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TRANSFUSÃO SANGUÍNEA HISTORICO 1ª transfusão – sec. XV - papa recebeu o sangue de 3 meninos para rejuvenescer todos morreram. Sangue de cordeiro em um doente mental para melhorar o caráter. Reação transfusional, a 2ª tentativa, e na 3ª houve morte após a transfusão. Transfusões heterólogas foram consideradas criminosas e proibidas. 1800 – 1ª transfusão inter-espécie numa hemorragia pós parto; 1902 – descreveu-se o sistema AB0; 2ª guerra mundial – progresso cientifico e o crescimento da demanda criação dos bancos de sangue; 1950 – veterinária!!! HEMOTERAPIA ato de transferir sangue de um doador a um receptor para correção temporária de uma deficiência ou disfunção. Transfusão sanguínea Procedimento de urgência e não tratamento medida de suporte a fim de manter a sobrevida até que seja possível o diagnóstico, tratamento e recuperação. SANGUE: parte celular (hemácias, leucócitos, plaquetas); parte líquida – plasma (agua, proteínas, hormônios). Objetivos: Aumentar a capacidade de transporte de O2 Reposição de agente hemostático Reposição de proteína para aumento da pressão oncótica Reposição de leucócitos Expansão de volume Combinação dos efeitos Considerações: Real necessidade Administração do componente ideal Compatibilidade – grupos sanguíneos Doador de baixo risco – triagem Armazenamento e manipulação dos hemoderivados que preserve suas funções Antígenos eritrocitários: são marcadores de superfície celular com característica herdadas que podem induzir a formação de anticorpo. Aloanticorpos: são anticorpos que reagem com antígeno provenientes de animais da mesma espécie, porem que são geneticamente diferentes reconhecidos como não próprio ao animal felinos. Grupos sanguíneos CÃES Conhecidos como DEA, porem há baixa quantidade de cães com anticorpos naturais; 8 tipos sanguíneos: DEA 1.1, DEA 1.2, DEA 3, DEA 4, DEA 5, DEA 6, DEA 7, DEA 8. DEA 1.1 & 1.2 e DEA 7 são antigenicamente mais reativos (hemólise) aproximadamente 60% da população canina é DEA 1.1 e 1.2. Grupos sanguíneos FELINOS Possuem aloanticorpos naturais 3 grupos: A, B, AB A baixos títulos de aloanticorpos anti B (fracos) B alta concentração serica de aloanticorpos naturais contra hemácias tipo A AB não possuem aloanticorpos de ocorrência natural MAIOR PERIGO É DOADOR TIPO A Frequência de grupos sanguíneos: percentual varia conforme a região A EUA (99,7%), Austrália (73%) – pelo curto (90-100% siamês); B menor quantidade abissínia, persa, British, shorthair; AB raro (torno de 1%) SELEÇÃO DE DOADORES CÃO de 1-8 anos, com mais de 25 kg; Fêmeas nulíparas ou castradas (sem cria) estrógeno interfere no no e função das plaquetas; Temperamento dócil, saudável e vacinada, não obeso, e não intenso de parasitas; Nunca tenha recebido transfusão; Ter Ht no mínimo 40%; Se possível evitar DEA 1.1, DEA 1.2; Sorologicamente negativo para Ehrlichia, e Dirofilariose. GATO As mesmas especificações do cão; Pesar mais que 4,5 kg; Ter Ht mínimo de 35%; Gatos geralmente tem de ser anestesiados; Devem realizar exames anuais de hemograma/bioquímicos; Sorologicamente negativos para FIV, FELV, PIF, Haemobartonella felis, e Toxoplasma gondii. Quanto coletar? Cães 15-20 ml/kg. Intervalo mínimo 2 semanas IDEAL a cada 2 meses. Peso ideal da bolsa de 450 g (mínimo 400, máximo 510g). Doadores devem receber alimentação adequada e suplementação oral de ferro. Gatos 10-15 ml/kg. Intervalo mínimo 3 semanas IDEAL a cada 2 meses. Após coleta realizar fluidoterapia. COLETA DO DOADOR Local adequado, boa contenção, técnica asséptica (tricotomia + antissepsia); Tempo máximo: 15 minutos Manter a bolsa em constante movimentação durante o procedimento (evita a formação de coágulos) Após coleta fazer compressão no local (evitar sangramento) Animal tranquilo e em constante monitoramento ( coloração de mucosa, pulso, FC, FR) Para CÃES, agulhas calibre grosso (40x12) e bolsas de 250 ml Para GATOS, seringa de 60 ml com 7 ml de anticoagulante CITRATO DE SODIO Se necessário sedação – quetamina com diazepam ou propofol Evitar CLORPROMAZINA e ACEPRAM ( diminui a pressão sanguínea e função plaquetaria) Armazenameto Usar freezer e geladeira exclusivamente para o banco de sangue com termômetro de máximo e mínimo Respeitar os critérios de temperatura e período de armazenamento de cada componente Bolsas identificads com todos os dados do doador, responsável pela coleta, data de validade. Avaliar cuidadosamente o material, determinar qualquer alteração. Unidades suspeitas devem ser descartadas! Quando transfundir? Quando os resultados laboratoriais e principalmente os sinais clínicos necessitam. Relacioná-los com tipo de perda, lapso de tempo em que ocorreu, expectativa de continuar perdendo. Tolerância mínima Perda aguda: CÃO: Ht < 20 GATO: Ht: 12-15% Perda crônica: CÃO/GATO: Ht < 10% O que transfundir? Hemoterapia seletiva Uso racional dos hemocomponentes, oferecendo somente o necessário para uma melhor resposta terapêutica; Minimizar a ocorrência de reações transfusionais; Evita sobrecarga circulatória; Economiza componentes; Nem sempre é possível na medicina veterinária Seleção dos componentes Sangue total FRESCO, ESTOCADO Hemocomponentes CONCENTRADO DE HEMÁCIAS, CONCENTRADO DE PLAQUETAS, PLASMA FRESCO CONGELADO, PLASMA CONGELADO, CRIOPRECIPITADO. SANGUE TOTAL FRESCO Coletado imediatamente antes da transfusão Constituído de hemácias, proteína plasmática, leucócito, plaquetas, e fatores estáveis (fibrinogênio) e lábeis (V, VIII, FvW). Preserva todos os componentes até 8 horas ( sem refrigeração) Indicação: anemias graves ( aguda/hemorrágica), coagulopatias, trombocitopenias (acompanhada de anemias?) Em desuso na medicina humana, devido ao tempo para testes de doenças infecciosas. SANGUE TOTAL ESTOCADO Até 35 dias por 2-6º C Há perda da propriedade hemostáticas perda da função das plaquetas após 24 horas, perda da atividade de fatores de coagulação (V, VIII, FvW). Indicação: anemia e hipovolemia, quando não puder usar total fresco. DESVANTAGEM: risco maior, sobrecarga circulatória em animais normovolêmicos (hepato/nefropata), níveis de amônia se elevam após 14 horas de refrigeração (inaceitável para hepatopatas). CONCENTRADO DE HEMÁCIAS Remoção do plasma do sangue total Ht da bolsa em torno de 75-80% Lavá-las com NaCl 0,9% ( reduz o risco de reação ) utilizado em animais anêmicos, porem normovolemicos. Indicação: anemia hemolítica, Ins. Renal, Ins. Hepática, hemoparasitose, neoplasia. PLASMA FRESCO CONGELADO Plasma separado e congelado ate 6 horas. Porção fluida do sangue, albumina, globulinas, e todos os fatores de coagulação Valido por até 1 ano (-18, -20º C) Administrar 10-30mlkg (repetir cada 8-12 horas) Administrar até 4 horas pos descongelamento (fatores lábeis) Indicação: coagulopatias hereditárias (hemofilia), controle de sangramento, pré operatório, doença de Von Willebrand (FvW), coagulopatia adquirida (hepatopatia, neoplasia, intoxicação por dicumarínicos) PLASMA CONGELADO Perde atividade dos fatores V, VIII, FvW. Utilizado como expansor de volume plasmático, casos de hipoproteinemia e hipoalbuminemia. CRIOPRECIPITADO A partir do descongelamento lento do plasma fresco seguido de centrifugação. Rico em fator VIII, FvW, fibrinogênio (10x mais que Plasma fresco congelado) Deve ser administrado em até 4 horas Utilizado em doença de von Willebrand, hemofilia tipo A. 1 unidade para cada 10Kg. (validade 1 ano (-18º C)) CONCENTRADO DE PLAQUETAS Produto rico em plaquetas, indicado em hemorragias causadas por trombocitopenias. Limitações: duram apenas 5 dias, necessidade de muito sangue, poucos extratores, agitação constante. Quando e quanto transfundir de plaquetas? Transfusões apenas terapêuticas, não profiláticas trombicitopenia + sangramento Animal sem sinal clinico não deve ser transfundido mesmo que com contagem bem baixa de plaquetas. 1 unidade de Concentrado de Plaquetas –50-70ml Utilizar 1 unidade para 10kg PV NÃO PODE SER AQUECIDO Vias de transfusão depende do porte/idade endovenosa, intraperitoneal, intrafemoral ENDOVENOSA Safena, jugular, cefálica Intraperitoneal recomendado somente quando o animal tem anemia crônica, não obtém bons resultados (grande risco de peritonite), componentes demoram 48 horas para serem absorvidas. INTRAFEMORAL Indicada para filhotes – facilidade na perfuração do osso femoral Sangue é absorvido em 75% passando rapidamente para a circulação Administração Para congelamento deixar em ToC ambiente por 20 minutos antes de aquecê-lo Aquecer a 37º C em banho maria (evitar hipotermia no animal), no máximo 10 min (hemólise e inativação dos fatores de coagulação) Usar sempre equipo (tipo Y) com filtro (poro 170 µm) sem látex (quando necessitar de plaquetas) Aplicar simultaneamente solução salina (NaCl 0,9%) Contra indicado Ringer lactato – provoca quelação do Ca2+ pelo citrato e formação de coágulo; Dextrose diluída em fluidos – provoca tumefação e hemólise; Solução salina hipotônica – causam lise de eritrócitos QUANTO TRANSFUNDIR? Calculo geral Resultado ml = peso X 90* (cão) x( % Ht desejado - % Ht paciente) % Ht doador *70 gatos Ht desejado 25-30% cão, 15-20% gato REGRA GERAL 2,2 ml/kg sangue total aumenta 1% o Ht 1,1 ml/kg papa de hemácia aumenta 1% o Ht Velocidade de transfusão Bem lenta na 1ª meia hora (0,25 ml/kg/h) – avaliar reações Animais normais 2,5-5 ml/kg/h Hemorragia maciças 22 ml/kg/h Animais cardiopatas/nefropatas 1 ml/kg/h TEMPO MAXIMO DE TRANSFUSAO 4 HORAS – contagem bacteriana aumenta após esse tempo. ANTES DE INICIAR A TRANSFUSÃO Verificar a compatibilidade entre doador-receptor OBRIGATORIA!!! Gatos = Ac naturais Cães = previamente sensibilizados (gestação ou já transfundidos) ou quando se prevê mais de uma transfusão PROVA DE REAÇÃO CRUZADA Não previne sensibilização do receptor ou riscos de reações transfusionais, apenas indica que não há Ac significantes contra as hemácias. 2 sangues – DOADOR X RECEPTOR – sempre no mesmo anticoagulante Prova maior – eritrócito do doador + soro do receptor Ac eritocitário no soro do receptor que possam lesar as hemácias do doador. Prova menor – eitrocito do receptor + soro do doador Ac no plasma do doador contra hemácias do receptor, menos importante devido diluição do plasma do doador no paciente. VERIFICAR AGLUTINAÇÃO MACRO E MICRO!! Verificar parâmetros ao iniciar a transfusão vômito indica sobrecarga de volume, diminuir velocidade de transfusão. Iniciar lento, aumentar a velocidade Monitorar parâmetros em 15, 30, 60 minutos e após isso a cada 30 minutos. Após 1-2 horas de transfusão deverá ter diminuição da apatia e prostração. Termino da transfusão continuar com NaCl 0,9% até o equipo estar limpo. Desconectar a bolsa de sangue e introduzir pelo cateter solução salina heparinizada. ANEMIAS 1, 24, 72 horas pós transfusão verificar Ht, e PPT (75% plaquetas vivas pós 48 hs) COAGULOPATIAS 1 hs após transfusão teste de coagulação TROMBOCITOPENIA 1,24 hs pós contagem de plaquetas HIPOPROTEINEMIA 1 hs pós PPT Se durante o monitoramento aparecer qualquer sinal de reação: Interromper imediatamente o procedimento Administrar solução cristaloide intravenosa (solução fisiológica) Se possível avaliar debito urinário e proporção sanguínea Reações transfusionais 98% é responsabilidade do medico veterinário Exceções sensibilização do paciente ( falta de tipificação), reações urticariformes Sinais: inquietação, tremores, vomito, taquipneia, dispneia, taquicardia CLASSIFICAÇÃO DAS REAÇOES Agudas – durante ou ate 24 horas IMUNO MEDIADAS Hemolítica: extravascular, intravascular (+severa), hemólise Não hemolítica: hipersensibilidade NÃO IMUNO MEDIADA Hemolítica: mecânica, térmica, osmótica Não hemolítica: contagem bacteriana, toxicidade, coagulopatia Tardias IMUNO MEDIADAS Hemolítica: hemólise extravascular Não hemolítica: imunossupressão, purpura pós transfusional NÃO IMUNO MEDIADAS transmissão de doenças, hemossiderose HEMÓLISE AGUDA IMUNO MEDIADA Incompatibilidade entre grupos sanguíneos, presença de Ac pré formados contra hemácia do doador pode levar a óbito por Ins. Renal Cães = rara – diminuição na porcentagem de Ac naturais = pós sensibilização prévia (transfusão/gestação) 7 – 10 dias para produção Gatos = comum – possuem Ac naturais, piores reações receptores B e doadores A Reações se manifestam em minutos pós inicio da transfusão: febre, taquipnéia, tremores, êmese, choque, inquietação Gatos: vocalização, defecação, micção, apnéia. Excluir: dano mecânico, térmico e contagem bacteriana. Intensidade dos sinais clínicos: velocidade de infusão, quantidade de sangue transfundido, sensibilização previa do paciente, tipo especifico de Ac envolvido (IgM ou aumento de IgG hemólise intravascular; IgG sem atividade do sistema complemento Hemólise tardia imuno mediada formação de Ac contra He transfundidas (hemácia extra vascular) -queda inesperada de Ht de 2 até 21 pos transfusão associada a hemoglobinemia, hemoglobinúria, hiperbilirrubinemia, bilirrubinúria – promove homolise extravascular > problema – exacerbação de anemia Prevenção -Compatibilidade ou tipagem sanguínea -Histórico do individuo -Uso de corticoides não previne esse tipo de reação -Monitorar transfusão- temperatura corpórea ( primeiro sinal manifestado) Tratamento Parar imediatamente! Realizar fluidoterapia a fim de prevenir hipotencao e hiperperfusão renal Monitorar FC, pulso, pressão venosa -Furosemida iv (2-4mg/kg) edema pulmonar, melhora perfusão renal -Dopamina(5ug/kg/min) suspeita de IRA- melhora perfusão renal -Oxigenioterapia (manter ventilação adequada) Durante Tratamento Hemograma, urinálise, rnal, hepático, testes de coagulação Reação de hipersensibilidade aguda -Anafilática / alérgica -Mediada por proteína plasmática, Ag de membrana de plag e leucócito -Hipersensibilidade tipo 1, mediada por IgE / IgA -Ativação de mastócitos – subst. Vasoativas SC Reação dermatológica discreta até parada cardíaca , aparecimento rápido até 3 hs Tratamento Manter fluido Corticoide hidrocortisona 50mg/Kg IV Succinato de prednisolona 15-30 Predinisona 2,2 – 6,6 mg/Kg Dexametasona 2,2 – 4,4 mg/Kg Anti histamínico- difenidramina 1-2 mg / Kg IM Prometazina- não administrar em felinos 0,2-1 mg kg reação severa- choque anafilático Adrenalina 0,01 – 0,05 mg/Kg IV se necessário por 20 min Reavaliar paciente- aguardar 20 min –voltar transfusão -Contaminação bacteriana Entrada de ar ou pele do doador/ bacteremia subclínica Sinais: tremor, tetania, reversão espontânea Sobrecarga circulatória administração rápida Sinais tosse taquipnéia, dispneia, edema pulmonar prevenção é a melhor escolha Uso de hemoderivados, dose e velocidade de infusão, cuidado com cardiopatas. Tratamento interromper transfusão / diurético / oxigenioterapia Se necessário continuar transfusão em baixa velocidade de infusão. Transmissão de doenças CAO erliquia, babesia, dirofilaria, brucelose, leishmaniose GATOS hemoplasmose (mycoplasma haemofelis) Felv, Fiv, Bartonelose, Anaplasma 10 Passos Determinar se há sc pela perda de sangue/ paciente de alto risco Quantidade e tipo de perda Qual componente Fazer tipificação Histórico de outras transfusões Inspecionar produto sanguíneo Preparar o componente Velocidade de transfusão] Transfusão lenta Verificar eficácia da transfusão. ] Conclusões
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