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ESCOLA DE ENGENHARIA DE SÃO CARLOS DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA MECÂNICA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO DINÂMICA VETORIAL TEORIA MARIO FRANCISCO MUCHERONI SÃO CARLOS - 2011 1 CAPÍTULO 1 CINEMÁTICA VETORIAL DA PARTÍCULA Freqüentemente a segunda lei de Newton é escrita na forma clássica que relaciona a força resultante com a aceleração da partícula. O estudo da cinemática da partícula tem como objetivo obter as relações matemáticas entre as grandezas posição, velocidade e aceleração, num determinado referencial. 1.1 VETORES POSIÇÃO, VELOCIDADE E ACELERAÇÃO Seja o sistema xyz da Figura 1.1 fixo num espaço inercial e seja o movimento em relação a este referencial denominado como movimento absoluto. O vetor r representa a posição da partícula P no instante t, indicado por )(trr , e o vetor r representa a posição desta mesma partícula no instante t , indicado por )(trr . Figura 1.1 - Vetores posição e deslocamento de uma partícula P. z x y r r r P(t) P(t´) S 2 Por definição, a velocidade no instante t é dada por: v r r r r t t t lim t t lim t d dt ' ' 0 (1.1) onde r r r é o vetor deslocamento no intervalo de tempo ttt , conforme mostra a Figura 1.1. Analisando o limite dado na equação (1.1) pode-se concluir que o vetor velocidade v é tangente à curva S no instante t. Figura 1.2 - Vetores velocidade de uma partícula P. De maneira semelhante, define-se a aceleração da partícula P no instante t como: a v v v v r t t t lim t t lim t d dt d dt' ' ' 0 2 2 (1.2) onde v v v corresponde à variação do vetor velocidade, conforme mostra a Figura 1.2. Analisando o limite na equação (1.2) pode-se concluir que o vetor aceleração possui uma componente tangencial e uma componente normal (exceto para trajetórias retilíneas) em relação à curva S no instante t. z x y v v r r r P(t) P(t’) S v v v P 3 1.2 COMPONENTES TANGENCIAL E NORMAL Muito frequentemente desejamos trabalhar com as coordenadas tangente e normal à curva do movimento s(t). Conforme visto na seção anterior, de uma forma gráfica e através da geometria, podemos representar os vetores velocidade e aceleração num determinado instante, nas coordenadas móveis tangente e normal, conforme mostra a Figura 1.3. Vamos demonstrar de forma mais precisa estes afirmações. Figura 1.3 - Direções tangencial e normal: vetores velocidade e aceleração de uma partícula P. Vamos tomar uma dada curva s(t) e duas posições nos instantes t e t’. Vamos representar o deslocamento escalar sobre a curva entre est es dois instantes por s e o deslocamento vetorial através de r , conforme já definido. Figura 1.4 - Deslocamentos escalar e vetorial. Uma relação geométrica fundamental entre estes deslocamentos, isto é, entre os comprimentos da corda e do arco é dada por: z x y v a P S un ut P S s s P s r 4 1 s lim 0t r (1.3) onde r r r é o vetor deslocamento e sss é o comprimento do trecho da curva percorrido no intervalo de tempo t , conforme mostra a Figura 1.3. Analisando o limite dado na equação (1.3) pode-se concluir que: t 0t ds d s lim u rr (1.4) onde tu é o vetor unitário da direção tangente ou versor tangente. Lembrando que dt dr v (1.5) então tv ds d dt ds dt d u rr v (1.6) Figura 1.5 - Vetor velocidade de uma partícula P. Assim, podemos concluir que o vetor velocidade v é tangente à curva S no instante t. Portanto, dada s = s(t) uma função do percurso sobre a curva S, podemos definir a derivada dt ds v (1.7) z x y v P(t) S s s P(t’) s 5 como a velocidade na forma escalar, uma função positiva ou negativa de acordo com o sentido do percurso sobre S. A aceleração da partícula P em componentes tangencial e normal pode ser obtida através de dt dv a (1.8) Substituindo (1.6) em (1.8) obtemos dt d v dt dv v dt d dt d t tt u uu v a )( (1.9) É necessário analisar a segunda parcela de (1.9). Inicialmente vamos decompor a derivada temporal do versor tangente pela regra da cadeia e, em seguida, aplicamos (1.7) e a relação geométrica dds para obter d dv sd d dt sd dt d ttt uuu (1.10) Figura 1.5 - Versores tangentes. Para calcularmos a derivada do versor tangente em θ vamos lembrar que z x y ut P(t) S ut P(t’) ut ut ut’ s ´ 6 t 0 t lim d d uu (1.11) Vamos analisar a Figura 1.5. Verificamos que os versores nos instantes t e t’, e o vetor da variação entre estes dois instantes, formam um triângulo isósceles tendo os dois lados iguais de comprimento unitário e a sua base dada por uu 2 sen2t (1.12) onde u é o versor da direção de tu . Substituindo (1.12) em (1.11), obtemos n 00 t 2 2 sen lim 2 sen2 lim d d uuu u (1.13) Levando (1.13) em (1.10), obtemos n t v dt d u u (1.14) O resultado obtido em (1.14) é então aplicado em (1.9) n 2 tt v dt dv v dt d dt d uuu v )( (1.15) Assim obtemos as componentes tangencial e normal da aceleração, ou seja, nntt aa dt d uu v a (1.16) onde v dt dv at aceleração tangencial (1.17) 2 n v a aceleração normal (1.18) 7 Observemos inicialmente que em qualquer movimento retilíneo a aceleração normal é nula, enquanto que nos movimentos curvilíneos esta aceleração será sempre diferente de zero, mesmo quando a velocidade tiver módulo constan te. Assim podemos concluir que o único movimento possível com aceleração total nula é o retilíneo uniforme. Neste caso tanto a aceleração tangencial como a aceleração normal são nulas. O movimento retilíneo não uniforme terá aceleração tangencial diferente de zero e qualquer movimento curvilíneo terá aceleração normal diferente de zero, além da tangencial no caso de movimento não uniforme. Neste sistema de coordenadas, há uma terceira direção que é perpendicular ao plano que contém os vetores ut e un, denominada direção binormal. Nesta direção a componente da aceleração é sempre nula. É definida pelo versor: ntb uuu (1.19) 1.3 COMPONENTES RETANGULARES Escolhendo as coordenadas retangulares xyz e os versores de suas direções indicados por i, j e k, respectivamente, podemos escrever o vetor posição r = r(t) kjir zyx (1.20) Figura 1.6 - Movimento em coordenadas cartesianas. z x y v a P S i j k r 8 Nestas coordenadas o movimento dapartícula P é dado pela composição de três movimentos retilíneos x=x(t), y=y(t) e z=z(t). A velocidade deste movimento em relação ao referencial xyz é dada por: kjikji r v zyx dt dz dt dy dt dx dt d (1.21) onde i , j e k são os vetores unitários do referencial xyz. A aceleração deste movimento em relação a este referencial é dada por kjikji v a zyx dt zd dt yd dt xd dt d 2 2 2 2 2 2 (1.22) Sendo a velocidade um vetor tangente à trajetória, é possível obter o versor tangente através de 222 t zyx v v v u (1.23) Quando houver interesse, pode-se obter a componente tangencial da aceleração tta ua (1.24) e a aceleração normal 2 t 2 n aaa (1.25) ou, vetorialmente, tn aaa (1.26) Portanto, o versor da direção normal pode ser obtido através de n n n a a u (1.27) 9 1.4 COMPONENTES CILÍNDRICAS Escolhendo as coordenadas cilíndricas r, e z e os versores de suas direções radial ur e transversal u , ambos no plano xy, e k da direção z, podemos escrever o vetor posição rP = rP(t) kur zr rP (1.28) Figura 1.6 - Movimento em coordenadas cilíndricas. Figura 1.7 - Projeção no plano xy do movimento em coordenadas cilíndricas. Nestas coordenadas, o movimento da partícula P é dado pela composição de três movimentos: radial r = r(t), transversal = (t) e vertical z = z(t). A velocidade deste movimento é dada por: y z x ur u Projeção de P projeção de S r z x y ur u S projeção de S r P rP z 10 k u u r v dt dz dt d r dt dr dt d r r P (1.29) A derivada da segunda parcela é dada por d d dt d dt d rr uu (1.30) usando o resultado obtido em (1.13), por analogia, pode-se escrever que u u dt d dt d r (1.31) Aplicando (1.31) em (1.29), obtém-se a velocidade kuu r v dt dz dt d r dt dr dt d r P (1.32) onde r dt dr vr (1.33) r dt d rv (1.34) z dt dz vz (1.35) Derivando a velocidade dada em (1.32), obtemos a aceleração k u uu u u v a 2 2 2 2 r r2 2 dt zd dt d dt d r dt d r dt d dt dr dt d dt dr dt rd dt d (1.36) Aplicando (1.31) em (1.36) obtemos k u uuu v a 2 2 2 2 r2 2 dt zd dt d dt d r dt d r dt d dt dr 2 dt rd dt d (1.37) Usando o resultado obtido em (1.13), por analogia, pode-se escrever que 11 r dt d dt d u u (1.38) e aplicando (1.38) em (1.37) obtemos finalmente: kuuuu v a 2 2 r2 2 r2 2 dt zd dt d dt d r dt d r dt d dt dr 2 dt rd dt d (1.39) ou kuu v a 2 2 2 2 r 2 2 2 dt zd dt d dt dr 2 dt d r dt d r dt rd dt d (1.40) Assim, em componentes 2 2 2 2 r rr dt d r dt rd a (1.41) r2r dt d dt dr 2 dt d ra 2 2 (1.42) z dt zd a 2 2 z (1.43) 1.5 MOVIMENTO RELATIVO ENTRE PARTÍCULAS Até aqui, os referenciais utilizados foram considerados como absolutos. Frequentemente, em movimentos mais complexos, é interessante determinar as características cinemáticas desses movimentos a partir de dois ou mais movimentos identificados como relativos. Sejam os movimentos de duas partículas A e B, num referencial absoluto xyz, conforme mostra a Figura 1.8, e os seus vetores posição, dados por kjir AAAA zyx e kjir BBBB zyx (1.44) 12 Figura 1.8 - Movimento relativo de duas partículas. Vamos tomar um referencial móvel x’y’z’, fixo na partícula A de tal forma que seus eixos não sofram rotação, isto é, mantém as suas direções fixas ao longo de todo o movimento. Nós dizemos que este referencial realiza um movimento de translação em relação ao referencial fixo xyz. Assim podemos escrever ABAB /rrr (1.45) onde dizemos que AB /r é o “vetor posição de B em relação a A”. Observe que é uma forma livre de se expressar, pois, de fato, não existe movimento relativo a uma partícula A, mas sim a um referencial x’y’z’, fixo em A. Para se obter a relação entre as velocidades, deriva-se (1.45) para se obter ABAB /vvv (1.46) onde Av e Bv são, respectivamente, as velocidades das partículas A e B em relação ao referencial xyz, enquanto que AB /v é a velocidade da partícula B em relação ao referencial x’y’z’, também chamada de forma simplificada como velocidade relativa de B em relação a A. Para obtermos a relação entre as acelerações, basta derivarmos a (1.46): ABAB /aaa (1.47) z x y O A SA rA SB y' z' rB rB/A x' B 13 CAPÍTULO 2 DINÂMICA DA PARTÍCULA: FORÇA E ACELERAÇÃO Neste capítulo será analisada a lei de Newton na sua forma diferencial, aplicada ao movimento de partículas. Nesta forma a força resultante das forças aplicadas numa partícula está relacionada com a sua aceleração. 2.1 LEIS DE NEWTON PARA MOVIMENTOS A mecânica vetorial está baseada na teoria de Newton, apresentada originalmente em 1687. Newton utilizou para o desenvolvimento de sua teoria os trabalhos de outros cientistas que o precederam, especialmente de Galileo e de Kepler. Através de experimentos práticos, Galileo demonstrou alguns princípios do movimento dos corpos. Entretanto Newton foi o primeiro a estabelecer de uma forma sistemática um conjunto de leis gerais para o estudo desses movimentos. Estas leis foram formuladas inicialmente para partículas simples , assumindo a existência de sistemas de referência, em relação aos quais são válidas. Estes sistemas de referência, chamados sistemas inerciais ou galileanos, formam um conjunto especial de sistemas de referência que estão em repouso ou em movimento retilíneo uniforme, um em relação ao outro. Na mecânica newtoniana um sistema inercial é definido como aquele que está em repouso ou em movimento uniforme em relação a uma suposta posição média de estrelas fixas e distantes. Entretanto, para muitos objetivos práticos é possível adotar como inercial um sistema fixo ao sistema solar. Em muitas aplicações da engenharia é possível adotar como inercial um sistema de referência fixo à superfície da terra. Newton enunciou suas leis como axiomas do movimento, hoje apresentadas da seguinte forma: 14 Primeira lei: Uma partícula se move em linha reta com velocidade constante quando não há forças atuando sobre ela . Uma partícula é a idealização de um corpo material cujas dimensões são muito pequenas quando comparadas com as distâncias a outros corpos e cujo movimento relativo entre seus pontos não é relevante para o movimento do corpo. Matematicamente estes corpos são representados por massas pontuais. Sendo FR a força resultante numapartícula e v a sua velocidade em relação a um referencial inercial, a primeira lei pode ser estabelecida por: 0 dt d 0R v F ou v = constante (2.1) Segunda lei: Uma partícula se move de maneira tal que a força resultante a ela aplicada é igual à derivada em relação ao tempo da quantidade de movimento linear. A quantidade de movimento linear, ou simplesmente quantidade de movimento, é definida como o produto da massa pela velocidade, ou seja, igual a mv. Assim a segunda lei pode ser dada por: dt md R )( v F (2.2) Sendo constante a massa da partícula, então a equação (2.2) pode ser escrita como: a v F m dt md R )( (2.3) Terceira lei: Quando duas partículas atuam uma sobre a outra, as forças de interação correspondentes situam-se sobre a linha que une estas partículas; são iguais em módulo e de sentidos contrários. Esta lei também é conhecida como lei de ação e reação. Indicando por FAB a força exercida pela partícula A sobre a partícula B e FBA a força que a partícula B exerce em A, a terceira lei pode ser estabelecida matematicamente por: 15 F FAB BA (2.4) Newton também propôs uma lei para reger a atração mútua entre duas partículas, denominada Lei de Newton da Atração Gravitacional, dada por 2 21 G r mm GF (2.5) onde FG é força de atração entre as duas partículas G = 66,73 (10 -12 ) m 3 /(kg.s 2 ) é uma constante universal de gravitação m1, m2 são as massas de cada uma das partículas r é a distância entre as partículas Analisando a lei dada por (2.5) poderemos considerar como desprezível esta força quando se trata da atração entre dois corpos sobre a terra. Se considerarmos, por outro lado, a atração que a terra exerce sobre um corpo em sua superfície, pode-se mostrar que esta força é dada por mg R Mm GW 2 (2.6) onde W é a força de atração entre a terra e o corpo, denominada peso M é a massa da terra R é igual ao raio da terra m é a massa corpo na superfície da terra 2R M Gg é denominada aceleração da gravidade Esta constante de fato varia ao longo da superfície da terra, mas estas variações são consideradas pequenas na maioria das aplicações em engenharia. Os valores de referência adotados universalmente são: g = 9,81 m/s 2 ou 32,2 ft/s 2 . 16 2.2 EQUAÇÃO DE MOVIMENTO PARA PARTÍCULA Quando várias forças atuam sobre uma partícula, a equação (2.3) pode ser escrita como aFF mR (2.7) onde FR é a força resultante do sistema de forças que atua na partícula de massa m. A Figura 2.1 ilustra o diagrama do corpo livre de uma partícula P onde atuam duas forças. Figura 2.1 - Diagrama do corpo livre de uma partícula P. 2.3 EQUAÇÃO DE MOVIMENTO PARA UM SISTEMA DE PARTÍCULAS Seja um sistema de várias partículas e sejam as forças externas ao sistema indicada por F e as internas indicadas por f. Aplicando a lei de Newton para cada partícula deste sistema podemos escrever iijii mafF (2.8) onde Fi é a força resultante externa na partícula i fji é a força da partícula j sobre a partícula i mi é a massa da partícula i Podemos agora somar a equação (2.8) aplicada a todas as partículas internas ao sistema, cujo resultado é = P F1 F2 P FR = ma 17 iijii mafF (2.9) Sendo as fji forças internas ao sistema dado, sempre ocorrerão em pares de ação e reação, resultando numa soma nula. Assim (2.9) é igual a iiiR maFF (2.10) Agora vamos lembrar que a posição rG do centro de massa de um sistema de partículas de massas mi é dada por iiG mm rr (2.11) onde imm é a massa total do sistema Derivando (2.11) duas vezes no tempo, obtemos iiG mm aa (2.12) Substituindo (2.12) em (2.10), resulta GR maF (2.13) que é uma forma parecida com a equação de movimento para uma partícula, mas cujos termos devem ser interpretados de forma diferente. A força FR é a força resultante de todas as forças externas que atuam no sistema de partículas; a massa m é a soma de todas as massas das partículas e a aceleração aG é a aceleração do centro de massa do sistema. O centro de massa do sistema está localizado numa posição que varia com o tempo, em geral não coincidente com nenhuma partícula do sistema. 18 2.4 EQUAÇÃO DE MOVIMENTO: COORDENADAS RETANGULARES Vamos tomar um sistema inercial de referência nas coordenadas xyz. A força resultante aplicada a uma partícula de massa m pode ser escrita como kjiFF zyxR FFF (2.14) e a equação do movimento )( kjikji zyxzyx aaamFFF (2.15) Logo, esta equação vetorial pode ser substituída por três equações escalares xx amF yy amF (2.16) zz amF A Figura 2.2 mostra as componentes retangulares de uma dada força aplicada a uma partícula P de massa m. Figura 2.2 - Componentes Retangulares. z x y Fz m Fy Fx 19 2.5 EQUAÇÃO DE MOVIMENTO: COORDENADAS TANGENCIAL E NORMAL Em muitos movimentos que ocorrem em trajetórias curvilíneas conhecidas, forças aplicadas podem ser escritas em função das coordenadas tangencial, normal e binormal (esta completa o sistema de referência numa direção normal ao plano do movimento) como bbnnttR FFF uuuFF (2.17) e a equação do movimento )( nnttbbnntt aamFFF uuuuu (2.18) Logo, esta equação vetorial pode ser substituída por três equações escalares tt amF nn amF (2.19) 0Fb A Figura 2.3 mostra os versores das direções tangencial, normal e binormal num dado instante do movimento de uma partícula P. Figura 2.3 - Direções tangencial, normal e binormal. y t z x ub P ut un n O b 20 2.6 EQUAÇÃO DE MOVIMENTO: COORDENADAS CILÍNDRICAS Alguns movimentos são mais facilmente escritos em função de coordenadas cilíndricas. Nestes casos as forças aplicadas podem ser escritas como zzrrR FFF uuuFF (2.20) e a equação do movimento )( zzrrzzrr aaamFFF uuuuuu (2.21) Logo, esta equação vetorial pode ser substituída por três equações escalares rr amF amF (2.22) zz amF A Figura 2.4 mostra os versores das direções tangencial, normal e binormal num dado instante do movimento de uma partícula P. Figura 2.4 - Coordenadas cilíndricas. y r z x uz P ur u u ur 21 CAPÍTULO 3 DINÂMICA DA PARTÍCULA: TRABALHO E ENERGIA Neste capítulo será analisada a lei de Newton numa de suas formas integrais, aplicada ao movimento de partículas. Define-se o conceito de trabalho e energia cinética e através da integração da lei de Newton ao longo da trajetória do movimento podemos relacionar as forças aplicadas num intervalo de tempo com a variação da velocidade. 3.1 TRABALHO REALIZADO POR UMA FORÇA O conceito de trabalho como definido na Mecânica da partícula está relacionado à ação de forças aplicadas na direção do movimento. Numa formadiferencial, o trabalho U de uma força F é dado por rF ddU (3.1) A Figura 3.1 ilustra as grandezas envolvidas nesta definição. Logo dsFdU cos (3.2) Podemos observar que 0dsFdU cos quando 900 0dsFdU cos quando 90 0dsFdU cos quando 18090 22 Figura 3.1 - Elementos da definição de trabalho de uma força. Logo, a partir de (3.1) e (3.2), o trabalho U de uma força F durante o movimento que vai da posição r1 até a posição r2 é uma grandeza escala dada por 2 1 2 1 s s 21 dsFdU cos r r rF (3.3) Observe que o trabalho de uma força constante FC, ao longo de uma trajetória retilínea, é dado por )(coscos 12C s s CC21 ssFdsFdU 2 1 2 1 r r rF (3.4) Figura 3.2 - Trabalho de uma força constante. O trabalho da força peso W, sendo y a direção vertical, é dado por 2 1 2 1 dzdydxWdU 21 r r r r kjijrF )()( (3.5) ou seja r ds S P F r’ dr s s s1 FC s2 23 yWyyWWdyU 21 y y 21 2 1 )( (3.6) Figura 3.3 - Trabalho da força-peso W. O trabalho da força de uma mola linear aplicada a uma partícula P que se desloca ao longo do eixo x pode ser obtido a partir de: 2 1 x x m21 dU rF (3.7) O modelo linear de força de mola estabelece que sua intensidade é proporcional ao seu deslocamento x, quando x = 0 corresponde à posição de mola livre. Assim a força sobre uma mola de constante elástica k possui a forma kx. Aplicada sobre a partícula P esta força tem sinal contrário ao deslocamento x. Portanto, a força de mola sobre a partícula P é dada por xkFm (3.8) Logo )( 22 2 1 x x 21 xxk 2 1 dxxkU 2 1 (3.9) 3.2 PRINCÍPIO DO TRABALHO E ENERGIA Considere agora a lei de Newton dada pela equação do movimento, aplicada a uma partícula P de massa m: y z x W P r1 r2 24 aF m (3.10) Vamos calcular o trabalho da força resultante, num movimento desta partícula entre duas posições r1 e r2, com t2 > t1: 2 1 2 1 dmd r r r r rarF (3.11) Nesta equação, como o processo de integração é linear, então: 2 1 2 1 dmd r r r r rarF (3.12) ou seja 2 1 dmU 21 r r ra (3.13) Aplicando a relação cinemática diferencial vvra dd em (3.13) obtemos 2 1 dmU 21 v v vv (3.14) Realizando a integração do lado direito da igualdade (3.14) obtemos 2 1 2 2 v v 21 mv 2 1 mv 2 1 dvvmU 2 1 (3.15) Definindo a energia cinética de uma partícula de massa m como 2mv 2 1 T (3.16) e aplicando em (3.15), obtemos o princípio do trabalho e energia para uma partícula P, da seguinte forma 1221 TTU (3.17) ou 2211 TUT (3.18) 25 3.3 PRINCÍPIO DO TRABALHO E ENERGIA: SISTEMAS DE PARTÍCULAS Vamos estender o princípio do trabalho e energia para um sistema de partículas. Seja um sistema formado por n partículas, cada uma de massa mi. Aplicando (3.18) para a i-ésima partícula i2i21i1 TUT )( (3.19) Somando para todas a i partículas do sistema resulta: i2i21i1 TUT )( (3.20) ou, de forma compacta 2211 TUT (3.21) onde 2 i1i1 vm 2 1 T é a energia cinética do sistema no instante 1 2 i2i2 vm 2 1 T é a energia cinética do sistema no instante 2 i2 i1 i2 i1 iiii21 ddU r r r r rFrf é o trabalho do sistema. Para a definição do trabalho do sistema entre as posições iniciais e finais, foi usada a notação f para forças internas e F para forças externas ao sistema. Deve-se notar que em determinadas condições, o trabalho total das forças internas é nulo: isto ocorre quando todas as partículas têm igual deslocamento (translação) e as conexões entre elas são rígidas. Estas condições são satisfeitas, por exemplo, para o caso de corpos rígidos em translação. Observamos que a equação (3.21) é igual a (3.18), mas cada um de seus termos tem definição diferente, como visto nesta seção. 26 3.4 POTÊNCIA E EFICIÊNCIA A potência é definida com a taxa de variação do trabalho por unidade de tempo, ou seja dt dU P (3.22) Aplicando (3.1) em (3.22), resulta vF rF dt d P (3.23) Um conceito prático utilizado em engenharia é o da eficiência, às vezes denominado rendimento. Define-se, num sistema mecânico, a eficiência mecânica como o quociente entre a potência de saída e a potência de entrada. E S P P (3.24) A potência de entrada, em geral, é aquela fornecida pelos motores que acionam o sistema. Podem ter várias fontes de energia, sendo a energia elétrica muito utilizada. A potência de saída é a responsável pelo trabalho que se deseja realizar com o sistema. Se o sistema for considerado ideal, este quociente é igual a 1, pois não há perda de energia. Entretanto, nos sistemas reais a eficiência é sempre menor que 1, pois sempre há perda de energia mecânica ao se realizar um trabalho. 3.5 FORÇAS CONSERVATIVAS E ENERGIA POTENCIAL Chamamos forças conservativas aquelas cujo trabalho realizado entre duas posições não depende da trajetória do movimento. Para a aplicação neste curso vamos destacar duas forças conservativas: a força peso e a força de mola. Como visto anteriormente em (3.6), o trabalho da força peso é dado por yWyyWU 2121 )( (3.25) 27 Definimos a energia potencial gravitacional como yWVg (3.26) onde y é a posição vertical da partícula em relação a um plano referencial escolhido arbitrariamente como plano de potencial nulo. Neste caso, podemos calcular o trabalho realizado pela força peso, qualquer que seja a trajetória entre as posições 1 e 2, através de g2g121 VVU (3.27) De forma semelhante, como visto em (3.9), o trabalho da força de mola é dado por )( 22 2 121 xxk 2 1 U (3.28) Definimos a energia potencial elástica como 2 e xk 2 1 V (3.29) onde x é a deformação mola em relação à posição de força nula. Neste caso, podemos calcular o trabalho realizado pela força de mola, qualquer que seja a trajetória entre as posições 1 e 2, através de e2e121 VVU (3.30) Podemos definir a energia potencial como eg VVV (3.31) Há outras forças conservativas, geradas por campos elétricos, energia química, etc. Entretanto para os estudos que faremos neste texto, a definição dada 28 em (3.31) é suficiente. Portanto o trabalho total realizado por forças conservativas pode ser calculado por 2121 VVU (3.32) 3.6 PRINCÍPIO DO TRABALHO E ENERGIA: SISTEMAS CONSERVATIVOS O princípio do trabalho e energia, dado em (3.18), pode ser modificado quando todas as forças atuantes numa partícula são forças conservativas. Neste caso, combinando (3.18) e (3.32), obtemos 2211 TVVT (3.33) ou 2211 VTVT (3.34) Esta igualdade é conhecida como a conservação da energia mecânica. È uma forma particular do princípio do trabalho e energia para sistemas conservativos.Nestes casos a soma das energias cinética e potencial é constante ao longo do tempo, ou 0 dt VTd CVT )( ou (3.35) onde C é uma constante. Observe-se que, para casos gerais onde há forças conservativas e forças não conservativas, o princípio geral dado por (3.18) pode ser escrito como 22 nc 2111 VTUVT (3.36) onde nc 21U é a soma de todos os trabalhos das forças não conservativas. Para um sistema de partículas sujeito apenas à atuação de forças conservativas, uma extensão de (3.34) pode ser escrita como 2211 VTVT (3.37) 29 CAPÍTULO 4 DINÂMICA DA PARTÍCULA: IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO Neste capítulo será analisada a lei de Newton na forma de integral no domínio do tempo, aplicada ao movimento de partículas. Define-se o conceito de impulso e quantidade de movimento e através da integração da lei de Newton ao longo do tempo podemos relacionar as forças aplicadas num intervalo de tempo com a variação da velocidade vetorial. 4.1 PRINCÍPIO DO IMPULSO E DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO LINEAR Vamos partir da formulação diferencial da lei de Newton dt d mmF v a (4.1) Tomando a diferencial de (4.1) e integrando entre os instantes de tempo t1 e t2, sendo v1 e v2 as velocidades da massa m nestes instantes, obtemos 2 1 2 1 dmdt t t v v vF (4.2) ou 12 t t mmdt 2 1 vvF (4.3) Vamos definir o impulso de uma força num intervalo de tempo como 30 2 1 t t 21 dtFI (4.4) Esta grandeza é vetorial e a sua intensidade corresponde à área da curva mostrada na Figura 4.1, entre os instantes t1 e t2. Figura 4.1 - Impulso de uma força F. A quantidade de movimento linear de uma partícula, ou simplesmente quantidade de movimento, é definida por vL m (4.5) onde v é a velocidade da partícula de massa m. A partir dessas definições o princípio do impulso e da quantidade de movimento (4.3) pode ser escrito como 2211 LIL (4.6) Em palavras, o quantidade de movimento linear num instante t2 é igual à quantidade de movimento linear num instante t1 mais a soma dos impulsos de todas as forças aplicadas à partícula entre estes instantes. Este princípio está escrito na sua forma vetorial. Em componentes retangulares, a forma (4.3) é dada por t1 t F A t2 31 2x t t x1x vmdtFvm 2 1 2y t t y1y vmdtFvm 2 1 (4.7) 2z t t z1z vmdtFvm 2 1 4.2 PRINCÍPIO DO IMPULSO E DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO LINEAR SISTEMA DE PARTÍCULAS Seja um sistema de partículas, mostrado na Figura 4.2, onde Fi é a resultante externa na partícula i e fi representa uma força interna. Figura 4.2 - Sistemas de partículas. O princípio do impulso de da quantidade de movimento aplicado à i-ésima partícula do sistema é dado i2i t t i t t ii1i mdtdtm 2 1 2 1 vfFv (4.8) Somando para todas a i partículas do sistema resulta: i2i t t i t t ii1i mdtdtm 2 1 2 1 vfFv (4.9) Sabendo que a soma de todos os impulsos das forças internas fi é nula, obtemos y z x Fi G rG ri fi 32 i2i t t ii1i mdtm 2 1 vFv (4.10) Lembrando a definição do centro de massa G de um sistema de partículas, iiG mm rr (4.10) onde imm é a massa total do sistema rG é a posição do centro de massa do sistema ri é a posição da i-ésima massa do sistema Através da derivação no tempo de (4.10) obtemos iiG mm vv (4.11) onde vG é a velocidade do centro de massa do sistema vi é a velocidade da i-ésima massa do sistema Portanto o princípio do impulso e da quantidade de movimento (4.10) pode ser escrito como 2G t t i1G mdtm 2 1 vFv (4.12) 4.3 CONSERVAÇÃO DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO LINEAR Se a resultante de todas as forças externas que atuam numa partícula de massa m for nula, então a quantidade de movimento se conserva, ou seja Cvv 21 mm (4.13) 33 e, portanto, a velocidade da partícula é constante. Por outro lado, se num sistema de partículas não há forças externas atuantes, ou a soma dos impulsos das forças externas é nula, podemos escrever: Cvv 2G1G mm (4.14) e, portanto, a velocidade do centro de massa G do sistema se mantém constante. 4.4 IMPACTO Vamos inicialmente definir, para duas partículas que se colidem, impacto central e impacto oblíquo. Conforme mostra a figura 4.3 no impacto central as direções das velocidades das partículas, antes do impacto, coincidem com a linha de impacto. Por outro lado, no impacto oblíquo pelo menos uma das direções das velocidades antes do impacto não coincide com a linha de impacto. a - central b - oblíquo Figura 4.3 - Impacto entre duas partículas A e B. Impacto Central Vamos inicialmente considerar apenas os impactos centrais. Consideremos a Figura 4.4 que mostra cinco situações que correspondem ao instante de tempo antes do impacto, intervalo de tempo durante o impacto na fase de deformação, instante de tempo de deformação máxima, intervalo de tempo durante o impacto na fase de restauração e instante de tempo após o impacto. Plano de contato A vA vB B Linha de impacto Plano de contato A vA vB B 34 a - antes do impacto: vA1 > vB1 b - durante o impacto c - após o impacto: vB2 > vA2 Figura 4.4 - Fases do impacto entre duas partículas A e B. Em muitos problemas as velocidades iniciais vA1 e vB1 antes do impacto são conhecidas e desejamos calcular as velocidades após o impacto vA2 e vB2. Durante a colisão entre A e B, as ações entre ambas são internas ao sistema e, portanto, de impulso resultante nulo. Logo, podemos escrever para o sistema: 2BB2AA1BB1AA mmmm vvvv (4.15) Como temos duas incógnitas, é necessária outra equação para se calcular as velocidades após o impacto. Vamos aplicar o princípio do impulso e da quantidade de movimento a cada uma das partícula. Para a partícula A, na fase de deformação, até alcançar a máxima deformação, onde as velocidades de ambas as partículas são iguais a v, obtemos A vA1 vB1 B A Rdt B - Rdt A B v A Pdt B - Pdt A vA2 vB2 B 35 vmdtPvm A1AA (4.16) e na fase de restituição 2AAA vmdtRvm (4.17) De (4.16) e (4.17) obtemos: vv vv vmvm vmvm dtP dtR 1A 2A A1AA 2AAA (4.18) Para a partícula B, na fase de deformação, até alcançar a máxima deformação, onde as velocidades de ambas as partículas são iguais a v, obtemos vmdtPvm B1BB (4.19) e na fase de restituição 2BBB vmdtRvm (4.20) De (4.19) e (4.20) obtemos: 1B 2B 1BBB B2BB vv vv vmvm vmvm dtP dtR (4.21) Define-se coeficiente de restituição e ao quociente entre os impulsos da força de restituição R e da força de deformação P dtP dtR e (4.22) 36Assim, podemos escrever a equação (4.18) e a (4.21), respectivamente, como vv vv e 1A 2A (4.23) e 1B 2B vv vv e (4.24) Eliminando v em (4.23) e substituindo em (4.24) obtemos finalmente 1B1A 2A2B vv vv e (4.25) ou 2A2B1B1A vvvve )( (4.26) Assim temos um sistema de duas equações, (4.15) e (4.25) ou (4.26), que permite calcular as velocidades das partículas A e B após o impacto, dadas as respectivas velocidades antes do impacto e o coeficiente de restituição e. São considerados dois casos limites para este coeficiente. Impacto elástico: não há perda de energia e os impulsos de deformação e de restauração são iguais. dtPdtR e = 1 Impacto plástico: não há impulso de restituição e as partículas se movem juntas após o impacto. Neste caso basta usar a equação (4.15) fazendo vB2 = vA2 . 0dtR e = 0 Em situações reais, ocorre freqüentemente que apenas parte da energia se perde em deformação. Nestes casos tem-se um impacto parcialmente elástico. dtPdtR 0 < e < 1 37 Impacto Oblíquo Para o caso de impacto oblíquo, vamos adotar o eixo x na direção da linha de impacto entre as partículas A e B, conforme mostra a Figura 4.5. Figura 4.5 - Impacto oblíquo entre duas partículas A e B. Como as forças de deformação e restauração durante o impacto atuam apenas na direção x, podemos escrever para esta direção: x2BBx2AAx1BBx1AA mmmm vvvv (4.27) e x2Ax2Bx1Bx1A vvvve )( (4.28) Para a direção y, a conservação da quantidade de movimento do sistema é dada por y2BBy2AAy1BBy1AA mmmm vvvv (4.29) Como durante o impacto não há forças impulsivas em cada partícula na direção y, a quantidade de movimento de cada uma se conserva e y2AAy1AA mm vv e y2BBy1BB mm vv (4.30) Logo y1Ay2A vv e y1By2B vv . Assim, no caso do impacto oblíquo apenas as componentes na direção x das velocidades após o impacto necessitam ser calculadas através das equações (4.27) e (4.28), uma vez que na direção y as componentes das velocidades não se alteram com a colisão segundo (4.30). y A vA vB B x 38 4.5 QUANTIDADE DE MOVIMENTO ANGULAR A quantidade de movimento angular de uma partícula em relação a um ponto O é o momento da quantidade de movimento em relação a este ponto. A partir desta definição escreve-se vrH mO (4.31) Figura 4.6 - Quantidade de movimento angular HO. A partir da definição (4.31), o vetor quantidade de movimento angular HO tem direção perpendicular ao plano que contém os vetores posição r e velocidade v e o seu sentido é dado pela regra da mão direita. Em componentes retangulares pode ser calculado através de zyx zyxO mvmvmv rrr kji H (4.32) onde )( yzzyOx vrvrmH )( zxxzOy vrvrmH (4.33) )( xyyxOz vrvrmH Observe que no caso do movimento no plano xy, rz = 0 e vz = 0. Portanto obtemos HOx = 0 e HOy = 0. Assim temos no caso plano y z x HO P r mv O 39 )( xyyxOzO vrvrmHH (4.34) Para interpretação geométrica, vamos considerar o caso de um movimento no plano xy, conforme mostrado na Figura 4.7. Figura 4.7 - Quantidade de movimento angular no movimento plano. Podemos observar que o módulo de HO pode ser obtido por ))(( mvdsenmO vrH (4.35) 4.6 QUANTIDADE DE MOVIMENTO ANGULAR E MOMENTO DE UMA FORÇA Vamos escrever o momento resultante de todas as forças que atuam numa partícula em relação a um ponto O. Da definição de estática FrMO (4.36) Pela segunda lei de Newton arM mO (4.37) Agora vamos derivar no tempo a quantidade de movimento angular desta partícula em relação ao ponto O. Derivando (4.31), obtemos dt d mm dt d dt d O vrv rH (4.38) y x z x HO P d mv O 40 A primeira parcela de (4.38) é igual a zero , pois os vetores v e mv são paralelos. Portanto (4.38) é igual a ar H m dt d O (4.39) Comparando (4.37) e (4.39), resulta que dt d O O H M (4.37) 4.7 PRINCÍPIO DO IMPULSO E DA QUANTIDADE DE MOVIMENTO ANGULAR A partir de (4.37) podemos escrever OO ddt HM (4.38) Integrando (4.38) entre os instantes de tempo t1 e t2 1O2O t t O t t O 2 1 2 1 ddt HHHM (4.39) Portanto, o princípio do impulso e da quantidade de movimento angular para uma partícula é dado por 2O t t O1O 2 1 dt HMH (4.40) Definindo o impulso angular AO de uma força F em relação a um ponto O, entre os instantes de tempo t1 e t2, como 2 1 2 1 t t O t t 21O dtdt MFrA )( (4.41) podemos escrever (4.40) como 41 2O21O1O HAH (4.42) Quando a soma de todos os impulsos angulares atuantes numa partícula é nula, temos 2O1O HH (4.43) que é a equação da conservação da quantidade de movimento angular. Seja definido um sistema de partículas. Para cada uma dessas partículas podemos aplicar a equação (4.40). A soma de todas estas equações é igual a 2O t t O1O 2 1 dt HMH (4.44) onde )( iiO mvrH é a soma das quantidades de movimento angular de todas as partículas em determinado instante, aplicada nos instante t1 e t2, e 2 1 2 1 t t Eii t t O dtdt )( FrM é a soma dos impulsos angulares de todas as forças externas aplicadas às partículas, uma vez que o impulso angular resultante de todas as forças internas é nulo. Quando a soma de todos os impulsos angulares atuantes neste sistema é nula, temos que 2O1O HH (4.45) que é a equação da conservação da quantidade de movimento angular de um sistema de partículas. 42 CAPÍTULO 5 CINEMÁTICA DO MOVIMENTO PLANO DE CORPOS RÍGIDOS O estudo da dinâmica do corpo rígido pode ser feito inicialmente tomando aplicações de engenharia onde o movimento é plano. Neste capítulo vamos analisar as equações da cinemática do movimento plano. Este estudo é feito a fim de encontrar a relação entre as posições, velocidades e acelerações de dois pontos de um mesmo corpo rígido. 5.1 MOVIMENTO DE UM CORPO RÍGIDO O movimento plano de um corpo rígido é definido como o movimento no qual as trajetórias de todos os seus pontos são paralelas a um plano fixo. Veja como exemplo a trajetória de um ponto P na figura 5.1 paralela ao plano xy. Figura 5.1 - Trajetória plana de um ponto P de um corpo rígido C. z x y r P(t) C 43 Há dois casos particulares de movimentos planos: a translação e a rotação em torno de um eixo fixo. O movimento geral plano pode ser decomposto numa translação mais uma rotação. Na translação uma linha qualquer do corpo rígido se mantém paralela em relação à sua posição inicial, em qualquer instante. Neste caso se as trajetórias de todos os pontos são retilíneas, o movimento é de translação retilínea. Se as trajetórias de todos os pontos são curvilíneas e equidistantes, o movimento é de translação curvilínea. Narotação em torno de um eixo fixo, as trajetórias de todos os pontos são circulares, concêntricas, com centros no eixo fixo. É claro que pontos sobre o eixo fixo não se movem. A figura 5.2 ilustra o mecanismo biela-manivela, no qual a manivela realiza movimento de rotação, o pistão tem movimento de translação e o elemento de ligação denominado biela realiza um movimento plano geral. Figura 5.2 - Mecanismo biela-manivela. 5.2 MOVIMENTO PLANO DE TRANSLAÇÃO Considere um corpo rígido se movendo em translação plana e seja xy o plano de referência do movimento. Vamos tomar dos pontos A e B deste corpo rígido e um referencial móvel x´y´ fixo em A durante todo o movimento, mas mantendo-se paralelo ao referencial xy, considerado absoluto. Podemos relacionar as posições rA e rB destes dois pontos através de ABAB /rrr (5.1) biela manivela pistão 44 onde ABAB rrr / é o vetor posição de B em relação a A. Esta é uma forma simplificada ou compacta de indicar este vetor. De fato, este vetor é a posição de B em relação a um referencial móvel x´y´ fixo no ponto A. Figura 5.3 - Vetores velocidade de uma partícula P. Derivando a (5.1) podemos relacionar as velocidades entre os pontos A e B ABAB /vvv (5.2) onde ABAB vvv / corresponde velocidade relativa de B em relação a A. Aqui vale também a observação feita acima, uma vez que a velocidade vB/A é de fato a velocidade de B em relação ao referencial móvel x´y´. Vamos analisar a derivada do vetor posição relativa. Seja jir yxAB / (5.3) Tomando a derivada de (5.3), obtemos dt d y dt d x dt yd dt xd dt d AB AB ji ji r v // (5.4) Sendo o corpo rígido, na translação o vetor rB/A é constante e portanto x´ e y´ também são constantes e suas derivadas no tempo são nulas. Como o referencial móvel foi escolhido tal que i´=i e j´=j, então y x y´ rA rB rB/A A B C x´ 45 0 dt d AB AB / / r v (5.5) e AB vv (5.6) Derivando (5.6) obtemos a relação entre as acelerações dos pontos A e B AB aa (5.7) Pode-se concluir a partir de (5.6) e (5.7) que todos os pontos de um corpo rígido em translação possuem velocidades iguais e acelerações iguais em cada instante. Este resultado permite utilizar todas as equações desenvolvidas na cinemática e dinâmica da partícula para corpos rígidos em translação. Podemos afirmar que as equações da mecânica da partícula e do corpo rígido em translação são as mesmas. 5.3 MOVIMENTO PLANO DE ROTAÇÃO EM TORNO DE UM EIXO FIXO Vamos considerar o eixo fixo do movimento de rotação plana aqui estudado paralelo ao eixo z do sistema de referência utilizado, passando por um ponto A. Inicialmente vamos definir grandezas angulares deste movimento. Pontos não têm movimento de rotação, mas para linhas este movimento pode ser definido. Figura 5.4 - Movimento angular do segmento AB. Assim, chama-se velocidade angular média de uma linha AB, num intervalo de tempo t=t´-t ao quociente y x A B(t) B(t´) 46 t m (5.8) Passando ao limite (5.8), obtém a velocidade angular instantânea dada por dt d (5.9) Derivando (5.9), obtemos a aceleração angular dada por 2 2 dt d dt d (5.10) No movimento plano de rotação de corpos rígidos todos os segmentos de reta, paralelos ao plano de referência, desenvolvem movimentos angulares iguais. Assim, as velocidades angulares de todos os segmentos do corpo rígido são iguais. Portanto, a velocidade angular é uma característica do corpo rígido ou parâmetro do movimento do corpo rígido. O mesmo vale para a aceleração angular. A velocidade angular no movimento plano de rotação pode ser definida vetorialmente, usando a regra da mão direita, da seguinte forma: kω (5.11) onde o plano xy é o plano do movimento. Vamos calcular a velocidade de um ponto B qualquer do corpo rígido. Tomando a equação (5.2) e considerando A no eixo de rotação, temos que ABABAB // vvvv (5.12) No movimento plano de rotação o ponto B realiza uma trajetória circular em torno do eixo fixo z’, paralelo a z, que passa por A no plano do movimento de xy. Portanto, da cinemática da partícula, obtemos: 47 rr dt d dt rd dt ds AB )( /v (5.13) onde ABr /r é raio da trajetória circular de B. Vetorialmente, o mesmo resultado poderia ser obtido através do produto vetorial: ABABB // rωvv (5.14) onde kω ABAB r // ur e portanto tABABB r urωvv // Figura 5.5 - Movimento circular do ponto B de um corpo rígido. Observe, a partir da figura 5.5, que para qualquer ponto P pertencente ao eixo de rotação do movimento, tem-se PBABB // rωrωv (5.15) Sendo o movimento de B circular os módulos de sua aceleração tangencial e da normal são dados, respectivamente, por ur ut rB/A B A x’ y’ z’ rB/P P 48 rr dt d dt rd dt sd a 2 2 2 2 Bt )( (5.16) e r r r r v a 2 222 Bn (5.17) Vetorialmente, obtemos a aceleração derivando no tempo a equação (5.14) dt d dt d AB ABABB / // r ωr ω aa (5.18) ou )( ///// ABABABABABB rωrαvωrαaa (5.19) Sendo kω kα nABAB rr uur // obtêm-se as acelerações tangencial e normal de B, respectivamente, tABB rt urαa / (5.20) e n 2 AB 2 ABnB rr uurωωa // )( (5.21) 5.4 MOVIMENTO PLANO DE UM CORPO RÍGIDO O movimento plano geral pode ser decomposto em dois movimentos, sendo um de translação e outro de rotação. Vamos tomar o ponto A como referência e seja B outro ponto qualquer do corpo rígido. A relação entre as posições rA e rB desses dois pontos do corpo rígido é dada por ABAB /rrr (5.22) A figura 5.6 mostra estes vetores, o referencial fixo xy e o móvel x’y’, preso em A mantendo-se em qualquer instante paralelo ao referencial fixo. 49 Figura 5.6 - Vetores posição dos pontos A e B. Derivando a (5.22) podemos relacionar as velocidades entre os pontos A e B ABAB /vvv (5.23) onde ABAB vvv / corresponde velocidade relativa de B em relação a A. Aqui vale também a observação feita anteriormente, uma vez que a velocidade vB/A é de fato a velocidade de B em relação ao referencial móvel x´y´. Vamos analisar a derivada do vetor posição relativa. Seja dt d AB AB / / r v (5.24) O movimento de B neste referencial x´y´ é circular. Conforme mostrado no item anterior, (5.24) resulta igual a AB AB AB dt d / / / rω r v (5.25) Portanto, a relação entre as velocidades de A e B dada por (5.23) é igual a ABAB /rωvv (5.26) y x y´ rA rB rB/A A B C x´ 50 Lembrando que os eixos dos referenciais são sempre paralelos, todos os vetores podem ser escritos no referencial fixo xy. Para se obter a relação entre as acelerações dos pontos A e B, derivamos a equação (5.26), ou seja,dt d dt d dt d dt d AB AB AB / / r ωr ωvv (5.27) A partir dos resultados obtidos no item anterior, podemos escrever )( // ABABAB rωωrαaa (5.28) onde AB AB ABAB rt / / // v v rαa é a aceleração tangencial relativa AB 2 ABAB rn /// )( urωωa é a aceleração normal relativa Assim, é possível obter a posição, a velocidade e a aceleração de um ponto B qualquer de um corpo rígido a partir dos correspondentes vetores de um ponto A, cujo movimento seja dado. As equações (5.22), (5.26) e (5.28) expressam estas relações para um movimento plano qualquer. Podem ser aplicadas, é óbvio, para os casos particulares de translação, onde os vetores velocidade angular e aceleração angular são nulos, e de rotação em torno de um eixo fixo que passe por A, onde os vetores velocidade e aceleração deste ponto são nulos. 5.5 MOVIMENTO RELATIVO ENTRE DOIS CORPOS DISTINTOS Seja um corpo rígido C que contenha um ponto A. Seja B um ponto qualquer de outro corpo rígido. A relação entre as posições rA e rB desses dois pontos dos corpos rígidos distintos é dada por ABAB /rrr (5.29) 51 A figura 5.7 mostra estes vetores e um referencial fixo XYZ e outro móvel xyz, preso ao corpo C com origem em A. Seja a velocidade angular do referencial móvel e, portanto, do corpo rígido C. Figura 5.7 - Vetores posição dos pontos A e B. Derivando a (5.29) podemos relacionar as velocidades entre os pontos A e B dt d dt d dt d ABAB /rrr (5.30) Nesta igualdade nós temos que: B B dt d v r é a velocidade do ponto B A A dt d v r é a velocidade do ponto A que pertence ao corpo C jir yxAB / é o vetor da posição de B no referencial xyz Portanto, podemos escrever a equação (5.30) como )( jivv yx dt d AB (5.31) Y X y rA rB rB/A A B C x 52 Como B se move em relação ao corpo C e, portanto, em relação ao referencial móvel xyz, a equação (5.31) é igual a ji ji vv dt dy dt dx dt d y dt d xAB (5.32) Vamos analisar as derivadas dos vetores unitários i e j. Estes vetores possuem módulo unitário, mas tem a mesma velocidade angular do corpo rígido C. Assim podemos escrever: tdt d 0t ii lim (5.33) A figura 5.8 ilustra a obtenção do vetor i para um intervalo de tempo t . Consideremos que neste intervalo de tempo a variação angular em torno do eixo x seja dada por . Então iiii 000t0t Ω ttdt d limlimlimlim (5.34) Figura 5.8 - Vetor unitário i nos instantes t e t+ t. Da figura 5.8, temos que j i ii 2 2 00 sin limlim (5.35) Y X i(t) i i(t+ t) 53 Logo iΩj i dt d (5.36) De forma análoga pode-se obter jΩi j dt d (5.37) Aplicando os resultados obtidos em (5.36) e (5.37) na equação (5.32) obtém-se jijΩiΩvv dt dy dt dx yxAB )()( (5.38) ou jijiΩvv dt dy dt dx yxAB )( (5.39) Finalmente, observando que as duas últimas parcelas de (5.39) representam a velocidade do ponto B em relação ao referencial preso ao corpo rígido C, podemos escrever xyzBABAB // vrΩvv (5.40) onde se definem ABA /rΩv velocidade de arraste xyzB /v velocidade de B relativa ao referencial móvel xyz A relação entre as acelerações pos pontos A e B pode ser obtida derivando a equação (5.40), resultando dt d dt d dt d xyzBAB ABAB // / vr Ωr Ω aa (5.41) 54 Conforme mostrado anteriormente xyzBAB AB dt d // / vrΩ r (5.42) e xyzBxyzB xyzB dt d // / avΩ v (5.43) Substituindo (5.42) e (5.43) em (5.41), obtemos xyzBxyzBABABAB 2 dt d //// )( avΩrΩΩr Ω aa (5.44) onde se definem )( // ABABA dt d rΩΩr Ω a aceleração de arraste xyzB2 /vΩ aceleração de Coriolis ou complementar xyzB /a aceleração de B relativa ao referencial móvel a xyz Portanto, as equações (5.40) e (5.44) relacionam as velocidades e as acelerações de dois pontos A e B, pertencentes a corpos rígidos distintos. Embora tenham sido deduzidas para o movimento plano, se aplicam igualmente para movimentos espaciais. 55 CAPÍTULO 6 DINÂMICA DO MOVIMENTO PLANO DE CORPOS RÍGIDOS O estudo da dinâmica do corpo rígido pode ser feito inicialmente tomando aplicações de engenharia onde o movimento é plano. Neste capítulo vamos analisar as equações da dinâmica do corpo rígido, no movimento plano. Este estudo é feito a fim de encontrar a relação entre a aceleração do centro de massa e as forças aplicadas ao corpo, e entre a aceleração angular e os momentos destas forças . 6.1 EQUAÇÕES DO MOVIMENTO DO CENTRO DE MASSA Seja um corpo rígido C, de massa m e centro de massa G, realizando um movimento plano paralelo ao plano de referência xy, figura 6.1. Figura 6.1 - Forças numa partícula i de um corpo rígido C. x y ri mi C G rG fji Fi 56 Várias forças externas atuam neste corpo em diferentes pontos. Vamos identificar a força externa resultante que atua na partícula i, de massa mi, como Fi e a força interna que a partícula j faz sobre i como fij. Escrevendo a lei de Newton para a massa mi obtemos ii j jii m afF (6.1) Se somarmos a equação de movimento aplicada a todas as partículas deste corpo rígido, obteremos i ii i j ji i i m afF (6.2) A relação que define a posição do centro de massa G deste corpo rígido é dada por G i ii mm rr (6.3) Derivando, obtemos a seguinte relação para a velocidade do centro de massa G i ii mm vv (6.4) e, derivando novamente obtemos para a aceleração G i ii mm aa (6.5) onde mm i i é a massa do corpo rígido. Aplicando (6.5) em (6.2) obtemos G i j ji i i mafF (6.6) Finalmente, lembrando que a soma de todas as forças internas em um corpo rígido é nula 57 G i iRE maFF (6.7) Assim, esta é a forma da lei dos movimentos de Newton para o movimento do centro de massa de corpos rígidos. É semelhante à forma original enunciada para partículas de dimensões desprezíveis, relacionando a força resultante de todas as forças externas aplicadas ao corpo rígido e a aceleração de seu centro de massa. 6.2 EQUAÇÕES PARA O MOVIMENTO ANGULAR DO CORPO RÍGIDO Para o conhecimento da posição angular de qualquer corpo rígido durante movimentos planos, devemos tomar o momento das forças na partícula i em relação a um ponto qualquer P. Sem perda de generalidade, escolhemos este ponto como a origem do sistema de referência, como mostra a figura 6.2. Figura 6.2 - Momento de todas as forças atuantes numa partícula i. Assim, a partir da equação (6.1) temos iii j jiiii m arfrFr (6.8) Vamos somar esta equação aplicada a todos os pontos do corpo rígido, i iii i jjii i ii m arfrFr (6.9) x y ri mi C G rG fji Fi P 58 A segunda parcela do lado esquerdo da equação (6.9), referente ao momento de todas as forças internas que atuam num corpo rígido, é nula. Portanto, obtemos i iii i ii m arFr (6.10) Das equações da cinemática de um corpo rígido podemos escrever )( iiPi rωωrαaa (6.11) Para movimentos planos tal que kα é a aceleração angular do corpo rígido C e kω é a velocidade angular do corpo rígido, a equação (6.11) pode ser escrita como ii 2 piiPi rr uuaa (6.12) onde iu é o vetor unitário da direção de ri , sendo iii rur , e piu é o vetor unitário da direção perpendicular à ri conforme o produto vetorial irα para aceleração angular positiva. Figura 6.2 - Vetores unitários iu e piu . Aplicando a equação (6.12) em (6.10) x y ri mi C G rG P upi ui 59 i ii 2 piiPii i ii rrm )( uuarFr (6.13) ou i 2 ii i Pii i ii rmm karFr (6.14) pois ii 2 iiiii 2 ii rmrrm uuur é nulo. A relação da posição do centro de massa dada por (6.3) pode ser substituída na equação (6.14), resultando i 2 iiPG i ii rmm karFr (6.15) Lembrando que P vol 2 i 2 ii Idmrrm é momento de inércia do corpo rígido C em relação ao eixo z que passa pelo ponto P e i P i ii M kFr é momento de todas as forças externas que atuam no corpo rígido C, em relação ao ponto P, a equação (6.15) será dada por: kark PPG i P ImM (6.16) Aplicando a equação da translação de momentos de inércia entre os eixos paralelos que passam por P e por G, ambos na direção z, obtemos 2 GGP rmII (6.17) Da cinemática escrevemos a relação entre as acelerações dos pontos G e P G 2 GPG rrαaa (6.18) ou G 2 GGP rrαaa (6.19) Aplicando (6.17) e (6.19) na equação (6.16) obtemos 60 kk rrrαrark 2 GG G 2 GGGGG i P rmI mmmM )( (6.20) A segunda parcela do lado direito de (6.20) é dada por krαr 2 PGGG rmm /)( (6.21) e, sendo nula a terceira parcela, resulta kark GGG i P ImM (6.22) Esta é a equação da dinâmica do movimento plano de um corpo rígido que relaciona o momento de todas as forças externas e a aceleração angular. Há dois casos particulares de interesse prático. i - Se o ponto P coincidir com o centro de massa G, temos rG = 0 e kk G i G IM (6.23) ou G i G IM (6.24) ii - Se o ponto P estiver no eixo de rotação, temos aP = 0. Aplicando na equação geral dada em (6.16) obtemos kk P i P IM (6.25) ou P i P IM (6.26) 61 6.3 EQUAÇÕES DO MOVIMENTO - COORDENADAS RETANGULARES Para o movimento plano de um corpo rígido temos, portanto, três equações escalares. Em coordenadas retangulares são dadas por: Gx i ix amF (6.27) Gy i iy amF (6.28) e G i G IM (6.29) A equação (6.29) pode ser substituída por P i P IM (6.30) onde P é um ponto do eixo de rotação, ou de aceleração nula. Se quisermos utilizar um ponto P qualquer, da equação geral (6.22), obtemos GGxGGyG i P IamyamxM (6.31) sendo jir GGG yx e jia GyGxG aa . Figura 6.3 - “Momentos” das componentes de Gma . x y C G rG P maGx yG xG maGy 62 6.4 EQUAÇÕES DO MOVIMENTO - DIREÇÕES TANGENCIAL E NORMAL Para o movimento plano onde o centro de massa de um corpo rígido realiza uma trajetória curvilínea, freqüentemente é conveniente escrever as equações (6.27) e (6.28) nas componentes tangencial e normal, da seguinte forma Gt i it amF (6.32) e Gn i in amF (6.33) sendo nGntGtG aa uua . Figura 6.4 – Direções: tangencial e normal. A equação de momentos utilizada nestes casos é dada por G i G IM (6.34) para movimentos quaisquer ou P i P IM (6.35) para movimentos de rotação pura em torno do eixo, tomando P neste eixo. x y C G un P trajetória de G ut O centro de curvatura 63 CAPÍTULO 7 DINÂMICA DO MOVIMENTO PLANO DE CORPOS RÍGIDOS - TRABALHO E ENERGIA Neste capítulo será analisada a lei de Newton apresentada na forma de uma integral sobre o deslocamento. Esta forma se baseia nos conceitos de trabalho e energia cinética do corpo rígido. Aplicam-se os conceitos de trabalho e de energia cinética em condições gerais e no final estuda-se o caso particular de sistemas conservativos. 7.1 ENERGIA CINÉTICA DE UM CORPO RÍGIDO Seja um corpo rígido C, de massa m e um elemento de massa dm num ponto qualquer deste corpo. Figura 7.1 - Velocidades de um ponto qualquer e do ponto Q. Usando a definição de energia cinética de uma partícula, podemos escrever a energia cinética do corpo C através da integral x y r dm C vP v P 64 m 2 dmv 2 1 T (7.1) Se desejarmos expressar esta equação em função da velocidade de um ponto P particular, escolhido como origem de referencial xy, podemos relacionar as velocidades entre um ponto qualquer e o ponto P através de rωvv P (7.2) onde é a velocidade angular de C. Assim, para o movimento plano )( jikjiv yxωvv PyPx (7.3) ou jiv )()( xvyv PyPx (7.4) Elevando ao quadrado (7.4) obtemos 2 Py 2 Px 2 xvyvv )()(vv (7.5) Aplicando (7.5) em (7.1) obtemos m 2 Py 2 Px dmxvyv 2 1 T ])()[( (7.6) ou m 22 m Py m Px m 2 P dmr 2 1 dmyvdmyvdmv 2 1 T (7.7) lembrando que 2 Py 2 Px 2 P vvv e 222 yxr . Usando as definições de centro de massa G de um corpo rígido C, dadas por m G dmx m 1 x e m G dmy m 1 y (7.8) 65 e a definição do momento de inércia do corpo rígido C em relação ao eixo z que passa por P, m 2 m 22 P dmrdmyxI )( (7.9) podemos escrever a equação (7.7) como 2 PGPyGPx 2 P I 2 1 mxvmyvvm 2 1 T (7.10) Esta é a equação geral que permite calcular a energia cinética do corpo rígido C a partir da velocidade de um ponto P e de sua velocidade angular. Se escolhermos o ponto P coincidente com o centro de massa G, a equação (7.10) toma uma forma mais simples 2 G 2 G I 2 1 vm 2 1 T (7.11) uma vez que neste caso 0xG e 0yG . As expressões (7.10) e (7.11) permitem calcular a energia cinética de um corpo rígido que realiza um movimento qualquer no plano xy. Há dois casos de movimentos particulares que tem estas expressões simplificadas além de (7.11). No movimento de translação, a velocidade angular do corpo é sempre igual a zero. Logo 2 Gvm 2 1 T (7.12)No caso do movimento de rotação plana em torno de um eixo fixo z que passa por um ponto O (a velocidade 0vO ), a equação (7.10) fica igual a 2 OI 2 1 T (7.13) 66 7.2 TRABALHO DE UMA FORÇA O conceito de trabalho de uma força que atua num corpo rígido, como definido no Capítulo 3, referente à Mecânica da partícula, está relacionado ao movimento do ponto onde está aplicada a força. Conforme visto, o trabalho elementar dU realizado por uma força F é dado por rF ddU (7.14) A Figura 7.2 ilustra as grandezas envolvidas nesta definição. Logo ss dsFdU cosrF (7.15) Figura 7.2 - Elementos da definição de trabalho de uma força. Há algumas condições especiais que apresentaremos a seguir. Vamos inicialmente calcular o trabalho de uma força constante, cujo módulo, direção e sentido são invariáveis durante o movimento. Aplicando a definição dada em (7.15), numa trajetória qualquer mostrada na Figura 7.3, temos 22 11 2 1 yx yx CyCxC21 dydxFFdU , , )()( jijirF r r (7.16) Como a força é constante, a equação (7.16) pode ser integrada resultando S F F F C C dr 67 yFxFdyFdxFU CyCx yx yx CyCx21 22 11 , , (7.17) onde 12 xxx e 12 yyy . Figura 7.3 - Trabalho de uma força constante. Analogamente, podemos calcular o trabalho da força peso W, sendo y a direção vertical, através de 22 11 2 1 yx yx 21 dydxWdU , , )()( jijrF r r (7.18) ou yWyyWWdyU 12 y y 21 2 1 )( (7.19) O trabalho da força de uma mola linear aplicada num ponto P de um corpo rígido é obtido a partir de: 2 1 s s m21 dU rF (7.20) O modelo linear da força de mola é dado por xkFm (7.21) S FC C FC FC x y x1 x2 y1 y2 C 68 onde k é a constante elástica da mola e x é a sua deformação tomada a partir de sua posição não deformada, ver Figura 7.4. Assim, podemos escrever )( 21 2 2 s s 21 xxk 2 1 dxxkU 2 1 (7.22) Figura 7.4 - Trabalho de uma força de mola. Há algumas forças que não realizam trabalho. Forças que atuam em pontos fixos do corpo e forças normais ao deslocamento do ponto do corpo não realizam trabalho. Entre as forças mais usuais em aplicações de engenhar ia estão as reações em apoios, forças normais das reações de superfícies estacionárias sobre os corpos rígidos e forças de atrito no rolamento, quando não há escorregamento. Uma consideração especial deve ser feita sobre o trabalho de um binário, isto é, o trabalho de um par de forças iguais, paralelas entre si, com sentidos contrários. É fácil observar que o trabalho de um binário durante o movimento de translação qualquer de um corpo rígido é nulo, pois os deslocamentos de todos os pontos são iguais e as forças são contrárias. Assim só há trabalho no movimento de rotação. Para um binário M, o trabalho elementar é dado por 2211M dddU rFrF (7.23) Sendo o binário dado pelas forças F1 e F2, onde 21 FFF , e sendo o movimento de rotação, no qual 21 ddd rrr , pode-se escrever a (7.23) como x=0 posição da mola não deformada x1 x2 69 drF2dddUM )()( rFrF (7.24) Sendo b o braço do binário, temos que d 2 b dr . Integrando (7.24) obtém-se dMd 2 b F2U s M (7.25) onde FbM é a intensidade do binário, isto é, seu módulo com o sinal dado pela orientação do ângulo de rotação , conforme mostra a Figura 7.5. Figura 7.5 - Orientações para o binário e o ângulo de rotação. Se o binário for constante de valor M, então MUM (7.26) onde 12 . b F2 F1 d dr1 dr2 x y 70 7.3 PRINCÍPIO DO TRABALHO E ENERGIA Conforme demonstrado no Capítulo 3, o princípio do trabalho e energia para um sistema de partícula, e consequentemente para um corpo rígido qualquer, é dado por: 2211 TUT (7.27) onde 1T e 2T são as energias cinéticas (7.11) do corpo rígido nos instantes t1 e t2, respectivamente, e 21U é a soma dos trabalhos de todas as forças externas aplicadas neste mesmo corpo. Observa-se que o trabalho resultante de forças internas atuantes num corpo rígido é nulo uma vez que as forças internas ocorrem aos pares, com mesmos valores do módulo, mesmas direções e sentidos contrários. Os deslocamentos na direção destas forças devem ser iguais para não ocorrer deformação no corpo. Outra forma de calcular o trabalho das forças internas usa a decomposição do movimento qualquer em um movimento de translação e outro de rotação. Na translação os trabalhos das forças internas são iguais e de sinais contrários, sendo nulo o trabalho resultante. Na rotação estas forças não realizam trabalho pois os deslocamentos são perpendiculares às forças. Figura 7.6 - Decomposição de um movimento qualquer entre as posições 1 e 3. (a) translação entre 1 e 2 - (b) rotação entre 2 e 3. FBA FAB FAB A2 B2 A3 B3 A1 B1 FAB FBA FAB= - FBA a a b 71 7.4 PRINCÍPIO DO TRABALHO E ENERGIA: SISTEMAS CONSERVATIVOS O princípio do trabalho e energia, dado em (7.27), pode ser modificado quando todas as forças atuantes numa partícula são forças conservativas. Lembrando que o trabalho total das forças conservativas pode ser dado por 21 C 21 VVU (7.28) onde 1V e 2V são, respectivamente, as energias potenciais do corpo rígido nos instantes t1 e t2, e C 21U é a soma dos trabalhos de todas as forças conservativas aplicadas neste mesmo corpo. Podemos escrever o princípio (7.27), separando os trabalhos das forças conservativas e não conservativas como 2 NC 21 C 211 TUUT (7.29) Aplicando (7.28) em (7.29), obtemos 2 NC 21211 TUVVT (7.30) ou 22 NC 2111 VTUVT (7.31) Se o sistema for conservativo, então 2211 VTVT (7.32) Esta igualdade é conhecida como a conservação da energia mecânica. È uma forma particular do princípio do trabalho e energia para sistemas conservativos. Nestes casos a soma da energia cinética e da energia potencial é constante ao longo do tempo. 72 CAPÍTULO 8 DINÂMICA DO MOVIMENTO PLANO DE CORPOS RÍGIDOS IMPULSO E QUANTIDADE DE MOVIMENTO Neste capítulo será analisada a lei de Newton apresentada numa outra forma integral. Nesta forma integra-se a lei de Newton dada por (6.7) no tempo. Esta forma se baseia nos conceitos de impulso e quantidade de movimento do corpo rígido. Ao final deste capítulo estes conceitos são aplicados na teoria de impacto. 8.1 QUANTIDADE DE MOVIMENTO LINEAR DE UM CORPO RÍGIDO Seja um corpo rígido C, de massa m e cujo centro de massa se localiza em G. Seja v a velocidade de um ponto qualquer, de massa dm, deste corpo. Figura 8.1 - Corpo rígido C com centro de massa G. Usando a definição de quantidade de movimento linear
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