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Direito Internacional

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2017	-	05	-	12
Reta	final	OAB:	revisão	unificada	-	Edição	2016
5.	DIREITO	INTERNACIONAL
RAMOS	DO	DIREITO	INTERNACIONAL
••	Direito	Internacional	Público	(DIP):	ramo	da	ciência	jurídica	que	trata	das	regras	e	princípios
inerentes	 às	 relações	 entre	 os	 sujeitos	 do	 direito	 internacional	 público	 (regula	 a	 sociedade
internacional).	 Regula	 as	 relações	 entre	 sujeitos	 que	 integram	 a	 sociedade	 internacional.
Características:
a)	Não	há	uma	norma	suprema	(como	ocorre	com	os	Estados	que	possuem	Constituições);
b)	É	fundado	na	máxima	da	pacta	sunt	servanda;
••	Direito	Internacional	Privado	(DIPr):	ramo	da	ciência	jurídica	que	tem	por	objeto	o	conflito
de	leis	no	espaço,	nas	relações	de	direito	privado	(particulares).
••	 Direito	 Comunitário:	 rege	 as	 relações	 de	 integração	 regional	 (blocos	 regionais	 –	 relação	 de
direito	supranacional).	Como	exemplo,	as	regras	relativas	à	União	Europeia,	Mercosul	etc.
DIREITO	INTERNACIONAL	PÚBLICO	––	FUNDAMENTOS	DO	DIP
Importantes	 teorias	 foram	 elaboradas	 para	 justificar	 os	 fundamentos	 do	 Direito	 Internacional
Público,	dentre	elas,	destacamos:
••	Teoria	voluntarista	(ou	subjetivista):	o	DIP	estaria	fundado	na	vontade	dos	Estados.
a)	Consentimento	dos	Estados	(Lawrence	e	Oppenhein):	a	vontade	majoritária	decorrente	da
manifestação	individual	das	nações	fundamentaria	o	DIP.
b)	Vontade	coletiva	(Heinrich	Triepe):	a	vontade	coletiva	dos	Estados	 justificaria	a	existência
do	DIP.
c)	 Autolimitação	 (George	 Jellinek):	 os	 Estados	 soberanos,	 no	 exercício	 da	 autolimitação,
manifestariam	o	consentimento	em	obrigar-se.
d)	Delegação	interna	(Max	Wenzel):	o	DIP	teria	fundamento	na	norma	maior	interna	de	cada
Estado.
••	Teoria	objetivista:	o	DIP	tem	fundamento	em	critérios	objetivos	e	independentes	da	vontade
dos	Estados:
a)	Teoria	da	pacta	sunt	servanda	 (Anzilotti):	 os	Estados	devem	respeitar	o	pacto	 (art.	26	da
Convenção	de	Viena	Sobre	Direito	dos	Tratados,	de	1969);
b)	 Teoria	 da	norma	 fundamental	 (Kelsen)	 ––	 objetivismo	 lógico:	 a	 vontade	dos	 Estados	não
tem	relevância	na	formação	do	DIP,	mas	devem	respeitar	a	existência	de	uma	norma	fundamental
(hierarquia	das	normas);
c)	Teoria	 sociológica	 (Leon	Duguit):	 o	 DIP	 teria	 fundamento	 na	 necessidade	 de	 formação	 de
uma	sociedade	internacional	solidária;
d)	Teoria	do	direito	natural	(São	Tomas	de	Aquino,	Santo	Agostinho	e	Francisco	de	Vitória):
o	DIP	estaria	fundado	no	direito	natural,	que	é	superior	e	autônomo	às	normas	internas	dos	Estados.
Relação	entre	o	DIP	e	o	direito	interno
Outro	ponto	importante	quando	estudamos	o	Direito	Internacional	Público	é	analisarmos
como	ele	se	relaciona	com	o	direito	interno	dos	Estados.	Para	essa	questão,	duas	teorias	bases
foram	desenvolvidas:
a)	 Teoria	 dualista	 (pluralista):	 interno	 e	 direito	 internacional	 representariam	 duas	 ordens
jurídicas	distintas	e,	portanto,	autônomas	e	separadas;
b)	Monista:	o	direito	interno	está	contido	no	DIP	e,	consequentemente,	ambos	representam	dois
ramos	dentro	de	um	único	sistema	jurídico	(sistema	único).	Monismo	é	dividido	em	duas	correntes:
i)	Internacionalista:	DIP	prevalece	sobre	o	direito	interno,	ou	seja,	há	primazia	do	DIP;
ii)	Nacionalista:	 prevalecerá	 a	 norma	 imposta	 pelo	 direito	 interno.	Não	 há	 prevalência	 do	DIP
sobre	o	interno,	mas	sim	do	regramento	interno	sobre	o	DIP,	ou	seja,	há	primazia	do	direito	interno.
••	Fontes	do	DIP:	o	Estatuto	da	Corte	Internacional	de	Justiça	–	CIJ	(art.	38)	estabelece	que	fontes
do	DIP	são	os	instrumentos	aplicados	na	solução	de	conflitos	entre	Estado.	São	eles:
a)	 Tratados	 internacionais:	 gerais	 ou	 específicos,	 expressamente	 reconhecidos	 pelos	 Estados
litigantes;
b)	Costume	internacional:	uma	prática	geral,	aceita	como	direito;
c)	 Princípios	 gerais	 do	 DIP:	 princípios	 gerais	 admitidos	 pela	 comunidade	 internacional.	 São
eles:
i)	Princípio	da	autodeterminação	dos	povos;
ii)	Princípio	dos	pacta	sunt	servanda;
iii)	Princípio	da	não	agressão;
iv)	Princípio	da	solução	pacífica	dos	conflitos;
v)	Princípio	da	vedação	da	propaganda	de	guerra;
vi)	Princípio	da	não	intervenção;
vii)	Princípio	da	igualdade	soberana	entre	os	Estados;
viii)	Princípio	da	cooperação	internacional.
d)	Doutrina:	criações	intelectuais	dos	juristas	do	direito	internacional;
e)	Jurisprudência:	decisões	das	cortes	internacionais;
f)	Equidade	(	ex	aequo	et	bono	):	a	equidade	e	a	analogia	apenas	poderão	ser	aplicadas	quando
for	conveniente	às	partes.
••	Sujeitos	do	DIP
a)	Estados;
b)	Organizações	intergovernamentais;
c)	 Indivíduos	 (pessoa	 humana):	 sujeito	 de	 direitos	 e	 obrigações	 perante	 a	 sociedade
internacional;
d)	Cruz	de	Malta:	a	Ordem	Soberana	e	Militar	Hospitalária	de	São	João	de	Jerusalém,	com	sede
em	Roma,	é	organização	humanitária	 internacional	que	administra	hospitais	 em	diversos	Estados
(em	1119,	após	aprovação	pela	Santa	Sé,	adquiriu	condição	de	entidade	militar);
e)	Beligerantes:	grupos	que	exercem	poder	igual	ou	superior	ao	Estado	mediante	o	uso	de	força
bélica;
f)	Insurgentes:	demais	movimentos	ativos	em	terra	ou	no	mar,	sem	proporção	de	guerra	civil	ou
revolução	interna,	como	ocorre	com	a	beligerância.
••	Estados:	pessoa	 jurídica	de	direito	 interno	e	de	DIP.	Os	Estados	possuem	capacidade	 jurídica
plena	no	DIP.	São	elementos	dele:
a)	Povo:	conjunto	de	nacionais;
b)	Território:	porção	geográfica	fixa	e	determinada	de	exercício	de	poder	soberano;
c)	Governo	soberano:	soberania	–	o	que	equivale	dizer	que	os	Estados	são	iguais,	autônomos	e
independentes;
d)	Finalidade:	organização	para	o	bem	comum;
e)	Reconhecimento	internacional:	admissão	da	personalidade	pelas	demais	nações.
••	Características:	ato	unilateral	(individual	ou	coletivo);	discricionário	(depende	da	vontade	de
cada	Estado);	incondicional	(independente	de	condições	e,	irrevogável).	O	reconhecimento	pode	ser
expresso	ou	tácito.	Teorias:
••	Teorias	sobre	o	reconhecimento	internacional:
a)	Teoria	constitutiva	(Kelsen	e	Anzilotti),	também	denominada	teoria	do	efeito	atribuído:	o
reconhecimento	cria	o	Estado.
b)	Teoria	declaratória	(Bevilaqua	e	Accioly):	o	reconhecimento	não	cria	o	Estado,	mas	apenas
declara	 a	 existência	 no	 âmbito	 externo	 –	 teoria	 que	 predomina	 dentre	 os	 internacionalistas
contemporâneos.
••	Vaticano	(Santa	Sé):	instituído	como	Estado	pelo	Tratado	de	Latrão	(1929),	é	reconhecido	como
sujeito	do	DIP	–	possui	os	elementos	próprios	de	Estado:
a)	O	Papa	exerce	as	funções	de	Chefe	de	Estado	e	Chefe	de	governo;
b)	O	Vaticano	é	um	Estado	unitário;
c)	 Em	 2004,	 o	 Vaticano	 ganhou	 o	 status	 de	 membro	 efetivo	 na	 ONU,	 no	 entanto,	 abdicou	 do
direito	de	voto,	funcionando	como	mero	Estado	observador;
d)	O	Vaticano	mantém	relações	diplomáticas	com	os	demais	Estados,	 inclusive	participando	de
organismos	 internacionais	 e	 subscrevendo	 tratados	 internacionais	 relevantes	 (por	 exemplo,	 a
Convenção	de	Viena	sobre	relações	diplomáticas	e	Convenção	de	Viena	sobre	Direito	dos	Tratados).
••	 Organizações	 Internacionais	 (ou	 Intergovernamentais)	 ––	 OIs:	 representam	 associações
formadas	pela	reunião	e	vontade	dos	Estados	soberanos.	Possuem	capacidade	 jurídica	de	DIP.	São
formadas	 pela	 vontade	 dos	 Estados	 (membros)	 que	 se	 concretiza	 em	 um	 tratado	 internacional
(multilateral,	ou	seja,	com	três	ou	mais	membros).
OIs Organizações	 nãogovernamentais	(ONGs)
Partes Estados Particulares
Instrumento
de	formação Tratado	internacional Contrato
Natureza Direito	público Direito	privado
•	Greenpeace
Exemplos
•	ONU:	Organização	das	Nações	Unidas
•	 OIT:	 Organização	 Internacional	 do
Trabalho
•	 OMC:	 Organização	 Mundial	 do
Comércio
•	 FMI:	 Fundo	Monetário	 Internacional	 •
Anistia	Internacional
•	Cruz	Vermelha	Internacional
(Henri	Dunant,	Genebra,	1863)
•	MSF:	Médicos	Sem	Fronteira
•	 PBI:	 PeaceBrigades
International
•	 FIFA:	 Federação
Internacional	de	Futebol
Exemplos
•	OMS:	Organização	Mundial	de	Saúde
•	UPU:	União	Postal	Universal
•	 Unesco:	 Organização	 das	 Nações
Unidades	 para	 Educação,	 a	 Ciência	 e	 a
Cultura
•	 OACI:	 Organização	 da	 Aviação	 Civil
Internacional
•	Banco	Mundial
•	Mercosul
•	União	Europeia
••	Características	das	Organizações:
a)	São	formais	e	estruturadas	(são	compostas	por	órgãos	permanentes);
b)	Formadas	por,	pelo	menos,	três	Estados	(tratado	multilateral);
c)	Possuem	objetivo	internacional;
d)	 Possuem	 independência	 para	 escolha	 de	 seus	 funcionários,	 que	 podem	 ser	 de	 diversas
nacionalidades;
e)	 São	 dotadas	 de	 autonomia	 e	 especificidade,	 com	 personalidade	 jurídica	 distinta	 da	 de	 seus
integrantes;
f)	 Gozam	 de	 privilégios	 e	 imunidades	 necessários	 para	 a	 liberdade	 do	 exercício	 de	 suas
atividades.
••	Organização	das	Nações	Unidas	––	ONU:	 com	sede	em	Nova	York,	 fundada	em	1945,	em	São
Francisco,	Califórnia	(EUA)	logo	após	o	término	da	2.ª	Guerra	Mundial,	com	assinatura	da	“Carta	da
ONU”	 ou	 “Carta	de	 São	 Francisco”	 Foi	 precedida	 pela	 “Liga	 das	Nações”	 (Tratado	 de	Versailles,	 de
1919).	Na	fundação	houve	manifestação	de	51	Estados	 (membros	originários),	dentre	eles	o	Brasil.
Hoje,	conta	com	193	Estados.	É	formada	por	duas	categorias	de	membros:
a)	Originários:	Participaram	da	assinatura	e	ratificação	da	Carta	da	ONU;
b)	Admitidos	ou	eleitos:	Ingressaram	após	a	criação	da	organização	(admitidos	por	decisão	da
Assembleia	Geral).
Finalidade:	 manter	 a	 paz	 e	 a	 segurança	 no	 mundo,	 baseada	 no	 respeito	 da	 igualdade	 e
autodeterminação	 dos	 povos,	 fortalecimento	 da	 paz	 mundial,	 cooperação	 internacional	 para
questões	 econômicas,	 sociais,	 culturais	 e	 humanitárias,	 na	 busca	 da	 defesa	 dos	 direitos	 humanos,
respeito	às	liberdades	fundamentais	para	todos,	sem	distinção	de	raça,	sexo,	língua	ou	religião.
••	Princípios	que	a	fundamentam	(art.	2.º	da	CONU):
a)	Igualdade	soberana	de	todos	os	seus	membros;
b)	Princípio	da	boa-fé	no	cumprimento	das	obrigações	assumidas;
c)	 Resolução	 pacífica	 das	 controvérsias	 para	 prevalência	 da	 paz,	 segurança	 e	 justiça
internacional;
d)	Todos	os	membros	têm	o	dever	de	cooperar	e	dar	assistência	à	Organização;
e)	Não	intervenção	da	ONU	em	assuntos	que	dependam	essencialmente	da	jurisdição	interna	de
qualquer	Estado.
••	Órgãos	que	a	compõem	(art.	7.º	da	CONU):
a)	Assembleia	Geral:	principal	órgão	e	composto	por	 todos	os	membros	da	ONU.	Cada	Estado
poderá	ter	5	delegados	na	Assembleia	Geral,	mas	apenas	1	voto	por	Estado-membro.
b)	Conselho	de	Segurança:	sua	função	é	assegurar	a	pronta	e	eficaz	ação	para	a	manutenção	da
paz	e	da	segurança	internacionais	(art.	24	da	CONU).
Composição:	15	Estados	(5	membros	permanentes	–	EUA,	Reino	Unido,	França,	China	e	Rússia	–	e
10	membros	rotativos,	escolhidos	pela	AG	para	um	período	de	2	anos).
c)	Conselho	Econômico	e	Social:	tem	a	finalidade	de	promover	a	cooperação	dos	Estados	para	o
desenvolvimento	 social,	 econômico,	 cultural,	 educacional,	 sanitários	 e	 conexos,	 inclusive	podendo
fazer	 recomendações	 destinadas	 a	 promover	 o	 respeito	 dos	 direitos	 humanos	 e	 liberdades
fundamentais	(art.	62	da	CONU).
Composição:	54	membros,	eleitos	pela	Assembleia	Geral,	para	o	período	de	3	anos.
d)	Conselho	de	Tutela:	exerce	a	administração	de	territórios	sob	tutela	–	povos	não	autônomos
(art.	86	da	CONU).
e)	Secretariado-Geral:	órgão	responsável	pela	administração	das	Nações	Unidas.
Composição:	 Secretário-Geral	 e	 pelo	 pessoal	 do	 Secretariado	 (escolhido	 por	 recomendação	 do
Conselho	de	Segurança	e	aprovado	pela	Assembleia	Geral).
f)	 Corte	 Internacional	 de	 Justiça	 (ou	 Tribunal	 Internacional	 de	 Justiça)	 (TIJ	 ou	 CIJ):	 é	 o
principal	órgão	judiciário	da	ONU.
i)	Sede:	Haia,	Holanda	(Países	Baixos);
ii)	 Competência:	 compor	 lides	 entre	 Estados	 ou	 responder	 consultas	 formuladas	 por
organizações	internacionais;	Membros:	todos	os	Estados-Membros	da	ONU	ou	aqueles	que	aderirem
ao	Tribunal	com	ratificação	do	Estatuto	da	Corte;
iii)	 Garantias	 e	 prerrogativas:	 os	 juízes	 da	 Corte	 gozam	 das	 garantias	 de	 imparcialidade	 e
prerrogativas	das	imunidades	diplomáticas;	Composição:	15	juízes,	eleitos	para	o	período	de	9	anos
pela	Assembleia	Geral	e	aprovados	pelo	Conselho	de	Segurança;
iv)	Idiomas	oficiais:	francês	e	inglês	(as	partes	poderão	optar	por	uma	delas,	hipótese	em	que,
sendo	o	processo	todo	na	língua	eleita	pelas	partes,	a	sentença	também	será	na	mesma	língua);
v)	Representação	das	partes:	por	agentes,	assistidos	de	consultores	ou	advogados.
••	Tribunal	Penal	Internacional	(TPI):	 criado	em	1998	na	Conferência	de	Plenipotenciários	da
ONU	sobre	a	Criação	de	um	TPI,	que,	por	meio	do	Estatuto	de	Roma,	criou	um	Tribunal	permanente
(art.	1.º)	e	autônomo	(art.	2.º),	com	competência	material	para	julgamento	dos	seguintes	crimes:
a)	Genocídio;
b)	Contra	a	humanidade;
c)	De	guerra;
d)	De	agressão.
••	Brasil	no	TPI:	é	membro	de	acordo	com	Decreto	Legislativo	112/2002	e	EC	45/2004	(alterou	o
art.	 5.º	da	CF/1988,	 incluindo	§	4.º,	 que	assegura	que	o	país	 se	 submete	à	 jurisdição	de	TPI	a	 cuja
criação	tenha	manifestado	adesão).
••	Importante	frisar	sobre	o	Estatuto	de	Roma:
a)	 É	 um	 tratado	 aberto:	 admite	 a	 adesão	 de	 novos	 Estados	 (deverá	 ser	 depositada	 junto	 ao
Secretário-Geral	da	ONU);
b)	Não	admite	reservas	(art.	120);
c)	Qualquer	Estado	poderá	(por	notificação	escrita	e	dirigida	ao	Secretário-Geral	da	ONU),
retirar-se	(eficácia	após	1	ano);
d)	Exclusão	da	jurisdição	para	os	menores	de	18	anos:	não	tem	competência	para	julgamento
de	pessoas	que,	na	data	do	fato,	não	tenham	completado	18	anos	(art.	26	do	ETPI);
e)	Inexistência	de	imunidades:	é	irrelevante	a	qualidade	oficial	do	acusado.	Tribunal	exercerá
sua	 jurisdição	 independentemente	de	o	 acusado	 ser	 (ou	 ter	 sido)	Chefe	de	Estado	ou	de	Governo,
membro	de	Governo	ou	Parlamento,	representante	eleito	ou	funcionário	público	(art.	27	do	ETPI);
f)	 Imprescritibilidade	 dos	 crimes:	 crimes	 de	 competência	 do	 TPI	 (art.	 29	 do	 ETPI),	 são
imprescritíveis.
••	Princípios	do	TPI	(Estatuto	de	Roma):
a)	Ne	bis	in	idem	:	ninguém	será	 julgado	por	atos	constitutivos	de	crimes	pelos	quais	 já	 tenha
sido	condenado	ou	absolvido.
b)	Nullum	crimen	sine	lege	:	não	há	crime	sem	previsão	expressa	no	Estatuto.
c)	Nulla	poena	sine	lege	:	apenas	poderão	ser	aplicadas	as	penas	previstas	no	Estatuto.
d)	Não	 retroatividade	ratione	personae	 :	 ninguém	 poderá	 ser	 julgado	 por	 crime	 anterior	 à
entrada	em	vigor	do	Estatuto	(01.07.2002).
e)	 Responsabilidade	 individual:	 o	 Tribunal	 julgará	 pessoas	 físicas,	 considerando	 a	 conduta
individual	de	cada	pessoa	envolvida	nos	fatos	criminosos.
f)	 Presunção	de	 inocência:	 toda	 pessoa	 é	 considerada	 inocente	 até	 que	 seja	 provada	 a	 culpa
perante	o	Tribunal.
g)	 Devido	 processo	 legal:	 o	 Estatuto	 prevê	 que	 o	 acusado	 terá	 o	 direito	 de	 exercer	 o
contraditório	e	a	ampla	defesa.	Pode	ser	ouvido,	produzir	provas	e	recorrer	da	sentença.
Além	 dos	 princípios	 anteriormente	 mencionados,	 o	 Estatuto	 também	 estabelece	 as	 seguintes
regras	penais:
i)	Exclusão	da	jurisdição	para	os	menores	de	18	anos;
ii)	 Inexistência	 de	 imunidades:	 é	 irrelevante	 a	 qualidade	 oficial	 do	 acusado,	 presente	 ou
passada	(art.	27	do	ETPI);
iii)	 Imprescritibilidade	 dos	 crimes:	 os	 crimes	 de	 competência	 do	 TPI	 (art.	 29	 do	 ETPI)	 são
imprescritíveis.
••	Pedido	de	entrega	(art.	89	do	ETPI):	o	TPI	poderá	requerer	a	qualquer	Estado	a	detenção	e	a
entrega	(	surrender)	de	pessoa	para	possa	ser	exercida	sob	a	sua	jurisdição.
••	Penas	aplicadas	no	TPI
a)	Prisão	de	até	30	anos	(regra);
b)	Prisão	perpétua	(exceção,	dependendo	da	gravidade	do	crime);c)	Multa;
d)	Perda	de	bens	objeto	ou	produto	do	crime.
RELAÇÕES	INTERNACIONAIS
Princípios	adotados	pelo	Brasil	em	suas	relações	internacionais:
O	 art.	 4.º	 da	 CF/1988	 determina	 que	 serão	 observados	 os	 seguintes	 princípios	 nas	 relações
internacionais	em	que	o	País	mantiver:
a)	Independência	nacional;
b)	Prevalência	dos	direitos	humanos;
c)	Autodeterminação	dos	povos;
d)	Não	intervenção;
e)	Igualdade	entre	os	Estados;
f)	Defesa	da	paz;
g)	Solução	pacífica	dos	conflitos;
h)	Repúdio	ao	terrorismo	e	ao	racismo;
i)	Cooperação	entre	os	povos	para	o	progresso	da	humanidade;
j)	Concessão	de	asilo	político;
k)	 Integração	 econômica,	 política,	 social	 e	 cultural	 dos	 povos	 da	 América	 Latina,	 visando	 à
formação	de	uma	comunidade	latino-americana	de	nações.
••	Relações	diplomáticas	e	consulares
Duas	importantes	Convenções	internacionais	tratam	do	tema:
a)	 Convenção	 de	 Viena	 sobre	 Relações	 Diplomáticas	 –	 de	 1961	 (referendada	 pelo	 Congresso
brasileiro	por	meio	do	Decreto	Legislativo	103/1964);
b)	 Convenção	 de	 Viena	 sobre	 Relações	 Consulares	 –	 de	 1963	 (referendado	 pelo	 Congresso
brasileiro	por	meio	do	Decreto	Legislativo	6/1967).
Ambas	as	Convenções	preveem	que	o	estabelecimento	de	 relação	entre	os	Estados	depende	de
mútuo	consentimento.
••	Relações	diplomáticas
Antes	de	mais	nada,	é	muito	importante	definirmos	a	diferença	entre	Estado	acreditante	e	Estado
acreditado.
O	 envio	 da	missão	 diplomática	 sempre	 ocorre	mediante	 consentimento	mútuo	 entre	 o	 Estado
acreditante	e	o	acreditado	(art.	2.º	da	Convenção	de	Viena	sobre	Relações	Diplomáticas).	A	principal
função	da	missão	diplomática	é	representar	o	Estado	acreditante	perante	o	Estado	acreditado,
bem	como:
a)	proteger	no	Estado	acreditado	os	interesses	do	Estado	acreditante	e	de	seus	nacionais,	dentro
dos	limites	permitidos	pelo	direito	internacional;
b)	negociar	com	o	Governo	do	Estado	acreditado;
c)	 inteirar-se	 por	 todos	 os	 meios	 lícitos	 das	 condições	 existentes	 e	 da	 evolução	 dos
acontecimentos	no	Estado	acreditado	e	informar	a	esse	respeito	o	Governo	do	Estado	acreditante;
d)	 promover	 relações	 amistosas	 e	 desenvolver	 as	 relações	 econômicas,	 culturais	 e	 científicas
entre	o	Estado	acreditante	e	o	Estado	acreditado.
Definições	relevantes	contidas	na	Convenção	de	Viena	sobre	Relações	Diplomáticas	(art.	1.º):
Chefe	da	missão
É	 a	 pessoa	 encarregada	 pelo	 Estado	 acreditante	 de	 agir	 nessa
qualidade,	divididos	em	três	classes:
a)	Embaixadores	ou	núncios	acreditados	perante	Chefe	de	Estado;
b)	 Ministros	 ou	 internúncios,	 enviados	 e	 acreditados	 perante
Chefe	de	Estado;
c)	 Encarregados	 de	 negócios,	 acreditados	 perante	 Ministros	 das
Relações	Exteriores.
(Representantes	 do	 Vaticano	 são	 denominados	 de
núncios/internúncios).
Membros	da	Missão São	o	Chefe	da	Missão	e	os	membros	do	pessoal	da	Missão.
Membros	 do	 Pessoal	 da
Missão
São	os	membros	do	pessoal	diplomático,	do	pessoal	administrativo
e	técnico	e	do	pessoal	de	serviço	da	Missão.
Membros	 do	 Pessoal
Diplomático
São	os	membros	do	pessoal	da	Missão	que	tiverem	a	qualidade	de
diplomata.
Agente	Diplomático É	 o	 Chefe	 da	 Missão	 ou	 um	membro	 do	 pessoal	 diplomático	 daMissão.
Membros	 do	 Pessoal
Administrativo	e	Técnico
São	 os	membros	 do	 pessoal	 da	Missão	 empregados	 nos	 serviços
administrativo	e	técnico	da	Missão.
Membros	 do	 Pessoal	 de
Serviço
São	 os	 membros	 do	 pessoal	 da	 Missão	 empregados	 no	 serviço
doméstico	da	Missão.
Criado	particular É	a	pessoa	do	serviço	doméstico	de	um	membro	da	Missão	que	nãoseja	empregado	do	Estado	acreditante.
Como	afirmamos,	a	missão	diplomática	se	estabelece	com	base	no	mútuo	consentimento	e,	assim,
o	 Estado	 acreditante	 indicará	 o	 “Chefe	 da	missão”	 e	 solicitará	 a	 aceitação	 do	 Estado	 acreditado	 (
agrément).
Portanto,	 o	 Estado	 acreditado	 não	 está	 obrigado	 a	 dar	 o	 agrément,	 podendo	 recusar	 a	 pessoa
indicada	pelo	acreditante	(o	Estado	acreditado	não	precisa	justificar	a	recusa).
Como	 regra,	 concedido	 agrément	 pelo	 acreditado,	 o	 Estado	 acreditante	 poderá	 nomear
livremente	 os	 membros	 da	 missão,	 que	 deverão	 ter,	 em	 princípio,	 nacionalidade	 do	 Estado
acreditante.	 O	 número	 de	membros	 poderá	 ser	 fixado	 em	 acordo	 expresso	 entre	 os	 Estados,	 ou,
ainda,	o	Estado	acreditado	poderá	exigir	que	o	efetivo	da	missão	seja	mantido	dentro	dos	limites	que
considere	razoável.
Direitos	da	missão	e	de	seu	Chefe:
a)	Uso	da	bandeira	e	escudo	do	Estado	acreditante	nos	locais	da	missão	e	na	residência	do	chefe
da	missão	e	meios	de	transporte	(art.	20	da	CVRD).
Inviolabilidades
a)	 Locais	 da	Missão.	 Agentes	 do	 Estado	 acreditado	 não	 poderão	 ingressar
sem	o	consentimento	do	Chefe	da	Missão	(art.	22,	n.	1,	da	CVRD).
b)	 Locais	 da	 missão,	 mobiliário	 e	 demais	 bens,	 meios	 de	 transporte,	 não
poderão	ser	objeto	de	busca,	apreensão,	embargo	ou	medida	de	execução	(art.
22,	n.	3,	CVRD).
c)	Arquivos	e	documentos	da	Missão,	em	qualquer	momento	ou	local	que	se
encontrem	(art.	24	da	CVRD);
d)	 Correspondência	 oficial	 da	 Missão	 é	 inviolável.	 O	 Estado	 acreditado
também	 deverá	 garantir	 a	 livre	 comunicação	 da	 Missão	 para	 todos	 os	 fins
oficiais	(art.	27,	n.	1.º	e	2.º,	da	CVRD).
e)	Mala	diplomática	não	poderá	ser	aberta	ou	retida	(que	poderá,	inclusive,
ser	confiada	ao	comandante	da	aeronave	–	art.	27,	n.	2,	da	CVRD).
f)	Bagagem	pessoal	do	agente	diplomático	não	está	sujeita	a	inspeção,	salvo
se	 existirem	motivos	 sérios	para	 crer	que	 ela	não	 contém	os	 objetos	para	uso
oficial	 da	 Missão	 ou	 cuja	 importação	 ou	 exportação	 esteja	 proibida	 pela
legislação	 do	 Estado	 acreditado,	 bem	 como	 aqueles	 sujeitos	 às	 regras	 de
quarentena.	Em	caso	de	inspeção	excepcional,	deverá	haver	presença	de	agente
diplomático	ou	representante	autorizado	(art.	36,	n.	2,	da	CVRD).
g)	 A	pessoa	 do	 agente	 diplomático	 é	 inviolável,	 não	 poderá	 ser	 objeto	 de
nenhuma	forma	de	detenção	ou	prisão	(art.	29	da	CVRD).
h)	 A	 residência	 particular	 do	 agente	 diplomático	 é	 inviolável.	 O	 direito
também	 se	 estende	 aos	 seus	 documentos,	 correspondência	 e	 bens	 (art.	 30	 da
CVRD).
a)	Estado	acreditante	e	o	Chefe	da	Missão	estão	isentos	de	todos	os	impostos
e	 taxas	 nacionais	 e	 regionais,	 sobre	 os	 locais	 da	 missão	 de	 que	 sejam
proprietários	ou	inquilinos,	salvo	os	que	representem	o	pagamento	de	serviços
Isenções
específicos	que	lhes	sejam	prestados	(art.	23,	n.	1,	da	CVRD).
b)	Direitos	e	emolumentos	 que	 a	missão	 perceba	 em	 razão	 da	 prática	 de
atos	oficiais	estarão	isentos	de	todos	os	impostos	ou	taxas	(art.	28	da	CVRD).
c)	 O	 agente	 diplomático,	 como	 regra,	 estará	 isento	 das	 disposições	 sobre
seguro	social	(art.	33,	n.	1,	da	CVRD).
d)	 O	 agente	 diplomático	 gozará	 de	 isenção	 de	 todos	 os	 impostos	 e	 taxas,
pessoais	ou	reais,	nacionais	ou	regionais,	salvo	impostos	e	taxas:	d.1)	 indiretos
incluídos	 nos	 preços	 das	mercadorias;	 d.2)	 sobre	 bens	 imóveis	 privados	 (não
seja	 para	 uso	 da	 Missão);	 d.3)	 decorrentes	 de	 direitos	 sucessórios;	 d.4)	 sobre
rendimentos	privados,	 inclusive	rendimentos	 sobre	capital	e	 investimentos	no
Estado	acreditado;	d.5)	serviços	específicos,	(art.	34	da	CVRD).
e)	 Os	 agentes	 diplomáticos	 estão	 isentos	 de	 prestações	 pessoais,	 serviço
público,	de	qualquer	natureza,	inclusive	obrigações	militares.
Imunidades
a)	O	agente	diplomático	gozará	de	imunidade	de	jurisdição	penal	do	Estado
acreditado	(art.	31,	n.	1,	da	CVRD).
b)	Também	haverá	 imunidade	de	 jurisdição	civil	e	administrativa,	salvo
quando	 se	 tratar	 de:	 b.1)	 ação	 real	 sobre	 imóvel	 privado	 não	 adquirido	 ou
utilizado	 para	 fins	 da	 Missão;	 b.2)	 ação	 sucessória	 na	 qual	 o	 agente	 figure	 a
título	 privado	 comoexecutor	 testamentário,	 administrador,	 herdeiro	 ou
legatário	(não	atua	em	nome	do	Estado,	mas	sim	em	defesa	de	direito	particular
próprio);	ou	ainda,	b.3)	ação	referente	a	qualquer	profissão	liberal	que	o	agente
tenha	exercício	fora	de	suas	atribuições	na	Missão.
Outros	direitos
a)	Uso	da	bandeira	e	escudo	do	Estado	acreditante	nos	locais	da	missão	e	na
residência	do	chefe	da	missão	e	meios	de	transporte	(art.	20	da	CVRD).
b)	 Estado	 acreditado	 dará	 todas	 as	 facilidades	 para	 o	 desempenho	 das
funções	da	Missão	(art.	25	da	CVRD).
c)	 Liberdade	 de	 circulação,	 salvo	 em	 locais	 definidos	 por	 lei	 ou
regulamento	como	sendo	de	acesso	proibido,	ou	regulamentado	por	motivo	de
segurança	nacional	(art.	26	da	CVRD).
d)	 Agende	 diplomático	 não	 é	 obrigado	 a	 prestar	 depoimento	 como
testemunha	(art.	31,	n.	2.º,	da	CVRD).
••	Renúncia	à	imunidade	de	jurisdição
Como	vimos	no	quadro	anterior,	os	agentes	da	missão	possuem	imunidade	de	 jurisdição	penal
(em	caráter	total)	e	imunidade	administrativa	e	civil	(com	algumas	exceções).
No	entanto,	de	forma	expressa,	o	Estado	acreditado	poderá	renunciar	à	imunidade.
Também	é	importante	destacar	sobre	a	imunidade	de	jurisdição:
a)	 Se	o	agente	diplomático	ou	pessoa	que	goza	da	 imunidade	de	 jurisdição	civil	ou	administra
inicia	uma	ação,	não	poderá	invocar	a	imunidade	de	jurisdição	para	uma	reconvenção	ligada	à	ação
principal.
b)	A	renúncia	à	imunidade	de	jurisdição	civil	e	administrativa	abrangem	à	ação	de	conhecimento
e	 execução.	 Assim,	 a	 renúncia	 da	 imunidade	 de	 uma	 ação	 de	 conhecimento	 não	 gera
automaticamente	renúncia	à	imunidade	quanto	às	medidas	de	execução	de	sentença.
••	Relações	consulares
A	Convenção	de	Viena	sobre	Relações	Consulares	(CVRC),	nos	mesmos	princípios	da	Convenção
anterior	que	regulou	as	questões	relativas	à	representação	dos	Estados	perante	outros,	determinou
regrar	 capazes	 de	 garantir	 imunidades	 e	 garantias	 para	 desempenho	 eficaz	 das	 funções	 das
repartições	consulares.
De	início,	a	Convenção	traz	as	seguintes	definições	(art.	1.º):
Repartição
consular Todo	consulado	geral,	consulado,	vice-consulado	ou	agência	consular.
Jurisdição
consular
O	 território	 atribuído	 a	 uma	 repartição	 consular	 para	 o	 exercício	 das	 funções
consulares.
Chefe	 de
repartição
consular
A	 pessoa	 encarregada	 de	 agir	 nessa	 qualidade.	 A	 função	 é	 dividida	 em	 quatro
categorias:	(a)	cônsules-gerais;	(b)	cônsules;	vice-cônsules;	(c)	agentes	consulares.
Funcionário
consular
Toda	 pessoa,	 inclusive	 o	 chefe	 da	 repartição	 consular,	 encarregada	 nesta
qualidade	 do	 exercício	 de	 funções	 consulares.	 São	 previstas	 duas	 categorias	 de
funcionários	consulares:	(a)	de	carreira;	(b)	e	os	honorários.
Empregado
consular
Toda	 pessoa	 empregada	 nos	 serviços	 administrativos	 ou	 técnicos	 de	 uma
repartição	consular.
Membro	 do
pessoal	 de
serviço
Toda	pessoa	empregada	no	serviço	doméstico	de	uma	repartição	consular.
Membro	 da
repartição
consular
Os	 funcionários	 consulares	 empregados	 consulares	 e	 membros	 do	 pessoal	 de
serviço.
Membros
do	 pessoal
consular
Os	 funcionários	 consulares,	 com	 exceção	 do	 chefe	 da	 repartição	 consular,	 os
empregados	consulares	e	os	membros	do	pessoal	de	serviço.
Membro	 do
pessoal
privado
A	 pessoa	 empregada	 exclusivamente	 no	 serviço	 particular	 de	 um	 membro	 da
repartição	consular.
Locais
consulares
Os	edifícios,	ou	parte	dos	edifícios,	e	terrenos	anexos,	que	qualquer	que,	seja	seu
proprietário,	 sejam	 utilizados	 exclusivamente	 para	 as	 finalidades	 da	 repartição
consular.
Arquivos
consulares
Todos	os	papéis,	documentos,	correspondência,	 livros,	 filmes,	 fitas	magnéticas	e
registros	da	repartição	consular,	bem	como	as	cifras	e	os	códigos,	os	 fichários	e	os
móveis	destinados	a	protegê-los	e	conservá-los.
As	relações	consulares	visam	especialmente	proteger	no	Estado	receptor	os	interesses	do	Estado
que	envia	e	os	interesses	de	seus	nacionais	(pessoas	físicas	ou	jurídicas),	com	respeito	às	regras	do
direito	internacional,	bem	como	(art.	5.º	da	CVRC	–	em	síntese):
a)	Fomentar	o	desenvolvimento	das	relações	comerciais,	econômicas,	culturais	e	científicas	entre
os	Estados,	bem	como	ser	fonte	de	informação	(por	meios	lícitos)	das	condições	de	evolução	de	tais
aspectos;
b)	 Expedir	passaporte	 e	documentos	de	viagem	aos	nacionais	do	Estado	que	 envia,	 bem	como
visto	e	documentos	de	viagem	para	aqueles	que	desejarem	viajar	para	o	Estado	que	envia;
c)	Prestar	assistência	aos	nacionais	que	se	encontrem	no	território	do	Estado	receptor;
d)	Atuar	como	notário	e	oficial	de	registro	civil	e	atividades	similares	(por	exemplo,	para	fazer
registros	de	filhos	de	brasileiros	nascidos	no	estrangeiro,	casamentos,	autenticações	de	documentos
etc.);
e)	 Representação	dos	 interesses	dos	nacionais	do	Estado	que	 envia,	 tomando	medidas	perante
tribunais,	 comunicar	 decisões	 judiciais	 e	 extrajudiciais	 e	 atos	 que	 viabilizem	 o	 cumprimento	 de
rogatórias;
f)	Direito	de	controle,	inspeção	e	assistência	sobre	as	embarcações	que	tenham	nacionalidade	do
Estado	que	envia,	bem	como	as	aeronaves	nele	matriculadas	(inclusive	a	tripulação).
Em	síntese,	é	importante	destacar	os	principais	pontos	acerca	das	relações	consulares:
a)	 O	 consentimento	 dado	 por	 um	 Estado	 para	 o	 estabelecimento	 de	 relações	 diplomáticas
implicará,	 como	 regra,	 consentimento	 para	 as	 relações	 consulares	 (salvo	 previsão	 expressa	 em
contrário).
b)	A	ruptura	das	relações	diplomáticas	não	acarretará	pelo	simples	fato	a	ruptura	das	relações
consulares.
c)	Os	chefes	de	repartição	consular	serão	nomeados	pelo	Estado	que	envia	e	serão	admitidos	na
função	pelo	Estado	receptor.
d)	 O	 chefe	 da	 repartição	 consular	 será	 munido,	 pelo	 Estado	 que	 envia,	 de	 documento	 que
comprove	 a	 sua	 qualidade	 na	 forma	 de	 ““carta-patente””	 ou	 documento	 similar	 que	 demonstre	 a
nomeação.
e)	 Recebida	 a	 “carta-patente”	 ou	 notificação	 e	 nomeação,	 o	 Estado	 receptor	 fará	 o	 juízo	 de
admissão	 do	 chefe	 da	 repartição.	 Admitido	 na	 função,	 o	 Estado	 receptor	 dará	 uma	 autorização
denominada	 ““	exequatur	 ””.	Até	 a	 concessão	do	exequatur,	 poderá	 ser	 concedida	uma	autorização
provisória	para	o	exercício	das	funções.
f)	O	Estado	receptor	poderá	negar	o	exequatur	sem	justificar	os	motivos.
g)	Uma	mesma	pessoa	poderá	ser	nomeada	como	funcionário	consular	por	um	ou	mais	Estados,
desde	que	exista	a	aceitação	do	Estado	receptor.
h)	Os	funcionários	consulares	deverão,	em	princípio,	ter	a	nacionalidade	do	Estado	que	os	envia.
O	 Estado	 receptor,	 excepcionalmente,	 poderá	 autorizar	 que	 seus	 nacionais	 sejam	 funcionários
consulares	de	outros	Estados	 em	 seu	 território	 (o	mesmo	 se	 aplica	 a	nacionais	de	 terceiro	Estado
diverso	daquele	que	envia).
Com	 a	 finalidade	 de	 garantir	 o	 pleno	 exercício	 das	 funções,	 a	 Convenção	 de	 Viena	 também
confere	 garantias	 e	 prerrogativas	 nas	 relações	 consulares.	 Em	 resumo,	 podemos	 destacar	 as
principais	facilidades,	privilégios	e	imunidades	aos	funcionários	consulares	de	carreira:
Inviolabilidades
a)	Locais	consulares	são	invioláveis.	As	autoridades	do	Estado	receptor	não
poderão	entrar	na	parte	dos	locais	onde	estiver	instalada	a	repartição,	ao	menos
que	obtenha	autorização	do	chefe	da	repartição.	O	consentimento	é	presumido
em	caso	de	incêndio	ou	outra	situação	que	demande	proteção	imediata.
b)	 Arquivos	 e	 documentos	 consulares	 são	 invioláveis	 sempre	 (art.	 24	 da
CVRC).
c)	O	Estado	 receptor	 garantirá	 a	 liberdade	de	movimento,	 sem	prejuízo	de
suas	 leis	 e	 regulamentos	 relativos	 a	 locais	 de	 acesso	 limitado	 ou	 proibido	 em
razão	de	segurança	nacional	(art.	26	da	CVRC).
d)	A	correspondência	oficial	da	repartição	consular	é	inviolável	(art.	27,	n.2,
da	CVRC).
e)	A	mala	consular	não	poderá	ser	aberta	ou	retida.	Em	casos	excepcionais,
as	autoridades	do	Estado	receptor	poderão	solicitar	que	a	mala	seja	aberta,	na
presença	de	representante	autorizado	do	Estado	que	envia,	por	entender	conter
nela	objetos	estranhos	à	atividade.	Em	caso	de	recusa,	a	mala	será	devolvida	à
origem.
f)	 Funcionários	 consulares	 não	 poderão	 ser	 detidos	 ou	 presos
preventivamente,	exceto	em	caso	de	crime	grave	e	em	decorrência	de	decisão	de
autoridade	judiciária	competente.
a)	Locais	consulares,	residência	do	chefe	da	repartição	consular	de	carreira
(de	propriedade	do	Estado	que	envia	ou	pessoa	em	seu	nome),	estarão	 isentos
de	 quaisquer	 impostos	 ou	 taxas	 nacionais	 ou	 regionais.	 Poderão	 ser	 cobradas
taxas	 por	 serviços	 específicos	 prestados	 (como	 exemplo,	 fornecimento	 de
Isenções serviços	públicos).
b)	 Os	 membros	 da	 repartição	 consular	 estão	 isentos	 de	 registro	 de
estrangeiro	e	autorização	de	residência,	bem	como	de	autorização	de	trabalho.
Como	regra,	os	membros	não	estarão	sujeitos	ao	regime	de	previdência	social	do
Estado	receptor.
Imunidades
a)	Os	funcionários	consulares	e	os	empregados	consulares	não	estão	sujeitos
à	 jurisdição	 das	 autoridades	 judiciárias	 e	 administrativas	 do	 Estado	 receptor
pelos	 atos	 que	 realizarem	 em	 razão	 das	 funções	 consulares,	 salvo	 no	 caso	 de
ações	cíveis:
a.1)	que	resultem	em	contrato	que	o	funcionário	ou	empregado	consular	não
tiver	 realizado	 como	 agente	 do	 Estado	 que	 envia	 (contratos	 ou	 negócios
particulares);
a.2)	 por	 danos	 decorrentes	 de	 acidente	 de	 veículo,	 navio	 ou	 aeronave,
ocorrido	no	Estado	receptor.
Os	membros	de	uma	repartição	consular	não	serão	obrigados	a	depor	sobre
fatos	 relacionados	 ao	 exercício	 da	 função,	 nem	 exibir	 correspondência	 e
documentos	oficiais	(poderão	depor	sobre	fatos	alheios	à	função).
Outros	direitos
a)	 Estado	 que	 envia	 terá	 o	 direito	 de	 atualizar	 sua	 bandeira	 e	 escudos
nacionais	no	Estado	receptor	nos	locais	de	atividade	da	repartição	consular	(art.
29,	 n.	 1,	 da	 CVRC).	 Também	 se	 aplica	 ao	 local	 de	 residência	 do	 chefe	 da
repartição	 e	 em	 seus	 meios	 de	 transporte,	 quando	 utilizados	 em	 serviços
oficiais.
b)	Comunicação	com	os	nacionais	do	Estado	que	envia.
c)	 Receber	 informações	 em	 casos	 de	 morte,	 tutela,	 curatela,	 naufrágio	 e
acidente	aéreo,	de	interesse	do	Estado	que	envia	ou	seus	nacionais.
d)	A	repartição	consular	poderá	cobrar	direitos	e	emolumentos	em	razão	do
exercício	de	sua	atividade,	em	conformidade	com	as	 leis	do	Estado	que	envia.
Tais	valores	estarão	isentos	de	impostos	ou	taxas.
••	Exercício	de	funções	consulares	pelas	missões	diplomáticas
O	 art.	 70	 da	 Convenção	 de	 Viena	 sobre	 Relações	 Consulares,	 de	 1963	 prevê	 a	 possibilidade	 e
regras	para	que	as	missões	diplomáticas	possam	cumular	também	a	função	consular.	Muitas	vezes,
o	 Estado	 envia	 para	 outro	 uma	 missão	 única,	 com	 função	 de	 exercer	 a	 representatividade	 dos
interesses	do	Estado	(diplomática)	e	também	a	defesa	dos	interesses	de	seus	nacionais	(consulares),
com	cumulação	de	atividades	e,	evidentemente,	com	garantia	dos	direitos	e	prerrogativas	constantes
em	ambas	as	Convenções.
DIREITO	DOS	TRATADOS
••	Tratados	sobre
a)	 2.ª	 Convenção	 de	 Viena	 sobre	 Direito	 dos	 Tratados,	 de	 1986:	 inclui	 as	 organizações
internacionais	nas	regras	de	celebração	de	tratados	internacionais.
b)	Convenção	de	Havana	sobre	Tratados:	celebrada	em	Cuba	em	1929	–	assinada	e	aprovada	pelo
Brasil	(Decreto	18.956/1929).
••	 Conceito	 de	 tratado	 (Convenção	 de	 Viena):	 é	 dado	 pelo	 art.	 2.º	 da	 Convenção	 de	 Viena,
fundado	nos	elementos	que	constituem	um	tratado	internacional	(seis	elementos):
a)	Acordo	internacional;
b)	Celebrado	por	escrito;
c)	Entre	sujeitos	do	direito	internacional;
d)	Regido	pelo	DIP;
e)	Previsto	em	único	ou	múltiplos	instrumentos;
f)	Qualquer	denominação	(os	tratados,	como	regra,	são	inominados).
••	Iter	de	formação	dos	tratados	internacionais
Os	 tratados	solenes,	 conforme	a	Convenção	de	Viena	e	o	ordenamento	 interno	de	cada	Estado,
observarão	as	seguintes	fases	de	formação:
a)	 1.º	 Negociação	 e	 assinatura:	 discussão	 que	 antecede	 à	 adoção	 do	 texto,	 seguida	 para	 a
subscrição	das	partes.	A	assinatura	gera	obrigação,	é	ato	que	depende	de	confi	rmação	posterior	(ato
ad	 referendum).	 Capacidade	 para	 a	 negociação	 e	 assinatura	 do	 tratado	 internacional	 (art.	 7.º	 da
Convenção	de	Viena).	Têm	plenos	poderes:
i)	Agentes	investidos	de	função	própria	de	representação	de	Estado	(§	2.º),	sendo	eles:	os	chefes
de	 Estado,	 chefes	 de	 governo	 e	 ministros	 das	 Relações	 Exteriores,	 para	 todos	 os	 atos	 relativos	 à
conclusão	de	um	 tratado;	 os	 chefes	de	missão	diplomática,	para	a	adoção	do	 texto	de	um	 tratado
entre	 o	 Estado	 acreditante	 e	 o	 Estado	 acreditado;	 os	 representantes	 acreditados	 pelos	 Estados
perante	 uma	 conferência	 ou	 organização	 internacional	 ou	 um	 de	 seus	 órgãos,	 para	 a	 adoção	 do
texto	de	um	tratado	em	tal	conferência,	organização	ou	órgão;
ii)	Agente	que	apresentar	carta	de	plenos	poderes	(i.e.,	plenipotenciário);
iii)	Agente	que	pela	prática	dos	Estados	 interessados	ou	outras	circunstâncias	 indicarem	que	a
intenção	do	Estado	era	considerar	essa	pessoa	como	seu	representante	para	esses	fins,	e	dispensar
os	plenos	poderes.
b)	2.º	Referendo	do	Congresso	Nacional	 (ocorre	no	Brasil):	 assinado	perante	 a	 comunidade
internacional,	 é	 comunicado	 o	 Congresso	 Nacional	 para	 que	 dê	 início	 ao	 processo	 interno	 de
referendo	do	tratado	(art.	49,	I,	da	CF/1988).
c)	3.º	Ratificação	(	ratum	efficere	=	tornar	válido	=	aceitação):	Realizada	pelo	Chefe	de	Estado
ou	 Chefe	 de	 Governo,	 como	 ato	 discricionário,	 expresso	 (não	 é	 presumido	 ou	 implícito),	 gera
obrigação	ao	Estado	(caracteriza	a	aceitação	do	tratado,	confirma	a	assinatura),	gera	efeito	ex	nunc
(as	obrigações	não	terão	efeito	retroativo).
d)	 4.º	 Promulgação	 e	 publicação	 (fase	 interna	 no	 Brasil):	 realizados	 pelo	 Presidente	 da
República,	 por	meio	 de	 Decreto,	 com	 a	 finalidade	 de	 determinar	 a	 executoriedade	 do	 tratado	 no
ordenamento	interno.	Após	a	promulgação,	o	tratado	será	publicado	no	Diário	Oficial	da	União.
e)	5.º	Depósito	(ou	registro):	assinado	o	tratado,	deverá	ser	arquivado	perante	o	Secretariado-
Geral	da	ONU,	sob	pena	de	ineficácia	perante	os	órgãos	da	ONU.
••	Classificação	dos	tratados:	Nascimento	e	Silva	e	Accioly	mencionam	que:	“Várias	classificações
têm	 sido	 utilizadas	 para	 os	 contratos”.	 Uma	 classificação,	 bastante	 simples	 citada	 por	 Bregalda
Neves,	divide	os	tratados	da	seguinte	forma:
a)	Forma:
––	Tratados	solenes:	que	observam	um	iter	de	formação;
––	Tratados	simples:	forma	simples,	bastando	a	assinatura.
b)	Quantidade	de	contratantes:
––	Bilaterais:	duas	partes;
––	Multilaterais:	com	três	ou	mais	partes.
c)	Execução	no	tempo	no	tempo:
––	Tratados	permanentes:	 são	aqueles	de	execução	prolongada	no	 tempo	e	que	criam	relações
jurídicas	dinâmicas;
––	Transitórios:	aqueles	cuja	execução	é	limitada	no	tempo	e	geram	relação	jurídica	estática.
d)	Possibilidade	de	adesão:
––	Tratados	abertos:	aqueles	que	admitem	adesões	de	novos	membros	ou	partes;
––	Tratados	fechados:	não	admitem	adesões.
e)	Matéria:
––	Tratados	comuns:	por	exclusão,	são	aqueles	que	não	possuem	matéria	específica,	como	ocorre
com	os	de	Direitos	Humanos;
––	Tratados	de	Direitos	Humanos.
••	Extinção	dos	tratados	(também	com	Gustavo	Belgrada):
a)	Término	do	prazo	previsto	no	tratado;
b)	Consentimento	das	partes	(art.	54	da	Convenção	de	Viena);
c)	Cumprimento	ou	execução	(consumação);
d)	Condição	resolutiva;
e)	 Impossibilidade	 de	 execução	 (art.	 61	 da	 Convenção	 de	 Viena)	 o	 surgimento	 de	 causa
superveniente	que	impossibilitea	execução	do	tratado	gerará	a	resolução	do	tratado;
f)	Quebra	das	relações	diplomáticas	e	consulares:	o	art.	74	da	Convenção	de	Viena	estabelece	que
o	rompimento	das	relações	internacionais	entre	os	Estados-partes	no	tratado,	quando	essencial	para
sua	eficácia,	leva	à	resolução	do	pacto;
g)	Denúncia	ao	tratado:	manifestação	unilateral,	expressa	e	inequívoca	da	intenção	de	retirar	do
tratado,	com	antecedência	de	doze	meses	(art.	56	da	Convenção	de	Viena).
••	Consequências	da	extinção	(art.	70	da	Convenção	de	Viena):
a)	Liberação	das	partes	quanto	às	obrigações;
b)	Não	gera	prejuízo	às	situações	jurídicas	criadas	com	a	execução	do	tratado.
••	Hierarquia	dos	tratados	no	DIP
Diante	do	 entendimento	do	 STF,	 podemos	 incluir	 os	 tratados	 internacionais	na	nova	pirâmide
jurídica	da	seguinte	forma:
Matéria Forma	 do	 referendo	 (processolegislativo)
Hierarquia	 do	 tratado	 no
ordenamento	interno
Tratado
em
matéria
comum
Decreto
legislativo	 (art.
49,	 I,	 da
CF/1988)
Congresso	 Nacional
(maioria	simples) Norma	federal	infraconstitucional
Tratado
sobre
Direitos
Humanos
Decreto
legislativo	 (art.
49,	 I	 e	 art.	 5.º,	 §
2.º,	da	CF/1988)
Nacional	 (maioria
simples)
Norma	 supralegal	 (bloco	 de
constitucionalidade)
Exemplo:	 Pacto	 de	 São	 José	 da
Costa	Rica
Emenda
Constitucional
(art.	5.º,	§	3.º,	da
CF/1988)
Votação	 nas	 duas
casas,	 em	 dois	 turnos,
com	aprovação	por	3/5
dos	votos.
Norma	constitucional
Exemplo:	Convenção	sobre	Direito
dos	 Deficientes	 Físicos	 –	 Decreto
Legislativo	 186/2008	 (procedimento
de	emenda)
DOMÍNIO	INTERNACIONAL:	DIREITO	DO	MAR
O	 direito	 do	 mar	 está	 regulado	 pela	 Convenção	 das	 Nações	 Unidas	 sobre	 o	 Direito	 do	 Mar,
assinada	em	Montego	Bay,	Jamaica,	1982.
••	Faixas	marítimas
a)	 Mar	 territorial:	 faixa	 de	 12	 milhas	 marítimas,	 na	 qual	 o	 Estado	 costeiro	 exercerá	 total
soberania,	 também	 se	 aplicando	 para	 os	 Estados	 arquipélagos.	 A	 extensão	 do	 mar	 territorial	 é
medida	a	partir	da	 linha	de	base,	 correspondente	à	baixa-mar	 (art.	 3.º	 da	Convenção	de	Montego
Bay).
b)	Zona	contígua:	faixa	seguinte	ao	mar	territorial,	com	extensão	de	12	milhas	marítimas	com	a
contagem	da	 linha	 de	 base	 (se	 estende	 das	 12	 às	 24	milhas	marítimas	 –	 art.	 33	 da	 Convenção	 de
Montego	 Bay).	 Na	 zona	 contígua	 o	 Estado	 exerce	 apenas	 poder	 de	 fiscalização,	 para	 que	 possa
garantir	a	soberania	na	primeira	faixa.
c)	Zona	Econômica	Exclusiva:	art.	56	da	Convenção	estabelece	que	a	Zona	Econômica	Exclusiva
compreende	faixa	em	que	o	Estado	costeiro	poderá	realizar	a	exploração	exclusiva	de	recursos	vivos
e	 não	 vivos	 (por	 exemplo,	 a	 pesquisa	 científica	 marinha,	 a	 pesca,	 a	 prospecção	 e	 extração	 de
petróleo,	colocação	de	ilhas	artificiais	ou	plataformas	marítimas	etc.).	A	ZEE	não	poderá	exceder	200
milhas	marítimas,	contadas	a	partir	da	linha	de	base.	Considerando	200	milhas	marítimas	a	ZEE	se
sobrepõe	ao	mar	territorial	e	à	zona	contígua.
d)	Alto	mar	 (““águas	 internacionais””):	 equivale	 a	 toda	 parte	 do	mar	 não	 compreendida	 pelas
faixas	anteriormente	mencionadas,	águas	interiores	ou	águas	arquipelágicas	(art.	86	da	Convenção
de	Montego	 Bay).	 As	 águas	 internacionais	 estão	 abertas	 para	 todos	 os	 Estados,	 costeiros	 ou	 não,
condicionando	apenas	ao	uso	responsável	e	não	ofensivo	à	paz	e	segurança	do	mundo	(uso	pacífico).
O	uso	do	alto	mar	compreende	(art.	87):
i)	Liberdade	de	navegação;
ii)	Liberdade	de	sobrevoo;
iii)	Liberdade	de	colocar	cabos	e	ductos	submarinos;
iv)	 Liberdade	 de	 construir	 ilhas	 artificiais	 e	 outras	 instalações	 permitidas	 pelo	 Direito
Internacional;	liberdade	de	pesca;	liberdade	de	investigação	científica	marinha.
e)	Plataforma	continental:	abrange	o	leito	e	o	subsolo	das	áreas	submarinas	que	se	estendem
além	do	mar	territorial,	em	toda	a	extensão	do	prolongamento	natural	de	seu	território	terrestre,	até
ao	bordo	exterior	da	margem	continental	ou	até	uma	distância	de	200	milhas	marítimas	das	linhas
de	 base	 do	 mar	 territorial.	 A	 plataforma	 continental	 representa	 área	 de	 exploração	 e
aproveitamento	exclusivo	dos	recursos	naturais.
••	 Solução	 de	 controvérsias	 decorrentes	 da	 Convenção	 de	 Montego	 Bay:	 Órgãos	 com
competência	para	fiscalização	e	cumprimento	da	Convenção:
a)	Autoridade	Internacional	para	os	Fundos	Marinhos,	sediada	em	Kingston,	Jamaica;
b)	Tribunal	Internacional	sobre	Direito	do	Mar,	sediado	em	Hamburgo,	Alemanha;
c)	 Comissão	 dos	 Limites	 da	 Plataforma	 Continental,	 instalada	 na	 Sede	 das	 Nações	 Unidas,	 em
Nova	York.
NACIONALIDADE
A	nacionalidade	representa	o	vínculo	jurídico	existente	entre	o	indivíduo	o	e	Estado,	fazendo	do
sujeito	 um	 integrante	 do	 povo.	 Assim,	 as	 questões	 relativas	 à	 nacionalidade	 são	 inerentes	 à
soberania	de	cada	Estado.
••	Critérios	de	fixação	da	nacionalidade
a)	Originária	 (primária):	quando	decorrente	do	 ius	 soli	 (local	do	nascimento)	 ou	 ius	 sanguini
(origem	sanguínea	do	sujeito).
b)	 Adquirida	 (secundária	 ou	 decorrente):	 poderá	 ser	 adquirida	 quando	 recebida	 por
naturalização.
••	Nacionalidade	brasileira
Brasileiro
(art.	 12	 da
CF/1988)
Nato	(Inc.	I)
a)	Nascidos	no	Brasil,	ainda	que	de	pais	estrangeiros,	salvo
os	 filhos	 de	 pai	 ou	mãe	 que	 esteja	 a	 serviço	 de	 outro	 país	 –
neste	caso,	a	Constituição	Federal	adotou	o	critério	do	ius	soli;
b)	Nascido	no	estrangeiro,	 filho	de	pai	ou	mãe	brasileiros,
desde	que	qualquer	um	deles	esteja	a	serviço	do	Brasil;
c)	Nascido	no	 estrangeiro,	 filho	 de	pai	 ou	mãe	brasileiros,
desde	 que	 sejam	 registrados	 na	 repartição	 competente
(registro	consular);
d)	Nascido	no	estrangeiro,	 filho	de	pai	ou	mãe	brasileiros,
desde	 que	 venham	 a	 fazer	 a	 opção	 pela	 nacionalidade
brasileira,	atendidos	os	requisitos	(residência	e	maioridade).
a)	 Originários	 de	 países	 de	 língua	 portuguesa	 apenas
Brasileiro
(art.	 12	 daa)
CF/1988)
Naturalizados
(Inc.	II)
residência	por	um	ano	ininterrupto	e	idoneidade	moral;
b)	De	qualquer	nacionalidade,	residentes	na	República
Federativa	do	Brasil	há	mais	de	quinze	anos	ininterruptos	e
sem	condenação	penal,	desde	que	requeiram	a	nacionalidade
brasileira.
Brasileiro
(art.	 12	 da
CF/1988)
Naturalizados
(Inc.	II)
Requisitos	 exigidos	 pelo	 Estatuto	 do	 Estrangeiro	 (Lei
6.815/1980	–	art.	112):
1)	Capacidade	civil,	segundo	a	lei	brasileira;
2)	Estar	registrado	como	permanente	no	Brasil;
3)	 Ler	 e	 escrever	 a	 língua	 portuguesa,	 consideradas	 as
condições	do	naturalizando;
4)	 Exercício	 de	 profissão	 ou	 posse	 de	 bens	 suficientes	 à
manutenção	própria	e	da	família;
5)	Bom	procedimento;
6)	Boa	saúde	(salvo	para	aqueles	que	estiverem	no	Brasil	há
pelo	menos	2	anos).
••	Distinções	entre	brasileiros	natos	e	naturalizados:	apenas	a	Constituição	Federal	pode	impor
tratamento	diferenciado	entre	os	brasileiros	natos	e	naturalizados,	o	que	faz	nos	seguintes	casos:
a)	 Cargos	 privativos	 de	 brasileiros	 natos:	 apenas	 os	 natos	 poderão	 ocupar	 os	 cargos	 de
Presidente	e	Vice-Presidente	da	República;	de	Presidente	da	Câmara	dos	Deputados;	de	Presidente
do	Senado	Federal;	de	Ministro	do	Supremo	Tribunal	Federal;	da	carreira	diplomática;	de	oficial	das
Forças	Armadas;	de	Ministro	de	Estado	da	Defesa.
b)	 Participação	 em	empresa	de	 comunicação	 social:	 o	 art.	 222	 da	 CF/1988	 determina	 que	 o
brasileiro	naturalizado	apenas	poderá	 ter	participação	em	empresa	de	 comunicação	 social	após	o
prazo	de	10	(dez)	anos	da	naturalização.
c)	 Extradição:	 o	 brasileiro	 nato	 não	 poderá	 ser	 extraditado.	 O	 brasileiro	 naturalizado,
excepcionalmente,	poderá	sofrer	extradição	nos	casos	em	que	o	crime	for	anterior	à	naturalização
ou	por	envolvimento	em	tráfico	de	entorpecentes	ou	drogas.
••	Perda	da	nacionalidade	brasileira:	o	brasileiropoderá	perder	a	nacionalidade:
a)	Cancelamento	da	naturalização:	naturalizado	poderá	ter	sua	nacionalidade	cancelada,	por
meio	 de	 sentença	 transitada	 em	 julgado,	 por	 exercer	 atividade	 nociva	 aos	 interesses	 nacionais	 (
perda-punição).	A	reaquisição	apenas	se	dará	por	meio	de	ação	rescisória.
b)	 Aquisição	 voluntária	 de	 outra	 nacionalidade:	 o	 brasileiro	 nato	 ou	 naturalizado	 que
adquirir	 outra	 nacionalidade	 (dupla	 nacionalidade),	 por	 ato	 voluntário,	 perderá	 a	 nacionalidade
brasileira	(	perda-mudança).
••	Dupla	nacionalidade:	é	admitida	excepcionalmente	pela	Constituição,	quando:
a)	A	outra	nacionalidade	for	originária	(	ius	soli	ou	do	ius	sanguini);
b)	A	outra	nacionalidade	for	requisito	de	permanência	ou	de	exercício	de	direitos	civis	no	país
cuja	segunda	nacionalidade	foi	requerida.
ESTRANGEIRO
••	Estrangeiro:	é	aquele	que	não	é	nacional	de	um	Estado	(forasteiro	ou	alienígena).
••	Apátrida:	é	indivíduo	não	vinculado	a	nenhum	Estado.
••	 Tratamento	 aos	 portugueses:	 recebem	 tratamento	 diferenciado	 em	 relação	 aos	 demais
estrangeiros,	partindo	tal	prerrogativa	da	própria	Constituição	Federal,	nos	termos	do	art.	12,	§	1.º
(redação	dada	pela	EC	03/1994).	Garante-se	aos	portugueses	no	Brasil,	se	houver	reciprocidade	em
favor	 de	 brasileiros	 em	 Portugal,	 que	 lhes	 serão	 atribuídos	 os	 mesmos	 direitos	 inerentes	 aos
brasileiros,	 salvo	naqueles	casos	em	que	a	própria	Constituição	reserva	o	direito	a	brasileiro	nato
(quase-nacionalidade).
••	Estatuto	da	Igualdade	(Brasil	e	Portugal):	(Dec.	3.927/2001	–	Porto	Seguro/BA,	abril	de	2000),
Brasil	 e	 Portugal	 renovaram	 o	 Estatuto	 de	 Igualdade	 em	 novo	 Acordo	 de	 Amizade	 entre	 os	 dois
países,	sendo	relevante	citar	os	seguintes	direitos:
a)	Inviolabilidade	da	nacionalidade	de	origem;
b)	Inviolabilidade	dos	direitos	do	Estado	de	origem;
c)	Procedimento	para	reconhecimento	da	igualdade:	mediante	decisão	do	Ministério	da	Justiça,
no	Brasil,	e	do	Ministério	da	Administração	Interna,	em	Portugal,	aos	brasileiros	e	portugueses	que	o
requeiram,	desde	que	civilmente	capazes	e	com	residência	habitual	no	país	em	que	ele	é	requerido;
d)	Cessação	da	igualdade	se	houver	perda	da	nacionalidade;
e)	Exercício	de	direitos	políticos;
f)	Não	abrangência	àqueles	que	tiverem	perdido	os	direitos	políticos	no	país	de	origem;
g)	Suspensão	dos	direitos	políticos	no	Estado	de	origem;
h)	Jurisdição	penal	e	extradição:	os	beneficiários	pelo	Estatuto	da	Igualdade	ficam	submetidos	à
lei	penal	do	Estado	de	residência	nas	mesmas	condições	em	que	os	respectivos	nacionais	e	não	estão
sujeitos	à	extradição,	salvo	se	requerida	pelo	Governo	do	Estado	da	nacionalidade	(art.	18	do	Dec.
3.927/2001	–	Estatuto	da	Igualdade);
i)	Serviço	militar	apenas	no	país	de	nacionalidade	(art.	19	do	Dec.	3.927/2001);
j)	Proteção	diplomática	do	país	de	nacionalidade	(art.	20	do	Dec.	3.927/2001);
k)	Uso	de	documentos	pessoais	próprios	dos	nacionais.
••	Ingresso	no	Brasil
O	 Estatuto	 do	 Estrangeiro	 (Lei	 6.815/1980),	 textualmente,	 prevê	 as	 seguintes	 modalidades	 de
vistos	para	ingresso	de	estrangeiro	no	território	nacional:
a)	trânsito	–	visto	apenas	para	passagem	do	estrangeiro	que	se	desloca	para	outro	país	(art.	8.º
do	EE).	Válido	para	estada	de	10	dias.	O	visto	de	trânsito	será	dispensado	para	as	situações	de	mera
escala	ou	conexão	(art.	8.º,	§	2.º,	do	EE);
b)	 turismo	 –	 entrada	 e	 permanência	 do	 estrangeiro	 que	 venha	 para	 o	 Brasil	 em	 caráter
recreativo	ou	de	visita	(art.	9.º	do	EE).
c)	temporário	–	 são	concedidos	com	o	objetivo	de	permitir	ao	estrangeiro	 (art.	13	e	 incisos	do
EE):
I	–	viagem	cultural	ou	missão	de	estudos	(isso	para	tempo	necessário);
II	–	viagem	de	negócios	(para	estada	de	90	dias);
III	–	condição	de	artista	ou	desportista	(para	estada	de	90	dias);
IV	 –	 condição	 de	 estudante	 (para	 estada	 de	 até	 um	 ano,	 prorrogável	 mediante	 prova	 da
necessidade	para	aproveitamento	escolar	e	de	matrícula);
V	–	condição	de	cientista,	professor,	técnico	ou	profissional	de	outra	categoria,	com	contrato	ou	a
serviço	 do	 governo	 brasileiro	 (prazo	 de	 duração	 da	 atividade,	 comprovada	 perante	 a	 autoridade
consular,	observado	o	disposto	na	legislação	trabalhista);
VI	–	correspondente	de	jornal,	revista,	rádio,	televisão	ou	agência	de	notícia	estrangeira	(prazo	de
duração	da	missão,	do	contrato	ou	da	prestação	do	serviço);
VII	 –	 religioso	 ou	 membro	 de	 instituto	 de	 vida	 consagrada	 e	 de	 congregação	 ou	 de	 ordem
religiosa	(prazo	de	até	um	ano).
d)	permanente	–	visto	que	autoriza	que	o	estrangeiro	estabeleça	residência	no	Brasil.	Hipótese
que	 implica	 imigração	 –	 visto	 sujeito	 às	 regras	 do	 Conselho	 Nacional	 de	 Imigração.	 O	 visto
permanente	 será	 concedido	 pelo	 prazo	 não	 superior	 a	 cinco	 anos,	 condicionada	 a	 concessão	 ao
exercício	de	atividade	certa	e	à	fixação	em	região	determinada	do	território	nacional	(art.	18	do	EE).
e)	cortesia,	oficial	ou	diplomático	–	uso	definido	pelo	Ministério	das	Relações	Exteriores	(art.
19	do	EE).
Por	 fim,	o	Estatuto	do	Estrangeiro	determina	que	não	será	concedido	visto	ao	estrangeiro	 (art.
7.º):	(a)	menor	de	18	anos,	desacompanhado	do	responsável	legal	ou	sem	autorização	expressa;	(b)
aquele	que	for	considerado	nocivo	à	ordem	pública	ou	aos	interesses	nacionais;	(c)	que	foi	expulso
do	 Brasil,	 salvo	 se	 houve	 decreto	 de	 revogação;	 (d)	 condenado	 ou	 processado	 em	 outro	 país	 por
crime	doloso,	passível	de	extradição,	segundo	a	lei	brasileira;	(e)	que	não	satisfaça	as	condições	de
saúde	estabelecidas	pelo	Ministério	da	Saúde.
••	 Medidas	 compulsórias	 impostas	 aos	 estrangeiros:	 o	 forasteiro,	 segundo	 o	 Estatuto	 do
Estrangeiro,	está	sujeito	às	seguintes	medidas	compulsórias:
a)	Deportação:	saída	compulsória	do	estrangeiro	do	território	nacional	em	razão	de	seu	ingresso
ou	permanência	irregulares	(art.	58	da	Lei	6.815/1980	–	Estatuto	do	Estrangeiro).	A	deportação	tem
cabimento	quando	o	 estrangeiro	 se	 recusa	 a	 sair	 voluntariamente	 do	país	 (é	medida	 individual	 e
sobre	pessoa	determinada).
b)	Expulsão:	 representa	 saída	 compulsória	 do	 estrangeiro	 do	 território	 nacional	 pelo	 fato	 do
alienígena	estar	perturbando	a	ordem	pública.	O	art.	65	do	Estatuto	do	Estrangeiro	–	determina	que
caberá	a	expulsão	quando	o	estrangeiro	atentar	contra	a	 segurança	nacional,	a	ordem	pública	ou
social,	a	tranquilidade	ou	moralidade	pública	e	a	economia	popular	ou	com	comportamento	que	o
torne	nocivo	à	convivência	e	aos	interesses	nacionais.
i)	praticar	fraude	a	fim	de	obter	a	sua	entrada	ou	permanência	no	Brasil;
ii)	havendo	entrado	no	território	nacional	com	infração	à	lei,	dele	não	se	retirar	no	prazo	que	lhe
for	determinado	para	fazê-lo,	não	sendo	aconselhável	a	deportação;
iii)	entregar-se	à	vadiagem	ou	à	mendicância;	ou
iv)	desrespeitar	proibição	especialmente	prevista	em	lei	para	estrangeiro.
A	expulsão	deverá	ser	precedida	de	procedimento	administrativo	perante	o	Ministério	da	Justiça,
com	 garantia	 de	 contraditório	 e	 ampla	 defesa.	 Por	 fim,	 é	 expedido	 pelo	 Ministro	 (delegação	 do
Presidente)	 o	 decreto	 de	 expulsão	 (executado	 pela	 Polícia	 Federal).	 O	 reingresso	 do	 expulso
caracterizará	crime	(art.	338	do	CP).
c)	Extradição:	 ato	 estatal	 de	 remessa	 de	 um	 indivíduo	 para	 outro	 Estado,	 para	 que	 possa	 ser
julgado	ou	para	cumprir	pena	regulamente	imposta.	A	extradição	poderá	ser:
i)	Ativa:	 o	 Brasil	 é	 quem	 faz	 o	 requerimento.	 Essa	modalidade	 de	 extradição	 é	 formulada	 ao
Ministério	da	Justiça,	que,	por	meio	do	Ministério	das	Relações	Exteriores,	remete	o	pedido	ao	país
em	que	se	encontra	o	indivíduo;	e
ii)	Passiva:	o	Brasil	é	o	destinatário	do	pedido	de	extradição,	isso	pelo	fato	de	o	indivíduo	estar
no	 território	 nacional.	 A	 extradição	 passiva	 é	 recebida	 no	 Brasil	 por	 meios	 diplomáticos	 e
encaminhada	paradecisão	do	Supremo	Tribunal	Federal.	Importante	lembrar	sobre	a	extradição:
••	Depende	da	existência	de	tratado	entre	os	Estados;
••	 Depende	 da	 observância	 do	 processo	 penal,	 que	 resulte	 em	 condenação	 à	 pena	 privativa	 de
liberdade	superior	a	um	ano	de	reclusão;
••	 Similitude	 de	 crime	 e	 dupla	 punibilidade.	 O	 fato	 que	 fundamenta	 a	 extradição	 tem	 que	 ser
crime	e	punível	no	Brasil	e	no	Estado	requerente;
••	Decreto	da	prisão	contra	o	extraditando,	expedido	por	juízo	ou	tribunal	competente;
••	 Não	 ter	 ocorrido	 a	 extinção	 da	 punibilidade,	 nos	 termos	 da	 legislação	 brasileira	 ou	 a	 lei	 do
Estado	que	requer	a	extradição;
••	Não	estar	o	extraditando	respondendo	a	processo	ou	 já	 condenado	ou	absolvido	no	país	que
requer	a	extradição	pelo	mesmo	fato	em	que	se	fundar	o	pedido;
••	O	fato	não	pode	constituir	crime	político;
••	O	extraditando	não	houver	de	responder,	no	Estado	requerente,	perante	Tribunal	ou	juízo	de
exceção;
••	Caberá	a	extradição	de	estrangeiro	ou,	excepcionalmente,	de	brasileiro	naturalizado,	quando	o
crime	comum	for	anterior	à	naturalização	ou	por	envolvimento	em	tráfico	de	entorpecentes.
Em	síntese,	podemos	destacar	as	seguintes	distinções	entre	as	três	medidas	compulsórias:
Deportação Expulsão Extradição
Art.	 76.	 Entrega	 do
estrangeiro	 às	 autoridades
Art.	57.	Saída	compulsória.
Ato	 unilateral	 do	 Estado
em	 que	 se	 encontra	 o
estrangeiro.
Art.	65.	Saída	compulsória.
Ato	unilateral	 do	Estado	 em	que
se	encontra	o	estrangeiro.
estrangeiras,	 em	 razão	 de
Tratado	 ou	 promessa	 de
reciprocidade	–	 cooperação
judiciária.
Ato	 bilateral	 –
requerimento	 e
deferimento.
Entrada	 ou	 permanência
irregulares	do	estrangeiro.
Estrangeiro	 que	 atenta	 contra	 a
ordem	 ou	 segurança	 nacional,
perturbe	 a	 tranquilidade	 ou
moralidade	e	a	economia	popular.
Também	 poderá	 ser	 expulso	 o
estrangeiro	 que:	 praticar	 fraude
para	 ingressar	 ou	 permanecer	 no
território	 nacional;	 se	 dedicar	 à
vadiagem	 ou	 à	 mendicância;
desrespeitar	 proibição	 imposta	 ao
estrangeiro.
Prática	 de	 crime	 pelo
estrangeiro.
Representa	 pedido
formulado	por	outro	Estado
para	 que	 o	 estrangeiro
responda	 pela	 prática	 de
crime.
Enquanto	 não	 ocorre	 a
deportação,	 o	 estrangeiro
poderá	ficar	preso	até	60	dias.
Prisão	ou	liberdade	vigiada.
Nos	 crimes,	 a	 prisão	 será
decretada	 por	 juiz	 federal	 (art.	 109
da	CF/1988).
Vedada	 a	 extradição	 de
brasileiros	 natos.	 Para	 os
naturalizados,	 admite-se
em	 caso	 de	 crime	 comum
praticado	 antes	 da
naturalização	 ou	 tráfico	 de
entorpecente.
O	 estrangeiro	 poderá
reingressar	 no	 território
nacional	 após	 satisfeitas	 as
obrigações	 administrativas	 e
eventual	 ressarcimento	 das
despesas	 suportadas	 pelo
Tesouro	Nacional.
O	estrangeiro	ficará	impedido	de
voltar	 ao	 país.	 No	 Brasil,	 o
reingresso	 caracteriza	 crime	 (art.
338	 do	 CP).	 O	 estrangeiro	 é	 tido
como	persona	non	grata.
Não	 impede	 o	 retorno
(cessada	 a	 causa	 da
extradição).
Ato	 praticado	 pela	 Polícia
Federal	 com	 natureza
administrativa.
Presidente	 da	 República,	 por
meio	 de	 Decreto.	 O	 inquérito	 será
instaurado	pelo	Ministro	da	Justiça.
Competência	 originária
do	 STF	 para	 autorizar,
cabendo	 ao	 Presidente	 da
República	 o	 ato	 de
extradição.
PROTEÇÃO	AO	ESTRANGEIRO	––	ASILO	E	REFÚGIO
A	Constituição	brasileira	estabeleceu	a	concessão	de	asilo	político	como	princípio	adotado	pelo
Brasil	 em	 suas	 relações	 internacionais,	 conforme	 determina	 o	 art.	 4.º,	 X.	 Também	 representa
princípio	estabelecido	na	Declaração	Universal	dos	Direitos	Humanos,	que,	em	seu	art.	14,	garante
que	toda	pessoa	vítima	de	perseguição	tem	o	direito	de	procurar	e	de	gozar	de	proteção	em	outros
países.
A	 proteção	 ao	 estrangeiro	 que	 justifica	 a	 concessão	 do	 asilo	 ou	 refúgio	 é	 aquela	 arbitrária	 e
injusta.
Como	 regra,	 os	 refugiados	 são	 indivíduos	 perseguidos	 em	 seu	 Estado	 pela	 prática	 de	 crimes
políticos,	convicção	religiosa,	raça,	crimes	relacionados	com	a	segurança	do	Estado,	salvo	aqueles	de
natureza	comum.	Assim,	seja	na	condição	de	asilo	político	ou	de	refúgio,	o	estrangeiro	tem	o	direito
de	 requerer	 a	 proteção	 de	 outro	 Estado,	 qualquer	 que	 seja	 a	 sua	 nacionalidade	 (inclusive	 os
apátridas).
O	estrangeiro	perseguido	tem	direito	à	proteção	brasileira	em	ambos	os	casos	–	refúgio	ou	asilo	–,
caracterizando	 tal	 acolhida	 ato	 discricionário	 do	 Estado,	 independentemente	 de	 reciprocidade.	 O
reconhecimento	do	asilo	ou	refúgio	impede	a	possibilidade	de	extradição	do	estrangeiro.
No	 ordenamento	 interno,	 a	 Lei	 9.474/1997	 regulamenta	 os	 mecanismos	 para	 efetivação	 dos
direitos	do	Estatuto	do	Refugiado	(originário	de	1951).
Em	 síntese,	 podemos	 destacar	 as	 seguintes	 características	 dos	 institutos	 de	 proteção	 do
estrangeiro:
Asilo Refúgio
Abrangência	regional	(América	Latina) Universal
Perseguição	atual	e	efetiva Fundada	no	temor	de	perseguição
Perseguição:	por	crime	político
Perseguição:	 raça,	 religião,	 nacionalidade,	 grupo
social,	 opinião	 política	 ou	 grave	 e	 generalizada
violação	de	direitos	humanos	em	seu	país
Medida	individualizada A	perseguição	atinge	grande	número	de	pessoas
O	requerimento	poderá	ser	feito	mesmo	se
o	estrangeiro	estiver	dentro	de	seu	país.	Asilo
por	Estado	estrangeiro	(asilo	territorial)	ou	em
embaixadas	(asilo	diplomático)
Estrangeiro	 perseguido	 encontra-se	 fora	 de	 seu
país
A	concessão	é	por	ato	constitutivo O	ato	é	meramente	declaratório
Requerimento	 na	 Polícia	 Federal	 e
submetido	 ao	 Ministério	 das	 Relações
Exteriores.	Decisão	do	Ministério	da	Justiça
Requerimento	 perante	 a	 Polícia	 Federal,	 sendo	 o
procedimento	 de	 competência	 do	 Comitê	 Nacional
para	Refugiados	–	Conare	(contra	a	decisão	do	Conare
caberá	recurso	ao	Ministro	da	Justiça)
Natureza	política Caráter	humanitário
DIREITO	INTERNACIONAL	PRIVADO	BRASILEIRO
Conceito
O	 Direito	 Internacional	 Privado	 (DIPr)	 é	 o	 ramo	 da	 ciência	 jurídica	 que	 regula	 as	 regras	 e
princípios	 aplicáveis	nos	 casos	de	 conflitos	de	 lei	 no	 espaço	 (regras	de	normatização	das	 relações
privadas	entre	sujeitos	ou	elementos	situados	em	diferentes	Estados	soberanos).
O	DIPriv	 se	 ocupa	de	 questões	 relativas	 à	 aplicação	 da	 lei	 no	 espaço	no	 caso	 de	 conflito,	 bem
como	da	definição	da	competência	da	autoridade	judiciária	competente	para	julgamento	de	conflitos
com	elemento	de	conexão	internacional.
No	Exame	de	Ordem,	 tema	 frequentemente	 cobrado	na	 forma	de	 caso	prático,	 apresenta	uma
situação	com	um	elemento	de	conexão	internacional	(casamento,	nascimento,	contrato,	ocorridos	no
exterior)	e,	na	sequência,	questiona:
a)	Aplica-se	a	lei	de	qual	país	para	o	caso?
b)	Ocorrendo	conflito,	qual	o	juiz	competente	para	a	ação?	É	competência	do	juiz	brasileiro?
c)	A	sentença	proferida	por	um	juiz	de	Estado	estrangeiro	tem	eficácia	no	Brasil?
O	conflito	entre	ordens	jurídicas	distintas	ocorre	em	razão	de	um	elemento	estrangeiro	(elemento
de	 estraneidade),	 conhecido	 também	 como	 elemento	 de	 conexão.	 Podemos	 citar	 as	 seguintes
categorias	de	conexão:
Elementos	internacionais	de	conexão
•	Pessoas.
•	Bens	ou	coisas.
•	Fatos	ou	negócios.
•	Casamento.
•	Sucessão.
•	Processo.
••	Lei	de	Introdução	às	Normas	do	Direito	Brasileiro	––	LINDB	(antiga	LICC)
Não	 obstante	 a	 denominação	 “Direito	 Internacional	 Privado”,	 na	 verdade,	 estamos	 diante	 de
verdadeiro	 ramo	 interno	 do	 direito,	 já	 que	 nos	 deparamos	 com	 regras	 da	 Lei	 de	 Introdução	 às
Normas	do	Direito	Brasileiro,	e,	também,	do	Código	de	Processo	Civil,	que	estabelecem	as	situações
de	aplicação	ou	não	da	legislação	interna	e	da	competência	de	nossos	órgãos	jurisdicionais.
Quando	a	pergunta	for	“qual	leié	aplicável?”,	a	resposta	estará	nas	regras	da	LINDB.	A	tarefa	é
identificar	o	elemento	de	conexão	e,	na	sequência,	definir	a	lei	aplicável.
Por	exemplo,	empresa	brasileira	faz	contrato	com	empresa	do	Canadá,	neste	caso,	qual	lei	regerá
o	 contrato?	Ou,	 ainda,	uma	mulher	 resolve	 “leiloar”	 a	 sua	virgindade	na	 internet.	 Ela	 é	 brasileira,
reside	nos	Estados	Unidos,	e	o	contrato	foi	celebrado	com	um	japonês	por	meio	da	internet.	Qual	a	lei
aplicável.
Devemos	considerar	as	seguintes	regras:
••	Início	e	fim	da	personalidade
A	regra	que	define	o	início	e	o	fim	da	personalidade	da	pessoa,	capacidade	e	direitos	de	família,	é
aquela	do	 local	de	seu	domicílio.	A	Lei	de	Introdução	às	normas	do	Direito	Brasileiro	determina	a
aplicação	da	lex	domicilii	como	elemento	de	conexão	do	DIPr,	nos	seguintes	termos:	“Art.	7.º	A	lei	do
país	em	que	domiciliada	a	pessoa	determina	as	regras	sobre	o	começo	e	o	fim	da	personalidade,	o
nome,	a	capacidade	e	os	direitos	de	família”.
••	Bens	––	Direitos	reais
A	lei	do	local	da	situação	dos	bens	regerá	todas	as	questões	de	direitos	reais,	aplicando-se	a	regra
da	 lex	 rei	 sitae,	 nos	 termos	do	 art.	 8.º,	 caput:	 “Para	 qualificar	 os	 bens	 e	 regular	 as	 relações	 a	 eles
concernentes,	aplicar-se-á	a	lei	do	país	em	que	estiverem	situados”.
••	Obrigações
As	obrigações	são	qualificadas	pela	lei	do	lugar	em	que	foram	constituídas.	O	local	da	celebração
do	negócio	 jurídico	define	as	 regras	acerca	das	obrigações	 (art.	 9.º)	–	 locus	 regit	actum	 ou	 ius	 loci
celebrationis.
Como	 se	 vê,	 nos	 dois	 exemplos	 citados	 no	 início	 desse	 tópico,	 estamos	 diante	 de	 negócios
jurídicos	 e,	 consequentemente,	 de	 obrigações	 que	 serão	 regidas	 pela	 lei	 do	 local	 da	 celebração
(assinatura).
Por	certo,	no	caso	do	“leilão”,	chegou-se	a	cogitar	se	isso	é	legal	ou	não,	se	o	objeto	é	lícito	ou	não.
De	fato,	a	regra	civil	que	será	observada	será	aquela	vigente	no	local	da	celebração.
Mas	aí	surge	outra	dúvida:	e	se	não	houver	o	local	da	celebração?	Nesse	caso,	a	LINDB	determina
a	aplicação	da	lei	do	local	de	domicílio	do	proponente.
••	Sucessão	causa	mortis
A	sucessão	por	morte	ou	por	ausência	será	regulada	pela	lei	do	local	de	último	domicílio	do	autor
da	herança	(o	morto	ou	desaparecido),	não	importando	a	natureza	ou	o	local	de	situação	dos	bens
(art.	10).
Por	 outro	 lado,	 a	 competência	 jurisdicional,	 o	 art.	 23,	 II,	 do	 CPC/2015,	 afirma	 ser	 competência
exclusiva	 do	 Poder	 Judiciário	 brasileiro,	 com	 exclusão	 de	 qualquer	 outra	 jurisdição,	 o
processamento	 de	 inventários	 de	 bens	 situados	 no	 Brasil,	 mesmo	 que	 o	 autor	 da	 herança	 seja
estrangeiro.
••	Casamento	de	brasileiro	no	exterior
Os	brasileiros	que	pretenderem	celebrar	casamento	no	exterior	poderão	realizar	o	ato	perante	a
autoridade	consular	do	local	em	que	estejam	domiciliados.	A	autoridade	consular	brasileira	também
é	detentora	de	competência	para	os	atos	de	registro	civil	e	de	tabelionato,	inclusive	para	registro	dos
filhos	de	brasileiros	nascidos	e	os	óbitos	ocorridos	no	exterior,	 situação	em	que	o	casamento	será
regido	pela	legislação	civil	brasileira.
Importante	mencionar	que	o	art.	7.º,	§	2.º,	da	LINDB	admite	que	estrangeiros	possam	casar	no
Brasil,	 perante	 autoridade	 diplomática	 ou	 consular	 de	 nacionalidade	 de	 ambos,	 situação	 em	que,
evidentemente,	o	casamento	será	regido	pela	legislação	de	nacionalidade	dos	cônjuges.
••	Sociedades	e	fundações
O	art.	11	da	LINDB	determina	que	as	organizações	destinadas	a	fins	de	interesse	coletivo,	como	as
sociedades	e	as	fundações,	obedecem	à	legislação	do	Estado	em	que	forem	constituídas.
RESUMINDO
Pessoas	jurídicas	estrangeiras
As	organizações	destinadas	a	fins	de	interesse	coletivo,	como	as	sociedades	e	as	fundações,	obedecem	à
lei	do	Estado	em	que	se	constituírem,	ou	seja,	tiverem	registrado	seus	atos	constitutivos	(art.	11,	caput).
Não	 poderão,	 entretanto	 ter	 no	 Brasil	 filiais,	 agências	 ou	 estabelecimentos	 antes	 de	 serem	 os	 atos
constitutivos	aprovados	pelo	governo	brasileiro,	ficando	sujeitas	à	lei	brasileira.
PROCESSO	CIVIL	INTERNACIONAL
Competência	jurisdicional
Nesse	 ponto,	 trataremos	 da	 questão	 da	 competência	 dos	 órgãos	 judiciários	 brasileiros	 para
julgamento	de	lides	envolvendo	elementos	de	conexão	internacional.
Podemos	continuar	com	a	mesma	situação	em	mente	(o	que	já	foi	objeto	de	muitas	questões	da
1.ª	fase	da	OAB):	contrato	celebrado	por	empresa	francesa	com	outra	americana,	sendo	certo	que	o
pacto	 foi	 assinado	 em	 Lisboa,	 prevendo	 a	 construção	 de	 uma	 plataforma	 de	 petróleo	 no	 Rio	 de
Janeiro.	As	perguntas	são	as	mesmas:	(a)	Qual	a	lei	aplicável?	(b)	O	Poder	Judiciário	brasileiro	tem
competência	para	julgamento?
A	 resposta	 para	 a	 questão	 da	 competência	 está	 no	 Código	 de	 Processo	 Civil,	 que	 trata	 da
competência	internacional	concorrente	e	da	competência	interna	exclusiva.
a)	 Competência	 internacional	 concorrente:	 situações	 em	 que	 a	 ação	 poderá	 ser	 proposta
perante	 o	 Poder	 Judiciário	 brasileiro,	 conforme	determina	 o	 art.	 88	 do	 CPC	 (art.	 21	 do	 CPC/2015):
quando	o	réu	tiver	domicílio	no	Brasil;	quando	o	ato	ou	o	fato	tiverem	ocorrido	no	Brasil;	quando	a
obrigação	tiver	de	ser	cumprida	no	Brasil.
b)	Competência	interna	exclusiva:	situações	em	que	a	ação	apenas	poderá	ser	proposta	perante
a	 jurisdição	 brasileira,	 com	 exclusão	 da	 competência	 de	 qualquer	 outro	 Estado	 soberano.	 São
hipóteses	 previstas	 no	 art.	 89	 do	 CPC	 (art.	 23	 do	 CPC/2015):	 ações	 relativas	 a	 imóveis	 situados	 no
Brasil;	 inventários	 de	 bens	 situados	 no	 Brasil,	 independentemente	 da	 nacionalidade	 do	 autor	 da
herança	(o	morto).
Competência	interna	e	internacional
Interna/Internacional	concorrente
(admite	 que	 a	 ação	 seja	 proposta	 no
Brasil	ou	no	exterior)
Situações	em	que	a	ação	PODE	ser	no
Brasil
Interna	exclusiva
Situações	em	que	a	ação	DEVE	ser	no	Brasil
Art.	21	do	CPC/2015 Art.	23	do	CPC/2015
É	 competente	 a	 autoridade	 judiciária
brasileira	quando:
a)	 Réu	 tiver	 domicílio	 no	 Brasil,
qualquer	 que	 seja	 sua	 nacionalidade
(considera-se	 domiciliada	 no	 Brasil	 a
pessoa	 jurídica	 estrangeira	que	nele	 tiver
agência,	filial	ou	sucursal);
b)	A	obrigação	tiver	de	ser	cumprida	no
Brasil;
c)	 A	 ação	 tiver	 como	 fundamento	 fato
ocorrido	ou	praticado	no	Brasil.
O	 NCPC	 ampliou	 a	 competência
Compete	 à	 autoridade	 judiciária	 brasileira,	 com
exclusão	de	qualquer	outra:
a)	 conhecer	 de	 ações	 relativas	 a	 imóveis	 situados	 no
Brasil;
b)	 em	 matéria	 de	 sucessão	 hereditária,	 proceder	 à
confirmação	de	testamento	particular	e	ao	inventário	e	à
concorrente	 para	 permitir	 a	 propositura
na	Justiça	Brasileira	as	ações	(art.	22):
a)	 Alimentos	 quando	 o	 credor	 tiver
domicílio	 ou	 residência	 no	 Brasil,	 ou
ainda,	 quando	o	 réu	mantiver	 vínculo	no
Brasil,	 como	 posse	 ou	 propriedade	 de
bens,	recebimento	de	renda	ou	valores.
b)	Decorrentes	de	relações	de	consumo,
quando	 o	 consumidor	 tiver	 domicílio	 ou
residência	no	Brasil;
c)	Quando	houver	estipulação,	expressa
ou	tácita,	na	qual	as	partes	se	submetem	à
jurisdição	brasileira.
partilha	de	bens	situados	no	Brasil,	ainda	que	o	autor	da
herança	 seja	 de	 nacionalidade	 estrangeira	 ou	 tenha
domicílio	fora	do	território	nacional;
c)	 em	 divórcio,	 separação	 judicial	 ou	 dissolução	 de
união	 estável,	 proceder	 à	 partilha	 de	 bens	 situados	 no
Brasil,	 ainda	 que	 o	 titular	 seja	 de	 nacionalidade
estrangeira	ou	tenha	domicílio	fora	do	território	nacional.
Quando	 tratamos	 de	 competência	 interna/internacional,	 importante	 o	 destaque	 dos	 seguintes
pontos	expressos	no	Código	de	Processo	Civil:
a)	Litispendência	entre	ação	proposta	no	Brasil	e	outra	perante	outro	país	–	o	art.	24	do	CPC/2015
(como	 jáera	 previsto	 no	 CPC/1973)	 afirma	 que	não	 há	 litispendência	 entre	 ação	 no	 Brasil	 e	 outra
idêntica	 perante	 autoridade	 estrangeira,	 sem	 qualquer	 óbice	 ao	 conhecimento	 da	 ação	 idêntica	 ou
conexa	pela	Justiça	nacional,	salvo	disposições	em	contrário	previstas	em	tratados	internacionais	ou
acordos	bilaterais	em	vigor	em	que	o	Brasil	seja	parte.
b)	Homologação	de	sentença	estrangeira	–	a	pendência	de	causa	perante	a	 jurisdição	brasileira
não	 impede	 a	 homologação	 de	 sentença	 estrangeira	 (previsão	 do	 parágrafo	 único,	 do	 art.	 24).	No
entanto,	nesse	ponto,	cumpre	ressaltar	que,	havendo	coisa	julgada	no	Brasil,	a	sentença	estrangeira
não	poderá	ser	homologada	se	violar	a	autoridade	do	julgamento	da	sentença	brasileira.
c)	 Cláusula	 de	 eleição	 de	 exclusão	 da	 jurisdição	 brasileira	 –	 em	 se	 tratando	 de	 contrato
internacional,	 a	 Justiça	brasileira	não	poderá	 conhecer	 e	 julgar	 ações	quando	houver	 cláusula	de
eleição	de	foro	exclusivo	estrangeiro,	especialmente	se	tal	foro	for	arguido	em	contestação	pelo	réu
(se	o	réu	deixar	de	arguir	foro	de	eleição	estrangeiro	a	Justiça	nacional	será	competente,	pois	houve
renúncia	da	cláusula).
PRISÃO	DO	DEPOSITÁRIO	INFIEL
A	 prisão	 do	 depositário	 infiel	 não	 existe	mais	 no	 ordenamento	 jurídico	 brasileiro.	 O	 STF,	 em
dezembro	de	2009,	editou	a	Súmula	Vinculante	25,	com	a	seguinte	redação:	“É	ilícita	a	prisão	civil	de
depositário	infiel,	qualquer	que	seja	a	modalidade	do	depósito”.
Portanto,	 o	 Pacto	 de	 São	 José	 da	 Costa	 Rica,	 norma	 supralegal	 no	 ordenamento	 brasileiro,	 ao
vedar	a	prisão	do	depositário	 infiel	 (pela	omissão),	 criou	novo	direito	 fundamental,	derrogando	a
possibilidade	de	prisão	em	qualquer	modalidade	de	depósito	(seja	contratual,	legal	ou	judicial).
A	 matéria	 foi	 objeto	 da	 edição	 da	 Súmula	 Vinculante	 25	 pelo	 STF,	 segundo	 a	 qual	 será
considerada	 ilícita	 a	 prisão	 do	 depositário	 infiel,	 qualquer	 que	 seja	 a	 modalidade	 de	 depósito.
Portanto,	 nenhum	 órgão	 do	 Poder	 Judiciário	 ou	 da	 administração	 poderá	 desrespeitar	 a	 referida
súmula.
COOPERAÇÃO	INTERNACIONAL
A	atividade	 jurisdicional	depende,	muitas	vezes,	da	atuação	e	prática	de	atos	processuais	além
das	fronteiras	do	Estado	e,	consequentemente,	de	sua	soberania.
Dessa	 forma,	 são	 necessárias	medidas	 entre	 os	 Estados	 soberanos	 para	 que	 cooperem	 para	 a
eficácia	 da	 atividade	 jurisdicional	 de	 cada	 um,	 com	 observância	 de	 regras	 previstas	 em	 tratados
internacionais	e,	no	caso	da	participação	do	Brasil,	com	observância	a	(art.	26	do	CPC/2015):
a)	 respeito	 às	 garantias	 do	 devido	 processo	 legal	 no	 Estado	 requerente	 (que	 demandou
providências	ao	Brasil);
b)	 igualdade	 de	 tratamento	 entre	 nacionais	 e	 estrangeiros,	 residentes	 ou	 não	 no	 Brasil,	 em
relação	ao	acesso	à	 justiça	 e	à	 tramitação	dos	processos,	 assegurando-se	assistência	 judiciária	aos
necessitados;
c)	publicidade	processual,	exceto	nas	hipóteses	de	sigilo	previstas	na	legislação	brasileira	ou	na
do	Estado	requerente;
d)	existência	de	autoridade	central	para	recepção	e	transmissão	dos	pedidos	de	cooperação	(no
Brasil	o	Ministério	da	Justiça	exercerá	as	funções	de	autoridade	central	na	ausência	de	designação
específica);
e)	espontaneidade	na	transmissão	de	informações	a	autoridades	estrangeiras.
Serão	objeto	da	cooperação	internacional	(art.	27):
a)	citação,	intimação	e	notificação	judicial	e	extrajudicial;
b)	colheita	de	provas	e	obtenção	de	informações;
c)	homologação	e	cumprimento	de	decisão	(o	que	será	tratado	em	tópico	seguinte);
d)	concessão	de	medida	judicial	de	urgência;
e)	assistência	jurídica	internacional;
f)	qualquer	outra	medida	judicial	ou	extrajudicial	não	proibida	pela	lei	brasileira.
A	cooperação	internacional	poderá	se	dar	por	meio	de:
a)	Auxilio	direto	–	terá	cabimento	quando	a	medida	não	decorrer	de	decisão	ou	ato	de	autoridade
jurisdicional	estrangeira	que	deva	ser	submetida	a	 juízo	de	homologação	no	Brasil,	dispensando	a
homologação	pelo	STJ	–	art.	28	do	CPC/2015,	como	nos	casos	de:
“I	 –	 obtenção	 e	 prestação	 de	 informações	 sobre	 o	 ordenamento	 jurídico	 e	 sobre	 processos
administrativos	ou	jurisdicionais	findos	ou	em	curso;
II	–	colheita	de	provas,	salvo	se	a	medida	for	adotada	em	processo,	em	curso	no	estrangeiro,	de
competência	exclusiva	de	autoridade	judiciária	brasileira;
III	–	 qualquer	 outra	medida	 judicial	 ou	 extrajudicial	 não	 proibida	 pela	 lei	 brasileira.	 O	 rol	 do
artigo	 29	 não	 é	 taxativo,	 já	 que	 permite	 a	 inclusão	 de	 outros	 atos	 para	 auxilio	 direto,	 desde	 que
previstos	em	tratado	em	que	o	Brasil	seja	parte”	(art.	30).
b)	 Carta	 rogatória	 –	 cabível	 para	 que	 a	 autoridade	 estrangeira	 requeira	 a	 prática	 de	 atos
processuais	no	Brasil,	situação	em	que,	sendo	o	Judiciária	brasileiro	o	destinatário	da	requisição,	o
procedimento	 primeiro	 será	 instaurado	 no	 STJ	 para	 a	 obtenção	 do	 exequatur,	 mediante	 trâmite
contencioso,	 com	 garantia	 às	 partes	 do	 devido	 processo	 legal	 (por	 exemplo	 para	 a	 ouvida	 de
testemunhas	no	Brasil).
O	procedimento	para	a	concessão	do	exequatur	às	cartas	rogatórias	observa	também	o	disposto
para	a	homologação	das	sentenças	estrangeiras	no	STJ.
HOMOLOGAÇÃO	DE	SENTENÇA	ESTRANGEIRA
••	Eficácia	no	Brasil	de	títulos	judiciais	estrangeiros
O	 tema	 ganhou	 nova	 sistematização	 no	 CPC/2015,	 com	 um	 procedimento	 específico,	 dentre	 as
ações	 de	 competência	 originária	 dos	 tribunais	 (por	 força	 do	 art.	 105,	 I,	 i,	 da	 CF/1988,	 após	 a	 EC
45/2004,	a	competência	foi	atribuída	ao	STJ).
Serão	objeto	de	homologação	pelo	STJ	todos	os	atos	estrangeiros	que	no	Brasil	tenham	a	natureza
de	sentença,	incluindo	também	as	sentenças	meramente	declaratórias	e	as	sentenças	arbitrais	(art.
35	 da	 Lei	 9.307/1996	 –	 Lei	 da	 Arbitragem).	 O	 art.	 515,	 VIII,	 do	 CPC/2015	 reconhece	 a	 sentença
estrangeira	 homologada	 pelo	 STJ	 como	 título	 executivo	 judicial	 hábil	 para	 instruir	 pedido	 de
cumprimento	de	sentença.
Além	 disso,	 em	 típica	 atividade	 de	 cooperação	 judiciária	 internacional,	 o	 Brasil	 poderá	 ser
destinatário	de	cartas	rogatórias	de	autoridades	judiciárias	estrangeiras,	no	sentido	de	requisitar	a
realização	 de	 determinado	 ato	 processual	 dentro	 do	 território	 brasileiro.	 Neste	 caso,	 a	 carta
rogatória	 apenas	 será	 cumprida	 se	 houver	 a	 aprovação	 do	 STJ,	 com	 a	 expedição	 da	 ordem	 de
exequatur.
Ressalte-se	que,	nos	termos	do	art.	109,	X,	da	CF/1988,	as	sentenças	estrangeiras	homologadas	e	as
ordens	 de	 exequatur	 expedidas	 pelo	 STJ	 serão	 executadas	 perante	 o	 juízo	 federal	 do	 local	 de
cumprimento	da	obrigação.
Requisitos
Requisitos	 formais	 para	 a
homologação	 da	 sentença
estrangeira	 art.	 15	 da	LINDB	 +	 art.
963	do	CPC/2015
••	Sentença	proferida	por	autoridade	competente.
••	 Ser	precedida	de	 citação	 regular,	 ainda	que	verificada	a
revelia.
••	 Trânsito	 em	 julgado	 e	 estar	 revestida	 das	 formalidades
necessárias	 para	 a	 execução	 no	 lugar	 em	que	 a	 sentença	 foi
proferida.	No	mesmo	sentido,	o	STF	expediu	a	Súmula	420.
••	Tradução	da	sentença	por	intérprete	autorizado	(tradução
juramentada).
••	Não	ofender	a	coisa	julgada	brasileira.
••	Cópia	integral	e	autenticada	pelo	cônsul	do	Brasil	no	país
que	prolatou	a	sentença).
Além	dos	requisitos	formais,	a	sentença	também	passará	pela	verificação	do	conteúdo,	isso	para
apuração	 de	 compatibilidade	 com	 o	 ordenamento	 interno.	 O	 art.	 17	 da	 LINDB	 afirma	 que	 as
sentenças	 e	 atos	 externos	não	 terão	 eficácia	no	Brasil	 quando	ofenderem	a	 soberania	nacional,	 a
ordem	pública	e	os	bons	costumes,	regra	também	prevista	no	art.	963,	VI,	do	CPC/2015.
Nesse	 ponto,	 é	 importante	 destacar	 que	 também	 não	 haverá	 a	 homologação	 da	 sentença
estrangeira	quando	a	matéria

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