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Material Penal III Crimes

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CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Arts. 155 e ss., do Código Penal
1.	FURTOS SIMPLES
	Furto
	Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
	§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
	§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
	§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
	Furto Qualificado 
	§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido:
	I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
	II - com Abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
	III - com emprego de chave falsa;
	IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
	§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
	Como está a topografia do furto no CP?
Caput – Traz o furto simples.
§ 1º - Traz o furto majorado pelo repouso noturno
§ 2º - Traz o privilégio
§ 3º - Traz uma cláusula de equiparação
§§ 4º e 5º - Qualificadoras.
	Bem jurídico: o art. 155 protege a propriedade ou a propriedade e a posse? Há três correntes:
	1ª Corrente:	Protege-se somente a propriedade (Hungria)
	2ª Corrente:	Para a segunda corrente, a proteção recai sobre a propriedade e a posse (Noronha)
	
	3ª Corrente:	A proteção abrange propriedade, posse e detenção (Fragoso com a maioria)
	Observação: é imprescindível que a propriedade, posse ou detenção sejam legítimas. E o que acontece com o ladrão que furta ladrão? Ex.: “A” é o proprietário, “B” furtou “A”. “B”, logo em seguida, foi furtado por “C”. Vejam, “A” é vítima do furto de “B”. A vítima do furto de “C” continua sendo “A”. Não é B, porque B tem posse ilegítima. 
	
	Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.
	O crime admite, inclusive, suspensão condicional do processo. O delegado pode arbitrar a fiança. 
	Sujeito ativo: qualquer pessoa, salvo o proprietário pois a coisa deve ser alheia. 
	Pergunta: existe furto de coisa própria?	NÃO. “Qual crime pratica o proprietário que subtrai coisa sua na legítima posse de alguém?” Podem ser dois crimes, dependendo da natureza da posse, se é por determinação judicial ou convenção ou não:
	Art. 345 - Fazer justiça pelas próprias mãos, para satisfazer pretensão, embora legítima, salvo quando a lei o permite: Pena - detenção, de 15 (quinze) dias a 1 (um) mês, ou multa, além da pena correspondente à violência.
 
	Art. 346 - Tirar, suprimir, destruir ou danificar coisa própria, que se acha em poder de terceiro por determinação judicial ou convenção: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e multa.
	Observação: Funcionário público subtrai coisa em poder da Administração. Que crime pratica? O candidato: peculato-furto, art. 312, §1º. Não é bem assim. Olha o que diz o § 1º, do art. 312:
	§ 1º - Aplica-se a mesma pena, se o funcionário público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor ou bem, o subtrai, ou concorre para que seja subtraído, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facilidade que lhe proporciona a qualidade de funcionário.
	Se eu estiver diante de uma subtração facilitada, aí vai ser o art. 312, § 1º, do CP. Agora, se eu estiver diante de uma subtração não facilitada pela qualidade funcional, aí é o art. 155, do CP. A diferença é importante porque o furto admite suspensão do processo. 
	Subtrair coisa comum de condômino ou co-herdeiro ou sócio, o crime é o do art. 156, do CP (furto de coisa comum). Este furto de coisa comum é de menor potencial ofensivo e de ação pública condicionada (§ 1º).
	Furto de Coisa Comum
	Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, para si ou para outrem, a quem legitimamente a detém, a coisa comum: Pena - detenção, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa.
	§ 1º - Somente se procede mediante representação.
	§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fungível, cujo valor não excede a quota a que tem direito o agente.
	
	O apoderamento do art. 155 pode ser:
Apoderamento direto, que nada mais é do que uma apreensão manual ou pode ser 
Apoderamento indireto, valendo-se de terceiros ou animais. Ex.: macaco de circo.
	Coisa alheia móvel é o objeto material. É a coisa sobre a qual recai a conduta criminosa. 
	Pergunta: o que é coisa alheia móvel? É importantíssimo que a coisa alheia móvel da qual o agente se apodera tenha interesse econômico. E se não há interesse econômico, mas há interesse sentimental ou moral? Ex.: fotografia, agenda de adolescente que vira diário. 
	“Nélson Hungria: abrange também as coisas de relevante interesse moral ou sentimental.”
	Pergunto: homem vivo pode ser objeto material de furto? Não. É sequestro ou cárcere privado. 
	Pergunta 2: e o cadáver? 
	“Em regra cadáver não pode ser objeto material de furto, salvo se destacado para uma finalidade específica, por exemplo, servir uma faculdade de medicina em aulas de anatomia. Fora dessas hipóteses configura subtração de cadáver (art. 211 do CP).
		
	Os objetos enterrados com o cadáver (anéis, sapatos, roupas, etc.) podem ser objeto de furto?
1ª corrente) é furto porque esses bens pertencem aos herdeiros. Ademais, por haver arrombamento da sepultura, aplica-se a qualificadora do rompimento de obstáculo;
2ª corrente) o crime é apenas o de violação de sepultura (art. 210 do CP), pois os objetos equiparam-se a res derelicta (coisa abandonada).
	IMPORTANTE: o ser humano não é coisa, por isso, subtração de parte de ser humano não constitui furto, ainda que haja interesse econômico, podendo caracterizar lesão corporal, como no caso de corte de cabelo para venda de peruca. A lei dos transplantes (Lei 9.434/97) tipifica o crime de subtração de tecidos e órgãos para fins de transplantes.
Art. 14. Remover tecidos, órgãos ou partes do corpo de pessoa ou cadáver, em desacordo com as disposições desta Lei:
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa, de 100 a 360 dias-multa.
§ 1.º Se o crime é cometido mediante paga ou promessa de recompensa ou por outro motivo torpe:
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa, de 100 a 150 dias-multa.
	Pergunta 3: Coisa de ninguém (res nullius) é alheia? Não. Coisa de ninguém não é alheia, não configurando furto. 
	Pergunta 4: e a coisa abandonada (res derelicta)? Não é alheia. Não configura furto. 
	Pergunta 5: coisa perdida (res deperdicta) pode ser objeto material de furto? Coisa perdida é alheia, mas não é furto, pois não há subtração, mas sim, apropriação. É o art. 169, § único, II, do CP, apropriação de coisa achada.
	Apropriação de Coisa Achada 
	II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro no prazo de 15 (quinze) dias.
	Pergunta 6: e se for coisa pública de uso comum? Não é alheia, então, não pode ser furto, salvo (e é esse salvo que cai) se destacada do local de origem, ganhando significado econômico. Exemplo: você está na praia, pega um balde de areia e leva para casa para fazer desenhos com essa areia dentro de garrafinhas para vender essas garrafinhas. Essa areia passou a atender ao meu interesse econômico. Se alguém se apropria dessa minha areia, pratica furto. 
	Pergunta 7: e a pessoa que subtraiu o óculos do Drummond em Copacabana? A pessoa que levou o braço do Ayrton Senna? Isso configura dano qualificado ao patrimônio público. Não é furto!
	Pergunta 8: o conceito de coisa móvel no direito penal coincide como conceito do direito civil? NÃO. Para o direitopenal, móvel é a coisa que pode ser transportada de um local para o outro sem perder a sua real identidade. Exemplo: você está reformando sua casa, derrubou a parede, mas vai reempregar os tijolos na reforma. Para o direito civil, os tijolos configuram coisa imóvel. 
	Observação: o furto de semovente (gado) é conhecido pelo nome de abigeato.
	Observação: a ação de trombadinhas ou trombadões é roubo.
	O crime de furto é punido a título de dolo + finalidade especial, caracterizada no enriquecimento próprio ou de terceiro (“subtrair para si ou para outrem”). É o animus rem sibi habendi: 
	“E imprescindível animus de apoderamento definitivo, isto é, intenção de não mais devolver a coisa ao proprietário.”
	Casos em que se aplica o princípio da consunção:
	A) quando alguém entra na casa para furtar, o crime de violação de domicílio fica absorvido;
	B) se o agente, após furtar, destrói o objeto, o crime de dano fica absorvido (post factum impunível);
	C) e se após furtar, o agente vende o objeto a terceiro de boa-fé? Responde só por furto (post factum impunível); o estelionato fica absorvido.
	
	Famulato: é o furto realizado pelo empregado que se encontra a serviço de seu patrão. Ex.: empregada, operário, etc.
	1.1	FURTO DE USO 
	Se ele tiver o animus de uso, eu não tenho crime. É atípico por ausência de dolo característico do crime. Requisitos do furto de uso:
1º Requisito – “Intenção, desde o início, de uso momentâneo da coisa subtraída.” Ou seja, você subtraiu já com essa intenção.
Observação: se o agente subtrai com ânimo de assenhoramento definitivo e, depois da consumação, arrepende-se e devolve a coisa, responde pelo furto com a pena diminuída de 1/3 a 2/3, em face do arrependimento posterior (art. 16 do CP).
2º Requisito – Coisa não consumível ou infungível. Ex.: dinheiro, gasolina, etc., são bens fungíveis, logo, não podem se objetos de furto de uso, pois o uso acarreta a destruição do bem.
3º Requisito – Restituição imediata e integral à vítima.
	São requisitos cumulativos. 
	É possível furto de uso de automóvel? SIM. E se o tanque estava cheio? Tem doutrina que está se apegando a essas questões periféricas: combustível, desgaste do freio, do óleo. Você não pode esquecer que a coisa furtada foi o veículo. Se você devolveu o veículo nas condições iniciais, é furto de uso. A jurisprudência moderna não se apega a essas questões acessórias.
	Observação: não existe furto de uso quando a intenção do agente é usar o bem alheio para fim ilícito. Ex.: furta moto para praticar assalto.
	1.2.	FURTO FAMÉLICO 
	Furto famélico é caso de estado de necessidade (art. 24, do CP). Requisitos:
	1º Requisito – “Que o fato seja praticado para mitigar a fome.”
	2º Requisito – “Inevitabilidade do comportamento lesivo.”
	3º Requisito – “Subtração de coisa capaz de diretamente contornar a emergência.”
	4º Requisito – “Insuficiência dos recursos adquiridos ou impossibilidade de trabalhar.”
	Observação: furto famélico não é tese somente de desempregados. Ex.: assalariado que não ganha o suficiente para manter a sua família. 
	A subtração tem que ser de comida (3º requisito). Você não pode furtar um ventilador porque não come um ventilador. Pode ser até caviar, mas tem que ser comida.
	1.3.	FURTO: CONSUMAÇÃO
	São quatro correntes discutindo o momento consumativo: 
	1ª Corrente:	Teoria da Concrectatio: “a consumação se dá pelo simples contato entre o agente e a coisa 	alheia, dispensando o seu deslocamento e a posse mansa e pacífica.”
	2ª Corrente:	Teoria da Amotio: “dá-se a consumação quando a coisa subtraída passa para o poder do 	agente, mesmo que num curto espaço de tempo, independentemente de deslocamento ou posse mansa e pacífica.” (STF e STJ)
	3ª Corrente:	Teoria da Ablatio: “a consumação ocorre quando o agente, depois de apoderar-se da coisa, 	consegue deslocá-la de um lugar para o outro.”
	4ª Corrente:	Teoria da Ilatio: “para ocorrer a consumação, a coisa deve ser levada ao local desejado pelo agente e mantida a salvo, ou seja, posse mansa e pacífica.”
	Prevalece: Amotio (STF e STJ). O que importa não é o agente se enriquecer ou ter posse mansa e pacífica. O que importa é a vítima perder a disponibilidade da coisa. Estão consumados os seguintes exemplos:
Empregada que subtrai jóias da patroa e deixa embaixo do sofá, mesmo que ainda na casa da patroa. Se a patroa quiser usar as jóias não vai poder. É o exemplo de Nélson Hungria. A empregada sabe onde está a jóia e a patroa perdeu a disponibilidade, independentemente do deslocamento ou posse pacífica. Assim, o furto deve ser reconhecido como consumado ainda que o ladrão e o bem permaneçam no âmbito patrimonial do lesado.
Você subtrai uma carteira num navio. O dono viu e você a lança ao mar. O crime está consumado. Você não se locupletou, mas a vítima perdeu a disponibilidade sobre a coisa. 
Você acabou de ter um bem furtado e aciona a polícia, que comparece no local, colhe informações e, em seguida, captura o autor em outro lugar. É furto consumado, e não tentado.
É furto consumado quando o agente é perseguido e preso, mas na fuga se desfaz ou perde o bem e a vítima não recupera
	Na hipótese do sujeito já ter se apossado do bem, mas ser preso antes de conseguir deixar o local, haverá tentativa, porque o bem não saiu da esfera de vigilância da vítima.
	Victor Eduardo Rios Gonçalves: o CP adotou a teoria da inversão da posse. Para essa teoria, não basta que o agente se apodere do bem. O furto só se consuma quando o objeto é tirado da esfera de vigilância da vítima, e o agente, ainda que por breve espaço de tempo, consegue ter a sua posse tranqüila.
	Nos casos em que se inicia uma perseguição imediata, logo que o agente se apossa do bem, temos duas hipóteses:
	1ª) se a perseguição for ininterrupta e o policial conseguir capturar, o agente responderá por furto tentado;
	2ª) se a após a perseguição o agente conseguir despistar o policial por algum tempo (se escondendo em um buraco), sem o policial saber onde ele está, teremos o crime consumado, mesmo que o policial o encontre logo em seguida. Houve a posse tranqüila, embora por um pequeno período de tempo.
	Admite-se tentativa. É delito plurissubsistente.
	Pergunta: o agente colocou a mão no bolso da vítima, mas naquele bolso não tinha nada. É tentativa de furto ou é crime impossível? Nelson Hungria diz: há tentativa, porque houve uma relativa impossibilidade, não configura crime impossível. Bittencourt: se a vítima não trazia qualquer valor, configura crime impossível; se a vítima trazia qualquer valor em outro compartimento da vestimenta, configura tentativa.
	Pergunta 2: vigilância eletrônica em estabelecimentos comerciais. Gera crime impossível? Por si só não. Aquele dispositivo eletrônico não serve para impedir o furto. Serve para dificultar a ação do agente e facilitar a repressão. Tem que ser analisado o caso concreto. Só filmar a pessoa não impede o furto. Caiu na segunda fase do MP/SP. 
	1.4.	REPOUSO NOTURNO 
	
	§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno.
	Essa majorante é importante porque já não cabe mais a suspensão condicional do processo (cabível no caput), nem fiança por parte do delegado em caso de flagrante. 
	Repouso noturno – “É o período em que, à noite, pessoas se recolhem para o descanso diário.”
	Pergunta: quando começa esse período e quando termina? Depende dos costumes da localidade. Ex.: em cidade pequena todos dormem cedo (20h), em cidade grande não. É uma utilização válida do costume no direito penal. Vamos nos valer do costume interpretativo. Para que o aumento seja aplicado, o crime deve ter sido praticado durante tal período de repouso, não bastando que o fato ocorra à noite.
	Observação: entende a maioria que essa majorante só incide se o furto atenta contra o imóvel em que a pessoa rotineiramente repousa. Não abrange estabelecimentos comerciais. Ex.: você estádentro do imóvel e o seu carro na rua. Para a maioria não incide a majorante porque o carro estava na rua. E se o veículo estava na garagem? Incide a majorante. Mas tem uma jurisprudência recente do STJ, que abrangeu estabelecimentos comerciais. Mas isso não espelha, necessariamente, a maioria da jurisprudência.
	Pergunta: este imóvel, para incidir a majorante deve estar habitado ou pode estar desabitado ocasionalmente? Motivo da majorante: no período noturno, você diminui a vigilância sobre a coisa e ainda coloca em risco pessoas indefesas. Cezar Roberto Bittencourt diz, então, que só pode ser em face de imóvel, o imóvel deve estar habitado e os moradores repousando. Nelson Hungria também concorda. Se estão comemorando o aniversário de alguém no imóvel, já não incide a majorante. 
	STF e STJ entendem que o imóvel pode estar, inclusive, ocasionalmente desabitado. É pacífico isso? Não! 
	Pergunta: a majorante só incide no caput (furto simples) ou também é possível aplicá-la ao furto qualificado? Aplica somente ao furto simples: interpretação topográfica. Se o furto está qualificado, o juiz de considera na fixação da pena-base.
(MP/GO/2012) 40. Com relação ao crime de furto praticado durante o repouso noturno (art. 155, § 1º, do Código Penal), é correto afirmar que:
a) A causa de aumento de pena somente incide no tocante ao furto simples
b) Obrigatoriamente deve ser praticado em concurso de agentes
c) Trata-se de hipótese de delito agravado em razão de se referir a período em que normalmente as pessoas encontram-se em descanso, tornando-se mais vulneráveis
d) Para se definir o conceito de "repouso noturno", é totalmente irrelevante levar em consideração os costumes de uma determinada localidade
	Resposta: A.
	1.5.	FURTO PRIVILEGIADO OU FURTO MÍNIMO (§ 2º)
	Defensoria/BA: furto mínimo é sinônimo de furto privilegiado.
	§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa.
	
	Dois requisitos cumulativos:
Requisito subjetivo – primariedade do agente
Requisito objetivo – pequeno valor da coisa
	Pergunta: quando a coisa é de pequeno valor? Quando não ultrapassa um salário-mínimo. 
	Não confundir pequeno valor com valor insignificante: “O pequeno valor do prejuízo não se confunde com prejuízo insignificante, este, causa de exclusão da tipicidade. Na insignificância existe mínima ofensividade na conduta, nenhuma periculosidade na ação, reduzido grau de reprovabilidade do comportamento e inexpressividade da lesão jurídica.”
	O caso concreto dirá. 
	Importante: posso aplicar o privilégio ao furto qualificado? Existe furto qualificado privilegiado? O privilégio é compatível com a qualificadora? Duas correntes:
	1ª Corrente:	“A gravidade da qualificadora é incompatível com o privilégio. Não bastasse, a posição topográfica do privilégio não alcança as qualificadoras (era a posição do STF).”
	2ª Corrente:	“Assim como admitimos homicídio qualificado-privilegiado, também é possível furto qualificado-privilegiado. (atual posição do STF e do STJ).”
	Observação: O privilégio é um direito subjetivo do réu e não mera faculdade do juiz. 
	1.6.	ART. 155, § 3º - CLÁUSULA DE EQUIPARAÇÃO
	§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.
	O § 3º traz uma cláusula de equiparação.
	Exemplo de qualquer outra energia que tenha valor econômico e que não seja elétrica: mecânica, térmica, radioatividade e genética. 
	Energia genética – Sêmen de animal (touro).
	
	MP/RO (2ª fase): dois vizinhos proprietários de dois animais da mesma raça, com pedigree, premiadíssimos. Um era dono do cachorro e o outro, da cadela. O dono da cadela sugeriu a cruza entre os animais, que foi recusada pelo vizinho. O dono da cadela, à noite, pegou a sua cadela e orientou o animal a romper o tapume que dividia as duas propriedades e colher o sêmen do cachorro. No dia seguinte, o cachorro estava desmaiado. Qual o crime? Teve gente pensando em crime ambiental (maus-tratos de animais). Sabe qual foi a resposta? Furto mediante apoderamento indireto (que se dá por meio de animais, por exemplo), qualificado pelo rompimento de obstáculo (porque rompeu o tapume) de coisa equiparada a móvel: energia genética. Aí teve gente que colocou a majorante do repouso noturno, mas não pode, porque o repouso noturno só se aplica ao caput. 
	Rondônia (MP, 2ª fase): Que crime pratica uma pessoa que convence um semi-imputável a manter relações com uma cabra. Resposta: maus-tratos de animais. Crime ambiental.
	IMPORTANTE: Sinal de TV a cabo equipara-se a coisa móvel?
	1ª Corrente:	“Não se equipara. A energia se consome, se esgota, diminui, ao passo que o sinal de 	televisão, 	não se esgota.” Cezar Roberto Bittencourt. (STF). Prevalece.
	2ª Corrente:	“Sinal de televisão é uma forma de energia.” Nucci e STJ. Sempre que essa questão 	chegou no STJ, o STJ decidiu de acordo com a segunda corrente. 
Informativo 623 do STF. Furto e ligação clandestina de TV a cabo. 2ª Turma. A 2ª Turma concedeu habeas corpus para declarar a atipicidade da conduta de condenado pela prática do crime descrito no art. 155, § 3º, do CP (“Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: ... § 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou qualquer outra que tenha valor econômico.”), por efetuar ligação clandestina de sinal de TV a cabo. Reputou-se que o objeto do aludido crime não seria “energia” e ressaltou-se a inadmissibilidade da analogia in malam partem em Direito Penal, razão pela qual a conduta não poderia ser considerada penalmente típica. HC 97261/RS, rel. Min. Joaquim Barbosa, 12.4.2011. (HC-97261)
	A mesma discussão ocorre quando se discute pulsos telefônicos. 
	Não confundir furto de energia elétrica com estelionato em face da concessionária: 
O furto de energia é praticado mediante ligação clandestina (o famoso gato). O agente, no furto de energia, o agente não está autorizado a consumir a energia.
No estelionato, o agente altera o medidor de energia. No estelionato, o agente está autorizado por contrato a consumir a energia, fraudando, ludibriando o valor da dívida
	1.7.	ART. 155, § 4º - FURTO QUALIFICADO
	Pena de 2 a 8 e multa.
	Furto Qualificado 
	§ 4º - A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, e multa, se o crime é cometido:
	I - com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa;
	II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza;
	III - com emprego de chave falsa;
	IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas.
	Inciso I – É o furto praticado com violência à coisa. O que qualifica o crime de coisa é a violência empregada contra o obstáculo. Violência empregada contra a própria coisa não gera a qualificadora. Exemplos:
Eu quero furtar um carro. Eu destruo o vidro e vou embora com esse carro. Furto simples.
Eu quero subtrair um notebook dentro do carro. Eu quebro o vidro do carro e furto o notebook. Furto qualificado.
	Importante: eu removi as telhas e entrei na casa. Furto simples ou qualificado? SIMPLES. Eu não destruí as telhas. Ex. 2: mera desativação de alarme. Romper obstáculo é você destruir as telhas, destruir o alarme. 
	A violência contra coisa deve ser exercida antes, durante ou logo após o apoderamento. Se for exercida muito depois do apoderamento, aí você tem um crime autônomo de dano. 
	Tem jurisprudência minoritária entendendo que ligação direta em automóvel é rompimento de obstáculo. 
	
	Inciso II 
	Abuso de confiança – ocorre quando o agente se vale de uma confiança incomum nele depositada. Essa confiança pode advir de amizade, parentesco, relação laboral.
	Observação importante – “O criminoso pode captar propositadamente a confiança ou valer-se de confiança já existente.” 
	A mera relaçãode amizade, de parentesco ou laboral não induz essa qualificadora. A confiança tem que ser incomum. Você tem que dar a ele o que os seus outros amigos não tem.
	Observação importante – “Os tribunais, para a configuração da qualificadora, exigem facilidade na execução em razão da confiança.”
	Se você tinha a confiança, mas não encontrou qualquer facilidade na execução em razão dela, não incide a qualificadora. 
	MP/MG: qual é a diferença entre o furto qualificado mediante abuso da confiança e o delito de apropriação indébita? �
	FURTO QUALIFICADO
	APROPRIAÇÃO INDÉBITA
	O agente tem uma mera detenção sobre a coisa vigiada. Ainda que ele tenha a posse, é uma posse vigiada.
	Ele tem uma posse desvigiada. 
	O dolo é antecedente à posse
	O dolo é subseqüente à posse 
	�
Furto mediante fraude – Despenca: qual é a diferença entre o furto mediante fraude e o estelionato? 
Furto mediante fraude – No furto, a fraude visa diminuir a vigilância da vítima sobre a coisa e possibilitar a subtração. Aqui, a vontade de alterar a posse é unilateral, ou seja, a coisa sai da vítima e vai para o agente de forma unilateral.
Estelionato – No estelionato, a fraude visa com que a vítima entregue a coisa espontaneamente. Ela emprega uma posse desvigiada. Aqui, a vontade de alterar a posse é bilateral. 
	MP/SP (caiu nos últimos 2 concursos), MP/MG, magistratura/SP e PR, delegado/DF (tudo nos últimos três anos) e MP/BA em 2005: duas pessoas se passam por funcionários da telefônica, entram na casa, pois o morador abriu a porta, e furtam. É furto mediante fraude. Além da qualificadora, o juiz ainda pode considerar o concurso de agentes como circunstância judicial. 
	Exemplo clássico: a senhora está com dificuldade no caixa eletrônico. O agente usa um mecanismo e faz prender o cartão na máquina e depois oferece ajuda. Ele tira o cartão dela, troca por outro. A pessoa digita a senha, ele fica com o cartão, sabendo a senha. Que crime ele praticou? Troca de cartões. Furto qualificado mediante fraude. 
	MP/SP (2ª fase) – Troca de embalagens de produtos em supermercado. Você pegou uma garrafa de água, esvaziou a garrafa de água no supermercado e nela introduziu um vinho caríssimo. Você pagou água, mas levou vinho. Que crime pratica uma pessoa que abre a caixa do ventilador e coloca lá dentro uma televisão? Furto mediante fraude.
	Exemplo de estelionato que pode, eventualmente confundir (também caiu em concurso) – Você sai da boate e você tem o número 06, que foi onde você deixou sua bolsa no Box 06, mas você percebe que a bolsa que está no compartimento 09 é Louis Vuitton. Você leva a bolsa Louis Vuitton. Aí você praticou estelionato. A bolsa saiu da mulher da chapelaria e foi para você de forma espontânea. Ela te deu uma posse desvigiada. 
	delegado/DF: a pessoa entrou numa loja, pediu para experimentar a roupa, foi no provador, tirou o sobretudo, vestiu algumas roupas, colocou o sobretudo e foi embora com as roupas por baixo. Furto mediante fraude.
	Exemplo: hóspede de hotel deixa a chave na portaria e outra pessoa, fingindo ser o hóspede, pega a chave. É furto mediante fraude. Não é estelionato porque o objeto material do crime é a mala que foi subtraída no quarto, e não a chave.
	Observação: transferência eletrônica de valores, não autorizada, da sua conta-corrente é furto mediante fraude, e não estelionato. Ex.: hacker consegue sua senha e transfere os valores.
	Escalada – Significa o uso de via anormal para ingressar no local em que se encontra a coisa desejada. 
	Qualquer via anormal, seja subida, túneis artificiais, de penetração subterrânea. 
Observação 01 – Não necessariamente subida.
Observação 02 – A jurisprudência exige a presença de um esforço incomum do agente.
	Exemplo: eu tenho um muro de 1 metro. A via normal é você abrir o portão e entrar. Se você pular o muro, isso é escalada? Não, pois não há esforço incomum. É prescindível ou imprescindível perícia? 
	1ª Corrente:	A perícia é prescindível, pois escalada não deixa vestígios. Um absurdo isso! 
	2ª Corrente:	A perícia é indispensável somente quando deixa vestígio (caso do túnel).
3ª Corrente: (prevalece) A perícia é sempre imprescindível, pois deve atestar o desforço incomum. Pelo menos uma fotografia do muro é preciso porque o juiz tem que aquilatar se o agente, diante daquele obstáculo, empreendeu desforço incomum.
	Pergunta: furto de cobre dos fios de energia elétrica incide a qualificadora? Vocês escreveram que escalada é uso de via anormal. Ele subiu num poste e levou os fios. Ele usou a via normal!!! A não ser que façam trocas de fios por helicóptero. Furto simples. Cuidado!
	Destreza - Destreza é peculiar habilidade física ou manual praticando o crime sem que a vítima perceba que está sendo despojada.
	É o famoso caso dos batedores de carteira, também chamados de punguistas. 
	Observação: para a configuração desta qualificadora, a jurisprudência exige que a coisa visada seja transportada junto ao corpo da vítima.
	A destreza é analisada única e exclusivamente pelo ângulo da vítima. Mesmo que terceiros percebam, o que importa é ela não perceber. A qualificadora persiste. É o que prevalece. 
	Inciso III 
	“Chave falsa é todo o instrumento, com ou sem forma de chave (é o conceito para os tribunais superiores), destinado a abrir fechadura.”
	Chave verdadeira obtida fraudulentamente é chave falsa? Não. Pode ser furto qualificado mediante fraude ou abuso de confiança.
	A imitação da chave verdadeira, obtida de forma clandestina é chave falsa. Ex.: o empregado pega a chave, faz uma cópia e abre a casa na ausência dos moradores.
	Exemplo de chave falsa: chave-lixa ou gazua, vareta, grampos, arame do cabide, canivete e por aí vai. 
	Pergunta: ele usou a chave falsa, não para abrir a fechadura do carro, mas para ligar o motor. Incide a qualificadora? A partir de 2008, o STJ vem decidindo que qualifica o crime, sim. Anote o julgado: REsp 906685/RS. 
	Inciso IV –concurso de duas ou mais pessoas.
	Já para a maioria, o § 4º, IV fala “concurso de duas ou mais pessoas” e a expressão concurso abrange coautores como também os partícipes. Ex.: “A” subtrai, e “B” somente auxilia “A” a subtrair, vigiando pelo lado de fora. Vai incidir a qualificadora.
	É dispensável a qualificação de todos. Basta a prova de que houve concurso de agentes, de que duas ou mais pessoas concorreram para o crime. Ex.: só um é capturado pela polícia. 
	Incide a qualificadora mesmo que um dos concorrentes seja menor inimputável.
	Pergunta: é possível o art. 155, § 4º, IV, e art. 288 serem aplicados concomitantemente? Para alguns, haveria quadrilha em concurso material com furto simples, porque a aplicação da qualificadora seria bis in idem. Porém, prevalece que pode responder pelo furto qualificado e pela quadrilha, pois os dois crimes protegem bens jurídicos diferentes. A quadrilha é um crime de perigo, contra a coletividade; a qualificadora decorre da maior gravidade da conduta contra a vítima no caso concreto.
	Pergunta: há a necessidade da presença de duas ou mais pessoas no local do crime, praticando os atos executórios? Prevalece que incide a qualificadora mesmo que apenas um tenha praticado atos executórios e mesmo que uma só pessoa tenha estado no locus delicti.
	Súmula nova do STJ:
STJ Súmula nº 442 - DJe 13/05/2010 - É inadmissível aplicar, no furto qualificado, pelo concurso de agentes, a majorante do roubo.
	Vamos explicar a súmula. Ao crime de furto qualificado, que é visivelmente menos gravoso que o crime de roubo majorado (já que acaba por lesionar não só o patrimônio, mas também a integridade física e moral do ser humano) o legislador optou por duplicar a pena prevista no crime de furto simples (de 1 a 4 anos, passa para 2 a 8 em razão da qualificadora), enquanto no crime de roubo majorado o legislador optou por apenas majorar a pena do crime de roubo simples em um patamar deum terço até a metade. 
	Diante dessa gritante “aberração” legislativa, operadores do direito (advogados, promotores e até magistrados) em alguns casos vêm tentando aplicar a interpretação analógica in bonam partem, trazendo assim o aumento de um terço até metade da pena, previsto no roubo majorado pelo concurso de pessoas, ao crime de furto qualificado também pelo concurso de pessoas, com o intuito de ao menos solucionar no campo fático essa enorme problemática vivenciada no campo legislativo.
	A súmula veio dar um fim a esta discussão, dizendo que, embora mais benéfica, não se aplica a majorante do roubo ao furto; deve-se aplicar a qualificadora.
	Carlos Eduardo Rios Gonçalves: se os membros da quadrilha vierem a cometer furtos, responderão pelo crime de quadrilha e pelos crimes de furto por eles praticados. Mas há divergência:
	1ª corrente: para a minoria, haverá quadrilha em concurso material com furto simples, porque a aplicação da qualificadora seria bis in idem.
	2ª corrente: para a maioria, haverá quadrilha e furto qualificado, porque a quadrilha é um crime de perigo – contra a coletividade – decorrente da mera associação, enquanto a qualificadora decorre da maior gravidade da conduta contra a vítima do caso concreto. (STF)
	Parágrafo 5º 
	
	§ 5º - A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior. 
	É imprescindível para a incidência da qualificadora que o veículo ultrapasse os limites do Estado ou a fronteira do País. Quando fala em Estado, é óbvio que está abrangendo o DF. 
	A expressão Veículo Automotor abrange ônibus, moto, Jet skies, lanchas, etc., porém o transporte de partes do veículo não é abrangido por esta figura típica.
	Pergunta: admite tentativa? Vamos imaginar o seguinte: SP e PR. Você furtou o veículo em SP, estava chegando no Paraná e foi preso com o veículo. Não incide a qualificadora do § 5º. Vai responder pelo furto (simples ou qualificado pelo § 4º) consumado. Mas não seria essa a hipótese da qualificadora tentada? Não, porque se o crime estava consumado, e não se pode cogitar de tentativa em uma hipótese em que a subtração se consumou. 
	Segunda situação: Você subtraiu o veículo em SP e foi perseguido incessantemente pela polícia de SP, entrando no PR e no PR você foi preso. Você responderá pelo furto qualificado pelo § 5º na forma tentada, isso se você adotar a teoria da ilatio, porque para a teoria da amotio, o crime está consumado. 
	Olha o que vai cair na sua prova: “A” furtou um veículo. “A” contratou “B” para transportar o veículo para outro Estado. “B” consegue transportar o veículo até o seu destino. Que crime pratica “A”? Que crime pratica “B”? 
	1ª Hipótese: “B”, de qualquer modo, participou do furto? Se “B” fez isso, seja induzindo ou instigando “A”, por exemplo, “A” responde pelo art. 155, § 5º e “B” responde pelo art. 155, § 5º, na condição de partícipe, combinado com o art. 29, do CP. É claro que não incide o § 4º, IV (concurso de agentes), mas deve ser considerado como circunstancia judicial.
	2ª Hipótese: “B”, de qualquer modo, não participou do furto. Foi contratado para transportar o veículo sabendo que o veículo era produto de crime. Que crime praticou “A”, lembrando que ele conseguiu transportar o veículo para o outro estado? Art. 155, § 5º. E “B” praticou o crime de receptação. 
	3ª Hipótese: “B” não participou do furto e desconhecia a origem do veículo. “A” responde por furto qualificado pelo § 5º e “B”, em regra, é atípico, a não ser que você consiga comprovar uma receptação culposa. 
	IMPORTANTE: o que eu coloquei nesse problema que te impede de criar situação de favorecimento real para B? Eu falei que B foi contratado. No favorecimento real, B não buscaria qualquer vantagem pessoal. “B” só buscaria auxiliar “A”. 
2.	ROUBO – Art. 157, CP
	Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
	§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
	§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade:
	I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
	II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
	III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
	IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
	V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
	
	§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa. 
	Topografia:
Caput – Traz o roubo simples ou propriamente dito.
§ 1º - Traz o roubo simples impróprio ou impropriamente dito
§ 2º - Traz majorante de pena
§ 3º - Traz qualificadoras
	Sinônimo de roubo simples impróprio: Roubo por aproximação. 
	Bem jurídico: é um crime complexo: patrimônio e liberdade individual da vítima. O roubo, nada mais é do que um furto + constrangimento ilegal. Protege dois bens jurídicos. A violência é chamada de vis absoluta e a grave ameaça de vis relativa.
	Sujeito ativo: pode ser praticado por qualquer pessoa, salvo o proprietário. Proprietário que subtrai violentamente coisa sua em favor de alguém, é exercício arbitrário das próprias razões. 
	Sujeito passivo: não é somente a pessoa ferida no patrimônio, que teve o patrimônio diminuído, mas também aquela contra a qual o agente empregou a violência ou a grave ameaça. Ex.: “A” empresta seu carro a “B”, que é assaltado. As vítimas são “A” e “B”.
	Diferenças entre roubo próprio e roubo impróprio:
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	ROUBO PRÓPRIO
	ROUBO IMPRÓPRIO
	Admite violência impróprio (qualquer outro meio que reduz à impossibilidade de resistência).
	Não admite violência impróprio.
	A violência serve para alcançar a subtração.
	A violência serve para assegurar a vantagem ou a impunidade.
	A subtração ocorre depois da violência em geral.
	A subtração ocorre antes da violência em geral (furto que se transforma em roubo)
	É punido a título de dolo + finalidade especial (“para si ou para outrem”).
	É punido a título de dolo + finalidade especial (“para assegurar impunidade e para assegurar a detenção da coisa”).
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	Redução à impossibilidade de resistência: administração de psicotrópicos. O famoso boa-noite-cinderela. Hipnose. Sonífero. Superioridade numérica. Esse “qualquer outro meio” que configura roubo próprio é chamado pela doutrina de “violência imprópria”. Cuidado! Violência imprópria dentro modus operandi do roubo próprio.
	Observações sobre o roubo e concurso de crimes:
	1ª) Se o agente emprega grave ameaça concomitantemente contra duas pessoas, mas subtrai o patrimônio de apenas uma delas, pratica crime único de roubo, pois apenas um patrimônio foi lesado;
	2ª) Se o agente, em um só contexto fático, emprega grave ameaça contra duas pessoas e subtrai objetos de ambas, responderá por dois crimes de roubo em concurso formal impróprio: uma ação e duas lesões patrimoniais. Ex.: assaltante que rouba passageiros de ônibus. Entretanto, entende-se que há crime único quando o agente entra em uma casa e rouba objetos de membros de uma mesma família, com o argumento de que o patrimônio, nesse caso, é um só;
	3ª) Se o agente aborda uma só pessoa e apenas contra ela emprega grave ameaça, mas com esta conduta subtrai bens de pessoas distintas que estavam em poder da primeira, comete crimes de roubo em concurso formal. O roubador tem que ter consciência de que estálesando patrimônios autônomos, para evitar a responsabilidade objetiva;
	4ª) O STF não admite o reconhecimento de crime continuado entre roubo simples e latrocínio, pois, embora considerados da mesma espécie, o latrocínio atinge um bem jurídico a mais: vida.
	2.1.	ROUBO IMPRÓPRIO– Art. 157, § 1º, CP
	§ 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
	É chamado roubo impróprio ou roubo por aproximação. 
	No roubo impróprio, não há espaço para a violência imprópria, sob pena de analogia in malam partem.
	Importante: para haver o roubo impróprio é imprescindível o prévio apoderamento, o contato físico agente-coisa. A doutrina diz que o roubo impróprio nada mais é do que um furto que se transforma em roubo em razão das circunstâncias. Três situações:
Eu coloco uma arma na sua cabeça, faço você descer do seu veículo e levo embora o seu carro –Roubo próprio.
Eu me apodero da sua TV, estou saindo da sua casa com a TV e você aparece. Para garantir a detenção ou a impunidade, eu te agrido e fujo – Roubo impróprio. 
Quando eu ia me apoderar da televisão, não houve contato, você apareceu. Eu te agredi para fugir e saio em fuga – que crime eu pratiquei? Caiu na primeira fase do MP. Cuidado! Eu ia me apoderar. Se eu falei que eu ia, não houve contato agente-coisa e eu falei que no roubo impróprio esse contato é indispensável. O que você tem? Tentativa de furto (eu ia me apoderar) + crime contra a pessoa. Homicídio ou lesão corporal. 
	Observação: diz o § 1º: “Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa.” O que significa esse logo após? O roubo impróprio é um furto que ainda não se consumou e se transforma em roubo. A jurisprudência diz que só configura roubo impróprio, quando esse “logo depois” ocorre antes da consumação do furto. Se o furto já está consumado e depois você emprega a violência, você responde por furto consumado + crime contra a pessoa (lesão ou homicídio). A violência no roubo impróprio deve ser exercida logo depois da subtração. 
	Pergunta: o princípio da insignificância é possível no roubo? É inaplicável o princípio da insignificância no roubo, por se tratar de crime complexo, no qual o tipo penal tem como elemento constitutivo o constrangimento ilegal, protegendo também a integridade física (STF e STJ).
	Tem gente querendo aplicar o privilégio do furto (art. 155, § 2º) no roubo, por analogia in bonam partem. O STF e STJ entendem que isso não é possível.
	O crime de roubo é punível a título de dolo + elemento subjetivo. Você tem que dividir o roubo próprio do roubo impróprio:
Roubo próprio – É punido a título de dolo, mais elemento subjetivo (finalidade especial): “para si ou para outrem”.
Roubo impróprio – Também é punido a título de dolo, mais elemento subjetivo (finalidade especial também): “para assegurar impunidade e para assegurar a detenção da coisa”.
	Pergunta: é possível roubo de uso? Ex.: coloquei uma arma na sua cabeça, usei o seu carro e devolvi. STF e STJ: roubo de uso é crime. 
	Tese de Rogério Greco para o roubo de uso: é crime, mas não de roubo. O roubo é formado de furto + constrangimento ilegal. Se ele é apenas de uso, não tem mais o furto, pois não tem a finalidade de animus definitivo. Então, o roubador de uso deve responder apenas por constrangimento ilegal. Bom para defensoria pública.
	Quando o crime de roubo se consuma? Temos que diferenciar o momento consumativo do roubo do caput (roubo próprio) e do roubo do § 1º (roubo impróprio):
Consumação no roubo próprio (caput) – O caput é o mesmo raciocínio do furto. “Consuma-se com a violência e com o apoderamento, perdendo a vítima a disponibilidade, dispensando posse mansa e pacífica.” É a teoria da amotio. Essa é a posição do STF e do STJ. Não é a do TJ/SP que parece exigir posse mansa e pacífica. Admite tentativa. 
Consumação no roubo impróprio – “Consuma-se com o emprego da violência ou grave ameaça, dispensando posse mansa e pacífica.” 
	Exemplo: no interior de um ônibus o agente abre a bolsa de uma mulher e pega a carteira. A mulher percebe e grita, e o agente dá um soco no rosto e tenta sair do ônibus, mas os passageiros o detêm e o entrega à polícia. Ocorreu roubo impróprio consumado.
	Então, vejam que o momento consumativo difere no roubo próprio e no roubo impróprio. Mas, cuidado! A doutrina diverge quanto à possibilidade de tentativa:
	1ª Corrente: 	“Não se admite a tentativa, pois ou a violência é empregada e tem-se a consumação, ou não é 	empregada, e o que se apresenta é o crime de furto.” Damásio. Majoritária.
	2ª Corrente:	“É possível a tentativa quando o agente, após apoderar-se do bem, tenta empregar a violência, mas 	é contido.” Mirabete.
	A primeira corrente é majoritária em Nelson Hungria, Noronha e por aí vai. Mas a doutrina moderna (Mirabete, Rogério Greco, Nucci, etc.) fica com a segunda corrente. 
	Posição de Victor Eduardo Rio Gonçalves (sinopse):
	1ª) O roubo também estará consumado se um dos roubadores for preso no momento da subtração, mas algum co-autor conseguir fugir levando objetos da vítima. Estará consumado para todos os envolvidos.
	2ª) O roubo consuma-se no exato instante em que o agente, após empregar a violência ou grave ameaça, consegue apoderar-se do bem da vítima, ainda que seja preso no próprio local, sem que tenha conseguido a posse tranqüila da res. Esse é a posição do STF. Assim, se o agente aponta uma arma para a vítima e tira seu relógio, mas acaba sendo preso nesse exato momento, responde por roubo consumado. (Na minha opinião, a teoria adotada por Rio Gonçalves é a da concrectatio).
	
	2.2.	CAUSAS DE AUMENTO DE PENA – Art. 157, § 2º, CP
	§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma;
	
	Aqui é roubo majorado. Não é qualificadora, é causa de aumento. 
	É necessário o emprego efetivo da arma no roubo ou basta o porte ostensivo da arma? 
	1ª Corrente:	Cezar Roberto Bittencourt entende indispensável o emprego efetivo da arma, não 	basta o simples porte. 
	2ª Corrente:	(PREVALECE) Luiz Régis Prado: basta o porte ostensivo. 
	Pergunta: o que é arma? 
	1ª Corrente:	“Toma a expressão no seu sentido restrito. Arma, para esta corrente, é o instrumento 	fabricado 	com finalidade exclusivamente bélica, por exemplo, revólver.”
2ª Corrente:	(prevalece) “Toma a expressão no seu sentido amplo: arma é todo instrumento, com ou sem finalidade bélica, capaz de servir ao ataque.” Exemplo, faca de cozinha é arma.
	O Brasil admite interpretação extensiva contra o réu porque a interpretação extensiva não é para favorecer ou prejudicar o réu, mas para chegar na vontade do legislador. 
	Defensoria pública – jamais vai concordar com a interpretação extensiva contra o réu. Argumento: Estatuto de Roma expressamente proíbe a interpretação extensiva contra o réu. Isso é tratado de direitos humanos que entra no Brasil com status, pelo menos, de direito supralegal. 
	Arma de brinquedo ou simulacro de arma de fogo gera a majorante? NÃO (STF e STJ). A arma de brinquedo é suficiente para gerar a grave ameaça do roubo simples. A Súmula 174 do STJ foi cancelada. 
	STJ Súmula nº 174 - 23/10/1996 - DJ 31.10.1996 - Cancelada - RESP 213.054-SP - 24/10/2001 - No crime de roubo, a intimidação feita com arma de brinquedo autoriza o aumento de pena.
	Essa súmula foi cancelada sob dois fundamentos: Princípio da Lesividade e Teoria da Imputação Objetiva porque a arma de brinquedo não é capaz de criar o risco proibido. 
	Pergunta: a arma verdadeira, mas desmuniciada ou inapta ao disparo, gera o aumento? 
	1ª Corrente:	Gera o aumento do § 2º, I
	2ª Corrente:	(PREVALECE) Não gera o aumento do § 2º, I (STF)
	Pergunta: para incidir essa causa de aumento, é dispensável ou indispensávela apreensão da arma? Prevalece que é dispensável, desde que comprovado o seu emprego por outros meios. 
	“Apesar de minoria, o STJ e o STF, no ano de 2009, entenderam ser necessária a apreensão da arma para que se possa implementar o aumento de pena previsto no art. 157, § 2º, I. Com a ausência da apreensão e perícia da arma, não se pode apurar sua lesividade e, portanto, o maior risco para a integridade física da vítima (STJ HC 99762/MG).”
	Pergunta: roubo majorado com emprego de arma pode conviver com a quadrilha ou bando armada (art. 288, § único)?
	1ª Corrente: Não admite, configurando bis in idem. Nucci. 
2ª Corrente: Admite, não havendo bis in idem. São infrações independentes, protegendo, cada qual bens jurídicos próprios. STF.
	MP/MG e MP/SP já perguntaram isso e a resposta certa foi a segunda corrente.
	Observação: se o roubo for praticado por duas pessoas e só uma utilizar a arma, o aumento valerá para ambas.
	Vamos para o art. 157, § 2º, II:
	§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
	O que falamos sobre o concurso de duas ou mais pessoas, no furto, transportem para cá. Nesse número mínimo de duas pessoas eu vou computar: 
Partícipes (fala em concurso de pessoas, logo, abrange partícipe e autor. Se falasse: “crime cometido por duas ou mais pessoas”, como ocorre na extorsão, não abrangeria o partícipe, mas somente os co-autores)
Concorrentes não identificados (conseguiram bem sucedida fuga) e 
Concorrentes inimputáveis (menores).
	
	§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância.
	O legislador aqui não precisava ter dito “conhece tal circunstância” porque, do contrário, haveria responsabilidade penal objetiva.	
	Importante: não incide a causa de aumento quando a vítima está transportando seus próprios valores. Somente quando ela está no transporte de valores para alguém. 
	O que são valores? Prevalece que abrange qualquer tipo de valor (e não apenas carro forte), seja carro-forte, seja caminhão transportando carga, não importa a carga: carne, remédio, cigarro, bebida, eletrodoméstico, roubos de carga nas rodovias em geral.
	§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior; 
	
	No furto, existe uma circunstância idêntica, sendo que lá é qualificadora, aqui é causa de aumento.
	§ 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade. 
	Hoje o seqüestro-relâmpago está no art. 158, § 3º.
	Magistratura: qual é a diferença do roubo majorado pela privação da liberdade e o delito de roubo em concurso com o crime de sequestro? 
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	ROUBO MAJORADO
	ROUBO + SEQUESTRO
	O agente, para consumar o crime ou garantir sua impunidade, priva a vítima de sua liberdade de locomoção por tempo absolutamente necessário à prática do roubo.
	Quando a privação da liberdade for desnecessária para a consumação ou garantir a impunidade, perdurando por tempo incomum.
	Há privação prévia e necessária.
	Há privação desnecessária e prolongada.
	Exemplo: eu vou assaltar uma casa e coloco todos os moradores trancados no banheiro e vou embora com o veículo da família e os objetos dentro do carro.
	Exemplo: eu coloco uma arma na sua cabeça e subtraio o seu veículo, dizendo, “vai para o outro banco.” Você, com uma arma na cabeça fica 24 horas comigo roubando a cidade, ou coloco você no porta-malas. Eu uso o seu veículo para praticar vários assaltos com você no porta-malas.
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Aumento da pena - Terminamos o §2º, que diz que a pena é aumentada de um terço até metade. Como é que o juiz varia esse aumento? 
1ª Corrente: Quanto mais majorantes, mais próximo de metade; quanto menos majorantes, mais próximo de 1/3. STF.
	
2ª Corrente: Devem ser analisadas a gravidade de cada circunstância, ou seja, a gravidade do crime e não com a quantidade das circunstâncias que rodeiam o crime. Não importa a quantidade, mas a gravidade do crime majorado.
	Exemplo: uma pessoa assaltou a vítima sozinha com uma arma. Para o STF, o aumento vai ser de 1/3. A segunda corrente discorda porque há que perquirir sobre a natureza da arma, era um revólver ou uma metralhadora? Se era uma metralhadora, é uma circunstancia que faz com que a pena seja aumentada além de 1/3. 
	Exemplo: roubo praticado com pluralidade de agentes. Para o STF, o aumento vai ser de 1/3. Para a segunda corrente, é preciso saber quantas pessoas: 30? Esquema de arrastão? Então tem que aumentar mais.
	2.3.	QUALIFICADORAS E LATROCÍNIO – Art. 157, § 3º, CP
	§ 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 (sete) a 15 (quinze) anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 (vinte) a 30 (trinta) anos, sem prejuízo da multa. 
	O § 3º, sim, traz qualificadoras. Ele diz que:
Se da violência resulta lesão grave – Pena de 7 a 15 anos + multa
Se da violência resulta morte – Pena de 20 a 30 anos + multa
	
	Observação 01:	 Somente o § 3º, in fine, isto é, morte, chama-se latrocínio e é crime hediondo.
	Não vai você pensar que o § 3º inteiro se chama latrocínio. 
	Observação 02:	 Os resultados lesão grave e morte podem advir de dolo ou culpa.
	Ou seja, é uma qualificadora dolosa ou preterdolosa e mesmo a forma preterdolosa é hedionda.
	Observação 03:	 Os resultados devem ser consequência da violência física, não abrangendo grave ameaça. 
	Exemplo: ele colocou a arma na cabeça da vítima, a vítima se assustou e morreu. Cometeu roubo com emprego de arma + homicídio culposo
	Exemplo 2: o agente aponta a arma para a pessoa, pega o veículo, mantendo a vítima ao seu lado, e imprudentemente bate o carro, causando a morte da vítima. Responde por roubo + homicídio culposo da direção de veículo automotor, pois nesse caso não houve emprego intencional da violência. 
	Observação 04:	 A violência deve ser empregada durante o assalto e em razão do assalto (fator tempo + fator nexo).
	Isso caiu na magistratura/BA:
	Exemplo 01:	Durante o assalto, o assaltante, aproveitando que já está com a arma, mata um desafeto seu que passa pelo local. Responde por roubo + homicídio do desafeto. Não é latrocínio porque há o fator tempo, mas está ausente o fator nexo. Esse é um caso em que o roubo vai a júri, já que é conexo.
	Exemplo 02:	Duas semanas depois do assalto, o assaltante mata o gerente que o reconheceu. Responde pelo art. 157 + art. 121, qualificado pela conexão conseqüencial. Aqui, eu tenho o fator nexo (ele matou em razão do assalto), mas não tenho o fator tempo. 
	
	Observação 05: Assaltante que mata o outro para ficar com o proveito do crime não configura latrocínio. Ele vai responder pelo art. 157, mais homicídio qualificado pela torpeza, ganância. O caso vai a júri. 
	Pergunta: e o assaltante que mata o outro sem querer? Ele mirou na vítima, mas errou e matou o comparsa. É latrocínio, porque aí eu vou aplicar o art. 73, do CP: consideram-se as qualidades da vítima que ele queria. 
	Erro na Execução
	Art. 73 - Quando, por acidente ou erro no uso dos meios de execução, o agente, ao invés de atingir a pessoa que pretendia ofender, atinge pessoa diversa, responde como se tivesse praticado o crime contra aquela, atendendo-se ao disposto no § 3º do Art. 20 deste Código. No caso de ser também atingida a pessoa que o agente pretendia ofender, aplica-se a regra do Art. 70 deste Código.
	Latrocínio não vai a júri, porque não é crime doloso contra a vida, mas é um crime contra o patrimônio que tem como meio a morte. Súmula 603, do STF:
	STF Súmula nº 603 - DJ de 31/10/1984 - A competência para o processo e julgamento de latrocínio é do juiz singular e não do Tribunal do Júri.
	Cuidado: se a intenção inicial era a morte e depoisresolveu subtrair os pertences que estavam com o outro, há homicídio seguido de furto. 
	
	Consumação
	Quando o crime se consuma? 
	1ª Situação:	Morte consumada e subtração consumada – Latrocínio consumado.
	2ª Situação:	Morte consumada e subtração frustrada – Latrocínio consumado. Súmula 610, do STF:
	STF Súmula nº 610 - DJ de 31/10/1984 - Há crime de latrocínio, quando o homicídio se consuma, ainda que não se realize o agente a subtração de bens da vítima.
	Crítica de Rogério Greco: quais são os elementos que definem o latrocínio? Morte e subtração. Enquanto os dois elementos não forem consumados, o latrocínio não é consumado. A Súmula 610 do STF fere o art. 14, I, do CP. Porque está considerando consumado um crime sem que nele estejam reunidos todos os elementos da sua definição legal. 
	Art. 14 - Diz-se o crime: 
	Crime Consumado 
	I - consumado, quando nele se reúnem todos os elementos de sua definição legal;
	3ª Situação:	Morte tentada + subtração tentada – Latrocínio tentado.
	4ª Situação:	Morte tentada + subtração consumada – Latrocínio tentado
	Tenho aqui três correntes principais:
	1ª Corrente:	Latrocínio tentado – Doutrina + maioria do STF e STJ.
	2ª Corrente:	Roubo qualificado pelo resultado quando ocorrer lesão grave (art. 157, § 3º, 1ª parte)
	3ª Corrente:	Homicídio qualificado tentado em concurso com roubo qualificado.
	Observação 06: Havendo pluralidade de mortes e uma só subtração, quantos crimes há? Ex.: você mata o motorista, proprietário do carro, e o passageiro que acompanhava o motorista e subtrai o veículo. 
	1ª Corrente:	Sendo o latrocínio crime complexo, a pluralidade de vítimas não implica pluralidade de latrocínios. 	Trata-se de crime contra o patrimônio, servindo as várias mortes para agravar a pena. Cesar Roberto Bittencourt. 
	2ª Corrente:	Haverá continuidade delitiva. As várias mortes configuram crimes diversos, porém, em continuidade 	delitiva, configuram pluralidade de crimes.
	3ª Corrente:	Haverá concurso formal. É tese institucional do MP/SP.
	Não tem como dizer qual prevalece. Nos tribunais superiores vocês encontram de tudo! Nesse caso, eu prefiro não falar.
	Observação 07: A morte tem que recair sobre o proprietário da coisa? “É desnecessário que a vítima da violência seja a mesma da subtração, desde que haja conexão entre os dois fatos.”
	Observação 08: as majorantes do § 2º só se aplicam ao roubo simples, não se aplicam ao roubo qualificado. As circunstâncias do § 2º podem ser utilizadas na fixação da pena-base (magistratura/BA).
3.	EXTROSÃO – ART. 158
	Extorsão
	Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar fazer alguma coisa:	Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos, e multa.
	
	Mesma pena do roubo: 4 a 10 anos.
	Bem jurídico: continuamos tutelando dois bens jurídicos: patrimônio e liberdade individual. 
	No crime de extorsão, o ataque à liberdade é o meio e o patrimônio ou vantagem econômica é o fim. A diferença do constrangimento ilegal para o delito de extorsão reside exatamente na finalidade do agente: vantagem econômica. 
	Exemplos: permitir que o agente rasgue contrato ou título de crédito, deixar de entrar em uma concorrência comercial, não ingressar com ação de execução. O crime do falso seqüestro (agente telefona para a vítima, simulando um seqüestro de familiares) é extorsão. É extorsão aquele que, tendo provas de relacionamento extraconjugal, exige dinheiro para não revelar.
	Sujeito ativo – Qualquer pessoa. Cuidado quando o sujeito ativo for funcionário público. Aí você pode estar diante de um crime de concussão (art. 316, do CP).
	Sujeito passivo – não é somente aquela ferida no patrimônio, mas também a pessoa que, alheia ao patrimônio, sofreu a violência ou a grave ameaça. Os dois bens jurídicos lesados não precisam estar reunidos na mesma vítima.
	Pessoa jurídica pode ser vítima de crimes de extorsão e roubo, quando o seu patrimônio for lesado.
	Roubo vs. Extorsão – Ex.: eu coloco a arma na sua cabeça e digo: “passa a carteira!” Isso é roubo, porque embora a vítima tenha entregado a coisa, o próprio ladrão poderia tomar, ou seja, não precisava do auxílio pessoal da vítima. 
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	ROUBO
	EXTORSÃO
	O ladrão subtrai.
	O ladrão faz com que a pessoa lhe entregue.
	A colaboração da vítima é dispensável.
	A colaboração da vítima é indispensável.
	O agente busca vantagem imediata.
	O agente busca vantagem mediata.
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O que está no quadro é uma das Fórmulas de Frank.
	
	Isso não significa que não possa ser possível o concurso dos crimes de extorsão e roubo no caso concreto. Exemplo: o cara coloca a arma na sua cabeça e leva o carro e depois manda passar o cartão do banco com a senha. Se você não der a senha, ele não consegue a vantagem futura. Houve o roubo do carro, mais a extorsão do cartão do banco. Concurso de delitos. É a posição do STJ. 
	Tipo subjetivo – O crime do art. 158 é punido a título de dolo. É o dolo + finalidade específica, qual seja, vantagem econômica indevida. E se a vantagem visada for sexual? É crime contra a dignidade sexual. E se a vantagem for devida? Configura exercício arbitrário das próprias razões (art. 345, CP).
	Consumação:
	1ª Corrente:	O crime é material, consumando-se com a obtenção da indevida vantagem econômica.
	2ª Corrente:	O crime é formal, consumando-se com o constrangimento, dispensando a obtenção da indevida 	vantagem econômica. A obtenção da vantagem econômica é mero exaurimento, devendo ser considerado na aplicação da pena base. Súmula 96 do STJ:
	STJ Súmula nº 96 - DJ 10.03.1994 - O crime de extorsão consuma-se independentemente da obtenção da vantagem indevida.
	Tem repercussão prática: 
Se você entende que o crime é material – a prescrição começa a correr da obtenção da vantagem. E, no momento da obtenção, admite-se flagrante. 
Se você defende que o crime é formal – se você defende que o crime é formal, a prescrição começa a correr do constrangimento. No momento da obtenção da vantagem, em regra, não admite flagrante porque você está diante de mero exaurimento. 
	
	Exemplo: o agente liga para a vítima e exige o dinheiro. Há consumação, embora o dinheiro não tenha sido entregue. Ex. 2: o agente liga para a vítima e, antes de exigir o dinheiro, o telefone é desligado. Houve tentativa.
	Tentativa – As duas correntes admitem a tentativa, que é perfeitamente possível.
	Importante: a extorsão não admite a violência imprópria. O roubo e constrangimento ilegal admitem.
	Diferença entre extorsão e estelionato:
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	EXTORSÃO
	ESTELIONATO
	A própria vítima entrega seus pertences.
	A própria vítima entrega seus pertences.
	A vítima não quer entregar seus pertences.
	A vítima quer efetivamente entregar seus pertences.
	A fraude não é necessária para a prática do delito.
	A fraude é necessária para a prática do delito.
	A vítima não é mantida em erro.
	A vítima é mantida em erro.
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Observação: é possível ocorrer, no mesmo caso concreto, tanto a fraude quanto a violência ou grave ameaça, caso em que haverá somente o delito de extorsão. Ex.: pessoa simula ser policial e, sob ameaça de prisão, obriga a vítima a lhe entregar dinheiro. A fraude serviu para ludibriar a vítima, mas a razão da entrega da coisa foi a grave ameaça.
	Observação 2: também existe extorsão, e não estelionato, no caso em que o filho, na companhia de amigos, simula o próprio seqüestro e exige resgate do pai.
	3.1.	MAJORANTES DE PENA – Art. 158, § 1º
	§ 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas, ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um terço até metade.
	
	IMPORTANTE: no roubo, o § 2º, traz 5 majorantes: emprego de arma, concurso de pessoas, transporte de valores, transporte para outro estado ou país e privação da liberdade davítima. 
	Na extorsão:
	O § 1º prevê o emprego de arma (e tudo o que eu falei sobre o emprego de arma no roubo, vocês transportam para a extorsão, tudo!). 
	O § 1º fala em “cometido por duas ou mais pessoas”. É a mesma coisa que o concurso de pessoas do roubo? NÃO. Vocês viram que quando se fala em concurso de pessoas, abrange partícipe + autor, e quando fala em “cometido por duas ou mais pessoas”, na expressão não abrange partícipe. Então, a extorsão exige dois ou mais executores e não abrange partícipes. No roubo, a expressão utilizada foi o “concurso de pessoas” que abrange o partícipe. 
	A causa de aumento “transporte de valores” prevista no roubo, não aparece na extorsão, mas o juiz pode considerar na fixação da pena-base.
	Transporte de veículo para outro estado ou país – também não tem na extorsão. O juiz pode considerar na fixação da pena-base.
	Privação da liberdade – na extorsão não é majorante, é qualificadora do § 3º, parágrafo incluído pela Lei 11.923/09.
	3.2.	QUALIFICADORAS – Art. 158, § 2º e 3º
	§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência o disposto no § 3º do artigo anterior.
	
	Tudo o que eu falei sobre o roubo qualificado se aplica à extorsão qualificada. A extorsão qualificada pela morte é a única modalidade hedionda, assim como no latrocínio.
Art. 158, § 3º Se o crime é cometido mediante a restrição da liberdade da vítima, e essa condição é necessária para a obtenção da vantagem econômica, a pena é de reclusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, §§ 2º e 3º, respectivamente. (Acrescentado pelo L-011.923-2009)
	
	Como era o sequestro-relâmpago antes da Lei 11.923/09? 
	ANTES da Lei 11.923/09:
O sequestro-relâmpago podia configurar o art. 157, § 2º, V quando o agente subtrai com violência e a colaboração da vítima é dispensável.
O sequestro-relâmpago também podia configurar o art. 158, caput: o agente faz com que se lhe entregue e a colaboração é indispensável.
O sequestro-relâmpago podia configurar também o próprio art. 159, do CP, onde o agente sequestra com privação de curta duração. No art. 159, a colaboração de terceiro é indispensável.
	A expressão popular “sequestro-relâmpago” era prevista para qualquer uma das três situações. No art. 157, § 2º, V configurava uma majorante e ainda configura. No art. 158, caput, era considerada pelo juiz na fixação da pena base, porque não tinha majorante nem qualificadora nesse sentido. No art. 159, do CP, a privação da liberdade é elementar do tipo.
	DEPOIS da Lei 11.923/09:
Art. 157, § 2º, V – ficou igual
Art. 158, § 3º – passa de mera circunstância judicial a qualificadora com pena de 6 a 12 anos.
Art. 159 – ficou igual
	A única diferença, com o advento da Lei 11.923/09, foi transformar o sequestro-relâmpago do art. 158 em qualificadora com pena de 6 a 12 anos. No mais está tudo igual. 
	Importante: o roubo é hediondo quando resulta da violência a morte. A extorsão é hedionda quando resulta da violência a morte. A extorsão mediante sequestro é sempre hedionda, seja na forma simples ou qualificada.
	O problema é que agora existe morte na extorsão que não está no § 3º. E quando a morte advém do sequestro-relâmpago é crime hediondo? O art. 158, § 3º, com morte, é hediondo? 
	1ª Corrente: 	Hoje prevalece que, por uma falha do legislador, o art. 158, § 3º, com morte, não é 	hediondo. Fere o sistema legal da Lei dos Crimes Hediondos. Hoje prevalece que morte no 	sequestro-relâmpago não é hediondo (Nucci, Bittencourt, Rogério Greco). 
	2ª Corrente:	“O que fez o legislador com o advento da Lei 11.923/09 foi apenas especificar uma das várias 	formas de execução do delito de extorsão. Ele não criou delito novo. Explicitou uma de suas múltiplas possibilidades de 	execução. Sem o § 3º, já era possível encaixar o sequestro-relâmpago com resultado morte na Lei dos Crimes 	Hediondos. Conclusão: o sequestro-relâmpago do § 3º, do art. 158, com resultado morte é hediondo, tratando-se de 	interpretação extensiva, única forma de chegar na real vontade do legislador.”
4.	EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO – ART. 159
	Extorsão Mediante Seqüestro
	Art. 159 - Seqüestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço do resgate:
	Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. 
	A extorsão mediante sequestro é SEMPRE hedionda, não importa se simples ou qualificada.
	Bens jurídicos tutelados: patrimônio, liberdade de locomoção e incolumidade pessoal da vítima.
	Sujeito ativo: qualquer pessoa pode ser sujeito ativo.
	Sujeito passivo: qualquer pessoa, inclusive pessoa jurídica. Ex.: se quem pagar o resgate pelo Silvio Santos é o SBT, haverá duas vítimas (Rogério Greco).
	Você priva da liberdade de locomoção um animal e pede um resgate para devolver. É extorsão (art. 158, do CP).
	Núcleo objetivo - Ele pune só sequestrar, mas e o cárcere privado? Aqui, o termo “sequestrar” foi utilizado no seu sentido amplo, abrangendo cárcere privado. 
	O crime é de execução livre. Pode ser antecedido de violência, grave ameaça, fraude ou qualquer outro modo. Importante: a vítima não precisa ser removida de um lugar para o outro. 
	Tipo subjetivo - O crime do art. 159 é punido a título de dolo + finalidade especial (obter qualquer vantagem, como condição de preço ou resgate). O art. 158 falava em vantagem econômica. O art. 159 fala em qualquer vantagem. Pergunto: isso significa que no art. 159, seja vantagem devida ou indevida, configura o crime de extorsão mediante sequestro? Vantagem não econômica configura esse crime? Prevalece que a natureza de vantagem indevida e a natureza de vantagem econômica são expressões implícitas no art. 159. Tem que ser indevida e tem que ser econômica. Se devida, o crime é de exercício arbitrário das próprias razões + sequestro. Se a vantagem for de cunho sexual, o crime é de cárcere privado qualificado pelos fins libidinosos + estupro. 
	IMPORTANTE: se o agente seqüestra o filho do diretor de um presídio para forçá-lo a soltar um dos presos, o crime não é o de extorsão mediante seqüestro. É crime de tortura previsto no art. 1º, I, “b”, da Lei 9.455/97.
	Consumação - Quando o crime de extorsão mediante sequestro se consuma? Há duas correntes:
	1ª Corrente:	“Consuma-se com a privação da liberdade seguida da indevida exigência.” Reparem que para 	essa corrente dispensa-se a obtenção da vantagem exigida. Logo, crime formal ou de consumação antecipada.
	2ª Corrente:	“O crime consuma-se com a privação da liberdade da vítima.” Para essa corrente, dispensa-se a efetiva exigência, bem como o locupletamento do agente. O crime continua sendo formal. STF.
	A diferença é que a primeira, além da privação, entende indispensável a concretização da exigência. Para ambas, o recebimento do resgate é mero exaurimento que você considera na fixação da pena.
	O crime é permanente. O que encerra o crime é a libertação do sequestrado e não o pagamento do resgate. Pagou o resgate e a vítima não foi solta, o crime continuará protraindo-se no tempo. 
	Quando eu falo que o crime é permanente, vocês têm que lembrar de três coisas:
	1º) 	Súmula 711, do STF:
	STF Súmula nº 711 - DJ de 13/10/2003 - A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência.
	2º)	Prisão em flagrante a qualquer tempo na permanência – caiu em concurso: “posso prender em flagrante o sequestrador na hora do recebimento do resgate?” Sim, desde que a vítima ainda não tenha sido libertada. 
	3º)	A prescrição só começa a correr depois de cessada a permanência – Não é depois de pago o resgate.
	O tempo de privação da liberdade interfere na consumação? O tempo de privação interfere na pena, e não na consumação. 
	Tentativa – É possível tentativa de extorsãomediante sequestro? SIM.
	4.1.	Qualificadoras – Art. 159, § 1º
	§ 1º - Se o seqüestro dura mais de 24 (vinte e quatro) horas, se o seqüestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por bando ou quadrilha: 
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 20 (vinte) anos. 
	São três qualificadoras que traz o dispositivo.
	a)	1ª Qualificadora: Se durar mais do que 24 horas 	
	O tempo da privação não interfere na consumação, mas pode interferir na pena. O que tem que durar mais de 24 horas é a privação da liberdade, mesmo que o resgate tenha sido pago antes. 
	O art. 9º da Lei 8.072/90 estabelece três causas de aumento de pena de metade. Essas três causas são aplicadas a todo tipo de extorsão mediante seqüestro. Em suma as qualificadoras maiores afastam as menores, mas as causas de aumento são autônomas. Por isso, se o seqüestro de uma pessoa de dez anos de idade dura mais de 24h, e depois os agentes lhe provocam lesão grave, eles respondem pelo crime qualificado em razão da lesão grave (art. 159, § 2º) com a pena aumentada por ser vítima não maior de quatorze anos (art. 9ª da Lei 8.072/90. A qualificadora do art. 159, § 2º, referente à duração superior a 24h fica absorvida.
Art. 9º As penas fixadas no art. 6º para os crimes capitulados nos arts. 157, § 3º, 158, § 2º, 159, caput e seus §§ 1º, 2º e 3º, 213, caput e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, 214 e sua combinação com o art. 223, caput e parágrafo único, todos do Código Penal, são acrescidas de metade, respeitado o limite superior de trinta anos de reclusão, estando a vítima em qualquer das hipóteses referidas no art. 224 também do Código Penal.
	Minha observação: eu entendo que o art. 9º da Lei 8.072/90 não se aplica mais, porque o art. 224 do CP foi revogado.
	b)	2ª Qualificadora: Leva em conta a idade da vítima: Menor de 18 e maior de 60
	O que importa é que no início ele seja menor de idade, ainda que no fim seja maior. No caso do maior de 60 anos, inverte. É imprescindível que o agente conheça a idade da vítima.
	c)	3ª Qualificadora: Cometido por quadrilha ou bando 
	Neste caso, esqueçam o art. 228, do CP, para evitar bis in idem. 
	Observação: quando a vítima for menor de 18 anos, a qualificadora só terá aplicação quando a vítima for menor de 18 e maior de 14 anos, uma vez que o art. 9º da Lei 8.072/90 estabeleceu que, se a vítima tem menos de 14 anos, a pena é aumentada de metade, sendo que os dois institutos não podem ser aplicados cumulativamente.
	Minha observação: eu entendo que o art. 9º da Lei 8.072/90 não se aplica mais, porque o art. 224 do CP foi revogado.
	4.2.	Qualificadoras – Art. 159, § 2º e § 3º
	§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza grave: Pena - reclusão, de 16 (dezesseis) a 24 (vinte e quatro) anos. 
	§ 3º - Se resulta a morte: Pena - reclusão, de 24 (vinte e quatro) a 30 (trinta) anos.
	São qualificadoras dolosas ou preterdolosas. 
	“Se do fato resulta...”: essa expressão é diferente da qualificadora do roubo, que exige que a lesão grave ou morte resultem somente da violência. Ex.: agente ameaça seqüestrar a vítima, que sai correndo e é atropelada. É crime consumado, com incidência da qualificadora.
	Pergunta: quem tem que sofrer lesão grave? É o sequestrado ou qualquer pessoa ligada ao sequestro? Pode incidir a qualificadora quando a morte atinge segurança ou o policial que estourava o cativeiro? Prevalece que esses resultados têm que atingir a pessoa do sequestrado. Se não, responde pela extorsão mediante seqüestro qualificada pela morte + homicídio qualificado, indo ambos os crimes a júri.
	
	4.3.	Delação Premiada – Art. 159, § 4º
	§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do seqüestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços.
	Requisitos:
	a)	1º Requisito: O crime tem que ser praticado em concurso de pessoas 	
	Não precisa ser quadrilha ou bando. Basta o concurso de pessoas. O delator pode ser um mero partícipe no concurso de agentes. 
	b)	2º Requisito: Que um dos concorrentes noticie à autoridade
	Quem é essa autoridade? É autoridade em sentido amplo, abrangendo delegado, promotor, juiz, etc. 
	c)	3º Requisito: Que a delação seja eficaz
	Tem que facilitar a libertação do sequestrado. 
	Caiu no concurso: se foi pago o resgate, a delação depende da recuperação do que foi pago ou basta a liberação do sequestrado? A recuperação do resgate não é requisito. 
	A diminuição é proporcional ao maior ou menor auxílio prestado pelo delator. 
	Observação: é importante ler os tipos penais do CP entre extorsão mediante seqüestro e estelionato (ex.: dano, usurpação, etc).
	OBSERVAÇÃO: Ler os artigos faltantes. Ex.: apropriação indébita.

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