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AULA 5 DE DIREITO CIVIL II OBRIGAÇÕES DE MEIO, DE RESULTADO (classificação quanto ao conteúdo) ALTERNATIVAS E FACULTATIVAS (classificação quanto ao modo de execução / pagamento) Objetivos da aula Conceituar obrigações de meio e compreender seus reflexos jurídicos. Conceituar obrigações de resultado e compreender seus reflexos jurídicos. Conceituar obrigações alternativas e compreender seus reflexos jurídicos. Diferenciar obrigações facultativas e alternativas. OBRIGAÇÕES DE MEIO Conceito: Há a obrigação é de meio quando o devedor promete empregar seus conhecimentos, meios e técnicas para a obtenção de determinado resultado, sem no entanto responsabilizar-se por ele. São obrigações em que o devedor se exonera quando efetua a prestação devida, independente dos benefícios que possam resultar ao credor. Exemplo: os exemplos típicos são os contratos com os profissionais liberais, como médicos, dentistas e advogados. Tais profissionais, ao assumirem uma missão, fazem o compromisso de aplicar todo o esforço, o conhecimento e a dedicação possíveis para a obtenção do melhor resultado. Mas não se comprometem a atingir, necessariamente, o resultado esperado pelo contratante. Observação: a empreitada não constitui obrigação de meio, mas de resultado. Ônus da prova O ônus da prova de evidenciar que o devedor não atuou com a diligência necessária para alcançar o fim pretendido é do credor. OBRIGAÇÃO DE RESULTADO Definição Quando a obrigação é de resultado, o devedor dela se exonera somente quando o fim prometido é alcançado. Não o sendo, é considerado inadimplente, devendo responder pelos prejuízos decorrentes do insucesso. Como o contratado compromete-se a atingir determinado objetivo, estará caracterizada a inexecução da obrigação se o fim almejado não é alcançado, ou é alcançado de forma parcial, ou de maneira imperfeita. Exemplos São, em regra, obrigações de resultado aquelas assumidas pelo transportador e pelo empreiteiro. Ônus da prova e culpa Nas obrigações de resultado, há a presunção de culpa, com inversão do ônus da prova, cabendo ao acusado provar a inverdade do que lhe é imputado (inversão do ônus da prova, já que o ônus é, em regra, de quem alega). O Ministro Ruy Rosado de Aguiar Junior, acertadamente, lembra: "sendo a obrigação de resultado, basta ao lesado demonstrar, além da existência do contrato, a não obtenção do objetivo prometido, pois isso basta para caracterizar o descumprimento do contrato, independente das suas razões. O devedor somente não será responsabilizado quando provar o caso fortuito ou força maior". Observação: o autor adotado pela UNESA, Flávio Tartuce, assevera nas páginas iniciais do capítulo que classifica as obrigações a pluralidade de nomenclaturas e a dificuldade em se estabelecer diálogo coerente entre as fontes doutrinárias, razão pela qual o autor opta por explicar cada instituto vinculado a exemplos que esclareçam sua intenção. Nesse sentido, não adotaremos as nomenclaturas adotados pelo Ministro Ruy Rosado ou qualquer outro autor. Para facilitar o diálogo classificatório, seguiremos a proposta de Flávio Tartuce, indicado como bibliografia básica desta disciplina. OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS Definição No campo das intenções, pode convir às partes que o objeto da prestação seja escolhido, posteriormente, entre duas ou mais prestações, indicando, previamente, a quem caberá a escolha. Por que a prestação é indeterminada A indeterminação da prestação, no momento da contratação, dá-se, às vezes, por desconhecimento do objeto ou por dúvida quanto à conveniência de se dispor, ou de se adquirir um ou outro bem, ou pela dúvida de preferir contrair uma obrigação de dar, fazer ou não fazer. Diferença entre obrigação cumulativa e obrigação alternativa Na obrigação cumulativa, também há multiplicidade de objetos devidos, mas nestas o devedor só se exonera da obrigação entregando todas as prestações; já na obrigação alternativa, extingue-se a obrigação com a entrega de apenas um dos objetos pelo devedor. Exemplo de obrigação alternativa: num contrato de seguro de automóvel, por exemplo, a seguradora obriga-se, no caso de um sinistro com o veículo, ou a reparar o dano ou a fornecer um novo veículo, mas não é obrigada à realização das duas prestações. Observação: a escolha que torna possível a execução da obrigação alternativa pertence, em regra, ao devedor (art. 252, CC), mas nada impede que seja determinada pelo credor ou até mesmo a terceiros ou definida por sorteio (art. 817, CC). Prazo para exercer a opção Regra presente no artigo 571 do CPC. Art. 571, CPC: Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao devedor, este será citado para exercer a opção e realizar a prestação dentro em 10 (dez) dias, se outro prazo não Ihe foi determinado em lei, no contrato, ou na sentença. § 1o Devolver-se-á ao credor a opção, se o devedor não a exercitou no prazo marcado. § 2o Se a escolha couber ao credor, este a indicará na petição inicial da execução. Pluralidade de optantes Regras presentes no art. 252, §3º, CC Art. 252. Nas obrigações alternativas, a escolha cabe ao devedor, se outra coisa não se estipulou. § 1º Não pode o devedor obrigar o credor a receber parte em uma prestação e parte em outra. (doutrina: princípio da indivisibilidade do pagamento) § 2º Quando a obrigação for de prestações periódicas, a faculdade de opção poderá ser exercida em cada período. § 3º No caso de pluralidade de optantes, não havendo acordo unânime entre eles, decidirá o juiz, findo o prazo por este assinado para a deliberação. § 4º Se o título deferir a opção a terceiro, e este não quiser, ou não puder exercê-la, caberá ao juiz a escolha se não houver acordo entre as partes. Concentração (escolha) da opção da obrigação alternativa Uma vez cientificada a escolha, ocorre uma espécie de concentração e fica determinado, de modo definitivo e irrevogável, o objeto da obrigação. Só será devido o objeto escolhido, porque todas as prestações alternativas já se achavam previstas na obrigação. Observação (apenas ler. Não ditar!): as obrigações alternativas oferecem maiores perspectivas de cumprimento pelo devedor, já que lhe permite selecionar – dentre as diversas prestações – a que lhe for menos onerosa, diminuindo os riscos a que os contratantes se achem expostos. Assim, por exemplo, se um dos objetos perecer, não haverá extinção do vínculo obrigacional, pois subsiste o débito quanto ao outro (art. 253, CC). Inadimplemento 1. Impossibilidade (jurídica ou material) total de todas as prestações sem culpa do devedor - Extingue-se a obrigação (art. 256, CC). Exemplo: uma enchente destruiu o carro e matou o touro reprodutor que compunham o núcleo da obrigação alternativa. 2. Perda total das prestações com culpa do devedor: a) Se a escolha era do devedor, ficará obrigado a pagar o valor da prestação que por último se impossibilitou mais as perdas e danos. (art. 254, CC). Exemplo: A obriga-se a entregar a B um computador ou uma impressora laser, à sua escolha. Mas, por negligência, o devedor danifica o computador e em seguida destrói a impressora. Neste caso, o devedor deve pagar o valor da impressora a laser, pois foi a última que estragou, mais perdas e danos. b) Se a escolha era do credor, este poderá reclamar o valor de qualquer das prestações, mais as perdas e danos (art. 255, CC). 3. Impossibilidade (material ou jurídica) parcial sem culpa do devedor (antes da concentração) - a obrigação concentra-se na prestação remanescente (art. 253, CC). 4. Perda parcial com culpa do devedor: a) Se a escolha cabia ao credor terá direito de exigir a prestação subsistente OU o valor da que se impossibilitou, mais as perdas e danos. (art. 255, primeira parte, CC). OBRIGAÇÕES ALTERNATIVAS OBRIGAÇÕES FACULTATIVAS* Estão previstas nos arts. 252 a 256 do Código Civil Não possuem regulamentação específica no Código Civil Há unicidade de vínculo e pluralidade de prestações, que visam a um mesmo fim, apenas facilitandoo cumprimento da obrigação Há unicidade de vínculo e de prestação, já que as “opções” não visam a um mesmo fim * segundo Flávio Tartuce. EXERCÍCIOS Caso Concreto 1 (CESPE 2012 – STJ Analista Judiciário - adaptada) Nas obrigações alternativas, quando a escolha couber ao credor e recair sobre prestação inexigível por culpa do devedor, o credor terá direito de exigir a prestação subsistente ou optar pelo recebimento do valor da inexigível acrescentado de perdas e danos. Certo ou Errado? Justifique sua resposta. Gabarito: Errado conforme art. 255, CC, ainda que o credor escolha receber a prestação subsistente terá direito às perdas e danos. Caso Concreto 2 Analise o relato a seguir e aponte pelo menos cinco erros na assertiva referente ao problema (cada erro encontrado deve ser indicado e corrigido corretamente). Os cinco erros encontrados devem ser corrigidos (reescrever a frase ou expressão apontando o erro que se pretende corrigir) e, quando for possível, corrigi-lo indicando o artigo respectivo! RELATO: Caroline compromete-se a entregar a Joana, em razão de contrato de compra e venda, o cachorro Ickx ou o cachorro Jack, ambos de seu premiado canil. O preço ajustado é de R$ 1.500,00 (mil e quinhentos reais). O direito de escolha é conferido a Caroline que deverá exercê-lo até 1º de outubro de 2009, direito que é exercido em 25 de setembro recaindo a escolha sobre o cachorro Ickx. A comunicação da escolha é feita em 26 de setembro. A tradição do bem, então deverá ser realizada até 10 de novembro de 2009 no domicílio da credora. OBSERVAÇÃO: queridos alunos, fiz as explicações abaixo da maneira como me pareceu mais claro e organizado. Espero ter ajudado. COMENTÁRIOS: Pode-se afirmar que, quanto ao cachorro escolhido, Caroline é o solvens (VERDADEIRO!) e Joana o accipiens (VERDADEIRO!). Trata-se de uma obrigação natural (FALSO! “CIVIL”), divisível (FALSO! “INDIVISÍVEL”), facultativa (FALSO! “ALTERNATIVA”), de execução instantânea (FALSO! “DE EXECUÇÃO DIFERIDA”) e condicional (FALSO! “A TERMO”). A sua fonte mediata é a lei (VERDADEIRO!) e a fonte imediata, obrigação de dar coisa certa (antes da concentração) (FALSO! “CONTRATO DE COMPRA E VENDA”), cuja escolha pertence ao devedor (VERDADEIRO!). O seu objeto imediato é o contrato de compra e venda (falso! “OBRIGAÇÃO DE DAR COISA CERTA - APÓS A CONCENTRAÇÃO”) e seu objeto mediato é a obrigação de dar coisa certa (após a concentração) (FALSO! “O CACHORRO ESCOLHIDO - APÓS A CONCENTRAÇÃO”). Imagine que antes da concentração da obrigação, o cachorro Jack morre fulminado por doença genética incurável; pode-se afirmar que a obrigação, nesse caso, se resolverá nos termos do art. 234, CC (falso! “SE CONCENTRARÁ NO CACHORRO REMANESCENTE, NOS TERMOS DO ART. 253, CC”). Em outra situação, após a concentração da obrigação, o cachorro escolhido morre porque Caroline deixou de vaciná-lo; nesse caso, a obrigação se concentrará no cachorro remanescente, nos termos do art. 253, CC (FALSO! “JOANA PODERÁ EXIGIR O EQUIVALENTE MAIS PERDAS E DANOS NOS TERMOS DO ART. 234, CC”). Questão Objetiva 1 (CEPERJ 2012 – PROCON RJ) Mévio contrata com Caio o empréstimo de um valor correspondente a R$ 10.000,00 (dez mil reais), que poderá ser pago em moeda nacional corrente ou através da transferência de um bem, do mesmo valor, à escolha do devedor. Nesse caso, estamos diante da seguinte obrigação: a) alternativa b) condicional c) cumulativa d) simples e) instantânea Questão Objetiva 2 (MP/RS – 2001 - adaptada) À solução de questões que envolvem danos decorrentes de erro médico, nas cirurgias plásticas de correção de defeito físico, quanto à relação paciente-médico e à relação paciente-hospital, é correto afirmar-se que: a) a relação paciente-hospital é regulada pela responsabilidade civil subjetiva. (Não. A responsabilidade é objetiva) b) a relação paciente-médico não é contratual. (Não. Via de regra a relação médico-paciente é de natureza contratual) c) a obrigação resultante da relação paciente-médico é de meio. d) a obrigação resultante da relação paciente-médico é sempre de meio. (Não. A doutrina e a jurisprudência ainda consideram a cirurgia plástica embelezadora como uma obrigação de resultado.) e) nenhuma das alternativas anteriores está correta. OBSERVAÇÃO: só para lembrar, esta questão possui redação diferente no meu plano de aula e no de vocês. Estejam atentos para não haver confusão! Abraço a todos!
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