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UNIDADE I Direito Constitucional Teoria da Constituição

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DIREITO CONSTITUCIONAL I
UNIDADE I: TEORIA DA CONSTITUIÇÃO
PROFª Ma. REJANE VASCONCELOS
DIREITO CONSTITUCIONAL I
BIBLIOGRAFIA:
LENZA, Pedro. Direito Constitucional Esquematizado. 17ªed.São Paulo: Saraiva, 2013. 
NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional. 8ªed. São Paulo: Método, 2012.
PAULO, Vicente; ALEXANDRINO, Marcelo. Direito Constitucional Descomplicado. 15ªed. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO: 2016.
CONCEITO DE DIREITO CONSTITUCIONAL
O Direito Constitucional é um ramo do Direito Público responsável pelo estudo da organização do Poder Político, do Estado, da estrutura do Estado e dos Direitos Fundamentais que controlam o exercício e o abuso deste Poder.
O QUE É O ESTADO?
Estado: é uma sociedade politicamente organizada, dotada de soberania, de um território, de um povo e com objetivos determinados.
Quem primeiro tratou desta realidade (Estado) com esse sentido, foi Maquiavel em 1513 na obra “O príncipe”.
O nome do Estado brasileiro é República Federativa do Brasil. 
ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES 
As primeiras Constituições propriamente ditas surgiram em decorrência das grandes revoluções Democrático-burguesas, no final do século XVIII:
 Revolução Americana de 1776, com a independência das treze colônias britânicas situadas na América do Norte;
 Revolução Francesa de 1789-1799;
A primeira Constituição escrita foi a do estado da Virgínia em 1776;
 Constituição dos Estados Unidos da América de 1787;
 Constituição Francesa de 1791;
 A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão proclamada após a Revolução Francesa em 1789, dispunha que o país que não estabelecesse uma separação de poderes, nem uma Declaração de direitos individuais, não possuiria uma Constituição.
ORIGEM DAS CONSTITUIÇÕES 
CONSTITUCIONALISMO
Movimento político, jurídico e ideológico surgido no século XVIII com as revoluções liberais burguesas baseado na crença  de que o poder político deve estar submetido à supremacia da lei, de uma Lei Maior, a Constituição escrita.
O Constitucionalismo, como movimento revolucionário de tendência universal, alcançou os demais países, inclusive o Brasil.
CONSTITUIÇÃO
Conceito de Constituição: A Constituição, segundo José Afonso da Silva, “consiste num sistema de normas jurídicas, escritas ou costumeiras, que regulam a forma do Estado, a forma de seu governo, o modo de aquisição e exercício do Poder, o estabelecimento de seus órgãos e os limites de sua atuação”.
Sendo assim, a Constituição é a norma jurídica suprema e basilar que estrutura juridicamente os limites de atuação e exercício de toda a nossa sociedade política.
CONSTITUIÇÃO
Conceito Material: A Constituição material significa a reunião de todas as regras, estejam ou não estabelecidas em um único texto, que abordem a estrutura do Estado, a organização, as formas de atuação e limitação do Poder Político. Refere-se ao que nós chamamos de normas materialmente constitucionais.
Conceito Formal: Constituição formal é a Constituição escrita, definindo-se como o conjunto de normas reunidas em um documento denominado Constituição e elaborado pelo Poder Constituinte Originário ou de Fato.
Para facilitar a sua compreensão, a Constituição formal é o conjunto de todas as normas que estão escritas na Constituição, sejam ou não de conteúdo tipicamente constitucional, como por exemplo, as normas previstas nos arts. 180 e 242, § 2o da CRFB/88. Por esta razão, temos normas materialmente constitucionais e formalmente constitucionais.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
Os diversos conceitos de Constituição podem ser classificados em três grandes concepções: sociológica, política e jurídica.
Concepção Sociológica: Para Ferdinand Lassalle, em sua clássica obra “O que é uma Constituição”, esta é a soma dos fatores reais de poder, não passando a escrita de uma “folha de papel” que poderia ser rasgada a qualquer momento, sempre que contrariasse os fatores reais de poder.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
Concepção Política: Para Carl Schimitt, a Constituição é a decisão política fundamental, estabelecendo uma distinção entre ela e as leis constitucionais. A Constituição disporia somente sobre normas fundamentais (estrutura do Estado e direitos individuais), enquanto as demais normas contidas em seu texto seriam leis constitucionais.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
Concepção Jurídica: Para Hans Kelsen a Constituição é compreendida de uma perspectiva estritamente formal, apresentando-se como pura norma jurídica, como norma fundamental do Estado e da vida jurídica de um país, paradigma de validade de todo ordenamento jurídico. 
Atribuiu dois sentidos para a palavra Constituição:
Constituição, em seu sentido lógico-jurídico, é a norma hipotética fundamental (não real, mas sim imaginada, pressuposta) cuja a função é servir de fundamento lógico transcendental da validade da Constituição em sentido jurídico-positivo.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
Constituição, em seu sentido jurídico-positivo é a norma positiva suprema, que serve para regular a criação de todas as outras. 
No sistema proposto por Kelsen, o fundamento de validade das normas está na hierarquia entre elas. Toda norma apoia sua validade na norma imediatamente superior; com a Constituição positiva (escrita) não é diferente: seu fundamento de validade está na norma hipotética fundamental, que é norma pressuposta, imaginada.
CONCEPÇÕES DE CONSTITUIÇÃO
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
QUANTO À FORMA:
Quanto à forma as Constituições podem ser classificadas de duas maneiras: Constituição escrita, ou seja, àquela codificada em um documento escrito; e a Constituição não escrita ou consuetudinária ou costumeira, que pode ser definida como o conjunto de leis, costumes e jurisprudências esparsos no tempo,  em um determinado ordenamento jurídico, que tratem de tudo aquilo que seja considerado constitucional (forma de governo, estrutura do estado, direitos fundamentais etc). Ex. Constituição da Inglaterra.
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
QUANTO AO MODO DE ELABORAÇÃO:
Quanto ao modo de elaboração as constituições podem ser classificadas em duas espécies: dogmáticas e históricas.
A constituição dogmática é aquela que se origina de forma escrita e sistemática, baseada em dogmas, ou seja, princípios e ideias incontestáveis existentes no momento de sua elaboração pelo órgão constituinte.
Já a constituição histórica, também denominada costumeira, é a que se origina através de uma evolução de ideias no tempo, produto dos usos e costumes de determinada sociedade,  baseada na tradição de um povo. São constituições compostas de vários documentos e juridicamente não-escritas.
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
QUANTO À ORIGEM: 
   Quanto à origem há três formas de classificação:
Diz-se promulgada, popular ou democrática a Constituição que é elaborada através de uma Assembleia Nacional Constituinte, composta de representantes eleitos pelo povo para esta finalidade. Uma vez concluída a Constituição esta Assembleia se dissolve.
Quando a Constituição é outorgada, não há participação do povo em sua elaboração, posto ser ela imposta ao povo, sendo produto exclusivo do Governante que por si só, ou por terceira pessoa, impõe à sociedade um novo ordenamento jurídico e político. 
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
No Brasil as Constituições de 1891, 1934, 1946 e 1988 foram promulgadas e, as de 1824, 1937 e 1967  foram outorgadas.
Em relação a “Constituição de 1969” não a inserimos no rol das Constituições outorgadas, visto que formalmente ela foi uma emenda, Emenda Constitucional n. 1 à Constituição de 1967.
A terceira forma é a Constituição Cesarista que se caracteriza por ser uma Constituição outorgada, na qual o ditador para dar-lhe uma feição legítima convoca um plebiscito (plebiscito de Pinhochet, no Chile) ou referendo popular paraaprová-la.
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
QUANTO À ESTABILIDADE:
Quanto a este critério estamos preocupados em saber do processo legislativo para alteração das normas constitucionais. Sendo assim, a doutrina nos aponta que as constituições podem ser de cinco tipos:
1)    Imutáveis – não contém a possibilidade de reforma de suas normas. Ex. Código de Hamurabi e a Lei das XII Tábuas.
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
QUANTO À ESTABILIDADE:
2)   Super-rígidas – esta é uma classificação que alguns doutrinadores dão à Constituição de 1988, visto que esta Constituição possui um núcleo duro em seu art. 60, § 4º, conhecido como cláusulas pétreas, que exigem um processo legislativo ainda mais rígido ou dificultoso para alteração destas normas estabelecidas como pétreas, pois não poderão ser abolidas ou restringidas, podendo somente sofrer alterações para serem ampliadas.
3)    Rígidas – são as constituições que estabelecem que qualquer alteração de suas normas deverá passar por um processo legislativo mais dificultoso do que o processo legislativo ordinário. Em nossa Constituição esse processo encontra-se no art. 60.
4)    Semi-rígidas ou Semi-flexíveis – são aquelas que estabelecem para alteração de um determinado grupo de suas normas um processo legislativo mais árduo e para reforma do outro grupo de suas normas um processo legislativo ordinário ou simples. Por exemplo: Constituição Imperial de 1824.
5)    Flexíveis – são àquelas constituições que estabelecem para alteração de suas normas o mesmo processo legislativo previsto para as leis ordinárias.
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
QUANTO À EXTENSÃO:
Quanto a este critério estamos preocupados em analisar o tamanho da Constituição. Sendo assim, as constituições podem ser:
1)    Analíticas – quando possuem uma grande quantidade de artigos, que descrevem diversos assuntos ou,
2)    Sintéticas – quando possuem poucos artigos que estabelecem princípios e normas gerais da estrutura do Estado. Por exemplo: Constituição Norte-americana de 1787 e a Constituição dos Estados Unidos do Brasil de 1891.
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
QUANTO À IDEOLOGIA:
Quanto à ideologia, a doutrina leva em conta a que sistema de produção econômica está atrelada a Constituição. Elas podem ser de dois tipos:
1)    Ortodoxas – são aquelas atreladas a um única ideologia, por exemplo a Constituição da República da antiga URSS de 1977, que estabelecia o modelo socialista;
2)    Heterodoxas ou Ecléticas – são aquelas que estabelecem mais de uma ideologia (pluralismo principiológico), como a Constituição de 1988, que possui valores capitalistas como a livre iniciativa e, valores socialistas, como a valorização do trabalho (art. 170 da CRFB/88).
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
QUANTO À FINALIDADE:
Quanto à finalidade a Constituição pode ser de três tipos:
1)    de garantia – os grandes exemplos são as Constituições liberais burguesas que estabelecem liberdades públicas ou os chamados Direitos Fundamentais de 1ª geração como mecanismos de controle do poder estatal, como a Constituição Norte- americana de 1787. Tem a finalidade precípua de assegurar certos direitos.
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
2)    dirigente – são aquelas que além de estabelecer direitos individuais e sociais que o Estado deveria alcançar, preveem normas conhecidas como programáticas (tipo de normas de eficácia limitada) que procuram fixar metas, programas, políticas públicas, como valores a serem perseguidos pelo ente estatal. Por exemplo: saúde para todos, moradia para todos. Como exemplo deste tipo de constituição temos a Constituição Brasileira de 1988 e a Portuguesa de 1976.
Tipologia Constitucional: pode-se classificar as constituições das seguintes maneiras.
A Constituição de 1988 é classificada da seguinte forma:
Quanto ao conteúdo: formal;
Quanto a forma: escrita;
Quanto ao modo de elaboração: dogmática;
Quanto a origem: promulgada;
Quanto a estabilidade: rígida;
Quanto a finalidade: dirigente;
Quanto a extensão: analítica;
Quanto a ideologia: heterodoxa;
CLASSIFICAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO BRASILEIRA DE 1988.
 A doutrina agrupa as normas constitucionais conforme suas finalidades, no que se denominam elementos da constituição. Segundo José Afonso da Silva, esses elementos formam cinco categorias:
Elementos orgânicos: compreendem as normas que regulam a estrutura do Estado e do Poder. Exemplos: Título III (Da Organização do Estado) e IV (Da Organização dos Poderes e do Sistema de Governo).
Elementos limitativos: compreendem as normas que compõem os direitos e garantias fundamentais, limitando a atuação do poder estatal. Exemplo: Título II (Dos Direitos e Garantias Fundamentais), exceto Capítulo II (Dos Direitos Sociais).
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
c) Elementos sócio-ideológicos: são as normas que traduzem o compromisso das Constituições modernas com o bem estar social. Tais normas refletem a existência do Estado social, intervencionista, prestacionista. Exemplos: Capítulo II do Título II (Dos Direitos Sociais), Títulos VII (Da Ordem Econômica e Financeira) e VIII (Da Ordem Social).
d) Elementos de estabilização constitucional: compreendem as normas destinadas a prover solução de conflitos constitucionais, bem como a defesa da Constituição, do Estado e das instituições democráticas. São instrumentos de defesa do Estado, com vistas a promover a paz social. Exemplo: arts. 34 a 36 (intervenção).
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
e) Elementos formais de aplicabilidade: compreendem as normas que estabelecem regras de aplicação da constituição. Exemplos: preâmbulo, disposições constitucionais transitórias e art. 5º, § 1º, que estabelece que as normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.
ELEMENTOS DAS CONSTITUIÇÕES
Todas as normas constitucionais apresentam juridicidade. Todas elas são imperativas e cogentes ou, em outras palavras, todas as normas constitucionais surtem efeitos jurídicos: o que varia entre elas é o grau de eficácia.
A partir da aplicabilidade das normas constitucionais, José Afonso da Silva classifica as normas constitucionais em três grupos: i) normas de eficácia plena; ii) normas de eficácia contida e; iii) normas de eficácia limitada.
Aplicabilidade das normas constitucionais
1) Normas de eficácia plena: São aquelas que, desde a entrada em vigor da Constituição, produzem, ou têm possibilidade de produzir, todos os efeitos que o legislador constituinte quis regular. É o caso do art. 2º da CF/88, que diz: “são Poderes da União, independentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo e o Judiciário”.
As normas de eficácia plena possuem as seguintes características:
a) são autoaplicáveis, é dizer, elas independem de lei posterior regulamentadora que lhes complete o alcance e o sentido. 
b) são não-restringíveis, ou seja, caso exista uma lei tratando de uma norma de eficácia plena, esta não poderá limitar sua aplicação.
Aplicabilidade das normas constitucionais
As normas de eficácia plena possuem as seguintes características:
c) possuem aplicabilidade direta (não dependem de norma regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é promulgada a Constituição) e integral (não podem sofrer limitações ou restrições).
Pedro Lenza (2015, p. 262), traz como exemplo de normas de eficácia plena os arts. 2º; 5º, III; 14, § 2º; 16; 17, §4º; 19; 20; 21; 22; 24; 28 caput; 30; 37, III; 44, parágrafo único, entre outros.
Aplicabilidade das normas constitucionais
2) Normas constitucionais de eficácia contida ou prospectiva: São normas que estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento da promulgação daConstituição, mas que podem ser restringidas por parte do Poder Público. Cabe destacar que a atuação do legislador, no caso das normas de eficácia contida, é discricionária: ele não precisa editar a lei, mas poderá fazê-lo.
Um exemplo clássico de norma de eficácia contida é o art.5º, inciso XIII, da CF/88, segundo o qual “é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer”.
Aplicabilidade das normas constitucionais
AS NORMAS DE EFICÁCIA CONTIDA POSSUEM AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS:
a) são autoaplicáveis, ou seja, estão aptas a produzir todos os seus efeitos, independentemente de lei regulamentadora. Em outras palavras, não precisam de lei regulamentadora que lhes complete o alcance ou sentido.
b) são restringíveis, isto é, estão sujeitas a limitações ou restrições, que podem ser impostas por:
uma lei: 
Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio dele defender.
§ 1º - A lei definirá os serviços ou atividades essenciais e disporá sobre o atendimento das necessidades inadiáveis da comunidade.
Aplicabilidade das normas constitucionais
Por outra norma constitucional: o art. 139, da CF/88 prevê a possibilidade de que sejam impostas restrições a certos direitos e garantias fundamentais durante o estado de sítio.
Por conceitos jurídicos consagrados na doutrina e na jurisprudência. Ex.: conceito de ordem pública na aplicação do art. 5º, XXV da CF de 1988). 
c) possuem aplicabilidade direta (não dependem de norma regulamentadora para produzir seus efeitos), imediata (estão aptas a produzir todos os seus efeitos desde o momento em que é promulgada a Constituição) e possivelmente não-integral (estão sujeitas a limitações ou restrições).
Aplicabilidade das normas constitucionais
3) Normas constitucionais de eficácia limitada: 
São aquelas que dependem de regulamentação futura para produzirem todos os seus efeitos. Um exemplo de norma de eficácia limitada é o art. 37, inciso VII, da CF/88, que trata do direito de greve dos servidores públicos (“o direito de greve será exercido nos termos e nos limites definidos em lei específica”).
AS NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA LIMITADA POSSUEM AS SEGUINTES CARACTERÍSTICAS:
a) são não-autoaplicáveis, ou seja, dependem de complementação legislativa para que possam produzir os seus efeitos.
b) possuem aplicabilidade indireta (dependem de norma regulamentadora para produzir seus efeitos) mediata (a promulgação do texto constitucional não é suficiente para que possam produzir todos os seus efeitos) e reduzida (possuem um grau de eficácia restrito quando da promulgação da Constituição).
Aplicabilidade das normas constitucionais
José Afonso da Silva subdivide as normas de eficácia limitada em dois grupos:
a) normas declaratórias de princípios institutivos ou organizativos: são aquelas que dependem de lei para estruturar e organizar as atribuições de instituições, pessoas e órgãos previstos na Constituição. É o caso, por exemplo, do art. 88, da CF/88, segundo o qual “a lei disporá sobre a criação e extinção de Ministérios e órgãos da administração pública.”
Aplicabilidade das normas constitucionais
José Afonso da Silva subdivide as normas de eficácia limitada em dois grupos:
b) normas declaratórias de princípios programáticos: são aquelas que estabelecem programas a serem desenvolvidos pelo legislador infraconstitucional. Um exemplo é o art. 196 da Carta Magna (“a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação”). 
Cabe destacar que a presença de normas programáticas na Constituição Federal é que nos permite classifica-la como uma Constituição-dirigente.
Aplicabilidade das normas constitucionais
Aplicabilidade das normas constitucionais
As Constituições, de forma geral, dividem-se em três partes: preâmbulo, parte dogmática e disposições transitórias.
PREÂMBULO
O preâmbulo é a parte que antecede o texto constitucional propriamente dito. 
O preâmbulo serve para definir as intenções do legislador constituinte, proclamando os princípios da nova constituição e rompendo com a ordem jurídica anterior. 
Sua função é servir de elemento de integração dos artigos que lhe seguem, bem como orientar a sua interpretação. 
Serve para sintetizar a ideologia do poder constituinte originário, expondo os valores por ele adotados e os objetivos por ele perseguidos.
Estrutura das Constituições
PREÂMBULO
Segundo o Supremo Tribunal Federal, ele não é norma constitucional. Portanto, não serve de parâmetro para a declaração de inconstitucionalidade e não estabelece limites para o Poder Constituinte Derivado, seja ele Reformador ou Decorrente. Por isso, o STF entende que suas disposições não são de reprodução obrigatória pelas Constituições Estaduais. 
Segundo o STF, o Preâmbulo não dispõe de força normativa, não tendo caráter vinculante. Apesar disso, a doutrina não o considera juridicamente irrelevante, uma vez que deve ser uma das linhas mestras interpretativas do texto constitucional.
Estrutura das Constituições
PREÂMBULO
CONSTITUCIONAL. CONSTITUIÇÃO: PREÂMBULO. NORMAS CENTRAIS. Constituição do Acre. I. - Normas centrais da Constituição Federal: essas normas são de reprodução obrigatória na Constituição do Estado-membro, mesmo porque, reproduzidas, ou não, incidirão sobre a ordem local. Reclamações 370-MT e 383-SP (RTJ 147/404). II. - Preâmbulo da Constituição: não constitui norma central. Invocação da proteção de Deus: não se trata de norma de reprodução obrigatória na Constituição estadual, não tendo força normativa. III. - Ação direta de inconstitucionalidade julgada improcedente.
(STF - ADI: 2076 AC, Relator: CARLOS VELLOSO, Data de Julgamento: 15/08/2002, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJ 08-08-2003)
Estrutura das Constituições
PREÂMBULO
“Nós, representantes do povo brasileiro, reunidos em Assembleia Nacional Constituinte para instituir um Estado Democrático, destinado a assegurar o exercício dos direitos sociais e individuais, a liberdade, a segurança, o bem-estar, o desenvolvimento, a igualdade e a justiça como valores supremos (mais importantes) de uma sociedade fraterna (de irmãos, com a colaboração de todos na concepção de seus objetivos comuns), pluralista (com livre formação de correntes políticas e ideológicas) e sem preconceitos (sem ideias discriminatórias), fundada na harmonia social e comprometida, na ordem interna e internacional, com a solução pacífica das controvérsias, promulgamos, sob a proteção de Deus, a seguinte CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL.”
Estrutura das Constituições
PARTE DOGMÁTICA
A parte dogmática da Constituição é o texto constitucional propriamente dito, que prevê os direitos e deveres criados pelo poder constituinte. Trata-se do corpo permanente da Carta Magna, que, na CF/88, vai do art. 1º ao 250. 
Destaca-se que falamos em “corpo permanente” porque, a princípio, essas normas não têm caráter transitório, embora possam ser modificadas pelo poder constituinte derivado, mediante emenda constitucional.
Estrutura das Constituições
ATOS DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (ADCT)
Qual a finalidade do ADCT? 
Contem regras para assegurar a harmonia da transição do regime constitucional anterior (1969) para o novo regime (1988). Ex.: art. 16 da ADCT.
 Também estabelece regras de caráter meramente transitório, relacionadas com essa mudança, cuja eficácia jurídica é exaurida assim que ocorre a situação prevista. Ex.: art. 3º do ADCT.
 Garantias constitucionais que continuam amparadas pelo ADCT: art. 10, II do ADCT → art. 7º, I da CF. 
Estrutura das Constituições
ATOS DAS DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS TRANSITÓRIAS (ADCT)
E qual a natureza jurídica do ADCT?
 
O ADCT, como o nomejá induz (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias), tem natureza de norma constitucional e poderá, portanto, trazer exceções às regras colocadas no corpo da Constituição. Assim como no corpo encontramos regras (por exemplo, tratamento igual entre brasileiro nato e naturalizado, art. 12, § 2.º) e exceções a essas regras (por exemplo, art. 12, § 3.º, I, que reserva o cargo de Presidente da República somente para brasileiros natos), também o ADCT poderá excepcionar regras gerais do corpo, por apresentar a mesma natureza jurídica delas.
 
Dessa forma, em razão de sua natureza constitucional, a alteração das normas do ADCT ou a inclusão de novas regras dependerão da manifestação do poder constituinte derivado reformador, ou seja, necessariamente por meio de emendas constitucionais.
Estrutura das Constituições
A palavra “Hermenêutica” trata de uma tentativa de explicar, traduzir, a norma jurídica para que seja compreendida e aplicada na sociedade.
A Hermenêutica é a ciência da interpretação, e por meio dela interpreta-se melhor e entende-se quais princípios podem ser utilizados para a compreensão das normas jurídicas (Pedro Lenza, 2015)
Hermenêutica Constitucional é uma subespécie da Hermenêutica Jurídica.
HERMENÊUTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
A primeira posição da Hermenêutica Constitucional é o chamado “Interpretativismo”, que determina que o intérprete se limita pelo texto e pelos princípios explícitos na Constituição (CANOTILHO, 2003).
A segunda abordagem é do “Não Interpretativismo”, na qual o intérprete vai além da norma e defende a aplicação dos valores constitucionais para a compreensão da Constituição (CANOTILHO, 2003).
HERMENÊUTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
Métodos de Interpretação Constitucional
À Hermenêutica Constitucional são aplicáveis todas as técnicas de interpretação das demais normas jurídicas (gramatical, histórica, teleológica, dentre outras). Entretanto, ela apresenta também métodos próprios, devido à supremacia da Constituição. A interpretação da Constituição envolve um conjunto de métodos, desenvolvidos pela doutrina e pela jurisprudência.
HERMENÊUTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
a) Método jurídico (hermenêutico clássico)
Este método considera que a Constituição é uma lei como qualquer outra, devendo ser interpretada usando as regras da Hermenêutica tradicional, ou seja, os elementos literal (textual), lógico (sistemático), histórico, teleológico e genético.
O elemento literal, como o nome diz, busca analisar o texto da norma em sua literalidade. O lógico, por sua vez, busca avaliar a relação de cada norma com o restante da Constituição. O histórico avalia o momento de elaboração da norma (ideologia então vigente), enquanto o teleológico busca a sua finalidade. Por fim, o genético investiga a origem dos conceitos empregados na Constituição. 
O método jurídico valoriza o texto constitucional. Cabe ao intérprete descobrir o sentido deste texto, sem extrapolar a literalidade da lei.
HERMENÊUTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
b) Método tópico-problemático:
Criado por Theodor Viehweg, neste método, há prevalência do problema sobre a norma, ou seja, busca-se solucionar determinado problema por meio da interpretação de norma constitucional.
Este método parte das premissas seguintes: a interpretação constitucional tem caráter prático, pois busca resolver problemas concretos e a norma constitucional é aberta, de significado indeterminado (por isso, deve-se dar preferência à discussão do problema).
HERMENÊUTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
c) Método hermenêutico-concretizador:
Este método foi criado por Konrad Hesse, segundo o qual a leitura da Constituição inicia-se pela pré-compreensão do seu sentido pelo intérprete, a quem cabe aplicar a norma para a resolução de uma situação concreta.
Promove uma relação entre texto e contexto, transformando a interpretação em “movimento de ir e vir” (círculo hermenêutico). 
O método hermenêutico-concretizador diferencia-se do método tópico-problemático porque enquanto este pressupõe a primazia do problema sobre a norma, aquele se baseia na prevalência do texto constitucional sobre o problema.
HERMENÊUTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
d) Método integrativo ou científico-espiritual:
Que busca o espírito, a vontade da Constituição, para compreendê-la. A Constituição deve ser interpretada como um todo, dentro da realidade do Estado.
 e) Método normativo-estruturante:
Este método considera que a norma jurídica é diferente do texto normativo: a norma seria o resultado da interpretação do texto aliado ao contexto.
f) Método comparativo: no qual o intérprete compara o texto da Constituição do seu Estado com a Constituição de outros Estados.
HERMENÊUTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
1)    Princípio da unidade – ao interpretar a Constituição devemos levar em conta que ela é um todo coerente e coeso, devendo o intérprete procurar harmonizar todas as suas normas de forma a não estabelecer contradições;
2)    Princípio da supremacia constitucional -   o intérprete deve levar em conta que a Constituição está no topo do ordenamento jurídico e é o fundamento de validade de todas as outras normas, sendo assim nenhuma lei pode contrariá-la, formal ou materialmente, sob pena de ser considerada inconstitucional;
3)    Princípio da máxima efetividade – a Constituição não estabelece normas supérfluas,  todo intérprete deve buscar o máximo dos efeitos da Constituição;
4)    Princípio da harmonização – uma vez que todas as normas constitucionais estão no mesmo patamar hierárquico e devem ter máxima efetividade, ao interpretar a Constituição devemos buscar harmonizar antinomias aparentes de forma proporcional;
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA HERMENÊUTICA CONSTITUCIONAL
5)    Princípio do efeito integrador – a Constituição deve ser interpretada de forma a estabelecer critérios e soluções que reforcem o seu papel de principal norma nas relações sociais;
6)    Princípio da força normativa da Constituição – a Constituição deve ser interpretada da maneira mais efetiva e atual possível quando diante de um caso concreto, ou seja, a norma quando aplicada deve solucionar o problema real;
7)    Princípio do conteúdo implícito – o interprete deve atentar que a Constituição estabelece comandos que não estão expressos explicitamente em seu texto, mas sim na coerência interna de seus objetivos e fundamentos;
8)    Princípio da conformidade funcional – o intérprete não pode contrariar a distribuição explícita da repartição de funções estatais estabelecidas pelo Constituinte;
HERMENÊUTICA DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS
9)    Princípio da imperatividade das normas constitucionais – uma vez que todas as normas constitucionais emanam da vontade popular e são normas cogentes ou imperativas, o intérprete deve sempre lhes dar a maior extensão possível;
10) Princípio da simetria – princípio de interpretação federativo que busca adequar entre os entes os institutos da Constituição Federal às Constituições e institutos jurídicos dos Estados-Membros. Por exemplo, cabe ao Presidente da República a iniciativa de leis para o aumento do efetivo das forças armadas, caberá por simetria ao Governador os projetos de lei para aumento do efetivo da Polícia Militar, por exemplo: art. 61 da CRFB/88;
11) Princípio da presunção de constitucionalidade das normas infraconstitucionais – o intérprete deve dar às normas hierarquicamente inferiores à Constituição uma interpretação que as coadune com a Lei Maior, visto que foram fruto de um processo legislativo que, em tese, procurou adequá-las aos comandos constitucionais.
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12) Interpretação conforme a Constituição: impõe que, no caso de normas polissêmicas ou plurissignificativas (que admitem mais de uma interpretação), dê-se preferência à interpretação que lhes compatibilize o sentido com o conteúdo da Constituição.
Como decorrência desse princípio, temos que:
Dentre as várias possibilidades de interpretação, deve-se escolher a que não sejacontrária ao texto constitucional;
A regra é a conservação da validade da lei, e não a declaração de sua inconstitucionalidade; uma lei não pode ser declarada inconstitucional quando for possível conferir a ela uma interpretação em conformidade com a Constituição.
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13) Princípio da razoabilidade – segundo a razoabilidade, analisa-se se o ato praticado pelo poder público é razoável, ou seja, se não houve excesso, se tomou medidas com bom senso. Se o ato praticado pelo por público não é razoável ele não será constitucional.
14) Princípio da proporcionalidade – esse princípio trata da verificação da limitação dos direitos fundamentais, por meio da legislação. O princípio da proporcionalidade utiliza-se de vários critérios para ser observado, como o da necessidade, adequação e, em especial, o critério da proporcionalidade em sentido estrito, que coloca na balança os direitos constitucionais em conflito. 
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PRINCÍPIO DA PROPORCIONALIDADE (EXEMPLO TRAZIDO POR RENATA BARROS; 2016): Um dos direitos fundamentais previstos na Constituição é o direito de ampla defesa, conferindo ao réu o direito de estar presente nos atos processuais do seu processo. Entretanto a Lei nº 11.900 de 2009 prevê o interrogatório por vídeo conferência, limitando o direito de ampla defesa. Pergunta-se: Essa limitação é constitucional? O critério da proporcionalidade vai auxiliar na resposta desse questionamento. QUESTIONA-SE: É adequado? SIM, uma vez que pode evitar fuga de presos perigosos. 2) Há necessidade? SIM, uma vez que apresenta-se como o meio menos lesivo à ampla defesa. 3) É proporcional essa medida no sentido estrito? SIM, pois ao se colocar na balança a ampla defesa e a segurança pública, parece uma medida proporcional.
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