exercem em dada rede urbana. Por ser uma teoria de cunho quantitativo, articula o número de papéis e funções complexas que cada cidade exerce em sua rede de influência (ou hinterlândia). Ela acaba engendrando as cidades em níveis escalares que a nosso ver são bem rígidas, e não abarcam o contexto e as dimensões nas quais as cidades médias podem ser explicadas nas redes urbanas, sobretudo, aquelas dinâmicas e lógicas articuladas a partir do processo de Globalização. Essa relação estruturada em níveis não-hierárquicos promovidas por essas cidades médias, podem ser visualizadas por meio dos dados de seu Comércio Exterior, articulados a outros processos, motivo pelo qual abordaremos as articulações em múltiplas escalas neste trabalho. Isso não exclui a idéia da Hierarquia Urbana, muito bem trabalhados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em seus estudos sobre a Região de Influência das Cidades (REGIC), mas de certa forma, complementa tal proposta analítica de articularmos o Comércio Exterior, Globalização e as Cidades Médias. Entendemos que uma hierarquização em níveis de funcionalidades das cidades em rede de forma quantitativa, enrijece o entendimento das interações espaciais contidas nos fluxos de mercadorias, pessoas, capitais, informações, idéias, etc., fomentada pelas redes (materiais e imateriais) que articulam e interconectam elas. Para entendermos tais relações, precisamos ter noção das diferentes temporalidades entre os processos de estruturação e articulações, as diferentes tipologias de funções e papéis das cidades na rede urbana e, principalmente, a condição interescalar das interações espaciais, aspectos relevantes para entendermos o movimento, o arranjo e as articulações espaciais. (CATELAN, 2012, p. 2) Deste modo, temos a perspectiva de articularmos a Globalização, o Consumo e o Comércio Exterior, no âmbito das relações em rede de três cidades médias paulista: Presidente Prudente, São Carlos e Marília. Essas cidades tem uma expressão significativa no que tangem aos dados de exportação e importação. Além de ter sua formação histórica e espacial, a partir da expansão do complexo cafeeiro. E de serem três das seis cidades 14 estudadas no âmbito do projeto temático “Lógicas Econômicas e Práticas Espaciais Contemporâneas: Cidades Médias e Consumo”, avaliado e aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Estado de São Paulo – FAPESP, na qualidade de Projeto Temático, 2011/20155-3, e estudada pelo Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais (GasPERR).Sendo assim, para sustentar nossa premissa que articulam tais conceitos, utilizamo-nos de um conjunto de dados obtidos da plataforma organizada pela Secretaria de Comércio Exterior – SECEX/MDIC, responsável pela sistematização e divulgação dos dados da balança comercial brasileira. A plataforma da SECEX/MDIC apresenta os dados organizados por principais ramos, empresas, produtos e países de destino da exportação e origem da importação, agrupados a partir das tabelas que estão disponíveis nos bancos de dados desta instituição. Estes dados podem ser baixados no item “Estatística de Comércio Exterior – DEPLA”. Os dados são organizados permitindo que as tabelas e quadros possam ser baixados por s emanas ou meses de referências. Trabalhamos com os dados consolidados dos anos anteriores a 2013, a partir do ano de 2006. No que se refere ao detalhamento dos dados, a plataforma da SECEX/MDIC permite o acesso aos dados dos 40 produtos mais exportados e importados por municípios (Neste caso considera-se o domicilio fiscal da empresa exportadora) com os respectivos valores, bem como as listagens dos 100 produtos mais exportados e importados, com seus valores, pelas unidades da federação. Neste último caso, considera-se o estado produtor da mercadoria, independentemente de onde se localiza a sede da empresa. Estão disponibilizados também os dados por empresas que mais exportaram e importaram, por blocos econômicos. Com tais recursos é possível: 1. a observação do montante da balança comercial destas cidades médias – valores gastos com a importação e auferidos com a exportação, possibilitandoconhecer os circuitos produtivos em cada uma destas cidades; 2.a verificação dos tipos de ramos, produtos e empresas, bem como a especialização e/ou diversificação produtiva nestas cidades; e 3.a verificação das cidades e países com os quais elas estabelecem relações – as interações em diferentes escalas. As exportações e as importações apontam a concretização dos circuitos produtivos nas redes de cidades, tornando-se os slogans empresariais e políticos da participação destas cidades na rede urbana, no que tange à produção e ao consumo. Conferem, portanto, mais elementos e conteúdos para uma reflexão sobre consumo e o que resulta dele nas cidades 15 médias. A partir dos dados sobre a balança comercial, é possível ampliar não somente a escala de análise, mas também, os significados do consumo quando articuladas às lógicas de múltiplas escalas. Assim, analisar os dados da balança comercial nestas cidades médias quer dizer não somente compreender como elas vêm participando das trocas comerciais em diferentes escalas, mas, principalmente, como tais trocas passam a repercutir no consumo e no que se consome na escala local e regional. O intuito de obtermos esses dados é por dois motivos centrais: montar uma base de dados e analisar como se da à inserção dessas cidades no comércio global. Como nosso foco é no consumo, analisarmos esses dados nos ajudaria a entender esse aspecto dessas cidades médias paulista. Para melhor facilitar a compreensão sobre a metodologia, dividiremos este texto em quatro capítulos: a primeira intitulada de GLOBALIZAÇÃO, COMÉRCIO EXTERIOR E CONSUMO, trarão alguns debates entorno da Globalização, Consumo, Interações Espaciais Interescalares, e do par Hierarquia - Heteraquia Urbana,além de fazermos uma breve definição de como entendermos o que são cidades médias, com suas considerações metodológicas e analíticas para o estudo da Geografia Urbana. A segunda, intitulada CONTEXTUALIZAÇÃO ECONÔMICA, ESPACIAL E HISTÓRICA DAS CIDADES MÉDIAS ESTUDADAS, tem como intuito trazer para o nosso foco, alguns outros elementos que caracterizem as cidadesmédiasque foram foco desta pesquisa: Presidente Prudente, Marília e São Carlos. A terceira, intitulada de A INSERÇÃO DE PRESIDENTE PRUDENTE, MARÍLIA E SÃO CARLOS NO COMÉRCIO EXTERIOR, trará os resultados obtidos a partir da base de dados utilizada nessa pesquisa, sendo em forma de tabelas, gráficos, mapas e textos que descrevem os resultados quantitativos que foram obtidos. Por fim, a última e quarta parte,chamada de CONSIDERAÇÕES FINAIS, tem como fundamento trazer alguns debates e conclusões que esta monografia nos trouxe. Sendo assim, temos como objetivo, compreender como o processo de globalização se impõe com suas lógicas gerando dinâmicas de escalas articuladas. Esse texto tem como foco esse processo, assim como, as suas transformações na rede urbana, e de como entender as cidades médias nesse contexto. Deste modo, o intuito é articular a globalização, o consumo, o comércio exterior e as cidades médias, além de tratarmos do modo como a complexidade do mundo atual e globalizado sugerem novas propostas metodológicas e conceituais. 16 1. GLOBALIZAÇÃO, COMÉRCIO EXTERIOR E CONSUMO. 17 Neste capítulo, temos o intuito de entendermos o contexto do mundo contemporâneo, para isso, julgamos ser imprescindível o entendimento de alguns processos e conceitos, como: a Globalização, o Consumo, o Comércio Exterior, as interações interescalares, as Cidades Médias e o par Hierarquia-Heterarquia. O entendimento desses processos e conceitos nos auxiliara na articulação da nossa premissa de compreender como o processo de globalização se impõe com suas lógicas gerando dinâmicas em diversas escalas, perante a rede urbana. 1.1 GLOBALIZAÇÃO: ASPECTOS DO CAPITALISMO NA ERA DA INFORMAÇÃO Dentre esses processos, colocamos em foco a Globalização. Processo este, que tem proporções mundiais, e que alterou toda uma percepção de mundo, não modificou apenas as relações econômicas, mas ressignificou de maneira expressiva, as relações sociais, culturais e as formas de produção do espaço (sejam os espaços urbanos ou rurais) . Vislumbramos, assim, a oportunidade de entendermos esse complexo arranjo entre Estados - nações, redes (os fluxos, de todo tipo – das mercadorias às informações pressupõem a existência das redes.)(DIAS, 2005) (tangíveis ou não, hierárquicas-heterárquicas), técnicas, tecnologias, povos, sociedade e consumo. (...) o globo não é mais apenas uma figura astronômica, e sim o território no qual todos encontram-se relacionados e atrelados, diferenciados e antagônicos – essa descoberta surpreende, encanta e atemoriza. Trata-se de uma ruptura drástica nos modos de ser, sentir, agir, pensar e fabular. (...) abalando não só as convicções, mas também as visões de mundo. (...) o globo não é mais exclusivamente um conglomerado de nações, sociedades nacionais, Estados-nações (...). Foram subsumidos, real ou formalmente, pela sociedade global, pelas configurações e movimentos da globalização. (IANNI, 2013, p. 13) Para iniciarmos esse breve debate sobre o processo atual de Globalização, tentaremos expor, de modo sintético, o conceito de Meio-Técnico-Cientifico-Informacional. Esse conceito, trabalhado por Milton Santos, em seu livro intitulado “A Natureza do Espaço” (2006), nos traz a perspectiva necessária para o entendimento da Globalização. Não é a intenção deste trabalho, fazermos uma descrição detalhada de tal conteúdo, mas sim de trazermos para nossa discussão, o que julgamos ser importante à compreensão do que 18 concerne às relações e processos múltiplos que envolvem as cidades médias, tendo em vista, a interescalaridade que assumem a partir do processo de globalização. Deste modo, entender alguns conceitos e termos, facilita nosso entendimento, em face da complexidade da atualidade. Sendo assim, o Meio-técnico-cientifico-informacional é, basicamente, a junção da técnica, ciência e informação, transformando o espaço e atuando como força motriz para a acumulação capitalista. Para Santos (2006), esse meio seria a “face geográfica da globalização”, constituindo interligações, principalmente por redes, sejam elas quais forem. Neste período, os objetos técnicos tendem a ser ao mesmo tempo técnicos e informacionais, já que, graças à extrema intencionalidade de sua produção e de sua localização, eles já surgem como informação; e, na verdade, a energia principal de seu funcionamento é também a informação. Já hoje, quando nos referimos às manifestações geográficas decorrentes dos novos progressos, não é mais de meio técnico que se trata. Estamos diante da produção de algo novo, a que estamos chamando de meio técnico-científico-informacional (SANTOS, 2006, p.159). Esse meio é um processo gerador, e que também é potencializado pelas redes, e pela globalização em curso, alterando as paisagens e territórios do mundo todo, atuando com perversidade em prol de agentes hegemônicos em busca de massificação e lucros.Para Santos (2006), existem três formas de globalização, que coexistem na atualidade: a fábula, a perversa e uma outra globalização, sobre os quais discorreremos melhor adiante. A globalização enquanto fábula se daria, a partir do desenvolvimento das técnicas de telecomunicação e transportes, e dos avanços obtidos pela chamada “3° revolução industrial”, que nos deixou o legado da utilização dos satélites, da informática, a possibilidade do adensamento dos fluxos de pessoas, capitais, mercadorias, eprincipalmente, da informação e das idéias. É a globalização que nos é imposta, principalmente pelos atores hegemônicos que difundem a idéia de homogeneização global, mas, na verdade, o que percebemos neste processo é o fato de que as diferenças locais são aprofundadas, o culto ao consumo é estimulado, enquanto se insiste na “morte” do Estado , e, ao mesmo tempo, paradoxalmente, há um fortalecimento dele enquanto para interesses das finanças internacionais, deixando de lado as populações . Configura-se, portanto, uma interligação do mundo em redes materiais e não materiais. É nessa interligação global por redes, tangíveis ou não, que está nosso interesse em articular tais idéias. 19 A máquina ideológica que sustenta as ações preponderantes da atualidade é feita de peças que se alimentam mutuamente, põem em movimento os elementos essenciais à continuidade do sistema. (...) Fala-se, por exemplo, em aldeia global para fazer crer que a difusão instantânea de notícias realmente informa as pessoas. A partir desse mito e do encurtamento das distâncias - para aqueles que realmente podem viajar – também se difundem a noção de tempo e espaço contraídos. É como se o mundo se houvesse tornado, para todos, ao alcance da mão. Um mercado avassalador dito global é apresentado como capaz de homogeneizar o planeta quando, na verdade, as diferenças locais são aprofundadas. Há uma busca de uniformidade, ao serviço de atores hegemônicos, mas o mundo se torna menos unido, tornando mais distante o sonho de uma cidadania verdadeiramente universal. Enquanto isso, o culto ao consumo é estimulado (SANTOS, 2013, p.18 - 19). Toda essa interligação, que podemos imaginar que o advento dos meios técnicos de telecomunicação e informação pode proporcionar, conjuntamente com a idéia de espaço- tempo contraídos, traria a “sensação” de um mundo só, que seria “homogeneizado pelo mercado global regulador” (Santos, 2013, p. 41). Esse mercado global seria o que o autor, em documentário dedicado a sua obra, “Encontro com Milton Santos – O mundo global visto do lado de cá” do diretor Silvio Tendler, descreve como sendo a “coluna vertebral” da Globalização. O mercado global é estimulado pelo consumo, seja ele produtivo ou consumptivo. Essa relação entre os mercados mundiais podem ser visualizadas pelos dados do comércio exterior. A velocidade é outro aspecto importante das novas tecnologias que faz com que o capital ganhe maior fluidez, conseguindo circular no menor tempo possível entre os países, unindo e excluindo as diversas economias . O capital precisa estar interconectado em todo o mundo para que de fato os fluxos se tornem globais (ORTIGOZA, 2009, p.19). A globalização pode ser vislumbrada como perversa, quando nos atentamos ao que está escondido nas “entrelinhas” do avanço técnico dos meios de telecomunicações e transportes. Essa perversidade se dá pela concentração, dispersão e produção da informação que circulam em tais redes. Já a informação, é criada com o intuito de não percebemos o mundo tal como ele realmente é, e que circula por essas redes, é controlada por agentes globais e hegemônicos dos meios de comunicação em massa (mídia). Ficaríamos imaginando que vivemos em um mundo de fábulas (globalização como fábula), onde o progresso técnico só nos trouxe coisas “boas”, e não mostraria toda uma lógica global e sem 20 escalas, de maximização dos lucros, da mais-valia e das transformações das relações sociais, onde haveria a banalização do consumo e a “coisificação” das interações entre as pessoas, o desemprego, as enfermidades, a qualidade da educação e todos esses processos que são causados direta ou indiretamente pela globalização imposta atualmente pelo capital. Já o último, a “outra globalização”, propõe uma nova forma para o processo, já evidenciada nos dias atuais, agindo em dois planos: empírico e teórico. No plano empírico comparece a miscigenação de povos, culturas, etc., juntamente com a cultura popular, hoje provida dos meios técnicos, antes exclusivos das grandes empresas de mídias. No plano teórico, salientamos a possibilidade de se escrever uma nova história, com um novo discurso, um novo relato. O autor, assim, mostra como o mundo pode vir a ser. Um mundo onde não se nega as técnicas, mas que essa técnica seja solidária, assim como os seres humanos, que tenham liberdade e consciência da situação que é imposta pelos agentes hegemônicos, principalmente perante a atuação da mídia, transformando, assim, nossas relações econômicas, espaciais, culturais e sociais. Nas palavras do próprio autor, ele resume: De fato, se desejarmos escapar à crença de que esse mundo assim apresentado é verdadeiro, e não queremos admitir a permanência enganosa, devemos considerar a existência de pelo menos três mundos em um só. O primeiro seria o mundo tal como nos fazem vê-lo: a globalização como fábula; o segundo seria o mundo como ele é, a globalização como perversidade; e o terceiro, o mundo como ele pode ser: uma outra globalização (SANTOS, 2013, p.91). O urbano e as cidades deparam-se, num período em que a produção da vida e do espaço ficou submergida por um movimento disseminado em direções vetoriais em todos os sentidos, que se interligam e se cruzam, arquitetando, por meio de um aspecto econômico e global, elementos de que tudo no mundo atual necessita constituir-se nesta perspectiva. O processo de globalização, além de modificações no âmbito material da vida, alastrou a produção de uma dimensão imaterial, em que o tempo rápido passou a ser parte do “dia -a- dia”, por meio de eventos adaptados pela lógica global, como a regulação do sistema financeiro por meio das bolsas de valores e câmbios financeiros. Este movimento ocasionou uma inovação na explicação do tempo, com articulação das escalas e sobreposição das dialéticas das escalas macro às realidades regionais e locais. 21 [...] desde que se acelerou o processo de globalização do mundo, modificaram-se as noções de espaço e tempo. A crescente agilização das comunicações, mercados, fluxos de capitais e tecnologias, intercâmbios de idéias e imagens, modifica os parâmetros herdados sobre a realidade social, o modo de ser das coisas, o andamento do devir (IANNI, 2013, p. 2009). Ao nos debruçarmos sobre a produção das disparidades em múltiplas escalas, é oportuno ressaltar as modificações no urbano e na forma como se produzem espaços . Articula-se a este processo de reprodução ampliada do capital e, depois, passam a refletir as condições estabelecidas pela globalização, que traz para o debate urbano as lógicas do mercado, das negociações e das estratégias, antes, características do debate dedicado à economia-mundo, como observou Ianni (2013). Estas modificações fazem com que as atuações locais procurem elementos para se adaptar à conduta global da economia. Este empenho tem como implicação, sobretudo, no formato de se administrar as cidades, especialmente nas grandes e médias, onde as lógicas e resoluções - equilíbrios e desequilíbrios - promovem na produção dos espaços urbanos. No processo de urbanização, averiguamos, então, articulações que, por vezes, revogam interesses e pretensões de agentes locais em ampliar sua área de atuação. Muitas vezeshá ganhos por parte de alguns entre eles, quando são capazes de atravessar seus territórios de ação e se incorporar aos interesses originados em macroescalas. No urbano, este panorama é um pouco real e um pouco imaginário, é óbvio também um cenário de confluências e tensões, acomodações e contradições, em grande parte em função de serem esses os espaços da financeirização do capital e de apoio às trocas por meio da rede informacional.Para Ianni (2013), intensificou-se e generalizou-se o processo de disseminação geográfica da produção, ou das forças produtivas, envolvendo o capital, a tecnologia, a força de trabalho, a divisão do trabalho social, o planejamento e o mercado.Mesmo assim, quanto mais a globalização torna-se um processo recorrente na realidade do mundo, mais há prevalência dos interesses corporativos sobre os interesses públicos, quanto à evolução do território, da economia e das sociedades locais. O processo de globalização tornou-se o fator de mudança nas relações socioeconômicas e espaciais, dos mais variados, criando novos conteúdos, ampliando as interações entre os agentes. Com o avanço deste processo, as heranças históricas de arranjos espaciais – distritos, cidades, regiões, nações - são, ora sobrepostas, ora articuladas, pela nova ordem econômica mundial transposta em outras dimensões, como já observado, 22 expondo elementos que despertam novos olhares, em virtude do modo como as cidades são inseridas no âmbito do consumo, e das redes urbanas, em múltiplas escalas. 1.2 CONSUMO E O COMÉRCIO EXTERIOR COMO BASE DA GLOBALIZAÇÃO Como já citado, o consumo é a base da globalização, sendo assim, se manifesta de várias formas, seja ele, produtivo ou consumptivo. Consumo produtivo será todo consumo de insumos e componentes utilizados no processo de fabricação de qualquer mercadoria. Já consumo consumptivo é aquele que se “esgota em si mesmo” (Santos, 2013), esse consumo, constituindo-se de produtos acabados, comprados pelos consumidores finais, até o consumo das idéias, saúde, lazer, etc. Entre as formas de consumo consumptivo, isto é, de consumo de famílias, podemos incluir o consumo de educação, de saúde, de lazer, de religião, de informação geral ou especializada e o consumo político, na forma de cidadania. Entre as formas de consumo produtivo encontram-se, entre outras formas, o consumo de ciência embutida nas sementes, nos clones, nos fertilizantes etc., o consumo de consultorias e o consumo do dinheiro adiantado como crédito. As atividades urbanas estão ligadas a esses tipos de consumo, e é assim que as cidades cumprem o papel de responder às necessidades da vida de relações, que recentemente aumentaram quantitativamente e se diversificaram qualitativamente. (SANTOS & SILVEIRA, 2006, p. 280) Esses dois tipos de consumo se interagem de forma a se complementarem e complexificar o entendimento da urbanização. Há, na realidade, superposição dos efeitos do consumo consumptivo e do consumo produtivo, contribuindo para ampliar a escala da urbanização e aumentar a importância dos centros urbanos, fortalecendo-os tanto do ponto de vista demográfico como do ponto de vista econômico, enquanto a divisão do trabalho entre as cidades se torna mais complexa (SANTOS, 2013, p. 55). Há também o aspecto sociológico do consumo, baseado em uma padronização e, exacerbação de tal. A lógica capitalista atual cria necessidades de consumo, sendo assim, há uma potencialização de tais processos que fortalecem e aprofundam a globa lização. A sociedade deixa de ser uma sociedade de produtores para se tornar uma sociedade de 23 consumidores (BAUMAN, 2008). Esse aspecto não será objeto de debate nesse texto, mas fará parte de uma idéia secundária para o entendimento da conjuntura que propomos discutir. O importante desse fato é o de que quanto maior for o consumo, independentemente do qual for, maior será a complexidade dos processos de urbanização e globalização em curso atualmente. Desta forma, a reestruturação urbana,que consiste em processos e dinâmicas que ocorrem nos espaços regionais e/ou nas redes urbanas, e a reestruturação da cidade, que pode ser definido como, dinâmicas e processos que ocorrem na escala intraurbana (SPOSITO, 2007), modificam as cidades de modo geral. Essa mudança , que pode ocorrer em escala local, regional e global, redefine os papéis e as funções que as cidades detêm, frente à rede urbana em que as mesmas estão inseridas. Os aspectos supracitados nos trazem a dimensão que o aspecto do consumo tem nas transformações ocorridas nos espaços geográficos em âmbito global. No sentido de entendermos tais modificações, temos que ter como perspectiva analítica o Comércio Exterior. Essa expressão quantitativa, definida pelas importações e exportações das relações mercantis entre nações, nos auxiliara no entendimento dessas articulações entre o local e o global. Os fluxos internacionais de mercadorias expressos nas exportações eimportações mostram as relações que distintas frações do território nacional têm com o mundo através da atividade mercantil. Por ser esta última uma das fases do processo geral de produção, ela é também uma manifestação da divisão territorial do trabalho, tanto internacional como interna. A balança comercial – registro contável dos fluxos mercantis - indica a forma diferenciada com que os países e suas regiões se integram nesse movimento. (ARROYO, 2012, p.8) Como já debatido, atualmente, com as transformações ocorridas no espaço geográfico, a partir da difusão do meio-técnico-cientifico-informacional (SANTOS, 2006), temos interações entre agentes hegemônicos mundiais e agentes que representam os interesses locais. Nesse embate, temos a perspectiva de “capitalismo(s)”, expressada por Carlos Brandão (2008). Se analisarmos o capitalismo entraremos numa discussão se ele é plural ou singular, sendo plural não existiria uma forma capitalista de atuação, e sim várias, e que se diferenciariam entre elas, já no singular ela atuaria de uma forma única em todas as escalas. Mas não seria exato demais colocar apenas uma classificação para o capitalismo? Se pensarmos melhor, encontraríamos fatores que nos façam pensar nas duas formas: plural e singular, e é nesse ponto que Carlos Brandão nos faz refletir, usando as escalas e as diversas 24 formas que o capitalismo atua, para justificar, ele mostra que não devemos pensar em apenas um desenvolvimento estático e igual em todas as escalas, mas numa pluralidade de formas de atuação e desenvolvimento. Há a contraposição de duas visões em embate. Aquela defensora de uma tendência inexorável de convergência para algum “modelo ótimo” de capitalismo, enquanto a outra demonstra a diversidade de estruturas institucionais, a pluralidade, a heterogeneidade e a divergência de formas e modos de organização sistêmica (BRANDÃO, 2008, p. 6). Entendemos que o capitalismo é heterogêneo e atua de modo diferente, tendo em vista as especificidades e particulares inerentes a cada espaço geográfico.A lógica de que a globalização homogeneizaria totalmente tais espaços se desfaz, já que concordamos com a idéia de que a globalização é a atual fase do capitalismo. Para entendermos esse complexo arranjo, que envolve múltiplas escalas, redes (materiais e imateriais), consumo, urbanização e globalização, tem que explicitar que: A questão central para a compreensão dessa economia global é que essas posições, que se diferenciam dentro das redes geográficas, não coincidem com países. As diversas localidades produtivas são organizadas em redes e fluxos, utilizam a infraestrutura espacial, e são baseadas no componente tecnológico e centradas na economia informacional. (ORTIGOZA, 2009, p. 19). Partindo da idéia de Ortigoza (2009), de entendermos as localidades produtivas em contrapartida aos países, acrescentemos à nossa perspectiva analítica o âmbito das esca las locais. Deste modo, colocaremos em foco, a dimensão da cidade, e suas funções e papéis adquiridos a partir das transformações ocorridas na era da Globalização. Mas, não serãotodos os tipos de cidades, e nãoquerendo “correr” o risco de uma confusão (ou mesmo uma generalização) conceitual e epistemológica, trataremos aqui de forma específica das chamadas “Cidades Médias”. Conceito que se baseia na metodologia e no arcabouço teórico – metodológico do Grupo de Pesquisa Produção do Espaço e Redefinições Regionais (GasPEER). 25 1.3 CIDADES MÉDIAS E AS SUAS DINÂMICAS NA REDE URBANA Inicialmente, segundo Corrêa (2007) para começarmos a entender o que são cidades médias devemos considerar as relações entre: tamanho demográfico, funções urbanas, estruturação e articulação do espaço intra-urbano dessas cidades. O tamanho demográfico delas é umas dessas variáveis a serem consideradas, mas ao mesmo tempo, temos que relativiza-las no contexto da localidade em qual tal cidade está inserida. Pois , duas cidades podem ter o mesmo tamanho demográfico, mas não exercer as mesmas funções e papéis urbanos, e assim não se caracterizar como intermediaria na rede urbana. Essas variáveis combinadas com a posição geográfica relativa nos traz uma primeira noção de como começarmos a defini-las. Assim: Isto significa afirmar que na construção de um objeto de estudo qualificado como cidade média, é necessário que não se considere isoladamente cada um dos três pontos aqui apresentados – tamanho demográfico, funções urbanas e organização do espaço intra-urbano – mas uma particular combinação deles. Isso torna a tarefa mais difícil, mas, por um outro lado, permite a elaboração de um quadro teórico mais consistente, evidenciando a unidade da cidade como ponto funcional em uma dada rede urbana e como organização, em outra escala, do espaço interno.(CORRÊA, 2007, p.25). Sposito (2004), em sua análise, apontava a partir dos desdobramentos de Christaller, que devemos considerar dois aspectos de suma importância: hierarquia urbana e a situação geográfica. A hierarquia urbana é importante para entendermos a posição da cidade, em relação, a rede urbana em qual a mesma está inserida, o que por sua vez, nos dariam as primeiras noções da complexidade e diversidades de suas funções e papéis urbanos. Já a observação da situação geográfica (já destacada por Corrêa), é tida pela autora, como indispensável e essencial, para o entendimento das relações e papéis de intermediação que as cidades estabelecem dentro de uma dada rede urbana. Além desses primeiros parâmetros para o entendimento do como definir uma “cidade média”, tendo em vista, a confusão terminológica com o termo “cidade de porte médio”. A cidade de porte médio pode ser entendida, como sendo uma cidade com uma população entre 50 mil a 500 mil habitantes, neste caso não se considera as funções e os papéis urbanos exercidos por essas cidades perante a rede urbana. Apresentaremos, de 26 forma sintética, alguns outros apontamentos para uma melhor qualificação do que estamos definindo como Cidade Média. Deste modo, temos também, além dos elementos supracitados, a distância de determinada cidade em relação às de maior e mesmo porte. Nesse sentido, essa distância seria importante no modo de que os papeis e funções delas, e sua área de mercado, são menores pelo fato da grande concorrência entre as cidades. Assim também, sua influência de âmbito regional, perante as cidades menores, seria facilitada, pelo mesmo motivo já evidenciado anteriormente, pois, se ela mantem uma distância relativamente grande de cidades de mesmo porte e maiores que ela, será um elemento que favorecerá a subordinação, de modo hierárquico, de uma quantidade maior de cidades pequenas. O que, de certo modo, aumentaria de forma substancial, sua área de influência e de mercado. Do mesmo modo, que a cidade média, subordina as cidades menores, mantendo uma relação de troca entre as atividades, geralmente, agropecuárias das cidades menores, com a oferta de bens e serviços oferecida pelas cidades médias. Temos a subordinação das cidades medias, perante as cidades grandes e áreas metropolitanas, “reforçando o sistema organizado hierarquicamente.” (SPOSITO, 2004, p.338) No eminencia de entendermos as cidades médias, evidenciamos o adensamento das técnicas de transporte e telecomunicações, ou seja, do meio-técnico-cientifico- informacional, que proporcionam uma ampliação territorial para a instalação de atividades produtivas. Esta desconcentração espacial das atividades produtivas e o aumento do mercado consumidor repercutem de forma direta nas cidades médias, pois as mesmas são escolhidas por diversas empresas para expandir sua área de mercado e espacializar seu aparato produtivo. Deste modo, a autora enfatiza que: É importante avaliar a redefinição das relações entre as cidades, como decorrência do aumento das relações internacionais e dos avanços na difusão das informações, em função da constituição de um mega sistema de telecomunicações que combina transmissão de imagens e informações por satélite e capacidade de armazenar e tratar informações por meios computacionais. A existência desse mega sistema diminui o peso das relações hierárquicas no comando da constituição das redes urbanas.(SPOSITO, 2004, p.340) A produção do conhecimento científico e técnico é o grande motor que impulsiona a acumulação flexível, aliado ao acesso privilegiado às informações, transformam todo um 27 modo de produzir e consumir a partir da década de 70. Esses elementos tornam-se vantagens competitivas e ocorrendo o aumento substancial de lucratividade. Com toda essa transformação técnica, principalmente, no âmbito das telecomunicações, reorganizaram o sistema financeiro global, e aumentou-se o poder dos grandes capitais financeiros. Deste modo, o sistema financeiro torna-se hegemônico, em contrapartida ao frágil equilíbrio, entre o Estado e o sistema financeiro que ocorria no fordismo-keynesianismo. Os desenvolvimentos de técnicas de transportes possibilitaram uma descentralização espacial dos meios de produção. Não se limitando mais, a estarem perto da fonte de matérias-primas e de mercado consumidor, tornando-se muito mais independentes. (HARVEY, 2008) Essas transformações ocorridas por uma maior difusão das tecnologias de informação e da tendência à entrada de capitais externos diversificam, complexifica m e ampliam em quantidade e “qualidade” as funções e papéis desempenhadas pela cidades médias. Tendo em vista, a redefinição, tanto de sua estrutura intraurbana, como da sua estrutura interurbana, no âmbito das redes urbanas. Neste sentido O destaque que estamos dando a esses exemplos tem como finalidade sustentar a tese de que a constituição de papéis econômicos, os quais dão a uma cidade de porte médio o perfil de cidade média, estão mais relacionados ao consumo de bens e serviços do que à produção industrial, embora esse setor da atividade também tenha reflexos significativos na diversificação dos papéis desempenhados por cidades médias, no interior paulista. (SPOSITO, 2004, p.363) Percebemos que o processo de globalização, agrega uma porção de novas qualidades às cidades, e que mudam profundamente suas dinâmicas entre elas. Metrópoles, cidades de porte médio e grande, cidades médias e pequenas, tem seus papéis e funções requalificados. Quanto maior for à quantidade de investimentos (que sejam realizados pelo capital local, regional ou global) nessas cidades, maior será “sua capacidade de polarização, de atração e dispersão/controle dos fluxos que depende fundamentalmente da densidade de fixos que o centro possui.” (SILVA, 2013, p. 2), ou seja, sua centralidade aumentará. Deste modo, quanto mais fixos (indústrias, comércios, centro de gestão, bancos, etc) essas cidades obtiverem, maior capacidade de gerenciaros fluxos (pessoas, capitais, mercadorias, idéias, etc) ela terá. Deste modo, os fluxos aumentarão que, por sua vez, atrairá maiores 28 investimentos para essas localidades. É um movimento dinâmico e dialético entre os fixos e fluxos que convergem e divergem dessas cidades. (SILVA, 2013) Mundialização da economia vem, no período atual, acompanhada de globalização de valores e hábitos, orientados pela constituição de uma sociedade de consumo que se realiza em múltiplas escalas, mas que é determinada, cada vez mais, por agentes econômicos e políticos que tomam decisões e as difundem, em escalas supranacionais, sendo as cidades, de diferentes portes e de diferentes contextos socioespaciais, os espaços por meio dos quais se difundem e se realizam, ainda que forma contraditória, estes comandos. (p.171-172) Essas cidades médias são vistas como nós (centralidades) importantes na rede urbana em escala regional, já em escala global não tem tanta evidência, mas a sua inserção na rede global articula e reforça os seus papéis e funções perante a rede urbana e técnica. Inserção essa, que só foi possível com o incremento tecnológico dos meios de comunicação e transporte, que dinamizaram as relações entre as cidades. Nesse contexto é importante nos atentarmos para as interações espaciais urbanas intercalares (CATELAN, 2013) das cidades médias, pois essa inserção em uma escala mais ampla e complexa dinamiza e reestrutura seu espaço intra e interurbano. Subjacente às idéias aqui expostas está, em primeiro lugar, a rede urbana brasileira, na qual a cidade média é importante nó e de onde é possível pensa-la como tal. Em segundo lugar, a rede urbana global, em relação a qual à cidade média pode ser vista como um nó menos importante. (CORRÊA, 2007, p.23). É importante termos algumas considerações de como pensar o que são as cidades médias, pois partem das articulações interescalares que estas cidades detêm em face da rede urbana que estão inseridas. Para entendermos essa complexidade na definição de como pensarmos, o que são as cidades médias, introduziremos o conceito de interações espaciais interescalares. Em outras palavras, nota-se que é crescente a dificuldade na definição de cidades médias quando parte-se de um nível de escala local ou microrregional para a mundial, passando por todas as escalas que se possam considerar entre essas duas extremidades. (OLIVEIRA JÚNIOR,2008,p.208). O conceito de interações espaciais interescalares, que em sua construção, tendo em vista o seu processo histórico, possibilita implementar aspectos da (re) produção capitalista 29 e da urbanização. O termo interações pode ser vista como processos que transformam a realidade espacial. Essas transformações são cada vez mais rápidas e que podem ser compreendidos a partir das categorias propostas por Milton Santos (1998) tais como tempo, espaço e movimento, tendo em vista que são nessas dimensões que as relações sociais acontecem. Podemos entender as interações espaciais interescalares por duas perspectivas analíticas, que não deixam de ser complementares. Essas interações podem ser divididas em interações espaciais urbanas e interações territoriais urbanas. As interações espaciais urbanas, diz respeito ao movimento do processo de urbanização, assim como seus agentes e forças capitalistas em sua dimensão espacial. Os resultados destas variáveis têm como produtos as cidades e as redes. Já interações territoriais urbanas, é todo fluxo de base material que as cidades têm no âmbito da rede urbana. Elas reforçam a base territorial em múltiplas escalas, desde as escalas locais e regionais (com maior ênfase), até as nacionais e globais. O conceito de interações pode se referir tanto ao territorial, aos fluxos que conectam um ponto ao outro, como também pode ser tomado no âmbito de uma perspectiva analítica mais ampla do espaço em redes e da sociedade em movimento. A segunda perspectiva parece-nos mais adequada à história do conceito. (CATELAN, 2013, p.46) Desta forma podemos entender que as interações espaciais é todo o movimento da sociedade dada no espaço. E essas interações podem ser de diversas naturezas, podendo ser “as intra e interurbanas, as intrarrede e as que se dão entre redes de cidades” (CATELAN, 2012, p. 12). São essas interações que tornam as funcionalidades das cidades mais complexas para entendê-las somente a partir do paradigma da hierarquia urbana. Temos que perceber que a estrutura hierárquica, limita-se aos fluxos de natureza material e conseguimos ter uma dimensão do espaço que o capital produz, mas ao mesmo tempo em que se desenham outras formas de articulações, que não são entendidas por essa perspectiva de análise das redes urbanas. Essas relações denominadas de “não hierárquicas”, são aquelas que são apresentadas pela complexidade das relações interescalares, onde elas perpassam as escalas, os espaços, as redes de cidades, além de articula-las.Partindo do conceito de interações espaciais interescalares, avançaremos no debate entorno da perspectiva analítica das redes urbanas a partir do conceito de Heterarquia Urbana. Esse será nosso foco na próxima parte do texto. 30 1.4 A HIERARQUIA E A HETERARQUIA URBANA COMO PROPOSTA DE ANÁLISE Após o debate de alguns conceitos, que nos ajudam a entender as relações que as cidades médias detêm na atualidade, as idéias supracitadas nos trás a reflexão de como pensarmos a estrutura hierárquica delas, e como avançarmos de forma complementar ao conceito de hierarquia urbana nos estudos sobre redes urbanas, tendo em vista que, essas cidades são na atualidade “parte de um espaço marcado pela contiguidade” (SPOSITO, 2001, p.629, apud SPOSITO et al, 2007, p.37), a partir da sua conectividade em rede. Para essa estruturação, que excedem os limites que a hierarquia pode nos revelar, utilizaremos o conceito de Heterarquia Urbana proposto por Catelan (2013), tendo assim uma proposta analítica que pode ser usado para entendermos de forma ampla as articulações em rede, e não apenas no contexto das cidades médias. São relações de interações entre o espaço, tempo e escalas geográficas, que agregam maior funcionalidade as cidades, e que modificam a inserção das lógicas advindas da escala g lobal, como também às de cunho local e regional, de forma que não se sobreponha de forma hierárquica, num contexto onde as ações tenham um sentido vetorial único e verticalizada, mas que as influências tenham uma horizontalidade, e uma inter e múltipla escalaridade. Aonde as mudanças locais e regionais também influenciam na escala global, transformando na maneira em que as ações de escalas de níveis hierárquicos superiores produzam tal espaço. Entretanto, o movimento espacial das articulações em múltiplas escalas, aquele das verticalidades, acabam por produzir, também, um espaço onde tudo decorre da articulação. É esta a perspectiva da heterarquia urbana, em que as articulações entre agentes, empresas e lógicas empresariais advêm de escalas diferentes e que a escala local e a regional não desaparecem, mas são ressignificadas com os novos conteúdos da ordem global. (CATELAN, 2012, p.78) Segundo BARRAGÁN (2010) apud Catelan, 2013, a heterarquia é uma idéia que diz respeito de como o mundo é superintendido por complexas interações que ocorrem subordinadas entre os níveis escalares e por diversos atores sociais e econômicos principalmente. (CATELAN, 2013) 31 os conceitos de hierarquia e heterarquia podem ser compreendidos conjuntamente: (1) a partir de um mundo organizado em níveis; (2) por uma determinação de níveis hierárquicos mais complexos em contraposiçãoàqueles de menor complexidade técnica e espacial; (3) pela importância que cada nível hierárquico possui, e neles a natureza aberta, multidimensional e contraditória que o conceito de heterarquia pode revelar; e de nossa parte, (4) pelas interações que se dão entre os níveis hierárquicos, onde outros nós, intervalos e redes ressaltam no processo de constituição e diferenciação das funções e dos papéis das cidades na rede urbana. (CATELAN, 2013) Neste sentido, temos que entender os conteúdos que o processo de globalização impõem. Essas interações pautadas a partir deste processo de âmbito mundial ampliam os nós da rede, não somente em face de quantidade, mas também “em complexidade técnica, territorial e econômica” (CATELAN, 2013). Havendo maior cooperação entre as interações espaciais interescalares de cada cidade e seus papéis na rede urbana. Os papéis e as funções que cada cidade detém partem das articulações entre lógicas de níveis diferentes das escalas geográficas, desde as mais “simples” (local e regional), as mais complexas, que no caso, seria a escala global. Neste sentido, “a heterarquia é um complemento do padrão hierárquico, aproximando verticalidades e horizontalidades presentes no espaço” (CATELAN, 2013). A idéia que reforça o conceito de Heterarquia Urbana advém do fato, que as interações entre os diversos agentes de diversas escalas não passam pela metrópole em todos os momentos, isso fortalece a possibilidade de uma perspectiva que complementa e, vai além à idéia de hierarquia urbana, trazendo a perspectiva analítica proposta pelo autor. Esse enfoque analítico tem como base a valorização das funções e papéis que as cidades médias detêm e a complexidade das interações que o processo de globalização produz. Valorizamos aqui a diferenciação das funções e dos papéis desempenhados pelas cidades. O padrão hierárquico continua a existir, no entanto, torna-se insuficiente para explicar os conteúdos advindos do aumento das interações espaciais sob a égide da globalização. (CATELAN, 2012, p.61) É evidente que haja uma estrutura hierárquica nas redes urbanas. O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) tem um ótimo estudo sobre o tema. Esse estudo deu origem a Regiões de Influência das Cidades (REGIC). Nele são classificados cinco grandes níveis da hierarquia urbana brasileira, que são subdivididos em dois ou três subníveis. O nível mais elevado é o das Metrópoles, subdivididas em: Grande metrópole nacional, 32 Metrópole nacional e Metrópole; abaixo deste tem o nível da Capital regional, subdivididas em: Capital regional A, Capital regional B e Capital regional C; seguindo a ordem hierárquica dos centros urbanos temos o Centro sub-regional, subdivididos em: Centro sub-regional A e Centro sub-regional B; em um nível abaixo temos o Centro de zona, subdivididos em: Centro de zona A e Centro de zona B; e por fim o ultimo nível da hierarquia dos centros urbanos classificados pelo IBGE é o: Centro local. Em todos os níveis hierárquicos de centros urbanos, percebemos que a uma classificação pautada na quantificação de medianas , no que tange a valores demográficos e ao número de relacionamentos, que diz respeito ao número de vezes que tal centro urbano foi mencionado como destino. (IBGE, 2008). Mas , desta maneira, as “relações horizontais de complementaridade, que podem ser definidas pela especialização produtiva, pela divisão funcional de atividades, e pela oferta diferencial de serviços” (IBGE, 2008, p.09) que podem ocorrer entre as mesmas cidades com os mesmos papéis e funções na rede urbana com diferentes níveis escalares, não são amplamente mostradas, apesar deste estudo considerar as relações não-hierárquicas. Na perspectiva de quantificação das atividades econômicas, a hierarquização, a partir das atividades comerciais, industriais e de serviços, além de sua capacidade técnica e profissional que cada centro urbano detém. Essa classificação ficará restrita ao nível territorial e escalar da abrangência em que atuam os agentes econômicos. Delimitando as regiões de influência de cada cidade em uma dada rede urbana. Os processos que as envolvem, bem como as forças e os agentes econômicos integrados na densificação deste cenário, verticalizam-nas, ao mesmo tempo que as horizontalizam na rede urbana. E o fato das interações entre agentes de escalas diferentes não passarem, necessariamente pelas metrópoles, fortalecem a idéia que para além da hierarquia urbana e, nela própria, há uma perspectiva analítica heterárquica. (CATELAN, 2012, p.62) A estruturação hierárquica não revela todas as articulações que cada centro urbano detém. Ela parte de uma estruturação que aliena um nível hierárquico inferior a uma superior. Esta perspectiva de classificação das cidades em rede mostra a relação delas perante a produção e consumo, ditadas basicamente pelas lógicas das empresas e da ampliação da reprodução do capital. 33 Por exemplo: o mapa 1, ilustra as interações que a cidade de Presidente Prudente (Capital Regional C), segundo a metodologia do IBGE. No âmbito das pesquisas da Rede de Pesquisadores sobre Cidades Médias - RECIME, é vista como uma cidade média, a partir daqueles parâmetros já trabalhados no inicio deste texto. O que percebemos com elaboração deste mapa e que muitas das interações espaciais que lhe agregam maiores funcionalidades, não estão presentes. E a sensação que se dá, e que as relações ficam restritas aos centros que são mostrados pelos fluxos quantificáveis. E que, quaisquer ordens de maior complexidade, venham de centros com um nível hierárquico superior ao de Presidente Prudente. Não podemos esquecer que o arcabouço teórico-metodológico dos estudos que foram feitos pelo IBGE é o da Teoria das Localidades Centrais do Walter Christaller (1933, 1966), e que hierarquiza os centros a partir da quantidade de funções complexas que ela detém. Mapa 1 – Região de Influência de Presidente Prudente – S.P. Desta forma, o espaço em rede pode ser entendido de forma estruturada hierarquicamente, mas também pode ser analisada a partir do conceito de Heterarquia 34 Urbana proposto por Catelan (2013), melhor visualizado de acordo com o organograma a seguir (Fig. 3), baseado em Sposito e Catelan (2014), traz uma síntese teórica com as categorias consideradas para se chegar à idéia de heterarquia urbana, e como esta, pode ser complementar à complexidade da rede hierárquica. Figura 3: Estrutura teórico-metodológica para leitura do par Hierarquia-Heterarquia Urbana. Fonte: (Sposito e Catelan, 2014). Extraído de Catelan (2016) (Tradução nossa). A figura 3 demonstra de forma organizada todos os elementos para se pensar o par hierarquia – heterarquia como proposta de análise nas pesquisas no âmbito da Geografia Urbana que foram muito bem trabalhados em Sposito e Catelan (2014) e Catelan (2016). Um dos principais efeitos da forma de organização em rede é restringir a expansão de processos espaciais centrípetos, ou seja, os processos que favorecem a centralidade de determinados núcleos e a disposição hierárquica do conjunto de núcleos. Estruturas heterárquicas emergem quando interações entre aglomerações independentes, cada um com finalidade distinta, geram uma forma de organização em que uma cidade não está subordinada a outra acima dela. A rede de telecomunicação tem sido um dos principais agentes de desenvolvimento de estruturas urbanas 35 híbridas, hierárquicas, ao permitir que vilas e cidades pertencentes a níveis inferiores da hierarquia urbana possam conecta-se com qualquer outro lugar, desde que este participe da rede. (MACHADO, 1999, p.131-132apud SOUZA, 2013, p.174) Por fim, as relações que as cidades médias detêm, são amplas e complexas, tendo em vista a atual conjuntura em âmbito global. Deste modo, precisamos ter uma visão abrangente, de modo que nos de elementos para um melhor entendimento dessa complexidade. Temos como intuito no capítulo 2, primeiramente, fazer uma descrição econômica e, também, fazer uma síntese histórica do surgimento de tais cidades. Neste sentido, o contexto histórico, é de suma importância para entendermos que as cidades médias, já tinham importância nas relações econômicas pretéritas, mesmo que ainda, estivessem engendradas em uma estrutura hierárquica rígida. E por fim, faremos algumas considerações, relacionando algumas características que são inerentes às três cidades. 36 2. CONTEXTUALIZAÇÃO ECONÔMICA E ESPACIAL DAS CIDADES MÉDIAS ESTUDADAS. 37 Para melhor entendimento dos procedimentos metodológicos de obtenção dos dados, faremos uma breve introdução a cerca dos mesmos. Trabalhamos principalmente com as tabelas baixadas da base de dados da SECEX/MDIC, na aba “Balança Comercial por Município”, exceto com as tabelas da Série Mensal, por mostrar os valores mês a mês de cada cidade pesquisa nos dois últimos anos, que no caso seriam os anos de 2012 e 2013. A escolha de não trabalharmos com elas, é simplesmente pelo fato de não haver nenhuma informação que justifique nos aprofundarmos na análise delas, pois elas não detalham os produtos e nem os países que mais tiveram importância em cada mês do ano. Os dados vêm “zipadas”, em formato de Excel (marca registrada da Microsoft Co), e contém varias tabelas referentes a quantidades e valores das transações internacionais. Cada tabela que analisamos com mais profundidade, tem uma finalidade bem específica, e nos ofereceram dados importantes para entendermos algumas relações comerciais de cada cidade média estudada. Faremos aqui de forma simples uma amostra do que podemos analisar de cada tabela. Com a tabela na qual trataremos a “Balança Comercial” temos uma primeira visualização do contato dessas cidades com o mercado globalizado, esses dados nos mostram essa relação mercantil, pois sua influência regional não é dada apenas por essas variáveis, mas é um condicionador dessa influência. Nas tabelas “Principais Países e Blocos Econômicos” são divididas entre uma tabela de importação e outra de exportação, mostrando os valores monetários e relativos da participação no total do Comércio Exterior de cada país e bloco econômico que tiveram destaque em dois anos, por exemplo: a tabela compara os valores de 2013 com os valores de 2012, mostrando o aumento ou decréscimo de relações comerciais entre as cidades médias estudadas e o país ou bloco econômico em destaque. Em “Principais Produtos” novamente a uma tabela de importação e outra exportação. Essas tabelas detalham os principais produtos que são comercializados pelas cidades estudadas. As tabelas mostram o comparativo em relação há dois anos. Temos também a organização de tabelas com as 25 principais empresas que mais exportaram e importaram, para cada cidade estudada. No Apêndice (p.97) estarão todas as tabelas que foram analisadas e organizadas. 38 2.1 Presidente Prudente Presidente Prudente (mapa 2) é um município localizado no oeste do Estado de São Paulo, distante 558 quilômetros da capital, com uma população estimada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) para o ano 2016 de 223.749 mil habitantes. Tendo um Produto Interno Bruto (PIB) total em 2014 de R$ 6.878.962.000,00, sendo R$ 30.191.000,00 adicionado bruto da agropecuária, R$928.193.000,00 adicionado bruto da indústria e R$ 4.558.116.000 adicionado bruto dos serviços. No gráfico 1, podemos visualizar a série histórica, a partir de 2002 até 2014, do PIB total da cidade. Já o PIB per capita (2014) corresponde a R$ 31.183,10, assim como o seu Índice de Desenvolvimento Humano-IDH apenas(2010) está em 0,806 de uma escala que varia de 0 (sendo a mais baixa) a 1 (sendo a mais alta). Gráfico 1: PIB a Preços Correntes (1000 R$) de Marília. (Fonte: IBGE Cidades, 2017) 39 Mapa 2: Localização do município de Presidente Prudente Atualmente, Presidente Prudente é um dos principais polos industriais, culturais e de serviços do Oeste de São Paulo, e ficou conhecida como a "Capital do Oeste Paulista". A cidade detêm dois shoppings centers, a área central com calçadão, e inúmeras Instituições de Ensino Superior (IES), sendo a Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Presidente Prudente (UNIESP), Universidade do Oeste Paulista (UNOESTE) e Prudente Centro Universitário (TOLEDO). Essas IES dinamizam, principalmente, as relações de Presidente Prudente com as cidades de pequeno porte de sua área de influência. Ainda no intuito de caracterizarmos a cidade de Presidente Prudente, destacaremos duas tabelas, nas quais organizamos, dentre todas as empresas exportadoras (Tabela 1) e importadoras (Tabela 2) brasileiras, as empresas cujo endereço está localizado na cidade. Na tabela 1, podemos verificar as empresas exportadoras de Presidente Prudente, destacaremos as quatro (4) primeiras empresas com maior faixa de valor exportado, que são: Vitapelli Ltda., empresa especializada em couros, Usina Alto Alegre – S,A, em sua linha de produção estão o Açúcar Refinado, o Açúcar Cristal, Álcool Anidro e Hidratado, além de Energia Elétrica, e os já certificados Créditos de Carbono, ambas estão entre a faixa de US$ 40 50 a 100 milhões de dólares; Bom-Mart Frigorifico Ltda., empresa especializada no abate e corte de bovinos, Vitapet Comercial Industrial exportadora Ltda.,empresa responsável pela fabricação de dog toys – produtos destinados à alimentação e distração de cachorros de inúmeras raças, que é produzida a partir de raspas de couro bovino, ambas estão entre a faixa de US$ 10 a 50 milhões de dólares. Destacamos também que das quatro maiores exportadoras, três são Ltda. Segundo o Novíssimo Dicionário de Economia de Paulo Sandroni, o termo “Ltda.”, significa “a abreviação de “limitada”, isto é, daquelas sociedades empresariais nas quais a responsabilidade de seus proprietários limita-se ao capital investido na empresa, ou seja, sociedades limitadas.” (p.355). Sendo assim, são empresas onde se tem um número restrito de proprietários, e na maioria das vezes,não estão inseridas no mercado de ações e são empresas de capital local. Já o termo “S.A”, significa Sociedade Anônima, que é uma Sociedade comercial formada por, no mínimo, sete sócios, sendo o capital de cada um representado pelo número proporcional de ações e sua responsabilidade limitada ao capital investido. Podem exercer qualquer tipo de atividade comercial, industrial, agrícola ou de prestação de serviços. Apenas as sociedades anônimas constituídas para atividades bancárias, seguradoras, montepios e afins devem receber autorização especial para funcionamento. (Sandroni, 1999, p.570) Destaca-se também, empresas cujo produto principal é commodities, ou seja, produtos agropecuários. Deste modo, são: duas (2) empresas na faixa de valor entre US$ 50 a 100 milhões exportados; duas (2) empresas na faixa entre US$ 10 a 50 milhões de dólares; uma (1) empresa na faixa entre 5 a 10 milhões de dólares; duas(2) empresas entre US$ 1 milhão a 5 milhões de valorexportado; e 18 empresas que exportam na faixa de até US$ 1 milhão de dólares. Totalizando 25 empresas exportadoras no ano de 2013. Empresas Exportadoras em Presidente Prudente - S.P Qtd CNPJ EMPRESA FAIXA DE VALOR EXPORTADO 1 03582844000186 VITAPELLI LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL Entre US$ 50 e US$ 100 milhões 2 48295562001108 USINA ALTO ALEGRE S/A - ACUCAR E ALCOOL Entre US$ 50 e US$ 100 milhões 3 04304360000219 BON-MART FRIGORIFICO LTDA Entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões 4 04399074000101 VITAPET COMERCIAL INDUSTRIAL EXPORTADORA LTDA Entre US$ 10 milhões e US$ 50 milhões 5 55164644000107 SEMENTES OESTE PAULISTA IMPORTADORA E EXPORTADORA LTDA Entre US$ 5 e US$ 10 milhões 41 6 46432019000108 CURTUME TOURO LTDA Entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões 7 55331417000129 CURTUME J. KEMPE LTDA Entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões 8 05287819000103 ROCAL - ELETRONICA LTDA Até US$ 1 milhão 9 15842457000110 SBS BRASIL INDUSTRIA E COMÉRCIO, IMPORTACAO, EXPORTACAO Até US$ 1 milhão 10 02105568000100 EROS ALTO FALANTES LTDA Até US$ 1 milhão 11 56010739000139 BEBIDAS ASTECA LTDA Até US$ 1 milhão 12 38843314000129 SEMENSEED - SEMENTES, INSUMOS E RACOES LTDA Até US$ 1 milhão 13 13514106000155 WORLD COUNTRY INDUSTRIA E COMÉRCIO DE ARTEFATOS DE COUR Até US$ 1 milhão 14 11254713000106 NACIONAL INDUSTRIA E COMÉRCIO DE SELAS DO BRASIL LTDA Até US$ 1 milhão 15 44864635000102 STANER ELETRONICA LTDA Até US$ 1 milhão 16 61974911000104 STETSOM INDUSTRIA ELETRONICA LTDA. Até US$ 1 milhão 17 12021693000188 BRASIL NA BAGAGEM COMÉRCIO DE VARIEDADES LTDA - EPP Até US$ 1 milhão 18 02556428000140 LABORATORIO VETERINARIO HOMEOPATICO FAUNA E FLORA ARENA Até US$ 1 milhão 19 00172626000185 MULTIPEC PRODUTOS E SERVICOS LTDA Até US$ 1 milhão 20 71681688000160 GINA E EUGENIA INDUSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECCOES LTDA Até US$ 1 milhão 21 55335939000280 FUKUHARA HONDA CIA LTDA Até US$ 1 milhão 22 00925546000153 AGROJET INDUSTRIA DE EQUIPAMENTOS AGROPECUARIOS LTDA - Até US$ 1 milhão 23 04063097000132 SP LABOR COMÉRCIO DE PRODUTOS PARA LABORATORIO LTDA Até US$ 1 milhão 24 60810082000161 LOIRA E MORENA INDUSTRIA E COMÉRCIO DE CONFECCOES LTDA Até US$ 1 milhão 25 06132282000167 MIG INDUSTRIA E COMÉRCIO DE PECAS EIRELI - ME Até US$ 1 milhão Org. Pablo M de Oliveira Fonte: SECEX/MDIC, 2017 Tabela 1: Empresas Exportadoras de Presidente Prudente em 2013. Já em relação às empresas importadoras (Tabela 2) da cidade de Presidente Prudente, destacamos que as empresas não ultrapassam a faixa de valor importado que esteja entre US$ 1 a 5 milhões de dólares. Sendo em sua maioria Ltda. Destacamos as empresas que importam produtos eletrônicos. Sendo assim, são cinco(5) empresas na faixa de valor importado entre US$ 1 a 5 milhões de dólares; e 46 empresas na faixa de até US$ 1 milhão de dólares importado. Em um total de 52 empresas importadoras no ano de 2013. Frisamos também a participação na importação de produtos, duas empresas do ramo midiático da cidade de Presidente Prudente, são elas: Tv Fronteira Paulista Ltda. e Televisão Bandeirantes de Presidente Prudente Ltda. Essas empresas polarizam a informação e expressam o caráter regional dessa cidade. Empresas Importadoras em Presidente Prudente - S.P Qtd CNPJ EMPRESA FAIXA DE VALOR IMPORTADO 1 02105568000100 EROS ALTO FALANTES LTDA Entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões 2 03582844000186 VITAPELLI LTDA - EM RECUPERACAO JUDICIAL Entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões 42 3 08577067000103 BRUMEL DISTRIBUIDORA DE PNEUS LTDA Entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões 4 44864635000102 STANER ELETRONICA LTDA Entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões 5 05287819000103 ROCAL - ELETRONICA LTDA Entre US$ 1 milhão e US$ 5 milhões 6 74607839000129 DIPECARR DISTRIBUIDORA DE PECAS E ACESSORIOS PARA CARRE Até US$ 1 milhão 7 04063097000132 SP LABOR COMÉRCIO DE PRODUTOS PARA LABORATORIO LTDA Até US$ 1 milhão 8 05821809000106 AGUIA FERRAMENTAS PNEUMATICAS LTDA - EPP Até US$ 1 milhão 9 06916551000186 BRACOFER COMÉRCIO DE FERRO, ACO E LOCACAO DE EQUIPAMENT Até US$ 1 milhão 10 09396651000117 NOVAURORA MAQUINAS AGRICOLAS LTDA Até US$ 1 milhão 11 01598701000137 MASTER INDUSTRIA E COMÉRCIO DE CINTOS E ARTEFATOS DE CO Até US$ 1 milhão 12 55331417000129 CURTUME J. KEMPE LTDA Até US$ 1 milhão 13 08637511000120 JFY ANTENAS INDUSTRIA E COMÉRCIO LTDA Até US$ 1 milhão 14 10834833000101 MASTER WESTERN BRASIL - COMÉRCIO, IMPORTACAO E EXPORTAC Até US$ 1 milhão 15 59478198000166 INDUSTRIAS ALIMENTICIAS LIANE LTDA Até US$ 1 milhão 16 04444788000186 PHILIPINES IMPORT/EXPORT LTDA Até US$ 1 milhão 17 04399074000101 VITAPET COMERCIAL INDUSTRIAL EXPORTADORA LTDA Até US$ 1 milhão 18 14316567000186 COWBOYS IMPORTADORA E EXPORTADORA EIRELI - EPP Até US$ 1 milhão 19 14685320000137 CARFILM IMPORTACAO E COMÉRCIO DE PELICULAS EIRELI - ME Até US$ 1 milhão 20 11046488000104 FERRO & MARTINS LTDA - ME Até US$ 1 milhão 21 07411125000153 BRASIL FERRAMENTAS E PECAS LTDA - ME Até US$ 1 milhão 22 09497503000199 OLIVEIRA & SANNA CONFECCOES LTDA - ME Até US$ 1 milhão 23 55348189000108 COMERCIAL VEDOVATI LTDA Até US$ 1 milhão 24 03040646000190 TUCANO S TERRAPLENAGENS E CONSTRUCOES LTDA Até US$ 1 milhão 25 07292794000153 HTA IMPORTADORA E DISTRIBUIDORA DE ARTIGOS PARA RELOJOA Até US$ 1 milhão Org.: Pablo M de Oliveira Fonte: SECEX/MDIC, 2017 Tabela 2: Empresas Importadoras de Presidente Prudente em 2013. De modo preliminar, percebemos uma indústria com um caráter agropecuário exportador, especializada em abate de bovinos, curtume de couro e derivados, e um mix de empresas que oferecem serviços e produtos para toda uma área de influência composta por cidades de menor porte que Presidente Prudente. Além da presença marcante das IES, e de empresas do ramo midiático. 2.1 Marília Marília (Mapa 3) é um município situado na região Centro-Oeste do Estado de São Paulo, equidistante da capital do estado 443 quilômetros por rodovia. Tem uma população estimada pelo IBGE para 2016 de 233.639 pessoas mil habitantes. Seu PIB total em 2014 é de R$ 7.041.950.000,00, sendo R$ 51.150.000,00 adicionado bruto da agropecuária, R$ 1.098.016.000,00 adicionado bruto da indústria e R$ 4.282.842.000,00 adicionado bruto dos 43 serviços. No gráfico 2, podemos visualizar a série histórica, a partir de 2002 até 2014, do PIB total da cidade O seu PIB per capita (2014) é de R$ 30.572,51, e seu IDH de 0,798 (2010). Gráfico 2: PIB a Preços Correntes (1000 R$) de Marília. (Fonte: IBGE Cidades, 2017) Mapa 3: Localização do município de Marília 44 Atualmente, Marília é conhecida como a “Capital Nacional do Alimento”, o parque industrial é composto por cerca de 1.100 empresas do setor alimentício, metalúrgico, construção, têxtil, gráfico e plástico, entre outras.(Prefeitura de Marília, 2017)Além disso, a cidade possui dois shoppings centers, um centro comercial com calçadão, e inúmeras Instituições de Ensino Superior (IES). Essas IES são importantes no sentido de atrair mais pessoas e investimentos para o município, além de ampliar o consumo de produtos e serviços que oferecidos, são elas: Faculdade de Filosofia e Ciências da Universidade Estadual Paulista (UNESP), Faculdade de Tecnologia de Marília (FATEC), Faculdade de Medicina de Marília (FAMEMA), Universidade de Marília (UNIMAR), Centro Universitário Eurípedes de Marília (UNIVEM), Faculdade de Ensino Superior do Interior Paulista (FAIP), Faculdade de Marília (FAMAR), Faculdade Católica Paulista (FACAP), Faculdade João Paulo II (FAJOTA). Na Tabela 3, temos as empresas exportadoras de Marília no ano 2013. Deste modo, destacamos alguns pontos. Primeiramente, destacamos
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