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Material de direito constitucional I

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DIREITO 
CONSTITUCIONAL 
 
I 
Juliana Ribeiro 
 
Apostila de Direito Constitucional I 2 
 
 
1 – NOÇÕES FUNDAMENTAIS 
 
ESTADO: é uma sociedade política dotada de algumas características próprias, ou dos elementos 
essenciais a seguir descritos, que a distinguem das demais: 
 
? povo – é o elemento humano do Estado. 
? território – é o elemento material do Estado. 
? soberania – é o elemento formal do Estado. 
 
FORMAS DE ESTADO : (expressão que designa as relações que apresentam, entre si, todos os 
elementos constitutivos do Estado: população, território, governo e 
normas) 
 
? simples ou unitário – formado por um ún ico Estado, existindo uma unidade do 
poder político interno, cujo exercício ocorre de forma centralizada - ex.: Brasil-
Império, Itália, França, Portugal etc. 
 
? composto ou complexo – formado por mais de um Estado, existindo uma 
pluralidade de poderes políticos internos - EUA, Brasil, Argentina, México etc. 
 
FORMAS DE GOVERNO: (expressão que revela o modo pelo qual o Estado se organiza para o 
exercício de poder) 
 
? monarquia – caracteriza-se pela vitaliciedade, hereditariedade e irresponsabilidade 
do Chefe de Estado; o monarca governa enquanto viver; a escolha é feita dentro da 
linha de sucessão dinástica, e o rei não tem responsabilidade política. 
 
? absoluta – o poder está concentrado nas mãos de uma só pessoa, que o 
exerce de forma ilimitada, sem qualquer controle; possui poderes ilimitados 
tanto para fazer as leis como para aplicá-las. 
 
? relativa (limitada ou constitucional) – o poder é delimitado pela Constituição - 
ex.: Brasil-Império, Reino Unido da Grã Bretanha, Espanha, Japão etc. 
 
? república – caracteriza-se pela eletividade, temporariedade e responsabilidade do 
Chefe de Estado; são feitas eleições periódicas para a escolha deste, que deve prestar 
contas de seus atos para o povo que o elegeu ou para um órgão de representação 
popular. 
 
SISTEMAS DE GOVERNO: 
 
? presidencialismo – o Executivo e o Legislativo são independentes, apresentando as 
características básicas a seguir enunciadas: chefia de Estado e de governo atribuídas 
a uma mesma pessoa (Presidente da República); Presidente da República eleito pelo 
povo, de forma direta ou indireta; mandato certo para o exercício da chefia do poder, 
não podendo o Presidente da República ser destituído por motivos puramente 
políticos; participação do Executivo no processo legislativo; separação entre o 
Executivo e o Legislativo; o Presidente da República não depende de maioria no 
Congresso Nacional para permanecer no poder e não pode ser destituído do cargo 
pelo Legislativo, a menos se comete crime de responsabilidade que autorize o 
processo de “impeachment”. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 3 
 
? parlamentarismo – o Executivo e o Legislativo são interdependentes, apresentando 
as características básicas a seguir enunciadas: chefia de Estado (função de 
representação externa e interna, designada ao Presidente da República ou ao rei) e 
de governo (condução das políticas do Estado, atribuída ao Primeiro Ministro, com 
responsabilidade política, pois este não tem mandato) atribuídas a pessoas distintas. 
 
? diretorialismo – (não achei em meus livros esta espécie de sistema de governo) 
caracterizado pela concentração do poder político do Estado no Parlamento, sendo a 
função executiva exercida por pessoas escolhidas por este; há absoluta subordinação 
do Executivo ao Legislativo. 
 
REGIMES POLÍTICOS: (expressão que envolve o relacionamento entre os Poderes 
Executivo e Legislativo) 
 
? democráticos – todo o poder emana da vontade popular; é o governo do povo, pelo 
povo e para o povo; a CF admite como forma de participação direta do povo o 
plebiscito, o referendo e a iniciativa popular. 
 
? não democráticos – não prevalência da vontade popular na formação do governo; 
regimes autoritários, ditatoriais e totalitários. 
 
Apostila de Direito Constitucional I 4 
 
 
2. NATUREZA 
 
O Direito constitucional é uma subdivisão do direito público ou do direito privado? 
 
O direito público refere -se diretamente à organização e o funcionamento do Estado e ao 
estabelecimento das bases da estrutura política. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
O Direito é um sistema de normas jurídicas. As suas normas devem constituir uma ordem em que 
repousam a harmonia e a vida do grupo. Estas normas estabelecem equilíbrio entre os seus 
elementos, na qual todas as demais disciplinas centram seu ponto de apoio. 
Particular Particular 
 
Direito Privado – relação jurídica 
 
Estado Particular 
 
Direito Público – relação jurídica 
Profa. Juliana Ribeiro 5 
 
 
 
3. DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
E o ramo do Direito Público interno, que analisa a forma e estrutura do Estado, os sistemas de 
governo, a organização, o funcionamento, as atribuições e as relações entre seus órgãos 
superiores, o Poder Legislativo, o Poder Executivo e, por fim, a ativa participação do povo no 
governo, cuja importância é cada vez mais acentuada nos modernos Estados de direito. 
 
À sua época, Léon Duguit, grande publicista francês, já afirmava que não há nenhum momento na 
vida do homem moderno em que este não mantenha contato com os governantes e seus agentes, 
e nesse contato é que surge a iminência do arbítrio daqueles, arbítrio que as normas 
constitucionais buscam evitar. É o Direito Constitucional Positivo que norteia a estruturação da 
forma de Estado, ao afirmar ser o Brasil um Estado federal, complementado pela forma 
republicana de governo. É a Constituição Federal que vai revelar ser o presidencialismo nosso 
regime de governo. Com efeito, as expressões forma de Estado, forma de governo e regime de 
governo não se confundem. 
Enquanto instituição, o poder é estático; encarnado, torna-se dinâmico pela atividade política, 
pelo seu efetivo exercício, que se chama governo. É o Direito Constitucional Positivo que se 
preocupa, ademais, com a estruturação dos órgãos em que triparte o poder político. 
Apostila de Direito Constitucional I 6 
 
 
4 – CONSTITUIÇÃO: CONCEITO, CONCEPÇÕES E OBJETO 
 
CONCEITO: é a lei fundamental de organização do Estado, ao estruturar e delimitar os seus 
poderes políticos; trata das formas de Estado e de governo, do sistema de governo, do modo de 
aquisição, exercício e perda do poder político e dos principais postulados da ordem econômica e 
social; estabelece os limites de atuação do Est ado, ao assegurar respeito aos direitos individuais. 
 
CONCEPÇÕES: 
 
- Ferdinand Lassalle (destaca o sentido sociológico das Constituições) – considera a 
constituição uma soma de fatores reais de poder, não passando a escrita de uma “folha de 
papel” que poderia ser rasgada a qualquer momento, sempre que contrariasse os fatores reais 
de poder. 
 
- Carl Schmitt (destaca o sentido político das Constituições) – considera a constituição a 
uma decisão política fundamental, estabelecendo uma distinção entre ela e as leis 
constitucionais; a Constituição disporia somente sobre normas fundamentais (estrutura do 
Estado e direitos individuais), enquanto as demais normas contidas em seu texto seriam leis 
constitucionais. 
 
- Hans Kelsen (destaca o sentido jurídico das Constituições) – considera a constituição 
como uma norma hipotética fundamental;dessa forma, é o vértice de todo o sistema 
normativo; leva-se em consideração a posição de superioridade jurídica; as normas 
constitucionais são hierarquicamente superiores a todas a demais normas jurídicas. 
 
OBJETO: 
 
? Constituição política do Estado 
? Organização das normas fundamentais do Estado (Exemplo: divisão política – União, 
Estados, Municípios e DF, forma de governo – Monarquia e República, estabelecimento 
de seus órgãos e limites de sua atuação). 
? Investigação do valor e eficácia que envolve os critérios da interpretação. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 7 
 
 
5. CLASSIFICAÇÕES DAS CONSTITUIÇÕES 
 
? quanto ao conteúdo: 
 
- materiais – normas materialmente constitucionais são as que dispõe sobre os 
aspectos fundamentais da estrutura do Estado, assim como sobre os limites de atuação 
do poder estatal, estejam inseridas ou não no Texto Constitucional, tais como: forma 
de Estado, forma e sistema de governo, modo de aquisição, exercício e perda do poder 
político e direitos individuais - ex.: Constituição inglesa, justamente por não estar 
codificada em um texto único. 
 
- formais – normas formalmente constitucionais são as inseridas no Texto 
Constitucional; estas poderiam ser objeto de leis ordinárias, mas foram incluídas na 
Constituição para o realce de sua importância, bem como para adquirirem maior 
estabilidade - ex.: CF 88 (licença-paternidade etc.). 
 
? quanto à forma: 
 
- escritas – as regras estão codificadas em um texto único. 
 
- não escritas (costumeira) – as regras não estão codificadas em um texto único, 
mas resultam de leis esparsas, da jurisprudência, assim como dos próprios costumes - 
ex: Constituição inglesa. 
 
? quanto ao modo de elaboração: 
 
- dogmáticas – elaboradas por um órgão constituinte, que incorpora no Texto 
Constitucional os valores políticos e ideológicos predominantes em um determinado 
momento histórico; a Constituição escrita é sempre dogmática. 
 
- históricas (ou costumeiras) – produto de lenta evolução histórica, baseando-se em 
costumes, convenções, prec edentes jurisprudenciais e textos esparsos; a Constituição 
não escrita é sempre histórica ou costumeira - ex: Constituição inglesa. 
 
? quanto à origem: 
 
- populares, democráticas, promulgadas ou votadas – elaboradas por um órgão 
constituinte composto de representantes legitimamente eleitos pelo povo. 
 
- outorgadas – elaboradas sem a participação de representantes legitimamente 
eleitos pelo povo, sendo impostas pelo governante. 
- cesaristas ou bonapartistas – é elaborada por um Imperador ou Ditador e 
submetida a um plebiscito popular. Não é democrática, pois visa apenas ratificar a 
vontade do detentor do poder. Pode ser considerado um modo de outorga por 
interposta pessoa. Ex. Const. Feitas por Napoleão, na França, ou por Pinochet no 
Chile. 
 
? quanto à estabilidade: 
 
- rígidas – exigem um procedimento especial de alteração dos preceitos 
constitucionais mais rigoroso que os das demais normas infraconstitucionais - ex.: CF 
88 (uma emenda constitucional para ser aprovada precisa de maioria de 3/5, enquanto 
um lei ordinária é aprovada por maioria simples). 
Apostila de Direito Constitucional I 8 
 
 
- flexíveis ou plástica – não exigem um procedimento especial de modificação; as 
normas constitucionais alteram-se com o mesmo procedimento das leis ordinárias - ex: 
Constituição Francesa. 
 
- semi-rígidas – contêm uma parte flexível e outra rígida; algumas normas 
constitucionais exigem um procedimento especial de alteração e outra não. 
 
? quanto ao modelo: 
 
- Constituições-garantia – modelo clássico; a Constituição estrutura e delimita o 
poder do Estado, estabelecendo a divisão de poderes e assegurando o respeito aos 
direitos individuais - ex.: Constituição americana. 
- Constituições-balanço – modelo adotado pelos juristas soviéticos; a Constituição 
registraria e descreveria a ordem política, econômica e social existente, refletindo a 
luta de classes no Estado; a cada novo estágio no rumo da construção do comunismo, 
uma nova Constituição seria promulgada. 
 
- Constituições-dirigentes – a Constituição, além de estruturar e delimitar o poder 
do Estado, inscreve um plano de evolução política, diretrizes a serem seguidas por ele. 
 
? quanto ao tamanho ou extensão: 
 
- sintéticas ou concisas – dispõem somente sobre os aspectos fundamentais da 
organização do Estado, bem como sobre seus limites, em poucos artigos – ex.: 
Constituição americana. 
 
- analíticas ou prolixas – dispõem sobre diversos aspectos da organização do Estado, 
abrangendo questões que poderiam ser objeto de leis ordinárias, em inúmeros artigos. 
 
 
? quanto à dogmática: 
 
- ortodoxas ou simples – influenciadas por uma só ideologia - ex.: Constituição 
soviética. 
- ecléticas, complexas ou compromissórias – influenciadas por ideologias de 
tendências diversas, resultando de uma fórmula de compromisso entre as forças 
políticas existentes em um determinado momento histórico. 
Profa. Juliana Ribeiro 9 
 
 
 
6. ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES 
 
? elementos orgânicos – normas que tratam da estrutura do Estado, dispondo sobre a sua 
organização e modo de funcionamento. 
 
? elementos limitativos – normas que tratam dos limites da atuação do Estado, 
restringindo o poder de atuação de seus agentes para resguardar direitos considerados 
indispensáveis de cada pessoa. 
 
? elementos sócio-ideológicos – normas que revelam o compromisso da ordem 
constitucional estabelecida com determinados princípios ideológicos. 
 
? elementos de estabilização constitucional – normas destinadas a garantir a solução 
dos conflitos constitucionais, instrumentos de defesa do próprio Estado e das instituições 
democráticas. 
 
? elementos formais de aplicabilidade – normas destinadas a possibilitar a aplicação dos 
próprios dispositivos constitucionais. 
 
ELEMENTOS CF/88 - BRASIL 
ORGÂNICOS 
Título III – Da organização do estado, IV – Da 
organização dos poderes e do sistema de governo, 
Capítulos I e III do título V – das forças armadas e da 
segurança pública. 
LIMITATIVOS Título II – Dos direitos e garantias fundamentais 
SÓCIO-IDEOLÓGICOS 
Capítulo II – Título II – sobre os direitos sociais, Título 
VII – da ordem econômica e financeira, VIII – da ordem 
social 
ESTABILIZAÇÃO CONSTITUCIONAL VÁRIAS NORMAS 
FORMAIS DE APLICABILIDADE VÁRIAS NORMAS 
 
 
Apostila de Direito Constitucional I 10 
 
 
 
7 – PODER CONSTITUINTE 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONCEITO: é o poder de elaborar uma nova Constituição, bem como de reformar a vigente. 
 
ESPÉCIES: 
 
? originário, de 1° grau ou genuíno (poder de fato) – é o poder que elabora uma 
nova Constituição. Estabelece as regras fundamentais para o funcionamento de uma 
sociedade Estatal. É o que vai dar origem ao ordenamento jurídico. 
 
- material – é o poder de auto-organização do Estado, resultante das forças 
políticas dominantes em um determinado momento histórico. 
 
- formal – é o órgão que elabora o novo Texto Constitucional. 
 
? derivado, de 2° grau, secundário, relativo ou limitado (poder de direito) – 
deriva do próprio texto constitucional - é o poder de revisão, de reformulação do Texto 
Constitucional, bem como o do Estado-Membro de uma Federação de elaborar sua 
própria Constituição. 
 
- de reforma ou reformador – é o poder de alteraçãodas normas constitucionais 
(emenda e revisão). Sua função é alterar o texto Constitucional. No Brasil é 
exercido pelo Congresso Nacional. Limites: circunstanciais – situação específica 
– durante as quais não é possível mexer no texto constitucional (Art. 60, §1°); 
procedimentais – dizem respeito ao procedimento que o Congresso Nacional tem 
que seguir para alterar a Constituição. É a principal sustentação da rigidez de nossa 
Constituição (vide quadro abaixo); materiais – pertinentes ao conteúdo 
(cláusulas pétreas). São núcleos permanentes do texto Constitucional, não podem 
ser enfraquecidas ou retiradas do texto, mas podem ser fortalecidas. EX. o Art. 
6° sofreu alteração com a emenda n° 26 que acrescentou a moradia. As quatro 
cláusulas pétreas dispostas no art. 60, § 4° constituem os assuntos mais difíceis do 
Direito Constitucional. 
 
Poder Social 
Poder Político 
(poder 
Constituinte 
Originário) 
Poder Jurídico 
(Estado Criado – 
personalidade) 
 
Constituição 
da República 
Sociedade Assembléia Constituinte 
(Representantes da 
Sociedade) 
Escolhe Institui 
Profa. Juliana Ribeiro 11 
 
- decorrente – é o poder do Estado-Membro de uma Federação de elaborar sua 
própria Constituição. Tal poder é exclusivo dos Estados Federais, em Portugal, por 
exemplo, não existe. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Processo Legislativo para produção de Emendas Constitucionais 
 
 
 
 
 
Apresentação da Proposta: por ser restringida a poucos proponentes, ela é mais difícil 
- Pelo menos 1/3 dos Parlamentares (Art. 60, I, da CF) 
- Pelo Presidente (Art. 60, II, CF) 
- Por iniciativa dos Estados –membros (Art. 60, III, da CF) 
 
Processo Legislativo para se criar uma Lei 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1 - Projeto de Lei = iniciativa – apresentado na Câmara, se for feito pelos senadores é apresentado 
no Senado. O projeto de Lei pode ser apresentado por qualquer deputado, pelo Presidente da 
República, pelo Presidente do Supremo (em alguns casos), por iniciativa popular (desde que constitua 
5% do eleitorado, de várias regiões do país, etc), pelo Ministério Público (em alguns casos), etc. 
2 – Protocolar com o Presidente da Câmara – este despachará e publicará no Diário Oficial, 
encaminhando para as respectivas comissões. Ex. se o Deputado apresenta um Projeto de Lei sobre 
planos de saúde, será encaminhado para a Comissão de Saúde e Defesa do Consumidor. 
3 – As Comissões – analisam e mandam para o Plenário (local físico na Câmara, onde se reúnem os 
Deputados). 
4 – Plenário – discute (convence) e depois vota 
5 – Se rejeitado vai para o arquivo, se aprovado vai para o Senado 
6 – No Senado acontece todo o processo novamente, comissões, votação. Se na votação for 
rejeitado vai para o arquivo, se aprovado com emendas, volta novamente para a Câmara e passa 
novamente pelo processo revisional e votação e depois vai direto para o Presidente, se aprovado¸ vai 
para o Presidente sancionar. 
 
*Quorum - maioria absoluta – quorum de presença no momento da votação e maioria simples – 1° 
número inteiro acima da metade dos presentes na votação. Ex. 3 senadores por Estado – 27 Estados = 
81 senadores – 50% = 40,5 +1° n° inteiro = 41, portanto a metade + 1 = 21 senadores. 
 
Câmara dos 
Deputados 
Iniciativa Comissões Plenário 
Rejeitado - arquivo 
Aprovado – SENADO - 
Comissões 
Votação 
Rejeitado - arquivo 
Aprovado com emenda 
Aprovado 
Presidente 
Votação – 
Quorum * 
Apostila de Direito Constitucional I 12 
 
§ 2° 
- Votação em dois turnos, em ambas as Casas do Congresso Nacional, ou seja, aprova-se e dali 
15 dias tem a votação de novo 
- 3/5 dos votos –maioria qualificada de 60% dos votos em cada Casa do Congresso Nacional 
 
§ 3° 
- não vai para o Presidente, não há consulta a ele, pois de acordo com a CF, tratando-se de 
Poder Constituinte só depende do Congresso, cabe ao presidente apenas propor a emenda. Se 
o presidente achar o texto inconstitucional, poderá ajuizar ação no judiciário. 
 
OBS.: quando se elege um Senador é dado a ele o Poder Reformador. 
 
§ 5° 
 - se a emenda foi rejeitada, será enviada para o arquivo. Só poderá ser reapresentada na 
próxima sessão do Legislativo (juridicamente, é o período anual durante o qual o Congresso 
Nacional se encontra em funcionamento – 15/02 à 15/12, interrompido pelo recesso em julho). 
Profa. Juliana Ribeiro 13 
 
 
 
5 – EFICÁCIA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS 
 
CLASSIFICAÇÃO: 
 
 
- normas constitucionais de eficácia plena – são as de aplicabilidade imediata, direta e 
integral, não dependendo da edição de qualquer legislação posterior; produzem efeitos 
imediatamente, dispensando a edição de normas regulamentadoras. Ex. Art. 60 da CF – 
explica todo o processo de reforma na CF, não precisa de nenhuma normalização 
infraconstitucional 
 
- normas constitucionais de eficácia contida – são as de aplicabilidade imediata, mas 
cujos efeitos podem ser limitados pela legislação infraconstitucional; produzem efeitos 
imediatamente, mas estes podem vir a ser limitados pela regulamentação infraconstitucional 
que vier a ser aprovada. Ex. inc. XIII, art 5° - foi diminuída, por ex. , quando se 
regulamentou a profissão de advogado. Foi reduzido à medida que foram criadas normas 
infraconstitucionais. 
 
- normas constitucionais de eficácia limitada – são as que dependem de 
complementação do legislador infraconstitucional para que se tornem exeqüíveis. Ex. 
aquelas normas que falam “nos termos da lei”, “na forma da lei”. Ex. Art. 33. 
Apostila de Direito Constitucional I 14 
 
 
 
6 – CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 
 
CONCEITO: é a verificação da adequação vertical que deve existir entre as normas 
infraconstitucionais e a Constituição; todo ato legislativo ou normativo que contrariar a Lei 
Fundamental de organização do Estado deve ser declarado inconstitucional. 
 
FUNDAMENTO: encontra-se na idéia de supremacia da Constituição escrita, da existência de uma 
lei maior que se sobrepõe a todas as demais normas jurídicas existentes no País. 
 
INCONSTITUCIONALIDADE (é a incompatibilidade entre um ato legislativo ou administrativo e 
a CF): 
 
- por ação – é a produção de atos legislativos ou normativos que contrariem dispositivos 
constitucionais. 
 
- formal – ocorre quando o ato é produzido por autoridade incompetente ou em 
desacordo com as formalidades legais, como prazos, ritos etc. 
 
- material – é a produção de atos legislativos ou normativos que desrespeitem o 
próprio conteúdo das normas constitucionais. 
 
- por omissão – é a não-elaboração de atos legislativos ou normativos que impossibilitem o 
cumprimento de preceitos constitucionais. 
 
FORMAS DE CONTROLE: 
 
- preventivo – é realizado antes ou durante o processo legislativo, impede que um projeto 
de lei inconstitucional venha a ser promulgado; incide sobre o projeto de lei; é exercido pelos 
Poderes Legislativo e Executivo. Este controle vem assegurar que haja a proteção com o 
texto constitucional. 
 
- repressivo – é realizado após a elaboração da lei ou do ato normativo; é exercido pelo 
Poder Judiciário. 
 
ÓRGÃOS DE CONTROLE: 
 
- político – é exercido por órgão não pertencente ao Poder Judiciário. 
 
- judiciário – é exercido pelos integrantes do Poder Judiciário; pode ser feitopelos critérios: 
 
? difuso – é exercido por todos os integrantes do Poder Judiciário. É um modelo 
que pode ser provocado por qualquer pessoa que esteja sendo prejudicada por 
uma norma inconstitucional. 
Condições de Ação: 
- legitimidade da parte 
- demonstrar interesse de agir 
- possibilidade jurídica 
 
Este controle pode ser provocado perante qualquer juiz ou Tribunal. A decisão 
produz efeitos “interpartes” (só aquela pessoa que entrou com a ação será 
beneficiada). Pode ser pessoa física, jurídica ou associação. Pode ser alegado 
Profa. Juliana Ribeiro 15 
 
por via principal ou incidental. Pode ser apreciado pelo Supremo por 
competência originária ou recursal. 
 
 
? concentrado – é exercido por um Tribunal Superior do país ou por uma Corte 
Constitucional. A decisão produz efeito vinculante e eficácia “erga omnes”. Este 
controle só pode ser exercido pelo que diz o art. 103 da CF/88. 
 
 
* o Brasil adota os dois critérios, o difuso no controle em concreto e o concentrado no 
controle em abstrato. 
 
MEIOS DE CONTROLE: 
 
- incidental ou via de defesa – o objeto da ação é a satisfação de um direito individual ou 
coletivo, sendo alegada de forma incidental a ofensa do ato legislativo ou normativo ao Texto 
Constitucional; a decisão produz efeitos somente entre as partes, para as pessoas que 
participaram da relação processual (“inter partes”). 
 
- principal ou via de ação – o objeto da ação é a própria declaração da 
inconstitucionalidade do ato legislativo ou normativo; a decisão produz efeitos para todos 
(“erga omnes”). 
 
NATUREZA DA DECISÃO: 
 
- “ex tunc” – a decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo é 
retroativa, alcançando a lei e todas as suas conseqüências jurídicas desde a sua origem. 
 
- “ex nunc” – a decisão que declara a inconstitucionalidade de uma lei ou ato normativo não 
é retroativa, produzindo efeitos a partir da sua publicação. 
 
CONTROLE DA CONSTITUCIONALIDADE NO BRASIL: é exercido por todos os poderes 
constituídos, que têm o dever de zelar pelo respeito à Constituição; o controle preventivo é 
exercido pelos Poderes Legislativo (pela Comissão de Constituição e Justiça existente em toda 
Casa Legislativa, que examina o projeto de ato legislativo sob esse aspecto antes da votação em 
Plenário) e Executivo (pelo poder de veto jurídico do Presidente da República ao projeto de lei 
aprovado pelo Congresso Nacional), que impedem que um projeto de ato legislativo 
inconstitucional venha a ser aprovado; o controle repressivo é feito pelo Poder Judiciário; caso 
o projeto de lei que contenha alguma inconstitucionalidade venha a ser aprovado pelo Legislativo 
e sancionado pelo Executivo, a lei poderá ter seu vício declarado pelo Poder Judiciário; o controle 
repressivo é exercido por duas vias, tanto de forma abstrata (direta), pela via principal ou de 
ação, como de forma concreta (indireta), pela via de exceção ou incidental. 
 
 
FORMAS DE CONTROLE: 
 
- EM ABSTRATO (DIRETO) 
 
- o objeto da ação é a própria inconstitucionalidade ou constitucionalidade do ato 
legislativo ou normativo federal ou estadual (via principal ou de ação); 
 
- a ação deve ser proposta diretamente perante o STF (controle concentrado); 
 
- a decisão produz efeito “erga omnes”; 
Apostila de Direito Constitucional I 16 
 
 
- a ação só pode ser proposta pelos órgãos e pessoas mencionadas no art. 103, CF. 
 
- declarada a inconstitucionalidade, a lei torna-se imediatamente inaplicável. 
 
- modalidades: 
 
- ação direta de inconstitucionalidade (ADIn) (art. 102, I, “a”, 1ª parte, CF) 
– visa a declaração de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou 
estadual perante a CF.; somente poderá ser proposta pelo Presidente da 
República, pelas Mesas do Senado Federal, da Câmara dos Deputados e das 
Assembléias Legislativas, pelos Governadores de Estado, pelo Procurador- Geral 
da República, pelo Conselho Federal da OAB, por partido político com 
representação no Congresso Nacional e confederação sindical ou entidade de 
classe de âmbito nacional. 
 
- ação declaratória de constitucionalidade (ADC) (art. 102, I, “a”, 2ª parte, 
CF) – visa a declaração da constitucionalidade de uma lei ou ato normativo 
federal; somente poderá ser proposta pelo Presidente da República, pelas Mesas 
do Senado Federal e da Câmara dos Deputados e Procurador-Geral da República. 
 
- ação de inconstitucionalidade por omissão (art. 103, § 2°) – visa suprir a 
omissão dos poderes constituídos, que deixaram de elaborar a norma 
regulamentadora que possibilita o exercício de um direito previsto na Constituição 
– ex.: o direito de participação dos trabalhadores na gestão da empresa, 
conforme definido em lei (art. 7°, XI, CF), até hoje não pode ser exercido por 
falta de legislação regulamentadora (omissão total); o salário mínimo, pelo seu 
atual valor irrisório, não atende às exigências estabelecidas no art. 7°, IV, CF 
(omissão parcial). 
 
- representação interventiva (art. 129, IV) – além da declaração da 
inconstitucionalidade, essa ação visa o restabelecimento da ordem constitucional 
no Estado ou no Município; existem duas modalidades de ação interventiva: 
federal (busca promover a intervenção da União nos Estados; competência 
originária do STF) e estadual (busca promover a intervenção dos Estados nos 
Municípios; competência dos Tribunais de Justiça). 
 
- argüição de descumprimento de preceito constitucional – possuí caráter 
subsidiário, pois só poderá ser proposta quando não for cabível a “ação direta 
de inconstitucionalidade” ou a “ação declaratória de constitucionalidade”. 
 
- EM CONCRETO (INDIRETO) 
 
- o objeto da ação é a satisfação de um direito individual ou coletivo, sendo a questão 
da constitucionalidade argüida de forma incidental por qualquer das partes autor ou réu 
(via incidental ou de defesa); 
 
- a questão pode ser argüida perante qualquer juiz ou tribunal (controle difuso); 
 
- a decisão produz efeito “inter partes”; 
 
- a questão só pode ser argüida pelo titular do direito individual ou coletivo. 
Profa. Juliana Ribeiro 17 
 
 
7 – PREÂMBULO E PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS 
 
PREÂMBULO: 
 
Vejamos, inicialmente, a etimologia do vocábulo preâmbulo. Ele vem do latim pre + ambulare, 
vale dizer, que precede, que vem antes. O preâmbulo de um contrato ou de uma lei, também 
chamado exposição de motivos, ou de uma constituição, destina-se a explicar seu conteúdo, 
revelando a posição ideológica do legislador e orientando o intérprete do texto legal. Com efeito, 
como dissemos, até um contrato entre particulares apresenta um preâmbulo, ou seja, o nome das 
partes, sua identificação, os esclarecimentos indispensáveis à formalização do pacto configuram 
um preâmbulo. 
 
Na atual Constituição, o preâmbulo esclarece que ela foi elaborada por representantes do povo 
brasileiro, eleitos para compor uma Assembléia Nacional Constituinte, com a finalidade de 
instituir um Estado Democrático de Direito, destinado a tornar efetivos, como valores 
supremos (mais importantes) de uma sociedade fraterna (de irmãos, com a colaboração de 
todos na consecução de objetivos comuns), pluralista (com livre formação de correntes políticas 
e ideológicas) e sem preconceitos (idéias discriminatórias, recebidas sem qualquer juízo crítico), 
os seguintes ideais: “exercício de direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-
estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça”. 
 
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS: são as regras informadoras detodo um sistema de normas, as 
diretrizes básicas do ordenamento constitucional brasileiro. 
 
DENOMINAÇÃO ATUAL DO ESTADO BRASILEIRO: República Federativa do Brasil. 
 
REPÚBLICA: é a forma de governo que se caracteriza pela eleição periódica do Chefe de Estado. 
 
FEDERAÇÃO: é a aliança de Estados para a formação de um Estado único, em que as unidades 
federadas preservam parte de sua autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o 
Estado Federal. 
 
ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO: Estado regido por leis, em que o governo está nas mãos 
de representantes legitimamente eleitos pelo povo. 
 
FUNDAMENTOS DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO BRASILEIRO: 
 
- soberania 
- cidadania 
- dignidade da pessoa humana 
- valores sociais do trabalho e da livre iniciativa 
- pluralismo político 
 
OBJETIVOS FUNDAMENTAIS : 
 
- construir uma sociedade livre, justa e solidária 
- garantir o desenvolvimento nacional 
- erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e 
regionais 
- promover o bem de todos, sem preconceitos de qualquer natureza 
 
Apostila de Direito Constitucional I 18 
 
 
8 – DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS 
 
DIREITOS FUNDAMENTAIS : 
 
- conceito: são os considerados indispensáveis à pessoa humana, necessários para 
assegurar a todos uma existência digna, livre e igual. 
 
- histórico: as primeiras limitações ao poder do Estado surgiram no final da Idade Média; o 
antecedente mais importante apontado pelos autores é a Magna Carta, na Inglaterra, em 
1215, reconhecendo direitos dos barões, com restrições ao poder absoluto do monarca; em 
seguida, surgiram diversas outras declarações limitando o poder do Estado; contudo, só no 
século XVIII, com as Revoluções Francesa e Americana, foram editados os primeiros 
enunciados de direitos individuais; a 1ª Declaração foi a da Virgínia, em 1776, 
estabelecendo, entre outros princípios fundamentais, igualdade de direitos, divisão de 
poderes, eleição de representantes, direito de defesa, liberdade de imprensa e liberdade 
religiosa; em seguida, merece destaque a Declaração dos Direitos do Homem e do 
Cidadão, proclamada após a Revolução Francesa, em 1789; possuí um caráter de 
universalidade, pois se considerava válida para toda a humanidade; estabelecia que o 
Estado que não possuísse separação dos poderes e um enunciado de direitos individuais não 
teria uma Constituição; após a 2ª Guerra Mundial, em 1948, foi editada, pela ONU, a 
Declaração Universal dos Direitos do Homem, realçando a preocupação com o respeito 
aos direitos humanos em todos os países do mundo. 
 
- espécies de direitos, onde a expressão “direitos fundamentais” é gênero : 
 
- individuais 
 
- vida 
- liberdade 
- igualdade 
- segurança 
- propriedade 
 
- coletivos 
 
- sociais 
 
- nacionais 
 
- políticos 
 
 
GARANTIAS FUNDAMENTAIS: 
 
- garantias jurisdicionais 
 
- princípio da inafastabilidade ou do controle do Poder Judiciário 
 
- proibição dos tribunais de exceção 
 
- julgamento pelo Tribunal do Júri em crimes dolosos contra a vida 
 
- princípio do juiz natural ou do juiz competente 
Profa. Juliana Ribeiro 19 
 
 
- princípio do promotor natural 
 
- garantias materiais 
 
- princípios da anterioridade e da reserva da lei penal 
 
- princípio da irretroatividade da lei penal mais gravosa 
 
- princípio da personalização da pena 
 
- princípio da individualização da pena 
 
- proibição de determinadas penas – de morte, salvo em caso de guerra declarada; 
de caráter perpétuo; de trabalhos forçados; de banimento e cruéis. 
 
- princípios relativos à execução da pena privativa da liberdade – o Estado deve 
zelar pela elaboração de políticas penitenciárias que visem, além do caráter retributivo 
da pena, a ressocialização do preso; entre esses direitos podemos apontar os 
seguintes: cumprimento da pena em estabelecimentos distintos, de acordo com a 
natureza do delito, a idade e o sexo do apenado; o respeito à integridade física e moral 
e o direito das presidiárias de permanecerem com os seus filhos durante o período de 
amamentação. 
 
- restrições à extradição de nacionais e estrangeiros 
 
- proibição da prisão civil por dívidas, salvo no caso de devedor de pensão 
alimentícia ou do depositário infiel 
 
- garantias processuais 
 
- princípio do devido processo legal 
 
- princípios do contraditório e da ampla defesa 
 
- proibição de prova ilícita 
 
- princípio da presunção de inocência 
 
- proibição da identificação criminal da pessoa já civilmente identificada 
 
- garantias da legalidade e da comunicabilidade das prisões 
 
- garantias tributárias 
 
- princípio da legalidade tributária 
 
- princípio da igualdade tributária 
 
- princípio da anterioridade das leis t ributárias 
 
- vedação da utilização de tributo com efeito de confisco 
Apostila de Direito Constitucional I 20 
 
 
9 – REMÉDIOS OU GARANTIAS DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
 
(são os meios colocados à disposição dos indivíduos pela Constituição para a proteção de seus 
direitos fundamentais) 
 
- “HABEAS CORPUS” (art. 5°, LXVIII) 
 
- conceito: é a ação constitucional para a tutela da liberdade de locomoção, utilizada 
sempre que alguém estiver sofrendo (liberatório ou repressivo), ou na iminência de 
sofrer (preventivo), constrangimento ilegal em seu direito de ir e vir. 
 
- partes: 
 
- impetrante (legitimidade ativa) – é a pessoa que ingressa com a ação; qualquer 
pessoa física ou jurídica, pode com ela ingressar. 
 
- paciente – é a pessoa em favor de quem é impetrada a ordem de “habeas corpus”; o 
impetrante e o pac iente, muitas vezes, são a mesma pessoa, que ingressa com a ação 
em seu próprio favor. 
 
- autoridade coatora (legitimidade passiva) – é a pessoa em relação a quem é 
impetrada a ordem de “habeas corpus”, apontada como a responsável pela coação 
ilegal. 
 
* ato de particular: a jurisprudência tem admitido “habeas corpus” impetrados contra 
atos de particulares, como diretores de estabelecimentos psiquiátricos, casas 
geriátricas, clínicas de repouso e donos de fazenda. 
 
- espécies: 
 
- liberatório ou repressivo – concede-se a ordem para fazer cessar o 
constrangimento à liberdade de locomoção já existente. 
 
- preventivo – quando houver ameaça ao direito de ir e vir; expede-se salvo-conduto, 
documento emitido pela autoridade competente, para impedir que uma pessoa venha a 
ter restringido seu direito de ir e vir por um determinado motivo. 
 
- de ofício – é concedido pela autoridade judicial, sem pedido, quando verificar no 
curso de um processo que alguém está sofrendo ou na iminência de sofrer 
constrangimento ilegal em sua liberdade de locomoção. 
 
- “HABEAS DATA” (art. 5°, LXVII): ação constitucional para a tutela do direito de informação e 
de intimidade do indivíduo, assegurando o conhecimento de informações relativas a sua pessoa 
constantes de banco de dados de entidades governamentais ou abertas ao público, bem como o 
direito de retificação desses dados; não é cabível se não houve recusa de informações por parte 
da autoridade administrativa. 
 
- MANDADO DE SEGURANÇA INDIVIDUAL (art. 5°, LXIX): 
 
- conceito: é a ação constitucional para a tutela de direitos individuais líquidos e certos 
(é o que se apresenta manifesto na sua existência, delimitado na sua extensão e apto a ser 
exercido no momento da impetração; é o que não depende da produção de prova em juízo), 
não amparados por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade 
Profa.Juliana Ribeiro 21 
 
ou abuso de poder for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de 
atribuições do Poder Público. 
 
 - espécies: 
 
- repressivo – visa cessar constrangimento ilegal já existente. 
 
- preventivo – busca pôr fim à iminência de constrangimento ilegal a direito líquido e 
certo. 
 
- procedimento: a petição inicial deve ser apresentada em duas vias, com os documentos 
necessários que comprovem a certeza e a liquidez do direito pleiteado; a segunda via será 
encaminhada à autoridade apontada como coatora para prestar as informações necessárias 
no prazo de 10 dias; em seguida será aberta vista ao MP para apresentação de parecer; a 
última etapa é a remessa dos autos ao juiz para que profira sentença. 
 
 - prazo para impetração: 120 dias, contados da ciência do ato impugnado pelo 
interessado. 
 
- MANDADO DE SEGURANÇA COLETIVO (art. 5°, LXX) 
 
- conceito: é a ação constitucional para a tutela de direitos coletivos líquidos e certos, 
não amparados por “habeas corpus” ou “habeas data”, quando o responsável pela ilegalidade 
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do Poder 
Público. 
 
- legitimidade ativa: a) partido político com representação no Congresso Nacional; b) 
sindicato, entidade de classe ou associações constituídas há pelo menos um ano, em defesa 
dos interesses de seus membros ou associados. 
 
- DIREITO DE PETIÇÃO (art. 5°, XXXIV, “a”): trata-se do direito de peticionar, de formular 
pedidos para a Administração Pública em defesa de direitos próprios ou alheios, bem como de 
formular reclamações contra atos ilegais e abusivos cometidos por agentes do Estado; pode ser 
exercido por qualquer pessoa, física ou jurídica, nacional ou estrangeira, maior ou menor, tendo o 
órgão público o dever de prestar os esclarecimentos solicitados. 
 
- DIREITO À CERTIDÃO (art. 5°, XXXIV, “b”): é o de obter do Estado uma certidão (é o 
documento expedido pela Administração Pública, comprovando a existência de um fato e gozando 
de fé pública até prova em contrário) para a defesa de direitos ou esclarecimento de situações de 
interesse pessoal. 
 
- MANDADO DE INJUNÇÃO (art. 5°, LXXI): é a ação constitucional para a tutela de direitos 
previstos na Constituição inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania que não possam 
ser exercidos em razão de falta de norma regulamentadora. 
 
- AÇÃO POPULAR (art. 5°, LXXIII): é a ação constitucional posta à disposição de qualquer 
cidadão para a tutela do patrimônio público ou de entidade de que o Estado participe, da 
moralidade administrativa, do meio ambiente e do patrimônio histórico e cultural, mediante a 
anulação do ato lesivo; tem por finalidade fazer de todo cidadão um fiscal do Poder Público, dos 
gastos feitos com recursos públicos. 
 
- AÇÃO CIVIL PÚBLICA (art. 129, III): é a ação constitucional para a tutela do patrimônio 
público e social, do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos. 
Apostila de Direito Constitucional I 22 
 
 
10 – DIREITOS SOCIAIS 
 
CONCEITO: são direitos de conteúdo econômico-social que visam melhorar as condições de vida 
e de trabalho para todos; são prestações positivas do Estado em prol dos menos favorecidos e dos 
setores economicamente mais fracos da sociedade. 
 
ESPÉCIES: saúde, trabalho, lazer, seguridade social, previdência socia l, proteção à maternidade 
e à infância, assistência aos desamparados, educação, cultura, esporte e moradia. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 23 
 
 
 
11 – NACIONALIDADE 
 
CONCEITO: é o vínculo jurídico que se estabelece entre um indivíduo e o Estado, pelo qual 
aquele se torna parte integrante do povo deste. 
 
MODOS DE AQUISIÇÃO: 
 
- primária ou originária (natos) 
 
- “jus soli” ou critério da territorialidade – determina-se a nacionalidade de uma 
pessoa pelo local de nascimento. 
 
- “jus sanguinis” ou critério da consangüinidade – são considerados nacionais 
todos que possuem ascendentes da mesma nacionalidade, até um determinado grau. 
 
- o filho de um italiano com uma japonesa nascido em território brasileiro terá, ao 
nascer, três nacionalidades: brasileira, pois o Brasil adotou o “jus soli”, e italiana e 
japonesa, uma vez que esses países seguem o “jus sanguinis” (se a origem dos avós 
for diversa, pode possuir ainda outras nacionalidades). 
 
- o filho de um casal de brasileiros nascido na Itália, em que nenhum dos pais esteja a 
serviço do Estado brasileiro, não terá nacionalidade italiana (pois aquele país adota o 
critério da consangüinidade), nem brasileira, enquanto não preencher os requisitos 
exigidos pela nossa Constituição para a aquisição da nacionalidade. 
 
- secundária ou adquirida (naturalizados) 
 
 
MODOS DE AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE PRIMÁRIA OU ORIGINÁRIA BRASILEIRA: 
 
- nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde que estes não estejam a 
serviço de seu país; 
 
- nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que qualquer 
deles esteja a serviço do Brasil; 
 
- nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileiro, desde que venham a residir em 
território brasileiro e optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. 
 
MODOS DE AQUISIÇÃO DA NACIONALIDADE SECUNDÁRIA OU ADQUIRIDA BRASILEIRA: 
 
- naturalização ordinária – é concedida aos estrangeiros que, na forma da lei, adquiriram 
a nacionalidade brasileira, exigidas aos originários dos países de língua portuguesa somente 
à residência por um ano ininterrupto e idoneidade moral; mesmo preenchidos os requisitos 
legais, a concessão da nacionalidade depende de ato discricionário do chefe do Poder 
Executivo. 
 
- naturalização extraordinária ou quinzenária – é concedida aos estrangeiros residentes 
no País há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal, desde que requeiram a 
nacionalidade brasileira. 
 
DISTINÇÕES ENTRE BRASILEIROS NATOS E NATURALIZADOS: 
Apostila de Direito Constitucional I 24 
 
 
- certos cargos são privativos de brasileiros natos: Presidente e Vice-Presidente da República, 
Presidente da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do STF, 
carreira diplomática, oficial das Forças Armadas e Ministro do Estado da Defesa; 
 
- não se admite a extradição de brasileiro nato em hipótese alguma; já o brasileiro 
naturalizado pode ser extrad itado por crime cometido antes da aquisição da nacionalidade 
brasileira ou por comprovado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes; 
 
- somente brasileiros natos podem ser indicados para a composição do Conselho da 
República, como representantes dos cidadãos; 
 
- a propriedade da empresa jornalística ou de radiodifusão sonora e de sons e imagens é 
privativa de brasileiros natos ou naturalizados há mais de 10 anos. 
 
QUASE-NACIONALIDADE OU TRATADO DE RECIPROCIDADE COM PORTUGAL: a 
Constituição assegura aos portugueses com residência permanente no País, se houver 
reciprocidade em favor de brasileiros, os mesmos direitos inerentes a estes, salvo os casos 
previstos na Constituição; o português conserva a sua nacionalidade de origem, não adquire a 
brasileira, mas tem assegurados todos os direitos garantidos ao brasileiro naturalizado. 
 
PERDA DA NACIONALIDADE: 
 
- cancelamento da naturalização por atividade nociva ao interesse nacional, em 
razão de sentença judicial transitada em julgado (perda necessária) - ex.: traição à 
pátria; poderá readquiri- la mediante açãorescisória que desconstitua os efeitos da decisão 
judicial anterior. 
 
- aquisição voluntária de outra nacionalidade (perda voluntária) – exceções: 
reconhecimento de outra nacionalidade originária pela lei estrangeira; imposição da 
naturalização pelo Estado estrangeiro para o brasileiro residente em outro país como 
condição de permanência ou para o exercício de direitos civis; poderá recuperá-la por decreto 
presidencial. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 25 
 
 
 
12 – CIDADANIA E DIREITOS POLÍTICOS 
 
CIDADANIA: é o direito de participar da vida política do País, da formação da vontade nacional, 
abrangendo os direitos de votar e ser votado. 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
- nacionalidade – é um vínculo jurídico entre o indivíduo e o Estado, pelo qual aquele se torna 
parte integrante do povo deste. 
 
- cidadania – é um vínculo político, próprio do nacional no exercício de seus direitos políticos, 
que lhe confere o direito de participar da formação da vontade política do Estado; a nacionalidade 
é um pressuposto da cidadania; para ser cidadão é indispensável que o indivíduo ostente a 
qualidade de nacional. 
 
- naturalidade – é um simples vínculo territorial, indicando o local de nascimento. 
------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
- espécies: ativa (é o direito de votar) e passiva (é o direito de ser votado). 
 
- aquisição: alistamento eleitoral (é obrigatório para maiores de 18 anos e facultativo 
para os analfabetos, os maiores de 70 anos e jovens maiores de 16 e menores de 18 anos; 
não são alistáveis os estrangeiros e durante o período de serviço militar obrigatório, os 
conscritos). 
 
 
DIREITOS POLÍTICOS: são os direitos de participar da vida política do País, da formação da 
vontade nacional, incluindo os de votar e ser votado; além destes, abrange outros direitos, como 
o da iniciativa popular no processo legislativo, o de propor ação popular e de organizar e 
participar de partidos políticos. 
 
- modalidades: 
 
------------------------------------------------------------------------------------------------- 
- direitos políticos ativos (ou cidadania ativa ou capacidade eleitoral ativa) – é 
o direito de votar. 
 
- direitos políticos passivos (ou cidadania passiva ou capacidade eleitoral 
passiva) – é o direito de ser votado. 
 
- requisitos: nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, 
alistamento eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária, idade 
mínima (35 anos para Presidente e Vice-Presidente da República e Senador; 30 
anos para Governador e Vice-Governador; 21 anos para Deputado, Prefeito, Vice-
Prefeito ou juiz de paz; 18 anos para Vereador), não incorrer em nenhuma 
inelegibilidade específica (analfabetos; menores de 18 anos de idade e 
inelegibilidades previstas nos §§ 6°, 7° e 9° do art. 14 da CF - por motivo 
funcional, de casamento, parentesco ou afinidade e para evitar a influência do 
poder econômico ou o abuso do exercício do cargo, emprego ou função na 
Administração direta ou indireta). 
 
- direitos políticos positivos – são normas que possibilitam ao cidadão a participação 
na vida pública, incluindo os direitos de votar e de ser votado. 
------------------------------------------------------------------------------------------- 
Apostila de Direito Constitucional I 26 
 
- sufrágio – é o direito de eleger (ativo) e ser eleito (passivo), bem como de 
participar da formação da vontade política do Estado; pode ser: universal (o 
direito de voto é atribuído a todos os nacionais de um país, sem restrições 
derivadas de condições de nascimento, fortuna ou capacidade especial da pessoa) 
e restrito (é atribuído somente às pessoas que preencham determinadas 
condições especiais). 
 
- voto – é o exercício do direito de sufrágio; a CF, em seu art. 14, “caput”, 
estabelece que o voto é: direto, secreto e igual; no art. 60, § 4°, II, inclui 
entre cláusula pétrea as seguintes características do voto: direto, secreto, 
universal e periódico . 
 
- escrutínio – é o modo de exercício do direito de sufrágio, abrangendo desde a 
votação até a apuração. 
------------------------------------------------------------------------------------------- 
- o Brasil adotou o regime político da democracia semidireta, em que o povo 
exerce o poder por meio de representantes eleitos ou diretamente; adota-se a 
democracia representativa, com instrumentos de participação direta do povo 
nas decisões políticas fundamentais do Estado brasileiro; a CF, ao tratar dos 
direitos políticos, estabelece quais são os instrumentos de participação direta do 
povo: “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo 
voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, 
mediante: I – plebiscito; II – referendo; III – iniciativa popular”. 
 
- plebiscito – instrumento de consulta prévia ao povo, antes da aprovação 
de um ato legislativo ou administrativo sobre matéria de acentuada 
relevância constitucional, legislativa ou administrativa, cabendo ao povo, 
pelo voto, aprovar ou denegar o que lhe tenha sido submetido. 
 
- referendo – instrumento de consulta “a posteriori” ao povo, após a 
aprovação de um ato legislativo ou administrativo sobre matéria de 
acentuada relevância constitucional, legislativa ou administrativa, 
cumprindo ao povo, pelo voto, ratificar ou rejeitar a medida aprovada. 
 
- iniciativa popular – atribuição de competência legislativa para dar início 
ao projeto de lei a uma parcela significativa do eleitorado. 
------------------------------------------------------------------------------------------- 
 
- direitos políticos negativos – são normas que impedem a participação do cidadão 
no processo político e nos órgãos governamentais, abrangendo a perda (é a privação 
definitiva - hipóteses: cancelamento da naturalização por sentença transitada em 
julgado; recusa de cumprir obrigação a todos imposta, bem como da prestação 
alternativa; brasileiro que por naturalização voluntária adquire a nacionalidade de outro 
país) e suspensão (é a privação temporária - hipóteses: incapacidade civil absoluta; 
condenação criminal transitada em julgado; prática de atos de improbidade 
administrativa) de direitos políticos, bem como as inelegibilidades (são os 
impedimentos à capacidade eleitoral passiva, ao direito de ser votado). 
 
- partidos políticos: são associações constituídas para a participação da vida política de um 
país, para a formação da vontade nacional, com objetivos de propagação de idéias e de 
conquista, total ou parcial, do poder político; o Brasil adotou o pluripartidarismo como 
forma de organização política (existência de diversos partidos políticos representativos de 
todas as correntes de opinião da sociedade). 
Profa. Juliana Ribeiro 27 
 
 
 
 
13 – ORGANIZAÇÃO DO ESTADO 
 
O Brasil adotou a Federação como forma de organização do Estado; a Federação é uma aliança 
de Estados para a formação de um Estado único, em que as unidades federadas preservam parte 
da sua autonomia política, enquanto a soberania é transferida para o Estado Federal; dentro da 
atual organização do Estado brasileiro, existem as seguintes entidades federativas: a União, os 
Estados, o Distrito Federal e os Municípios. 
 
Apostila de Direito Constitucional I 2814 – REPARTIÇÃO DE COMPETÊNCIAS 
 
A questão fundamental do federalismo é a repartição de competências entre o governo central e 
os Estados-Membros; em uma Federação, a repartição de competência é feita pelas atribuições 
dadas pela Constituição a cada uma das entidades federativas; o princípio geral da repartição de 
competências é o da predominância de interesses; onde prevalecer o interesse geral e nacional a 
competência será atribuída à União, onde preponderar o interesse regional a competência será 
concedida aos Estados, onde predominar o interesse local a competência será dada aos 
Municípios; na repartição das competências materiais (é a prática de atos de gestão) e legislativas 
(é a faculdade para a elaboração de leis sobre determinados assuntos), a Constituição brasileira 
optou por enumerar as atribuições da União (arts. 21 e 22) e dos Municípios (art. 30) e reserva 
o restante, as remanescentes, aos Estados (art. 25, § 1°); não existe qualquer hierarquia entre 
as leis editadas pela União, Estados, Distrito Federal e Municípios em assuntos da competência 
exclusiva de cada entidade federativa; considerando o modelo federativo de repartição de 
competência, existem no Brasil quatro grandes espécies de leis: a) nacionais (são editadas pela 
União, aplicando-se a todas as pessoas, órgãos e instituições no Brasil - legislação penal, civil, 
comercial, processual etc.), b) federais (são promulgadas pela União e aplicáveis apenas a ela e 
a seus agentes, órgãos e instituições - ex.: Estatuto dos Funcionários Públicos Civis da União), c) 
estaduais (são editadas pelas respectivas pessoas jurídicas de direito público interno no exercício 
de suas atribuições constitucionais) e d) municipais (são editadas pelas respectivas pessoas 
jurídicas de direito público interno no exercício de suas atribuições constitucionais). 
 
Profa. Juliana Ribeiro 29 
 
 
 
15 – INTERVENÇÃO 
 
É a interferência de uma entidade federativa em outra, a invasão da esfera de competências 
constitucionais atribuídas aos Estados-Membros ou aos Municípios; a regra geral é a não-
intervenção em entidades federativas, em respeito à autonomia de cada um dos entes 
componentes do Estado Federal, característica essencial do próprio federalismo; só se admite a 
intervenção federal (é a da União nos Estados e nos Municípios localizados em Territórios 
Federais) ou estadual (é a dos Estados em seus Municípios; a União não pode intervir em 
Municípios situados em Estados-Membros, por falta de previsão constitucional nesse sentido; 
somente é possível a intervenção do Estado em Municípios situados em seu território) nas 
hipóteses taxativamente previstas na Constituição Federal; a competência para decretar e 
executar a intervenção é do Chefe do Poder Executivo. 
 
Art. 34 - A União não intervirá nos Estados nem no Distrito Federal, exceto para: 
I - manter a integridade nacional; 
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da Federação em outra; 
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pública; 
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes nas unidades da Federação; 
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que: 
a) suspender o pagamento da dívida fundada por mais de dois anos 
consecutivos, salvo motivo de força maior; 
b) deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias fixadas nesta 
Constituição, dentro dos prazos estabelecidos em lei; 
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão judicial; 
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios constitucionais: 
a) forma republicana, sistema representativo e regime democrático; 
b) direitos da pessoa humana; 
c) autonomia municipal; 
d) prestação de contas da administração pública, direta e indireta; 
e) aplicação do mínimo exigido da receita resultante de impostos estaduais, 
compreendida a proveniente de transferências, na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. 
Art. 35 - O Estado não intervirá em seus Municípios, nem a União nos Municípios localizados em 
Território Federal, exceto quando: 
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por dois anos consecutivos, a dívida 
fundada; 
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; 
III - não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita municipal na manutenção e 
desenvolvimento do ensino e nas ações e serviços públicos de saúde; 
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação para assegurar a 
observância de princípios indicados na Constituição Estadual, ou para prover a 
execução de lei, de ordem ou de decisão judicial. 
 
Apostila de Direito Constitucional I 30 
 
 
 
16 – UNIÃO 
 
É a entidade federativa voltada para os assuntos de interesse de todo o Estado brasileiro; a União 
não se confunde com o Estado brasileiro que é dotado de soberania, pessoa jurídica reconhecida 
internacionalmente, abrangendo tanto a União como as demais entidades federativas; a União é 
pessoa jurídica de direito público interno, dotada de autonomia e do poder de agir dentro dos 
limites traçados pela Constituição; a União apresenta uma dupla face dentro da organização 
político-administrativa do Estado brasileiro: a) entidade federativa dotada de autonomia 
política, b) órgão de representação da RF do Brasil. 
 
BENS DA UNIÃO PREVISTOS NA CONSTITUIÇÃO FEDERAL: 
 
- terrestres 
 
- superficial (solo) 
 
- terras devolutas da União 
- terrenos de marinha e acrescidos 
- sítios arqueológicos e pré-históricos 
- terras tradicionalmente de indígenas 
 
- subterrâneo (subsolo) 
 
- recursos minerais 
- cavidades naturais 
 
- hidrícos 
 
- marítimos 
 
- mar territorial 
- zona econômica exclusiva 
- plataforma continental 
- praias marítimas 
 
- fluviais 
 
- rios interestaduais (limítrofes e sucessivos) 
- rios internacionais (limítrofes e sucessivos) 
- terrenos marginais 
- praias fluviais 
 
- lacustres 
 
- lagos interestaduais 
- lagos internacionais 
 
- insulares 
 
- externo 
 
Profa. Juliana Ribeiro 31 
 
- ilhas marítimas – oceânicas e costeiras, excluídas as que já estiverem 
incorporadas ao domínio dos Estados, Municípios ou terceiros. 
 
- interno 
 
- ilhas fluviais – limítrofes com outros países. 
- ilhas lacustres – limítrofes com outros países. 
 
 
COMPETÊNCIAS DA UNIÃO: a União concentra um grande número de competências no Estado 
brasileiro; a própria enumeração das competências, tanto pela quantidade como pela qualidade, 
evidencia que as principais atribuições pertencem ao governo federal; a União possui 
competências exclusivas (art. 21), privativas (art. 22), comuns (art. 23) e concorrentes (art. 
24). 
 
Art. 21 - Compete à União: 
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de organizações 
internacionais; 
II - declarar a guerra e celebrar a paz; 
III - assegurar a defesa nacional; 
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras 
transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente; 
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a intervenção federal; 
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de material bélico; 
VII - emitir moeda; 
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscalizar as operações de natureza 
financeira, especialmente as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de 
seguros e de previdência privada; 
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de ordenação do território e de 
desenvolvimento econômico e social; 
X - mantero serviço postal e o correio aéreo nacional; 
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os 
serviços de telecomunicações, nos termos da lei, que disporá sobre a organização dos 
serviços, a criação de um órgão regulador e outros aspectos institucionais; 
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão: 
a) os serviços de radiodifusão sonora e de sons e imagens; 
b) os serviços e instalações de energia elétrica e o aproveitamento energético 
dos cursos de água, em articulação com os Estados onde se situam os potenciais 
hidroenergéticos; 
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura aeroportuária; 
d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre portos brasileiros e 
fronteiras nacionais, ou que transponham os limites de Estado ou Território; 
e) os serviços de transporte rodoviário interestadual e internacional de 
passageiros; 
f) os portos marítimos, fluviais e lacustres; 
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério Público e a Defensoria Pública 
do Distrito Federal e dos Territórios; 
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar e o c orpo de bombeiros militar 
do Distrito Federal, bem como prestar assistência financeira ao Distrito Federal para a 
execução de serviços públicos, por meio de fundo próprio; 
XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatística, geografia, geologia e 
cartografia de âmbito nacional; 
Apostila de Direito Constitucional I 32 
 
XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de diversões públicas e de 
programas de rádio e televisão; 
XVII - conceder anistia; 
XVIII - planejar e promover a defesa permanente contra as calamidades públicas, 
especialmente as secas e as inundações; 
XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de recursos hídricos e definir critérios 
de outorga de direitos de seu uso; 
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento urbano, inclusive habitação, 
saneamento básico e transportes urbanos; 
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema nacional de viação; 
XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeroportuária e de fronteiras; 
XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de qualquer natureza e exercer 
monopólio estatal sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento, a 
industrialização e o comércio de minérios nucleares e seus derivados, atendidos os 
seguintes princípios e condições: 
a) toda atividade nuclear em território nacional somente será admitida para fins 
pacíficos e mediante aprovação do Congresso Nacional; 
b) sob regime de concessão ou permissão, é autorizada a utilização de 
radioisótopos para a pesquisa e usos medicinais, agrícolas, industriais e 
atividades análogas; 
c) a responsabilidade civil por danos nucleares independe da existência de culpa; 
XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do trabalho; 
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercício da atividade de 
garimpagem, em forma associativa. 
Art. 22 - Compete privativamente à União legislar sobre: 
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral, agrário, marítimo, aeronáutico, 
espacial e do trabalho; 
II - desapropriação; 
III - requisições civis e militares, em caso de iminente perigo e em tempo de guerra; 
IV - águas, energia, informática, telecomunicações e radiodifusão; 
V - serviço postal; 
VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias dos metais; 
VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência de valores; 
VIII - comércio exterior e interestadual; 
IX - diretrizes da política nacional de transportes; 
X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marítima, aérea e aeroespacial; 
XI - trânsito e transporte; 
XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia; 
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização; 
XIV - populações indígenas; 
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e expulsão de estrangeiros; 
XVI - organização do sistema nacional de emprego e condições para o exercício de 
profissões; 
XVII - organização judiciária, do Ministério Público e da Defensoria Pública do Distrito 
Federal e dos Territórios, bem como organização administrativa destes; 
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de geologia nacionais; 
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da poupança popular; 
XX - sistemas de consórcios e sorteios; 
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material bélico, garantias, convocação e 
mobilização das polícias militares e corpos de bombeiros militares; 
Profa. Juliana Ribeiro 33 
 
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodoviária e ferroviária federais; 
XXIII - seguridade social; 
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; 
XXV - registros públicos; 
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; 
XXVII - normas gerais de licitação e contratação, em todas as modalidades, para as 
administrações públicas diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, Distrito 
Federal e Municípios, obedecido o disposto no art. 37, XXI, e para as empresas 
públicas e sociedades de economia mista, nos termos do art. 173, § 1º, III; 
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa marítima, defesa civil e 
mobilização nacional; 
XXIX - propaganda comercial. 
§ único - Lei complementar poderá autorizar os Estados a legislar sobre questões 
específicas das matérias relacionadas neste artigo. 
Art. 23 - É competência comum da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das instituições democráticas e 
conservar o patrimônio público; 
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e garantia das pessoas 
portadoras de deficiência; 
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de valor histórico, artístico e 
cultural, os monumentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; 
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracterização de obras de arte e de outros 
bens de valor histórico, artístico ou cultural; 
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação e à ciência; 
VI - proteger o meio ambiente e combater a po luição em qualquer de suas formas; 
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; 
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o abastecimento alimentar; 
IX - promover programas de construção de moradias e a melhoria das condições 
habitacionais e de saneamento básico; 
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marginalização, promovendo a 
integração social dos setores desfavorecidos; 
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de direitos de pesquisa e 
exploração de recursos hídric os e minerais em seus territórios; 
XII - estabelecer e implantar política de educação para a segurança do trânsito. 
§ único - Lei complementar fixará normas para a cooperação entre a União e os Estados, o 
Distrito Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do desenvolvimento e do bem-
estar em âmbito nacional. 
Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: 
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico e urbanístico; 
II - orçamento; 
III - juntas comerciais; 
IV - custas dos serviços forenses; 
V - produção e consumo; 
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza, defesa do solo e dos 
recursos naturais, proteção do meio ambiente e controle da poluição; 
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico, turístico e paisagístico; 
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao consumidor, a bens e direitos 
de valor artístico, estético, histórico,turístico e paisagístico; 
IX - educação, cultura, ensino e desporto; 
X - criação, funcionamento e processo do juizado de pequenas causas; 
Apostila de Direito Constitucional I 34 
 
XI - procedimentos em matéria processual; 
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; 
XIII - assistência jurídica e defensoria pública; 
XIV - proteção e integração social das pessoas portadoras de deficiência; 
XV - proteção à infância e à juventude; 
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das polícias civis. 
§ 1º - No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a 
estabelecer normas gerais. 
§ 2º - A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência 
suplementar dos Estados. 
§ 3º - Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência 
legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. 
§ 4º - A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei 
estadual, no que lhe for contrário. 
Profa. Juliana Ribeiro 35 
 
 
 
 
17 – ESTADOS FEDERADOS 
 
Os Estados federados são dotados somente de autonomia política, poder de agir dentro dos 
limites fixados pela própria Constituição Federal; não possuem soberania, por isso não lhes são 
atribuídas competências internacionais; autonomia política importa em: auto-organização 
(compete a cada Estado elaborar a sua própria Constituição Estadual), autolegislação (compete 
a cada Estado elaborar as leis estaduais dentro de sua autonomia política, ou seja, nos limites das 
competências fixadas pela Constituição), autogoverno (compete a cada Estado a organização de 
seus próprios Poderes, bem como a escolha de seus integrantes, o que deve ser feito de acordo 
com o modelo federal, respeitado o sistema constitucional da separação de Poderes e o regime 
presidencialista; o Poder Executivo é exercido pelo Governador do Estado; o Poder Legislativo 
Estadual é exercido, de forma unicamera l, pela Assembléia Legislativa, composta de Deputados 
Estaduais) e auto-administração (compete a cada Estado organizar, manter e prestar os 
serviços que lhe são próprios). 
 
 
Apostila de Direito Constitucional I 36 
 
 
18 – MUNICÍPIOS 
 
Os Municípios são entidades federativas voltadas para assuntos de interesse local, com 
competências e rendas próprias; como toda entidade federativa, são dotados de autonomia 
política, ou seja, do poder de agir dentro dos limites fixados pela CF, o que importa em auto-
organização (os Municípios são regidos por Leis Orgânicas, votadas em dois turnos, com o 
intervalo mínimo de 10 dias, e aprovadas por 2/3 dos membros da Câmara Municipal; Lei 
Orgânica Municipal é uma espécie de Constituição municipal), autolegislação, autogoverno (o 
Poder Executivo Municipal é exercido pelo Prefeito Municipal; o Poder Legislativo Municipal é 
exercido pela Câmara Municipal, composta por Vereadores) e auto-administração. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 37 
 
 
 
19 – DISTRITO FEDERAL 
 
O Distrito Federal é uma entidade federativa, dotada de autonomia política, com atribuições e 
rendas próprias fixadas na Constituição; como entidade dotada de autonomia política, possui 
auto-organização (é regido por Lei Orgânica), autolegislação, autogoverno (o Poder 
Executivo é exercido pelo Governador do DF; o Poder Legislativo é exercido por Deputados 
Distritais) e auto-administração; compete à União organizar e manter o Poder Judiciário, o 
Ministério Público, a Defensoria Pública, a Polícia Civil, a Polícia Militar e o Corpo de Bombeiros do 
Distrito Federal. 
 
Apostila de Direito Constitucional I 38 
 
 
 
20 – TERRITÓRIOS, REGIÕES METROPOLITANAS E REGIÕES DE DESENVOLVIMENTO 
 
TERRITÓRIOS: são meras autarquias, entidades administrativas da União, não dotadas de 
autonomia política, administrativa e judiciária; atualmente, não existe no Brasil. 
 
 
REGIÕES METROPOLITANAS: são entidades administrativas, instituídas pelos Estados, 
mediante lei complementar, envolvendo diversos Municípios, com continuidade urbana em torno 
de um pólo comum, visando a integração, a organização, o planejamento e a execução de funções 
públicas de interesse comum; certos encargos, como água, esgoto e transporte coletivos 
intermunicipais, por se referirem a problemas comuns a diversos Municípios, não podem ser 
resolvidos de forma isolada por um deles, exigindo ação comum e a fixação de uma política única; 
possuímos nove regiões metropolitanas: São Paulo, Belo Horizonte, Porto Alegre, Recife, 
Salvador, Curitiba, Belém, Fortaleza e Rio de Janeiro. 
 
REGIÕES DE DESENVOLVIMENTO: são entidades administrativas, instituídas pela União, 
mediante lei complementar, abrangendo áreas de diversos Estados situadas em um mesmo 
complexo geoeconômico e social, visando ao seu desenvolvimento e à redução das desigualdades 
regionais, mediante a composição de organismos regionais e a concessão de diversos incentivos - 
ex.: SUDENE, SUDAM. 
 
Profa. Juliana Ribeiro 39 
 
 
 
21 – ORGANIZAÇÃO DOS PODERES 
 
INTRODUÇÃO: o poder político do Estado é uno e indivisível; o que se divide não é ele, mas sim 
as funções estatais básicas, que são atribuídas a órgãos independentes e especializados. 
 
FUNÇÕES ESTATAIS BÁSICAS: 
 
- legislativa – e laboração de leis, de normas gerais e abstratas, impostas coativamente a 
todos. 
 
- executiva – administração do Estado, de acordo com as leis elaboradas pelo Poder 
Legislativo. 
 
- judiciária – atividade jurisdicional do Estado, de distribuição da justiça e aplicação da lei 
ao caso concreto, em situações de litígio, envolvendo conflitos de interesses qualificados 
pela pretensão resistida. 
 
- cada função estatal básica é atribuída a um órgão independente e especializado, com a 
mesma denominação, respectivamente, os Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário. 
 
SISTEMA DE FREIOS E CONTRAPESOS: a separação de Poderes não é rígida, pois existe um 
sistema de interferências recíprocas, em que cada Poder exerce suas competências e também 
controla o exercício dos outros; a separação de Poderes não é absoluta; nenhum Poder exercita 
apenas suas funções típicas; o Poder Executivo edita medidas provisórias com força de lei e 
participa do processo legislativo, tendo matérias de iniciativa legislativa privativa e amplo poder 
de veto; todavia, esse veto não é absoluto, pois pode ser derrubado pelo Poder Legislativo; os 
Tribunais, por sua vez, podem declarar a inconstitucionalidade de leis elaboradas pelo Poder 
Legislativo e de atos administrativos editados pelo Poder Executiv o; o Chefe do Poder Executivo 
escolhe e nomeia os Ministros dos Tribunais Superiores, após prévia aprovação pelo Senado 
Federal; se o Presidente da República e outras altas autoridades federais cometerem crime de 
responsabilidade, o processo de “ impeachment” será julgado pelo Senado Federal sob a 
presidência do Presidente do STF. 
 
Apostila de Direito Constitucional I 40 
 
 
 
22 – PODER LEGISLATIVO 
 
INTRODUÇÃO: tem como função típica a elaboração de leis, de normas gerais e abstratas a 
serem seguidas por todos; além do exercício de sua função legislativa do Estado,

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