Buscar

Psicologia da Educação 1500

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 3, do total de 178 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 6, do total de 178 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você viu 9, do total de 178 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Prévia do material em texto

Professora Dra. Rachel de Maya Brotherhood
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
GrADUAÇÃO
PEDAGOGIA
MArINGÁ-Pr
2012
reitor: Wilson de Matos Silva
Vice-reitor: Wilson de Matos Silva Filho
Pró-reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho
Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi
NEAD - Núcleo de Educação a Distância
Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva
Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenação de Marketing: Bruno Jorge
Coordenação Comercial: Helder Machado
Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha
Coordenação de Curso: Márcia Maria Previato de Souza 
Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura
Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, José Jhonny Coelho, Luiz 
Fernando Rokubuiti e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi
Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo 
revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda 
Canova Vasconcelos
Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR
 
 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação
 a distância:
C397 Psicologia da educação/ Rachel de Maya Brotherhood - 
 Maringá - PR, 2012.
 178 p.
 “Graduação em Pedagogia - EaD”.
 
 1. Didática. 2. Psicologia da educação. 3.Aprendizagem. 4. 
 EaD. I. Título.
 
 CDD - 22 ed. 370.15
 CIP - NBR 12899 - AACR/2
“As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTErSTOCK.COM”.
Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br
NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br
PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Professora Dra. Rachel de Maya Brotherhood
5PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
APrESENTAÇÃO DO rEITOr
Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. 
A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para 
liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no 
mundo do trabalho.
Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos 
nossos fará grande diferença no futuro.
Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso 
de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos 
brasileiros.
No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas 
do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento 
de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-ex-
tensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que 
contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização 
do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade.
Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên-
cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe-
tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão 
universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação 
da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social 
de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também 
pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação 
continuada.
Professor Wilson de Matos Silva
Reitor
6 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Caro(a) aluno(a), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a 
sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo 
de Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se 
fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da 
realidade social em que está inserido.
Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o 
seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, 
determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas 
necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, 
independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se 
presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento.
Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, 
você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada 
especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do 
material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de 
estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para 
a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu 
processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências 
necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa.
Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os 
textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos 
fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, 
pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os 
desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe 
estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie 
a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma 
comunidade mais universal e igualitária.
Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem!
Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo
Coordenadora Pedagógica do NEAD - CESUMAR
7PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
APrESENTAÇÃO
Livro: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO
Professora Dra. Rachel de Maya Brotherhood
Prezado(a) Acadêmico(a), nossa disciplina, Psicologia da Educação, é um dos fundamentos 
da prática pedagógica. Seu estudo nos possibilita uma visão do educando por meio de seus 
processos de desenvolvimento e também descreve as maneiras como a aprendizagem ocorre 
e quais são os seus condicionantes. 
Sabendo da importância dessa disciplina e também do seu apelo motivacional para todos 
os acadêmico(a)s, pois também favorece a compreensão dos nossos próprios processos 
de desenvolvimento, espero que você encontre no seu estudo o prazer da busca de uma 
qualificação que possa fazer da profissão docente o seu futuro e também a compreensão 
do seu próprio eu, pelo entendimento dos processos de sua construção. Esse último objetivo 
facilitará sua constituição profissional, que pressupõe uma identidade própria e adequada à 
ação docente. 
Como profissional da educação, atuando no campo da docência e, mais especificamente 
do ensino da Psicologia Escolar, adquiri consciência da importância de uma abordagem 
pluridisciplinar dos fenômenos que ocorrem na escola, dentre os quais se incluem os processos 
de desenvolvimento e aprendizagem de crianças e jovens. Assim, a Psicologia é um dentre 
outros fundamentos da ação educativa. Mas também tenho consciência do papel de destaque 
da Psicologia, base de compreensão dos fenômenos individuais e dos fenômenos sociais que 
condicionam e ao mesmo tempo resultam dos processos educativos que ocorremno contexto 
escolar.
Outro ponto importante a ressaltar é que como as teorias explicativas dos processos de 
desenvolvimento e aprendizagem foram construídas em diferentes realidades históricas 
e retratam esses momentos, não podemos simplesmente aplicá-las em nossos contextos 
de forma acrítica; faz-se necessário, na sua apropriação, analisar a realidade concreta da 
escola como forma de adequar as teorias a tal realidade, o que pode exigir desvelamentos e 
adequações das propostas que queremos implementar.
Assim, espero que você faça uma reflexão crítica sobre as teorias apresentadas e busque, a 
partir destes referenciais, refletir sobre a prática pedagógica possível e necessária para que a 
8 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
escola possa contar com o vigor e a esperança da sua ação fundamentada cientificamente para 
promover uma transformação social na busca de realidades mais justas, igualitárias e solidárias. 
Gostaria ainda de destacar que no processo de Educação a Distância o material disponibilizado 
para os alunos é fundamental, pois é a principal forma de acesso do acadêmico ao conhecimento 
organizado. Por intermédio dele você acessa o conteúdo das disciplinas, encontra formas 
de aplicar esses conteúdos à sua realidade concreta e imediata, encontra indicações de 
outras fontes de pesquisa e entra em contato com ideias que lhe permitem dialogar com os 
professores e construir assim o seu próprio conhecimento.
Porém, para que estes objetivos sejam alcançados, é necessário que o seu acesso ao texto se 
dê de forma dialógica, ou seja, que você possa interagir com o texto, que ele possa contribuir 
para que você compreenda as diferentes linguagens e mídias e possa relacioná-las, interpretá-
-las. Assim, você será um leitor competente e poderá se inserir nas inúmeras práticas sociais 
de linguagem, seja estudando a matéria, seja navegando na internet ou lendo um artigo cientí-
fico ou uma história em quadrinhos, ou lendo gráficos e tabelas, ou decodificando uma pales-
tra, sempre por meio da aplicação dos conhecimentos disponibilizados nos diferentes textos. 
Eu sou a professora Rachel Brotherhood e elaborei este material sobre Psicologia da 
Educação. Quero ajudá-lo a ler o material para que ele atinja seu objetivo. A finalidade desta 
Apresentação é favorecer a sua compreensão do livro, que trata dos processos psicológicos e 
sociais que ocorrem na escola, como ressaltamos no início deste item.
Sabemos que educar é uma tarefa de todos (família, comunidade, mídia e escola), no entanto, 
no século XXI, a escola tem uma ampla responsabilidade não apenas com a transmissão dos 
conteúdos acadêmicos, como era antigamente, mas também com a transmissão de códigos 
culturais específicos, de valores, princípios éticos e até com a educação doméstica! E diante 
desta responsabilidade, que lhe é atribuída em função de falta de tempo ou de preparo, 
sobretudo, da família, para assumir o que era considerado seu papel até há pouco tempo 
(como a educação doméstica, por exemplo, ou o estabelecimento de limites para as crianças 
e jovens), cabe aos educadores buscarem compreender a atuar nestas áreas.
Por outro lado, a aquisição de conteúdos acadêmicos, ou seja, a aprendizagem escolar 
sistematizada, o saber formal (princípios, teorias, interpretações) que foi produzido pelas 
gerações e culturas anteriores, continua sendo de responsabilidade desta mesma escola.
9PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Há ainda o processo de desenvolvimento das funções mentais superiores das crianças e 
jovens, que precisa, para ser efetivado, de ambientes favoráveis, tanto ambiente físico, como 
social e cognitivo. Cabe também à escola e aos professores promovê-lo.
Assim, para prepará-lo para esta tarefa, para que você seja capaz de atuar em todas estas 
áreas, a disciplina Psicologia da Educação traz ferramentas para que você compreenda melhor 
os processos de aprendizagem e desenvolvimento intelectual, afetivo e social dos alunos. Este 
é o significado e o objeto de estudo do ramo da Ciência denominado Psicologia da Educação. 
Sobre este tema leia, no final da unidade I, uma entrevista com o professor Lino de Macedo, 
um eminente pesquisador e professor desta disciplina na Universidade de São Paulo (USP) e 
uma das mais respeitadas personalidades brasileiras na área.
Você já pensou neste ramo do conhecimento? Ele reúne estudos de diversas áreas. Sabemos 
que o ser humano é multidimensional e multifacetado, não é? Temos muitas possibilidades, 
vemos muitas coisas ao mesmo tempo e nos envolvemos com elas! Fazemos escolhas, 
investimos energia (ou não) nessas escolhas. Por exemplo, nossos sentidos são “bombardeados” 
frequentemente por estímulos diferentes. Pense no seu final de semana... você pode ir a um 
passeio com amigos, ir para a “balada”, ficar em casa descansando, assistindo um filme que 
você goste, dormir (!), compartilhar experiências nas redes sociais, ou... estudar a matéria do 
curso que está fazendo a Distância... O que determina a sua escolha? Seus planos para o 
futuro? Sua necessidade individual de demonstrar à sua família e/ou a você próprio que pode 
ter sucesso? A necessidade profissional, de promoção, por exemplo, que o diploma trará? O 
interesse pessoal pela matéria? Esta escolha envolve processos sociais, cognitivos e afetivos. 
E esses processos são explicados pela Psicologia da Educação.
Para explicá-los a Psicologia lança mão da sociologia, da epistemologia, da antropologia, 
dentre outras ciências cujo objeto de estudo também é o ser humano. 
Na unidade I definiremos aprendizagem e mostraremos que o sentido deste termo está 
ligado a diferentes visões epistemológicas. Assim, no início do nosso livro, conceituaremos 
aprendizagem, seus objetivos e outros conceitos básicos, como os conceitos de metacognição, 
raciocínio e estratégias de aprendizagem, além de apresentarmos alguns fatores interferentes 
no processo, e indicarmos as possibilidades de trabalhar com estes conceitos, isto é, as 
diferentes teorias pedagógicas às quais eles correspondem. Abordar-se-á também os objetivos 
do processo formal de educação.
10 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Na unidade II abordaremos algumas teorias explicativas do desenvolvimento. Inicialmente, 
falando de determinantes do desenvolvimento, destacaremos as diferentes posturas e 
ênfases nos determinantes genéticos e ambientais. Em seguida, falaremos das teorias de 
desenvolvimento. Apresentar-se-ão conceitos básicos da Análise do Comportamento, 
prática que se apoia nos princípios do Behaviorismo para explicar a aprendizagem. Esta 
é uma teoria que enfatiza o papel previsível do ambiente como causa do comportamento 
observável. A unidade descreverá como se dá o processo de condicionamento, o que são 
estímulos, respostas e reforços e como os comportamentos condicionados podem ser extintos 
ou “esquecidos”. O estudo desta abordagem é importante porque nos permite compreender 
alguns comportamentos habituais (hábitos) que nós estabelecemos e que os nossos alunos 
estabelecem em suas vidas, e assim poderemos trabalhar para eliminar estes hábitos e 
comportamentos, às vezes indesejáveis e prejudiciais ao processo de aprendizagem, e/ou de 
constituir outros.
Em seguida, abordamos o Construtivismo Interacionista e Sociointeracionista. Nesta 
abordagem, a ênfase concentra-se nos processos de pensamento e nos comportamentos que 
refletem tais processos. Por meio desses comportamentos estudamos os próprios processos, 
por inferência. Inferir é tirar conclusão, deduzir pelo raciocínio. Por exemplo, como podemos 
saber que uma pessoa é honesta? Inferimos sua honestidade pelos seus atos; assim é 
possível estudar, por inferência, processos mentais que não são “visíveis”, mas que ocorrem 
no indivíduo.
Para demonstrar o construtivismo apresentaremos os pontos de vista de Piaget e Vygotsky so-bre como se aprende. As duas teorias, a Epistemologia Genética (Piaget) e a Teoria Histórico-
-Cultural (Vygotsky) são construtivistas. Piaget enfatiza o processo de construção de novos 
conhecimentos a partir dos conhecimentos anteriores, mas com uma explicação baseada na 
biologia, na qual ele analisa a construção de estruturas por um processo de equilibrações 
sucessivas, ou seja, cada nova estrutura decorre de estruturas anteriores já constituídas na 
mente dos indivíduos. Essas estruturas vão se tornando cada vez mais complexas por um 
processo de reconstrução possibilitado pelo meio. Para entender este processo o livro apre-
sentará conceitos como assimilação, acomodação, adaptação, que fazem parte da teoria da 
Equilibração. 
Já Vygotsky coloca mais ênfase nas relações sociais, nos fatores contextuais mediados que 
11PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
afetam o desenvolvimento. Para este autor, a criança aprende por meio de internalizações 
possibilitadas pela interação social. Pode-se dizer, portanto, que a teoria de Vygotsky é uma 
teoria sociocultural enquanto a de Piaget é uma teoria interacionista, mas com menos ênfase 
no social.
Estas abordagens diferentes também geram diferentes metodologias de ensino e de 
aprendizagem, mas ambas têm em comum a visão de que o conhecimento é uma “construção” 
do indivíduo.
Dando continuidade às abordagens do processo de aprendizagem/desenvolvimento, 
chegamos ao Humanismo. Este tira o foco da aprendizagem tanto dos processos cognitivos 
como do processo de condicionamento e o coloca na visão do indivíduo como constituído de 
várias dimensões, em que a dimensão afetiva atinge diretamente as dimensões cognitiva e 
comportamental.
Destacamos para você que a tendência da Psicologia da Educação, na atualidade, é colocar a 
ênfase dos estudos no contexto e no componente social do desenvolvimento. Assim, podemos 
ver na teoria de Vygotsky que a atenção dos pesquisadores, no estudo do desenvolvimento, 
se desloca do indivíduo (Behaviorismo, Construtivismo Piagetiano) para unidades sociais mais 
amplas, como pais e filhos, irmãos, a família inteira, a vizinhança e as instituições sociais de 
um modo geral, que são significativos para este processo. 
Dando continuidade, na unidade III será feita uma apresentação da teoria de desenvolvimento 
de Piaget. Inicialmente, apresentaremos o desenvolvimento cognitivo como descrito pelo autor. 
Na unidade anterior, quando falamos de Piaget, descrevemos a forma como ele explica o 
processo de cognição. Aqui você vai ter contato com a visão de Piaget sobre o processo de 
desenvolvimento. Para ele, o desenvolvimento cognitivo da criança avança em uma série de 
quatro estágios que envolvem tipos qualitativamente distintos de operações mentais:
1. Estágio Sensório-motor – 0 a 2 anos.
2. Estágio Pré-operacional – 2 a 7 anos.
3. Estágio das Operações Concretas – 7 a 12 anos.
4. Estágio das Operações Formais – 12 anos em diante.
Nosso texto vai levar você à compreensão de cada um dos estágios acima e também destacar 
12 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
o processo de desenvolvimento moral, face à importância da compreensão desta dimensão 
na sociedade atual. Focamos também as ações adequadas, que possam favorecer o avanço 
do desenvolvimento das crianças e dos jovens por meio de cada um dos estágios descritos.
A seguir, na unidade IV, abordaremos o processo de desenvolvimento da personalidade, com 
uma apresentação da Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud. Podemos definir psicanálise como 
“o conjunto das teorias de Freud (Sigmund Freud, 1856-1939) e seus discípulos, concernente à 
vida psíquica consciente e inconsciente” (FERREIRA, 1993, p.45). Uma abordagem psicanalítica 
do desenvolvimento é a busca de uma explicação dos processos de desenvolvimento ou a 
tentativa de explicar os fatos relativos a esses processos, pelos conceitos fundamentais da 
psicanálise. Freud defende que o desenvolvimento humano é moldado por forças inconscientes. 
Freud dividiu a personalidade em três componentes hipotéticos, o id, o ego e o superego, que 
serão vistos na unidade IV.
Agora que já apresentamos algumas das principais teorias que explicam o processo de 
aprendizagem e desenvolvimento do ser humano, abordar-se-á, na unidade V, temas de 
relevância para a sociedade contemporânea em relação a tais processos. Esses temas foram 
selecionados dentre outros que também são importantes. O critério de escolha dos mesmos 
foram seus reflexos no ambiente escolar e sua força determinante no processo de aprender e 
na relação professor-aluno. 
Falaremos de violência, um tema que perpassa vários outros, tais como relações na escola, 
falta de interesse ou de esforço nas atividades escolares, constituição familiar, consumismo 
etc.
A violência escolar (bullying) é hoje uma questão que tem se tornado de fórum policial e resulta 
em consequências extremamente negativas para as pessoas envolvidas e para o ambiente 
escolar. Faz-se necessário, portanto, um conhecimento também teórico sobre o tema e sobre 
as formas de enfrentá-lo para que o professor se prepare para contribuir para a sua superação.
Abordaremos ainda, nesta unidade, o conceito e a importância da família na formação do 
indivíduo, a Educação Moral e a Socialização, e diferentes maneiras de enfrentar os dilemas 
da Escola. 
Você tem tido contato direto ou indireto com essas questões? Elas têm estado presentes na 
13PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
sua experiência individual enquanto aluno e/ou profissional (professor ou não)? Na leitura desta 
quinta unidade procure questionar o texto, dialogar com ele, complementá-lo e enriquecê-lo 
com sua própria experiência.
No final de nosso material procuraremos apresentar uma forma de enfrentar as novas demandas 
educacionais com as quais nos deparamos atualmente, com ênfase no ensino para a 
compreensão, e assim encaminhar propostas de formação de competências pedagógicas para 
você, futuro(a) educador(a)/professor(a), que lhes possibilitem articular os fundamentos teórico-
epistemológicos da educação à vivência de situações concretas e à investigação educativa.
Esperamos, com este enfoque da Psicologia da Educação, favorecer sua formação 
profissional dando ao ensino um caráter de prática social viva e multidisciplinar, cientificamente 
fundamentada e individualmente compreendida e construída. BOM ESTUDO!
PROFESSORA RACHEL
SUMÁrIO
UNIDADE I
APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO: CONCEITOS BÁSICOS
APRENDIZAGEM ....................................................................................................................24
FATORES QUE INFLUENCIAM A APRENDIZAGEM ............................................................32
DESENVOLVIMENTO .............................................................................................................33
A PSICOLOGIA EVOLUTIVA NO SÉCULO XX ......................................................................34
FATORES DETERMINANTES DO DESENVOLVIMENTO ....................................................37
MATURAÇÃO E AMBIENTE ...................................................................................................42
UNIDADE II
TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM
DIFERENTES ABORDAGENS TEÓRICAS DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM .............62
COGNITIVISMO ......................................................................................................................66
A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA ............................................................................................67
A ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA ....................................................................................70
HUMANISMO ..........................................................................................................................74
UNIDADE III
DESENVOLVIMENTOSÓCIOCOGNITIVO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA
O DESENVOLVIMENTO SEGUNDO JEAN PIAGET ..............................................................81
O DESENVOLVIMENTO MORAL ...........................................................................................91
MORAL DA OBEDIÊNCIA E MORAL DE COOPERAÇÃO ....................................................91
UNIDADE IV
O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE
PERSONALIDADE: CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................101
A TEORIA PSICANALÍTICA DE SIGMUND FREUD ............................................................104
UNIDADE V
TEMAS EMERGENTES NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA
VIOLÊNCIA, SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO MORAL ........................................................120
OS CONCEITOS ENVOLVIDOS ...........................................................................................121
VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA ...............................................................................................122
VIOLÊNCIA NA ESCOLA – O BULLYING ............................................................................125
EDUCAÇÃO MORAL ...........................................................................................................135
NORMATIZAÇÃO ..................................................................................................................135
EMANCIPAÇÃO ....................................................................................................................138
ATUANDO NA FORMAÇÃO INTELECTUAL .......................................................................142
AMBIENTE FAMILIAR ...........................................................................................................145
ATUANDO NA ÁREA DA INTERAÇÃO SOCIAL: UMA PROPOSTA TEÓRICA...................154
ATUANDO NA FORMAÇÃO MORAL DO INDIVÍDUO .........................................................164
CONCLUSÃO .......................................................................................................................173
rEFErÊNCIAS ..................................................................................................................... 174
UNIDADE I
APrENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO: 
CONCEITOS BÁSICOS
Professora Dra. Rachel de Maya Brotherhood
Objetivos de Aprendizagem
•	 Estudar	a	Psicologia	da	Educação	como	área	do	conhecimento:	objeto	de	estudo.
•	 Verificar	as	principais	dimensões	da	Psicologia	da	Educação.
•	 Estudar	o	processo	de	desenvolvimento	e	aprendizagem:	diferentes	abordagens	
teóricas.
Plano de Estudo
A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade:
•	 Conceitos	básicos	de	aprendizagem
•	 Objetivos	da	aprendizagem
•	 Fatores	Intrapessoais	e	situacionais
•	 Conceitos	básicos	de	desenvolvimento
•	 Determinantes	do	desenvolvimento
•	 O	estudo	do	“ciclo	da	vida”
21PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
INTrODUÇÃO
APrENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO – CONCEITOS BÁSICOS
Fo
nt
e:
 S
HU
TT
ER
ST
OC
K.
CO
M
O Pedagogo é um profissional que tem uma influência decisiva e uma grande responsabilidade 
com a formação de crianças e jovens. Houve um período da história em que se achava que a 
responsabilidade da escola se limitava à transmissão de conhecimentos, de conteúdos ligados 
às diversas disciplinas e ciências, porém, atualmente, a educação escolar é assumida como 
prática	 libertadora	 e	 promotora	 do	 desenvolvimento	 integral	 do	 ser	 humano, o que 
envolve não apenas aspectos cognitivos, como dimensões emocionais e sociais, vez que o ser 
humano é um ser complexo, constituído por todas estas dimensões.
Quando falamos em “prática promotora do desenvolvimento integral do ser humano” deixamos 
clara a crença de que o desenvolvimento é um processo influenciado pelo ambiente, que 
ocorre quando o potencial genético do indivíduo é levado a se manifestar pelos estímulos 
do meio, e, mais que isto, que o ambiente pode ajudar o aluno a superar limites e atingir 
patamares superiores de desenvolvimento, se favorecido pela ação do meio. 
Quando falamos em “prática libertadora” acreditamos que muitas vezes os limites colocados 
pela ação do meio social podem ser quebrados e superados pela ação direcionada da escola. 
22 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Assim, fica clara a responsabilidade do Pedagogo, com os processos de desenvolvimento e 
aprendizagem do aluno.
Atualmente, fala-se muito em resiliência, conceito definido como a capacidade de o indivíduo 
lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, 
estresse etc. Alguns autores a definem como uma tomada de decisão quando alguém se 
depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões 
propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar 
que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para 
enfrentar e superar problemas e adversidades.
Papalia, Olds e Feldman (2009), e Bee (2000) abordam o tema da resiliência e trazem 
resultados de pesquisa mostrando quais seriam esses fatores. Para saber mais leia, no final 
desta unidade, a síntese da pesquisa “A resiliência entre as crianças que crescem na pobreza”. 
A compreensão deste tema nos ajudará na compreensão do desenvolvimento.
Os processos de desenvolvimento e aprendizagem são descritos e explicados pela Psicologia 
Escolar, ramo da Psicologia que estuda o ser humano nas dimensões consideradas e indica 
diretrizes para que os profissionais da Educação encaminhem com cientificidade a sua prática. 
Justifica-se, assim, a importância da disciplina Psicologia Escolar no currículo do curso de 
Pedagogia. Esta disciplina traz alguns conteúdos que irão permitir a compreensão do principal 
elemento do processo educacional, o aluno, favorecendo assim a prática pedagógica.
Mas a escola de hoje além de se preocupar com o desenvolvimento individual do aluno, também 
trouxe para si a responsabilidade pelo desenvolvimento social do indivíduo e de contribuir para 
a inserção na comunidade de todos os seus alunos. Cabe-nos, então, buscar a compreensão 
do processo de desenvolvimento e de aprendizagem de crianças e jovens no contexto de sua 
realidade histórica, utilizando também os conhecimentos da Psicologia Social como parâmetro 
de estudo do educando.
23PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Desta forma, esperamos contribuir para levá-lo(a) a enfrentar o desafio acadêmico da 
atualidade, que é superar a visão da educação como busca de desenvolvimento individual, 
de aquisição de competências e habilidades, de autonomia intelectual (aprender a aprender) 
– visão liberal que prioriza o consumo da informação e a busca do conhecimento como 
instrumento de promoção individual – e substituí-la por uma visão crítica que dê outro 
significado à escolarização oportunizada pela escola, analisando suas condições objetivas, 
concretas, de instituição inserida em uma sociedade suscetível a mudanças e em permanente 
processo de transformação. 
Vamos estudar três dimensões do desenvolvimento humano essenciais para a compreensão do 
processo ensino-aprendizagem – o desenvolvimento da personalidade; o desenvolvimento da 
capacidade de conhecer e o desenvolvimento sociocultural. As teorias escolhidas para a análise 
destas dimensões são as de Freud, Piaget e Vygotsky, respectivamente. As duas primeiras são 
teorias desenvolvimentistas e a última é histórico-cultural. Freud e Piaget descrevem, por meio 
de estágios, os processos de desenvolvimento da criança e do adolescente, sobretudo, nos 
aspectos estruturais e motivacionais. Tais descrições, embora, aparentemente, desconsiderem 
o contexto histórico das manifestações do desenvolvimento, nos ajudam a entendercomo o 
indivíduo constrói sua imagem de mundo e de si próprio. Já Vygotsky aborda, sobretudo, a 
importância das interações e das mediações realizadas pelo outro (pais, professores, colegas) 
na promoção do desenvolvimento, destacando o papel da atividade e da interação social sobre 
o desenvolvimento e a aprendizagem.
O desafio é, partindo dessas teorias, chegarmos à compreensão do indivíduo; buscando a 
compreensão do particular, mas o particular inserido no social, e uma compreensão dialética, 
dando corpo a uma reflexão sobre as múltiplas conexões destes processos individuais na 
unidade homem-mundo, considerando como referencial, sobretudo, o ambiente escolar, e 
como critério, a relação teoria-prática.
24 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
APrENDIZAGEM
Descrevemos, a seguir, os principais enfoques dados pela Psicologia Educacional ao processo 
de Aprendizagem. Apresentaremos os pressupostos teóricos do Comportamentalismo, 
Construtivismo e Humanismo. Analisaremos algumas práticas pedagógicas preconizadas na 
atualidade (Skinner, Piaget, Vygotsky e Rogers). No entanto, iniciamos com uma apresentação 
de alguns conceitos e ideias que fundamentam as propostas pedagógicas que serão vistas.
Aprendizagem	–	Conceitos	Básicos
Fo
nt
e:
 S
HU
TT
ER
ST
OC
K.
CO
M
A Psicologia da Aprendizagem é um ramo da Psicologia Educacional cujo interesse, 
historicamente documentado, é “contribuir para a formação intelectual dos alunos com a 
qualidade de suas aprendizagens, bem como com o seu completo desenvolvimento pessoal e 
social” (BORUCHOVITCH; BZUNEK, 2004, p. 7).
Muitas vezes, nas licenciaturas ou mesmo na pós-graduação, o aluno se pergunta por que 
precisa estudar psicologia se ele não pretende ser psicólogo. Acontece que a Pedagogia e 
a Psicologia têm o mesmo objeto de estudo, o ser humano, e são dois campos de ação nos 
quais as relações com o outro são o eixo central, e para construir a prática pedagógica nos 
25PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
complexos espaços interativos da escola, precisamos buscar na psicologia o entendimento 
dessas relações; assim, a compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento 
possibilita a construção de novas práticas pedagógicas, mais efetivas.
Voltando à definição de psicologia educacional, nela podemos identificar duas dimensões; 
a primeira dimensão é o processo de aprendizagem dos alunos. A segunda é o seu 
desenvolvimento pessoal e social. Vejamos como cada um desses dois pontos pode ser 
abordado.
O objetivo de promover a aprendizagem começa a ser alcançado mediante a compreensão de 
COMO O ALUNO APRENDE. Esse fenômeno envolve PROCESSOS e FATORES. Em outras 
palavras, saber como acontece a aprendizagem constitui-se em elemento facilitador e promotor 
do desenvolvimento de estratégias de ensino mais eficazes. Enfocando os processos, 
vejamos alguns conceitos.
•	 APRENDIZAGEM – comportamento novo e relativamente estável, que aparece em de-
corrência da experiência ou do treino; uso de conhecimento na resolução de problemas, 
construção de novos significados, de novas estruturas cognitivas; aquisição de informa-
ção etc.
•	 COMO APRENDEMOS – por imitação, insight, condicionamento e raciocínio; o raciocínio 
é a forma de aprender exclusiva do ser humano.
•	 RACIOCÍNIO – operação mental que envolve: prever, julgar, planejar, levantar hipóteses, 
fazer deduções. Avaliar a situação para encontrar soluções.
O processo de ensino consiste em promover a aprendizagem do aluno. Sendo a aprendizagem 
um processo interno, a função da escola e do professor é levar o aluno a dominar este processo, 
desenvolvendo estratégias de aprendizagem.
•	 ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM – ações mentais e comportamentos com os quais 
se envolve o aluno durante a aprendizagem, com o objetivo de realizar a codificação e 
assim possibilitar a aquisição e o processo de recuperação das informações armazena-
das na memória.
26 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Tornar-se um processador de informações eficaz e conhecer diferentes estratégias de 
aprendizagem, bem como saber por que, como e quando usá-las, torna o sujeito um bom 
aprendiz.
•	 OBJETIVOS – houve um momento na história da educação brasileira, quando o paradig-
ma dominante era o do Tecnicismo (últimas décadas do século XX), em que os objetivos 
de aprendizagem, formulados de maneira comportamental, estavam voltados, sobretudo, 
para as questões de conteúdos. Nesta perspectiva, 
a pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise experimental do 
comportamento garantem a objetividade da prática escolar, uma vez que os objetivos 
instrucionais (conteúdos) resultam da aplicação de leis naturais que independem dos 
que a conhecem ou executam (LIBÂNEO, 1985, p. 29).
Pode-se dizer que a formulação de objetivos educacionais como exigência para a realização 
de uma prática pedagógica eficiente, se traduzia, a partir de meados da década de 1950, na 
utilização da taxionomia de objetivos educacionais de Benjamim Bloom (domínio cognitivo 
1956 e domínio afetivo 1964), proposta que sustentava o pragmatismo economicista norte-
-americano e correspondia à Pedagogia Tecnicista (LUCKESI, 2011). 
Os objetivos comportamentais desta prática pedagógica deveriam colocar ênfase no conteúdo, 
mas definir critérios de execução e parâmetros de avaliação eficientes, capazes de direcionar 
a prática escolar. Funcionavam quase como uma “camisa de força” da ação do professor, não 
permitindo nenhuma flexibilidade e/ou adaptação às características dos alunos.
Com o advento das denominadas Pedagogias Críticas, a formulação de objetivos foi 
amplamente atacada e finalmente perdeu seu significado no planejamento escolar.
Atualmente, observa-se um movimento de retomada deste processo com uma conotação 
diferente (LUCKESI, 2011). O autor defende que há, na formulação de objetivos comportamentais, 
uma qualidade a ser retomada neste início de século XXI e argumenta que os objetivos trazem:
O entendimento e a configuração clara do que se deseja ao exercitar as práticas 
pedagógicas no ensino escolar, formulado em termos precisos e organizados, tendo 
27PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
por base processos fundamentais da psicologia humana relacionados com o ensino e a 
aprendizagem (LUCKESI, 2011, p. 39).
Para Luckesi (2011, p. 39), a formulação de objetivos possibilita “uma gestão eficiente, que 
se assenta no tripé planejamento, execução efetiva e avaliação consistente” do processo 
educativo que considera os seus determinantes filosóficos e práticos1.
O que se observa atualmente é que a educação tem trabalhado com objetivos mais amplos 
e está voltada para um enfoque pluridimensional da ação pedagógica, que considera as 
dimensões técnica, política, ética e estética, além da dimensão de transmissão e domínio dos 
conteúdos produzidos pela humanidade, pela ciência. 
Esta mudança de foco, esta ampliação do foco da ação educativa sistematizada, está ligada 
diretamente a uma visão mais política do processo educativo e à responsabilidade da Escola 
com a formação de cidadãos capazes de intervir na realidade por meio da criação de saberes 
e valores na busca da realização do bem comum. Assim, a finalidade do trabalho educativo 
seria, segundo Rios (2006, p. 61), uma Educação que buscaria “a realização do bem comum, 
como finalidade da ação coletiva dos seres humanos vivendo em sociedade”. Para cumprir 
esta finalidade a autora defende o equilíbrio na articulação de todas as capacidades dos seres 
humanos, tanto para intervir na realidade como para se relacionar com os seus semelhantes, no 
entanto, também enfatiza a importância dos conteúdos nesta ação e destaca que o valor deste 
conteúdo estaria em não se restringir a conceitos, mas englobar também comportamentos e 
atitudes como explicitado na seguinte citação:Se a educação é um processo contínuo de busca de um saber ampliado e aprofundado, 
de um viver inteiro, é preciso que os indivíduos estejam inteiros nesta busca. Ao lado 
da razão, a imaginação, os sentimentos, os sentidos são instrumentos de atuação na 
realidade e criação de saberes e valores. O bom ensino será, então, estimulador do 
desenvolvimento desses instrumentos/capacidades (RIOS, 2006, p. 61). 
1 Leia na íntegra o artigo: LUCKESI, Cipriano. Taxonomia: de objetivos educacionais – sessenta anos depois. 
Educatrix: a Revista que pensa a Educação, Natal: Editora Moderna, ano 1, n. 1, pp. 39-47, set. 2011. Disponível 
em: <http://issuu.com/ed_moderna/docs/educatrix_edicao_01>. Acesso em: 22 jun. 2012.
28 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Este posicionamento corresponde à proposta pedagógica Progressista Libertadora de Paulo 
Freire que vê a educação como “uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela 
realidade que apreendem [...], atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim 
de nela atuarem num sentido de transformação social” (LIBÂNEO, 1985, p. 33).
Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia (1996), abordando a formação do professor 
nesta perspectiva ampla e multidimensional, apresenta nove pressupostos da prática docente 
que contêm as diretrizes da sua doutrina2, e afirma que no processo de ensinar/aprender 
“participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, 
estética e ética [...]” (FREIRE, 1996, p. 24). Esta citação nos mostra que o enfoque deste autor 
tão representativo do pensamento pedagógico da atualidade, coincide com a perspectiva de 
formação do cidadão pela escola, como exposto acima.
Por outro lado, Pimenta (1999 apud RIOS, 2006, p. 27), questionando este mesmo aspecto das 
finalidades da educação, pergunta:
Como garantir que todos os alunos se apropriem dos instrumentos necessários para 
se situarem no mundo? Como estabelecer os vínculos entre conhecimentos, formação 
cultural, desenvolvimento de hábitos, atitudes e valores? Para que ensinar? Que materiais, 
equipamentos, mídias precisam ser mobilizados no processo de ensino?
Diante desses questionamentos, vemos que embora seja a posição de muitos cientistas da 
educação a necessidade de uma educação voltada para a formação integral do educando, 
ainda se está em busca de formas efetivas de atingir as finalidades e objetivos da educação 
no século XXI. Continuaremos a discutir e apresentar as possibilidades neste sentido, nas 
unidades seguintes.
2 Os pressupostos apresentados e explicitados por Paulo Freire em sua obra “Pedagogia da Autonomia” 
(1996) são: ENSINAR EXIGE: 1) rigorosidade metódica; 2) pesquisa; 3) respeito aos saberes dos educandos; 
4) criticidade; 5) estética e ética; 6) corporeificação das palavras pelo exemplo; 7) risco, aceitação do novo, 
rejeição a qualquer forma de discriminação; 8) reflexão crítica sobre a prática; 9) reconhecimento e assunção da 
identidade cultural.
29PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
No entanto, há alguns construtos que permanecem presentes na nossa prática pedagógica e 
que são objetivos preliminares, que possibilitam a busca das finalidades da educação como 
defendidas acima. Estamos falando da Motivação e da Autorregulação, que fazem parte dos 
processos Metacognitivos dos seres humanos e que abordamos a seguir.
Fo
nt
e:
 S
HU
TT
ER
ST
OC
K.
CO
M
•	 AUTORREGULAÇÃO – controle do comportamento, das emoções e dos processos cog-
nitivos.
•	 MOTIVAÇÃO – construto central da autorregulação e do desenvolvimento de todas as for-
mas de controle voluntário; a etimologia da palavra sugere que motivo é aquilo que move 
uma pessoa, que a põe em ação ou a faz mudar de curso, e assegura a persistência em 
uma atividade (BZUNECK, 1987 apud BORUCHOVITCH; BZUNECK, 2001). É um pro-
cesso psicológico dinâmico, presente em qualquer atividade humana. Em sala de aula, 
leva o aluno a envolver-se em atividades pertinentes ao seu processo de aprendizagem, 
30 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
escolhendo um curso de ação dentre outros possíveis e ao seu alcance. É a motivação 
que assegura a ocorrência de produtos de aprendizagem ou tipos de desempenho social-
mente valorizados. Atualmente, com a notável prevalência das abordagens cognitivistas 
e sócio-históricas da aprendizagem, e o destaque na importância do outro significativo 
no desenvolvimento e na aprendizagem, o estudo da motivação do aluno tem-se voltado 
para os componentes internos da motivação, cognitivos, como metas, crenças, atribui-
ções, percepções, com destaque para a crença na autoeficácia e outras variáveis ligadas 
ao self, como autorrealização, satisfação, medo, ansiedade entre outras, e também para o 
processo de socialização, pois a presença do outro é fundamental para a aprendizagem e 
o desenvolvimento. Pode-se dizer que a escola deve trabalhar no sentido de desenvolver 
a motivação do aluno na busca de sua autorregulação cognitiva, emocional e social, que 
promove uma educação para a vida e o exercício da cidadania.
Considerando todos estes aspectos motivacionais, autorregular o desenvolvimento cognitivo é:
Fo
nt
e:
 S
HU
TT
ER
ST
OC
K.
CO
M
31PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
•	 Exercer controle sobre a atenção e os processos de memória.
•	 Desenvolver regras e estratégias para pensar e resolver problemas.
•	 Organizar o pensamento e ajustar o comportamento (curso da ação) sempre que 
necessário.
Tal processo de busca da autorregulação visa substituir a regulação externa assistida por uma 
autorregulação baseada nas ferramentas adquiridas na relação com o outro, chegando o aluno 
a um controle consciente, reflexivo.
A autorregulação pressupõe a metacognição, que é a autoconsciência no que diz respeito aos 
próprios processos e estratégias cognitivas. Capacidade do ser humano de ser autorreflexivo, 
não sendo só capaz de pensar, mas de pensar sobre os próprios pensamentos. Consiste 
em uma reflexão a nível elevado, consciência de si mesmo como aprendiz, monitoramento e 
regulação dos ativos dos processos cognitivos. Planejar, selecionar, inferir, autointerrogar-se e 
interpretar experiências. Julgar o que sabe para realizar uma tarefa.
Alunos com desempenho escolar insatisfatório apresentam claros atrasos no desenvolvimento 
metacognitivo, ou seja, um dos pontos principais de diferença entre alunos com alto 
desempenho e baixo desempenho escolar é o seu grau de autorregulação da aprendizagem.
Para saber mais sobre Metacognição, leia o artigo: 
DAVIS, Cláudia; NUNES, Marina M. R.; NUNES, Cesar A. A. Metacognição e sucesso escolar: 
articulando teoria e prática. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 125, pp. 205-230, maio/ago. 
2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/ v35n125/a1135125.pdf>. 
32 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
FATOrES QUE INFLUENCIAM A APrENDIZAGEM 
Pensemos agora alguns fatores determinantes da aprendizagem do aluno. Destacamos que 
aqui vamos apenas citá-los, já que pretendemos abordá-los em mais profundidade dentro do 
enfoque das três teorias que serão estudadas no nosso curso. Podemos dividir esses fatores, 
para fins didáticos, em:
Fo
nt
e:
 S
HU
TT
ER
ST
OC
K.
CO
M
•	 FATORES INTRAPESSOAIS – são fatores internos e individuais, que resultam de capa-
cidades genéticas, história de vida, situações informais e formais de aprendizagem entre 
outros; aqui podemos citar: idade mental, nível de inteligência, maturidade emocional, 
prontidão, comportamentos sociais, padrões familiares, motivação. Também podemos 
falar de temperamento, personalidade e autoeficácia.
•	 FATORES SITUACIONAIS – interpessoais, são fatores do contexto social. O contexto 
escolar possibilita interação com os pares, interação professor-aluno,socialização. Esses 
aspectos contextuais possibilitam o atendimento da necessidade do indivíduo de perten-
cer e estabelecer vínculos essenciais na construção da identidade, e que têm reflexos 
importantes na aprendizagem e no desenvolvimento humano. Destacamos que compor-
tamentos desadaptados, disfuncionais ou patologias mais severas na adolescência e na 
vida adulta podem ser resultantes ou agravadas por vivências escolares.
33PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Ressaltamos que os aspectos intrapessoais e situacionais da aprendizagem não se opõem 
nem representam uma divisão dicotômica, mas são inseparáveis e se constituem em visões 
complementares de um mesmo fenômeno psicológico, a aprendizagem.
A formação atual do pedagogo, mais voltada para a prática e as questões metodológicas 
(de ensino) tem deixado na escola um vazio no domínio dos aspectos psicológicos 
do desenvolvimento e da aprendizagem que prejudica a promoção dos processos de 
desenvolvimento socioemocional dos alunos. Na unidade V retomaremos estas questões, com 
mais subsídios para discuti-las. 
Vejamos, no próximo item, como podemos caracterizar desenvolvimento e como este processo 
se relaciona com a aprendizagem.
DESENVOLVIMENTO
Pode-se afirmar que desde o momento da concepção os seres humanos passam por 
processos de desenvolvimento. Tal processo é o objeto de estudo de um campo da Psicologia 
denominado Psicologia Evolutiva (ou Psicologia do Desenvolvimento). Há várias mudanças 
ao longo da vida do ser humano, em diferentes dimensões, tais como o tamanho e a forma 
do corpo ou o aspecto da pele ou ainda o amadurecimento dos sistemas funcionais, como 
também em dimensões mais subjetivas, objeto de nosso estudo neste livro, como em aspectos 
cognitivos, na capacidade de aprendizagem e assim por diante. Para explicar essas mudanças 
os cientistas constroem teorias e modelos. No entanto, existe uma polêmica que antecede 
essas construções. Essa polêmica trata do papel da genética e do ambiente como fatores 
determinantes e/ou condicionantes do desenvolvimento.
Abordar o tema da influência da hereditariedade e do meio no processo de desenvolvimento, 
sobretudo, do desenvolvimento intelectual e afetivo, significa abordar a questão central da 
Psicologia Evolutiva, que pode ser assim formulada: quais os fatores que determinam o 
processo de construção psicointelectual do ser humano e qual o valor relativo desses fatores?
34 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Porém, para compreender as questões evolutivas sob uma perspectiva psicológica faz-se 
necessária uma reflexão sobre alguns núcleos conceituais significativos, tais como as bases 
das grandes orientações teóricas da Psicologia Evolutiva, os conceitos de aprendizagem e de 
desenvolvimento decorrentes dessas orientações, o significado de estágios de desenvolvimento 
ou períodos críticos dentre outros.
Só partindo dessas reflexões poderemos entender as orientações predominantes na atualidade 
sobre o desenvolvimento do ser humano, vendo-o não como determinado exclusivamente pela 
herança biológica nem pela força do ambiente, mas como fenômeno histórico e culturalmente 
determinado.
Para chegar a essa compreensão, iniciamos este item apresentando as principais orientações 
teóricas da Psicologia Evolutiva no último século. A seguir, explanamos o conceito de 
desenvolvimento adotado por alguns autores representativos da Psicologia Evolutiva e o papel 
atribuído à herança e ao ambiente por esses autores. Para concluir, aprofundamos um pouco 
as visões de Piaget e Vygotsky neste campo.
A PSICOLOGIA EVOLUTIVA NO SÉCULO XX3
A Psicologia Evolutiva pretende estudar como nascem e como se desenvolvem as funções 
psicológicas que distinguem o homem de outras espécies. Portanto, o objeto de estudo desta 
ciência é toda a vida das pessoas e os processos de mudanças psicológicas que nela ocorrem.
Durante séculos esta preocupação não esteve presente na ciência psicológica, vez que a 
Psicologia fazia parte do campo da Filosofia e seu objeto central decorria das visões de 
homem e de mundo predominante nas teorias filosóficas e a resultante relação sujeito-objeto 
do conhecimento.
3 As ideias expostas neste item são defendidas principalmente por Pallacios (1988 apud COLL; MARCHESI; 
PALACIOS, 2004).
35PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Os principais autores que se ocuparam especificamente das questões evolutivas sob uma 
perspectiva psicológica situam-se na segunda metade do século XIX e nas primeiras décadas 
do século XX. Porém, as bases das grandes orientações teóricas da Psicologia Evolutiva se 
encontram em época bem anterior. No século XVII e XVIII encontramos os britânicos John 
Lock e David Hume, cujos posicionamentos filosóficos são conhecidos como empirismo. 
Dentre as principais ideias de Lock encontra-se a conhecida metáfora segundo a qual no 
momento do nascimento a mente humana seria uma folha em branco, uma “tábula rasa”. O 
conteúdo psíquico seria resultante apenas da experiência que a criança adquire em contato 
com o meio, da estimulação que recebe. Para dizê-lo de forma mais clássica, remetendo a 
Aristóteles, “nada existe na inteligência que não tenha passado antes pelos sentidos”.
Fundados neste princípio estão, de forma geral, os modelos mecanicistas de desenvolvimento, 
de base behaviorista.
Resumindo esta visão, podemos dizer que o empirismo filosófico inglês do século XVIII 
fundamenta, mais de duzentos anos depois, o Condutivismo Psicológico, que defende que a 
história psicológica das pessoas não é mais do que a história de suas aprendizagens.
De forma diferente, Jean Jacques Rousseau e Immanuel Kant (século XVIII) exemplificam o 
ponto de vista segundo o qual existem determinadas categorias inatas no ser humano. 
No caso de Rousseau seria a bondade natural da criança; no caso de Kant, a existência 
de categorias inatas de pensamento. Rousseau também sugere uma divisão da infância em 
estágios, cada um dos quais apresentando características próprias e exigindo tratamento 
educacional diferenciado.
Vale ressaltar que é também nesse período (século XVII, XVIII) que movimentos culturais e 
religiosos como o IIuminismo e o Protestantismo, deram origem a uma visão de criança diferente 
daquela da Idade Média: até então considerava-se a criança como adultos menores, mais 
frágeis e menos inteligentes. Na Idade Média as crianças se tornavam aprendizes no sistema 
36 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
de trabalho a partir dos 7 anos, sob a tutela de um adulto, passando a ter responsabilidades 
que se tornavam progressivamente mais próximas das desse adulto.
Na nova visão, menos predeterminista e menos fatalista da existência da criança, muda sua 
posição na sociedade e cresce a importância do papel da sua educação.
Em síntese, a tradição filosófica do Inatismo ou Naturalismo de Kant e Rousseau e suas ideias 
sobre categorias inatas de pensamento, bondade natural da criança e divisão da infância em 
estágios com características próprias, dá suporte, na Psicologia Evolutiva do século XX, aos 
posicionamentos denominados ORGANÍSMICOS ou ORGANICISTAS.
Estas duas visões psicológicas, a mecanicista com ênfase na experiência e na aprendizagem 
dado o caráter adquirido das características do ser humano, e a organicista, que, sem 
desconsiderar a experiência, coloca ênfase nos processos de desenvolvimento que têm 
características universais porque têm raízes inatas, estão profundamente arraigadas na 
Psicologia Evolutiva.
Na perspectiva empiricista, que resulta da visão mecanicista de desenvolvimento, destacam-
-se para estudo os processos externos, mensuráveis e passíveis de serem operacionalmente 
definidos (Pedagogia Tecnicista).
Na perspectiva organicista a ênfase é colocada nos processos internos mais do que nos 
estímulos externos. Considerando os universais evolutivosda espécie humana, acredita que 
existe uma “necessidade evolutiva” que faz com que todas as pessoas evoluam de forma 
semelhante. Nesta ótica são admitidos conceitos que implicam inferências da realidade e que 
não podem ser, de forma alguma, quantificados.
Também nesta versão organísmica do processo evolutivo destaca-se mais uma característica, 
que seria o caráter teleológico do desenvolvimento, ou seja, o processo evolutivo é dirigido a 
uma determinada meta, algo semelhante ao ápice do desenvolvimento.
37PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Freud e Piaget representam a corrente organísmica do desenvolvimento, percebendo-se 
claramente em suas obras, apesar das diferenças que as distinguem; as ideias de estágios 
hierarquicamente ordenados por meio dos quais a criança evolui; a convicção do papel 
importante das experiências infantis no desenvolvimento psicológico posterior; a referência a 
processos internos não diretamente observáveis e quantificáveis e a descrição do processo 
de desenvolvimento orientado por uma meta (teleonômica) – para Freud a heterossexualidade 
genital adulta e para Piaget o êxito nas operações formais. 
Concluindo esta discussão sobre a importância dada à hereditariedade ou ao meio no 
processo de desenvolvimento, bem como a origem dessas posições, podemos apresentar a 
visão atualmente predominante na Psicologia sobre o tema. Segundo Papalia, Olds e Feldman 
(2009), algumas influências têm origem principalmente na hereditariedade – traços inatos ou 
características herdadas dos pais biológicos. Outras vêm do meio (interno e externo) – o mundo 
que está do lado de fora do eu e que começa no útero, e a aprendizagem como relacionada 
à experiência. Para as autoras, os cientistas já são capazes de definir com mais precisão, em 
uma determinada população, o papel da hereditariedade e do ambiente no desenvolvimento 
de alguns traços. Assim, embora traços como a inteligência, por exemplo, sejam influenciados 
fortemente pela hereditariedade, “a estimulação parental, a educação, a influência dos amigos 
e outras variáveis também a afetam” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009, p. 14).
Pode-se concluir, portanto, que embora ainda exista algum debate sobre a questão da 
importância relativa da natureza e da experiência no desenvolvimento, muitos teóricos 
acreditam que estes dois fatores operam juntos e estão buscando formas de determinar como 
essa operação se dá. 
FATOrES DETErMINANTES DO DESENVOLVIMENTO 
O estudo do desenvolvimento teve início no século XVIII, com as “biografias de bebês”. Alguns 
cientistas evolucionistas acreditavam que a observação do comportamento infantil poderia 
38 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
levar a uma melhor compreensão da espécie humana. O estudo do desenvolvimento na 
adolescência, quando esta etapa da vida passou a ser vista como um período específico do 
desenvolvimento, só aconteceu a partir do início do século XX e a inclusão de todo o ciclo da 
vida como objeto de estudo do desenvolvimento é ainda mais recente: só na década de 1920 
os psicólogos começaram a se interessar pelo envelhecimento. Atualmente, a maioria dos 
cientistas do desenvolvimento reconhece que este processo continua ao longo de toda a vida. 
Este conceito é conhecido como desenvolvimento do ciclo da vida e já existe uma estrutura 
teórica consistente para que se compreenda todo o processo de desenvolvimento. 
Para estudar o ciclo da vida os cientistas criaram uma divisão em períodos ou etapas. Vale 
ressaltar que esta divisão é uma construção teórica, ela é arbitrária e muitas vezes não se 
aplica igualmente a todas as sociedades, mas é amplamente aceita na sociedade para facilitar 
a compreensão dos processos de desenvolvimento. A seguir, apresentamos uma tabela que 
representa este ciclo.
Tabela 1: Principais desenvolvimentos típicos em oito períodos do desenvolvimento da 
criança
Faixa 
Etária
Desenvolvimento 
Físico
Desenvolvimento 
Cognitivo
Desenvolvimento 
Psicossocial
Período 
Pré-natal
(da con-
cepção ao 
nascimento)
Ocorre a concepção por 
fertilização normal ou 
por outros meios.
Desde o começo, 
a dotação genética 
interage com as 
influências	ambientais.
Formam-se as estruturas 
e os órgãos corporais 
básicos: inicia-se o 
surto de crescimento do 
cérebro.
O crescimento físico é o 
mais acelerado do ciclo 
de vida.
É grande a vulnerabi-
lidade	às	influências	
ambientais.
Desenvolvem-se as 
capacidades de aprender 
e lembrar, bem como as de 
responder aos estímulos 
sensoriais.
O feto responde à voz da 
mãe e desenvolve uma 
preferência por ela.
39PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Primeira 
Infância 
(do nasci-
mento 
aos 3 anos)
No nascimento, todos 
os sentidos e sistemas 
corporais funcionam em 
graus variados. 
O cérebro aumenta em 
complexidade e é 
altamente sensível à 
influência	ambiental.
O crescimento físico e o 
desenvolvimento das 
habilidades motoras são 
rápidos.
As capacidades de 
aprender e lembrar estão 
presentes, mesmo nas 
primeiras semanas.
O uso de símbolos e a 
capacidade de resolver 
problemas se desen-
volvem 
por	volta	do	final	do	
segundo ano de vida. 
A compreensão e o uso da 
linguagem se desenvolvem 
rapidamente.
Formam-se os vínculos 
afetivos com os pais e com 
outras pessoas.
A autoconsciência se 
desenvolve.
Ocorre a passagem da 
dependência para a auto-
nomia.
Aumenta o interesse por 
outras crianças.
Segunda 
Infância
(3 a 6 anos)
O crescimento é 
constante; a aparência 
torna-se mais esguia 
e as proporções mais 
parecidas com as de um 
adulto.
O apetite diminui e são 
comuns os problemas 
com o sono.
Surge a preferência pelo 
uso de uma das mãos; 
aprimoram-se as habi-
lidades	motoras	finas	e	
gerais e aumenta a força 
física.
O pensamento é um tanto 
egocêntrico, mas aumenta 
a compreensão do ponto 
de vista dos outros.
A imaturidade cognitiva 
resulta em algumas idéias 
ilógicas sobre o mundo.
Aprimoram-se a memória 
e a linguagem. 
A inteligência torna-se 
mais previsível.
É comum a experiência do 
maternal; mais ainda a da 
pré-escola.
O autoconceito e a com-
preensão das emoções 
tornam-se mais complexos; 
a auto-estima é global.
Aumentam a independên-
cia, a iniciativa e o autocon-
trole. 
Desenvolve-se a identidade 
de gênero. 
O brincar torna-se mais 
imaginativo, mais elaborado 
e, geralmente, mais social.
Altruísmo, agressão e temor 
são comuns.
A família ainda é o foco 
da vida social, mas outras 
crianças tornam-se mais 
importantes.
40 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Terceira 
Infância
(6 a 11 
anos)
O crescimento torna-se 
mais lento. 
A força física e as 
habilidades atléticas 
aumentam. 
São comuns as doenças 
respiratórias, mas de 
um modo geral a saúde 
é melhor do que em 
qualquer outra fase do 
ciclo de vida.
Diminui o egocentrismo. 
As crianças começam a 
pensar com lógica, porém 
concretamente.
As habilidades de memória 
e linguagem aumentam. 
Ganhos cognitivos 
permitem à criança 
beneficiar-se	da	instrução	
formal na escola. 
Algumas crianças 
demonstram necessidades 
educacionais e talentos 
especiais.
O autoconceito torna-se 
mais complexo, afetando a 
auto-estima.
A	co-regulação	reflete	um	
deslocamento gradual no 
controle dos pais para a 
criança. 
Os colegas assumem 
importância fundamental.
Adolescên-
cia
(11 a aprox.
20 anos)
O crescimento físico e 
outras mudanças são 
rápidas e profundas.
Ocorre a maturidade 
reprodutiva.
Os principais riscos para 
a saúde emergem de 
questões comportamen-
tais, tais como transtor-
nos alimentares e abuso 
de drogas.
Desenvolve-se a capaci-
dade de pensar em termosabstratos e de usar 
o	raciocínio	científico.
O pensamento imaturo 
persiste em algumas atitu-
des e comportamentos. 
A educação se concen-
tra na preparação para 
a faculdade ou para a 
profissão.
A busca pela identidade, in-
cluindo a identidade sexual, 
torna-se central.
O relacionamento com os 
pais geralmente amadu-
rece.
Os amigos podem exer-
cer	influência	positiva	ou	
negativa.
Início da 
Vida 
Adulta
(20 a 40 
anos)
A condição física atinge 
o auge, depois declina 
ligeiramente.
Opções de estilo de vida 
influenciam	a	saúde.
O pensamento e os julga-
mentos morais tornam-se 
mais complexos.
São feitas as escolhas 
educacionais e vocacio-
nais.
Traços e estilos de persona-
lidade tornam-se 
relativamente estáveis, 
mas as mudanças na 
personalidade podem ser 
influenciadas	pelos	estágios	
e eventos da vida. 
São tomadas decisões so-
bre relacionamentos íntimos 
e estilos de vida pessoais.
A maioria das pessoas 
casa-se	e	têm	filhos.
41PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Vida Adulta 
Inter-
mediária
(40 a 65 
anos)
Pode ocorrer uma 
lenta deterioração das 
habilidades sensoriais, 
da saúde, do vigor e da 
força física, mas são 
grandes as diferenças 
individuais. 
As mulheres entram na 
menopausa.
As capacidades mentais 
atingem o auge; a espe-
cialização e as habilidades 
relativas à solução de 
problemas práticos são 
acentuadas. 
A criatividade pode 
declinar, mas sua quali-
dade é melhor.
Para alguns, o sucesso 
na carreira e o sucesso 
financeiro	atingem	seu	
máximo; para outros, 
poderá ocorrer esgota-
mento ou mudança de 
carreira.
O senso de identidade 
continua a se desenvolver; 
pode ocorrer uma transição 
para a meia-idade.
A dupla responsabilidade 
pelo	cuidado	dos	filhos	
e dos pais idosos pode 
causar estresse. 
A	saída	dos	filhos	deixa	o	
ninho vazio.
Vida Adulta 
Tardia
(65 anos em 
diante)
A maioria das pessoas é 
saudável e ativa, embora 
geralmente haja 
um declínio da saúde e 
das capacidades físicas. 
O tempo de reação 
mais lento afeta alguns 
aspectos funcionais.
A maioria das pessoas é 
mentalmente alerta. Embo-
ra inteligência e memória 
possam se deteriorar em 
algumas áreas, a maioria 
das pessoas encontra 
meios de compensação.
A aposentadoria pode 
oferecer novas opções para 
o aproveitamento do tempo. 
As pessoas desenvolvem 
estratégias	mais	flexíveis	
para enfrentar perdas pes-
soais e a morte iminente.
O relacionamento com 
a família e com amigos 
íntimos pode proporcionar 
um importante apoio. 
A	busca	de	significado	
para a vida assume uma 
importância fundamental.
Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009, pp. 12-13)
42 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
MATUrAÇÃO E AMBIENTE
Define-se maturação como “o desdobramento de uma sequência natural de mudanças físicas 
e padrões de comportamento, que incluem a prontidão para adquirir novas habilidades como 
andar e falar”, resultantes de mudanças biológicas no corpo e no cérebro (PAPALIA; OLDS; 
FELDMAN, 2009, p. 14). 
Os estudiosos do Desenvolvimento parecem concordar sobre a importância do papel da 
maturação na emergência de capacidades típicas da primeira e da segunda infância. Pode-se, 
portanto, atribuir à maturação a emergência daqueles processos comuns a todos os indivíduos. 
Os eventos maturacionais, que embora apareçam em momentos ou ritmos diferentes, mantêm 
uma média de idade, decorrem das características herdadas do indivíduo. Dentre eles podemos 
citar a primeira palavra, o primeiro passo, a primeira menstruação, o desenvolvimento do 
pensamento lógico, a menopausa dentre outros. Vê-se que não são eventos relacionados 
apenas ao desenvolvimento biológico, mas também intelectual.
Considerando o desenvolvimento intelectual, a visão maturacional levou à criação do conceito 
de Prontidão. Para Watson (1982 apud OLSON; TORRANCE, 2000), o conceito de Prontidão 
tem origem nas ideias de Comenius (1592-1670) que acreditava que a criança não estava 
pronta para o ensino formal antes dos seis anos.
Já Rousseau (1712-1778) que tinha uma visão mais naturalista sobre as sensibilidades e 
capacidades iniciais da criança e defendia a importância das experiências iniciais para o 
desenvolvimento, via a instrução formal como complemento à experiência que “não deveria 
ser imposta até que as sensibilidades naturais da criança estivessem suficientemente 
desenvolvidas, no final da infância ou na adolescência” (OLSON; TORRANCE, 2000, p. 132). 
William James (1842-1910) também argumentava a favor do início tardio do ensino formal, em 
função da imaturidade intelectual da criança.
43PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Dewey (1859-1952), embora defendesse a possibilidade de desenvolvimento por meio da ati-
vidade da criança e a prontidão como dependente da interação entre a maturação e a expe-
riência da criança ativa, acreditava que o ensino formal (da leitura) deveria esperar até que a 
criança chegasse aos oito anos de idade. Argumentava que “a mente da criança pré-escolar é 
amplamente indiferenciada e egocêntrica” (OLSON; TORRANCE, 2000, p. 133).
No século XX a noção de prontidão surge na teoria de aprendizagem de Torndike (1874-1949). 
O autor falava de “unidades de condução neuronal” que são ativadas quando determinado 
potencial de estímulo é satisfeito, mas defendia que haveria uma progressão constante por 
meio de vários platôs de capacidades gerais, portanto maturacionais.
Continuando a apresentar o processo histórico de construção do conceito de prontidão e sua 
influência no processo de aprendizagem formal, Olson e Torrance (2000) definem prontidão 
como a maturidade biológica da criança que prepara e possibilita a aprendizagem. Nesta 
perspectiva, qualquer forma de apressar ou interferir no desenvolvimento seria considerado 
prejudicial. 
Pensando o ensino formal condicionado a esta premissa, a solução seria esperar até que 
a criança tenha amadurecimento suficiente para aprender, isto é, que esteja pronta. Vimos 
a aplicação deste princípio à educação até bem recentemente, quando o processo de 
alfabetização era condicionado pela prontidão, o que resultava em submeter o ingresso da 
criança na educação formal ao atingimento da maturação biológica, aos seis ou sete anos de 
idade. 
Atualmente, existem métodos de pesquisa capazes de determinar com mais precisão, em 
uma determinada população, o papel da hereditariedade e do meio no desenvolvimento de 
alguns traços específicos, no entanto ainda existe muita discussão e polêmica sobre o tema 
da influência destes fatores no desenvolvimento, e parece haver um predomínio entre teóricos 
e pesquisadores acerca da interação entre os dois fatores: há uma combinação entre meio e 
hereditariedade na definição do processo de desenvolvimento.
44 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Olson e Torrance (2000), em uma abordagem inovadora, definem um novo conceito de 
prontidão presente atualmente nas nossas escolas, decorrente das novas visões de escola, 
de sala de aula e de educação, das descobertas da Psicologia do Desenvolvimento e das 
“novas pedagogias”. Tal visão define prontidão como a capacidade adaptativa das crianças a 
exigências institucionais, que envolvem demandas sociais, físicas e intelectuais4.
Em relação às influências ambientais, considerando que os seres humanos são seres sociais 
e que o desenvolvimento não ocorre de forma descontextualizada, Papalia, Olds e Feldman 
(2009, pp. 15-19) apresentam um conjunto de fatores que interferem no desenvolvimento. As 
autoras citam a família, os condicionantes socioeconômicos e a vizinhança, cultura e etnia, raça 
e etnia e contexto histórico. O contexto familiar, que é afetado pelos demais e tem atualmente 
uma nova configuração, será abordado mais adiantena unidade V. No entanto, trazemos a 
seguir os conceitos condensados dos fatores apresentados pelas autoras.
•	 Ambiente – totalidade das influências não hereditárias ou experienciais sobre o desen-
volvimento.
•	 Família nuclear – unidade econômica e doméstica que compreende laços de parentesco 
envolvendo duas gerações e que consiste em um ou dois genitores e seus filhos biológi-
cos, adotados ou enteados.
•	 Família extensa – rede de parentesco envolvendo muitas gerações formadas pelos pais, 
filhos e outros parentes às vezes vivendo juntos no mesmo lar.
•	 Condições socioeconômicas – combinação de fatores econômicos e sociais que descre-
vem um indivíduo ou uma família, que incluem renda, educação e ocupação.
•	 Cultura – modo de vida global de uma sociedade ou de um grupo, que inclui costumes, 
tradições, crenças, valores, linguagem e produtos materiais – todo comportamento adqui-
rido que é transmitido dos pais para os filhos.
•	 Grupo étnico – grupo unido por ancestralidade, raça, religião, língua e/ou origens nacio-
nais que contribuem para formar um senso de identidade comum.
4 Para um maior domínio das ideias desses autores apresentamos, ao final desta unidade, o tópico, na íntegra, no 
qual eles apresentam o novo conceito de prontidão.
45PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
Papalia, Olds e Feldman (2009) trazem em sua obra uma interpretação do desenvolvimento 
afetado por todos os fatores anteriormente indicados e ressaltam que cada um deles pode 
influir diferentemente, em função do momento em que estão presentes na vida dos indivíduos. 
Em relação ao momento do desenvolvimento em que os fatores atingem o indivíduo, que 
determina o seu efeito, as autoras apresentam o conceito de períodos críticos ou sensíveis. 
Os períodos críticos seriam “intervalos de tempo específicos em que um determinado evento 
[ou fator] ou sua ausência causa grande impacto sobre o desenvolvimento” (PAPALIA; OLDS; 
FELDMAN, 2009, p. 21). Exemplos desses períodos, que deixam bem clara a sua importância 
para o desenvolvimento, são relacionados à vida intrauterina. Mães submetidas a raios X ou 
que ingerem determinados medicamentos, ou contraem doenças, podem ter efeitos nocivos 
específicos sobre seus fetos. Na infância, alguns tipos de experiências também podem impedir 
o desenvolvimento de habilidades específicas, como no exemplo dado pelas autoras da 
incapacidade de focar os dois olhos no mesmo objeto, que se não for corrigida cirurgicamente 
logo no início da infância pode impedir o desenvolvimento da percepção de profundidade.
Outro conceito importante relacionado ao desenvolvimento é o da plasticidade. Esse concei-
to, em contraposição ao conceito de períodos críticos, gera polêmica entre os cientistas, pois 
sabe-se que mesmo no domínio biológico/neurológico há uma “modificabilidade de desempe-
nho”, uma capacidade adaptativa do indivíduo que pode levá-lo a superar os efeitos dos fatores 
ambientais. Tal polêmica leva as autoras a sugerirem o uso do termo períodos sensíveis (ao 
invés de críticos) para definir quais aspectos do comportamento são mais sensíveis aos efeitos 
do ambiente, e em que momento do desenvolvimento. Leia, na continuidade deste item, um 
exemplo apresentado pelas autoras sobre os efeitos diferenciados de um evento (a grande 
depressão americana da década de 1930), em função da idade e condição social.
46 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
APrOFUNDANDO O CONHECIMENTO
O Estudo do Ciclo de Vida: Crescendo em Tempos Difíceis5
Devemos nossa percepção da necessidade de olhar para o curso da vida em seu contexto histórico e 
social, em parte, a Glen H. Elder Jr. Em 1962, Elder chegou ao campus da Universidade da Califórnia, 
em Berkeley, para trabalhar no Estudo sobre Crescimento de Oakland, um estudo longitudinal sobre o 
desenvolvimento social e emocional em 167 jovens urbanos nascidos em torno de 1920, aproximada-
mente metade deles de lares de classe média. O estudo havia começado no início da Grande Depres-
são da década de 1930, quando os participantes, que tinham passado a infância no boom dos formi-
dáveis anos 1920, estavam entrando na adolescência. Elder observou como a ruptura da sociedade 
pode alterar processos familiares e, por meio deles, o desenvolvimento da criança (ELDER, 1974).
Assim	como	o	estresse	econômico	mudava	a	vida	dos	pais,	também	mudava	a	vida	dos	filhos.	Famí-
lias que passavam por privações alteraram os papéis econômicos. Os pais, preocupados com a perda 
de emprego e irritados com a perda de status dentro da família, às vezes bebiam muito. As mães que 
conseguiam um emprego assumiam maior autoridade parental. Os pais discutiam com mais freqüên-
cia.	Os	adolescentes	tendiam	a	demonstrar	dificuldades	no	desenvolvimento.	
Para os meninos, porém, os efeitos de longo prazo dessa provação não foram totalmente negativos. 
Aqueles que obtiveram empregos como ajudantes tornaram-se mais independentes e estavam mais 
capacitados para escapar da estressante atmosfera familiar do que as meninas, que ajudavam em 
casa. Quando homens, esses meninos seriam fortemente orientados para o trabalho, mas também 
valorizariam	as	atividades	da	família	e	cultivariam	em	seus	filhos	a	confiabilidade.	
Elder observou que os efeitos de uma grande crise econômica depende do estágio de desenvolvimento em 
que se encontra a criança. As crianças da amostra de Oakland já eram adolescentes na década de 1930. Já 
podiam contar com seus próprios recursos emocionais, cognitivos e econômicos. Uma criança nascida em 
1929 seria totalmente dependente da família. Por outro lado, os pais dos jovens de Oakland, sendo 
mais velhos, talvez tenham sido menos resistentes em lidar com a perda do emprego, e sua vulne-
rabilidade	emocional	pode	muito	bem	ter	afetado	o	caráter	da	vida	familiar	e	a	educação	dos	filhos.
Cinqüenta anos depois da Grande Depressão, no começo da década de 1980, grandes aumentos nas 
taxas de juros, combinados a quedas bruscas no valor de terras agrícolas no meio-oeste e nos preços 
5 PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W.; FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento Humano. São Paulo: McGraw-Hill, 
2009, p. 20.
47PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância
dos	produtos	agrícolas,	endividaram	muitas	famílias	e	fizeram	outras	tantas	perder	suas	propriedades.	
Essa crise na agricultura deu a Elder a oportunidade de replicar sua pesquisa anterior, desta vez num 
cenário rural. Em 1989, ele e seus colegas (CONGER e ELDER, 1994; CONGER et al., 1993) entre-
vistaram 451 famílias de agricultores de pequenas cidades em Iowa, cada um com pai e mãe na casa, 
uma criança na sétima série e um irmão ou irmã de quatro anos ou menos. Os pesquisadores também 
filmaram	as	interações	familiares.	Como	praticamente	não	havia	minorias	vivendo	em	Iowa	naquele	
tempo, todas as famílias participantes eram brancas.
Como	no	estudo	da	era	da	Depressão,	muitos	desses	pais	de	zona	rural,	sob	pressão	das	dificuldades	
financeiras,	passaram	a	 ter	problemas	emocionais.	Pais	deprimidos	apresentavam	maior	probabili-
dade	de	brigar	entre	si	e	de	maltratar	os	filhos	ou	se	afastar	deles.	Os	filhos,	por	sua	vez,	tendiam	a	
perder	a	autoconfiança,	ser	mal	vistos	e	a	fracassar	na	escola.	Na	década	de	1930,	esse	padrão	de	
comportamento parental havia sido menos verdadeiro em relação às mães, cujo papel econômico 
antes do colapso tinha sido mais secundário, mas na década de 1980, padrões semelhantes adequa-
vam-se tanto a pais quanto a mães (CONGER e ELDER, 1994; CONGER et al., 1993; ELDER, 1998).
Esse estudo, agora chamado de Family Transictions Project (Projeto de Transições Familiares), conti-
nua. Os membros da família têm sido entrevistados anualmente, enfatizando como uma crise familiar 
vivenciada no começo da adolescência afeta a transição para a idade adulta. Tanto para meninos 
quanto para meninas, apareceu um ciclo de auto-reforçamento. Eventos negativos como

Outros materiais

Outros materiais