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Apostila de Direito penal I AV 2

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Direito penal I
Aula 1
DIREITO PENAL E AS DEMAIS CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS:
Fato – eficácia – ser – sociologia jurídica;
Valor – fundamento – poder ser – filosofia jurídica;
Norma – vigência – dever ser – ciência do Direito;
FINALIDADE DO DIREITO PENAL: 
A finalidade do Direito Penal é a proteção dos bens jurídicos mais importantes e necessários para a própria sobrevivência da sociedade. Para efetivar essa proteção utiliza-se da cominação, aplicação e execução da pena. A pena não é a finalidade do direito penal. É apenas um instrumento de coerção de que se vale para a proteção desses bens, valores e interesses mais significativos da sociedade. 
Não se admite, portanto, a criação de qualquer tipo penal incriminador onde não se consiga apontar, com precisão, o bem jurídico que por intermédio dele pretende-se proteger.
DIREITO PENAL OBJETIVO E DIREITO PENAL SUBJETIVO: 
Direito penal objetivo – é o conjunto de normas editadas pelo Estado, definindo crimes e contravenções, isto é, impondo ou proibindo determinadas condutas sob a ameaça de sanção ou medida de segurança, bem como todas as outras que cuidem de questões de natureza penal, estejam ou não codificadas. 
Direito penal subjetivo – é a possibilidade que tem o Estado de criar e fazer cumprir suas normas, executando as decisões condenatórias proferidas pelo Judiciário. É O PRÓPRIO IUS PUNIENDI. Mesmo nos crimes de ação penal privada, o Estado não transfere o seu ius puniendi ao particular. O que este detém é o ius persequendi ou o ius accusationis, ou seja, o direito de vir a juízo e pleitear a condenação de seu agressor, e não o direito de executar, por si só a sentença condenatória. 
MODELO PENAL GARANTISTA DE LUIGI FERRAJOLI: 
Para Ferrajoli, “o garantismo – entendido no sentido do ESTADO CONSTITUCIONAL DE DIREITO, isto é, aquele conjunto de vínculos e de regras racionais impostos a todos os poderes na tutela dos direitos de todos, representa o único remédio para os poderes selvagens”. 
O autor distingue as garantias em duas grandes classes: as garantias primárias e as garantias secundárias: - garantias primárias – limites e vínculos normativos – ou seja, as proibições e obrigações, formais e substanciais, impostos na tutela dos direitos, ao exercício de qualquer poder; - garantias secundárias – diversas formas de reparação – a anulabilidade dos atos inválidos e a responsabilidade pelos atos ilícitos – subsequentes às violações das garantias primárias. 
Para o garantismo de Ferrajoli, o juiz não é um mero aplicador da lei, um mero executor da vontade do legislador ordinário. Ele é, antes de mais nada, o guardião de nossos direitos fundamentais. 
Dez axiomas do garantismo penal: 
São dez máximas que dão suporte a todo raciocínio do garantismo penal. 
1) nulla poena sine crimine – somente será possível a aplicação de pena quando houver, efetivamente, a prática de determinada infração penal; 
2) nullum crimen sine lege – a infração penal deverá sempre estar expressamente prevista na lei penal; 
3) nulla lex (poenalis) sine necessitate - a lei penal somente poderá proibir ou impor determinados comportamentos, sob a ameaça de sanção, se houver absoluta necessidade de proteger determinados bens, tidos como fundamentais ao nosso convívio em sociedade, (direito penal mínimo); 
4) nulla necessitas sine injuria – as condutas tipificadas na lei penal devem, obrigatoriamente, ultrapassar a sua pessoa, isto é, não poderão se restringir à sua esfera pessoa, à sua intimidade, ou ao seu particular modo de ser, somente havendo possibilidade de proibição de comportamentos quando estes vierem a atingir bens de terceiros; 
5) nulla injuria sine actione – as condutas tipificadas só podem ser exteriorizadas mediante a ação do agente, ou omissão, quando previsto em lei; 
6) nulla actio sine culpa – somente as ações culpáveis podem ser reprovadas; 
7) nulla culpa sine judicio – é necessária adoção de um sistema nitidamente acusatório, com a presença de um juiz imparcial e competente para o julgamento da causa; 
8) nullum judicium sine accusatione – o juiz que julga não pode ser responsável pela acusação; 
9) nulla accusatio sine probatione – fica a cargo do acusador todo o ônus probatório, que não poderá ser transferido para o acusado da prática de determinada infração penal; 
10) nulla accusatio sine defensione – deve ser assegurada ao acusado a ampla defesa, com todos os recursos a ela inerentes.
FONTES DO DIREITO PENAL: 
Ao termo FONTE, na ciência jurídica, deve ser atribuído duplo sentido: num primeiro, a significação de “sujeito” do qual emanam as normas jurídicas (fontes de produção ou fontes materiais); num segundo, o modo ou o meio pelo qual a vontade jurídica se manifesta (fontes de conhecimento ou fontes formais). 
2. ESPÉCIES 
De acordo com a classificação apresentada, podemos assim distinguir as espécies de fontes: 
a) fontes de produção – o Estado é a única fonte de produção do Direito Penal. O artigo 22 da CF/88, em seu inciso I, dispõe que “compete privativamente à União legislar sobre direito penal”. 
b) fontes de conhecimento – a única fonte de cognição ou de conhecimento do Direito Penal é a LEI. Mas o autor ainda diferencia, dentro das fontes de cognição, as IMEDIATAS e as MEDIATAS, sendo que a lei propriamente dita seria fonte imediata por excelência e, dentre as mediatas, estariam os costumes e os princípios gerais de direito.
Aula 2
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS E INFRACONSTITUCIONAIS:
Os princípios constitucionais possuem a função de orientar, organizar e estruturar o ordenamento jurídico, especialmente quanto a aplicação do direito e interpretação da norma jurídica. Neste sentido, aliás, já se disse que “os princípios constitucionais (tragende Konstitutionsprizipien) e as garantias individuais devem atuar como balizas para a correta interpretação e o justo emprego das normas penais, não se podendo cogitar de uma aplicação meramente robotizada dos tipos incriminadores...”
Diversos são os princípios de Direito Penal que estão assegurados na Constituição. Vejamos:
PRINCÍPIO DA LEGALIDADE: 
Não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia cominação legal (CF, art. 5º, XXXIX, e CP, art. 1º).
PRINCÍPIO DA MÁXIMA TAXATIVIDADE: 
Este princípio se encontra ligado à técnica redacional legislativa. Não basta existir uma lei que defina uma conduta como crime. A norma incriminadora legal deve ser clara, compreensível, permitindo ao cidadão a real consciência acerca da conduta punível pelo Estado.
O princípio da taxatividade, ou da determinação, não está expresso em nenhuma norma legal. Trata-se de uma construção doutrinária, fundamentada no princípio da legalidade e nas bases do Estado Democrático de Direito.
PRINCÍPIO DA LESIVIDADE (OU OFENSIVIDADE):
O princípio da lesividade (nullum crimen sine injuria) anuncia que nenhuma conduta será tida como criminosa se ela não vier causar lesão ou ao menos expor a lesão um bem juridicamente tutelado pela norma penal.
PRINCÍPIO DA SUBSIDIARIEDADE (LEX PRIMARIA DEROGAT LEGI SUBSIDIARIAE):
 A relação de subsidiariedade pressupõe que haja entre as normas aparentemente aplicáveis uma relação de conteúdo a continente. Há uma norma mais ampla (norma primária), porque descreve um grau maior de violação ao bem jurídico, e uma norma menos ampla (norma subsidiária), pois descreve um grau inferior de violação a esse mesmo bem.
PRINCÍPIO DA FRAGMENTARIEDADE:
O direito penal só deve se ocupar com ofensas realmente graves aos bens jurídicos protegidos. Tem-se, aqui, como variante, a intervenção mínima, que nasce o princípio da insignificância desenvolvido por Claus Roxin. Entende-se que devem ser tidas como atípicas as ofensas mínimas ao bem jurídico. Não há tipicidade material. Há, apenas, tipicidade formal.
PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA OU DA BAGATELA:
Foi desenvolvido por Claus Roxin. Para o autor, a finalidade do Direito Penal consiste na proteção subsidiária de bens jurídicos. Logo, comportamentos que produzam lesões insignificantesaos objetos jurídicos tutelados pela norma penal devem ser considerados penalmente irrelevantes. A aplicação do princípio produz fatos penalmente atípicos.
PRINCÍPIO DA ADEQUAÇÃO SOCIAL:
O fato deixará de ser típico quando aceito socialmente. Convence que a adequação social supera contravenção denunciada. Em vez de punir um fato por ser típico, devemos adequá-lo à realidade vigente, aos costumes sociais, enfim, à consciência coletiva. A lei deveria ser interpretada pro societate, e, ao que tudo indica, a coletividade não se interessa pela punição dos ‘bicheiros’. Ao contrário, já inseriu o jogo do bicho em seu dia a dia”
PRINCÍPIO DA CULPABILIDADE:
 Como decorrência do princípio da dignidade da pessoa humana (CF, art. 1º, III) e da presunção de não culpabilidade (CF, art. 5º, LVII), exsurge esse princípio, segundo o qual: 
a) não se admite responsabilidade penal objetiva, ou seja, desprovida de dolo ou culpa (v. art. 19 do CP) ou carente de culpabilidade (v. arts. 21 a 28 do CP); 
b) a pena há de ser dosada segundo o grau de reprovabilidade da conduta do agente.
PRINCÍPIO DA INTERVENÇÃO MÍNIMA:
Somente se deve recorrer à intervenção do direito penal em situações extremas, como a última saída (ultima ratio). A princípio, portanto, deve-se deixar aos demais ramos do direito a disciplina das relações jurídicas. A subtração de um pacote de balas em um supermercado, já punida com a expulsão do cliente do estabelecimento e com a cobrança do valor do produto ou sua devolução, já foi resolvida por outros ramos do direito, de modo que não necessitaria da interferência do direito penal.
PRINCÍPIO DA INDIVIDUALIZAÇÃO DA PENA:
É o princípio que garante que as penas dos infratores não sejam igualadas, mesmo que tenham praticado crimes idênticos. Isto porque, independente da prática de mesma conduta, cada indivíduo possui um histórico pessoal, devendo cada qual receber apenas a punição que lhe é devida.
PRINCÍPIO DA LIMITAÇÃO DAS PENAS:
Historicamente, vê-se que as penas já foram das mais diversas, com requintes de crueldade e total desrespeito à dignidade da pessoa humana.
Para limitar a atuação do legislador, a atual Constituição previu, em seu art. 5º, XLVII, os seguintes limites:
"Art. 5º, inciso XLVII - não haverá penas:
a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos termos do art. 84, XIX;
b) de caráter perpétuo;
c) de trabalhos forçados; 
d) de banimento;
e) cruéis".
Segundo esse comando, não poderão ser cominadas essas penas. Especificamente no que respeita á pena de morte, só existirá nos casos de guerra declarada, e aplicada mediante fuzilamento. Como se trata de cláusula pétrea, não poderá ser objeto de emenda constitucional tendente a abolir essa garantia individual.
PRINCÍPIO DO "IN DUBIO PRO REO" (PRESUNÇÃO DA INOCÊNCIA):
Também conhecido como princípio do favor rei, o princípio do “in dubio pro reo” implica em que na dúvida interpreta-se em favor do acusado. Isso porque a garantia da liberdade deve prevalecer sobre a pretensão punitiva do Estado.
É perceptível a adoção implícita deste princípio no Código de Processo Penal, na regra prescrita no artigo 386, II, ex vi:
Art. 386. O juiz absolverá o réu, mencionando a causa na parte dispositiva, desde que reconheça:
VII – não existir prova suficiente para a condenação.
Não conseguindo o Estado angariar provas suficientes da materialidade e autoria do crime, o juiz deverá absolver o acusado. Ou seja, in dubio pro reo.
Aula 3
NORMAS PENAIS INCRIMINADORAS E NORMAS PENAIS NÃO INCRIMINADORAS 
O Código Penal não traz apenas normas que descrevem condutas típicas, que ensejam punição estatal. Traz também normas que podem beneficiar o agente e até mesmo excluir o crime. Portanto, existem no código duas espécies de normas penais: 
a) normas penais incriminadoras;
 b) normas penais não-incriminadoras. 
 Normas Penais Incriminadoras 
Possuem a função de definir as infrações penais, proibindo ou impondo condutas, sob ameaça de pena. São as normas penais em sentido estrito, proibitivas ou mandamentais. 
Ao observarmos os tipos penais incriminadores, percebemos que existem duas espécies de preceitos: - preceito primário – preceptum iuris – faz a descrição detalhada e perfeita de uma conduta que se procura proibir ou impor - preceito secundário – sanctio iuris – individualiza a pena, cominando-a em abstrato 
 NORMAS PENAIS NÃO-INCRIMINADORAS 
Possuem as seguintes finalidades: a. tornar lícitas determinadas condutas; b. afastar a culpabilidade do agente, erigindo causas de isenção de pena; c. esclarecer determinados conceitos; d. fornecer princípios gerais para a aplicação da lei penal. 
Elas podem ser, portanto, PERMISSIVAS, EXPLICATIVAS e COMPLEMENTARES. 
EXPLICATIVAS – esclarecem ou explicam conceitos (arts. 327 e 150, §4o, do CP).
Ex: 
Art. 327. Considera-se funcionário público, para os efeitos penais, quem, embora transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo, emprego ou função pública. 
Art. 150. Entrar ou permanecer, clandestina ou astuciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de quem de direito, em casa alheia ou em suas dependências: Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) meses, ou multa. § 4º. A expressão "casa'' compreende: I - qualquer compartimento habitado; II - aposento ocupado de habitação coletiva; III - compartimento não aberto ao público, onde alguém exerce profissão ou atividade. 
COMPLEMENTARES – fornecem princípios gerais para a aplicação da lei penal. Ex.: art. 59, do CP. 
Ex: 
Art. 59. O juiz, atendendo à culpabilidade, aos antecedentes, à conduta social, à personalidade do agente, aos motivos, às circunstâncias e consequências do crime, bem como ao comportamento da vítima, estabelecerá, conforme seja necessário o suficiente para reprovação e prevenção do crime: 
As PERMISSIVAS, por sua vez, podem ser: 
PERMISSIVAS JUSTIFICANTES – têm por finalidade afastar a ilicitude (antijuridicidade) da conduta do agente. Ex.: arts. 23 a 25, do CP. 
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: I - em estado de necessidade; II - em legítima defesa; III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito. 
Legítima defesa Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
PERMISSIVAS EXCULPANTES – têm por finalidade eliminar a culpabilidade, isentando o agente de pena. Ex.: arts. 26, caput e 28, §1o, do CP. 
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Art. 28. § 1º. É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento.
NORMAS PENAIS EM BRANCO: 
São aquelas em que há uma necessidade de complementação para que se possa compreender o âmbito de aplicação de seu preceito primário. Embora haja uma descrição da conduta proibida, essa descrição requer, obrigatoriamente, um complemento extraído de outro diploma, uma vez que, sem o complemento, torna-se impossível sua aplicação. 
As normas penais em branco se dividem em dois grupos: 
Normas penais em branco homogêneas (ou em sentido amplo) – se o seu complemento é oriundo da mesma espécie legislativa que editou a norma que necessita do complemento. Lei complementando lei. 
Normas penais em branco heterogêneas (ou em sentido estrito) – seu complemento é oriundo de fonte diversa daquela que a editou. Regulamento complementando lei.
CONCURSO (OU CONFLITO) APARENTE DE NORMAS PENAIS: 
Ocorre quando para um mesmo fato aparentemente existem duas ou mais normas que poderão sobre ele incidir. Diz-se aparentemente, pois o conflito só ocorre a princípio, antes de uma análisemais detida do problema, tendo em vista que o próprio ordenamento esclarece quais os métodos a serem usados para esclarecer a questão. 
No âmbito penal, o conflito ocorre quando uma mesma conduta delituosa pode enquadrar-se em diversas disposições da lei penal. 
São os seguintes princípios responsáveis pela solução do conflito: 
Princípio da Especialidade; 
Princípio da Subsidiariedade; 
Princípio da Consunção; 
Princípio da Alternatividade. 
Princípio da Especialidade: 
Norma especial afasta a aplicação da norma geral. Lex specialis derrogat generali. Na norma especial há um plus, ou seja, um detalhe a mais que sutilmente a distingue da norma geral. Ex.: Homicídio e Infanticídio. 
Princípio da Subsidiariedade 
A norma subsidiária é considerada um “soldado de reserva” (NELSON HUNGRIA), ou seja, na ausência ou impossibilidade de aplicação da norma principal mais grave, aplica-se a norma subsidiária menos grave. Lex primaria derrogat legi subsidiariae. 
A subsidiariedade pode ser expressa ou tácita. 
Expressa – a própria lei faz a sua ressalva, deixando transparecer seu caráter subsidiário. Ex.: art. 132, do CP, que será aplicado somente se a conduta não constituir crime mais grave. 
Tácita ou implícita – o artigo, embora não se referindo expressamente ao seu caráter subsidiário, somente terá aplicação nas hipóteses de não-ocorrência de um delito mais grave que, neste caso, afastará a aplicação da norma subsidiária. Ex.: art. 311 do Código de Trânsito Brasileiro, que descreve uma espécie de crime de perigo, que é transitar em velocidade incompatível com a segurança nas proximidades de escolas, etc. Se atropelar alguém, causando-lhe a morte, o crime será outro. 
Diferença entre especialidade e subsidiariedade 
Na subsidiariedade, ao contrário do que ocorre na especialidade, os fatos previstos em uma e outra norma não estão em relação de espécie e gênero, e se a pena do tipo principal (sempre mais grave que a do tipo subsidiário) é excluída por qualquer causa, a pena do tipo subsidiário pode apresentar-se como “soldado de reserva” e aplicar-se pelo residuum. 
Princípio da Consunção 
Pode-se aplicar o princípio da consunção: 
a) quando um crime é meio necessário ou fase normal de preparação ou de execução de outro crime (progressão criminosa e crime progressivo) – a consumação absorve a tentativa e está absorve o incriminado ato preparatório; o crime de lesão absorve o correspondente crime de perigo; o homicídio, a lesão corporal; o furto em casa habitada, a violação de domicílio. 
b) nos casos de antefato e pós-fato impuníveis: 
ANTEFATO IMPUNÍVEL (não punível) – situação antecedente praticada pelo agente a fim de conseguir levar a efeito o crime por ele pretendido inicialmente e que, sem aquele, não seria possível. Ex: para praticar estelionato com um cheque que o sujeito ativo encontrou na rua é necessário que cometa um delito de falso, ou seja: que o preencha e o assine. 
Súmula 17 – STJ – “quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade ofensiva, é por este absorvido”. 
PÓS-FATO IMPUNÍVEL (não punível) – é um exaurimento do crime principal praticado pelo agente e, portanto, por ele não pode ser punido. Ex.: a venda pelo ladrão de coisa furtada como própria não constitui estelionato. Se o agente falsifica moeda e depois a introduz em circulação pratica apenas o crime de moeda falsa. 
Princípio da Alternatividade:
Observa-se a aplicabilidade do princípio nos casos de crimes de ação múltipla ou de conteúdo variado, ou seja, crimes plurinucleares, nos quais o tipo penal prevê mais de uma conduta em seus vários núcleos. Ex.: artigo 12 da Lei de Tóxicos (lei 6.368/76): 
Art. 12. Importar ou exportar, remeter, preparar, produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à venda ou oferecer, fornece ainda que gratuitamente, ter em depósito, transportar, trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar ou entregar, de qualquer forma, a consumo substância entorpecente ou que determine dependência física ou psíquica, sem autorização ou em desacordo com determinação legal ou regulamentar: 
Se o sujeito pratica três verbos diferentes, não responde por concurso material, mas sim uma única vez, sem que se possa falar em concurso de infrações penais. O princípio da alternatividade diz que o agente só pode ser punido por uma das modalidades inscritas no tipo penal, ainda que possa praticar duas ou mais condutas.
Aula 4	
TEMPO DO CRIME: 
Tempo do crime é o momento em que se considera o crime praticado. Essa noção é necessária para resolver problemas de confronto de leis que se sucedem no tempo. Várias teorias procuram identifica-lo: 
a) teoria da atividade – tempo do crime é o da ação ou da omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
b) teoria do resultado – o tempo do crime é o da ocorrência do resultado, não importando o tempo da conduta comissiva ou omissiva. 
c) teoria mista ou da ubiquidade – considera os dois fatores. O tempo do crime será o da ação ou imissão, bem como o do momento do resultado. 
O artigo 4o do Código Penal dispõe o seguinte: 
Art. 4º. Considera-se praticado o crime no momento da ação ou omissão, ainda que outro seja o momento do resultado. 
Disso podemos concluir que o nosso Código Penal adotou a teoria da ATIVIDADE para explicar o tempo do crime. 
EXTRA-ATIVIDADE DA LEI PENAL:
A extra atividade pode se desdobrar no tempo para frente ou para trás, dando origem, respectivamente à ultra atividade ou à retroatividade. 
Ultra atividade – ocorre quando a lei, mesmo depois de revogada, continua a regular os fatos ocorridos durante a sua vigência; 
Retroatividade – possibilidade conferida à lei penal de retroagir no tempo, a fim de regular os fatos ocorridos anteriormente à sua entrada em vigor. 
A ultra atividade e a retroatividade da lei penal serão realizadas, sempre, em benefício do agente, e nunca em seu prejuízo, e pressupõem, necessariamente, a sucessão de leis no tempo.
NOVATIO LEGIS IN MELLIUS E NOVATIO LEGIS IN PEJUS: 
O parágrafo único do artigo 2º do Código Penal determina que: 
Parágrafo único. A lei posterior, que de qualquer modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos anteriores, ainda que decididos por sentença condenatória transitada em julgado. 
A lei nova, editada posteriormente à conduta do agente, pode conter dispositivos que beneficiem ou que prejudiquem o mesmo. Se beneficiá-lo, será considerada uma novatio legis in mellius. Se prejudica-lo será considerada uma novatio legis in pejus. 
A novatio legis in mellius terá sempre efeito retroativo, sendo aplicada aos fatos ocorridos anteriormente à sua vigência, ainda que já tenha havido sentença com trânsito em julgado. 
APLICAÇÃO DA NOVATIO LEGIS IN PEJUS NOS CRIMES PERMANENTES E CONTINUADOS: 
CRIME PERMANENTE – é o crime cuja execução se prolonga, se perpetua no tempo. Existe uma ficção jurídica de que o agente, a cada instante, enquanto durar a permanência, está praticando atos de execução. Na verdade, a execução e a consumação do delito acabam se confundindo. 
CRIME CONTINUADO – ocorre quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os crimes subsequentes ser havidos como continuação do primeiro (art. 71, do CP). 
Art. 71. Quando o agente, mediante mais de uma ação ou omissão, pratica dois ou mais crimes da mesma espécie e, pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, devem os subsequentes ser havidos como continuação do primeiro, aplicasse-lhe a pena de um só dos crimes, se idênticas, ou a mais grave, se diversas, aumentada, em qualquer caso, de um sexto a dois terços. 
Como será feita a aplicação de uma lei posterior ao início da execução do crime – seja ele continuado ou permanente – quando essa lei posterior agrava a situação do agente? 
De acordo com a Súmula 711, do STF, a lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado ou aocrime permanente, se sua vigência é anterior à cessação da continuidade ou da permanência. 
Portanto, tanto no crime permanente quanto no crime continuado será aplicada a lei mais grave, desde que não cessadas a permanência ou continuidade quando da entrada em vigência dessa lei.
Aula 5 
 TEORIA DO CRIME OU TEORIA DO DELITO:
 DIFERENÇA ENTRE CRIME E CONTRAVENÇÃO:
O art. 1º da lei de introdução ao código penal define crime como a infração penal, a que a lei comina pena de reclusão ou de detenção; define contravenção como a infração penal a que a lei comina pena de multa ou prisão simples.
 DIFERENÇA ENTRE ILÍCITO PENAL E ILÍCITO CIVIL: 
Será observada a gravidade de um e de outro, ao ilícito penal, o legislador reservou uma pena que pode até chegar ao extremo de privar o agente de sua liberdade (pena de prisão), tendo destinado ao ilícito civil a obrigação de reparar o dano ou outras sanções de natureza civil.
	FATO TÍPICO
	ANTIJURÍDICO
	CULPÁVEL
	CONDUTA:
- DOLOSA / CULPOSA;
- COMISSIVA / OMISSIVA.
	OBS: QUANDO O AGENTE NÃO ATUA EM: 
- ESTADO DE NECESSIDADE;
- LEGÍTIMA DEFESA;
- ESTRITO CUMPRIMENTO DO DEVER LEGAL;
- EXERCÍCIO REGULAR DO DIREITO;
QUANDO NÃO HOUVER O CONSENTIMENTO DO OFENDIDO COMO CAUSA SUPRALEGAL DE EXCLUSÃO DA ILICITUDE.
	IMPUTABILIDADE;
POTENCIAL CONSCIENCIA DA ILICITUDE DO FATO;
EXIGIBILIDADE DE CONDUTA DIVERSA.
	RESULTADO
	
	
	NEXO DE CASUALIDADE
	
	
	TIPICIDADE: 
-FORMAL;
- CONGLOBANTE. 
 
	
	
Aula 6
CLASSIFICAÇÃO DOS CRIMES:
Crime material: é aquele em que existe um resultado previsto na lei e exigido para a sua consumação. - ex. Homicídio;
Crime formal: é aquele em que existe um resulto previsto na lei, mas não é exigido para a sua consumação. Ex: art. 158 (extorsão), 159 (extorsão mediante sequestro). obs.: não há necessidade de receber o que exige, pois, se exigir, já se consumou;
Crime de mera conduta: é aquele em que a mera conduta já consuma o crime. O tipo penal não descreve um resultado (naturalístico – do mundo natural), apenas uma conduta). Ex: art. 135, 150;
Crime comissivo: praticado por ação;
Crime omissivo: praticado por omissão. Divide-se em: omissivo próprio (aquele não admite tentativa, pois ou o agente faz o que deve fazer, ou não faz – ex: art. 135 – omissão de socorro), omissivo impróprio (é aquele que se pratica pelo dever jurídico de agir – ex: art. 13 § 2º, alíneas a, b, c);
Crime comum: é aquele que pode ser praticado por qualquer pessoa. Ex: homicídio;
Crime próprio: é o que exige uma qualidade especial para ser praticado. Ex a: crimes praticados por funcionário público (peculato – art. 312), ex b: infanticídio;
Crime de mão própria: é aquele em que somente o autor pode praticar, não há como pedir para que o faça por ele. Ex: falso testemunho, dirigir sem habilitação;
Crime consumado: é o que reúne todos os elementos do tipo penal; 
Crime tentado: é aquele que não se consuma por circunstâncias alheias à vontade do agente. Ex: art. 14;
Crime continuado: art. 71 - quando pelas condições de tempo, lugar, maneira de execução e outras semelhantes, faz-se presumir que o crime posterior é consequência do anterior;
Crime doloso: é quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo. art. 18, inciso 1;
Crime culposo: é quando o agente não quis o resultado, mas deu causa a este por imprudência, negligência ou imperícia. art. 18, inciso 2;
Crime preterdoloso: é uma espécie de crime agravado pelo resultado. Dolo no antecedente 
(Conduta) e culpa no consequente (resultado). Ex: lesão corporal seguida de morte (art. 129, § 3º);
Crime plurissubjetivo: é aquele que somente pode ser praticado por várias pessoas. Ex: art. 137 (rixa), art. 288 (formação de quadrilha);
Crime unis subjetivo: praticado por somente uma pessoa;
Crime unis subsistente: crime praticado por apenas um ato. Não há como fracionar os atos, não há como fracionar o iter criminis. Consequentemente, não admite tentativa. Ex: injúria;
Crime plurissubsistente: crime praticado por mais de um ato, tem como fracionar o iter criminis, consequentemente pode ocorrer a tentativa. Ex: homicídio;
Crime de dano: é aquele que se exige efetivamente um dano. Ex: art. 129 -lesão corporal, homicídio;
Crime permanente: é aquele em que a sua consumação se prolonga no tempo. Ex art. 148 (sequestro);
Crime transeunte: é aquele crime que passa e não deixa vestígio. Não cabe perícia. Ex: art. 140 (injúria);
Crime não transeunte: é aquele que passa e deixa vestígio. Cabe perícia. Ex: homicídio.
DO TIPO PENAL:
ELEMENTOS QUE INTEGRAM O TIPO PENAL:
Núcleo do tipo:
É o verbo que descreve a conduta proibida pela lei penal;
Sujeito ativo: (próprio e comum).
É aquele que pode praticar a conduta descrita no tipo.
Próprio (crimes que só podem ser cometidos por pessoas em condições especiais, EX. crimes praticados por funcionários públicos contra a administração pública); [entendimento pessoal]
Comum (crimes cometidos por pessoa em condições normais, EX. Homicídio, furto, etc.) entendimento pessoal]
Sujeito passivo: (formal e material).
Formal: Será sempre o estado, que sofre toda vez que suas leis são desobedecidas.
Material: É o titular do bem, ou interesse juridicamente tutelado sobre o qual recai a conduta criminosa, que, em alguns casos, poderá ser também os estado.
Objeto material:
É a pessoa ou a coisa contra a qual recai a conduta criminosa do agente.
Conduta:
É o primeiro elemento integrante do fato típico.
É sinônimo de comportamento humano é resultado de uma ação humana, compreende qualquer comportamento humano comissivo (positivo) ou omissivo (negativo), pode ser ainda dolosa (quando o agente quer ou assume o risco de produzir o resultado) ou culposa (Quando o agente infringe seu dever de cuidado atuando com negligencia, imprudência ou imperícia).
Ação:
Existem três teorias:
Concepção casualista (Teoria Casual):
Ação é o movimento humano voluntário produtor de uma modificação no mundo exterior;
Teorista finalista (Teoria Final): [Nosso ordenamento adota essa teoria]
Comportamento humano voluntário dirigido a uma finalidade qualquer;
Teoria social:
Toda atividade humana social e juridicamente relevante.
Do tipo doloso:
Dolo é a vontade e consciência, ou seja, momento intelectual do dolo basicamente diz respeito a situação fática a que se encontra o agente. O agente deve ter consciência, isto é, deve saber exatamente aquilo que faz, para que lhe possa atribuir o resultado lesivo do tipo doloso.
Adotamos no nosso código a teoria da vontade e do assentimento que diz que atua com dolo aquele que antevendo como possível o resultado lesivo com a pratica de sua conduta mesmo não querendo de forma direta, não se importa com a sua ocorrência, assumindo o risco de vir a produzi-lo.
Dolo direto:
Quando o agente quer efetivamente cometer a conduta descrita no tipo conforme o Art. 18, I, do CP.
Dolo indireto:
Alternativo:
Quando o aspecto volitivo (vontade) do agente se encontra direcionado de maneira alternativa, seja em relação ao resultado ou em relação a pessoa contra a qual o crime for cometido.
EX. atentado terrorista.
Eventual:
Quando o agente embarca não querendo diretamente praticar a ação penal, não se abstém de agir e com isso assume o risco de produzir o resultado por ele previsto e aceito.
EX. roleta russa. 
Do tipo culposo:
Conduta humana voluntária (ação ou omissão) que produz resultado antijurídico não querido, mas previsível, e excepcionalmente previsto, que podia com a devida atenção ser evitado.
Para a caracterização do delito culposo é preciso a conjugação de vários elementos:
Conduta voluntaria, comissiva ou omissiva;
Inobservância de um dever objetivo de cuidado (negligencia, imprudência ou imperícia);
O resultado lesivo não querido, tampouco assumido pelo agente;
Nexo de causalidade entre a conduta do agente que deixa de observar o seu dever de cuidado e o resultado dela advindo;Previsibilidade: quando o agente deixa de prever o resultado que lhe era previsível fala-se em culpa consciente. Culpa consciente é aquela em que o agente embora prevendo o resultado, não deixa de praticar a conduta acreditando, sinceramente que este resultado venha a acontecer.
Tipicidade.
Relação de causalidade ART. 13
Causa: é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria acontecido, o nexo causal é o elo necessário que une a conduta praticada pelo agente ao resultado por ela produzido, se não houver esse vínculo que liga o resultado a conduta levada a efeito pelo agente, não se pode fala em relação de causalidade, e assim, tal resultado não poderá ser atribuído ao agente, haja vista não ter sido ele o seu causador.
Teoria sobre a relação de causalidade:
Teoria da causalidade adequada;
Teoria da relevância jurídica;
Teoria da equivalência dos antecedentes causais (condio sine qua non = condição sem a qual não) adotada pelo CP.
Para essa teoria causa é a ação ou omissão sem a qual o resultado não teria ocorrido, isso significa que todos os fatos que antecedem o resultado se equivalem desde que indispensáveis a sua ocorrência, verifica-se se o fato antecedente é causa do resultado por meio de uma eliminação hipotética.
Se suprimido mentalmente o fato vier a ocorrer uma modificação no resultado é sinal de que aquele é causa deste último. 
Nexo de causalidade:
 É a conduta do agente ligada ao resultado.
Espécies de causas:
As causas consideradas aquelas que interfiram na produção do resultado, podem ser absolutas ou relativamente independentes.
Causas absolutamente independentes e relativamente independentes:
As espécies são iguais, porém fiquem atentos com significado de ambas as causas, pois são distintas.
Preexistente: 
É aquele que ocorreu anterior a conduta do agente;
Concomitante:
É aquela que ocorre numa relação de simultaneidade;
Superveniente:
É aquele que ocorre posterior a conduta do agente.
Inter criminis:
A ação e composta por duas fases:
Interna: premeditação;
Externa: execução.
Na fase interna, o agente antecipa e representa mentalmente o resultado, escolhe os meios necessários a serem utilizados no cometimento da infração, bem como considera os efeitos concomitantes que resultarão dos meio por ele escolhidos, e em seguida exterioriza sua conduta, colocando em pratica tudo aquilo que por ele fora planejado.
Desde o início até o fim da infração penal, o agente passa por várias etapas, como se caminhasse por uma trilha que pudesse leva-lo ao êxito de seu plano criminoso.
O inter criminis assim é composto pelas seguintes fases:
Cogitação (cogitatio);
É a fase que se passa na mente do agente.
Preparação (atos preparatórios);
O momento em que o agente começa a se preparar selecionando os meios aptos a chegar ao resultado por ele pretendido. 
Execução (atos de execução);
Quando o agente da início a execução a execução do crime, duas situações podem ocorrer:
O agente consuma a infração penal pretendida por ele por ele inicialmente (consumação);
Em virtude de circunstancias alheias a sua vontade a infração não chega a consumar-se, restando, portanto, tentada (tentativa). 
Consumação (summatum opus). (Definição e exemplos no caderno)
Nos crimes materiais e culposos;
Nos crimes comissivos próprios;
Nos crimes de mera conduta;
Nos crimes formais;
Nos crimes qualificados pelo resultado;
Nos crimes permanentes;
Exaurimento.
Obs.: a cogitação e os atos preparatórios não são puníveis.
Elementos que caracterizam o crime tentado:
Para que se possa falar em tentativa é preciso que:
A conduta seja dolosa, isto é, que exista uma vontade livre e consciente de querer praticar determinada infração penal;
O agente ingresse obrigatoriamente, na fase das chamados atos de execução;
Não consiga chegar a consumação do crime por circunstancias alheias a sua vontade.
Espécies de tentativa:
Tentativa branca:
Também chamada de incruenta, quando o agente não obstante ter-se utilizado dos meios que tinha ao seu alcance não consegue atingir a pessoa ou a coisa sobre a qual deveria recair a sua conduta;
EX. erra todas as tentativas.
Tentativa perfeita:
Quando o agente esgota todos os meios que tinha ao seu alcance a fim de atingir a consumação da infração penal, que somente não ocorre por circunstancias alheias a sua vontade.
EX. acertou mas não concluiu objetivo.
Tentativa imperfeita ou inacabada:
Ocorre quando o agente é interrompido durante a pratica dos atos de execução, não chegando assim, a fazer tudo aquilo que intencionava quando visava consumar o ato.
EX. alguém interrompe o crime.
Crimes que não admitem tentativa: (Definição e exemplos no caderno)
Crimes habituais;
Crime preterdoloso;
Crimes culposos;
Crimes unisubsistentes;
Crimes omissivo próprio.
Desistência voluntaria:	
Ocorre quando o agente voluntariamente de desiste de prosseguir na execução do crime.
Responderá por lesão corporal.
Arrependimento eficaz:
Pratica a conduta e imediatamente se arrepende não permitindo a consumação do crime.
Arrependimento posterior:
Quando o agente comete um crime sem violência ou grave ameaça a pessoa e repara o dano ou restitui a caixa antes do oferecimento da denúncia, terá sua pena reduzida de 1 a 2/3.
Ilicitude e excludentes de ilicitude:
Art. 23. Não há crime quando o agente pratica o fato: 
I - em estado de necessidade; 
II - em legítima defesa; 
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercício regular de direito.
Excesso punível 
Parágrafo único. O agente, em qualquer das hipóteses deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
Estado de necessidade 
Art. 24. Considera-se em estado de necessidade quem pratica o fato para salvar de perigo atual, que não provocou por sua vontade, nem podia de outro modo evitar, direito próprio ou alheio, cujo sacrifício, nas circunstâncias, não era razoável exigir-se. 
§ 1º Não pode alegar estado de necessidade quem tinha o dever legal de enfrentar o perigo. 
§ 2º Embora seja razoável exigir-se o sacrifício do direito ameaçado, a pena poderá ser reduzida de um a dois terços.
Legítima defesa 
Art. 25. Entende-se em legítima defesa quem, usando moderadamente dos meios necessários, repele injusta agressão, atual ou iminente, a direito seu ou de outrem. 
Estrito cumprimento de dever legal:
Compreende os deveres de intervenção do funcionário na esfera privada assegurar o comprometimento da lei ou de ordem de superiores da administração pública que podem determinar a realização justificada de tipos legais, como a coação, privação de liberdade, violação de domicilio, lesão corporal etc.
Exercício regular de direito.
É uma causa de justificação concedida através do Direito subjetivo.
O consentimento do ofendido, isenta a culpabilidade (o ocorrido).
EX. tatuagem, cirurgia, etc.
Inimputáveis 
Art. 26. É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
Redução de pena 
Parágrafo único. A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Artigo com redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) 
Menores de dezoito anos 
Art. 27. Os menores de 18 (dezoito) anos são penalmente inimputáveis, ficando sujeitos às normas estabelecidas na legislação especial. (Artigo com redação dada pela Lei nº 7.209, de 11/7/1984) 
Emoção e paixão 
Art. 28. Não excluem a imputabilidade penal: 
I - a emoção ou a paixão; 
Embriaguez 
II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool ou substância de efeitos análogos. 
§ 1º É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramenteincapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento. 
§ 2º A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento
O erro: de proibição.
Direto:
Quando o erro do agente vem a recair sobre o conteúdo proibitivo de uma norma penal.
Indireto:
É suposição errônea de uma causa de justificação, se o autor erra sobre a existência ou os limites da proposição permissiva (erro de permissão).
Será o casos das discriminantes putativas.
Legitima defesa por erro de proibição indireta. (Imagina estar em uma excludente de ilicitude).
Mandamental:
É aquele que incide sobre o mandamento contidos nos crimes omissivos sejam eles próprios ou impróprios. (Não arriscar a vida para salvar a vida de terceiro)
Tal como ocorrer no erro de tipo ocorre no erro de proibição, eles podem ser:
Evitável (inescusável, vencível);
Inevitável (escusável, invencível).
Obs.: a finalidade principal do erro de tipo é afastar o dolo da conduta, seja ele escusável ou inescusável; entretanto se o erro de tipo for considerado escusada eliminando dolo ou a culpa.
 Erro sobre elementos do tipo. 
Art. 20. O erro sobre elemento constitutivo do tipo legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição por crime culposo, se previsto em lei. 
Descriminantes putativas. 
§ 1º É isento de pena quem, por erro plenamente justificado pelas circunstâncias, supõe situação de fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e o fato é punível como crime culposo. 
Erro determinado por terceiro.
§ 2º Responde pelo crime o terceiro que determina o erro. 
Erro sobre a pessoa. 
§ 3º O erro quanto à pessoa contra a qual o crime é praticado não isenta de pena. Não se consideram, neste caso, as condições ou qualidades da vítima, senão as da pessoa contra quem o agente queria praticar o crime. 
Erro sobre a ilicitude do fato. 
Art. 21. O desconhecimento da lei é inescusável. O erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto a um terço. 
Parágrafo único. Considera-se evitável o erro se o agente atua ou se omite sem a consciência da ilicitude do fato, quando lhe era possível, nas circunstâncias, ter ou atingir essa consciência.
 
Coação irresistível e obediência hierárquica.
Art. 22. Se o fato é cometido sob coação irresistível ou em estrita obediência a ordem, não manifestamente ilegal, de superior hierárquico, só é punível o autor da coação ou da ordem.

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