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Aula 07 – Alvenaria Introdução Desde o início das civilizações o homem buscou um abrigo que pudesse lhe proteger do frio, da chuva, do sol e de animais indesejados. Com o passar dos anos, inúmeras formas de se fazer abrigo surgiram. A terra bruta foi logo o primeiro material moldado pelo homem para construir seu abrigo. E, desde esse início, utilizaram barro, palha e água misturados para a produção dessas construções que tinham função estrutural e de vedação. Com o passar dos anos e o surgimento de novos materiais, como o concreto armado, a alvenaria libertou-se da função estrutural e pôde desempenhar somente a função de vedação, tendo que suportar apenas seu peso. Com isso, novas opções de alvenarias se tornaram possíveis, pois, para atender a função de vedação, poderia ser utilizado um material mais leve e de simples execução. É com esse pensamento que veremos, nesta aula, diferentes tipos de alvenaria. Alvenaria de Tijolo Cerâmico Por definição, podemos dizer que a alvenaria é um sistema construtivo formado de um conjunto coeso e rígido de tijolos ou blocos (elementos de alvenaria), unidos entre si, com ou sem argamassa de ligação, em fiadas horizontais que se sobrepõe uma sobre as outras. Quando a alvenaria não é dimensionada para resistir as cargas verticais, além de seu peso próprio, ela é denominada alvenaria de vedação. Essa alvenaria tem a principal função de adequar e estabelecer a separação entre ambientes. A alvenaria externa, que tem a responsabilidade de separar o ambiente externo do interno, deverá ter a função de barreira para controlar uma série de ações e movimentos complexos provenientes do ambiente externo. As alvenarias devem apresentar as seguintes propriedades: Resistência à umidade e aos movimentos térmicos; Resistência à pressão do vento; Isolamento térmico e acústico; Resistência a infiltrações de água pluvial; Controle de migração de vapor de água e regulagem da condensação; Base ou substrato para revestimentos em geral; Segurança para usuários e ocupantes. A alvenaria de tijolo cerâmico pode ter como componente o tijolo maciço ou o tijolo furado. Seu acabamento pode ser aparente ou com revestimentos. Para a execução da alvenaria de vedação de tijolo furado deve-se seguir as seguintes etapas: Etapa 1 Deve ser realizada inicialmente a locação ou marcação dessas paredes e feita a primeira fiada, começando-se pelas extremidades. Essa marcação é apresentada a seguir. Etapa 2 Em seguida, pode dar prosseguimento para as fiadas posteriores, devendo-se ter atenção no assentamento de argamassa e execução das juntas. No assentamento da argamassa para a execução da alvenaria, são utilizadas as seguintes ferramentas: colher de pedreiro, desempenadeira de madeira, bisnaga e meia-cana. O tijolo deve ser molhado antes da colocação da argamassa para que não tenha poeira e para que ele não absorva totalmente a água da argamassa de assentamento. Atenção: Uma observação importante é que esse tijolo não pode ser molhado de forma exagerada, ele não pode estar saturado, pois é necessário que ele absorva uma parte dessa água da argamassa para que obtenha a ligação entre esses materiais. Etapa 3 Outra etapa importante, na execução dessa alvenaria, é o encontro dela com os elementos estruturais (vigas e pilares). Junto às faces das peças de concreto que terão ligação com a alvenaria, após limpeza do desmoldante, deverá ser aplicado chapisco (traço 1:3 de cimento e areia). As ligações com pilares poderão ser melhoradas com a colocação de ferros de espera (ferro-cabelo) chumbados durante a própria concretagem do pilar, ou com ferros de 6 mm de diâmetro embutidos em furos de 10 a 12 cm, executados com broca vídrea de 8 mm e colados com resina epóxi (Compound da SIKA), após a desforma, com espaçamento médio de 50 cm e transpasse de 50 cm. A figura, a seguir, apresenta o esquema de como seria feita essa instalação da ligação entre alvenaria e o pilar de concreto. Saiba Mais: Em outros casos, pode-se fazer essa junta com a utilização de uma tela metálica. O principal objetivo da tela de amarração de alvenaria é evitar fissuras em paredes. A figura, abaixo, apresenta a execução da colocação da tela metálica na amarração da alvenaria. Etapa 4 Outra fase importante é o encunhamento das paredes que deve ser feito no encontro da alvenaria com as vigas. No fechamento das alvenarias de vedação, durante a cura da argamassa, ocorre uma pequena redução de dimensões. Por esse motivo, junto ás lajes ou vigas superiores, após um tempo mínimo de 10 dias, deve-se executar o encunhamento, realizado com o assentamento na última fiada com tijolos cerâmicos maciços (cozidos) um pouco inclinados com argamassa relativamente fraca (1:3:12 a 15 – cimento/cal hidratada/areia). Esse encunhamento é apresentado na figura abaixo. Essa prática vem, no entanto, sendo substituída pela utilização de novos materiais e técnicas com o objetivo de obter um melhor rendimento, como por exemplo: Cimento Expansor: Argamassa pronta para uso à base de cimento, que com a adição de água expande-se ocupando o espaço deixado ou ocorrido com a retração. Polietileno Expansor: Produto com alta aderência que aplicado por meio de aerossol aumenta de volume. Além do cuidado que se deve ter nos encontros da alvenaria com os elementos estruturais, deve-se ter cuidado nos encontros entre as alvenarias. Onde não houver amarração, deve-se tratar a junta com o uso de uma tela embutida na argamassa de revestimento dessa alvenaria, como é apresentado na figura a seguir. Com a finalidade de absorver tensões que se concentram nos contornos dos vãos (portas e janelas), oriundas de deformações impostas, é necessário prever a execução de vergas, contravergas e cintas de amarração. A verga é o elemento estrutural localizado sobre o vão. A contraverga é o reforço colocado sob a abertura. Isso pode ser verificado na janela abaixo. Saiba Mais: Tanto a verga, quanto a contraverga, devem exceder a largura do vão de pelo menos 20 cm e cada lado e ter no mínimo 10 cm de altura. Outros Tipos de Alvenaria Alvenaria de Gesso Acartonado A alvenaria de vedação tradicional, por muitas vezes, apresenta elevados desperdícios de materiais. Isso porque, durante a execução, ocorre a adoção de soluções construtivas no próprio canteiro de obras (no momento da realização do serviço) com ausência de planejamento e falta de padronização do processo de produção. Por esses motivos, nos últimos anos, muitos profissionais estão optando por um sistema de alvenaria interna não convencional. A alvenaria não fica em contato com as intempéries e tem a função de separar os ambientes. As paredes de gesso acartonado são montadas a partir de uma combinação de um perfil metálico de chapa de aço zincado e o fechamento com placas de gesso acartonado. Isso pode ser observado na figura abaixo. Essas placas são formadas por gesso, com boa resistência à compressão, e por papel cartão, com boa resistência à flexão, constituindo finalmente um “sanduiche” cartão – gesso – cartão. De acordo com ESO são vantagens da parede de gesso acartonado: Menor espessura das paredes; Maior velocidade na sua execução; Acomodar-se facilmente em qualquer tipo de estrutura; Promover bom isolamento térmico e acústico; Diminuir as cargas nas estruturas; Instalações elétricas, hidráulicas, de gás, entre outras, são realizadas anteriormente ao fechamento das placas, facilitando esses trabalhos; Adaptável a vários tipos de revestimentos; Boa resistência ao fogo; Mais liberdade de projeto. As etapas de montagem dessas alvenarias de gesso acartonado seguem as seguintes fases: Fase 1: Iniciam com a fixação das guias de perfil metálico junto ao piso; Fase 2: Faz-se a fixação dos perfis verticais. Após a fixação dos perfis, pode ser colocada toda a parte de instalações elétricas e hidráulicas. Se for necessário, nessa fase, também faz-se o isolamento termo acústico, com lá de vidro ou rocha. Fase 3: Em seguida, as placas de gesso são fixadas na estrutura metálicaatravés de parafusos especiais. Fase 4: É feito, então, a fixação que é um tratamento nas juntas entre as placas, que pode ser realizado com aplicação de uma massa e uma fita adequada. A figura a seguir apresenta essa fase em que as placas já foram fixadas e receberam o tratamento nas juntas. Fase 5: Após a instalação da parede pode ser iniciado o acabamento com massa corrida e tinta. 3.2. Taipa de Pilão Por definição, podemos dizer que a alvenaria de taipa de pilão é constituída por bloco de terra apiloada. Ou seja, ela é socada em formas de madeira, que são retiradas quando a terra está seca. Para ter a rigidez necessária, requer uma espessura de 60 cm. Historicamente, a alvenaria de taipa de pilão foi importante nas construções do Brasil, pois predominou no nosso território, desde os primórdios da colonização até o século XIX, quando ainda era o principal material aplicado nas alvenarias de Minas Gerais, Goiás, Mato Grosso, Paraná e São Paulo. A figura, a seguir, apresenta essas duas fases de execução dessa alvenaria: a do uso do pilão e a retirada das formas. 3.3 Pau a Pique Essa alvenaria utiliza gradeados de varas de madeiras preenchidos com barro e é muito aplicada em construções no Nordeste do Brasil. As travessas são armadas com bambus, que se sobrepõe horizontalmente, aproximadamente a cada 15 cm. Eles são amarrados com cipós aos esteios verticais, feitos com bambu inteiro. Nas imagens, a seguir, você pode ver como é realizado o fechamento das paredes com barro aplicado com as mãos e uma edificação já pronta com o uso dessa alvenaria. 3.4 Alvenaria de Adobe Esse tipo de alvenaria pode ser classificada como bioarquitetura, pois utiliza terra crua, água e fibras, sendo um material natural feito com os recursos locais disponíveis e não são queimados no forno. A produção dessa alvenaria tem baixa demanda energética, pois, muitas vezes, seu material é obtido no próprio terreno da obra. A figura, abaixo, apresenta uma alvenaria de adobe já pronta. Veja, ainda, a produção do adobe na fase de forma e na fase de secagem ao ar livre. Saiba Mais: Nas construções que utilizam a alvenaria de adobe, pode ser feita a fundação e a estrutura (vigas e pilares) de concreto armado para impedir o contato dos tijolos com o solo. Extra Termos Sobre Alvenaria - Escantilhão: É uma régua de madeira ou metálica de comprimento igual ao pé-direito, com dispositivos que permitem a graduação das fiadas nas alturas desejadas. Os escantilhões, se bem utilizados (pessoal treinado) podem promover grandes ganhos em termos de produtividade e de qualidade (prumos e níveis). - Estuque: tipo de alvenaria artesanal que utiliza argamassa mista ou gesso sobre telas de arames ou ripas finas de madeira; - Ferros-cabelo: são armaduras fixadas nos pilares e que se estendem nas fiadas da alvenaria; - Fresador ou frisador: ferramenta manual utilizada para dar acabamento nas juntas em alvenaria aparente. -Graute: tipo de concreto com agregados em dimensão reduzida (areia e pedrisco) utilizado para preencher o vazio das peças armadas (blocos e tijolos) na alvenaria estrutural. Na composição de gaute, pode-se usar cal hidratada (10% do volume do cimento). Prumada: é o alinhamento vertical da alvenaria, termo empregado pelo pessoal da obra para designar a necessidade de fazer ou verificar o alinhamento utilizando o prumo de pedreiro.
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