Apostila Futebol EAD Unidade 1

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INICIAÇÃO AO 
FUTEBOL 
 
 
 
 
 
 
 
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ÍNDICE TEMÁTICO 
 
Unidade Temática 1: Aspectos histórico-culturais do futebol e regras 
1.1) Origem do futebol 
1.2) Futebol no Brasil 
1.3) Regras oficiais e suas aplicações na escola 
 
Unidade Temática 2: Processo de ensino-aprendizagem-treinamento da técnica 
esportiva no futebol 
2.1) Fundamentos técnicos do futebol: movimentos básicos fundamentais e 
especiais 
2,2) Fundamentos técnicos do goleiro 
 
Unidade Temática 3: Processo de ensino-aprendizagem-treinamento da tática no 
Futebol 
3.1) Princípios de Jogo 
3.2) Tipos de marcação 
3.3) Esquemas táticos 
Unidade Temática 4: Fisiologia aplicada ao futebol 
4.1) Caracterização fisiológica do futebol 
4.2) Principais capacidades físicas do futebolista 
 
Unidade Temática 5: Fundamentos didático–pedagógicos aplicados ao ensino do 
futebol 
5.1) Métodos de ensino aplicados ao futebol 
5.2) Principais situações de aprendizagem no futebol 
5.3) Configurações didáticas para o ensino do futebol 
 
Referências Bibliográficas 
 
 
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UNIDADE TEMÁTICA 1: 
ASPECTOS HISTÓRICO-CULTURAIS DO FUTEBOL E REGRAS 
 
1.1 Origem do Futebol 
 
A palavra football registra-se pela primeira vez em 1423-1424 e já naquela 
época significava “jogo de bola praticado com os pés” (foot = pé; ball = bola). Em 
diferentes línguas, o termo recebeu expressões singulares, tais como: soccer 
(EUA), fussball (Alemanha), cálcio (Itália), fútbol (Espanha), football 
(Inglaterra/França) e futebol (Brasil). 
Conceitualmente, o “futebol é um esporte em que duas equipes lutam pela 
posse de uma bola com o objetivo de conduzi-la através de um campo retangular, 
até a meta adversária” sendo considerado o mais popular e universal de todos os 
esportes. É também chamado de esporte das multidões, pois já foi praticado por 
todos os povos da terra. 
A história do futebol pode ser dividida em cinco fases distintas: 
1) Antiguidade; 2) Idade Média; 3) Transição (Escolas Públicas Inglesas); 
4) Futebol Moderno; 5) Internacionalização. Em sua evolução, o futebol já foi 
considerado uma competição selvagem, já serviu para treinamento militar, já foi á 
guerra, foi usado como passatempo popular, já brilhou em meio à aristocracia e à 
nobreza e atualmente é visto e estudado sob diferentes ângulos, tais como 
diversão, educação, competição, profissão, espetáculo, dentre outros. 
Fase 1: Antiguidade 
 A primeira fase compreende o período das origens aos vários tipos 
rudimentares de futebol. Achados arqueológicos permitem afirmar que o jogo de 
bola praticado com o pé já era conhecido no Egito e na Babilônia há mais de 30 
séculos, quando era jogado com bolas de bexiga de boi e crânios humanos. 
Existem documentos que comprovam a existência de jogos em épocas remotas 
que são considerados precursores do futebol moderno, tais como: tsu-chu 
(China), kemari (Japão), epyskiros (Grécia) e principalmente o harpastum (Roma-
Itália) e soule (França). 
Fase 2: Idade Média e Renascença 
Durante toda a idade média e por muitos séculos depois, realizou-se na 
cidade de Ashbourne, Inglaterra, um jogo de bola que pode ser considerado o 
 
 
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mais importante, precursor do futebol. Tal jogo era uma espécie de terças-feiras 
gordas entre os habitantes da cidade, havendo 400 a 500 jogadores de cada lado, 
que deveriam levar a bola até a meta adversária, que ficavam nas saídas norte e 
sul da cidade. Era um jogo violento, semibárbaro e primitivo. Em 1314, foi proibida 
pelo rei a sua prática em razão da grande violência, barulho e dispersão dos 
soldados de seus treinamentos. A proibição foi reforçada de tempos em tempos, 
havendo, porém, práticas mantidas “atrás dos muros”, como o ludus pilae, jogo 
entre meninos nos pátios de igrejas. 
Na Itália, porém, especificamente em Florença, além de não ter opositores, 
o futebol medieval foi apoiado pela nobreza. O Cálcio, como foi chamado e é até 
hoje conhecido, entrou para a história como o único futebol organizado de toda a 
Idade Média e Renascença. Suas regras foram fixadas em 1580, sendo disputado 
com 27 jogadores para cada lado, com posições definidas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Figura 1: O jogo de futebol na Itália durante a Idade Média. 
 
Fase 3: Transição (Escolas Públicas Inglesas) 
A partir das proibições, o futebol passou por sucessivas modificações na 
Inglaterra, tornando mais civilizado somente a partir do século XVII e XVIII, 
quando passou a ser utilizado nas escolas. O objetivo do jogo era fuga de vícios, 
especialmente a jogatina e o uso de álcool. Em cada escola, o futebol foi 
codificado, surgindo assim, as primeiras regras. As regras adotadas nas escolas 
foram para os clubes, espalhando por toda a Inglaterra. Tais regras eram 
 
 
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semelhantes, mas não iguais. O número de jogadores, por exemplo, variava de 
acordo com o tamanho do campo. Havia a necessidade de unificação das regras. 
Fase 4: Futebol Moderno 
 Os historiadores são unânimes em afirmar a data de 26 de outubro de 1863 
como o nascimento do futebol. O futebol de campo com 11 jogadores surgiu na 
Universidade de Cambridge, acreditando-se que isso se deva ao fato de que as 
turmas de Cambridge tinham 10 alunos e 1 bedel, da mesma forma que ocorreu 
com o Rugby (12 alunos e 1 bedel). 
 A existência de várias regras em vigor em Londres e outras cidades 
inglesas dificultava a realização de jogos e torneios entre escolas e clubes. Então, 
com apoio do jornalista John Cartwright, houve uma reunião de vários 
representantes de clubes e colégios na Taberna Fremasons’s para uniformizar as 
regras, sendo então criada a The Football Association (F.A.), que controla o 
futebol na Inglaterra até os dias atuais. Em 13 de dezembro de 1863, foram 
unificadas e aprovadas nove regras, havendo a difusão do futebol por toda 
Inglaterra e outros países, especialmente para o Reino Unido. Fora do Reino 
Unido, a Argentina foi um dos primeiros países a conhecer o futebol, por volta de 
1865. 
 Figura 2: Taberna Fremasons’s na Inglaterra: uniformização das regras do jogo. 
 
Fase 5: Internacionalização (da Inglaterra para o mundo) 
 Com a uniformização das regras e o apoio dado pelos clubes e da F.A., o 
esporte logo se difundiu. Em 1871, foi criada a Taça da Inglaterra, mais antiga 
competição de futebol. No ano seguinte (30/11/1872), foi realizado o primeiro jogo 
internacional (Inglaterra 0 x 0 Escócia). Em 06 de dezembro de 1886, em 
Manchester, representantes da Inglaterra, Escócia, Pais de Gales e Irlanda 
 
 
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uniformizaram as regras em seus países e criaram a The Internacional Football 
Association Board, entidade que controla as questões relativas às regras de jogo, 
atualmente em cooperação com a FIFA. 
Com isso, houve um crescimento de jogos entre equipes nacionais e 
internacionais. O futebol teve sua primeira participação em Jogos Olímpicos no 
ano de 1900, em Paris-França, ocasião em que a Inglaterra sagrou-se campeã, 
vencendo os donos da casa por 4 x 0. Em 13 de janeiro de 1904, foi criada a 
Federation Internationale de Football Association (FIFA), entidade máxima do 
futebol, tendo como primeiro presidente o francês Robert Guérin. 
No entanto, somente em 1930, sob a presidência de Jules Rimet, foi 
realizado o primeiro grande torneio organizado pela FIFA: a 1ª Copa do Mundo, 
em Montevidéu, Uruguai. Desde então, a FIFA conseguiu universalizar o futebol 
de maneira progressiva, tornando-o o mais popular de todos os esportes. 
Os continentes estão filiados à FIFA através de 6 (seis) confederações:CONMEBOL - Confederação Sul-Americana de Futebol, UEFA - Union 
Européene de Football Association, Asian Football Confédération, Confédération 
Africaine de Football, CONCACAF - Confederacion Norte-Centroamericana y del 
Caribe de Fútbol e Oceania Football Confederation. 
 
1.2 Futebol no Brasil 
O ano de 1894 é aceito pelos historiadores como a introdução oficial do 
futebol no Brasil, trazido da Inglaterra por Charles Miller, o qual havia retornado 
da Inglaterra entusiasmado com o jogo. A evolução histórica do futebol no Brasil 
caracteriza-se por seis fases distintas: 1) Implantação; 2) Difusão; 
3) Popularização; 4) Transição; 5) Afirmação; 6) Atual. 
- Implantação: até 1910. 
 A primeira fase do futebol no Brasil foi caracterizada pela criação dos 
primeiros clubes em São Paulo, tais como: São Paulo Athletic Club, Associação 
Atlética Mackenzie College, Sport Club Germânia, Club Atlético Paulistano e a 
formação da Liga Paulista de Futebol em 1901. Posteriormente, no Rio de 
Janeiro, através de Oscar Cox, surgem os primeiros clubes: Fluminense, Bangu e 
Vasco. 
 
 
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- Difusão: 1910 a 1920 
A segunda fase caracteriza-se pelo surgimento de clubes e federações em todo o 
país, cada estado com seu próprio campeonato. Público e imprensa interessam-
se pelo jogo. Em 1916, nasce a Confederação Brasileira de Desportos (CBD), que 
permitiu congregar os clubes e disputar o primeiro campeonato sul-americano. 
Em 1919, a conquista pelo Brasil deste campeonato, popularizou o futebol no 
país. A partir de 1920 inicia-se o processo de democratização do futebol. 
- Popularização: até 1933 
A expansão do futebol entre 1920 e 1933 ocorre fundamentalmente pelas 
excursões de equipes pela Europa. Tem-se o início do falso amadorismo, 
havendo uma pressão e cobrança cada vez maior de títulos nos clubes. A 
premiação de jogadores por meio de pagamentos (bichos) já sinaliza o caminho 
para o profissionalismo do futebol – o Vasco foi o primeiro. 
- Transição: 1933 a 1938 
 Em 1933, o profissionalismo é oficializado no Rio de Janeiro e em São 
Paulo e provoca uma cisão no futebol brasileiro: Amadorismo vs. 
Profissionalismo. Até 1938, o futebol brasileiro passou por um momento de 
transição, sendo importante para o momento seguinte que iria projetá-lo 
internacionalmente. 
- Afirmação: 1938 a 1958 
A fase de afirmação do futebol no Brasil cobre um período de 20 anos e foi 
caracterizada pela evolução técnica e tática da modalidade e a participação em 
competições internacionais, como Olimpíadas e Copas do Mundo. Após 
conquistar o terceiro lugar na copa de 1938 e amargurar a derrota em pelo 
Maracanã em 1950, o Brasil conquista seu primeiro título mundial na Suécia, 
dando início a fase atual com muitos êxitos internacionais. 
- Atual: pós 1958 
Atualmente, o Brasil destaca-se internacionalmente apresentando grandes 
conquistas no futebol, em suas diversas categorias. A equipe principal de futebol 
de campo do Brasil é pentacampeã mundial, tendo conquistado os títulos em 
1958, na Suécia, 1962 no Chile, 1970 no México, 1994 nos Estados Unidos e em 
2002 na Coréia. 
Dados do Plano de Modernização do Futebol Brasileiro (2000) da Fundação 
Getúlio Vargas (FGV) mostram que o futebol mundial movimenta, em média, 
 
 
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cerca de 250 bilhões de dólares anuais. No Brasil, este esporte gera 300 mil 
empregos diretos, possui 30 milhões de praticantes, sendo 580 mil participantes 
de 13 mil times, que participam de competições organizadas; possui quinhentos e 
oitenta (580) estádios com capacidade para abrigar mais de cinco e meio (5,5) 
milhões de torcedores, cerca de quinhentos (500) clubes profissionais disputando 
uma média de noventa (90) partidas por ano e em termos de fornecimento anual 
de materiais e equipamentos esportivos, são cerca de nove (9) milhões de 
chuteiras para futebol e futsal, seis (6) milhões de bolas e trinta e dois (32) 
milhões de camisas. 
 
1.3 Regras oficiais e suas aplicações na escola 
 As leis que regem o futebol foram elaboradas pela International Football 
Association Board (IFAB) em 1938. O texto, que compreende 17 regras e uma 
série de decisões suplementares da IFAB, sofreu alterações impostas pela própria 
evolução técnica e tática do esporte. O livro de regras oficiais está disponível no 
site: www.cbf.com.br 
 Logo abaixo, segue um resumo das principais regras do jogo. 
O jogo de futebol é disputado por duas equipes, cada uma composta por 
11 jogadores, sendo um deles o goleiro. Até sete (7) jogadores podem compor o 
banco de reservas. O técnico pode efetuar até três (3) substituições ao longo da 
partida. Cada equipe deve estar uniformizada com calção, camisas, meias e 
chuteiras. Além dos 22 jogadores, participam do jogo também quatro oficiais de 
arbitragem: um árbitro, dois bandeirinhas e um 4º árbitro (representante), que faz 
anotações. Algumas confederações já utilizam dois árbitros de linha de fundo. 
O campo de futebol é retangular e deve ter de 45 a 90 metros de largura 
por 90 a 120 metros de comprimento. O campo de futebol é limitado pelas linhas 
laterais e de fundo, sendo dividido ao meio pela linha de meio campo. 
Oficialmente, uma partida de futebol é composta de dois tempos de 45 minutos, 
com um intervalo de quinze minutos para descanso. Antes de iniciar a partida, o 
árbitro faz o sorteio entre as duas equipes e decide quem terá a posse de bola e 
quem terá o direito de escolher o campo. A partida é iniciada no centro do campo, 
com as duas equipes no seu campo defensivo. Após o apito do árbitro, o jogador 
encarregado de dar o toque inicial, dentro do circulo central, chuta a bola para 
 
 
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frente para seu companheiro. Vence a partida a equipe que fizer mais gols. Pode 
haver situações de empate com ou sem gols marcados. 
As regras oficiais devem ser adaptadas à realidade e aos objetivos 
planejados pelo professor, pois muitas vezes as aulas de Educação Física não 
são ministradas em locais que possibilitam a prática oficial do desporto. Além 
disso, cabe ao professor de Educação Física adequar as regras aos seus 
objetivos, como por exemplo, alterar o tamanho do campo, o número de 
jogadores, o tamanho do gol, o tempo de jogo, retirada do impedimento, entre 
outras. 
 
 
 Figura 3: O campo de jogo. 
 
 
Leituras Complementares da Unidade Temática 1: 
 
Assumpção, L.O.T. Uma leitura sociocultural do futebol brasileiro. Soc. Estado, 
2009, vol.24, no.2, p.601-609. 
 
Klein, M.A. Futebol e negócios. Rev. Adm. Empres., 2010, vol.50, no.2, p.250-
251. 
 
 
 
 10 
6) REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
 
BARROS, T.L. & GUERRA, I. Ciência do Futebol. São Paulo: Manole, 2004 
CALDAS, W. O pontapé inicial: memória do futebol brasileiro. São Paulo: Ibrasa, 
1990. 
COSTA, I.T.; GARGANTA, J.M.; GRECO, P.J.; MESQUITA, I. Princípios táticos do 
jogo de futebol: conceitos e aplicação. Motriz, 15(3): 657-668, 2009. 
 
DIETRICH, K. O Futebol aprendido e jogado corretamente. Rio de Janeiro: 
Tecnoprint, 1984. 
FIGUEIRA F.M. & GRECO P.J. Futebol: um estudo sobre a capacidade tática no 
processo de ensino-aprendizagem-treinamento. Revista Brasileira de Futebol, 
1(2): 53-65, 2008. 
 
FRISSELI, A. & MANTOVANI, M. Futebol: Teoria e Prática. São Paulo: Phorte, 
1999. 
GRECO, P.J. & BENDA, R.N. Iniciação Esportiva Universal – Da aprendizagem 
motora ao treinamento técnico. Belo Horizonte: Editora UFMG, 1998. 
KRÖGER, C. & ROTH, K. Escola da bola: Um ABC para iniciantes nos jogos 
esportivos. São Paulo: Phorte, 2002. 
MATTA, M.O. & GRECO, P.J. O processo de ensino-aprendizagem-treinamentoda técnica esportiva aplicada ao futebol. Revista Mineira de Educação Física, 
4(2): 34-50, 1996. 
OLIVEIRA, B. & AMIEIRO, N. Mourinho: por que tantas victórias. Portugal, 
Gradiva, 2006. 
PASQUARELLI, B.N.; SOUZA, V.A.F.; STANGANELLI, L.C.R. Os jogos com 
campo reduzido no futebol. Revista Brasileira de Futebol, 3(2): 2-27, 2010. 
 
SCHMIDT, R.A. Aprendizagem e performance motora: dos princípios à prática. 
São Paulo: Movimento, 1993.