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Pró-Reitoria de Pós-Graduação e Pesquisa Lato Sensu em Arquitetura de Sistemas de Saúde UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO NEONATAL Brasília - DF 2014 Autor: Thaís Lessa Sardinha da Silva Orientador: Márcio Oliveira THAIS LESSA SARDINHA DA SILVA UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO NEONATAL Brasília – DF 2014 Artigo apresentado ao Programa de Pós Graduação Lato Sensu em Arquitetura de Sistemas de Saúde da Universidade Católica de Brasília, como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Arquitetura de Sistemas de Saúde. Orientador: MSc. Márcio Oliveira Co-orientador: Esp. Flávio Bicalho Artigo de autoria de Thaís Lessa Sardinha da Silva, intitulado “UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO NEONATAL”, apresentado como requisito parcial para obtenção do certificado de Especialista em Arquitetura de Sistemas de Saúde da Universidade Católica de Brasília, em 28 de outubro de 2014, defendido e/ou aprovado pela banca examinadora abaixo assinada: _________________________________________________ Prof. MSc. Márcio Oliveira Orientador EASS – UCB-DF _________________________________________________ Prof. Especialista. Flávio Bicalho EASS – UCB-DF _________________________________________________ Arquiteta Janete Freiberger EASS – UCB-DF Brasília - DF 2014 UNIDADE DE TRATAMENTO INTENSIVO NEONATAL THAÍS LESSA SARDINHA DA SILVA RESUMO As unidades de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) são muitas vez ambientes estressantes tanto para os pacientes, os Recém Nascidos (RN) de baixo peso, quanto para os profissionais atuantes neste espaço que precisam estar qualificados e treinados de forma a não contribuir com o aumento da morbidade. O projeto de uma UTIN exige uma série de cuidados, pois este espaço será ocupado por recém-nascidos que apresentam instabilidade em seus órgãos vitais e não conseguem adapta-se, sozinhos, à vida extra uterina. As condições ambientais, tem mostrado ser uma fonte importante de estresse afetando o estado fisiológico e neurocomportamental do bebê. Logo é necessário amenizar os fatores que possam contribuir para o desconforto. O ambiente, portanto assume um papel importante no tratamento do RN doente. O objetivo principal do projeto é reduzir ao máximo os impactos que este pode causar no desenvolvimento do neonato, olhando pela perspectiva dos trabalhadores, é interessante que este tenha condições favoráveis no seu trabalho de forma a otimizar sua produção e rendimento, pois o RN depende diretamente do bom serviço para ter boas condições de sobrevida. Palavras-chave: Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal, Recém nascido de baixo peso,UTIN, condições ambientais, Métodos de humanização. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................1 2. ASPECTOS HISTÓRICOS – Unidade de terapia Intensiva Neonatal UTIN .............................................1 3. O RECÉM-NASCIDO E SUA ADMISSÃO NA UTIN ...................................................................................2 4. ASPECTOS NORMATIVOS .....................................................................................................................3 5. ASPECTOS DE PLANEJAMENTO DA UNIDADE ......................................................................................7 5.1 Atividades .......................................................................................................................................7 5.2 Recursos Humanos na UTIN ...........................................................................................................7 5.3 Equipamentos ................................................................................................................................8 5.4 Mobiliários................................................................................................................................... 10 5.5 Ambientes ................................................................................................................................... 10 5.6 Relação Físico Funcional e fluxos externos à unidade ................................................................ 11 5.7 Setorização e fluxo interno da unidade ...................................................................................... 11 5.8 Instalações ................................................................................................................................... 14 5.9 Aspectos de Humanização e o Método Canguru ........................................................................ 14 6.ESTUDO DE CASO ............................................................................................................................... 16 7. PROPOSTA ARQUITETÔNICA ............................................................................................................. 18 7.1 Programa ..................................................................................................................................... 18 7.2 Zoneamento/ fluxo ...................................................................................................................... 18 7.3. Materiais de acabamento .......................................................................................................... 21 CONCLUSÃO .......................................................................................................................................... 21 REFERÊNCIAS ......................................................................................................................................... 22 1 1. INTRODUÇÃO As Unidades de Tratamentos Intensivos UTI em suma são unidades destinadas ao atendimento de pacientes graves ou de risco que necessitam de assistência por 24 horas, com muitos equipamentos específicos, recursos humanos especializados e que tenham acesso a outras tecnologias destinadas a diagnóstico e terapia. A UTI Neonatal atende especialmente pacientes neste quadro com faixa etária de 0 a 28 dias. Dentro das características do período neonatal destacam-se as altas taxas de morbi- mortalidade devido ao fato deste período ser o de maior fragilidade além da propensão a sequelas de longa duração. As condições de trabalho da equipe multidisciplinar atuante nesta atividade, e do ambiente ao qual ela esta inserida pode interferir diretamente sobre o cuidado do recém- nascido. Desta forma é necessário entender melhor este paciente, saber um pouco mais das suas limitações e necessidades para adequar melhor o espaço, interferindo menos no desenvolvimento desses prematuros e oferecendo melhor condições de trabalho para os funcionários. Neste contexto ressalta-se que a UTIN é um ambiente bem estressante com iluminação intensa contínua, repleto de barulho e interrupções frequentes dos períodos de sono e repouso com procedimentos e atividades diversas, prejudicando o desenvolvimento neuromotor dos RN. Por isso fica evidente a importância de um cuidado maior ao se conceber esta unidade. Contudo, este estudo contribuirá com projetos posteriores demonstrando a importância do conforto acústico, lumínico e térmico neste espaço, além de difundir os conceitos de atendimento humanizado aos recém-nascidos de baixo peso e ainda diminui indiretamente as complicaçõesque poderiam surgir entre os neonatos de baixo peso. 2. ASPECTOS HISTÓRICOS – UNIDADE DE TERAPIA INTENSIVA NEONATAL UTIN Do ponto de vista histórico o primeiro espaço destinado à Recém-Nascidos (RN) surgiu em 1893,em Paris na Maison d`Accouchements du Boulevard Port – Royal; sendo sua criadora a Sr. Henry, enfermeira da casa de parto que atendia crianças prematuras (UNGERER. 1999). A neonatologia (do grego, neo: novo, nato: nascimento; logos: estudo) surgiu como especialidade médica a partir da Pediatria, em meados do século XIX. No entanto Pierre Budin (1846-1907), obstetra no Hospital La Charité, em Paris, foi considerado o precursor da Neonatologia moderna, criando o ambulatório de puericultura anexo à maternidade, juntamente com Stéphane Tarnier (1828-1897). Budin também divulgou o aleitamento materno artificial esterilizado e foi o autor da primeira publicação sobre a prematuridade (1888), Tarnier idealizou a primeira incubadora 2 (1878), aperfeiçoado por Budin, melhorando o controle térmico dos bebês. Martin Couney divulgou o invento pela Europa e criou a primeira Unidade de Terapia Intensiva Neonatal. A partir do século XX, inúmeras tecnologias e procedimentos foram desenvolvidos para o cuidado do recém-nascido. A exemplo o centro para prematuros no Hospital Michel Reese, em Chicago, criado pelo pediatra Julius Hess , em 1914, que alguns anos depois, juntamente com a médica Evelyn Lundeen (1922), preconizou a manipulação mínima do recém-nascido, a lavagem frequente das mãos e o uso de indumentárias específicas na unidade de cuidados ao recém-nascido. Com a publicação do livro Doenças do recém-nascido em 1960, por Schaffer, o termo Neonatologia é difundido com o significado: O conhecimento do recém- nascido. (AVERY, 1999). O período neonatal é considerado aquele do nascimento até o vigésimo oitavo dia de vida, independente da idade gestacional do RN. As décadas de 1970 e 1980 são marcadas pela disseminação das unidades neonatais de tratamento intensivo, com normas e rotinas específicas. Nessa época também pode-se destacar conquistas como o diagnóstico pré-natal que ampliou a capacidade médica para diagnosticar alterações fetais , a fertilização in vitro e as técnicas de inseminação que aumentaram o número de partos múltiplos prematuros. Todas essas conquistas possibilitaram melhora no atendimento ao feto e ao neonato, culminando com a viabilização de bebês considerados, até então, inviáveis, como os que nasciam com menos de 500g ou com idade gestacional menor que 28 semanas. A prematuridade passa a ser a principal causa de internação. Do ponto de vista da arquitetura somente a partir do final dos anos 70 e 80, depois da disseminação das UTIN com normas e rotinas, que as Unidades de Terapia Intensiva Neonatal são projetadas e construídas com o específico propósito de cuidado de neonatos críticos, anteriormente essas unidades eram locadas em leitos adaptados. (Floyd,2005) O início do século XXI é marcado por uma assistência voltada à humanização, com estímulo à adoção do método canguru de contato pele a pele, manipulação mínima do bebê, estímulo pelo parto vaginal e aleitamento materno. A neonatologia ganha espaço como especialidade médica e de Enfermagem. 3. O RECÉM-NASCIDO E SUA ADMISSÃO NA UTIN Ao nascer o RN recebe assistência imediata nas duas primeiras horas de vida realizada ainda na sala de parto ou centro obstétrico. Os neonatos nesses primeiros procedimentos são avaliados e classificados quanto ao risco de morte e potencial para complicações em baixo, médio e alto risco. Essa classificação induz a equipe a se preparar para cuidados mais ou menos complexos sem, todavia, definir categoricamente que o bebê de baixo risco não possa sofrer intercorrências graves. Outra classificação também é feita quanto à idade gestacional (IG) e relação entre peso e IG. 3 Na classificação por idade gestacional, considera-se esta idade como o período a partir do primeiro dia do último período menstrual normal até o dia do nascimento. Este período está dividido em três trimestres que classificam o bebê como prematuro, a termo e pós-termo. O prematuro é considerado aquele RN antes de completar a trigésima sétima semana de gestação (até 265 dias). O RN a termo nasce no período entre trigésima sétima semana e quadragésima primeira semana e seis dias de gestação (266 a 293) e o pós termo aquele que nasce com ou mais de quarenta duas semanas de gestação (294 dias ou mais) Na classificação por peso, os RN são classificados de acordo com o peso em relação à idade gestacional como: grandes para idade gestacional (GIG), os apropriados (AIG) e pequenos para idade gestacional (PIG). A avaliação é feita utilizando-se os gráficos que comparam as curvas de crescimento intra-uterino em relação à idade gestacional do recém nascido. Após a classificação e exames físicos e laboratoriais diversos procedimentos são adotados e realizados no neonato para ajudá-lo na adaptação ao meio extrauterino. Os critérios para admissão do recém-nascido na UTIN poderão variar de um hospital para outro. Para Fazio Júnior (1999) a UTIN destina-se aos RN gravemente doentes, com instabilidade hemodinâmica ou das funções vitais, bem como àqueles que apresentarem alto risco de mortalidade e, ainda, que necessitam de vigilância clínica, monitorização e/ou tratamento intensivos. Nestas unidades, os RN que ficarem internados receberão cuidados intensivos durante 24 horas ininterruptamente. Esses recém-nascidos classificados de alto risco apresentam peculiaridades que o tornam vulneráveis ao ambiente, principalmente à temperatura, ruídos, iluminação intensa e excesso de manuseio. Tais condições são fontes de estresses para o recém-nascido e para equipe multidisciplinar que precisa estar qualificada e treinada de forma a não contribuir com o aumento da morbidade. 4. ASPECTOS NORMATIVOS No Brasil a normatização existente na área de infraestrutura física em saúde é a RDC/ANVISA N°50, de 21 de fevereiro de 2002. Esta classifica a Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal (UTIN) como sendo de atribuição 3 (três) equivalente a uma unidade de atendimento em regime de internação. Suas principais atividades relacionam-se com os seguintes ambientes: Tabela 1-Atividades x Ambientes Atividades Ambientes Internação de recém-nascidos até 28 dias (neonatologia). Internação de recém-nascido Executar e registrar a assistência médica diária. Posto de Enfermagem / prescrição médica 4 Executar e registrar a assistência de enfermagem, administrando as diferentes intervenções sobre o paciente. Posto de Enfermagem / prescrição médica Executar e registrar a assistência de enfermagem, administrando as diferentes intervenções sobre o paciente. Área de serviços de enfermagem / Área de cuidados e higienização Alojar e manter sob cuidados recém- nascidos sadios. Berçário de sadios Prestar assistência nutricional e dar alimentação o aos recém-nascidos. Berçário de sadios Proporcionar condições de internar recém-nascidos, patológicos, prematuros e externos que necessitam de observação. Berçário de cuidados intermediários Prestar assistência nutricional e dar alimentação aos recém-nascidos. Berçário de cuidados intermediários Proporcionar condições de internar pacientes críticos em regime intensivo. Berçário de cuidados intensivos Prestar assistência nutricional e dar alimentação aos recém-nascidos. Berçário de cuidados intensivos Executar o controle de entrada e saída de RN. Área para registro de paciente Fonte: Autora Com relaçãoà quantificação, dimensionamento e instalações mínimas a norma preconiza: - Posto de enfermagem / prescrição médica: 01(um) a cada 15 (quinze) berços de cuidados intermediários ou sadios e 1 (um) para cada berçário de cuidados intensivos com dimensão mínima de 4,5m² e dotado do ponto de instalação de água fria; -Área para prescrição médica: dimensão mínima de 2,0 (dois) m²; - Área de serviços de enfermagem: uma área para cada posto de enfermagem com dimensão mínima de 6,0m² e dotado do ponto de instalação de água fria; - Área de cuidados e higienização: 1(um) para cada 15 berços ou fração com área mínima de 4,0m² e dotado dos pontos de instalação de água fria, água quente, vácuo clínico, ar comprimido medicinal e ponto elétrico de emergência, também deve possuir pia de despejo; - Berçário de sadios: Dimensão mínima de 2,2m² por berço (R.N. sadio) e 4,5m² (outros), mantendo uma distância mínima de 0,60m (sadios) e 1m (outros) entre berços e entre estes e paredes, exceto entre cabeceira do berço e parede. Para alojamento conjunto, o berço deve estar ao lado do leito da mãe e afastados 0,60m de outro berço. Deve ser dotado dos pontos de instalação de água fria e de energia elétrica; 5 - Berçário de cuidados intermediários: Devem existir quatro berços a cada 80 RN/ano de baixo peso (-2500g). Dimensão mínima de 2,2m² por berço (R.N. sadio) e 4,5m² (outros), mantendo uma distância mínima de 0,60m (sadios) e 1m (outros) entre berços e entre estes e paredes, exceto entre cabeceira do berço e parede. Para alojamento conjunto, o berço deve estar ao lado do leito da mãe e afastados 0,60m de outro berço. Deve ser dotado dos pontos de instalação de água fria, água quente, vácuo clínico, ar comprimido medicinal, oxigênio e energia elétrica; - Berçário de cuidados intensivos: Mínimo de cinco leitos, sendo 1 berço a cada 80 RN/ano de baixo peso (-2500g). É obrigatório em todo Estabelecimento Assistencial de Saúde que atendam gravidez/parto de alto risco. Dimensão mínima de 6,5m² por berço. Distância entre paredes e berço igual 1m, exceto cabeceira. Distância entre berços igual a 2m. Deve ser dotado dos pontos de instalação de água fria, vácuo clínico, ar comprimido medicinal, oxigênio e energia elétrica, além de dispor de comunicação visual; Os ambientes de Apoio obrigatórios são: - Sala de Utilidades: deve possuir pia de despejo e área mínima de 4m², com dimensão linear mínima de 1,5m. Quando houver guarda temporária de resíduos sólidos deve ser acrescida 2m². Deve possuir o ponto de instalação de água fria; - Área para registros de pacientes (controle de entrada e saída): área mínima de 5,0m²; - Quarto de Plantão (in loco ou não): mínimo de 5,0m² com dimensão linear mínima de 2m; - Sanitário para funcionários: 1 para cada sexo contendo uma bacia sanitária, e um lavatório a cada 10 funcionários, dotado do ponto de instalação de água fria; - Depósito de equipamentos e materiais: 1 para cada unidade com dimensões a depender dos equipamentos; - Depósito de material de limpeza: área de 2m² com dimensão linear mínima de 1m, dotado de tanque de lavagem e do ponto de instalação de água fria; - Vestiário de acesso à unidade: 1 por unidade requerente com área mínima de 3m² e dotado do ponto de instalação de água fria; Os ambientes de apoio opcionais e recomendados pela norma são: - Sala administrativa: área mínima de 5,5 m² por pessoa; - Copa de distribuição: área mínima de 2,6 m² com dimensão linear mínima de 1,15m dotada do ponto de instalação de água fria; - Área para guarda de carros de transferência de R.N.; - Sala para coleta de Leite (obrigatório quando a mãe não estiver internada no mesmo EAS); - Sala de estar para visitante (anexa à unidade); 6 - Sanitários para público (junto à sala de estar). Além desta norma a ANVISA dispõe de Portarias que asseguram o funcionamento das unidades neonatais, no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS) e particular, são elas: Portaria N° 3432/MS/GM, de 12 de agosto de 1998: Estabelece critérios de classificação entre Unidades de Tratamento Intensivo, de acordo com a incorporação de tecnologia, a especialização dos recursos humanos e a área física disponível. Para a Unidade de Terapia Intensiva Neonatal indica os materiais e equipamentos necessários para um bom funcionamento da unidade além da equipe básica necessária. Portaria MS/GM N° 1.091, de 25 de agosto de1999: Cria e estabelece as normas e critérios de inclusão da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal no SUS. Portaria SAS/MS N°72, de 2 de março de 2000: Estabelece equipe multiprofissional para o atendimento humanizado ao recém nascido de baixo peso. Portaria N°332/GM em 24 de março de 2000: Adequa as exigências relativas à composição da equipe médica básica das Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal à realidade do exercício profissional nesta área. Portaria GM/MS Nº 1.683 de 12 de julho de 2007: Norma de Atenção Humanizada ao Recém‑nascido de Baixo Peso ‑ Método Canguru. Reúne conhecimentos acerca das particularidades físicas, biológicas e das necessidades especiais de cuidados técnicos e psicológicos do casal grávido, da gestante, da mãe, do pai, do recém‑nascido de baixo peso e de toda a sua família. Abrange também a equipe de profissionais responsável por esse atendimento, buscando motivá‑la para mudanças importantes em suas ações como cuidadores. Existem também outras resoluções que tratam especificamente de Unidades de Terapia Intensiva incluindo a neonatal: RDC N°36, de junho de 2008: Dispõe sobre regulamento técnico para funcionamento dos serviços de atenção obstétrica e neonatal. Esta resolução se refere a construção, reforma ou adaptação na estrutura física dos serviços de atenção obstétrica e neonatal, determina que a unidade seja submetida a avaliação e aprovação do projeto físico junto à autoridade sanitária local, em conformidade com a RDC/Anvisa n.50, de 21 de fevereiro de 2002, e RDC/Anvisa n. 189 de julho de 2003. RDC Nº 7, de 24 de fevereiro de 2010 Tem como objetivo estabelecer padrões mínimos para o funcionamento das Unidades de Terapia Intensiva, visando à redução de riscos aos pacientes, visitantes, profissionais e meio ambiente. A agência Nacional de Vigilância Sanitária também publicou uma Consulta Pública de nº 21, de 27 de abril de 2006 (ANVISA, 2006) a qual além do que já foi estabelecido pelas portarias antes descritas define: 7 A aprovação do Regulamento Técnico para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva e Unidades de Cuidados Intermediários com o objetivo de estabelecer um padrão mínimo exigido para funcionamento das unidades de terapia intensiva e cuidados intermediários, objetivando a defesa da saúde dos pacientes e dos profissionais. Esta consulta pública também ressalta a importância do atendimento humanizado. 5. ASPECTOS DE PLANEJAMENTO DA UNIDADE 5.1 ATIVIDADES A programação físico-funcional da unidade tem como base as atividades que serão desenvolvidas, estas são importantes para se pré-dimensionar os ambientes de forma mais efetiva. Esta relação de atividades, tem como base a atribuição definida pela RDC 50 de 2002, que encaixa a UTIN como prestação de atendimento de assistência à saúde em regime de internação-atendimento a pacientes carentes de assistência direta programada por período superior a 24 horas (pacientes internos), além dessas ações relacionadas ao atendimento especializado, seu conjunto de sub-atividades são: - Internação de recém-nascidos até 28 dias; - Alojar e manter sob cuidados recém- nascidos sadios; - Proporcionar condições de internar recém-nascidos normais patológicos; - Prematurose externos que necessitam de observação; - Proporcionar condições de internar pacientes críticos em regime intensivo; - Executar e registrar a assistência médica diária; - Executar e registrar a assistência de enfermagem, administrando as diferentes intervenções sobre o paciente; - Prestar assistência nutricional e dar alimentação aos recém-nascidos; - Executar o controle de entrada e saída de R.N; e - Prestar assistência psicológica e social. 5.2 RECURSOS HUMANOS NA UTIN Uma Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal é composta de uma equipe multiprofissional competente e bem treinada, dadas as características de emergência, frequentemente oligossintomática, da patologia neonatal. 8 De acordo com o manual técnico de atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso- Método canguru do Ministério da Saúde 2011 e com a Portaria N° 3432, de 12 de agosto de 1998, atualizada pela Portaria N° 332 de 24 de março de 2000 as Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal deve contar com a seguinte equipe composta por: - um responsável técnico com título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neonatologia conferidos pela Associação Médica Brasileira; - um médico diarista para cada dez leitos ou fração com título de especialista em Pediatria com área de atuação em Neonatologia, conferidos pela Associação Médica Brasileira. - um médico plantonista exclusivo para até dez pacientes ou fração; - um enfermeiro coordenador, exclusivo da unidade, responsável pela área de enfermagem; - um enfermeiro, exclusivo da unidade, para cada dez leitos ou fração, por turno de trabalho; - um fisioterapeuta para cada dez leitos ou fração no turno da manhã e da tarde; - um auxiliar ou técnico de enfermagem para cada dois leitos ou fração, por turno de trabalho; - um funcionário exclusivo responsável pelo serviço de limpeza; - acesso a cirurgião geral (ou pediátrico), torácico, cardiovascular, neurocirurgião e ortopedista. Deve contar ainda com os seguintes profissionais para compor a equipe multiprofissional: - Obstetras (cobertura de 24 horas), oftalmologista, psicólogos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, Fonoaudiólogos e nutricionistas. Além disso, em relação aos recursos Humanos, todos os profissionais das UTIs e UCIs devem ser vacinados em conformidade com a legislação vigente ou contra doenças epidemiologicamente importantes e o responsável técnico deve implantar, implementar e manter registros de programa de educação permanente para toda a equipe, comtemplando a revisão de normas e rotinas técnicas, a incorporação de novas tecnologias, a capacitação de novos funcionários e a atualização de conhecimento de todos os profissionais. 5.3 EQUIPAMENTOS De acordo com a resolução N°07, de 24 de fevereiro de 2010 a qual dispõe sobre os requisitos mínimos para funcionamento de Unidades de Terapia Intensiva. Os equipamentos mínimos para cada leito de UTI Neonatal são: - Incubadora com parede dupla; 9 - equipamento para ressuscitação manual do tipo balão auto-inflável com reservatório e máscara facial: 01(um) por leito, com reserva operacional de 01 (um) para cada 02 (dois) leitos; - estetoscópio e conjunto para nebulização; - Dois (02) equipamentos tipo seringa para infusão contínua e controlada de fluidos ("bomba de infusão"), com reserva operacional de 01 (um) para cada 03 (três) leitos; - equipamentos e materiais que permitam monitorização contínua de: freqüência respiratória; boximetria de pulso; freqüência cardíaca; cardioscopia; temperatura e pressão arterial não- invasiva. Cada UTI Neonatal deve dispor, ainda, de: - berços aquecidos de terapia intensiva para 10% dos leitos; - equipamento para fototerapia: 01 (um) para cada 03 (três) leitos; - estadiômetro; balança eletrônica portátil: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos; - oftalmoscópio; otoscópio; negatoscópio; - capacetes e tendas para oxigenoterapia: 1 (um) equipamento para cada 03 (três) leitos, com reserva operacional de 1 (um) para cada 5 (cinco) leitos; - aspirador a vácuo portátil; capnógrafo: 01 (um) para cada 10 (dez) leito; - ventilador pulmonar mecânico microprocessado: 01 (um) para cada 02 (dois) leitos, com reserva operacional de 01 (um) equipamento para cada 05 (cinco) leitos devendo dispor cada equipamento de, no mínimo, 02 (dois) circuitos completos. - equipamento para ventilação pulmonar não-invasiva: 01(um) para cada 05 (cinco) leitos, quando o ventilador pulmonar microprocessado não possuir recursos para realizar a modalidade de ventilação não invasiva; - foco cirúrgico e eletrocardiógrafo portátil disponível no hospital; - equipamento desfibrilador e cardioversor, com bateria, na unidade; - equipamento para aferição de glicemia capilar, específico para uso hospitalar: 01 (um) para cada 05 (cinco) leitos ou fração, sendo que as tiras de teste devem ser específicas para neonatos; - incubadora para transporte, com suporte para equipamento de infusão controlada de fluidos e suporte para cilindro de oxigênio: 01 (uma) para cada 10 (dez) leitos ou fração; - equipamento(s) para monitorização contínua de múltiplos parâmetros (oximetria de pulso, cardioscopia) específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; 10 - ventilador pulmonar específico para transporte, com bateria: 01 (um) para cada 10 (dez) leitos ou fração; - cilindro transportável de oxigênio; - refrigerador, com temperatura interna de 2 a 8°C, de uso exclusivo para guarda de medicamentos: 01 (um) por unidade, com conferência e registro de temperatura a intervalos máximos de 24 horas. -microcomputador; Relógio de parede e impressora Outros equipamentos ou materiais podem substituir os listados, desde que tenham comprovada sua eficácia propedêutica e terapêutica e sejam regularizados pela ANVISA. 5.4 MOBILIÁRIOS Os mobiliários mínimos para o funcionamento da unidade seriam: - Balde cilíndrico porta detritos com pedal (4 unidades), balcão com pia (4unidades), cesto de lixo (2unidades), mesa para impressora (2unidades), mesa para microcomputador (2unidades), cadeira giratória com braços (2unidaes), balcão de atendimento, armário vitrine com porta (2unidades), mesa tipo escritório com gavetas, quadro de avisos (2 unidades), armário, mesa para troca de fralda, cadeira universitária, mesa de cabeceira e poltronas (1 por leito). 5.5 AMBIENTES Com o objetivo de se conseguir prestar um atendimento adequado, torna-se indispensável adaptar o ambiente, pois este tem mostrado ser uma fonte importante de estresse afetando o estado fisiológico e neurocomportamental do bebê. Logo para se amenizar os fatores que poderiam contribuir para seu desconforto, os ambientes foram planejados para se ter um conforto térmico, acústico e lumínico adequados. E olhando pela perspectiva dos trabalhadores, é muito importante que este tenha condições favoráveis no seu trabalho de forma a otimizar sua produção e rendimento, pois o RN depende diretamente do bom serviço para ter boas condições de sobrevida. Desta forma os espaços foram estudados para se ter uma boa setorização, o ideal dimensionamento, instalações adequadas e fluxos que contribuem para potencializar o rendimento no trabalho. Os ambientes principais que fazem parte desta unidade são: O berçário de sadios, intermediários e intensivos, posto de enfermagem, área para prescrição médica, área de serviços de enfermagem, área de cuidados e higienização, sala de utilidades, área para registro de pacientes, quarto de plantão, copa de distribuição, sala administrativa, área para guarda de carros de transferência de RN, sanitáriopara funcionários, sala para coleta de leite, depósito de material de limpeza e vestiário de acesso a unidade. 11 5.6. RELAÇÃO FÍSICO FUNCIONAL E FLUXOS EXTERNOS À UNIDADE A UTIN deve ser uma unidade de circulação restrita a funcionários, permitindo-se circulação de visitantes somente quando autorizados. Os pacientes (RN) tem seu fluxo limitado apenas aos serviços de enfermagem e enfermaria, como ilustra o fluxograma de internação abaixo. Sua localização deve ser dentro de uma estrutura hospitalar que tenha recursos para diagnóstico e o tratamento de qualquer patologia neonatal. Figura 1-Fluxograma de Internação Fonte: Somasus A relação físico funcional entre as unidades a qual a UTIN está relacionada facilita o deslocamento ou comunicação que os indivíduos ou materiais requerem para o desenvolvimento das atividades. Portanto é importante que a neonatologia esteja conectada com a: Internação do centro obstétrico / alojamento conjunto (para manter próximo parturiente e RN), Centro Cirúrgico Obstétrico, Nutrição e dietética, (na subunidade lactário, para alimentação dos RN que não estão sendo amamentados). Banco de leite (para distribuição de leite humano aos RN que não são amamentados naturalmente), Farmácia e processamento de roupa, através de área de apoio periférico. Além de ter fácil acesso aos serviços de laboratório, hemoterapia e radiologia. 5.7 SETORIZAÇÃO E FLUXO INTERNO DA UNIDADE Os setores básicos de uma unidade de tratamento intensivo neonatal englobam duas áreas: a do berçário e a do apoio. Os berçários são espaços que devem proporcionar condições de internar pacientes críticos em regime intensivo, por 24 horas ininterruptas, por isso devem 12 ter as áreas físicas de seus leitos abertas o suficiente de forma a facilitar o cuidado e vigilância dos enfermeiros e médicos que estariam em postos de enfermagem próximos aos leitos. O apoio engloba: - a recepção de pacientes e visitas (com sala de espera, sanitários ou vestiários), - o atendimento (com serviço e posto de enfermagem, prescrição médica e área de cuidados e higienização),- o apoio administrativo, técnico e logístico (com salas para utilidades, material de limpeza, depósito de equipamentos, roupas e sanitários ) além de espaços para copa e higienização das mãos. Estes ambientes possuem relação físico funcional entre si, portanto devem se localizar próximo ao berçário de forma a facilitar os fluxos de trabalho. As figuras 2 a 6 abaixo mostram alguns espaços com seus respectivos fluxogramas de relação funcional para ilustrar. Figura 2- Área para prescrição médica. Fonte: SOMASUS Figura 3- Berçário de cuidados Intensivos. Fonte: SOMASUS 13 Figura 4– Área de Cuidados e Higienização Fonte: SOMASUS Figura 5– Área de Serviços de Enfermagem Fonte: SOMASUS Figura 6– Posto de Enfermagem e Prescrição Médica . 14 5.8 INSTALAÇÕES Além das já citadas no tópico Aspectos Normativos vale ressaltar que para as instalações da UTIN recomenda-se 2 pontos de ar comprimido medicinal para cada berço ou incubadora, 2 pontos de oxigênio para cada berço ou incubadora, 1 sistema de aspiração por leito, sistema de suprimento de energia durante 24 horas, sistema de suprimento de gases (oxigênio e ar comprimido) durante as 24 horas, tomadas aterradas no mínimo 8 por leito/ box para equipamentos (sugere-se 12 tomadas ao todo por leito) e ligadas, a metade, ao circuito emergencial do gerador, assegurando automaticamente a continuidade do suprimento de energia e finalmente tomada para raio X de 220 Volts. Deve-se levar em conta ainda a existência de ambas as voltagens, 110v e 220v. A climatização dos ambientes deve ser feita por ar-condicionado com filtro HEPA em manutenção periódica. A unidade deve ainda contar com linhas telefônicas para atender prontamente chamadas internas e externas à unidade. Estas devem estar posicionadas em locais estratégicos de forma a não favorecer o aumento de ruído na unidade. Para os telefones aconselha-se a utilizar alarme com indicador visual. 5.9 ASPECTOS DE HUMANIZAÇÃO E O MÉTODO CANGURU A UTIN é um ambiente hospitalar onde são utilizados técnicas e procedimentos sofisticados, que propiciam condições para reverter o quadro de bebês de alto risco, porém este ambiente muito se difere do ambiente intra-uterino ao qual o recém-nascido (RN) esta acostumado. Os prematuros tem uma habilidade muito limitada de adaptação ao ambiente extra- uterino, o estresse produzido pelo ambiente e procedimentos levam a alterações fisiológicas e neurológicas, desta forma o conceito de humanização aparece intervindo no tratamento e na concepção dos espaços como meio de se minimizar o sofrimento de parentes e dos RN. Estudos revelam que os principais impactos do ambiente da UTIN no desenvolvimento neuromotor dos recém-nascidos RN são a iluminação intensa contínua e o barulho. Os ruídos e barulhos muito altos podem ser perigosos ao sistema auditivo do RN, causando perda auditiva além de interferirem no repouso e nos períodos de sono do prematuro. Para se ter uma ideia, a tabela 1 abaixo mostra alguns exemplos de intensidade dos ruídos na incubadora e indica exemplos ilustrativos de como o RN os pode perceber: 15 Tabela 2- Ruídos dentro de incubadoras em Db(A) Fonte: MARGOTTO, 2004 Para o mercado americano, a norma ANSI/AAMI de 1991 e Academia Americana de Pediatria (AAP), o nível máximo de ruído interno da incubadora, no modo normal de operação não deve ultrapassar 60dB(A) e recomenda em UTIN um nível de ruído sonoro médio de 55 dB(A) durante o dia e 35 dB(A) durante a noite, porém no Brasil não existe uma norma que especifique níveis de ruído para as UTIs. A iluminação em UTIN normalmete é diversa com iluminação natural e artificial, sendo que o recém nascido fica exposto a esta fonte de luz durante 24 horas. Para iluminação artificial recomenda-se lâmpadas do tipo flurescente de 40 a 60 W/m², mas é importante controlar o tempo e a intensidade de exposição a essa luminosidade pois em excesso pode causar reações lesivas sobre a estrutura ótica do neonato. De outra forma, a luz cíclica, que é a diminuiçõ da luz durante a noite, ajuda o RN a diferenciar o dia da noite desenvolvendo o ciclo sono-vigília (MARGOTTO,2004). Algumas das adequações humanizadas para a redução do impacto na UTIN no meio ambiente sonoro são: diminuir os níveis de ruídos usando incubadoras com menor ruído (<40dB) e remover o acúmulo de água dos circuitos dos ventiladores, Hood e CPAP nasal. Medidas para o ambiente seriam: localizar a UTIN longe de ambientes barulhentos, pias/lavabos de porcelana, telefones com indicador luminoso, piso vinílico para conforto termo acústico e forro com tratamento acústico também. Algumas das adequações humanizadas para a redução do impacto luminoso na UTIN são: cobrir a incubadora durante a realização de procedimentos, utilizar iluminação individualizada com reguladores de intensidade luminosa e foco direcionado, diminuir a luminosidade por um período de descanso (a noite) promovendo o ciclo dia/noite e manter as incubadoras longe de janelas com intensa luminosidade. Um outro método que tem sido proposto como alternativa ao cuidado neonatal convencional para RN, é o método canguru. Este é definido como contato pele a pele entre a mãe, ou na sua ausência, o pai ou os avós. Este contatodeve ser precoce, prolongado e contínuo, iniciando-se no hospital e mantido em casa, após a sua alta precoce, até que o RN tenha cerca de 40 semanas de idade gestacional, mantendo nesse período o aleitamento materno exclusivo. Logo a tríade, amor, calor e aleitamento materno é estabelecida sendo a combinação perfeita para a proposta de 16 atenção humanizada ao recém nascido pré-termo ou de baixo peso (BUSANELLO, 2004; CARVALHO,2003; CHARPAK, et al; 2001). As vantagens do método canguru são: aumenta o vinculo mãe‑filho, reduz o tempo de separação mãe‑filho, melhora a qualidade do desenvolvimento neurocomportamental e psico‑ afetivo dos RN de baixo‑peso, estimula o aleitamento materno (permitindo maior frequência, precocidade e duração), permite um controle térmico adequado, favorece a estimulação sensorial adequada do RN, contribui para a redução do risco de infecção hospitalar, reduz o estresse e a dor dos RN de baixo peso, propicia um melhor relacionamento da família com a equipe de saúde, possibilita maior competência e confiança dos pais no manuseio do seu filho de baixo peso (inclusive após a alta hospitalar) e contribui para a otimização dos leitos de Unidades de Terapia Intensiva e de cuidados Intermediários devido a maior rotatividade de leitos. O desenvolvimento do Método Canguru ocorre em três etapas: 1ª Etapa: o RN é mantido na UTN. Nesta etapa, deve ser estimulado o livre acesso dos pais à UTIN, propiciando o contato tátil com a criança. 2ª Etapa: O RN estabilizado poderá ficar com o acompanhamento contínuo de sua mãe, permanecendo em enfermaria conjunta, onde a posição canguru será realizada pelo maior tempo possível. 3ª Etapa: Consiste no adequado acompanhamento da criança no ambulatório após a alta: onde deve ser realizado o exame físico completo da criança e a avaliação do equilíbrio psicoafetivo entre criança e a família. 6. ESTUDO DE CASO O estudo de caso foi realizado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT). Este hospital recentemente, no mês de julho deste ano, recebeu um certificado do Ministério da Saúde de referência em método canguru. O HRT é recomendado nesse tipo de atendimento por ter sido o pioneiro nessa forma de humanização em Brasília. Conta com 8 leitos, todos ocupados, porém em alta rotatividade proporcionada pelo método canguru. Ao entrar na unidade logo se percebe que o ambiente foi adaptado para o funcionamento da UTIN não foi projetado para isso, por consequência existem inadequações como a copa que foi improvisada no corredor Figura 7, a má localização do expurgo e a ausência de espaço para a prescrição médica e guarda de carrinho de transferência. 17 Figura 7- Copa improvisada Fonte: Arquivo pessoal A disposição dos leitos se organiza em três áreas comuns tipo vigilância, são elas: de cuidado intermediário, pré-intermediário e intensivo. Ambientes fechados, porém com painéis de vidro para auxiliar na observação contínua. Apesar do espaço apertado e improvisado o trabalho com o método canguru funciona muito bem, otimizando os leitos e aumentando a condição de sobrevida dos neonatos de baixo peso. (Figura 8) Figura 8- Bebê da UTIN entubado e em método canguru Fonte: Arquivo pessoal 18 7. PROPOSTA ARQUITETÔNICA 7.1 PROGRAMA O programa foi definido com base na RDC 50 /2002, após a definição das atribuições, atividades e sub-atividades e conta com os seguintes ambientes: Tabela 3 - Programa Arquitetônico da UTIN UNIDADE QUANT. UTI NEONATAL - Posto de enfermagem / prescrição médica 1 Área para prescrição médica 1 Área de serviços de enfermagem 1 Área de cuidados e higienização² 1 Berçário de sadios 3 Berçário de cuidados Intensivos 10 Sanitários para público e funcionário ( mas. e fem. ) 3 Sala de utilidades 1 Depósito de material de limpeza 1 Depósito de equipamentos / materiais 1 Copa de distribuição 1 Área para guarda de carros de transferência de R.N. 1 Fonte : Autora 7.2 ZONEAMENTO/ FLUXO Na elaboração do projeto da Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal, foi observado o fluxograma de atividades e as inter-relações da UTIN com as demais unidades, de forma a facilitar a comunicação ou o deslocamento das pessoas e materiais, ajudando no processo de trabalho. Logo, horizontalmente, a unidade se comunica com o Centro Obstétrico, a recepção dos pacientes e familiares e com os setores de apoio, já previstos pela norma RDC50/2002 . Verticalmente, por meio dos 3 elevadores, se comunica com a internação do Centro Obstétrico, com o banco de leite, farmácia, e aos serviços de laboratório, hemoterapia e radiologia. (ver Figura8) AMBIENTES DE APOIO DAS UTIS QUANT. Depósito de equipamentos / materiais 3 Depósito de material de limpeza 3 Copa 3 Arsenal (medicamentos e materiais farmacêuticos e esterilizados) 1 Rouparia 3 Banheiros com vestiários para funcionários 6 Quarto de plantão 4 Banheiro para quarto de plantão 4 Sala de utilidades 3 Sala de espera para acompanhantes e visitantes 4 Sanitário para público 3 19 Figura 9- Zoneamento e localização da UTIN no 1° pavimento. Fonte: Autora Os funcionários possuem uma entrada a UTIN restrita, pela qual eles têm acesso ao vestiário para paramentação. Paralelo a asse acesso, porém separado fisicamente, existe o acesso dos pacientes que chegaram do centro obstétrico ou pelo elevador de pacientes. O acesso de familiares ocorre do outro lado da unidade, para não haver cruzamento de fluxo. Esse acesso conta com o apoio da secretaria, disposta de maneira a ajudar na comunicação dos familiares e funcionários, com a sala de entrevista, para esclarecimentos e prescrição médica e com os lavatórios para higienização dos familiares antes do acesso a unidade. Dentro da UTIN os berçários de sadios e intensivos estão separados, mas ambos estão assistidos pelo posto de enfermagem que se localiza no centro. Cada leito tem sua divisão com cortina, espaçamento adequado entre leitos e uma área com poltrona para a implementação do método canguru. (ver Figura 9) Figura 10- Perspectiva e acessos Acesso dos Func. Acesso dos pacientes Acesso dos visitantes Fonte: Autora 20 Ambientes como, área de cuidado e higiene de RN, guarda de medicamentos e depósito de materiais e equipamentos (para de carrinhos de transferência), se localizam no centro, juntamente com o posto de enfermagem para facilitar o desenvolvimento das atividades. A sala de utilidades se localiza perto da saída da unidade favorecendo a retirada de resíduos sem o cruzamento com os demais fluxos. A sala para coleta de leite se encontra junto aos leitos, mas em um ambiente reservado para as mães terem mais privacidade. (Ver Figura 10) Figura 11- Planta baixa com os ambientes 1- Sala de Espera da UTIN 11- Depósito de Materiais e Equipamentos 2- Secretaria 12- DML 3- Sala de Entrevista 13- Sala de Utilidades 4- Lavatório 14- Copa 5- Berçário de cuidados Intensivos 15- Vestiários Fem. e Masc. 6- Área de prescrição médica 16- Quarto de Plantão 7- Posto de Enfermagem 17- Sala de coleta de leite 8- Guarda de Medicamentos 9- Área de cuidado e Higiene de RN 10- Berçário de Sadio 217.3. MATERIAIS DE ACABAMENTO Na escolha dos matérias de acabamento a prioridade foi escolher materiais com menor potencial de transmissão de ruídos, baixo índice reflexivo e que tornassem as superfícies monolíticas, com menor número de ranhuras ou frestas para facilitar a higienização do espaço. O material cerâmico: deve possuir índice de absorção de água superior a 4%. O rejunte de peças deve atender esse mesmo índice de absorção. - Paredes: Tintas a base de epóxi, poliuretano, PVC ou outras destinadas a áreas molhadas. Utiliza-las nos leitos com cores claras e foscas, de forma que essas fiquem resistentes a lavagem e ao uso dos desinfetantes. Acrílica para demais áreas, mas também com cores claras. Nas áreas molhadas usar cerâmica. - Janelas: Vidro laminado com película PVB (A), para isolamento acústico e proteção dos raios UV (ultravioletas). - Piso: Manta vinílica e cerâmica nos banheiros e áreas molhadas. - Teto: Placa acústica sonex nos berçários, posto de enfermagem, área de cuidado/ higiene de RN e sala de coleta de leite. Nos banheiros, quartos de plantão, copa, vestiários, secretaria, DML, guarda de medicamento e depósito, forro de gesso pintado com tinta acrílica. - Bate-macas: em borracha, superfície canelada, 5 mm de espessura em rolo de 10 x23,50cm fixada com adesivo na cor similar a parede arrematada com madeira. - Rodapé: Manta vinílica com rodapé hospitalar em nível. - Bancadas: em aço inox CONCLUSÃO A escolha de aprofundar na Unidade de Tratamento Intensivo Neonatal, tem o objetivo geral, de contribuir para um melhor entendimento das condições de trabalho e adequações do ambiente de tratamento intensivo neonatal. Além de salientar os reflexos que estas podem causar na saúde do recém-nascido, um dos pacientes mais frágeis do hospital. Faz-se importante enfatizar a atenção humanizada ao recém-nascido de baixo peso e o método canguru. E chamar a atenção para a interdisciplinaridade e o multiprofissional, conceitos que reforçam a necessidade de incorporar novos conhecimentos como o da arquitetura, psicologia, fisioterapia etc. para modificar e enriquecer a estrutura do cuidado propiciando ao paciente o melhor serviço que esses locais de produção de saúde podem oferecer. 22 REFERÊNCIAS ANVISA, Portaria 3432 de 12 de agosto de 1998. Estabelece critérios de classificação para as unidades de tratamento intensivo. Disponível na internet http://portal.anvisa.gov.br. Acessado em 4 de setembro de 2014; ANVISA, RDC 50 de 21 de fevereiro de 2002. Normas para projetos físicos de estabelecimentos assistenciais de saúde. Disponível na internet http://portal.anvisa.gov.br. Acessado em 4 de setembro de 2014; ANVISA, Portaria MS/GM N° 1.091, de 25 de agosto de1999: Cria e estabelece as normas e critérios de inclusão da Unidade de Cuidados Intermediários Neonatal no SUS.Disponível na internet http://portal.anvisa.gov.br. Acessado em 4 de setembro de 2014; ANVISA, Portaria N°332/GM em 24 de março de 2000: Exigências relativas à composição da equipe médica básica das Unidades de Tratamento Intensivo Neonatal à realidade do exercício profissional nesta área. Disponível na internet http://portal.anvisa.gov.br. Acessado em 4 de setembro de 2014. AVERY, Gordon B. Neonatologia. São Paulo: ARTES MÉDICAS, 1978 BEHRMAN, Richard E. et al. Tratado de pediatria: NELSON. 19. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. CARVALHO, Manoel de. A influência do ambiente de UTI Neonatal na assistência do recém -nascido de risco. In: XXXI Congresso Brasileiro de Pediatria, 2000, Fortaleza. DF. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção A Saúde. Atenção Humanizada ao Recém- Nascido de Baixo Peso: Método CANGURU. 2. ed. Brasília: do Ministério da Saúde, 2011. 204 p. FAZIO JUNIOR, João et al.Cuidados intensivos no período neonatal. – São Paulo: SARVIER, 1999 MARGOTTO, Paulo. Neonatologista, a terceira onda. Disponível em ˂http://www.medico.org.br-o portal do médico na net- Pediatria Acesso em 20 de setembro 2014. SOUZA, Spásia Basile Gesteira. Enfermagem Neonatal: Cuidado Integral ao Recém- nascido. Sao Paulo: Martinari, 2011. SARAIVA, Cristiane A. S. Fatores Físicos Ambientais e Organizacionais em uma unidade de terapia intensiva neonatal: Implicações para a saúde do recém nascido. Dissertação de mestrado, UFRS 2004. UNGERER, Regina L.S.; MIRANDA, Ana T.C. História do alojamento em conjunto, Jornal de Pediatria. Rio de Janeiro:1999;75(1):05-10
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