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AULA 9.Condição.Termo.Encargo

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ELEMENTOS ACIDENTAIS: Condição; Termo e Encargo
Prof. Dr. Paulo Roberto Barroso Soares
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Art. 121. Considera-se condição a cláusula que, derivando exclusivamente da vontade das partes, subordina o efeito jurídico a evento futuro e incerto.
Conceito de Condição: é a cláusula que subordina o efeito do negócio jurídico, oneroso ou gratuito, a evento futuro e incerto.
Requisitos:  
aceitação voluntária; 
futuridade do evento;  
incerteza do acontecimento.
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Art. 122. São lícitas, em geral, todas as condições não contrárias à lei, à ordem pública ou aos bons costumes; entre as condições defesas se incluem as que privarem de todo efeito o negócio jurídico, ou o sujeitarem ao puro arbítrio de uma das partes.
Condições proibidas: 
a) Ilícitas ou perplexas: as que privarem o ato negocial de qualquer efeito. Ex: a venda de um prédio sob a condição de não ser ocupado pelo comprador; 
b) puramente potestativas: advindas de mero arbítrio de um dos sujeitos. Exemplo: aposição de cláusula em contrato de mútuo que dê ao credor poder unilateral de provocar o vencimento antecipado da dívida, na hipótese de ficar a outra parte desempregada. 
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Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhe são subordinados:
I – as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II – as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III – as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Condições suspensivas física: são as que não podem efetivar-se por serem contrárias à natureza. 
Por exemplo, a doação de uma casa a quem levar o mar até a Praça dos Três Poderes em Brasília será inválida ( impossível fisicamente).
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Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhe são subordinados:
I – as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II – as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III – as condições incompreensíveis ou contraditórias.
As condições juridicamente impossíveis são as que invalidam os atos negociais a ela subordinados, por serem contrárias à ordem legal.
 
Por exemplo, a outorga de uma vantagem pecuniária sob condição de haver renúncia ao trabalho, o que fere os arts. 193, 6º, 5º, XIII, e 170, parágrafo único, da Constituição Federal de 1988.
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Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhe são subordinados:
I – as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II – as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III – as condições incompreensíveis ou contraditórias.
condições ilícitas ou as de fazer coisa ilícita são condenadas pela norma jurídica, pela moral e pelos bons costumes e, por isso, invalidam os negócios a que forem apostas.
 
Por exemplo: alguém dispensar, se casado, os deveres de coabitação e fidelidade mútua; alguém prometer recompensa para que outro furte certo bem.
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Art. 123. Invalidam os negócios jurídicos que lhe são subordinados:
I – as condições física ou juridicamente impossíveis, quando suspensivas;
II – as condições ilícitas, ou de fazer coisa ilícita;
III – as condições incompreensíveis ou contraditórias.
Condições perplexas, incompreensíveis ou contraditórias: cláusulas eivadas de obscuridades ou incongruências, possibilitando várias interpretações pelas dúvidas que levantam, ou pela incoerência de seus termos.
 
Por exemplo, constituirei Mário meu herdeiro universal, por ato de última vontade, se Ricardo for meu herdeiro universal. 
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Art. 124. Têm-se por inexistentes as condições impossíveis quando resolutivas, e as de não fazer coisa impossível.
Condição resolutiva impossível: Se for aposta num negócio condição resolutiva impossível (física ou juridicamente), será tida como não escrita; logo, o negócio valerá como ato incondicionado, sendo puro e simples, como se condição alguma se houvesse estabelecido, por ser considerada inexistente.
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Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Será suspensiva a condição se as partes protelarem, temporariamente, a eficácia do negócio até a realização do acontecimento futuro e incerto. 
Exemplo: adquirirei seu quadro “El Matador” se ele for aceito numa exposição internacional.
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Art. 125. Subordinando-se a eficácia do negócio jurídico à condição suspensiva, enquanto esta se não verificar, não se terá adquirido o direito, a que ele visa.
Pendente a condição suspensiva não se terá direito adquirido, mas, expectativa de direito;
Só se adquire direito após o implemento da condição;
A eficácia do ato negocial ficará suspensa até que se realize o evento futuro e incerto; 
A condição se diz realizada quando o acontecimento previsto se verificar;
Efeito ex tunc: desde o dia de sua celebração, se inter vivos; e à data da abertura da sucessão, se causa mortis.
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Art. 126. Se alguém dispuser de uma coisa sob a condição suspensiva, e, pendente esta, fizer quanto àquela novas disposições, estas não terão valor, realizada a condição, se com ela forem imcompatíveis.
A norma não veda a possibilidade de fazer-se novas disposições, na pendência de uma condição suspensiva, que, todavia, não terão validade se, realizada a condição. 
Exemplo: A doa para B um objeto, sob condição suspensiva, mas, enquanto esta pende, vende ou empenha o mesmo objeto para C; nula será a venda se realizada a condição suspensiva. 
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Art. 127. Se for resolutiva a condição, enquanto esta se não realizar, vigorará o negócio jurídico, podendo exercer-se desde a conclusão deste o direito por ele estabelecido.
A condição resolutiva subordina a ineficácia do negócio a um evento futuro e incerto. Enquanto a condição não se realizar, o negócio jurídico vigorará, podendo exercer-se desde a celebração deste o direito por ele estabelecido, mas, verificada a condição, para todos os efeitos extingue-se o direito a que ela se opõe. 
Por exemplo, constituo uma renda em seu favor, enquanto você estudar.
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Art. 128. Sobrevindo a condição resolutiva, extingue-se, para todos os efeitos, o direito a que ela se opõe; mas, se aposta a um negócio de execução continuada ou periódica, a sua realização, salvo disposição em contrário, não tem eficácia quanto aos atos já praticados, desde que compatíveis com a natureza da condição pendente e conforme os ditames de boa-fé.
Se uma condição resolutiva for aposta em um ato negocial, enquanto ela não se der, vigorará o negócio jurídico, mas, ocorrida a condição, operar-se-á a extinção do direito a que ela se opõe, retornando-se ao status quo ante. Mas, se tal negócio for de execução continuada ou periódica (p. ex., uma locação), a efetivação da condição não atingirá os atos já praticados (como pagamento de aluguéis) desde que conformes com a condição pendente. 
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Art. 129. Reputa-se verificada, quanto aos efeitos jurídicos, a condição cujo implemento for maliciosamente obstado pela parte a quem desfavorecer, considerando-se, ao contrário, não verificada a condição maliciosamente levada a efeito por aquele a quem aproveita o seu implemento.
Realização de condição tida como não verificada. Se a parte beneficiada com o implemento da condição forçar maliciosamente sua realização, esta será tida aos olhos da lei como não verificada para todos os efeitos.
Exemplo: fazer doação sob condição suspensiva e o próprio doador interferir para que a condição não se realize.
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Art. 130. Ao titular do direito eventual, nos casos de condição suspensiva ou resolutiva, é permitido praticar os atos destinados a conservá-lo.
Permissão de atos conservatórios na pendência de condição suspensiva ou resolutiva. Como titular de direito eventual em caso de negócio condicional, suspensivo ou resolutivo, não tem, ainda, direito adquirido, a lei reconhece-lhe a possibilidade de praticar atos conservatórios para resguardar seu direito futuro. 
Exemplo: alguém promete
uma casa a outrem, para quando se casar, este poderá reformá-la, se necessário for.
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Art. 131. O termo inicial suspende o exercício, mas não a aquisição do direito.
Termo é uma data pré-determinada pela parte para que inicie ou termine um negócio jurídico. Trata-se de um acontecimento futuro e certo.
Termo inicial (dilatório ou suspensivo): fixa o momento em que a eficácia do negócio deve ter início. 
Termo de Direito: estabelecido em lei.
Termo Final (resolutivo): data fixada pelas partes para se encerrar o negócio jurídico (ex: contrato de locação por um ano) 
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Art. 132. Salvo disposição legal ou convencional em contrário, computam-se os prazos, excluído o dia do começo, e incluído do vencimento.
§ 1º Se o dia do vencimento cair em feriado, considerar-se-á prorrogado o prazo até o seguinte dia útil.
§ 2º Meado considera-se, em qualqeur mês, o seu décimo quinto dia.
§ 3º Os prazos de meses e anos expiram-se no dia de igual número de início, ou no imediato, se faltar exata correspondência.
§ 4º Os prazos fixados por hora contar-se-ão de minuto a minuto.
Termo e prazo. Termo é data futura e certa. Prazo é um lapso de tempo compreendido entre a declaração de vontade e a superveniência do seu resultado.
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Art. 133. Nos testamentos, presume-se o prazo em favor do herdeiro, e, nos contratos, em proveito do devedor, salvo, quando a esses, se do teor do instrumento, ou das circunstâncias, resultar que se estabeleceu a benefício do credor, ou de ambos os contratantes.
Nos testamentos presume-se que o prazo é estabelecido em favor do herdeiro. Nada obsta a que o herdeiro pegue o legado ou cumpra o encargo antes do vencimento do prazo.
Nos contratos, se o prazo for estabelecido em favor do devedor, este poderá pagar o débito antes do vencimento, mesmo contra a vontade do credor, mas, este não poderá exigi-lo antes do vencimento. Se foi avençado em proveito do credor, o devedor poderá ser forçado a pagar, mesmo antes de vencido o prazo.
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Art. 134. Os negócios jurídicos entre vivos, sem prazo, são exequíveis desde logo, salvo se a execução tiver de ser feita em lugar diverso ou depender de tempo.
Vencimento imediato. Os atos negociais inter vivos sem prazo serão exequíveis imediatamente, abrangendo tanto a execução promovida pelo credor como o cumprimento pelo devedor. 
Prazo tácito. decorrerá da natureza do negócio ou das circunstâncias. 
Por exemplo: na compra de uma safra de laranja, o prazo será a época da colheita, mesmo que não tenha sido estipulado.
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Art. 135. Ao termo inicial e final aplicam-se, no que couber, as disposições relativas à condição suspensiva e resolutiva.
Efeito da pendência do termo inicial. O titular de um direito adquirido que dependa de termo inicial, poderá exercer todos os atos conservatórios que forem necessários para assegurar seu direito, não podendo ser lesado por qualquer ato de disposição efetivado pelo devedor. 
Termo final: ocorre quando se determinar a data da cessação dos efeitos do ato negocial, extinguindo-se as obrigações dele oriundas. 
Por exemplo, a locação dever-se-á findar dentro de dois anos. Antes de chegar o dia estipulado para seu vencimento, o negócio jurídico subordinado a um termo final vigorará plenamente. 
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Art. 136. O encargo não suspende a aquisição nem o exercício do direito, salvo quando expressamente imposto no negócio jurídico, pelo disponente, como condição suspensiva.
Modo ou encargo. Modo ou encargo é a cláusula acessória aderente a atos de liberalidade inter vivos (doação) ou causa mortis (testamento ou legado), embora possa aparecer em promessas de recompensa ou em outras declarações unilaterais de vontade, que impõem um ônus ou uma obrigação à pessoa natural ou jurídica contemplada pelos referidos atos. 
Exemplo: doação de um prédio para que nele se instale um hospital. Importam uma obrigação de fazer.
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Art. 137. Considera-se não escrito o encargo ilícito ou impossível, salvo se constituir o motivo determinante da liberalidade, caso em que se invalida o negócio jurídico.
Iliceidade ou impossibilidade física ou jurídica do encargo: leva a considerá-lo como não escrito, libertando o negócio jurídico de qualquer restrição. Se o encargo ilícito for o motivo da liberalidade do bem, invalida o negócio jurídico.
Exemplo: deixa-se uma casa com o encargo de montar um cassino.

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