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Professora Dra. Rachel de Maya Brotherhood PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO GrADUAÇÃO PEDAGOGIA MArINGÁ-Pr 2012 reitor: Wilson de Matos Silva Vice-reitor: Wilson de Matos Silva Filho Pró-reitor de Administração: Wilson de Matos Silva Filho Presidente da Mantenedora: Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria do NEAD: Willian Victor Kendrick de Matos Silva Coordenação Pedagógica: Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenação de Marketing: Bruno Jorge Coordenação Comercial: Helder Machado Coordenação de Tecnologia: Fabrício Ricardo Lazilha Coordenação de Curso: Márcia Maria Previato de Souza Supervisora do Núcleo de Produção de Materiais: Nalva Aparecida da Rosa Moura Capa e Editoração: Daniel Fuverki Hey, Fernando Henrique Mendes, Jaime de Marchi Junior, José Jhonny Coelho, Luiz Fernando Rokubuiti e Thayla Daiany Guimarães Cripaldi Supervisão de Materiais: Nádila de Almeida Toledo revisão Textual e Normas: Cristiane de Oliveira Alves, Janaína Bicudo Kikuchi, Jaquelina Kutsunugi e Maria Fernanda Canova Vasconcelos Ficha catalográfica elaborada pela Biblioteca Central - CESUMAR CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a distância: C397 Psicologia da educação/ Rachel de Maya Brotherhood - Maringá - PR, 2012. 178 p. “Graduação em Pedagogia - EaD”. 1. Didática. 2. Psicologia da educação. 3.Aprendizagem. 4. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 370.15 CIP - NBR 12899 - AACR/2 “As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir dos sites PHOTOS.COM e SHUTTErSTOCK.COM”. Av. Guedner, 1610 - Jd. Aclimação - (44) 3027-6360 - CEP 87050-390 - Maringá - Paraná - www.cesumar.br NEAD - Núcleo de Educação a Distância - bl. 4 sl. 1 e 2 - (44) 3027-6363 - ead@cesumar.br - www.ead.cesumar.br PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Professora Dra. Rachel de Maya Brotherhood 5PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância APrESENTAÇÃO DO rEITOr Viver e trabalhar em uma sociedade global é um grande desafio para todos os cidadãos. A busca por tecnologia, informação, conhecimento de qualidade, novas habilidades para liderança e solução de problemas com eficiência tornou-se uma questão de sobrevivência no mundo do trabalho. Cada um de nós tem uma grande responsabilidade: as escolhas que fizermos por nós e pelos nossos fará grande diferença no futuro. Com essa visão, o Cesumar – Centro Universitário de Maringá – assume o compromisso de democratizar o conhecimento por meio de alta tecnologia e contribuir para o futuro dos brasileiros. No cumprimento de sua missão – “promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária” –, o Cesumar busca a integração do ensino-pesquisa-ex- tensão com as demandas institucionais e sociais; a realização de uma prática acadêmica que contribua para o desenvolvimento da consciência social e política e, por fim, a democratização do conhecimento acadêmico com a articulação e a integração com a sociedade. Diante disso, o Cesumar almeja ser reconhecido como uma instituição universitária de referên- cia regional e nacional pela qualidade e compromisso do corpo docente; aquisição de compe- tências institucionais para o desenvolvimento de linhas de pesquisa; consolidação da extensão universitária; qualidade da oferta dos ensinos presencial e a distância; bem-estar e satisfação da comunidade interna; qualidade da gestão acadêmica e administrativa; compromisso social de inclusão; processos de cooperação e parceria com o mundo do trabalho, como também pelo compromisso e relacionamento permanente com os egressos, incentivando a educação continuada. Professor Wilson de Matos Silva Reitor 6 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Caro(a) aluno(a), “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 1996, p. 25). Tenho a certeza de que no Núcleo de Educação a Distância do Cesumar, você terá à sua disposição todas as condições para se fazer um competente profissional e, assim, colaborar efetivamente para o desenvolvimento da realidade social em que está inserido. Todas as atividades de estudo presentes neste material foram desenvolvidas para atender o seu processo de formação e contemplam as diretrizes curriculares dos cursos de graduação, determinadas pelo Ministério da Educação (MEC). Desta forma, buscando atender essas necessidades, dispomos de uma equipe de profissionais multidisciplinares para que, independente da distância geográfica que você esteja, possamos interagir e, assim, fazer-se presentes no seu processo de ensino-aprendizagem-conhecimento. Neste sentido, por meio de um modelo pedagógico interativo, possibilitamos que, efetivamente, você construa e amplie a sua rede de conhecimentos. Essa interatividade será vivenciada especialmente no ambiente virtual de aprendizagem – AVA – no qual disponibilizamos, além do material produzido em linguagem dialógica, aulas sobre os conteúdos abordados, atividades de estudo, enfim, um mundo de linguagens diferenciadas e ricas de possibilidades efetivas para a sua aprendizagem. Assim sendo, todas as atividades de ensino, disponibilizadas para o seu processo de formação, têm por intuito possibilitar o desenvolvimento de novas competências necessárias para que você se aproprie do conhecimento de forma colaborativa. Portanto, recomendo que durante a realização de seu curso, você procure interagir com os textos, fazer anotações, responder às atividades de autoestudo, participar ativamente dos fóruns, ver as indicações de leitura e realizar novas pesquisas sobre os assuntos tratados, pois tais atividades lhe possibilitarão organizar o seu processo educativo e, assim, superar os desafios na construção de conhecimentos. Para finalizar essa mensagem de boas-vindas, lhe estendo o convite para que caminhe conosco na Comunidade do Conhecimento e vivencie a oportunidade de constituir-se sujeito do seu processo de aprendizagem e membro de uma comunidade mais universal e igualitária. Um grande abraço e ótimos momentos de construção de aprendizagem! Professora Gislene Miotto Catolino Raymundo Coordenadora Pedagógica do NEAD - CESUMAR 7PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância APrESENTAÇÃO Livro: PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO Professora Dra. Rachel de Maya Brotherhood Prezado(a) Acadêmico(a), nossa disciplina, Psicologia da Educação, é um dos fundamentos da prática pedagógica. Seu estudo nos possibilita uma visão do educando por meio de seus processos de desenvolvimento e também descreve as maneiras como a aprendizagem ocorre e quais são os seus condicionantes. Sabendo da importância dessa disciplina e também do seu apelo motivacional para todos os acadêmico(a)s, pois também favorece a compreensão dos nossos próprios processos de desenvolvimento, espero que você encontre no seu estudo o prazer da busca de uma qualificação que possa fazer da profissão docente o seu futuro e também a compreensão do seu próprio eu, pelo entendimento dos processos de sua construção. Esse último objetivo facilitará sua constituição profissional, que pressupõe uma identidade própria e adequada à ação docente. Como profissional da educação, atuando no campo da docência e, mais especificamente do ensino da Psicologia Escolar, adquiri consciência da importância de uma abordagem pluridisciplinar dos fenômenos que ocorrem na escola, dentre os quais se incluem os processos de desenvolvimento e aprendizagem de crianças e jovens. Assim, a Psicologia é um dentre outros fundamentos da ação educativa. Mas também tenho consciência do papel de destaque da Psicologia, base de compreensão dos fenômenos individuais e dos fenômenos sociais que condicionam e ao mesmo tempo resultam dos processos educativos que ocorremno contexto escolar. Outro ponto importante a ressaltar é que como as teorias explicativas dos processos de desenvolvimento e aprendizagem foram construídas em diferentes realidades históricas e retratam esses momentos, não podemos simplesmente aplicá-las em nossos contextos de forma acrítica; faz-se necessário, na sua apropriação, analisar a realidade concreta da escola como forma de adequar as teorias a tal realidade, o que pode exigir desvelamentos e adequações das propostas que queremos implementar. Assim, espero que você faça uma reflexão crítica sobre as teorias apresentadas e busque, a partir destes referenciais, refletir sobre a prática pedagógica possível e necessária para que a 8 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância escola possa contar com o vigor e a esperança da sua ação fundamentada cientificamente para promover uma transformação social na busca de realidades mais justas, igualitárias e solidárias. Gostaria ainda de destacar que no processo de Educação a Distância o material disponibilizado para os alunos é fundamental, pois é a principal forma de acesso do acadêmico ao conhecimento organizado. Por intermédio dele você acessa o conteúdo das disciplinas, encontra formas de aplicar esses conteúdos à sua realidade concreta e imediata, encontra indicações de outras fontes de pesquisa e entra em contato com ideias que lhe permitem dialogar com os professores e construir assim o seu próprio conhecimento. Porém, para que estes objetivos sejam alcançados, é necessário que o seu acesso ao texto se dê de forma dialógica, ou seja, que você possa interagir com o texto, que ele possa contribuir para que você compreenda as diferentes linguagens e mídias e possa relacioná-las, interpretá- -las. Assim, você será um leitor competente e poderá se inserir nas inúmeras práticas sociais de linguagem, seja estudando a matéria, seja navegando na internet ou lendo um artigo cientí- fico ou uma história em quadrinhos, ou lendo gráficos e tabelas, ou decodificando uma pales- tra, sempre por meio da aplicação dos conhecimentos disponibilizados nos diferentes textos. Eu sou a professora Rachel Brotherhood e elaborei este material sobre Psicologia da Educação. Quero ajudá-lo a ler o material para que ele atinja seu objetivo. A finalidade desta Apresentação é favorecer a sua compreensão do livro, que trata dos processos psicológicos e sociais que ocorrem na escola, como ressaltamos no início deste item. Sabemos que educar é uma tarefa de todos (família, comunidade, mídia e escola), no entanto, no século XXI, a escola tem uma ampla responsabilidade não apenas com a transmissão dos conteúdos acadêmicos, como era antigamente, mas também com a transmissão de códigos culturais específicos, de valores, princípios éticos e até com a educação doméstica! E diante desta responsabilidade, que lhe é atribuída em função de falta de tempo ou de preparo, sobretudo, da família, para assumir o que era considerado seu papel até há pouco tempo (como a educação doméstica, por exemplo, ou o estabelecimento de limites para as crianças e jovens), cabe aos educadores buscarem compreender a atuar nestas áreas. Por outro lado, a aquisição de conteúdos acadêmicos, ou seja, a aprendizagem escolar sistematizada, o saber formal (princípios, teorias, interpretações) que foi produzido pelas gerações e culturas anteriores, continua sendo de responsabilidade desta mesma escola. 9PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Há ainda o processo de desenvolvimento das funções mentais superiores das crianças e jovens, que precisa, para ser efetivado, de ambientes favoráveis, tanto ambiente físico, como social e cognitivo. Cabe também à escola e aos professores promovê-lo. Assim, para prepará-lo para esta tarefa, para que você seja capaz de atuar em todas estas áreas, a disciplina Psicologia da Educação traz ferramentas para que você compreenda melhor os processos de aprendizagem e desenvolvimento intelectual, afetivo e social dos alunos. Este é o significado e o objeto de estudo do ramo da Ciência denominado Psicologia da Educação. Sobre este tema leia, no final da unidade I, uma entrevista com o professor Lino de Macedo, um eminente pesquisador e professor desta disciplina na Universidade de São Paulo (USP) e uma das mais respeitadas personalidades brasileiras na área. Você já pensou neste ramo do conhecimento? Ele reúne estudos de diversas áreas. Sabemos que o ser humano é multidimensional e multifacetado, não é? Temos muitas possibilidades, vemos muitas coisas ao mesmo tempo e nos envolvemos com elas! Fazemos escolhas, investimos energia (ou não) nessas escolhas. Por exemplo, nossos sentidos são “bombardeados” frequentemente por estímulos diferentes. Pense no seu final de semana... você pode ir a um passeio com amigos, ir para a “balada”, ficar em casa descansando, assistindo um filme que você goste, dormir (!), compartilhar experiências nas redes sociais, ou... estudar a matéria do curso que está fazendo a Distância... O que determina a sua escolha? Seus planos para o futuro? Sua necessidade individual de demonstrar à sua família e/ou a você próprio que pode ter sucesso? A necessidade profissional, de promoção, por exemplo, que o diploma trará? O interesse pessoal pela matéria? Esta escolha envolve processos sociais, cognitivos e afetivos. E esses processos são explicados pela Psicologia da Educação. Para explicá-los a Psicologia lança mão da sociologia, da epistemologia, da antropologia, dentre outras ciências cujo objeto de estudo também é o ser humano. Na unidade I definiremos aprendizagem e mostraremos que o sentido deste termo está ligado a diferentes visões epistemológicas. Assim, no início do nosso livro, conceituaremos aprendizagem, seus objetivos e outros conceitos básicos, como os conceitos de metacognição, raciocínio e estratégias de aprendizagem, além de apresentarmos alguns fatores interferentes no processo, e indicarmos as possibilidades de trabalhar com estes conceitos, isto é, as diferentes teorias pedagógicas às quais eles correspondem. Abordar-se-á também os objetivos do processo formal de educação. 10 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Na unidade II abordaremos algumas teorias explicativas do desenvolvimento. Inicialmente, falando de determinantes do desenvolvimento, destacaremos as diferentes posturas e ênfases nos determinantes genéticos e ambientais. Em seguida, falaremos das teorias de desenvolvimento. Apresentar-se-ão conceitos básicos da Análise do Comportamento, prática que se apoia nos princípios do Behaviorismo para explicar a aprendizagem. Esta é uma teoria que enfatiza o papel previsível do ambiente como causa do comportamento observável. A unidade descreverá como se dá o processo de condicionamento, o que são estímulos, respostas e reforços e como os comportamentos condicionados podem ser extintos ou “esquecidos”. O estudo desta abordagem é importante porque nos permite compreender alguns comportamentos habituais (hábitos) que nós estabelecemos e que os nossos alunos estabelecem em suas vidas, e assim poderemos trabalhar para eliminar estes hábitos e comportamentos, às vezes indesejáveis e prejudiciais ao processo de aprendizagem, e/ou de constituir outros. Em seguida, abordamos o Construtivismo Interacionista e Sociointeracionista. Nesta abordagem, a ênfase concentra-se nos processos de pensamento e nos comportamentos que refletem tais processos. Por meio desses comportamentos estudamos os próprios processos, por inferência. Inferir é tirar conclusão, deduzir pelo raciocínio. Por exemplo, como podemos saber que uma pessoa é honesta? Inferimos sua honestidade pelos seus atos; assim é possível estudar, por inferência, processos mentais que não são “visíveis”, mas que ocorrem no indivíduo. Para demonstrar o construtivismo apresentaremos os pontos de vista de Piaget e Vygotsky so-bre como se aprende. As duas teorias, a Epistemologia Genética (Piaget) e a Teoria Histórico- -Cultural (Vygotsky) são construtivistas. Piaget enfatiza o processo de construção de novos conhecimentos a partir dos conhecimentos anteriores, mas com uma explicação baseada na biologia, na qual ele analisa a construção de estruturas por um processo de equilibrações sucessivas, ou seja, cada nova estrutura decorre de estruturas anteriores já constituídas na mente dos indivíduos. Essas estruturas vão se tornando cada vez mais complexas por um processo de reconstrução possibilitado pelo meio. Para entender este processo o livro apre- sentará conceitos como assimilação, acomodação, adaptação, que fazem parte da teoria da Equilibração. Já Vygotsky coloca mais ênfase nas relações sociais, nos fatores contextuais mediados que 11PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância afetam o desenvolvimento. Para este autor, a criança aprende por meio de internalizações possibilitadas pela interação social. Pode-se dizer, portanto, que a teoria de Vygotsky é uma teoria sociocultural enquanto a de Piaget é uma teoria interacionista, mas com menos ênfase no social. Estas abordagens diferentes também geram diferentes metodologias de ensino e de aprendizagem, mas ambas têm em comum a visão de que o conhecimento é uma “construção” do indivíduo. Dando continuidade às abordagens do processo de aprendizagem/desenvolvimento, chegamos ao Humanismo. Este tira o foco da aprendizagem tanto dos processos cognitivos como do processo de condicionamento e o coloca na visão do indivíduo como constituído de várias dimensões, em que a dimensão afetiva atinge diretamente as dimensões cognitiva e comportamental. Destacamos para você que a tendência da Psicologia da Educação, na atualidade, é colocar a ênfase dos estudos no contexto e no componente social do desenvolvimento. Assim, podemos ver na teoria de Vygotsky que a atenção dos pesquisadores, no estudo do desenvolvimento, se desloca do indivíduo (Behaviorismo, Construtivismo Piagetiano) para unidades sociais mais amplas, como pais e filhos, irmãos, a família inteira, a vizinhança e as instituições sociais de um modo geral, que são significativos para este processo. Dando continuidade, na unidade III será feita uma apresentação da teoria de desenvolvimento de Piaget. Inicialmente, apresentaremos o desenvolvimento cognitivo como descrito pelo autor. Na unidade anterior, quando falamos de Piaget, descrevemos a forma como ele explica o processo de cognição. Aqui você vai ter contato com a visão de Piaget sobre o processo de desenvolvimento. Para ele, o desenvolvimento cognitivo da criança avança em uma série de quatro estágios que envolvem tipos qualitativamente distintos de operações mentais: 1. Estágio Sensório-motor – 0 a 2 anos. 2. Estágio Pré-operacional – 2 a 7 anos. 3. Estágio das Operações Concretas – 7 a 12 anos. 4. Estágio das Operações Formais – 12 anos em diante. Nosso texto vai levar você à compreensão de cada um dos estágios acima e também destacar 12 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância o processo de desenvolvimento moral, face à importância da compreensão desta dimensão na sociedade atual. Focamos também as ações adequadas, que possam favorecer o avanço do desenvolvimento das crianças e dos jovens por meio de cada um dos estágios descritos. A seguir, na unidade IV, abordaremos o processo de desenvolvimento da personalidade, com uma apresentação da Teoria Psicanalítica de Sigmund Freud. Podemos definir psicanálise como “o conjunto das teorias de Freud (Sigmund Freud, 1856-1939) e seus discípulos, concernente à vida psíquica consciente e inconsciente” (FERREIRA, 1993, p.45). Uma abordagem psicanalítica do desenvolvimento é a busca de uma explicação dos processos de desenvolvimento ou a tentativa de explicar os fatos relativos a esses processos, pelos conceitos fundamentais da psicanálise. Freud defende que o desenvolvimento humano é moldado por forças inconscientes. Freud dividiu a personalidade em três componentes hipotéticos, o id, o ego e o superego, que serão vistos na unidade IV. Agora que já apresentamos algumas das principais teorias que explicam o processo de aprendizagem e desenvolvimento do ser humano, abordar-se-á, na unidade V, temas de relevância para a sociedade contemporânea em relação a tais processos. Esses temas foram selecionados dentre outros que também são importantes. O critério de escolha dos mesmos foram seus reflexos no ambiente escolar e sua força determinante no processo de aprender e na relação professor-aluno. Falaremos de violência, um tema que perpassa vários outros, tais como relações na escola, falta de interesse ou de esforço nas atividades escolares, constituição familiar, consumismo etc. A violência escolar (bullying) é hoje uma questão que tem se tornado de fórum policial e resulta em consequências extremamente negativas para as pessoas envolvidas e para o ambiente escolar. Faz-se necessário, portanto, um conhecimento também teórico sobre o tema e sobre as formas de enfrentá-lo para que o professor se prepare para contribuir para a sua superação. Abordaremos ainda, nesta unidade, o conceito e a importância da família na formação do indivíduo, a Educação Moral e a Socialização, e diferentes maneiras de enfrentar os dilemas da Escola. Você tem tido contato direto ou indireto com essas questões? Elas têm estado presentes na 13PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância sua experiência individual enquanto aluno e/ou profissional (professor ou não)? Na leitura desta quinta unidade procure questionar o texto, dialogar com ele, complementá-lo e enriquecê-lo com sua própria experiência. No final de nosso material procuraremos apresentar uma forma de enfrentar as novas demandas educacionais com as quais nos deparamos atualmente, com ênfase no ensino para a compreensão, e assim encaminhar propostas de formação de competências pedagógicas para você, futuro(a) educador(a)/professor(a), que lhes possibilitem articular os fundamentos teórico- epistemológicos da educação à vivência de situações concretas e à investigação educativa. Esperamos, com este enfoque da Psicologia da Educação, favorecer sua formação profissional dando ao ensino um caráter de prática social viva e multidisciplinar, cientificamente fundamentada e individualmente compreendida e construída. BOM ESTUDO! PROFESSORA RACHEL SUMÁrIO UNIDADE I APRENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO: CONCEITOS BÁSICOS APRENDIZAGEM ....................................................................................................................24 FATORES QUE INFLUENCIAM A APRENDIZAGEM ............................................................32 DESENVOLVIMENTO .............................................................................................................33 A PSICOLOGIA EVOLUTIVA NO SÉCULO XX ......................................................................34 FATORES DETERMINANTES DO DESENVOLVIMENTO ....................................................37 MATURAÇÃO E AMBIENTE ...................................................................................................42 UNIDADE II TEORIAS DE DESENVOLVIMENTO E APRENDIZAGEM DIFERENTES ABORDAGENS TEÓRICAS DO PROCESSO DE APRENDIZAGEM .............62 COGNITIVISMO ......................................................................................................................66 A EPISTEMOLOGIA GENÉTICA ............................................................................................67 A ABORDAGEM SÓCIO-HISTÓRICA ....................................................................................70 HUMANISMO ..........................................................................................................................74 UNIDADE III DESENVOLVIMENTOSÓCIOCOGNITIVO NA INFÂNCIA E NA ADOLESCÊNCIA O DESENVOLVIMENTO SEGUNDO JEAN PIAGET ..............................................................81 O DESENVOLVIMENTO MORAL ...........................................................................................91 MORAL DA OBEDIÊNCIA E MORAL DE COOPERAÇÃO ....................................................91 UNIDADE IV O DESENVOLVIMENTO DA PERSONALIDADE PERSONALIDADE: CONCEITOS BÁSICOS ........................................................................101 A TEORIA PSICANALÍTICA DE SIGMUND FREUD ............................................................104 UNIDADE V TEMAS EMERGENTES NA ESCOLA CONTEMPORÂNEA VIOLÊNCIA, SOCIALIZAÇÃO E EDUCAÇÃO MORAL ........................................................120 OS CONCEITOS ENVOLVIDOS ...........................................................................................121 VIOLÊNCIA E INDISCIPLINA ...............................................................................................122 VIOLÊNCIA NA ESCOLA – O BULLYING ............................................................................125 EDUCAÇÃO MORAL ...........................................................................................................135 NORMATIZAÇÃO ..................................................................................................................135 EMANCIPAÇÃO ....................................................................................................................138 ATUANDO NA FORMAÇÃO INTELECTUAL .......................................................................142 AMBIENTE FAMILIAR ...........................................................................................................145 ATUANDO NA ÁREA DA INTERAÇÃO SOCIAL: UMA PROPOSTA TEÓRICA...................154 ATUANDO NA FORMAÇÃO MORAL DO INDIVÍDUO .........................................................164 CONCLUSÃO .......................................................................................................................173 rEFErÊNCIAS ..................................................................................................................... 174 UNIDADE I APrENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO: CONCEITOS BÁSICOS Professora Dra. Rachel de Maya Brotherhood Objetivos de Aprendizagem • Estudar a Psicologia da Educação como área do conhecimento: objeto de estudo. • Verificar as principais dimensões da Psicologia da Educação. • Estudar o processo de desenvolvimento e aprendizagem: diferentes abordagens teóricas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: • Conceitos básicos de aprendizagem • Objetivos da aprendizagem • Fatores Intrapessoais e situacionais • Conceitos básicos de desenvolvimento • Determinantes do desenvolvimento • O estudo do “ciclo da vida” 21PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância INTrODUÇÃO APrENDIZAGEM E DESENVOLVIMENTO – CONCEITOS BÁSICOS Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M O Pedagogo é um profissional que tem uma influência decisiva e uma grande responsabilidade com a formação de crianças e jovens. Houve um período da história em que se achava que a responsabilidade da escola se limitava à transmissão de conhecimentos, de conteúdos ligados às diversas disciplinas e ciências, porém, atualmente, a educação escolar é assumida como prática libertadora e promotora do desenvolvimento integral do ser humano, o que envolve não apenas aspectos cognitivos, como dimensões emocionais e sociais, vez que o ser humano é um ser complexo, constituído por todas estas dimensões. Quando falamos em “prática promotora do desenvolvimento integral do ser humano” deixamos clara a crença de que o desenvolvimento é um processo influenciado pelo ambiente, que ocorre quando o potencial genético do indivíduo é levado a se manifestar pelos estímulos do meio, e, mais que isto, que o ambiente pode ajudar o aluno a superar limites e atingir patamares superiores de desenvolvimento, se favorecido pela ação do meio. Quando falamos em “prática libertadora” acreditamos que muitas vezes os limites colocados pela ação do meio social podem ser quebrados e superados pela ação direcionada da escola. 22 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Assim, fica clara a responsabilidade do Pedagogo, com os processos de desenvolvimento e aprendizagem do aluno. Atualmente, fala-se muito em resiliência, conceito definido como a capacidade de o indivíduo lidar com problemas, superar obstáculos ou resistir à pressão de situações adversas – choque, estresse etc. Alguns autores a definem como uma tomada de decisão quando alguém se depara com um contexto entre a tensão do ambiente e a vontade de vencer. Essas decisões propiciam forças na pessoa para enfrentar a adversidade. Assim entendido, pode-se considerar que a resiliência é uma combinação de fatores que propiciam ao ser humano condições para enfrentar e superar problemas e adversidades. Papalia, Olds e Feldman (2009), e Bee (2000) abordam o tema da resiliência e trazem resultados de pesquisa mostrando quais seriam esses fatores. Para saber mais leia, no final desta unidade, a síntese da pesquisa “A resiliência entre as crianças que crescem na pobreza”. A compreensão deste tema nos ajudará na compreensão do desenvolvimento. Os processos de desenvolvimento e aprendizagem são descritos e explicados pela Psicologia Escolar, ramo da Psicologia que estuda o ser humano nas dimensões consideradas e indica diretrizes para que os profissionais da Educação encaminhem com cientificidade a sua prática. Justifica-se, assim, a importância da disciplina Psicologia Escolar no currículo do curso de Pedagogia. Esta disciplina traz alguns conteúdos que irão permitir a compreensão do principal elemento do processo educacional, o aluno, favorecendo assim a prática pedagógica. Mas a escola de hoje além de se preocupar com o desenvolvimento individual do aluno, também trouxe para si a responsabilidade pelo desenvolvimento social do indivíduo e de contribuir para a inserção na comunidade de todos os seus alunos. Cabe-nos, então, buscar a compreensão do processo de desenvolvimento e de aprendizagem de crianças e jovens no contexto de sua realidade histórica, utilizando também os conhecimentos da Psicologia Social como parâmetro de estudo do educando. 23PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Desta forma, esperamos contribuir para levá-lo(a) a enfrentar o desafio acadêmico da atualidade, que é superar a visão da educação como busca de desenvolvimento individual, de aquisição de competências e habilidades, de autonomia intelectual (aprender a aprender) – visão liberal que prioriza o consumo da informação e a busca do conhecimento como instrumento de promoção individual – e substituí-la por uma visão crítica que dê outro significado à escolarização oportunizada pela escola, analisando suas condições objetivas, concretas, de instituição inserida em uma sociedade suscetível a mudanças e em permanente processo de transformação. Vamos estudar três dimensões do desenvolvimento humano essenciais para a compreensão do processo ensino-aprendizagem – o desenvolvimento da personalidade; o desenvolvimento da capacidade de conhecer e o desenvolvimento sociocultural. As teorias escolhidas para a análise destas dimensões são as de Freud, Piaget e Vygotsky, respectivamente. As duas primeiras são teorias desenvolvimentistas e a última é histórico-cultural. Freud e Piaget descrevem, por meio de estágios, os processos de desenvolvimento da criança e do adolescente, sobretudo, nos aspectos estruturais e motivacionais. Tais descrições, embora, aparentemente, desconsiderem o contexto histórico das manifestações do desenvolvimento, nos ajudam a entendercomo o indivíduo constrói sua imagem de mundo e de si próprio. Já Vygotsky aborda, sobretudo, a importância das interações e das mediações realizadas pelo outro (pais, professores, colegas) na promoção do desenvolvimento, destacando o papel da atividade e da interação social sobre o desenvolvimento e a aprendizagem. O desafio é, partindo dessas teorias, chegarmos à compreensão do indivíduo; buscando a compreensão do particular, mas o particular inserido no social, e uma compreensão dialética, dando corpo a uma reflexão sobre as múltiplas conexões destes processos individuais na unidade homem-mundo, considerando como referencial, sobretudo, o ambiente escolar, e como critério, a relação teoria-prática. 24 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância APrENDIZAGEM Descrevemos, a seguir, os principais enfoques dados pela Psicologia Educacional ao processo de Aprendizagem. Apresentaremos os pressupostos teóricos do Comportamentalismo, Construtivismo e Humanismo. Analisaremos algumas práticas pedagógicas preconizadas na atualidade (Skinner, Piaget, Vygotsky e Rogers). No entanto, iniciamos com uma apresentação de alguns conceitos e ideias que fundamentam as propostas pedagógicas que serão vistas. Aprendizagem – Conceitos Básicos Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M A Psicologia da Aprendizagem é um ramo da Psicologia Educacional cujo interesse, historicamente documentado, é “contribuir para a formação intelectual dos alunos com a qualidade de suas aprendizagens, bem como com o seu completo desenvolvimento pessoal e social” (BORUCHOVITCH; BZUNEK, 2004, p. 7). Muitas vezes, nas licenciaturas ou mesmo na pós-graduação, o aluno se pergunta por que precisa estudar psicologia se ele não pretende ser psicólogo. Acontece que a Pedagogia e a Psicologia têm o mesmo objeto de estudo, o ser humano, e são dois campos de ação nos quais as relações com o outro são o eixo central, e para construir a prática pedagógica nos 25PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância complexos espaços interativos da escola, precisamos buscar na psicologia o entendimento dessas relações; assim, a compreensão dos processos de aprendizagem e desenvolvimento possibilita a construção de novas práticas pedagógicas, mais efetivas. Voltando à definição de psicologia educacional, nela podemos identificar duas dimensões; a primeira dimensão é o processo de aprendizagem dos alunos. A segunda é o seu desenvolvimento pessoal e social. Vejamos como cada um desses dois pontos pode ser abordado. O objetivo de promover a aprendizagem começa a ser alcançado mediante a compreensão de COMO O ALUNO APRENDE. Esse fenômeno envolve PROCESSOS e FATORES. Em outras palavras, saber como acontece a aprendizagem constitui-se em elemento facilitador e promotor do desenvolvimento de estratégias de ensino mais eficazes. Enfocando os processos, vejamos alguns conceitos. • APRENDIZAGEM – comportamento novo e relativamente estável, que aparece em de- corrência da experiência ou do treino; uso de conhecimento na resolução de problemas, construção de novos significados, de novas estruturas cognitivas; aquisição de informa- ção etc. • COMO APRENDEMOS – por imitação, insight, condicionamento e raciocínio; o raciocínio é a forma de aprender exclusiva do ser humano. • RACIOCÍNIO – operação mental que envolve: prever, julgar, planejar, levantar hipóteses, fazer deduções. Avaliar a situação para encontrar soluções. O processo de ensino consiste em promover a aprendizagem do aluno. Sendo a aprendizagem um processo interno, a função da escola e do professor é levar o aluno a dominar este processo, desenvolvendo estratégias de aprendizagem. • ESTRATÉGIAS DE APRENDIZAGEM – ações mentais e comportamentos com os quais se envolve o aluno durante a aprendizagem, com o objetivo de realizar a codificação e assim possibilitar a aquisição e o processo de recuperação das informações armazena- das na memória. 26 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Tornar-se um processador de informações eficaz e conhecer diferentes estratégias de aprendizagem, bem como saber por que, como e quando usá-las, torna o sujeito um bom aprendiz. • OBJETIVOS – houve um momento na história da educação brasileira, quando o paradig- ma dominante era o do Tecnicismo (últimas décadas do século XX), em que os objetivos de aprendizagem, formulados de maneira comportamental, estavam voltados, sobretudo, para as questões de conteúdos. Nesta perspectiva, a pesquisa científica, a tecnologia educacional, a análise experimental do comportamento garantem a objetividade da prática escolar, uma vez que os objetivos instrucionais (conteúdos) resultam da aplicação de leis naturais que independem dos que a conhecem ou executam (LIBÂNEO, 1985, p. 29). Pode-se dizer que a formulação de objetivos educacionais como exigência para a realização de uma prática pedagógica eficiente, se traduzia, a partir de meados da década de 1950, na utilização da taxionomia de objetivos educacionais de Benjamim Bloom (domínio cognitivo 1956 e domínio afetivo 1964), proposta que sustentava o pragmatismo economicista norte- -americano e correspondia à Pedagogia Tecnicista (LUCKESI, 2011). Os objetivos comportamentais desta prática pedagógica deveriam colocar ênfase no conteúdo, mas definir critérios de execução e parâmetros de avaliação eficientes, capazes de direcionar a prática escolar. Funcionavam quase como uma “camisa de força” da ação do professor, não permitindo nenhuma flexibilidade e/ou adaptação às características dos alunos. Com o advento das denominadas Pedagogias Críticas, a formulação de objetivos foi amplamente atacada e finalmente perdeu seu significado no planejamento escolar. Atualmente, observa-se um movimento de retomada deste processo com uma conotação diferente (LUCKESI, 2011). O autor defende que há, na formulação de objetivos comportamentais, uma qualidade a ser retomada neste início de século XXI e argumenta que os objetivos trazem: O entendimento e a configuração clara do que se deseja ao exercitar as práticas pedagógicas no ensino escolar, formulado em termos precisos e organizados, tendo 27PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância por base processos fundamentais da psicologia humana relacionados com o ensino e a aprendizagem (LUCKESI, 2011, p. 39). Para Luckesi (2011, p. 39), a formulação de objetivos possibilita “uma gestão eficiente, que se assenta no tripé planejamento, execução efetiva e avaliação consistente” do processo educativo que considera os seus determinantes filosóficos e práticos1. O que se observa atualmente é que a educação tem trabalhado com objetivos mais amplos e está voltada para um enfoque pluridimensional da ação pedagógica, que considera as dimensões técnica, política, ética e estética, além da dimensão de transmissão e domínio dos conteúdos produzidos pela humanidade, pela ciência. Esta mudança de foco, esta ampliação do foco da ação educativa sistematizada, está ligada diretamente a uma visão mais política do processo educativo e à responsabilidade da Escola com a formação de cidadãos capazes de intervir na realidade por meio da criação de saberes e valores na busca da realização do bem comum. Assim, a finalidade do trabalho educativo seria, segundo Rios (2006, p. 61), uma Educação que buscaria “a realização do bem comum, como finalidade da ação coletiva dos seres humanos vivendo em sociedade”. Para cumprir esta finalidade a autora defende o equilíbrio na articulação de todas as capacidades dos seres humanos, tanto para intervir na realidade como para se relacionar com os seus semelhantes, no entanto, também enfatiza a importância dos conteúdos nesta ação e destaca que o valor deste conteúdo estaria em não se restringir a conceitos, mas englobar também comportamentos e atitudes como explicitado na seguinte citação:Se a educação é um processo contínuo de busca de um saber ampliado e aprofundado, de um viver inteiro, é preciso que os indivíduos estejam inteiros nesta busca. Ao lado da razão, a imaginação, os sentimentos, os sentidos são instrumentos de atuação na realidade e criação de saberes e valores. O bom ensino será, então, estimulador do desenvolvimento desses instrumentos/capacidades (RIOS, 2006, p. 61). 1 Leia na íntegra o artigo: LUCKESI, Cipriano. Taxonomia: de objetivos educacionais – sessenta anos depois. Educatrix: a Revista que pensa a Educação, Natal: Editora Moderna, ano 1, n. 1, pp. 39-47, set. 2011. Disponível em: <http://issuu.com/ed_moderna/docs/educatrix_edicao_01>. Acesso em: 22 jun. 2012. 28 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Este posicionamento corresponde à proposta pedagógica Progressista Libertadora de Paulo Freire que vê a educação como “uma atividade onde professores e alunos, mediatizados pela realidade que apreendem [...], atingem um nível de consciência dessa mesma realidade, a fim de nela atuarem num sentido de transformação social” (LIBÂNEO, 1985, p. 33). Paulo Freire, em seu livro Pedagogia da Autonomia (1996), abordando a formação do professor nesta perspectiva ampla e multidimensional, apresenta nove pressupostos da prática docente que contêm as diretrizes da sua doutrina2, e afirma que no processo de ensinar/aprender “participamos de uma experiência total, diretiva, política, ideológica, gnosiológica, pedagógica, estética e ética [...]” (FREIRE, 1996, p. 24). Esta citação nos mostra que o enfoque deste autor tão representativo do pensamento pedagógico da atualidade, coincide com a perspectiva de formação do cidadão pela escola, como exposto acima. Por outro lado, Pimenta (1999 apud RIOS, 2006, p. 27), questionando este mesmo aspecto das finalidades da educação, pergunta: Como garantir que todos os alunos se apropriem dos instrumentos necessários para se situarem no mundo? Como estabelecer os vínculos entre conhecimentos, formação cultural, desenvolvimento de hábitos, atitudes e valores? Para que ensinar? Que materiais, equipamentos, mídias precisam ser mobilizados no processo de ensino? Diante desses questionamentos, vemos que embora seja a posição de muitos cientistas da educação a necessidade de uma educação voltada para a formação integral do educando, ainda se está em busca de formas efetivas de atingir as finalidades e objetivos da educação no século XXI. Continuaremos a discutir e apresentar as possibilidades neste sentido, nas unidades seguintes. 2 Os pressupostos apresentados e explicitados por Paulo Freire em sua obra “Pedagogia da Autonomia” (1996) são: ENSINAR EXIGE: 1) rigorosidade metódica; 2) pesquisa; 3) respeito aos saberes dos educandos; 4) criticidade; 5) estética e ética; 6) corporeificação das palavras pelo exemplo; 7) risco, aceitação do novo, rejeição a qualquer forma de discriminação; 8) reflexão crítica sobre a prática; 9) reconhecimento e assunção da identidade cultural. 29PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância No entanto, há alguns construtos que permanecem presentes na nossa prática pedagógica e que são objetivos preliminares, que possibilitam a busca das finalidades da educação como defendidas acima. Estamos falando da Motivação e da Autorregulação, que fazem parte dos processos Metacognitivos dos seres humanos e que abordamos a seguir. Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M • AUTORREGULAÇÃO – controle do comportamento, das emoções e dos processos cog- nitivos. • MOTIVAÇÃO – construto central da autorregulação e do desenvolvimento de todas as for- mas de controle voluntário; a etimologia da palavra sugere que motivo é aquilo que move uma pessoa, que a põe em ação ou a faz mudar de curso, e assegura a persistência em uma atividade (BZUNECK, 1987 apud BORUCHOVITCH; BZUNECK, 2001). É um pro- cesso psicológico dinâmico, presente em qualquer atividade humana. Em sala de aula, leva o aluno a envolver-se em atividades pertinentes ao seu processo de aprendizagem, 30 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância escolhendo um curso de ação dentre outros possíveis e ao seu alcance. É a motivação que assegura a ocorrência de produtos de aprendizagem ou tipos de desempenho social- mente valorizados. Atualmente, com a notável prevalência das abordagens cognitivistas e sócio-históricas da aprendizagem, e o destaque na importância do outro significativo no desenvolvimento e na aprendizagem, o estudo da motivação do aluno tem-se voltado para os componentes internos da motivação, cognitivos, como metas, crenças, atribui- ções, percepções, com destaque para a crença na autoeficácia e outras variáveis ligadas ao self, como autorrealização, satisfação, medo, ansiedade entre outras, e também para o processo de socialização, pois a presença do outro é fundamental para a aprendizagem e o desenvolvimento. Pode-se dizer que a escola deve trabalhar no sentido de desenvolver a motivação do aluno na busca de sua autorregulação cognitiva, emocional e social, que promove uma educação para a vida e o exercício da cidadania. Considerando todos estes aspectos motivacionais, autorregular o desenvolvimento cognitivo é: Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M 31PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância • Exercer controle sobre a atenção e os processos de memória. • Desenvolver regras e estratégias para pensar e resolver problemas. • Organizar o pensamento e ajustar o comportamento (curso da ação) sempre que necessário. Tal processo de busca da autorregulação visa substituir a regulação externa assistida por uma autorregulação baseada nas ferramentas adquiridas na relação com o outro, chegando o aluno a um controle consciente, reflexivo. A autorregulação pressupõe a metacognição, que é a autoconsciência no que diz respeito aos próprios processos e estratégias cognitivas. Capacidade do ser humano de ser autorreflexivo, não sendo só capaz de pensar, mas de pensar sobre os próprios pensamentos. Consiste em uma reflexão a nível elevado, consciência de si mesmo como aprendiz, monitoramento e regulação dos ativos dos processos cognitivos. Planejar, selecionar, inferir, autointerrogar-se e interpretar experiências. Julgar o que sabe para realizar uma tarefa. Alunos com desempenho escolar insatisfatório apresentam claros atrasos no desenvolvimento metacognitivo, ou seja, um dos pontos principais de diferença entre alunos com alto desempenho e baixo desempenho escolar é o seu grau de autorregulação da aprendizagem. Para saber mais sobre Metacognição, leia o artigo: DAVIS, Cláudia; NUNES, Marina M. R.; NUNES, Cesar A. A. Metacognição e sucesso escolar: articulando teoria e prática. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, v. 35, n. 125, pp. 205-230, maio/ago. 2005. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/cp/ v35n125/a1135125.pdf>. 32 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância FATOrES QUE INFLUENCIAM A APrENDIZAGEM Pensemos agora alguns fatores determinantes da aprendizagem do aluno. Destacamos que aqui vamos apenas citá-los, já que pretendemos abordá-los em mais profundidade dentro do enfoque das três teorias que serão estudadas no nosso curso. Podemos dividir esses fatores, para fins didáticos, em: Fo nt e: S HU TT ER ST OC K. CO M • FATORES INTRAPESSOAIS – são fatores internos e individuais, que resultam de capa- cidades genéticas, história de vida, situações informais e formais de aprendizagem entre outros; aqui podemos citar: idade mental, nível de inteligência, maturidade emocional, prontidão, comportamentos sociais, padrões familiares, motivação. Também podemos falar de temperamento, personalidade e autoeficácia. • FATORES SITUACIONAIS – interpessoais, são fatores do contexto social. O contexto escolar possibilita interação com os pares, interação professor-aluno,socialização. Esses aspectos contextuais possibilitam o atendimento da necessidade do indivíduo de perten- cer e estabelecer vínculos essenciais na construção da identidade, e que têm reflexos importantes na aprendizagem e no desenvolvimento humano. Destacamos que compor- tamentos desadaptados, disfuncionais ou patologias mais severas na adolescência e na vida adulta podem ser resultantes ou agravadas por vivências escolares. 33PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Ressaltamos que os aspectos intrapessoais e situacionais da aprendizagem não se opõem nem representam uma divisão dicotômica, mas são inseparáveis e se constituem em visões complementares de um mesmo fenômeno psicológico, a aprendizagem. A formação atual do pedagogo, mais voltada para a prática e as questões metodológicas (de ensino) tem deixado na escola um vazio no domínio dos aspectos psicológicos do desenvolvimento e da aprendizagem que prejudica a promoção dos processos de desenvolvimento socioemocional dos alunos. Na unidade V retomaremos estas questões, com mais subsídios para discuti-las. Vejamos, no próximo item, como podemos caracterizar desenvolvimento e como este processo se relaciona com a aprendizagem. DESENVOLVIMENTO Pode-se afirmar que desde o momento da concepção os seres humanos passam por processos de desenvolvimento. Tal processo é o objeto de estudo de um campo da Psicologia denominado Psicologia Evolutiva (ou Psicologia do Desenvolvimento). Há várias mudanças ao longo da vida do ser humano, em diferentes dimensões, tais como o tamanho e a forma do corpo ou o aspecto da pele ou ainda o amadurecimento dos sistemas funcionais, como também em dimensões mais subjetivas, objeto de nosso estudo neste livro, como em aspectos cognitivos, na capacidade de aprendizagem e assim por diante. Para explicar essas mudanças os cientistas constroem teorias e modelos. No entanto, existe uma polêmica que antecede essas construções. Essa polêmica trata do papel da genética e do ambiente como fatores determinantes e/ou condicionantes do desenvolvimento. Abordar o tema da influência da hereditariedade e do meio no processo de desenvolvimento, sobretudo, do desenvolvimento intelectual e afetivo, significa abordar a questão central da Psicologia Evolutiva, que pode ser assim formulada: quais os fatores que determinam o processo de construção psicointelectual do ser humano e qual o valor relativo desses fatores? 34 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Porém, para compreender as questões evolutivas sob uma perspectiva psicológica faz-se necessária uma reflexão sobre alguns núcleos conceituais significativos, tais como as bases das grandes orientações teóricas da Psicologia Evolutiva, os conceitos de aprendizagem e de desenvolvimento decorrentes dessas orientações, o significado de estágios de desenvolvimento ou períodos críticos dentre outros. Só partindo dessas reflexões poderemos entender as orientações predominantes na atualidade sobre o desenvolvimento do ser humano, vendo-o não como determinado exclusivamente pela herança biológica nem pela força do ambiente, mas como fenômeno histórico e culturalmente determinado. Para chegar a essa compreensão, iniciamos este item apresentando as principais orientações teóricas da Psicologia Evolutiva no último século. A seguir, explanamos o conceito de desenvolvimento adotado por alguns autores representativos da Psicologia Evolutiva e o papel atribuído à herança e ao ambiente por esses autores. Para concluir, aprofundamos um pouco as visões de Piaget e Vygotsky neste campo. A PSICOLOGIA EVOLUTIVA NO SÉCULO XX3 A Psicologia Evolutiva pretende estudar como nascem e como se desenvolvem as funções psicológicas que distinguem o homem de outras espécies. Portanto, o objeto de estudo desta ciência é toda a vida das pessoas e os processos de mudanças psicológicas que nela ocorrem. Durante séculos esta preocupação não esteve presente na ciência psicológica, vez que a Psicologia fazia parte do campo da Filosofia e seu objeto central decorria das visões de homem e de mundo predominante nas teorias filosóficas e a resultante relação sujeito-objeto do conhecimento. 3 As ideias expostas neste item são defendidas principalmente por Pallacios (1988 apud COLL; MARCHESI; PALACIOS, 2004). 35PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Os principais autores que se ocuparam especificamente das questões evolutivas sob uma perspectiva psicológica situam-se na segunda metade do século XIX e nas primeiras décadas do século XX. Porém, as bases das grandes orientações teóricas da Psicologia Evolutiva se encontram em época bem anterior. No século XVII e XVIII encontramos os britânicos John Lock e David Hume, cujos posicionamentos filosóficos são conhecidos como empirismo. Dentre as principais ideias de Lock encontra-se a conhecida metáfora segundo a qual no momento do nascimento a mente humana seria uma folha em branco, uma “tábula rasa”. O conteúdo psíquico seria resultante apenas da experiência que a criança adquire em contato com o meio, da estimulação que recebe. Para dizê-lo de forma mais clássica, remetendo a Aristóteles, “nada existe na inteligência que não tenha passado antes pelos sentidos”. Fundados neste princípio estão, de forma geral, os modelos mecanicistas de desenvolvimento, de base behaviorista. Resumindo esta visão, podemos dizer que o empirismo filosófico inglês do século XVIII fundamenta, mais de duzentos anos depois, o Condutivismo Psicológico, que defende que a história psicológica das pessoas não é mais do que a história de suas aprendizagens. De forma diferente, Jean Jacques Rousseau e Immanuel Kant (século XVIII) exemplificam o ponto de vista segundo o qual existem determinadas categorias inatas no ser humano. No caso de Rousseau seria a bondade natural da criança; no caso de Kant, a existência de categorias inatas de pensamento. Rousseau também sugere uma divisão da infância em estágios, cada um dos quais apresentando características próprias e exigindo tratamento educacional diferenciado. Vale ressaltar que é também nesse período (século XVII, XVIII) que movimentos culturais e religiosos como o IIuminismo e o Protestantismo, deram origem a uma visão de criança diferente daquela da Idade Média: até então considerava-se a criança como adultos menores, mais frágeis e menos inteligentes. Na Idade Média as crianças se tornavam aprendizes no sistema 36 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância de trabalho a partir dos 7 anos, sob a tutela de um adulto, passando a ter responsabilidades que se tornavam progressivamente mais próximas das desse adulto. Na nova visão, menos predeterminista e menos fatalista da existência da criança, muda sua posição na sociedade e cresce a importância do papel da sua educação. Em síntese, a tradição filosófica do Inatismo ou Naturalismo de Kant e Rousseau e suas ideias sobre categorias inatas de pensamento, bondade natural da criança e divisão da infância em estágios com características próprias, dá suporte, na Psicologia Evolutiva do século XX, aos posicionamentos denominados ORGANÍSMICOS ou ORGANICISTAS. Estas duas visões psicológicas, a mecanicista com ênfase na experiência e na aprendizagem dado o caráter adquirido das características do ser humano, e a organicista, que, sem desconsiderar a experiência, coloca ênfase nos processos de desenvolvimento que têm características universais porque têm raízes inatas, estão profundamente arraigadas na Psicologia Evolutiva. Na perspectiva empiricista, que resulta da visão mecanicista de desenvolvimento, destacam- -se para estudo os processos externos, mensuráveis e passíveis de serem operacionalmente definidos (Pedagogia Tecnicista). Na perspectiva organicista a ênfase é colocada nos processos internos mais do que nos estímulos externos. Considerando os universais evolutivosda espécie humana, acredita que existe uma “necessidade evolutiva” que faz com que todas as pessoas evoluam de forma semelhante. Nesta ótica são admitidos conceitos que implicam inferências da realidade e que não podem ser, de forma alguma, quantificados. Também nesta versão organísmica do processo evolutivo destaca-se mais uma característica, que seria o caráter teleológico do desenvolvimento, ou seja, o processo evolutivo é dirigido a uma determinada meta, algo semelhante ao ápice do desenvolvimento. 37PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Freud e Piaget representam a corrente organísmica do desenvolvimento, percebendo-se claramente em suas obras, apesar das diferenças que as distinguem; as ideias de estágios hierarquicamente ordenados por meio dos quais a criança evolui; a convicção do papel importante das experiências infantis no desenvolvimento psicológico posterior; a referência a processos internos não diretamente observáveis e quantificáveis e a descrição do processo de desenvolvimento orientado por uma meta (teleonômica) – para Freud a heterossexualidade genital adulta e para Piaget o êxito nas operações formais. Concluindo esta discussão sobre a importância dada à hereditariedade ou ao meio no processo de desenvolvimento, bem como a origem dessas posições, podemos apresentar a visão atualmente predominante na Psicologia sobre o tema. Segundo Papalia, Olds e Feldman (2009), algumas influências têm origem principalmente na hereditariedade – traços inatos ou características herdadas dos pais biológicos. Outras vêm do meio (interno e externo) – o mundo que está do lado de fora do eu e que começa no útero, e a aprendizagem como relacionada à experiência. Para as autoras, os cientistas já são capazes de definir com mais precisão, em uma determinada população, o papel da hereditariedade e do ambiente no desenvolvimento de alguns traços. Assim, embora traços como a inteligência, por exemplo, sejam influenciados fortemente pela hereditariedade, “a estimulação parental, a educação, a influência dos amigos e outras variáveis também a afetam” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009, p. 14). Pode-se concluir, portanto, que embora ainda exista algum debate sobre a questão da importância relativa da natureza e da experiência no desenvolvimento, muitos teóricos acreditam que estes dois fatores operam juntos e estão buscando formas de determinar como essa operação se dá. FATOrES DETErMINANTES DO DESENVOLVIMENTO O estudo do desenvolvimento teve início no século XVIII, com as “biografias de bebês”. Alguns cientistas evolucionistas acreditavam que a observação do comportamento infantil poderia 38 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância levar a uma melhor compreensão da espécie humana. O estudo do desenvolvimento na adolescência, quando esta etapa da vida passou a ser vista como um período específico do desenvolvimento, só aconteceu a partir do início do século XX e a inclusão de todo o ciclo da vida como objeto de estudo do desenvolvimento é ainda mais recente: só na década de 1920 os psicólogos começaram a se interessar pelo envelhecimento. Atualmente, a maioria dos cientistas do desenvolvimento reconhece que este processo continua ao longo de toda a vida. Este conceito é conhecido como desenvolvimento do ciclo da vida e já existe uma estrutura teórica consistente para que se compreenda todo o processo de desenvolvimento. Para estudar o ciclo da vida os cientistas criaram uma divisão em períodos ou etapas. Vale ressaltar que esta divisão é uma construção teórica, ela é arbitrária e muitas vezes não se aplica igualmente a todas as sociedades, mas é amplamente aceita na sociedade para facilitar a compreensão dos processos de desenvolvimento. A seguir, apresentamos uma tabela que representa este ciclo. Tabela 1: Principais desenvolvimentos típicos em oito períodos do desenvolvimento da criança Faixa Etária Desenvolvimento Físico Desenvolvimento Cognitivo Desenvolvimento Psicossocial Período Pré-natal (da con- cepção ao nascimento) Ocorre a concepção por fertilização normal ou por outros meios. Desde o começo, a dotação genética interage com as influências ambientais. Formam-se as estruturas e os órgãos corporais básicos: inicia-se o surto de crescimento do cérebro. O crescimento físico é o mais acelerado do ciclo de vida. É grande a vulnerabi- lidade às influências ambientais. Desenvolvem-se as capacidades de aprender e lembrar, bem como as de responder aos estímulos sensoriais. O feto responde à voz da mãe e desenvolve uma preferência por ela. 39PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Primeira Infância (do nasci- mento aos 3 anos) No nascimento, todos os sentidos e sistemas corporais funcionam em graus variados. O cérebro aumenta em complexidade e é altamente sensível à influência ambiental. O crescimento físico e o desenvolvimento das habilidades motoras são rápidos. As capacidades de aprender e lembrar estão presentes, mesmo nas primeiras semanas. O uso de símbolos e a capacidade de resolver problemas se desen- volvem por volta do final do segundo ano de vida. A compreensão e o uso da linguagem se desenvolvem rapidamente. Formam-se os vínculos afetivos com os pais e com outras pessoas. A autoconsciência se desenvolve. Ocorre a passagem da dependência para a auto- nomia. Aumenta o interesse por outras crianças. Segunda Infância (3 a 6 anos) O crescimento é constante; a aparência torna-se mais esguia e as proporções mais parecidas com as de um adulto. O apetite diminui e são comuns os problemas com o sono. Surge a preferência pelo uso de uma das mãos; aprimoram-se as habi- lidades motoras finas e gerais e aumenta a força física. O pensamento é um tanto egocêntrico, mas aumenta a compreensão do ponto de vista dos outros. A imaturidade cognitiva resulta em algumas idéias ilógicas sobre o mundo. Aprimoram-se a memória e a linguagem. A inteligência torna-se mais previsível. É comum a experiência do maternal; mais ainda a da pré-escola. O autoconceito e a com- preensão das emoções tornam-se mais complexos; a auto-estima é global. Aumentam a independên- cia, a iniciativa e o autocon- trole. Desenvolve-se a identidade de gênero. O brincar torna-se mais imaginativo, mais elaborado e, geralmente, mais social. Altruísmo, agressão e temor são comuns. A família ainda é o foco da vida social, mas outras crianças tornam-se mais importantes. 40 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Terceira Infância (6 a 11 anos) O crescimento torna-se mais lento. A força física e as habilidades atléticas aumentam. São comuns as doenças respiratórias, mas de um modo geral a saúde é melhor do que em qualquer outra fase do ciclo de vida. Diminui o egocentrismo. As crianças começam a pensar com lógica, porém concretamente. As habilidades de memória e linguagem aumentam. Ganhos cognitivos permitem à criança beneficiar-se da instrução formal na escola. Algumas crianças demonstram necessidades educacionais e talentos especiais. O autoconceito torna-se mais complexo, afetando a auto-estima. A co-regulação reflete um deslocamento gradual no controle dos pais para a criança. Os colegas assumem importância fundamental. Adolescên- cia (11 a aprox. 20 anos) O crescimento físico e outras mudanças são rápidas e profundas. Ocorre a maturidade reprodutiva. Os principais riscos para a saúde emergem de questões comportamen- tais, tais como transtor- nos alimentares e abuso de drogas. Desenvolve-se a capaci- dade de pensar em termosabstratos e de usar o raciocínio científico. O pensamento imaturo persiste em algumas atitu- des e comportamentos. A educação se concen- tra na preparação para a faculdade ou para a profissão. A busca pela identidade, in- cluindo a identidade sexual, torna-se central. O relacionamento com os pais geralmente amadu- rece. Os amigos podem exer- cer influência positiva ou negativa. Início da Vida Adulta (20 a 40 anos) A condição física atinge o auge, depois declina ligeiramente. Opções de estilo de vida influenciam a saúde. O pensamento e os julga- mentos morais tornam-se mais complexos. São feitas as escolhas educacionais e vocacio- nais. Traços e estilos de persona- lidade tornam-se relativamente estáveis, mas as mudanças na personalidade podem ser influenciadas pelos estágios e eventos da vida. São tomadas decisões so- bre relacionamentos íntimos e estilos de vida pessoais. A maioria das pessoas casa-se e têm filhos. 41PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Vida Adulta Inter- mediária (40 a 65 anos) Pode ocorrer uma lenta deterioração das habilidades sensoriais, da saúde, do vigor e da força física, mas são grandes as diferenças individuais. As mulheres entram na menopausa. As capacidades mentais atingem o auge; a espe- cialização e as habilidades relativas à solução de problemas práticos são acentuadas. A criatividade pode declinar, mas sua quali- dade é melhor. Para alguns, o sucesso na carreira e o sucesso financeiro atingem seu máximo; para outros, poderá ocorrer esgota- mento ou mudança de carreira. O senso de identidade continua a se desenvolver; pode ocorrer uma transição para a meia-idade. A dupla responsabilidade pelo cuidado dos filhos e dos pais idosos pode causar estresse. A saída dos filhos deixa o ninho vazio. Vida Adulta Tardia (65 anos em diante) A maioria das pessoas é saudável e ativa, embora geralmente haja um declínio da saúde e das capacidades físicas. O tempo de reação mais lento afeta alguns aspectos funcionais. A maioria das pessoas é mentalmente alerta. Embo- ra inteligência e memória possam se deteriorar em algumas áreas, a maioria das pessoas encontra meios de compensação. A aposentadoria pode oferecer novas opções para o aproveitamento do tempo. As pessoas desenvolvem estratégias mais flexíveis para enfrentar perdas pes- soais e a morte iminente. O relacionamento com a família e com amigos íntimos pode proporcionar um importante apoio. A busca de significado para a vida assume uma importância fundamental. Fonte: Papalia, Olds e Feldman (2009, pp. 12-13) 42 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância MATUrAÇÃO E AMBIENTE Define-se maturação como “o desdobramento de uma sequência natural de mudanças físicas e padrões de comportamento, que incluem a prontidão para adquirir novas habilidades como andar e falar”, resultantes de mudanças biológicas no corpo e no cérebro (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009, p. 14). Os estudiosos do Desenvolvimento parecem concordar sobre a importância do papel da maturação na emergência de capacidades típicas da primeira e da segunda infância. Pode-se, portanto, atribuir à maturação a emergência daqueles processos comuns a todos os indivíduos. Os eventos maturacionais, que embora apareçam em momentos ou ritmos diferentes, mantêm uma média de idade, decorrem das características herdadas do indivíduo. Dentre eles podemos citar a primeira palavra, o primeiro passo, a primeira menstruação, o desenvolvimento do pensamento lógico, a menopausa dentre outros. Vê-se que não são eventos relacionados apenas ao desenvolvimento biológico, mas também intelectual. Considerando o desenvolvimento intelectual, a visão maturacional levou à criação do conceito de Prontidão. Para Watson (1982 apud OLSON; TORRANCE, 2000), o conceito de Prontidão tem origem nas ideias de Comenius (1592-1670) que acreditava que a criança não estava pronta para o ensino formal antes dos seis anos. Já Rousseau (1712-1778) que tinha uma visão mais naturalista sobre as sensibilidades e capacidades iniciais da criança e defendia a importância das experiências iniciais para o desenvolvimento, via a instrução formal como complemento à experiência que “não deveria ser imposta até que as sensibilidades naturais da criança estivessem suficientemente desenvolvidas, no final da infância ou na adolescência” (OLSON; TORRANCE, 2000, p. 132). William James (1842-1910) também argumentava a favor do início tardio do ensino formal, em função da imaturidade intelectual da criança. 43PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Dewey (1859-1952), embora defendesse a possibilidade de desenvolvimento por meio da ati- vidade da criança e a prontidão como dependente da interação entre a maturação e a expe- riência da criança ativa, acreditava que o ensino formal (da leitura) deveria esperar até que a criança chegasse aos oito anos de idade. Argumentava que “a mente da criança pré-escolar é amplamente indiferenciada e egocêntrica” (OLSON; TORRANCE, 2000, p. 133). No século XX a noção de prontidão surge na teoria de aprendizagem de Torndike (1874-1949). O autor falava de “unidades de condução neuronal” que são ativadas quando determinado potencial de estímulo é satisfeito, mas defendia que haveria uma progressão constante por meio de vários platôs de capacidades gerais, portanto maturacionais. Continuando a apresentar o processo histórico de construção do conceito de prontidão e sua influência no processo de aprendizagem formal, Olson e Torrance (2000) definem prontidão como a maturidade biológica da criança que prepara e possibilita a aprendizagem. Nesta perspectiva, qualquer forma de apressar ou interferir no desenvolvimento seria considerado prejudicial. Pensando o ensino formal condicionado a esta premissa, a solução seria esperar até que a criança tenha amadurecimento suficiente para aprender, isto é, que esteja pronta. Vimos a aplicação deste princípio à educação até bem recentemente, quando o processo de alfabetização era condicionado pela prontidão, o que resultava em submeter o ingresso da criança na educação formal ao atingimento da maturação biológica, aos seis ou sete anos de idade. Atualmente, existem métodos de pesquisa capazes de determinar com mais precisão, em uma determinada população, o papel da hereditariedade e do meio no desenvolvimento de alguns traços específicos, no entanto ainda existe muita discussão e polêmica sobre o tema da influência destes fatores no desenvolvimento, e parece haver um predomínio entre teóricos e pesquisadores acerca da interação entre os dois fatores: há uma combinação entre meio e hereditariedade na definição do processo de desenvolvimento. 44 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Olson e Torrance (2000), em uma abordagem inovadora, definem um novo conceito de prontidão presente atualmente nas nossas escolas, decorrente das novas visões de escola, de sala de aula e de educação, das descobertas da Psicologia do Desenvolvimento e das “novas pedagogias”. Tal visão define prontidão como a capacidade adaptativa das crianças a exigências institucionais, que envolvem demandas sociais, físicas e intelectuais4. Em relação às influências ambientais, considerando que os seres humanos são seres sociais e que o desenvolvimento não ocorre de forma descontextualizada, Papalia, Olds e Feldman (2009, pp. 15-19) apresentam um conjunto de fatores que interferem no desenvolvimento. As autoras citam a família, os condicionantes socioeconômicos e a vizinhança, cultura e etnia, raça e etnia e contexto histórico. O contexto familiar, que é afetado pelos demais e tem atualmente uma nova configuração, será abordado mais adiantena unidade V. No entanto, trazemos a seguir os conceitos condensados dos fatores apresentados pelas autoras. • Ambiente – totalidade das influências não hereditárias ou experienciais sobre o desen- volvimento. • Família nuclear – unidade econômica e doméstica que compreende laços de parentesco envolvendo duas gerações e que consiste em um ou dois genitores e seus filhos biológi- cos, adotados ou enteados. • Família extensa – rede de parentesco envolvendo muitas gerações formadas pelos pais, filhos e outros parentes às vezes vivendo juntos no mesmo lar. • Condições socioeconômicas – combinação de fatores econômicos e sociais que descre- vem um indivíduo ou uma família, que incluem renda, educação e ocupação. • Cultura – modo de vida global de uma sociedade ou de um grupo, que inclui costumes, tradições, crenças, valores, linguagem e produtos materiais – todo comportamento adqui- rido que é transmitido dos pais para os filhos. • Grupo étnico – grupo unido por ancestralidade, raça, religião, língua e/ou origens nacio- nais que contribuem para formar um senso de identidade comum. 4 Para um maior domínio das ideias desses autores apresentamos, ao final desta unidade, o tópico, na íntegra, no qual eles apresentam o novo conceito de prontidão. 45PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância Papalia, Olds e Feldman (2009) trazem em sua obra uma interpretação do desenvolvimento afetado por todos os fatores anteriormente indicados e ressaltam que cada um deles pode influir diferentemente, em função do momento em que estão presentes na vida dos indivíduos. Em relação ao momento do desenvolvimento em que os fatores atingem o indivíduo, que determina o seu efeito, as autoras apresentam o conceito de períodos críticos ou sensíveis. Os períodos críticos seriam “intervalos de tempo específicos em que um determinado evento [ou fator] ou sua ausência causa grande impacto sobre o desenvolvimento” (PAPALIA; OLDS; FELDMAN, 2009, p. 21). Exemplos desses períodos, que deixam bem clara a sua importância para o desenvolvimento, são relacionados à vida intrauterina. Mães submetidas a raios X ou que ingerem determinados medicamentos, ou contraem doenças, podem ter efeitos nocivos específicos sobre seus fetos. Na infância, alguns tipos de experiências também podem impedir o desenvolvimento de habilidades específicas, como no exemplo dado pelas autoras da incapacidade de focar os dois olhos no mesmo objeto, que se não for corrigida cirurgicamente logo no início da infância pode impedir o desenvolvimento da percepção de profundidade. Outro conceito importante relacionado ao desenvolvimento é o da plasticidade. Esse concei- to, em contraposição ao conceito de períodos críticos, gera polêmica entre os cientistas, pois sabe-se que mesmo no domínio biológico/neurológico há uma “modificabilidade de desempe- nho”, uma capacidade adaptativa do indivíduo que pode levá-lo a superar os efeitos dos fatores ambientais. Tal polêmica leva as autoras a sugerirem o uso do termo períodos sensíveis (ao invés de críticos) para definir quais aspectos do comportamento são mais sensíveis aos efeitos do ambiente, e em que momento do desenvolvimento. Leia, na continuidade deste item, um exemplo apresentado pelas autoras sobre os efeitos diferenciados de um evento (a grande depressão americana da década de 1930), em função da idade e condição social. 46 PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância APrOFUNDANDO O CONHECIMENTO O Estudo do Ciclo de Vida: Crescendo em Tempos Difíceis5 Devemos nossa percepção da necessidade de olhar para o curso da vida em seu contexto histórico e social, em parte, a Glen H. Elder Jr. Em 1962, Elder chegou ao campus da Universidade da Califórnia, em Berkeley, para trabalhar no Estudo sobre Crescimento de Oakland, um estudo longitudinal sobre o desenvolvimento social e emocional em 167 jovens urbanos nascidos em torno de 1920, aproximada- mente metade deles de lares de classe média. O estudo havia começado no início da Grande Depres- são da década de 1930, quando os participantes, que tinham passado a infância no boom dos formi- dáveis anos 1920, estavam entrando na adolescência. Elder observou como a ruptura da sociedade pode alterar processos familiares e, por meio deles, o desenvolvimento da criança (ELDER, 1974). Assim como o estresse econômico mudava a vida dos pais, também mudava a vida dos filhos. Famí- lias que passavam por privações alteraram os papéis econômicos. Os pais, preocupados com a perda de emprego e irritados com a perda de status dentro da família, às vezes bebiam muito. As mães que conseguiam um emprego assumiam maior autoridade parental. Os pais discutiam com mais freqüên- cia. Os adolescentes tendiam a demonstrar dificuldades no desenvolvimento. Para os meninos, porém, os efeitos de longo prazo dessa provação não foram totalmente negativos. Aqueles que obtiveram empregos como ajudantes tornaram-se mais independentes e estavam mais capacitados para escapar da estressante atmosfera familiar do que as meninas, que ajudavam em casa. Quando homens, esses meninos seriam fortemente orientados para o trabalho, mas também valorizariam as atividades da família e cultivariam em seus filhos a confiabilidade. Elder observou que os efeitos de uma grande crise econômica depende do estágio de desenvolvimento em que se encontra a criança. As crianças da amostra de Oakland já eram adolescentes na década de 1930. Já podiam contar com seus próprios recursos emocionais, cognitivos e econômicos. Uma criança nascida em 1929 seria totalmente dependente da família. Por outro lado, os pais dos jovens de Oakland, sendo mais velhos, talvez tenham sido menos resistentes em lidar com a perda do emprego, e sua vulne- rabilidade emocional pode muito bem ter afetado o caráter da vida familiar e a educação dos filhos. Cinqüenta anos depois da Grande Depressão, no começo da década de 1980, grandes aumentos nas taxas de juros, combinados a quedas bruscas no valor de terras agrícolas no meio-oeste e nos preços 5 PAPALIA, Diane E.; OLDS, Sally W.; FELDMAN, Ruth D. Desenvolvimento Humano. São Paulo: McGraw-Hill, 2009, p. 20. 47PSICOLOGIA DA EDUCAÇÃO | Educação a Distância dos produtos agrícolas, endividaram muitas famílias e fizeram outras tantas perder suas propriedades. Essa crise na agricultura deu a Elder a oportunidade de replicar sua pesquisa anterior, desta vez num cenário rural. Em 1989, ele e seus colegas (CONGER e ELDER, 1994; CONGER et al., 1993) entre- vistaram 451 famílias de agricultores de pequenas cidades em Iowa, cada um com pai e mãe na casa, uma criança na sétima série e um irmão ou irmã de quatro anos ou menos. Os pesquisadores também filmaram as interações familiares. Como praticamente não havia minorias vivendo em Iowa naquele tempo, todas as famílias participantes eram brancas. Como no estudo da era da Depressão, muitos desses pais de zona rural, sob pressão das dificuldades financeiras, passaram a ter problemas emocionais. Pais deprimidos apresentavam maior probabili- dade de brigar entre si e de maltratar os filhos ou se afastar deles. Os filhos, por sua vez, tendiam a perder a autoconfiança, ser mal vistos e a fracassar na escola. Na década de 1930, esse padrão de comportamento parental havia sido menos verdadeiro em relação às mães, cujo papel econômico antes do colapso tinha sido mais secundário, mas na década de 1980, padrões semelhantes adequa- vam-se tanto a pais quanto a mães (CONGER e ELDER, 1994; CONGER et al., 1993; ELDER, 1998). Esse estudo, agora chamado de Family Transictions Project (Projeto de Transições Familiares), conti- nua. Os membros da família têm sido entrevistados anualmente, enfatizando como uma crise familiar vivenciada no começo da adolescência afeta a transição para a idade adulta. Tanto para meninos quanto para meninas, apareceu um ciclo de auto-reforçamento. Eventos negativos como
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