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A AMBIÊNCIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE UMA REVISÃO DE LITERATURA

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A AMBIÊNCIA EM SERVIÇOS DE SAÚDE: UMA REVISÃO DE 
LITERATURA1 
 
Kamyla Alves Ferreira 
Graduanda no Curso de Enfermagem da UNEMAT- Campi Tangará da Serra 
Extensionista no projeto de Extensão: Ambiência na Saúde: sinestesia, cor e arte 
Kamylaalvesferreira@gmail.com 
 
Karla Heloina Ferreira Torres 
Graduanda no Curso de Enfermagem da UNEMAT- Campi Tangará da Serra 
Extensionista no projeto de Extensão: Ambiência na Saúde: sinestesia, cor e arte 
karlaheloina@hotmail.com 
 
Sibelli Jael Alves Zago 
Graduanda no Curso de Enfermagem da UNEMAT- Campi Tangará da Serra 
Extensionista no projeto de Extensão: Ambiência na Saúde: sinestesia, cor e arte 
sibellizago@hotmail.com 
 
Thalise Yuri Hattori 
Docente Assistente da Universidade do Estado de Mato Grosso 
Membro do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Política, Planejamento, Organização e Práticas em 
Saúde – NEPEPS 
thalisehattori@gmail.com 
 
Josué Souza Gleriano 
Docente Assistente da Universidade do Estado de Mato Grosso 
Membro do Núcleo de Pesquisa e Extensão em Política, Planejamento, Organização e Práticas em 
Saúde – NEPEPS 
josue_gleriano@hotmail.com 
 
Resumo: A compreensão da ambiência na saúde conduz para a prática uma 
mudança no ambiente frio que o hospital tornou-se, e faz com que auxilie os 
profissionais, que atuam diretamente com a demanda de saúde de variados setores, 
a oferecer melhores condições de trabalho e de relacionamento interpessoal. A 
ambiência dentro do contexto da saúde surge com a implantação da Politica 
Nacional de Humanização que tem a ambiência como uma de suas diretrizes. 
Objetivou descrever o conceito de ambiência na saúde em consideração as 
repercussões da ambiência hospitalar sobre o cotidiano do trabalho de profissionais 
e pacientes no ambiente hospital. Trata-se de uma revisão de literatura que foi 
norteada pelo questionamento: Qual conceito e quais ações fazem impactos quando 
o serviço de saúde utiliza a ambiência na prática? Buscaram-se artigos completos 
publicados na língua português (Brasil) nas bases de dados Scielo, Ministério da 
Saúde e BVS através das palavras chave: humanização da assistência, terapia da 
arte e ambiente de instituições de saúde. Evidenciou-se que a ambiência hospitalar 
preconiza facilitar a disponibilidade de um espaço acolhedor e harmônico que 
contribua para a promoção do bem estar de todas as pessoas que ocupam os 
serviços de saúde. 
 
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 O presente artigo foi apresentado no SICI 2015 – Simpósio Internacional de Ciências Integradas, 
realizado na UNAERP – Campus Guarujá, em 2015. 
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Palavras Chaves: Humanização da Assistência. Terapia pela Arte. Ambiente de 
Instituições de Saúde. 
Área de conhecimento: Saúde 
 
1. Introdução 
A ambiência dentro do contexto da saúde surge com a implantação da Politica 
Nacional de Humanização (2003) ao propor resgatar princípios do SUS no cotidiano 
dos serviços de saúde, um de seus recortes diz respeito a ambiência e essa tornou-
se uma de suas diretrizes para a prática de profissionais no sistema público de 
saúde. 
O termo ambiência na saúde diz respeito a “compreende o espaço físico, 
social, profissional e de relações interpessoais que deve estar em sintonia com um 
projeto de saúde voltado para a atenção acolhedora, resolutiva e humana” (BRASIL, 
2010). 
Ainda de acordo com o documento que norteia a política, Brasil (2003), a 
ambiência passa, na saúde, retratada como um método de inclusão, esse propõe e 
integra uma composição de saberes que tende potencializar o ambiente para 
mudanças. Norteada, a política, por três eixos principais o primeiro conduz a 
reflexão do espaço que visa a confortabilidade, o segundo o espaço como 
ferramenta facilitadora do processo de trabalho e por último a ambiência como 
espaço de encontros entre os sujeitos. 
O presente trabalho objetiva descrever o conceito de ambiência na saúde em 
consideração as repercussões da ambiência hospitalar sobre o cotidiano do trabalho 
de profissionais e pacientes no ambiente hospital. 
Tal reflexão desencadeou-se em decorrência de um projeto de extensão, 
Ambiência na Saúde: sinestesia, cor e arte, institucionalizadas na Universidade do 
Estado de Mato Grosso do qual os autores estão vinculados. A construção de 
referencias teórico para compreensão dos extensionistas traduz esse artigo como 
mapa conceitual criado para pensar nos espaços que estão sendo trabalhados com 
o serviço de saúde que recebe a ação desse projeto. 
 
2. Método de pesquisa 
Trata-se de uma pesquisa de cunho bibliográfico do tipo revisão de literatura. 
Esse processo consiste em etapas definidas de método de pesquisa para a 
construção do conhecimento abrangendo a leitura, análise e interpretação de 
livros, periódicos, revistas e outros (PEREIRA, 2013). 
Foram selecionadas as bases de dados SciELO ( Scientific Eletronic Library 
Online), Ministério da Saúde e BVS (Biblioteca Virtual em Saúde). A pesquisa 
ocorreu no primeiro semestre do ano de 2015 através das palavras chave: 
humanização da assistência, terapia da arte e ambiente de instituições de saúde, 
ressalta que as palavras chave constam nos Descritores em Ciências da Saúde 
(DeSC). Os materiais foram submetidos a critérios de inclusão, deveriam estar em 
língua português (Brasil), conter ao menos uma palavra chave em seu resumo, 
retratar a humanização de assistência e a ambiência como espaço de pesquisa, e 
responder a pergunta escolhida para nortear a pesquisa: Qual conceito e quais 
ações fazem impactos quando o serviço de saúde utiliza a ambiência na prática? 
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A coleta de dados trouxeram dez materiais que submetidos aos critérios foram 
selecionados cinco. A exclusão deu-se por não contemplar o objetivo do estudo. O 
segundo momento deu-se de processo de análise, esse, baseou na leitura exaustiva 
dos textos conduzindo a interpretação e anotações dos pontos importantes que 
elaboraram as discussões. 
 
3. Resultados e discussões 
Ao colocar o conceito de ambiência para os espaços de tratamento da saúde, 
adquire-se um avanço qualitativo para a humanização, principalmente quando 
falamos do eixo de construção de práticas que contribuam para o sistema de saúde. 
Esse espaço de tecnologia leve de cuidado tende invadir espaços e passa a analisar 
as situações que são construídas fora da rotina. Seja em um determinado ambiente 
e num determinado tempo, vivenciadas por um grupo de pessoas com seus valores 
culturais e relações sociais (Brasil, 2010). 
O Ministério da Saúde tem reafirmado o Humaniza SUS como política que liga 
as diferentes ações e instâncias do Sistema Único de Saúde, norteando os 
diferentes níveis da Atenção e da Gestão. Lança mão de ferramentas e dispositivos 
para unificar redes, estimular vínculos entre usuários, trabalhadores e gestores 
através de estratégias e métodos que se direcionam para a articulação de ações, 
saberes, prática no intuito de potencializar a garantia de atenção integral, resolutiva 
e humanizada (Brasil, 2010). 
Existem componentes, tais como a comunicação, as práticas lúdicas, o 
acolhimento e a clínica ampliada, entre outros, que atuam como mudanças que 
qualificam dos espaços, instigando a percepção dos sujeitos e sua integração com 
ambiente. Quando esses componentes são utilizados entram em equilíbrio e 
harmonia e criam ambientes acolhedores, no qual propicia traços significativos no 
processo de produção de saúde (BRASIL, 2013). 
Como elementos contribuintes na ambiência hospitalar destacam os 
componentes da Política Nacional de Humanização entre eles a luz, a morfologia, o 
cheiro, o sons, a sinestesia, a cor, a arte, o tratamento de áreas externas, a 
privacidade e confortabilidade. Esses componentes somam-se para construir 
ambiências acolhedoras e harmônicas quepossam contribuir para a promoção do 
bem-estar, desfazendo-se o mito desses espaços que abrigam serviços de saúde 
frios e hostis (Brasil, 2013). 
Para Ribeiro, Gomes, Thofehrn, (2014) a necessidade de humanizar o 
ambiente hospitalar e incentivar a assistência à saúde requer esforços no sentido de 
acalentar o cotidiano de todos os indivíduos que cotidianamente ou usualmente 
frequentam o ambiente hospitalar. Os autores apontaram como estratégias que 
potencializam a relação de troca entre o profissional de saúde, o hospitalizado e 
seus familiares, bem como os profissionais entre si. 
Destaca-se para criar uma ambiência a utilização de práticas lúdicas, música, 
utilização da arquitetura para proporcionar interação social e privacidade, leitura, 
atitudes que conferem caráter humanizado ao atendimento, proposição de novas 
vias para a reconfiguração do trabalho da enfermagem e a articulação entre as 
equipes, construção do cuidado compartilhado com a família, avaliação da dor e 
racionalização do uso da medicação analgésica, entre outros (RIBEIRO, GOMES, 
THOFEHRN, 2014). 
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No que se revela a ambiência hospitalar relatada no estudo de Nascimento et. 
al.(2015) que aborda a pessoa idosa e sua vivencia hospitalar, a falta de 
privacidade, conforto e independência que o idoso sofre na unidade de atendimento 
conduz a práticas que infringe as diretrizes do Sistema Único de Saúde. E na 
realidade os resultados revelam que a ambiência foi considerada insatisfatória por 
91% dos entrevistados, principalmente, no que se refere a conforto, limpeza, 
sinalização e ruídos. 
Diante desses relatos é pertinente colocar que a Política Nacional de 
Humanização (PNH) tem como uma de suas diretrizes a “Ambiência na Saúde”, com 
organização de espaços saudáveis que proporcionem atenção acolhedora, 
resolutiva e humana. Um fator relevante quando se discute a ambiência hospitalar é 
saber como os trabalhadores convivem nesse ambiente que tornou-se ultrajante. 
Levar em consideração que o trabalho de limpeza hospitalar é essencial para 
um tratamento adequado do espaço físico para a efetivação de uma atenção 
acolhedora, resolutiva e humana o estudo realizado por Petean, Costa, Ribeiro 
(2014) abordou como os trabalhadores da limpeza percebem a ambiência hospitalar 
e os resultados apontaram que os eixos fundamentais do conceito de ambiência 
hospitalar ainda não se efetivaram na constituição de uma ambiência de conforto, 
funcionalidade e de facilitação do processo de trabalho. As narrativas dos 
participantes, do estudo, e as observações realizadas no contexto mostraram que, 
ainda não foi garantido um espaço físico que propicie conforto, adequação funcional 
que vise um trabalho saudável e prazeroso, nem tampouco área de lazer e 
descanso como mecanismo facilitador do processo de trabalho. 
Percebe-se que ao contrário do que é disposto nas diretrizes, a ambiência 
hospitalar, é conceituada nos diálogos verbais e não verbais como algo negado a 
esses trabalhadores. Outro ponto que se destaca, na pesquisa de Petean, Costa, 
Ribeiro (2014), trata-se do conceito que a ambiência deve se traduzir para o 
ambiente como um todo e que essa seja tanto para o cliente como para o 
profissional, mecanismos que oportunizam práticas seguras de saúde. 
Ribeiro, Gomes, Thofehrn (2014) ao descrever a ambiência como estratégia no 
cuidado de crianças apontou que para melhorar a assistência, a ambiência é fator 
principal para constituir um pilar para humanização das unidades pediátricas, 
atuando sensivelmente na reestruturação do processo de produção de saúde. 
Os autores ainda relatam que desde a criação da Política Nacional de 
Humanização (PNH) as instituições de saúde têm implementado estratégias para 
construir ambiências acolhedoras e harmônicas. Portanto, detecta-se uma lacuna no 
que se refere às medidas de melhorias e aprimoramento no processo de trabalho e 
bem-estar dos profissionais de saúde como forma de humanizar o ambiente de 
pediatria, constatou-se que fatores como a pouca motivação, falta de empenho e de 
iniciativa dos profissionais de saúde e escassez de recursos para a efetivação das 
estratégias são a causa desta problemática. A ausência desses elementos parece 
refletir em entraves à ambiência, muitas das vezes pode sugerir resistência dos 
profissionais a mudanças de rotinas já que essas não são pensadas nas práticas do 
processo de trabalho do profissional. 
Ações podem e são desenvolvidas a todo o momento afirma Ribeiro (2013) na 
prática desde que as estratégias como a arte contribuam para a humanização, os 
projetos lúdicos quebrem o clima gelístico do hospital, e tragam melhora as relações 
entre funcionários, usuários e voluntários. A comemoração das datas festivas 
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também foi mencionada como importante estratégia para a melhoria da ambiência, 
humanização e hospitalidade no ambiente hospitalar. 
Ribeiro (2013) apresenta que a expansão de pesquisas envolvendo a 
hospitalidade e a humanização se faz necessária, pois os conceitos se encontram 
em diversos pontos permitindo uma gama ampla de interpretações e análises. Pois, 
a hospitalidade humanizada reduz radicalmente o sofrimento de pacientes e clientes 
ao minimizar a dor para pacientes e familiares, em momentos de fragilidade gerando 
informação, interação e compreensão frente a situação vivenciada . 
Como lacuna a ser preenchida no desenvolvimento do tema aponta-se no 
estudo de Petean, Costa, Ribeiro (2014) que a investigação de estratégias no intuito 
de compreender como os profissionais que atuam diretamente com o paciente 
podem construir com o foco ambiências situações prazerosas e consequentes 
desconstruções de paradigmas que levam o ambiente hospitalar ser considerado frio 
e hostil. 
É necessário estar atento ao processo de implementação da Politica Nacional 
de Humanização, para assim, reconhecer as novas necessidades de práticas que 
vão sendo criadas para o ambiente hospitalar tendendo espaços de construção 
coletiva e troca de experiências. 
 
4. Considerações Finais 
 Evidenciou que a ambiência hospitalar preconiza facilitar a disponibilidade de 
um espaço acolhedor e harmônico que contribua para a promoção do bem estar 
de todas as pessoas que ocupam os serviços de saúde. 
Em relação a implantação da Política Nacional de Humanização e a sua 
excussão na prática, diante os estudos é percebível que muitos locais de 
atendimento a saúde não utilizam esses conceitos para a sua prática, pois não 
proporcionam lugares acolhedores com as características definidas como 
morfologia, luz, cheiro, som, sinestesia, arte, cor, tratamento de áreas externas, 
privacidade, individualidade e conforto. Recomendações que todos esses aspectos 
deveriam ser desenvolvidos dentro de qualquer ambiente de saúde proporcionando 
assim uma melhor receptividade para com os usuários do SUS. 
Talvez essa seja uma dificuldade para implementar, pois em alguns 
momentos percebe-se que trata-se de uma recomendação, e já que não é uma 
prioridade de atenção dos gestores e dos orçamentos de saúde tende a se tornar 
uma complementação, quando der para encaixar na agenda de discussão dos 
serviços. 
 
 
Referências 
 
BRASIL. Ambiência – 2. ed. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. 
Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Brasília :Editora do Ministério 
da Saúde, 2010. 
BRASIL. Política Nacional de Humanização. PNH – 1. ed. Ministério da Saúde. 
Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2013 
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NASCIMENTO et. al. Ambiência de uma emergência hospitalar para o cuidado ao 
idoso: percepção dos profissionais de enfermagem. Esc Anna Nery. v. 19, n. 2, p. 
338-342, 2015. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1414-
81452015000200338&script=sci_abstract, acessado em 02 de maio 2015. 
PEREIRAFILHO, José. Metodologia do trabalho cientifico: da teoria à prática. 
Tangara da Serra: Gráfica e Editora Sanches, 2013. 
PETEAN, E; COSTA, A. L. R. C.; RIBEIRO, R. L. R. repercussões da ambiência 
hospitalar na perspectiva dos trabalhadores de limpeza. Trab. Educ. Saúde. v. 12, 
n.3, p. 615-635, 2014. Disponível em http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1981-
77462014000300615&script=sci_arttext, acesso em 02 de maio 2015. 
RIBEIRO,J. P. GOMES G. C. THOFEHRN M. B. Ambiência como estratégia de 
humanização da assistência na unidade de pediatria: revisão sistemática. Rev Esc 
Enferm USP. v. 48, n. 3, p. 530-539, 2014. Disponível em 
http://www.scielo.br/pdf/reeusp/v48n3/pt_0080-6234-reeusp-48-03-530.pdf, acesso 
em 02 de maio 2015.

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