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Direito Civil VI resumo av1

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Direito Civil – Resumo
Sucessões – AULA 1
Príncipio da Saisine - O momento que o herdeiro se tornar titular daquele patrimônio. Art. 1.784. Aberta a sucessão, a herança transmite-se, desde logo, aos herdeiros legítimos e testamentários.
A sucessão transfere o patrimonio no momento da morte. 
*A norma vigente a ser aplicada será a vigor no momento do óbito 
* Lugar da abertura da sucessão, último domicílio do autor de herança e se a pessoa falecida não tiver domicilio certo o local será onde possuí seus bens.
Concluímos, então, que a partir do momento da abertura da sucessão os herdeiros tornam-se condôminos da totalidade de bens deixados pelo morto e apenas após a partilha é que poderá ter a definição de que bem pertencerá a cada um.
Lembrar: 
Morte presumida sem declaração de ausência - É a morte sem a presença do corpo para que seja atestada por um médico, mas determinada por sentença, quando se enquadrarem em situações previstas no artigo 7º do Código Civil.
A morte real - É a atestada, na qual se tem um corpo com detecção de morte cerebral atestada por um médico.
Morte presumida por de ausência - Se uma pessoa desaparecer do seu domicilio sem deixar notícia, a principio será declarada nomeada um curador, posteriormente será aberta a sucessão provisório e apenas 10 anos depois, com a abertura da sucessão definitiva é que será declarada a morte presumida, nos termos do artigo 37 do Código Civil.
Comoriência - É quando ocorre a morte de mais de uma pessoa ao mesmo tempo e não é possível determinar quem veio a óbito primeiro.
Do local e data da abertura da sucessão - Art. 1.785. A sucessão abre-se no lugar do último domicílio do falecido.
Lei aplicável à sucessão
Lei Material — aquela que vigorar no momento da morte. Mesmo que surja lei nova logo após a morte, será utilizada lei retroativa ao momento da morte.
“Art. 1.787. Regula a sucessão e a legitimação para suceder a lei vigente ao tempo da abertura daquela.”
Das espécies de sucessão
Sucessão Legítima – é aquela se opera por força da lei, é subsidiária , supletiva em relação à sucessão testamentária.
Sucessão Testamentária – é aquela que se opera segundo a vontade do autor da herança manifestada em testamento, de forma total ou parcial com eficácia mortis causa.
Quantos aos efeitos
Sucessão a título universal – quando o herdeiro é chamado a suceder na totalidade da herança, percentual ou quota se aplica tanto na sucessão legítima quanto na testamentária.. O sucessor sub-roga-se no lugar do falecido, como titular de todos os direitos deixados pelo morto assumindo a responsabilidade sobre o passivo, dentro dos limites da herança.
Sucessão a título singular – sempre decorre de uma sucessão testamentária. Aquele que sucede a título singular será o legatário. 
sucessão Legítima: Se opera por força da lei. São os estipulados por lei. O artigo 1.829, do Código Civil, confere uma ordem de vocação hereditária, ou seja, a ordem em que os herdeiros serão chamados a participar da herança do morto.
sucessão a titulo Singular: Recai sobre um ou mais individualizados
sucessor Legatário: Contemplado em testamento com bem específico
Herança
É a universalidade patrimonial da pessoa. É o conjunto de bens, direitos e deveres.
A responsabilidade dos herdeiros até as forças da herança - Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.
Administração provisória da herança
Art. 1.797. Até o compromisso do inventariante, a administração da herança caberá, sucessivamente:
I - ao cônjuge ou companheiro, se com o outro convivia ao tempo da abertura da sucessão;
II - ao herdeiro que estiver na posse e administração dos bens, e, se houver mais de um nessas condições, ao mais velho;
III - ao testamenteiro;
IV - a pessoa de confiança do juiz, na falta ou escusa das indicadas nos incisos antecedentes, ou quando tiverem de ser afastadas por motivo grave levado ao conhecimento do juiz.
OBS1.: A sucessão aberta é considerada um bem imóvel, portanto para cessão de direitos hereditários será válida deverá ser feita mediante escritura pública, com a vênia conjugal.
OBS2.: O herdeiro que, ainda não declarou que aceita a herança cede o direito à sucessão aberta e desta forma estará aceitando tacitamente a herança. O herdeiro que já aceitou cede o direito ao quinhão de quem dispõe.
OBS3.: A herança, como um todo unitário, deve ser considerada em condomínio dos coerdeiros e assim, para que possa ser feita a cessão deverá ser respeitado o direito de preferência. 
Resumo do conteúdo
*A sucessão mortis causa determina a transmissão de direitos aos herdeiros do morto a partir do momento da abertura da sucessão, o qual é definido pelo principio da saisine.
*Os sucessores devem ajuizar o inventário em até 2 meses após a abertura da sucessão e desta maneira definem especificamente qual o patrimônio deixado pelo extinto e desta forma, não serão obrigados a utilizar patrimônio pessoal para saldar as dívidas do extinto.
*O herdeiro pode ceder seus direitos hereditários desde que o faça mediante escritura pública, não especificando o bem, com autorização judicial e respeitando o direito de preferência dos demais coerdeiros.
Atividades
1- João morre em dezembro de 2015 deixando dois filhos, Camila e Roberto. Camila e Roberto, no entanto, em virtude do grande sofrimento vivenciado pela morte de João, acabam por não tomar as medidas necessárias ao processamento de inventário de João. Diante da situação apresentada, pergunta-se: é possível afirmar que Camila e Roberto são proprietários dos bens deixados por João?
GABARITO
Em virtude da incidência do art. 1.784, CC, a posse e propriedade dos bens deixados por João são transferidos aos seus herdeiros e eventuais legatários no momento da abertura da sucessão, que é momento da morte. Desta forma, a propriedade fora transferida a Camila e Roberto na data da morte de João, por força do princípio do direito de saisine.
2- Ricardo morreu em 30/10/2012 deixando, como únicos herdeiros, seus três filhos, Marcelo, Gabriela e Renato. Ricardo possuía um único imóvel, que foi objeto de inventário por escritura pública, no valor de R$300.000,00 divididos em partes iguais por seus três filhos.
O imóvel foi vendido 6 meses depois da morte de Ricardo. Um ano depois do falecimento de seu pai, o filho mais velho, Marcelo é acionado em ação de cobrança de dívida deixada por seu falecido pai, no montante de R$250.000,00. Preocupado com a situação Marcelo lhe procura e pergunta se é obrigado a pagar a dívida toda deixada por seu pai. Explique sua resposta
GABARITO
A abertura da sucessão ocorreu em 30/10/2012 com a morte de Ricardo. Marcelo não é obrigado a pagar toda a dívida uma vez que ninguém pode responder ultra vires hereditatis, ou seja, que ninguém pode responder por encargos superiores às forças da herança (art. 1.792, CC). Assim, Marcelo só é obrigado a responder pelo equivalente a R$100.000,00, montante da herança de seu pai, por ele recebido.
AULA 2
Aceitação da herança - É o ato pelo qual o herdeiro adiciona ao seu acervo pessoal o patrimônio sucessível.
Art. 1.804. Aceita a herança, torna-se definitiva a sua transmissão ao herdeiro, desde a abertura da sucessão.
Parágrafo único. A transmissão tem-se por não verificada quando o herdeiro renuncia à herança.
A aceitação, em regra, é feita pessoalmente pelo herdeiro, mas poderá ser:
Feita pelo curador ou tutor mediante previa autorização judicial
Feita por mandatário com poderes ou gestor de negócios
Feita pelo cônjuge, independente de outorga
Espécies de aceitação 
Expressa - Definida como aquela feita por declaração escrita.
Tácita - Quando o herdeiro passa a agir como se tivesse aceitado.
Presumida - Quando o herdeiro não renuncia expressamentedentro do prazo estipulado pelo juiz.
Quanto ao titular a aceitação pode ser:
Direta - Feita pelo próprio herdeiro.
Indireta - Quando o herdeiro morre antes de aceitar e tal direito é transmitido a seus sucessores.
Características da aceitação - A aceitação é ato unilateral que, via de regra, se aperfeiçoa com a manifestação de vontade de seu titular. Assim, são características da aceitação:
Renúncia ou repúdio da herança – A renúncia à herança é um ato solene, a saber, escritura pública ou termo nos autos de inventário: 
Art. 1.806. A renúncia da herança deve constar expressamente de instrumento público ou termo judicial.
Não se admite Renúncia Prévia no direito brasileiro
Espécies de renúncia - É uma divisão meramente doutrinária, pois, no Direito brasileiro, será sempre a renúncia abdicativa.
Renúncia Abdicativa - É a renúncia propriamente dita, quando o renunciante abre mão em favor do monte hereditário, não indicando nenhum coerdeiro como beneficiário da sua parte da herança. Como consequência, quem renúncia, não cabe cobrança de tributo pela transmissão da herança, porque nem ingressa no patrimônio do renunciante.
Renúncia Translativa (imprópria) - Sobre ela não incidem as regras da renúncia do Direito Civil brasileiro. Importa na prática de dois atos consecutivos: aceitação + cessão de direitos. Neste caso, incide dupla carga tributária, pois ocorre uma transmissão causa mortis, com a aceitação e uma doação posterior transmitindo o bem por ato inter vivos.
Responda:
É facultado ao autor da herança dispor de seu patrimônio em testamento?
GABARITO
Sim, mas para tanto, deve respeitar o limite imposto por lei de 50% caso possua herdeiros necessários (como já vimos na aula anterior, são descendentes, os ascendentes e o cônjuge, conforme artigos 1.845 e 1.846 do Código Civil)
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.
Obs1: Assim, para definirmos a herança deixada por alguém é importante lembrar que deve ser separada a meação do cônjuge, se for casado em algum tipo de regime de bens que comunique patrimônio.
Legitimação para suceder
Em primeiro lugar, devemos verificar a legitimação, tanto na sucessão legítima como na testamentária, que é a constatação da personalidade de quem reclama a vocação hereditária, representada pela existência da pessoa, física ou jurídica, no momento da abertura da sucessão.
Art. 1.798. Legitimam-se a suceder as pessoas nascidas ou já concebidas no momento da abertura da sucessão.
Responda:
Ana e Luiz estavam casados há oito anos e não haviam filhos. Tentaram diversos métodos e optaram pela inseminação artificial. Com todo o procedimento pronto, Luiz sofreu um acidente de carro e veio a falecer. Ana resolveu que continuaria o procedimento de inseminação artificial utilizando os embriões excedentários.
De acordo com o Art. 1.798, o filho decorrente dessa inseminação artificial post mortem será herdeiro legítimo dos bens de Luiz?
GABARITO
concluímos que a inseminação artificial post mortem é permitida no Brasil e para o filho concebido post mortemrequerer a herança deve fazê-lo mediante ação de petição de herança que prescreve, em 10 anos contados da abertura da sucessão, como veremos posteriormente.
Legitimação testamentária
Na sucessão testamentária estão legitimados a suceder os indicados nos artigos 1798 e 1799 do Código Civil:
Art. 1.799. Na sucessão testamentária podem ainda ser chamados a suceder:
I - os filhos, ainda não concebidos, de pessoas indicadas pelo testador, desde que vivas estas ao abrir-se a sucessão;
II - as pessoas jurídicas;
III - as pessoas jurídicas, cuja organização for determinada pelo testador sob a forma de fundação.
Na hipótese do beneficiário seja prole eventual, este terá o prazo de 2 anos a contar da abertura da sucessão para que seja concebido, como pode ser observado no Art. 1.800.
Falta de Legitimação para Ser Herdeiro Testamentário e/ou Legatário
Art. 1.800. No caso do inciso I do artigo antecedente, os bens da herança serão confiados, após a liquidação ou partilha, a curador nomeado pelo juiz.
§ 1o Salvo disposição testamentária em contrário, a curatela caberá à pessoa cujo filho o testador esperava ter por herdeiro, e, sucessivamente, às pessoas indicadas no art. 1.775.
§ 2o Os poderes, deveres e responsabilidades do curador, assim nomeado, regem-se pelas disposições concernentes à curatela dos incapazes, no que couber.
§ 3o Nascendo com vida o herdeiro esperado, ser-lhe-á deferida a sucessão, com os frutos e rendimentos relativos à deixa, a partir da morte do testador.
§ 4o Se, decorridos dois anos após a abertura da sucessão, não for concebido o herdeiro esperado, os bens reservados, salvo disposição em contrário do testador, caberão aos herdeiros legítimos.
Art. 1.801. Não podem ser nomeados herdeiros nem legatários:
I - a pessoa que, a rogo, escreveu o testamento, nem o seu cônjuge ou companheiro, ou os seus ascendentes e irmãos;
II - as testemunhas do testamento;
III - o concubino do testador casado, salvo se este, sem culpa sua, estiver separado de fato do cônjuge há mais de cinco anos;
IV - o tabelião, civil ou militar, ou o comandante ou escrivão, perante quem se fizer, assim como o que fizer ou aprovar o testamento.
Exclusão do herdeiro/legatário
Existem duas formas de exclusão: indignidade e deserdação. Ambos os institutos têm natureza punitiva, restritiva de direitos e por isso os efeitos da exclusão são pessoais, não atingindo os herdeiros do excluído que herdam como se este fosse pré-morto, ou seja, por representação. Diferente da Renúncia, os herdeiros do excluídos, poderão herdar por representação. Não abrange a linha sucessória. Não cabe interpretação analógica, seja na hipótese de indignidade ou de deserdação.
Indignidade - Art. 1.814. São excluídos da sucessão os herdeiros ou legatários:
I - que houverem sido autores, coautores ou partícipes de homicídio doloso, ou tentativa deste, contra a pessoa de cuja sucessão se tratar, seu cônjuge, companheiro, ascendente ou descendente; 
Deserdação. Art. 1.961 a 1.965 do CC. - Art. 1.961. Os herdeiros necessários podem ser privados de sua legítima, ou deserdados, em todos os casos em que podem ser excluídos da sucessão
*As causas de deserdação são as hipóteses do art. 1.814, bem como as do art. 1.962 e 1.963 do CC
* É de iniciativa do próprio do autor da herança. Deve ser expressamente manifestada através de Testamento.
Art. 1.964. Somente com expressa declaração de causa pode a deserdação ser ordenada em testamento.
* O prazo para a propositura da Ação de Exclusão por Deserdação é de 4 anos a contar da Abertura do Testamento. 
Resumo do conteúdo
O herdeiro poderá aceitar ou renunciar a herança, são direitos potestativos. Tanto a aceitação, quanto a renúncia são irrevogáveis e não poderão abranger apenas parte do patrimônio, exceto se estiver herdando de duas formas, legitima e testemunhalmente, por exemplo;
Existe uma ordem de chamamento dos herdeiros a suceder, chamada ordem de vocação hereditária. Tal ordem segue a regra de que a classe mais próxima exclui a mais remota e que o grau mais próximo exclui o mais remoto;
Os herdeiros serão legitimados a suceder se estiverem vivos ou já concebidos no momento da abertura da sucessão e testamentariamente se estiverem elencados no artigo 1.799 do Código Civil;
Aos herdeiros que praticarem atos de indignidade, ou atos que justifiquem a deserdação serão excluídos da herança por sentença civil que independe da sentença penal condenatória transitada em julgado.
Atividades
1. (2014 – FUNCAB -Órgão: PC-RO - Delegado de Polícia Civil) Sobre o instituto da “Indignidade", é correto afirmar:
R:O quinhão hereditário do herdeiro testamentário, excluído da sucessão por indignidade, será repassado aos substitutos indicados na cédula testamentária.
2. Joaquim faleceu deixando os filhos Ana e Marcelo.Ana vive em união com Sílvio, com quem tem três filhos. Ana renunciou à herança. A quem será deferido o quinhão que lhe corresponderia? Por quê?
Justifique e fundamente juridicamente as respostas.
GABARITO
O destino do quinhão do renunciante é abordado na parte final dos arts. 1.810 e 1.811 do CC e aponta para não incidência do direito de representação na renúncia da herança. O quinhão renunciado será entregue aos demais herdeiros da mesma classe (no caso Marcelo). Se não houver herdeiros da mesma classe, convocar-se-á o herdeiro da classe mais próxima (netos do de cujus) que herdaria por direito próprio e não por representação.
AULA 3
Herdeiro Aparente - é aquele que se encontra na posse dos bens deixados pelo morto, como se fosse o legítimo titular do direito à herança. Denomina-se aparente, pois é publicamente conhecido como herdeiro. É tido como herdeiro legítimo por aparentar essa característica, mas na realidade, pela essência, nunca o foi. 
O herdeiro aparente pode ser alguém, posteriormente, declarado indigno, deserdado ou que descubra a existência de um sucessor de grau mais próximo.
Responda:
Enquanto Renato ainda era herdeiro aparente, vendeu a Alexandre uma casa de praia que era, originalmente, de seu tio Agnaldo. Roberta, agora que é a herdeira real pode reaver esse bem?
GABARITO
O terceiro, que de boa-fé, adquira a título oneroso, bens ou direitos do herdeiro aparente não será prejudicado. A boa-fé do herdeiro aparente não pode justificar o prejuízo de terceiros que não violaram a boa-fé. O herdeiro aparente é responsável em ressarcir o herdeiro real.
Art. 1.828. O herdeiro aparente, que de boa-fé houver pago um legado, não está obrigado a prestar o equivalente ao verdadeiro sucessor, ressalvado a este o direito de proceder contra quem o recebeu.
Os herdeiros dividem-se em:
• Herdeiro legítimo – determinado como tal pela lei, e
• Herdeiro testamentário – contemplado por testamento.
Art. 1.788. Morrendo a pessoa sem testamento, transmite a herança aos herdeiros legítimos; o mesmo ocorrerá quanto aos bens que não forem compreendidos no testamento; e subsiste a sucessão legítima se o testamento caducar, ou for julgado nulo.
Herdeiros necessários/reservatórios - Descendentes, ascendentes e cônjuge, conforme artigo 1.845 do Código Civil. Estas classes possuem direito à metade dos bens deixados pelo falecido, exceto em casos de indignidade ou deserdação. Essa parte é dominada de legítima ou reservada dos herdeiros necessários.
Herdeiros facultativos - São os colaterais, pois podem ser excluídos, por testamento, da totalidade da herança.
Art. 1.789. Havendo herdeiros necessários, o testador só poderá dispor da metade da herança.
Art. 1.845. São herdeiros necessários os descendentes, os ascendentes e o cônjuge.
Obs.: O Código Civil, de 1916, não considerava o cônjuge herdeiro necessário e, portanto, poderia ser afastado por testamento.
Modo de suceder : O herdeiro sucederá o falecido por três modos:
01 - Sucessão por direito próprio
Quando, no momento da abertura da sucessão, não há nenhum outro herdeiro sucessível de permeio entre ele e o falecido. O lugar é dele herdeiro, como por exemplo, quando os filhos sucedem.
Ex: Pai – Filho1 = 50% e Filho 2= 50%
Assim acontece sempre que não exista nenhum parente, com capacidade sucessória, de grau distinto do herdeiro chamado a suceder. Se todos os filhos não possuem capacidade sucessórias os netos serão chamados a herdar por direito próprio e assim sucessivamente.
02 - Direito de representação
Essa é uma exceção à regra de que o parente de grau mais próximo exclui o de grau mais remoto, pois há diversidade de graus, na mesma classe de sucessores.
Os mais próximos herdam por direito próprio e os mais afastados por direito de representação do herdeiro pré-morto (morto antes do autor da herança), indigno ou deserdado.
O representante recebe quinhão que caberia ao herdeiro representado, se houver mais de um representante, essa parte será dividida entre eles.
Art. 1.833. Entre os descendentes, os em grau mais próximo excluem os mais remotos, salvo o direito de representação.
Observação: O filho do herdeiro renunciante não representa o pai na sucessão, mas se não houver herdeiro com capacidade sucessória de grau mais próximo, ele pode herdar por direito próprio.
03 - Sucessão por Direito de Transmissão
Ocorre na hipótese de herdeiro pós-morto (morto após a abertura da sucessão). Assim, o herdeiro que falece antes de aceitar a herança transmite o seu direito a seus sucessores que poderão ocupar o seu lugar naquela sucessão. Morrendo o pai e posteriormente o filho, antes de aceitar a herança, o direito sucessório será transmitido ao neto que poderá aceitar no lugar do herdeiro pós-morto.
Modo de partilhar
Partilha por Cabeça
Quando todos os herdeiros são da mesma classe de herdeiros, do mesmo grau de parentesco e sucedem por direito próprio. Daí o monte hereditário será partilhado pelo número de herdeiros, basta contá-los e dividir em partes iguais para cada um. É própria da sucessão dos descendentes e dos colaterais.
Partilha por Estirpe
É adotado na sucessão por direito de representação, na qual existem herdeiros de mesma classe, mas de graus distintos. Nessa hipótese, conta-se o número de herdeiros que recebem por direito próprio e aqueles que estão sendo representados. 
Se um pai morre, tem um filho vivo e uma filha pré-morta, que era mãe de dois filhos (netos do autor da herança), o filho vivo ficará com metade da herança e a outra metade será dividida entre os netos que recebem por direito de representação, sendo assim, a partilha por estirpe.	
Divisão por Linhas
É própria da sucessão da classe dos ascendentes. Nesta espécie, a metade da herança vai para a linha materna e a outra metade para a linha paterna, mas não existe direito de representação. 
Se o filho morre tem pai e mães vivos, metade vai para mãe e a outra metade vai para o pai.
Se ao morrer, não tem pai, nem mãe com capacidade sucessória e tem avô e avó maternos vivos e apenas avó paterna, dividindo-se por linha os avós maternos recebem 25% da herança cada um, e a avó paterna ficará com 50% do patrimônio deixado pelo falecido, em consequência da divisão por linhas.
Resumo do conteúdo
Herdeiro aparente;
Modos de suceder: por direito próprio, por direito de representação, por direito de transmissão;
Modos de partilha: por cabeça, por estirpe, divisão por linha.
Atividades
1. No Direito brasileiro, em vigor, incluem-se entre os herdeiros necessários:
R: Os descendentes, os ascendentes, o cônjuge ou companheiro.
2. (TJPR – Assessor Jurídico – 2007) Sobre a sucessão legítima, assinale a alternativa correta:
R: O direito de representação é uma exceção à regra de que, entre herdeiros de mesma classe, os de grau mais próximo excluem o direito dos herdeiros de grau mais remoto.
AULA 4
Sucessão dos Descendentes
Os descendentes, parentes na linha reta, são considerados os sucessores de primeira classe, conforme a ordem de vocação hereditária, estabelecida no artigo 1.829, do Código Civil, como verificamos nas aulas anteriores. Isso significa dizer que se alguém morre, deixando descendentes, estes serão os primeiros a serem chamados a suceder. 
Art. 1.829. A sucessão legítima defere-se na ordem seguinte:
I - aos descendentes, em concorrência com o cônjuge sobrevivente, salvo se casado este com o falecido no regime da comunhão universal, ou no da separação obrigatória de bens (art. 1.640, parágrafo único); ou se, no regime da comunhão parcial, o autor da herança não houver deixado bens particulares;
II - aos ascendentes, em concorrência com o cônjuge;
III - ao cônjuge sobrevivente;
IV - aos colaterais.
Modo de Suceder e Modo de Partilhar dos Filhos
Na sucessão de descendentes, a partilha pode ser por cabeça ou por estirpe. Caso só existam filhos a receber herança a partilha será por cabeça, poistodos estão no mesmo grau. Divide-se o patrimônio pelo número de filhos, igualmente.
Portanto se o pai morrer e deixar cinco filhos com capacidade sucessória, a herança será dividida em 1/5 para cada um dos sucessores.
Modo de Suceder e de Partilhar dos Netos
A sucessão que tenha como beneficiários apenas netos, pois nenhum filho ter capacidade sucessória (por estar morto, ser deserdado ou declarado indigno ou renuncie a herança).
Responda:
O pai de Danilo não herdará os bens de seu pai, pois é considerado um herdeiro indigno. Danilo poderá representá-lo na sucessão do avô?
GABARITO
Nem a indignidade, nem a deserdação impedem o direito de representação. O neto, filho do herdeiro indigno poderá representá-lo na sucessão do avô, como já vimos anteriormente.
Sucessão dos Descendentes e Concorrência do Cônjuge Supérstite
O artigo 1.829, inciso I, permite que, em alguns casos, o cônjuge concorra com descendentes na sucessão, dependendo do regime de bens.
O Código Civil, de 2002, inovou permitindo que o cônjuge herdasse em concorrência com descendente, porém, fez algumas ressalvas de acordo com o regime de bens adotado para o casamento. Assim, vejamos:
Comunhão universal de bens - Não há concorrência do cônjuge sobrevivo com os descendentes quando o regime for o da comunhão universal, porque se entende que a confusão patrimonial já ocorreu quando da celebração do casamento. Assim, a meação já lhe garante proteção suficiente. Nesse tipo de regime, o cônjuge é meeiro da totalidade dos bens, mas apenas os filhos herdam a parte correspondente ao patrimônio do falecido. neste caso, que o cônjuge herda 50% do patrimônio, porque meação é patrimônio dele, não se confunde com herança.	
Separação obrigatória ou legal de Bens - Não há concorrência do cônjuge sobrevivo com os descendentes quando o regime era o da separação obrigatória de bens (art.1.641, CC), pois entende-se que a separação de bens é permanente e a possibilidade de concorrência com os descendentes poderia deixar a lei sem sentido. Nessa hipótese, o cônjuge não herda e será meeiro apenas se houver aquestos. Se nenhum patrimônio foi adquirido onerosamente durante a constância do casamento o cônjuge não é meeiro nem herdeiro.
Obs.: STF Súmula nº 377 — No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento.
Regime de comunhão parcial de Bens - Não há concorrência do cônjuge sobrevivo com os descendentes se adotado o regime legal de bens, o autor da herança não deixou bens particulares. Nessa situação, o cônjuge será meeiro dos aquestos, mas não será herdeiro. 
Entretanto, se o casado sob o regime da comunhão parcial de bens deixou bens particulares o cônjuge será meeiro dos aquestos, bens adquiridos onerosamente durante a constância do casamento, e será herdeiro dos bens particulares concorrendo com os descendentes.
Regime de participação final dos aquesto - Não há concorrência do cônjuge sobrevivo com os descendentes se adotado o regime da participação final nos aquestos, o autor da herança não deixou bens particulares. Se o casado sob o regime da participação final nos aquestos deixou bens particulares, o cônjuge concorre com os descendentes. Solução idêntica aos casados sob o regime da comunhão parcial de bens.
Assim, em havendo bens particulares, o cônjuge herda em concorrência com os descendentes apenas sobre essa quota que não faz parte da meação. Sob os aquestos será apenas meeiro e a herança será exclusivamente partilhada entre os descendentes.
Regime de separação absoluta ou convencional - Sendo o regime de separação convencional de bens o cônjuge concorrerá com os descendentes, por não haver ressalva nenhuma na lei. Nesse regime, não se fala em meação, todos os bens são particulares, e o cônjuge herda, em concorrência com os descendentes, sob a totalidade dos bens deixados pelo morto.
Quota Mínima Reservada ao Cônjuge
O cônjuge sobrevivente, ao concorrer com descendentes comuns, tem direito à quota mínima reservada de ¼ da herança, conforme artigo 1.832 do Código Civil.
Art. 1.832. Em concorrência com os descendentes (art. 1.829, inciso I) caberá ao cônjuge quinhão igual ao dos que sucederem por cabeça, não podendo a sua quota ser inferior à quarta parte da herança, se for ascendente dos herdeiros com que concorrer.
Filiação Comum: filhos do cônjuge sobrevivente que sejam também filhos do autor da herança
Filiação Híbrida: filhos comuns concorrendo com filhos apenas do autor da herança
Resumo do conteúdo
Sucessão dos descendentes por direito próprio ou por direito de representação;
Possibilidade de o cônjuge sobrevivente concorrer com o descendente, se casado sob o regime da separação absoluta de bens ou da comunhão parcial de bens e participação final dos aquestos e o falecido houver deixado bens particulares;
Caso concorra com descendentes comuns, o cônjuge terá direito a uma quota mínima reservada de ¼ da herança. Mas esse direito não prevalece nos casos de descendentes apenas do falecido, nem na hipótese de filiação híbrida.
Atividades
1- (DPE-ES – FCC – Defensor Público – 2016/ adaptada) Torquato tem quatro filhos, sendo Joaquim, do seu primeiro casamento com Mariana; José, Romeu e Pedro de seu casamento com Benedita. Mariana e Benedita são falecidas e não possuíam ascendentes nem outros descendentes. Vítimas de um acidente de veículo, em que Torquato e todos os seus filhos se encontravam, morreram Torquato, instantaneamente, e José, algumas horas depois. Pedro, Romeu e Joaquim sobreviveram. Torquato tinha um patrimônio avaliado em R$3.600.000,00 e era casado com Amélia sob o regime da separação obrigatória de bens e nada havia adquirido durante esse casamento. Como serão as sucessões de Torquato?
GABARITO
Amélia não será herdeira, pois ao concorrer com descendentes, o casado sob o regime de separação obrigatória de bens não herda.
A herança será partilhada entre os quatro filhos que receberão por direito próprio e a partilha será por cabeça. 
José chega a herdar, pois estava vivo no momento da abertura da sucessão, o que lhe torna herdeiro pelo que estabelece o princípio da saisine.
2 - Jorge é casado com Lúcia pelo regime de comunhão parcial e com ela teve um filho Roberto. De um casamento anterior Jorge teve outro filho, Carlos, que lhe deu dois netos Júlio e Juliana. Carlos morreu em 15 de dezembro de 2007. Jorge faleceu em maio de 2011 deixando uma casa, em Curitiba, que lhe fora doada por seu pai e uma casa na praia adquirida na constância do casamento com Lúcia. Responda:
a. Quem são os sucessores de Jorge? Lúcia, Roberto e os netos Júlio e Juliana, por direito de representação.
b. A que título esses herdeiros sucedem? São herdeiros a título universal.
c. Lúcia concorrerá com os herdeiros? Lúcia concorrerá com os descendentes apenas pela herança do bem particular, ou seja, a casa de Curitiba; da casa de praia ela é apenas meeira.
AULA 5
Sucessão dos Ascendentes
A sucessão dos ascendentes, sem concorrência com o cônjuge ou companheiro, se dá da mesma forma que estabelecia o Código Civil de 1996, não sofreu nenhuma alteração com a lei civil de 2002.
Modo de Suceder e de Partilhar dos Ascendentes
De acordo com o artigo 1.852 do CC, a sucessão dos ascendentes, o modo de suceder é sempre por direito próprio, não é admitido o direito de representação. Não existe nenhuma exceção a essa regra; nessa modalidade, o grau mais próximo sempre exclui o mais remoto.
Na classe dos ascendentes, o modo de partilhar ocorre através da divisão por linhas. A partilha do acervo hereditário é divida entre as linhas materna e paterna, dividindo-se o patrimônio ao meio.
Ao morrer alguém e deixando apenas ascendentes vivos, aquele que tiver grau mais próximo, exclui o de grau mais remoto.
Por exemplo, se a mãe e a avó paterna estão vivas, ao tempo da abertura da sucessão, a mãe herda a totalidade da herança, pois é parente de primeiro grau, enquanto a avó é de segundo. A sucessão pelospais, portanto, por pertencerem ao grau mais próximo do morto, afastam os demais ascendentes.
Responda:
Se por alguma razão os pais não possuírem capacidade sucessória, qual será o procedimento adotado?
GABARITO
Serão chamados os avós a suceder, por direito próprio, e a partilha será feita por linha. Portanto, se os herdeiros forem todos de mesmo grau, deve-se respeitar a divisão por linha. Assim, se ao morrer apenas a avó paterna estiver viva e avô e avó maternos também, dividindo-se por linha a herança, a avó paterna ficará com 50% dos bens, a avó materna com 25% e o avô materno com os outros 25%.
Sucessão dos Ascendentes em concorrência com o Cônjuge
O inciso II, do artigo 1, do Código Civil, prevê a possibilidade de concorrência entre ascendentes e cônjuge na sucessão aberta. Diferentemente do que acontece na sucessão do descente, ao concorrer com ascendente, o cônjuge sempre herda independente do regime de bens do casamento.
O cônjuge, concorrendo com os pais do falecido, terá direito há 1/3 da herança, conforme o artigo 1.837 do código Civil. Art. 1.837. Concorrendo com ascendente em primeiro grau, ao cônjuge tocará um terço da herança; caber-lhe-á a metade desta se houver um só ascendente, ou se maior for aquele grau.
O cônjuge que estiver concorrendo com ascendentes de grau maior que primeiro, ou seja, com avós, bisavós etc., terá direito à metade da herança, conforme o que disciplina o artigo 1.837 do Código Civil.
O cônjuge que concorrer com todos os avós do morto fica com 50% da herança e cada um dos avós com 12,5%, pois 25% caberá à linha materna e os outros 25% à linha paterna.
Sucessão dos Colaterais
Seguindo a ordem de vocação hereditária, do artigo 1.829, do código Civil, na falta de descendentes, ascendentes e cônjuge os colaterais serão chamados a suceder legitimamente. Ocupam a quarta classe de herdeiros legítimos. Não são herdeiros necessários, portanto podem ser afastados por testamento, não possuem a garantia da legitima.
Art. 1.839. Se não houver cônjuge sobrevivente, nas condições estabelecidas no art. 1.830, serão chamados a suceder os colaterais até o quarto grau.
Antes de dar continuidade, relembre que os colaterais, considerados parentes são aqueles de até quarto grau e essa contagem se faz contando o número de gerações que separa o falecido e o herdeiro, a partir do ancestral em comum, conforme vimos em aulas anteriores.
Sucessão de irmãos
Sempre sucedem por direito próprio e a partilha será por cabeça, dividindo-se em partes iguais se todos os irmãos forem unilaterais ou bilaterais. Porém, se irmãos unilaterais estiverem concorrendo com bilaterais herdam de forma distinta, conforme artigos:
SUCESSÃO DO SOBRINHO POR DIREITO DE REPRESENTAÇÃO
Concorrendo irmão com filhos de irmãos, os sobrinhos herdam por direito de representação e a partilha será por estirpe. Cumpre ressaltar que o direito de representação na linha colateral está limitado ao sobrinho, conforme artigo 1.840 do código Civil.
SUCESSÃO DE IRMÃOS, SOBRINHOS E SOBRINHOS NETOS
Como dito, o direito de representação se limita aos sobrinhos em concorrência com os irmãos do morto. Os sobrinhos netos são parentes na colateral de 4º grau e, dessa forma, somente herdam por direito próprio, na ausência de parentes de graus mais próximos.
SUCESSÃO DOS COLATERAIS DE 4º GRAU
Esses herdeiros serão chamados a suceder por direito próprio e a partilha será por cabeça. Não há nenhuma preferência quando concorrem tio-avô com sobrinho neto, nem tão pouco nenhuma exceção em consequência da bilateralidade.
Resumo do conteúdo
Sucessão dos ascendentes e a sucessão dos ascendentes em concorrência com o cônjuge supérstite;
Sucessão dos colaterais até 4º grau.
Atividades
1. Mariana é casada com Tiago pelo regime da comunhão universal de bens. Mariana morre sem filhos, deixando sua mãe e seus avós maternos. Como dever ser realizada a partilha dos bens deixados por Mariana?
GABARITO
Além de meeiro, Tiago será herdeiro em concorrência com a mãe de Mariana, sendo dividida a herança em partes iguais, na forma do art. 1837, CC. Os avós serão afastados em virtude de serem parentes de segundo grau, enquanto a mãe é de primeiro grau.
2. Relativamente à ordem da vocação hereditária, assinale a alternativa correta:
Se concorrerem à herança somente um filho e três netos, filhos de filho pré-morto, aos netos conjuntamente caberá cota equivalente à cota do filho vivo.
AULA 6
A sucessão do cônjuge, seus requisitos e o direito real de habitação
O cônjuge, a partir da edição do Código Civil de 2002, tornou-se herdeiro necessário, conforme artigo 1.845. Desde então, passou a ter direito a legítima, não poderia mais ser afastado por testamento. O Código Civil atual proporcionou que o cônjuge passasse a herdar em concorrência com descendentes, dependendo do regime de bens do casamento, e com ascendentes, casado sob qualquer regime de bens.
O cônjuge ocupa a terceira posição na ordem de vocação hereditária, prevista no artigo 1.829 do Código Civil. Serão chamados a suceder com exclusividade, apenas na ausência de descendentes e ascendentes. Alinhado com artigo 1.838 do mesmo diploma legal.
Requisitos para Sucessão do Cônjuge
O cônjuge, para ser herdeiro, precisa preencher os requisitos do artigo 1.830 do Código Civil, sendo necessário que, ao tempo da abertura da sucessão, esteja em comunhão plena de vida com o autor da herança.
O conflito entre cônjuge separado de fato e companheiro
1º Como vimos, o “cônjuge separado de fato”, se inocente, poderá herdar; e, como a união estável pode ser considerada para aquele que está “separado de fato”, existe a possibilidade de concorrência entre o “cônjuge inocente separado de fato” e o companheiro. Diante disso surgem três posicionamentos:
2º Concede direitos sucessórios ao companheiro, baseando-se que a sociedade conjugal existe de direito, mas não de fato. Não sendo razoável que uma pessoa que não tem mais convívio com o falecido receba, em detrimento daquela que se relaciona com o morto no momento da abertura da sucessão
3º Ambos, cônjuge e companheiro, concorrem à sucessão do falecido, nos termos do que a lei concede a cada um por direito.
Do direito real de habitação como direito sucessório do cônjuge
Esse direito real é concedido pelo artigo 1.831, do Código Civil, ao cônjuge, em decorrência da viuvez.
O direito de habitação permite que o cônjuge, mesmo que não seja herdeiro, permaneça habitando o imóvel que sirva de residência da família. O Código Civil anterior limitava esse direito a enquanto durasse a viuvez. Assim, se o cônjuge casasse novamente ou passasse a viver em união estável perderia esse direito. O Código Civil atual não traz essa limitação.
A sucessão decorrente da união estável e entenderá os questionamentos o posicionamento adotado pelo Código Civil de 2002
A união estável passou a ser reconhecida como espécie de família, em 1988, no artigo 226 da Constituição. Mas, a sua regulamentação somente foi estabelecida em 1994.
A Lei nº 8.971/94, primeira a disciplinar a união estável, concedeu aos conviventes direitos sucessórios na falta de herdeiros necessários (descendentes e ascendentes). Havendo herdeiros necessários, o convivente, teria direito ao usufruto de ¼ dos bens do falecido, enquanto não casasse ou passasse a viver nova união estável. Concedeu, ainda, direito a meação.
Posteriormente, a Lei nº 9.278/96 concedeu direito real de habitação, complementando o direito concedido pela lei anterior. A partir de 1996 os direitos do companheiro, na união estável, seriam concedidos de acordo com o que foi conferido pelas duas leis que tratavam sobre o tema.
Direito Real de Habitação
O artigo 1.831, do Código Civil, não menciona a possibilidade do direito real de habitação do companheiro, apenas do cônjuge.
A solução foi dada através do Enunciado 117 da 1º Jornada do Conselho da Justiça Federal:
Sucessão do companheiroconcorrendo com filhos comuns
Nessa hipótese, o convivente teria direito à herança sob os aquestos, os bens particulares seriam herdados apenas pelos filhos e o companheiro teria direito a quinhão igual ao dos filhos.
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
I - se concorrer com filhos comuns, terá direito a uma quota equivalente à que por lei for atribuída ao filho.
Sucessão do companheiro concorrendo com filhos do morto ou com filiação híbrida
Nesse caso, o convivente tem direito a apenas o quinhão equivalente à metade do quinhão dos filhos e, também, apenas sob os aquestos.
Art. 1.790. A companheira ou o companheiro participará da sucessão do outro, quanto aos bens adquiridos onerosamente na vigência da união estável, nas condições seguintes:
II - se concorrer com descendentes só do autor da herança, tocar-lhe-á a metade do que couber a cada um daqueles.
Sucessão do companheiro em concorrência com outros parentes
A maioria da doutrina entende que esse inciso deve ser interpretado de forma autônoma do caput. Assim, concorrendo com outros parentes (ascendentes e colaterais de até 4º grau), herda sobre todos os bens, não apenas sobre os aquestos.
Resumo do conteúdo
A sucessão do cônjuge, seus requisitos e o direito real de habitação;
A sucessão decorrente da união estável e os questionamentos do posicionamento adotado pelo Código Civil de 2002;
A declaração de inconstitucionalidade do artigo 1.790 pelo STF, que equiparou os direitos sucessórios das uniões estáveis e homoafetivas ao direito sucessório do casamento, passando a integrar a ordem de vocação hereditária do artigo 1.829 do Código Civil.
Atividades
Questão 1: (E M E R J - PROVA DE SELEÇÃO - CP I - 2º SEMESTRE/2014/ adaptada)
O companheiro homoafetivo supérstite, convivente com o falecido pelo regime da comunhão parcial de bens, concorre com os descendentes dele na partilha dos bens particulares?
GABARITO
Em conformidade com recente decisão do STF, as uniões homoafetivas devem ter tratamento idêntico à união estável, e considerou que o artigo 1.790 é inconstitucional. O companheiro homoafetivo herda na forma do artigo 1.829, assim como o cônjuge. Assim, ao concorrer com descendentes, aquele que vive sob o regime da comunhão parcial de bens, terá direito a herdar apenas sob os bens particulares e será meeiro dos aquestos.
Atividades
Questão 2: (XX EXAME DE ORDEM UNIFICADO)
Íris e Apolo, residentes no Rio de Janeiro, iniciaram namoro no final de 2008, estando ambos divorciados. Desde 2010, mantinham relação pública, notória, contínua e duradoura, coabitando desde o início desse mesmo ano no domicílio de Íris, juntamente com Selene, de 19 anos, fruto do primeiro casamento de Íris.
Íris e Apolo optaram por não realizar uma escritura de união estável. Alguns meses após a mudança para o domicílio de Íris, Apolo vendeu o apartamento em que residia e, com o produto da venda, adquiriu uma casa, onde seus filhos gêmeos do primeiro casamento, Pietro e Dionísio, de 22 anos de idade, passaram a residir.
Em janeiro de 2011, o casal, juntamente com Selene, mudou-se para outro apartamento, arrematado nesse mesmo mês por Apolo, em praça judicial, com recursos provenientes dos rendimentos do casal. Lá realizaram diversas obras, em razão de o apartamento necessitar de reformas nas instalações hidráulica e elétrica.
Em 26 de dezembro de 2014, Íris e Apolo, acompanhados de Selene, sofreram acidente automobilístico, no qual faleceram ao mesmo tempo, sem deixar testamento, tendo sido declarada a morte do casal em suas respectivas certidões de óbito.
Selene, ainda que gravemente ferida, sobreviveu. Meses depois do acidente, Pietro, na qualidade de inventariante, enviou notificação para Selene, que ainda residia no mesmo apartamento, comunicando que ele e Dionísio, únicos herdeiros de Apolo, tomariam a posse do apartamento, caso ela não o devolvesse voluntariamente, sob o argumento de o bem pertencer somente a seu pai, uma vez que este o arrematara em seu nome apenas.
Selene, na qualidade de única herdeira de sua mãe Íris, o(a) procura em busca de orientação jurídica. Sobre a situação descrita, responda:
Quem são os herdeiros dos imóveis adquiridos por Apolo enquanto residia com Íris e como deverão ser partilhados?
GABARITO
A CRFB/88 inovou ao conferir à união estável atributos de entidade familiar, proclamando no art. 226, § 3º, que “para efeito da proteção do Estado é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento”, sendo o tema atualmente disciplinado pelo CC.
Restando demonstrada a unidade familiar, impõe-se o reconhecimento da união estável, nos termos do art. 1723, § 1º, e do art. 1725, ambos do CC, entre Íris e Apolo — de janeiro de 2010, quando passaram a residir conjuntamente no apartamento de Íris, a 26 de dezembro de 2014, data do óbito de ambos — incidindo à hipótese o regime da comunhão parcial de bens para o patrimônio havido em comum, no referido período, uma vez que a questão não menciona a existência de escritura de união estável com adoção de regime diverso.
A casa adquirida para residência de Pietro e Dionísio foi sub-rogada em bem particular de Apolo e, portanto, não se comunica com Íris (Art. 1.659, inciso I, do CC), sendo apenas os filhos gêmeos os herdeiros desse bem. Já o apartamento arrematado foi adquirido com recursos provenientes do esforço comum do casal, pelo que deve ser partilhado entre o espólio de ambos, na proporção de 50% para cada um (Art. 1.660, inciso I, do CC).
Cumpre ainda destacar que não há que se falar em direitos sucessórios entre Íris e Apolo, uma vez que são comorientes (Art. 8º do CC), pelo que Selene herdará 50% do imóvel adquirido durante a constância da união daqueles, enquanto que Pietro e Dionísio, filhos de Apolo, os outros 50% (Art. 1.835 do CC), na proporção de 25% cada um.
AULA 7
Testamento
O significado da palavra testamento vem do latim testamentum, de testor, atestação da mente ou da vontade; ou de testis, que significa testemunho.
O testamento é uma consequência do direito de propriedade e sua característica de exclusividade, permitindo que o bem de propriedade exclusiva de um seja destinado a outro, após a extinção da personalidade jurídica.
A sucessão testamentária
O artigo 1.786, do Código Civil, de 2002, estabelece que a sucessão pode se dar em decorrência da lei, ou por disposição de última vontade. Ou seja: O sujeito pode regular a transferência de seus bens para depois de sua morte.
A sucessão testamentária é aquela determinada por atos de última vontade. Assim, se houver testamento, essas regras devem ser obedecidas, desde que não contrariem as disposições legais. O testamento é espécie de negócio jurídico unilateral, celebrado pela manifestação de vontade do testador, o qual produzirá efeito após a sua morte. Poderá ser modificado por ele a qualquer tempo, sob a égide do artigo 1.858 do Código Civil.
Vale lembrar que o testador que tiver herdeiros necessários só poderá dispor de cinquenta por cento do seu patrimônio, o restante fica garantido aos seus sucessores. Essa parte receberá o nome de legítima, nos termos do “Art. 1.846. Pertence aos herdeiros necessários, de pleno direito, a metade dos bens da herança, constituindo a legítima.” (BRASIL, 2002).
A sucessão de legítima
Também conhecida como ab intestato. O sujeito pode optar por deixar que a lei determine.
Responda:
Carlos, solteiro e bastante debilitado, escreve seu testamento. Carlos, que não tem nenhum ascendente vivo e tão pouco descendentes, resolve deixar toda a sua fortuna ao sobrinho João Henrique. Após a morte de Carlos, seu único irmão, Eduardo, ingressa com ação de impugnação do testamento afirmando que, como irmão, tem direito à parte da herança, pois herdeiro necessário. Eduardo tem razão?
GABARITOEduardo não tem razão. Sendo Eduardo parente colateral, é considerado apenas herdeiro legítimo e, portanto, pode ser excluído por testamento.
O testamento é ato personalíssimo, deve ser elaborado unicamente pelo autor da herança e pode ser revogado a qualquer tempo. Nas palavras de Pontes de Miranda, “testamento (diz-se) é o ato pelo qual a vontade de um morto cria, transmite ou extingue direitos”
Disposições testamentárias
Os atos de disposição de última vontade, em regra, contêm cláusulas relacionadas ao patrimônio do falecido, contemplando herdeiro ou legatário que não o seriam por determinação legal ou indicar como seria a sua intenção sobre a disposição de seus bens.
A inclusão, de disposições de caráter não patrimoniais, deverá estar cercada de muito cuidado, pois mesmo o testamento tendo esse caráter de revogabilidade, uma cláusula de cunho pessoal não será tão simples de ser revogada, porque dependerá de justificativa.
Todos podem celebrar testamento?
1- Toda pessoa capaz pode celebrar testamento.
2-O relativamente incapaz, maior de 16 e menor de 18, possui o que chamamos de capacidade especial, isto é, está autorizado por lei a celebrar testamento válido, sem precisar de assistência para a prática desse negócio jurídico.
3- Não podem testar. Art. 1.860. Além dos incapazes, não podem testar os que, no ato de fazê-lo, não tiverem pleno discernimento. Parágrafo único. Podem testar os maiores de dezesseis anos.
Lei nº 13.146/15
4- Art. 84. A pessoa com deficiência tem assegurado o direito ao exercício de sua capacidade legal em igualdade de condições com as demais pessoas.” (BRASIL, 2015).
Ou seja, a isonomia atingiu a todas as pessoas com deficiência, as tornando plenamente capazes e limitando a incapacidade absoluta apenas aos menores de 16, modificando a redação do artigo 3º do Código Civil. A partir de então, aquele que tem alguma deficiência é considerado plenamente capaz, mesmo que precise de auxílio para a prática dos atos da vida civil.
O instituto da incapacidade relativa também foi atingido pelo Estatuto, o qual modificou a redação dos incisos II e III, do artigo 4º, do Código Civil, suprimindo as expressões “por deficiência mental” e “sem desenvolvimento mental completo”, proporcionando, assim, igualdade de tratamento a todas as pessoas.
O conceito de capacidade civil foi recriado.
Capacidade testamentária passiva
A capacidade testamentária passiva diz respeito à possibilidade de herdar através de testamento “fazendo referências a pessoas. A norma jurídica exclui animais e coisas inominadas, a menos que as disposições que lhes são abusivas se apresentem sob a forma de um ônus ou de uma liberalidade a uma pessoa capaz de ser beneficiada em testamento”.
Artigos 1.798 e 1.799
A sucessão testamentária pode contemplar todos os que podem receber herança na sucessão legítima e mais a prole eventual de pessoa indicada pelo autor da herança, pessoas jurídicas e as fundações a serem criadas com patrimônio estabelecido em testamento. Estas regras estão elencadas nos artigos 1.798 e 1.799 do Código Civil.
Artigo 1.800
A sucessão da chamada prole eventual deve seguir as regras do artigo 1.800, do Código Civil, que estabelece que se o eventual herdeiro não for concebido em dois anos a contar da abertura da sucessão, esse direito será perdido.
Sem indicação pela lei
A sucessão testamentária proporciona ao autor da herança a possibilidade de contemplar pessoas que não foram indicadas pela lei como seus herdeiros permitindo inclusive, que pessoas jurídicas existentes ou a serem formadas, sejam beneficiadas com o patrimônio deixado pelo falecido.
Incapacidade sucessória passiva
Não poderão herdar os elencados no artigo 1.801, do Código Civil:
As formas ordinárias de testamento e seus efeitos jurídicos. As formas especiais de testamento e seus efeitos jurídicos.
Formas ordinárias de testamento
O ordenamento jurídico pátrio divide as formas de testar em ordinárias e extraordinárias. Será considerado ordinário o testamento a ser feito em situações comuns, sem nenhum requisito especial do sujeito a celebrar o negócio jurídico. Os primeiros são os testamentos públicos, cerrados e os particulares, de acordo com o artigo 1.862 do Código Civil.
Vale lembrar que o Testamento Conjuntivo, no qual os testadores contemplam-se reciprocamente, que era autorizado na legislação anterior, foi expressamente proibido pela lei atual, ou seja, o testamento de cada um deve ser celebrado em separado. “Art. 1.863. É proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo.”
O Testamento Público, também conhecido como aberto ou autêntico, é a modalidade de testamento que será lavrado em livro de notas por tabelião, registrando a vontade do testador expressa verbalmente ao oficial de registro e na presença de duas testemunhas. O testador pode apenas informar sua vontade ao tabelião, ditar ou entregar uma minuta que tenha escrito anteriormente. Considera-se essa a forma mais segura de celebrar testamento. (Art. 1.864 do Código Civil)
O analfabeto ou aquele que não pode escrever só poderá optar por essa espécie de testamento, conforme o artigo 1.865, do Código Civil: “Art. 1.865. Se o testador não souber, ou não puder assinar, o tabelião ou seu substituto legal assim o declarará, assinando, neste caso, pelo testador, e, a seu rogo, uma das testemunhas instrumentárias.”
O surdo, que seja alfabetizado, pode ler seu testamento, mas se não souber pode requerer que alguém de sua confiança o faça em seu lugar, de acordo com o artigo 1.866 do Código Civil: “Art. 1.866. O indivíduo inteiramente surdo, sabendo ler, lerá o seu testamento, e, se não o souber, designará quem o leia em seu lugar, presentes as testemunhas.”
O deficiente visual somente poderá celebrar testamento através dessa forma, acompanhado de testemunha de sua confiança que lerá o testamento também, além do mesmo ser lido em voz alta pelo tabelião. Assim, como preceitua do artigo 1.867 do Código Civil.
O público é, portanto, a forma mais comum de celebrar testamento e estas formalidades, torna esta espécie de testamento mais segura do que as outras espécies, apesar de permitir a qualquer pessoa o conhecimento do seu teor. (GONÇALVES, 2009, p. 47)
O Testamento Cerrado, secreto, místico ou nuncupação implícita, será escrito pelo testador ou alguém a seu pedido, as disposições podem ser sigilosas e se completa por lavratura, pelo oficial de registros, que deverá aprová-lo na presença de duas testemunhas. Essa modalidade é também conhecida como testamento secreto, pois o seu teor pode ser conhecido apenas após a morte do autor da herança se essa for sua vontade. (Art. 1.868. do Código Civil)
Essa modalidade de testamento traz segurança de sua aplicabilidade, pois a sua existência ficará devidamente registrada em cartório. Assim, será certificada a sua existência, quando solicitado.
O Testamento Particular é aquele feito pelo próprio testador e guardado por ele. Essa é considerada uma modalidade muita arriscada, por essa razão não é muito utilizado. Para que seja válido é necessário que seja escrito pelo testador, manual ou mecanicamente, que seja lido perante três testemunhas e assinado pelo autor da herança e por todas as testemunhas. Tal espécie de testamento era denominada pelos romanos de holográfo ou ológrafo. (Art. 1.876. do Código Civil)
O testamento particular, por não ser registrado, apresenta muito risco de não ser localizado e consequentemente, existe risco sobre o seu cumprimento. Afinal, sua localização não poderá ser identificada mediante certidões. De acordo com o entendimento do jurista Carlos Roberto Gonçalves, esta é a forma menos segura de testamento, haja vista depender da confirmação, em juízo das testemunhas, que eventualmente podem não comparecer, em juízo, após a abertura da sucessão. (GONÇALVES, 2009, p. 52)
Formas especiais de testamento (extraordinários, excepcionais, emergenciais ou privilegiados)
A leiautoriza, em alguns casos excepcionais, a realização de testamentos menos solenes, casos especiais nos quais não exista a possibilidade de testar de alguma das formas ordinárias.
Essas formas de testamento somente serão aplicadas, se cumprido os requisitos preestabelecidos. São medidas excepcionais, portanto serão cabíveis em determinadas situações especificadas na lei.
O Testamento Marítimo pode ser elaborado por passageiro ou tripulante de navio, em viagem, não apenas em alto-mar, mas também, em viagens fluviais ou lacustres, caso haja risco de morte antes de se chegar a algum porto, onde o testador possa fazer testamento ordinário. (art. 1888)
Assim, conclui-se que o testamento marítimo é modalidade especial de testar, sujeita à anuência do comandante responsável pelo navio, na presença de duas testemunhas e após deverá ser apresentado no primeiro porto de desembarque às autoridades administrativas.
O Testamento Aeronáutico pode ser feito por passageiro ou tripulante que, em voo de percursos longos, seja acometido de algum mal que ponha sua vida em risco. “Art. 1.889. Quem estiver em viagem, a bordo de aeronave militar ou comercial, pode testar perante pessoa designada pelo comandante, observado o disposto no artigo antecedente.”
Após o desembarque, o testador, que utilizou o testamento marítimo ou aeronáutico, tem um prazo de 90 dias para fazer um testamento ordinário, pois, a partir de então, o testamento especial deixa de ter validade. Cumpre ressaltar que se ficar provado que, durante esse prazo, o autor da herança ficar impedido de realizar testamento ordinário, por circunstâncias excepcionais, como ter agravado a doença, o testamento marítimo ou aeronáutico, não caduca. “Art. 1.891. Caducará o testamento marítimo, ou aeronáutico, se o testador não morrer na viagem, nem nos noventa dias subsequentes ao seu desembarque em terra, onde possa fazer, na forma ordinária, outro testamento.”
O Testamento Militar é utilizado por militares, ou por aqueles que estejam a serviço das forças armadas em situações de guerra. (Art. 1.893)
Quanto ao estado de guerra é importante observar o posicionamento doutrinário e jurisprudencial:
a interpretação que a jurisprudência e a doutrina deram às normas sobre testamento militar é no sentido de o admitir independentemente do estado de guerra, sempre que militares estejam trabalhando para salvação pública, como pode ocorrer em caso de inundação, incêndio, de grandes proporções etc., amplia a própria lei a faculdade de fazer testamento militar aos civis a serviço do exército. (WALD, 2011, p. 123)
O testamento militar caducará, se o testador, após 90 dias da sua chegada em um local onde possa fazer testamento ordinário não o faça. (Art. 1.895)
O testamento nuncupativo é uma subespécie de testamento militar, possível, apenas, em situações extremas, para o militar ferido em praça de guerra. Essa modalidade pode ocasionar fraudes. A exteriorização de última vontade é feita oralmente, na frente de duas testemunhas, as quais farão a transcrição dessa manifestação, assim que possível. O testamento caducará se o testador não morrer na guerra. (Art. 1.896)
Nessa modalidade de testamento, não se fala em caducidade, pois se o testador não morrer em combate o testamento não se torna eficaz. O autor da herança deverá outra forma de celebrar o testamento definitivo.
O Testamento Vital é o negócio jurídico unilateral, através do qual o indivíduo, em plena capacidade civil, dispõe expressamente a que tratamentos médicos, não gostaria de se submeter, em caso de impossibilidade de manifestação futura. Esse ato está ligado ao direito da personalidade que faculta a pessoa natural decidir sobre esse tema, conforme artigo 15 do Código Civil: “Art. 15. Ninguém pode ser constrangido a submeter-se, com risco de vida, a tratamento médico ou a intervenção cirúrgica.” (BRASIL, 2002)
Esta modalidade de testamento não tem previsão expressa na nossa legislação civil e causa muita divergência sobre a possibilidade de sua aplicabilidade, bem como de sua nomenclatura. O Testamento Vital surge, justamente, para produzir efeitos, em um momento, em que a vontade do paciente não possa ser exteriorizada, por estar inconsciente, ou por não estar com a capacidade plena.
Atividades
Questão 1: (XVIII EXAME da OAB)
Suzana Carvalho, viúva, tinha como únicos parentes vivos sua irmã Clara Pereira e seu sobrinho Alberto, filho de Clara. Em 2010, Suzana elaborou testamento público nomeando como sua herdeira universal sua amiga Marta de Araújo. Em 2012, Suzana mudou de ideia sobre o destino de seus bens e lavrou testamento cerrado, no qual contemplou com todo o seu patrimônio seu sobrinho Alberto Pereira.
No final de 2013, Alberto faleceu em um trágico acidente. Suzana faleceu há um mês. Clara Pereira e Marta de Araújo disputam a sua herança. Marta alega que não ocorreu a revogação do testamento de Suzana lavrado em 2010, vez que um testamento público só pode ser revogado por outro testamento público.
Clara procura você como advogado e indaga a quem deve caber a herança de Suzana. Diante disso, com base nos dispositivos legais pertinentes à matéria, responda aos itens a seguir.
A) Suzana podia dispor de todo o seu patrimônio por meio de testamento?
GABARITO
Suzana podia dispor de todo o seu patrimônio, uma vez que não tinha herdeiros necessários, sendo certo que os colaterais são herdeiros facultativos, nos termos do Art. 1.850 do Código Civil.
B) Um testamento cerrado pode revogar um testamento público?
GABARITO
O testamento público pode ser revogado por qualquer outra forma testamentária. De fato, não há hierarquia entre as formalidades testamentárias, dependendo a revogação de um testamento da validade do testamento revogatório, conforme o que dispõe o Art. 1.969 do Código Civil.
C) Com o falecimento de Alberto, quem deve suceder à Suzana?
GABARITO
Nesse caso, a sucessão obedecerá às regras da sucessão legítima, cabendo toda a herança de Suzana à sua irmã Clara Pereira, nos termos do Art. 1.829, inciso IV, do Código Civil.
Questão 2: (PROVA DE SELEÇÃO - CP I/ 2008)
Determinado casal comparece perante o Tabelião de Notas e procede a realização de dois testamentos distintos (instrumentos diversos), nos quais deixam os respectivos bens um para o outro, destacando-se que os testamentos foram realizados em dias diversos. São válidos os testamentos? Responda fundamentadamente.
GABARITO
Dispõe o artigo 1.863 do Código Civil brasileiro, que é proibido o testamento conjuntivo, seja simultâneo, recíproco ou correspectivo. O testamento simultâneo ou de mão comum ocorre quando dois testadores, no mesmo ato, beneficiam, conjuntamente, terceira pessoa.
No testamento recíproco, os testadores, em um só ato, beneficiam-se mutuamente, instituindo herdeiro o que sobreviver.
No testamento correspectivo, os testadores efetuam, em um mesmo instrumento, disposições testamentárias em retribuição de outras correspondentes.
A proibição da lei compreende unicamente o testamento feito por duas ou mais pessoas no mesmo ato, não impede que duas ou mais pessoas convenham, cada uma por sua parte, dispor de seus bens, a favor de um terceiro, ou em favor de um e de outro, ficando cada um legalmente com o direito de revogar seu testamento, quando parecer conveniente.

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