Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ANALÍTICA E FÍSICO-QUÍMICA FÍSICO-QUÍMICA APLICADA À FARMÁCIA DETERMINAÇÃO DA CONCENTRAÇÃO DE SUBSTÂNCIAS OPTICAMENTE ATIVAS POR POLARIMETRIA Aluno: Mac Dionys Rodrigues da Costa Matrícula: 398722 Professor(a): Adriana Nunes Correia Curso: Farmácia FORTALEZA 2017 SUMÁRIO Introdução .......................................................................................................... 1 Finalidade ........................................................................................................... 2 Objetivo .............................................................................................................. 2 Parte Experimental ............................................................................................. 2 Resultados e Discussão ..................................................................................... 2 Conclusão .......................................................................................................... 5 Referências ........................................................................................................ 6 1 INTRODUÇÃO Polarimetria é o processo de medição do ângulo de rotação da luz, ou desvio do seu plano de polarização, ao atravessar uma amostra constituída de solução de uma substância opticamente ativa por meio da utilização de um polarímetro. Polarímetros são aparelhos que medem diretamente a rotação de polarização, através da medição do ângulo de rotação de um analisador. Os componentes principais de um polarímetro são (Figura 1): uma fonte de luz monocromática não polarizada, um polarizador, uma célula contendo a amostra (tubo), um analisador e um detector/observador. Figura 1: Componentes de um Polarímetro Os polarímetros mais comuns, trabalham com luz visível e, neste caso, a detecção é visual. A polarimetria não está no entanto limitada à zona do visível, existindo aparelhos adequados a outras zonas do espectro eletromagnético. A saída da fonte, a luz ainda não polarizada encontra o polarizador, fixo, de onde emerge polarizada linearmente. Em seguida, atravessa a amostra e, se esta não for opticamente ativa, o plano de polarização da luz permanece inalterado. Colocando uma amostra opticamente ativa entre o polarizador e o analisador, a direção de polarização da luz que sobre ela incide altera-se e, para que se verifique nova extinção, é necessário rodar o analisador. Segundo Biot: = []D20ºC x L x C Sendo: = ângulo de rotação que a solução problema imprime ao plano de polarização da luz. []D20ºC = rotação específica ou poder rotatório específico a uma temperatura (T) e a um comprimento de onda (), normalmente para a risca D do sódio. L = comprimento do tubo de amostras, em decímetros. C = concentração em gramas por centímetro cubico. 2 FINALIDADE Determinar a concentração de substâncias opticamente ativas nas amostras de soros fisiológico, caseiro e para reidratação oral, por polarimetria. OBJETIVO A prática realizada objetivou o estudo teórico-prático sobre a polarimetria, onde os alunos puderam constatar e discutir a teoria empírica a partir da determinação prática dos ângulos de rotação e a partir deste, calcular a concentração de substâncias opticamente ativas nas mostras de soros fisiológico, caseiro e para reidratação oral, utilizando um polarímetro. PARTE EXPERIMENTAL Primeiramente, a lâmpada de sódio do polarímetro foi acesa e esperou- se até apresentar uma temperatura constante. Enquanto isso, o tubo do polarímetro foi preenchido com água a 23ºC e devidamente enxugado, mantendo o cuidado de não deixar criar bolhas no interior do tubo polarimétrico de 1,909 dm contendo a amostra. Com o tubo acoplado ao polarímetro, a ocular foi observada de modo em que se foi possível fazer a nítida distinção das linhas que separam as três partes do instrumento em questão. A partir desse ponto, foram feitos ajustes no analisador, de forma que foi possível ver uma inversão na iluminação das partes central e laterais do campo visual inicalmente e depois, apenas um sombreado englobando as três partes. O ângulo obtido quando essa região sombreada pôde ser vista foi registrado, o tubo com água foi retirado do equipamento e submetido a ambientalização com o soro fisiológico posteriormente analisado. Essa verificação com a água é necessária pra determinar se algum ajuste especial deve ser feito no polarímetro e, como o ângulo obtido era o esperado, não foi preciso realizar qualquer outro ajuste no equipamento. O procedimento descrito acima foi realizado com todos os soros disponíveis na bancada. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas condições térmicas de 23ºC, foi obtido os ângulos de rotação de cada amostra, expressos nas imagens registradas abaixo: Figura 2: Água Destilada: ângulo de rotação. Figura 3: Soro Fisiológico: ângulo de rotação. Figura 4: Soro para reidratação oral: ângulo de rotação. Figura 5: Soro caseiro: ângulo de rotação. 3 Com os valores do ângulo de rotação observados no limbo quando o analisador se encontrava na posição cruzada em relação ao polarizador, com o campo visual totalmente sombreado. Pode-se realizar a leitura dos valores da seguinte forma, o valor da unidade é dado pela escala móvel mais externa enquanto que os valores decimais é dado pela escala fixa mais interna em relação a externa. Veja um exemplo a seguir: Figura 6: Leitura do ângulo de rotação no limbo. Neste exemplo, a leitura do ângulo de rotação de 2,6º foi feita da seguinte maneira: a unidade 2 foi obtida com base na escala maior ou mais externa, já o decimal 0,6 foi obtido com base na escala menor ou mais interna em relação à externa, pois registra-se o ponto onde as duas escalas estão se encontrando de forma complementar, havendo uma coplanaridade entre uma barra de uma escala com a outra. Sendo assim, foi feito a leitura dos valores de cada amostra obtidos nas figuras 2, 3, 4 e 5. Dispostos na tabela a seguir. Substância Ângulo de rotação a 23ºC/ º Água (padrão) 0,00 Soro Fisiológico 0,00 Soro p/ Reidratação Oral 1,70 Soro Caseiro 4,40 Tabela 1: ângulos de rotação das amostras a 23ºC Com base nestes resultados, podemos constatar que apenas duas amostras analisadas possuíam substâncias opticamente ativas. Tanto a água quanto o soro fisiológico não apresentaram uma rotação da luz no plano polarizado, constatando-se que essas duas amostras não possuíam nenhuma substância opticamente ativa por se tratar de amostras onde uma é, uma mistura pura (água) e a outra é uma solução de sais (soro fisiológico) sem a existência de substâncias assimétricas. Já o soro para reidratação oral e o soro caseiro apresentaram um ângulo de rotação diferente de zero, logo essas amostras possuem nas suas composições uma certa concentração de substâncias opticamente ativas ou assimétricas por possuírem um ou mais carbonos com hibridização SP3 e com quatro grupos ligantes diferentes. 4 Analisando as substâncias opticamente ativas dos soros, temos: Na composição do soro para reidratação oral apresenta concentração de sais juntamente com glicose (monossacarídeo), esta última apresenta 5 centros estereogênico na sua estrutura molecular podendo desviar a luz plano- polarizado em dois sentidos dependendo da posição da hidroxila (OH) na representação de Fischer.Figura 7: Estrutura molecular da glicose. Na composição do soro caseiro, temos a presença da sacarose (dissacarídeo), formada da reação de desidratação entre a glicose mais a frutose. Essa molécula apresenta 9 centros estereogênico que desviam a luz de forma mais acentuada do que o soro para reidratação oral que apresenta apenas a glicose. Figura 8: Estrutura molecular da sacarose. Após a análise crítica dos ângulos de rotação, calculou-se as concentrações de substâncias opticamente ativas das amostras de soro caseiro e para reidratação oral utilizando os valores da rotação específica da glicose e da sacarose a 20ºC e a equação de Biot abaixo: = []D20ºC x L x C C = 𝛼 [] x L Soro para reidratação oral: C = 1,70º 52,7º x 1,909 dm = 0,017g cm-3 Soro caseiro: C = 4,40º 66,53º x 1,909 dm = 0,034g cm-3 5 Com os resultados, elaborou-se a tabela abaixo: Substância Ângulo de rotação (𝛼) a 23ºC/ º Concentração (C)/ g cm-3 Água (padrão) 0,00 0,00 Soro Fisiológico 0,00 0,00 Soro p/ Reidratação Oral 1,70 0,017 Soro Caseiro 4,40 0,034 Tabela 2: ângulos de rotação a 23ºC e concentrações de substâncias opticamente ativas nas amostras. Com esses resultados podemos constatar que a rotação da luz plano- polarizado é uma propriedade extensiva que depende da concentração ou da quantidade de substâncias opticamente ativas, sendo calculado experimentalmente as concentrações de glicose e sacarose nas amostras de soro para reidratação oral e de soro caseiro, respectivamente. Erro experimental: os valores de concentração calculados a 23ºC não são fidedignos, pois os valores de rotação específico da glicose e da sacarose utilizados são tabelados para condições térmicas de 20ºC e, visto que a rotação específica depende da temperatura do meio os valores de concentração seriam diferentes para a rotação específica a 23ºC. CONCLUSÃO Nesse experimento foi possível determinar a concentração das substâncias opticamente ativas presentes nos soros (soro caseiro e soro para reidratação oral). O soro fisiológico não apresentou atividade óptica porque não possui carbonos assimétricos na estrutura molecular de seus constituintes. Notou-se que o soro caseiro apresentou um desvio angular maior que o soro para reidratação oral porque ele é constituído de sacarose, a qual apresenta quase o dobro de carbonos assimétrico que a glicose, que por sua vez é o açúcar constituinte do soro para reidratação oral. Logo, quanto mais carbonos assimétricos no meio, maior o desvio angular observado. Por fim, a polarimetria é uma técnica de suma importância para a profissão farmacêutica com diversas aplicabilidade, como por exemplo: a medida do desvio do plano de polarização, por substâncias opticamente ativas e com atividade farmacológica específica, pode servir de critério de identidade e pureza para a realização de um controlo de qualidade das mesmas. Além disso, diversas farmacopeias assinalam os limites permitidos, dentro dos quais deve oscilar o valor de rotação específica, para substâncias com aplicação terapêutica e opticamente ativas. Em muitos casos observa-se uma correlação entre a atividade biológica do medicamento e a sua rotação específica. Nos medicamentos de origem natural, há predominância da forma levógira sobre a dextrógira; por isso, a determinação da rotação específica de um fármaco pode ser uma boa indicação da sua origem bem como do seu estado de pureza. Os fármacos de origem sintética são racémicos, quer dizer, não são capazes de, uma vez dissolvidos, desviar o plano da luz polarizada. 6 REFERÊNCIAS CORREIA, prof. Adriana. Roteiros de práticas. 2017. 23 f. curso Físico-Química aplicada à Farmácia. Ceará, Fortaleza, Universidade Federal do Ceará, Centro de Ciências, Departamento de Química Analítica e Físico-Química. FFUP. controlo de actividade de uma droga farmacêutica opticamente activa. Disponível em: <http://qf.ff.up.pt/fa/pdf/fa-tl6.pdf> Acesso em: 26/10/17 M. E. MINAS DA PIEDADE, Polarimetria. Disponível em: < http://www.spq.pt/magazines/BSPQ/572/article/3000561/pdf> Acesso em: 26/10/17
Compartilhar