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Sentença II
DIREITO PROCESSUAL PENAL
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SENTENÇA II
PRINCÍPIO DA INDISPONIBILIDADE DA AÇÃO PENAL PÚBLICA.
Emendatio Libelli
Conforme AVENA:
Trata-se da hipótese na qual o juiz, ao condenar ou pronunciar o réu, atribui 
nova definição jurídica ao fato descrito, sem, porém, acrescentar a esse mes-
mo fato qualquer circunstância ou elemento que já não estivesse descrito na 
inicial e do qual o acusado não se tenha defendido consequentemente.
No emendatio libelli, os fatos são os mesmos, a imputação não muda. A 
defesa do réu é baseada na contestação dos fatos imputados. O juiz atribui uma 
nova definição jurídica sem acrescentar qualquer circunstância ou elemento. 
Com efeito, considerando que o julgador não pode se afastar do que lhe foi 
pedido pela parte, há de haver observância do princípio da correlação.
Esse princípio impede que o juiz decida “ultra, citra, extra petita”, exis-
tindo uma correspondência lógica entre a inicial acusatória e a sentença.
Segundo AVENA, há três formas de emendatio libelli passíveis de aplicação 
pelo juiz:
1) Emendatio libelli por defeito de capitulação: situação na qual o juiz 
profere sentença condenatória ou decisão de pronúncia em conformidade exata 
com o fato descrito na denúncia ou na queixa. Sem embargo, reconhece que tal 
fato amolda-se ao dispositivo penal distinto daquele que constou na inicial. 
Exemplo: denunciado o acusado por roubo, mas, por equívoco, capitulada essa 
infração na denúncia como o art. 147 do Código Penal (CP) (crime de ameaça);
2) Emendatio libelli por interpretação diferente: examinando a descrição 
do fato constante da denúncia ou da queixa, realiza o juiz interpretação dife-
rente da que o fez o Ministério Público ou o querelante quanto ao enqua-
dramento da conduta narrada. Exemplo: considere que tenha sido denunciado 
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o agente por homicídio qualificado por meio cruel, por ter cortado a garganta de 
colega de cela enquanto este dormia, causando-lhe morte instantânea. Enten-
dendo o magistrado que esse fato, tal como narrado, não configura a qualifica-
dora do meio cruel (art. 121, § 2º, III, CP), mas, sim, a qualificadora do uso de 
recurso que impossibilitou a defesa do ofendido (art. 121, § 2º, IV, CP) poderá 
reconhecer essa última circunstância independente de qualquer aditamento da 
inicial pelo Ministério Público;
3) Emendatio libelli por supressão de circunstância: nesse caso, o magis-
trado atribui nova capitulação ao fato imputado em razão da não constatação, 
pelas provas angariadas na fase instrutória, de elemento ou circunstância 
que estejam contidos na inicial. Em suma, há, aqui, modificação fática, mas 
não para acrescentar, e, sim, para subtrair circunstâncias do fato descrito, 
importando essa simples supressão na mudança de classificação jurídica 
(artigo). Exemplo: denunciado o acusado por crime de roubo capitulado no art. 
157 do CP, sobrevém, no curso da instrução, a prova de que não houve violên-
cia nem grave ameaça. Diante disso, o juiz, suprimindo da inicial a referência à 
violência e à ameaça, condena o réu por furto simples.
Dessa forma, a emendatio libelli tem cabimento quando a acusação comete 
um erro ao apontar a definição jurídica do fato praticado.
Assim, conforme TÁVORA e ROQUE, o juiz promove uma emenda na acusa-
ção (libelo), podendo ascender três situações diferentes:
a) A pena não se altera. Ex.: o Ministério Público (MP) narra uma extorsão 
(art. 158, CP) e pugna pela condenação pelo crime de roubo (art. 157, CP). São 
crimes com a mesma pena (reclusão de 4 a 10 anos);
b) A pena aplicada é menos grave. Ex.: o MP narra um furto (art. 155, CP) 
e pede a condenação por roubo (art. 157, CP). O reconhecimento da emendatio 
libelli conduz a uma condenação menor do que a pleiteada;
c) A pena aplicada é mais grave. Ex.: o MP oferece uma denúncia narrando 
um roubo (art. 157, CP), mas pleiteando a condenação pelo crime de furto (art. 
155, CP).
Ordena o CPP quanto à emendatio libelli:
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Art. 383. O juiz, sem modificar a descrição do fato contida na denúncia ou queixa, 
poderá atribuir-lhe definição jurídica diversa, ainda que, em consequência, te-
nha de aplicar pena mais grave.
§ 1º Se, em consequência de definição jurídica diversa, houver possibilidade de 
proposta de suspensão condicional do processo, o juiz procederá de acordo 
com o disposto na lei. 
§ 2º Tratando-se de infração da competência de outro juízo, a este serão enca-
minhados os autos.
O Supremo Tribunal de Justiça (STJ) tem o seguinte entendimento jurispru-
dencial consolidado em súmula:
Súmula n. 337 – STJ
É cabível a suspensão condicional do processo na desclassificação do crime 
e na procedência parcial da pretensão punitiva.
A suspensão condicional é também chamada de sursis processual no rito 
sumaríssimo da Lei n. 9.099/1995. 
Mutatio Libelli
Conforme AVENA:
No curso da instrução do processo, podem surgir novas provas quanto a ele-
mentos ou circunstâncias da imputação, os quais não estejam contidos na de-
núncia ou na queixa e que, se reconhecidos pelo juiz, importem em alteração 
do fato para mais. Trata-se da mutatio libelli – situação em que o juiz, condenan-
do ou pronunciando o réu, atribui ao fato nova definição jurídica, mediante o 
acréscimo de circunstâncias não mencionadas na denúncia ou na queixa-
-crime. Nestes casos, como há evidente prejuízo ao acusado, não poderá ser o 
indivíduo condenado ou pronunciado pelo novo crime sem que adotadas, antes, as 
providências referidas no art. 384 do CPP, sendo irrelevante, para tanto, se a nova 
tipificação implica apenamento superior, igual ou inferior ao crime original-
mente descrito. 
Há alteração do fato a pior para o réu. 
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TÁVORA e ROQUE ensinam:
Diverso da emendatio (art. 383, CPP, supra), na mutatio libelli a capitulação jurídica 
dada pela acusação está correta; ocorre que, no curso da instrução, descobre-se 
uma prova apta a alterar os fatos alegados. Por exemplo: o MP oferece denúncia 
descrevendo um furto e pedindo a condenação pelo furto (art. 155, CPP). Durante a 
instrução, uma testemunha afirma que houve emprego da violência. Esse fato não 
constava da denúncia. Nesse caso, não pode o juiz condenar o acusado pelo crime 
de roubo (art. 157, CP), pois ele se defende dos fatos alegados (no nosso exemplo, 
a subtração de coisa móvel sem violência ou grave ameaça).
O contexto factual está alterado.
A mutatio libelli ocorre, portanto, quando a capitulação jurídica está correta, 
mas no curso da instrução processual ascende elemento probatório que 
altera os fatos alegados.
Nesse cenário, a parte acusatória deve promover o aditamento da peça 
exordial para fazer constar o novo fato em cinco dias. Feito o aditamento, abre-
-se vista à defesa por cinco dias para contraditório. Incontinente, reabre-se a 
instrução, podendo cada parte apresentar um rol de três testemunhas sobre os 
fatos aditados.
Se o MP se recusa a aditar, aplica-se o art. 28, CPP.
Ordena o CPP sobre a Mutatio Libelli:
Art. 384. Encerrada a instrução probatória, se entender cabível nova definição 
jurídica do fato, em consequência de prova existente nos autos de elemento ou 
circunstância da infração penal não contida na acusação, o Ministério Público 
deverá aditar a denúncia ou queixa, no prazo de 5 (cinco) dias, se em virtude 
desta houver sido instaurado o processoem crime de ação pública, reduzindo-se a 
termo o aditamento, quando feito oralmente.
§ 1º Não procedendo o órgão do Ministério Público ao aditamento, aplica-se o art. 
28 deste Código.
O artigo 28 prevê que o processo seja remetido ao Procurador-Geral. 
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§ 2º Ouvido o defensor do acusado no prazo de 5 (cinco) dias e admitido o adi-
tamento, o juiz, a requerimento de qualquer das partes, designará dia e hora para 
continuação da audiência, com inquirição de testemunhas, novo interrogatório do 
acusado, realização de debates e julgamento.
§ 3º Aplicam-se as disposições dos §§ 1o e 2o do art. 383 ao caput deste artigo.
§ 4º Havendo aditamento, cada parte poderá arrolar até 3 (três) testemunhas, no 
prazo de 5 (cinco) dias, ficando o juiz, na sentença, adstrito aos termos do adita-
mento.
§ 5º Não recebido o aditamento, o processo prosseguirá.
A mutatio libelli não se aplica em fase recursal, sob pena de se consa-
grar supressão de instância. O Supremo Tribunal Federal (STF) tem o seguinte 
entendimento consolidado:
Súmula n. 453 – STF:
Não se aplicam à segunda instância o art. 384 e parágrafo único do Código 
de Processo penal, que possibilitam dar nova definição jurídica ao fato delituoso, 
em virtude de circunstância elementar não contida, explicita ou implicitamente, na 
denúncia ou queixa.
Princípio da Indisponibilidade da Ação Penal Pública
Ensinam TÁVORA e ROQUE:
Permite-se que o juiz condene o acusado, ainda que o promotor de justiça/pro-
curador da república tenha pugnado pela sua absolvição. É uma decorrência 
do princípio da indisponibilidade da ação penal pública. Perceba que não há 
a mesma prerrogativa na ação penal privada, porquanto a ausência do pedido de 
condenação nas alegações finais conduz à extinção da punibilidade, por peremp-
ção (art. 60, III, CPP, supra).
Conforme AVENA:
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Por outro, não se pode esquecer que vigora na ação penal pública o princípio da 
indisponibilidade, o que impede o Ministério Público de sua desistência. Ora, se 
o juiz não pode homologar pleito de desistência formulado pelo Ministério Público 
em delito de ação pública, nada mais natural do que lhe atribuir a lei a faculdade 
de condenar o réu mesmo que tenha se inclinado o promotor pelo pedido de 
absolvição, pois tal ordem de pedido, ao fim e ao cabo, acarreta a mesma 
consequência que decorreria da desistência da ação por seu autor, caso isso fos-
se possível: a impunidade do indivíduo acusado da prática de uma infração penal.
Ordena o CPP:
Art. 385. Nos crimes de ação pública, o juiz poderá proferir sentença condenató-
ria, ainda que o Ministério Público tenha opinado pela absolvição, bem como 
reconhecer agravantes, embora nenhuma tenha sido alegada.
�����������Este material foi elaborado pela equipe pedagógica do Gran Cursos Online, de acordo com a 
aula preparada e ministrada pelo professor Adriano Barbosa.

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