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Roteiro das aulas de ECA 2S.2017

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1 
 
ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
LEI 8.069 DE 13 DE JULHO DE 1990 
A) CONTEÚDO DO PROGRAMA DE ENSINO 
1. Dos direitos fundamentais da criança e do adolescente 
 
1.1. Desenvolvimento histórico. 
1.2. Concepção de dignidade da pessoa humana. 
1.3. A doutrina da situação irregular. 
1.4. A mudança de paradigma: a doutrina da proteção integral. 
2. Dos direitos da criança e do adolescente no ordenamento jurídico brasileiro e sua 
proteção internacional 
 
2.1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948). 
2.2. Os direitos da criança e do adolescente na Constituição da República Federativa do Brasil 
(1988). 
2.3. Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (1989). 
2.4. O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90. 
3. Dos direitos fundamentais e da prevenção no ECA 
 
3.1. Do direito à vida e à saúde. 
3.2. Do direito à liberdade, ao respeito e à dignidade. 
3.3. Do direito à convivência familiar e comunitária. 
3.4. Do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer. 
3.5. Do direito à profissionalização e à proteção ao trabalho. 
3.6. Da prevenção - disposições gerais. 
3.7. Da prevenção especial. 
4. Da Adoção 
 
4.1. Conceito. 
4.2. Adoção na Constituição. 
4.3. Adoção no Código Civil. 
4.4. Adoção à brasileira. 
4.5. Requisitos quanto ao adotante. 
4.6. Requisitos quanto ao adotando. 
4.7. Adoção post mortem 
4.8. Efeitos da adoção. 
4.9. Adoção internacional. 
4.10. Restabelecimento do poder familiar. 
5. Da política de atendimento e das medidas de proteção 
 
5.1. Medidas de atendimento. 
5.2. Das medidas específicas de proteção. 
 
6. Da prática de ato infracional 
 
6.1. Disposições gerais. 
6.2. Dos direitos individuais. 
6.3. Das garantias processuais. 
6.4. Das medidas socioeducativas. 
6.5. Da remissão. 
2 
 
7. Das medidas pertinentes aos pais ou responsáveis 
8. Do Conselho Tutelar 
 
8.1. Disposições Gerais. 
8.2. Das atribuições do Conselho. 
8.3. Da competência. 
8.4. Da escolha dos conselheiros. 
8.5. Dos impedimentos. 
9. Do acesso à Justiça 
 
9.1. Disposições gerais. 
9.2. Da justiça da infância e da juventude. 
9.3. Dos procedimentos. 
9.4. Dos recursos. 
9.5. Do Ministério Público. 
9.6. Do advogado. 
9.7. Da proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos. 
10. Dos crimes e das infrações administrativas 
 
10.1. Dos crimes. 
10.2. Das infrações administrativas. 
 
 
B) BIBLIOGRAFIA 
 
Básica: 
DEL-CAMPO, Eduardo Roberto Alcântara; OLIVEIRA, Thales Cezar. Estatuto da Criança e do 
Adolescente, São Paulo: Atlas, 2012. 
ISHIDA, Válter Kenji. Estatuto da Criança e do Adolescente: doutrina e jurisprudência. 
13. ed. São Paulo: Atlas, 2014. 
ELIAS, Roberto João. Comentários ao Estatuto da Criança e do Adolescente: (Lei 8.069, 
de 13 de julho de 1990). 4 ed. São Paulo: Saraiva, 2010 
 
Complementar: 
CURY, Munir. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. São Paulo:Malheiros, 
2010. 
MACHADO, Martha de Toledo. A proteção constitucional de crianças e adolescentes e 
os direitos humanos. Barueri, SP: Manole, 2003. 
ELIAS, Roberto João. Direitos fundamentais da criança e do adolescente. São Paulo: 
Saraiva, 2005. 
BOBBIO, Norberto; tradução Carlos Nelson Coutinho. A Era dos Direitos. Rio de Janeiro: 
Elsevier, 2004. 
SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na 
Constituição Federal de 1988. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2008. 
 
C) AVALIAÇÃO 
• Serão realizadas duas avaliações escritas, nas datas designadas pela Coordenadoria 
do Curso (semana de avaliação e aprendizagem). 
 
 
 
 
3 
 
D) ATIVIDADE EXTRA-CLASSE DIRIGIDA 
 
1- Leitura e Fichamento do texto: "O Adolescente autor de ato infracional com 
doença ou transtorno mental e a Lei do SINAE" (MENDES, Rita Verônica Mendes; 
VERONESE, Josiane Rose Petry; Estatuto da Criança e do Adolescente 25 anos de 
desafios e conquistas, São Paulo: Saraiva, 2015, pág. 267/275. 
 
2- Pesquisa de jurisprudência sobre a prescrição da pretensão socioeducativa. 
 
3 -Pesquisa de jurisprudência sobre a prescrição da pretensão executória das 
medidas socioeducativas 
 
4- Pesquisa e compilação de súmulas do STJ e do STF acerca do ECA 
 
5- Pesquisa jurisprudencial sobre a adoção de crianças e adolescentes por casais 
homossexuais 
 
6- Pesquisa jurisprudencial sobre a aplicação do princípio da insignificância na 
ação socioeducativa 
 
 
E) CONTATO 
 
 
Prof. Ana Silvia Soler 
email: assoler@unimep.br 
 
 
F) ROTEIRO DAS AULAS 
 
• O roteiro se destina ao acompanhamento das aulas, sendo que o mesmo não supre a 
leitura da doutrina e do Estatuto da Criança e do Adolescente. 
• O conteúdo do roteiro está baseado na bibliografia indicada. 
• O roteiro é de uso exclusivo dos alunos matriculados na disciplina Estatuto da Criança 
e do Adolescente e que sejam alunos da Prof. Ana Silvia Soler 
• É proibida a veiculação desse roteiro de aulas na web (sites, facebook etc). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
 
ROTEIRO DAS AULAS DE ECA 
 
 
1- Dos direitos fundamentais da criança e do adolescente 
 
A criança e o adolescente gozam de todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa 
humana e também de direitos especiais (art. 3º do ECA). 
 
1.1. Desenvolvimento histórico 
 
• Constituição Federal (art. 5º e art. 227); 
• O Código de Menores (Lei n. 6.697, de 10.10.1979)1; 
• O Código de Menores foi revogado expressamente pelo art. 267 do Estatuto da Criança 
e do adolescente. 
• Hoje vigora o ECA (Lei 8.069, de 13 de julho de 1990) 
 
1.2. Concepção de dignidade da pessoa humana 
 
Não há hoje na doutrina uma definição consensual, precisa e, acima de tudo, 
universalmente válida do que seja a dignidade da pessoa humana. 
 
Assim, adotamos a lição do Prof. Ingo Wolggang Sarlet que define dignidade da pessoa 
humana como “a qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em cada ser humano que o faz 
merecedor do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, 
implicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres fundamentais que asseguram 
a pessoa tanto contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano como venham a 
lhe garantir as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e 
promover sua participação ativa e corresponsável nos destinos da própria existência e da vida 
em comunhão com os demais seres humanos”. 
 
1.3. A doutrina da situação irregular 
 
 
1
 Art 1º Este Código dispõe sobre assistência, proteção e vigilância a menores: 
I - até dezoito anos de idade, que se encontrem em situação irregular; 
II - entre dezoito e vinte e um anos, nos casos expressos em lei. 
Parágrafo único - As medidas de caráter preventivo aplicam-se a todo menor de dezoito anos, independentemente de sua situação. 
 
5 
 
O Código de Menores somente era aplicado aos casos em que o menor se encontrava 
em situação irregular2. Não havia, propriamente, uma definição do que seria a situação 
irregular, mas eram colocadas hipóteses em que esta se concretizava (art. 2). 
 
1.4. A mudança de paradigma: a doutrina da proteção integral 
 
 Diferentemente do Código de Menores, o ECA não se restringe ao menor em situação 
irregular, mas tem por objetivo à proteção integral das crianças e adolescentes (art. 1º do 
ECA). 
 Pode-se definir a proteção legal como sendo o fornecimento, à criança e ao adolescente, 
de toda a assistência necessária ao pleno desenvolvimento de sua personalidade. A proteção 
integral é abrangente e refere-se a todas as áreas da vida da criança e do adolescente, como 
à vida, à saúde, à liberdade, ao respeito, à dignidade, à convivênciafamiliar e comunitária, à 
educação, à profissionalização, ao lazer e ao esporte. 
 
2 - Dos direitos da criança e do adolescente no ordenamento jurídico brasileiro e sua 
proteção internacional 
 
 
 
 
2
 Art 2º Para os efeitos deste Código, considera-se em situação irregular o menor: 
I - privado de condições essenciais à sua subsistência, saúde e instrução obrigatória, ainda que eventualmente, em razão de: 
a) falta, ação ou omissão dos pais ou responsável; 
b) manifesta impossibilidade dos pais ou responsável para provê-las; 
II - vítima de maus tratos ou castigos imoderados impostos pelos pais ou responsável; 
III - em perigo moral, devido a: 
a) encontrar-se, de modo habitual, em ambiente contrário aos bons costumes; 
b) exploração em atividade contrária aos bons costumes; 
IV - privado de representação ou assistência legal, pela falta eventual dos pais ou responsável; 
V - Com desvio de conduta, em virtude de grave inadaptação familiar ou comunitária; 
VI - autor de infração penal. 
Parágrafo único. Entende-se por responsável aquele que, não sendo pai ou mãe, exerce, a qualquer título, vigilância, direção ou educação de 
menor, ou voluntariamente o traz em seu poder ou companhia, independentemente de ato judicial. 
 
6 
 
 
2.1. A Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948) 
 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos foi redigida sob o impacto das 
atrocidades cometidas durante a Segunda Guerra Mundial. Tecnicamente, esta Declaração é 
uma recomendação que a Assembleia Geral das Nações Unidas faz aos seus membros (Carta 
das Nações Unidas, artigo 10). 
A Declaração Universal dos Direitos Humanos proclama três princípios axiológicos 
fundamentais em matéria de direitos humanos: a liberdade, a igualdade e a fraternidade. 
 
2.2. Os direitos da criança e do adolescente na Constituição da República Federativa 
do Brasil (1988) 
 
 Nos termos da Constituição Federal, criança e adolescente são pessoas em peculiar 
fase de desenvolvimento. Seus direitos devem ser protegidos ao máximo e por todos os 
recursos disponíveis. 
O artigo 227 da CF preceitua que é dever da família, da sociedade e do Estado 
assegurar à criança e ao adolescente, com absoluta prioridade, vários direitos, como à vida e 
à liberdade. 
 Além disso, o artigo 5º da CF atesta que “todos são iguais perante a lei, sem distinção 
de qualquer natureza” e, por consequência, são-lhes garantidos todos os direitos, a começar 
pelo principal que é o direito à vida. 
 
2.3. Convenção Internacional sobre os Direitos da Criança (1989) 
 
A convenção sobre os Direitos da Criança foi adotada pela Assembleia Geral das Nações 
Unidas, em 20 de novembro de 1989, assinada pelo governo brasileiro em 26/01/1990, e cujo 
texto foi aprovado pelo Decreto Legislativo n. 28, de 14 de setembro de 1990. 
A propósito, o artigo 4º da referida convenção dispõe que: Os Estados Partes adotarão 
todas as medidas administrativas, legislativas e de outra índole com vistas à implementação 
dos direitos reconhecidos na presente Convenção. 
Vale destacar também o artigo 19 que dispõe: 
“1- Os Estados Partes adotarão todas as medidas legislativas, administrativas, sociais 
e educacionais apropriadas para proteger a criança contra todas as formas de violência física 
ou mental, abuso ou tratamento negligente, maus tratos ou exploração, inclusive abuso 
sexual, enquanto a criança estiver sob a custódia dos pais, do representante legal ou de 
qualquer outra pessoa responsável por ela. 
7 
 
2. Essas medidas de proteção deveriam incluir, conforme apropriado, procedimentos 
eficazes para a elaboração de programas sociais capazes de proporcionar uma assistência 
adequada à criança e às pessoas encarregadas de seu cuidado, bem como para outras formas 
de prevenção, para a identificação, notificação, transferência a uma instituição, investigação, 
tratamento e acompanhamento posterior dos casos acima mencionados de maus tratos à 
criança e, conforme o caso, para a intervenção judiciária.” 
 
2.4. O Estatuto da Criança e do Adolescente – Lei nº 8.069/90 
 
a) Conceito: o artigo 2º do ECA preceitua que, até doze anos de idade incompletos, o 
indivíduo é criança e, a partir daí até dezoito anos, adolescente. O critério adotado pelo 
legislador, protegendo a pessoa até os dezoitos anos, coaduna-se com o art. 1º. da Convenção 
sobre os Direitos da Criança. Relaciona-se, também, com a idade em que se inicia a 
responsabilidade penal, conforme art. 228 da CF e art. 27 do Código Penal. 
 
b) Princípios Protetivos 
 
Rossato e outros (Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado, p. 85), preferem à 
seguinte classificação: 
 
a) Postulados: interesse superior da criança e do adolescente; 
 
b) Metaprincípios: proteção integral e prioridade absoluta 
 
c) Princípios: criança e adolescentes como sujeitos de direitos; responsabilidade primária e 
solidária do poder público; privacidade; intervenção precoce; intervenção mínima; 
proporcionalidade e atualidade; responsabilidade parental; prevalência da família; 
obrigatoriedade da informação; oitiva obrigatória e participação. 
 
 
c) Lei da Primeira Infância - LEI Nº 13.257, DE 8 DE MARÇO DE 2016. 
 
“Art. 1o Esta Lei estabelece princípios e diretrizes para a formulação e a implementação 
de políticas públicas para a primeira infância em atenção à especificidade e à relevância dos 
primeiros anos de vida no desenvolvimento infantil e no desenvolvimento do ser humano, em 
consonância com os princípios e diretrizes da Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto 
da Criança e do Adolescente); altera a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da 
Criança e do Adolescente); altera os arts. 6o, 185, 304 e 318 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 
de outubro de 1941 (Código de Processo Penal); acrescenta incisos ao art. 473 da 
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio 
de 1943; altera os arts. 1o, 3o, 4o e 5o da Lei no 11.770, de 9 de setembro de 2008; e 
acrescenta parágrafos ao art. 5o da Lei no 12.662, de 5 de junho de 2012. 
 
Art. 2o Para os efeitos desta Lei, considera-se primeira infância o período que abrange 
os primeiros 6 (seis) anos completos ou 72 (setenta e dois) meses de vida da criança. 
 
Art. 3o A prioridade absoluta em assegurar os direitos da criança, do adolescente e do 
jovem, nos termos do art. 227 da Constituição Federal e do art. 4o da Lei no 8.069, de 13 de 
julho de 1990, implica o dever do Estado de estabelecer políticas, planos, programas e serviços 
8 
 
para a primeira infância que atendam às especificidades dessa faixa etária, visando a garantir 
seu desenvolvimento integral.” 
 
 
3- Dos direitos fundamentais e da prevenção no ECA. 
 
3.1. DO DIREITO À VIDA E À SAÚDE 
 
• O artigo 5º da CF garante a inviolabilidade do direito à vida; 
• O art. 227 da CF preceitua que é dever da família e do Estado assegurar à criança e ao 
adolescente o direito à vida. 
• No âmbito do direito penal pune-se o aborto. 
• O Código Civil, em seu art. 2º, assegura todos os direitos ao nascituro, portanto, desde 
a concepção. 
• O art. 4º, item 1, do Pacto de São José da Costa Rica, que está vigendo no Brasil por 
força do Decreto n. 678, de 6 de novembro de 1992, também assegura a proteção à 
vida desde a concepção. 
• O ECA prevê direitos da gestante. 
 
 
3.2. DO DIREITO À LIBERDADE, AO RESPEITO E À DIGNIDADE 
 
• Art. 5o, inciso II, da CF: “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma 
coisa senão em virtude de lei”. 
 
- Direito à liberdade (art. 16 do ECA) 
 
• direito de ir e vir nos logradouros públicos e nos espaços comunitários;• liberdade de expressão; 
• liberdade de brincar, praticar esportes e divertir-se; 
• participação na vida familiar e comunitária 
• liberdade psíquica 
 
- Direito ao respeito (art. 17 do ECA) 
• nesse caso exige-se de todos a ausência de ação que possa ferir, de alguma maneira, 
a integridade física, psíquica e moral da criança e do adolescente. 
 
 
9 
 
- Direito à dignidade (artigo 18 do ECA) 
• se refere à respeitabilidade e conclama a todos garanti-la, a fim de evitar que os 
menores sejam vítimas de tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório 
ou constrangedor. 
 
3.3. DO DIREITO À CONVIVÊNCIA FAMILIAR E COMUNITÁRIA 
 
• a criança e o adolescente somente poderão desenvolver-se plenamente no seio de uma 
família (art. 19 do ECA). 
• a CF, no art. 226, preceitua que a família é a base da sociedade e tem a proteção do 
Estado. 
• em sendo viável, deve-se manter os vínculos da família biológica natural (art. 25, 
caput, do ECA) ou da família extensa ou ampliada (parágrafo único do art. 25, ECA). 
• a inserção em lar substituto é medida protetiva, excepcional, destinada a crianças ou 
adolescentes em situação de risco (art. 98 do ECA), desde que comprovada a 
impossibilidade de a família (natural ou extensa) prover as condições básicas exigíveis. 
 
- Poder familiar (art. 21 do ECA) 
 
- Deveres dos pais (art. 22 do ECA) 
 
- deveres previstos no Código Civil: art. 1.634 
 
- DA PERDA E DA SUSPENSÃO DO PODER FAMILIAR 
 
a) Poder familiar: é o conjunto de direitos e deveres dos pais com relação à pessoa e aos 
bens dos filhos menores e não emancipados, para que os pais possam exercer o que a lei 
lhes determina para agir no interesse dos filhos (Christiano Cassettari, Elementos de 
Direito Civil, Editora Saraiva, pág. 576). 
 
b) Tutela: os filhos são postos em tutela com o falecimento dos pais, ou sendo estes julgados 
ausentes e em caso de os pais decaírem do poder familiar. 
 
c) Guarda: a guarda atribuí ao guardião a tarefa de prestar assistência material, moral e 
educacional ao menor, até a maioridade civil, podendo opor-se a terceiros, inclusive aos 
pais. Não é necessária a suspensão ou supressão do poder familiar. 
 
10 
 
 
 
- Motivos que ensejam a destituição do poder familiar 
 
a) havendo necessidade e risco sobre a criança e o adolescente (doutrina da proteção 
integral), cabível a perda ou suspensão do poder familiar. 
 
- previsão no ECA: 
“Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são aplicáveis sempre que os 
direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados ou violados: 
I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
III - em razão de sua conduta.” 
- Vide também art. 101 do ECA 
 
- previsão no Código Civil: 
“Art. 1.637. Se o pai, ou a mãe, abusar de sua autoridade, faltando aos deveres a eles 
inerentes ou arruinando os bens dos filhos, cabe ao juiz, requerendo algum parente, ou o 
Ministério Público, adotar a medida que lhe pareça reclamada pela segurança do menor e seus 
haveres, até suspendendo o poder familiar, quando convenha. 
Parágrafo único. Suspende-se igualmente o exercício do poder familiar ao pai ou à mãe 
condenados por sentença irrecorrível, em virtude de crime cuja pena exceda a dois anos de 
prisão. 
 
Art. 1.638. Perderá por ato judicial o poder familiar o pai ou a mãe que: 
I - castigar imoderadamente o filho; 
II - deixar o filho em abandono; 
III - praticar atos contrários à moral e aos bons costumes; 
IV - incidir, reiteradamente, nas faltas previstas no artigo antecedente. 
 
- Procedimento 
 
a) o procedimento terá início por provocação do MP ou legítimo interessado (art. 155). 
b) o Ministério Público terá o prazo de 30 (trinta) dias para o ingresso com a ação de 
destituição do poder familiar, salvo se entender necessária a realização de estudos 
11 
 
complementares ou outras providências que entender indispensáveis ao ajuizamento da 
demanda (art. 101, § 10, ECA). 
c) A petição inicial indicará: I - a autoridade judiciária a que for dirigida; II - o nome, o estado 
civil, a profissão e a residência do requerente e do requerido, dispensada a qualificação em se 
tratando de pedido formulado por representante do Ministério Público; III - a exposição 
sumária do fato e o pedido; IV - as provas que serão produzidas, oferecendo, desde logo, o 
rol de testemunhas e documentos (art. 156). 
d) cabe pedido liminar nos termos do art. 157. 
e) prazo para contestar é de 10 dias, devendo ser indicadas as provas e o rol de testemunhas 
(Art. 158). 
Obs.: 
• - A citação será pessoal, salvo se esgotados todos os meios para sua realização (art. 
158, par. 1º.). 
• - Se o requerido estiver privado de liberdade deverá ser citado pessoalmente (par. 
2º.). 
f) Os parágrafos do art. 161: 
• § 1o: A autoridade judiciária, de ofício ou a requerimento das partes ou do Ministério 
Público, determinará a realização de estudo social ou perícia por equipe 
interprofissional ou multidisciplinar, bem como a oitiva de testemunhas que 
comprovem a presença de uma das causas de suspensão ou destituição do poder 
familiar previstas nos arts. 1.637 e 1.638 da Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002 
- Código Civil, ou no art. 24 desta Lei. 
• § 2o Em sendo os pais oriundos de comunidades indígenas, é ainda obrigatória a 
intervenção, junto à equipe profissional ou multidisciplinar referida no § 1o deste artigo, 
de representantes do órgão federal responsável pela política indigenista, observado o 
disposto no § 6o do art. 28 desta Lei. 
• § 3o Se o pedido importar em modificação de guarda, será obrigatória, desde que 
possível e razoável, a oitiva da criança ou adolescente, respeitado seu estágio de 
desenvolvimento e grau de compreensão sobre as implicações da medida. 
• § 4o É obrigatória a oitiva dos pais sempre que esses forem identificados e estiverem 
em local conhecido. 
• § 5o Se o pai ou a mãe estiverem privados de liberdade, a autoridade judicial requisitará 
sua apresentação para a oitiva. 
 
g) O MP terá o prazo de 5 dias para se manifestar sobre a resposta, salvo se este for o 
requerente (art. 162). 
h) audiência de instrução e julgamento (art. 162): 
• § 1º A requerimento de qualquer das partes, do Ministério Público, ou de ofício, a 
autoridade judiciária poderá determinar a realização de estudo social ou, se possível, 
de perícia por equipe interprofissional. 
12 
 
• § 2º Na audiência, presentes as partes e o Ministério Público, serão ouvidas as 
testemunhas, colhendo-se oralmente o parecer técnico, salvo quando apresentado por 
escrito, manifestando-se sucessivamente o requerente, o requerido e o Ministério 
Público, pelo tempo de vinte minutos cada um, prorrogável por mais dez. 
i) prazo para conclusão do procedimento: 120 (cento e vinte) dias (art. 163). 
j) sentença: 
• a decisão será proferida na audiência, podendo a autoridade judiciária, 
excepcionalmente, designar data para sua leitura no prazo máximo de cinco dias (art. 
162, par. 2º). 
• a sentença que decretar a perda ou a suspensão do poder familiar será averbada à 
margem do registro de nascimento da criança ou do adolescente (art. 163, pár. único). 
 
- Competência 
 
• se for hipótese do art. 98 do ECA, o juízo é da Vara da Infância e Juventude. 
• afastadas as hipóteses do art. 98, o juízo é o da Vara da Família. 
 
Obs. É da justiça estadual e não da federal a competência no caso de destituição de genitor 
indígena, já que o interesse jurídico é específico e individualizado (STJ, CC 100.695-MG, 
Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 26.8.09). 
 
- Restabelecimento do poder familiar 
 
• emborao tema seja controvertido, boa parte da doutrina e também a jurisprudência 
admitem o restabelecimento do poder familiar, desde que fique provada a cessação do 
risco ou a regeneração do interessado. Nesse sentido: José Antonio de Paula Santos 
Neto, Silvio Rodrigues, Carlos Alberto Bittar (RT 676/83), TJSP – ap. 77.857-0/9, j. 
25.6.2001. 
 
 
- COLOCAÇÃO EM FAMÍLIA SUBSTITUTA 
 
 
- Requisitos (art. 165 do ECA): 
- Consentimento dos pais (art. 166 do ECA) 
- Guarda provisória ou estágio de convivência (art. 167) 
13 
 
 
- SERVIÇOS DE ACOLHIMENTO 
 
- serviços de acolhimento: medida provisória para crianças e adolescentes em situação de 
risco pessoal (art. 98 do ECA). Modalidades: 
a) casa-lar 
b) abrigo institucional 
 
- Serviço de acolhimento em família acolhedora 
- república 
- excepcionalidade e temporariedade do acolhimento (art. 19 do ECA). 
 
 
3.4. DO DIREITO À EDUCAÇÃO, À CULTURA, AO ESPORTE E AO LAZER (ART. 53 A 59 
DO ECA) 
 
• o acesso ao ensino obrigatório (educação básica dos quatro aos dezessete anos – art. 
208, I, CF); 
• a não oferta do ensino público acarreta a responsabilização da autoridade competente 
(art. 54 e 55, ECA). 
• é dever dos pais ou responsáveis a matrícula em instituição de ensino fundamental, 
sob pena de responsabilização. 
• cabe aos Municípios, com o apoio do Estado e da União, de acordo com o artigo 59 do 
ECA, estimular e destinar recursos e espaços para programações culturais, esportivas 
e de lazer voltadas para a infância e a juventude. 
 
 
3.5. DO DIREITO À PROFISSIONALIZAÇÃO E À PROTEÇÃO AO TRABALHO (ART. 60 A 
69 DO ECA) 
 
• O direito ao trabalho só é reconhecido a adolescente de idade mínima de 14 anos, na 
condição de aprendiz, e de 16 anos, como empregado. Abaixo destas idades, o trabalho 
é proibido. 
• Art. 404 da CLT: é vedado o trabalho noturno, ou seja, das 22h às 5h, ao menor de 18 
anos 
• Art. 405 da CLT: não permite o trabalho do menor em locais perigosos e insalubres e 
prejudiciais a sua moralidade. 
14 
 
 
Obs. a criança e o adolescente poderão atuar em programas artísticos e em concursos de 
beleza nos termos de autorização por alvará do juízo da infância e juventude (art. 149, II, 
ECA). 
 
• art. 62: formação técnico-profissional 
• art. 64: aprendizagem 
• art. 65: assegura os direitos trabalhistas e previdenciários 
• art. 69: direito à profissionalização do adolescente 
 
 
3.6 - AUTORIZAÇÃO PARA VIAJAR (ART. 83 DO ECA) 
 
1 - para viagens em território nacional (art. 83) 
2 – para viagens internacionais: 
Sobre o tema, vide resolução do CNJ n. 131, de 26 de maio de 2011. 
“cartilha do TJSP: www.tjsp.jus.br” 
 
3.7. DA PREVENÇÃO - DISPOSIÇÕES GERAIS - ART. 70 A 73 
 
• todos são responsáveis (Estado, família e sociedade) pelos menores; 
• tem por objetivo evitar que a criança e o adolescente ingressem naquela esfera antes 
denominada “situação irregular”. 
• a autoridade judiciária pode disciplinar, através de portaria, ou autorizar, mediante 
alvará uma série de atividades para as crianças e adolescente. 
• ações de responsabilidade por ofensa aos direitos à criança e ao adolescente (arts. 208 
e ss.); 
• legitimados: MP, União, Estados, Municípios, DF, Territórios e associações que 
defendem interesses dos menores (art. 210). 
 
3.8. DA PREVENÇÃO ESPECIAL (ART. 74 A 85) 
 
 Trata-se de imposições ao Poder Público para o controle de atividades que possam 
trazer ameaça aos direitos de criança e adolescentes. 
 
• legitimidade: Secretaria Nacional de Justiça do Ministério da Justiça. 
• menores devem ter acesso às diversões e espetáculos públicos adequados a sua idade. 
15 
 
• a classificação serve como orientação aos pais ou responsável a quem cabe expedir 
autorização para o acesso de suas crianças ou adolescente. 
• as empresas que exploram comércio de vídeo/DVD devem cuidar para que os produtos 
exibam a faixa etária, sendo proibida a venda ou locação em desacordo com a 
classificação. 
• publicações impróprias, violentas, pornográficas etc devem ser comercializadas em 
embalagem lacradas, com advertência do seu conteúdo. 
• as publicações destinadas ao público infanto-juvenil não podem veicular qualquer 
indicação/anuncia de bebidas alcoólicas, tabaco, armas e munições. 
• é vedada a entrada de menor em estabelecimento que exploram jogos de azar. 
 
 
4 – ADOÇÃO (art. 39 a 52) 
 
a) Conceito: é modalidade definitiva de colocação em família substituta e pode ter por objeto 
tanto os menores de 18 anos, como os maiores. É medida excepcional e irrevogável. 
 
b) Adoção na Constituição (art. 227, pár. 6º). 
 
c) Adoção no Código Civil (arts. 1618 a 1619) 
 
d) Adoção hoje é somente judicial 
 
A Lei 12.010/09 revogou o art. 10, III, do Código Civil para eliminar a determinação de 
averbação dos atos extrajudiciais de adoção, ou seja, não existe mais adoção extrajudicial. 
 
e) Competência 
 
Se o adotando for menor de 18 anos, a competência para conhecer do processo de 
adoção é da Vara da Infância e da Juventude. Se maior, a competência passa para a Vara de 
Família e Sucessões. 
• exceção art. 2º, parágrafo único do ECA. 
 
 
 
 
 
16 
 
f) Requisitos quanto ao adotante (art. 42) 
 
obs. deverá fazer a habilitação de acordo com o disposto nos arts. 197-A a 197-E do ECA, 
para fins de inscrição no cadastro local (art. 50, ECA) ou por ficha própria disponível no site 
do CNJ. A inscrição é válida por 5 anos 
 
g) Adoção unilateral (art. 41, par. 1º, do ECA) 
 
Pode ocorrer nos seguintes casos: 
• um dos pais é desconhecido (art. 45, par. 1º do ECA); 
• houve perda do poder familiar por parte de um dos genitores biológicos (art. 45, par. 
1º do ECA); 
• ambos os genitores biológicos reconhecem o menor, mas um deles concorda 
expressamente com o pedido (art. 45, caput); 
• morte do pai ou mãe do adotando. 
 
Obs. Se o adotando conta com mais de 12 anos de idade, será necessário também o seu 
consentimento (art. 45, par. 2º do ECA) 
 
h) Adoção por procuração 
 
Não cabe adoção por procuração por ser ato personalíssimo (art. 39, par. 2º do ECA). 
 
i) Requisitos quanto ao adotando (art. 40) 
 
obs. terão prioridade de tramitação os processos de adoção em que o adotando for criança 
ou adolescente com deficiência ou com doença crônica (par. 9º, art. 47). 
 
j) Adoção post mortem (art. 42) 
 
É possível seja concedida ao adotante que faleceu durante o procedimento, desde que 
tenha manifestado sua vontade de forma explícita (verbal ou por escrito), sendo que neste 
caso, os efeitos retroagem à data do óbito (art. 47, par. 7º. Do ECA). 
Nesse sentido: REsp 457635/PB, 4ª. T., STJ, rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar. 
 
 
 
17 
 
k) Efeitos da adoção (art. 47) 
 
l) Estágio de convivência 
 
• O estágio de convivência é um período estabelecido com a criança ou adolescente para 
avaliar a adaptação, durante o qual o menor permanece na companhia dos 
pretendentes em regime de guarda provisória (art. 33, par. 1º., do ECA). 
• necessita de acompanhamento por equipe interdisciplinar (art. 151 ECA). 
• prazo é fixado pelo juiz de acordo com a necessidade do caso. 
• poderá ser dispensado se o adotando estiver sob a guarda legal ou tutela do adotante 
durante tempo razoável para avaliação. 
 
Obs. Não se aplica em caso de guarda de fato. 
 
Obs. Não se aplica à adoção internacional. 
 
m) Irrevogabilidade da adoção 
 
A adoção é irrevogável (art. 39, par. 1º do ECA). 
 
Obs. As nulidades absolutas podem ser arguidas a qualquer tempo. As relativas prescrevemem 10 anos. 
 
n) Intervenção do MP 
 
É imprescindível, como fiscal da lei (art. 204, ECA) 
 
 
- ADOÇÃO À BRASILEIRA 
 
É o nome dado pela doutrina para indicar a hipótese de quem pratica uma das condutas 
criminosas previstas no art. 242 do Código Penal, quais sejam: 
• dar parto alheio como próprio; 
• registrar como seu filho de outrem; 
• ocultar recém-nascido ou substituí-lo, suprimindo ou alterando direito inerente ao 
estado civil. 
 
18 
 
- ADOÇÃO INTUITU PERSONAE 
 
• É aquela em que os pais dão consentimento para adoção em relação à determinada 
pessoa. Ou seja, neste caso não será observada a lista de preferência do cadastro de 
pessoas interessadas. 
• O magistrado não é obrigado a concordar com a pretensão, devendo em qualquer 
hipótese, fundamentar a decisão. 
 
• discussão doutrinária e jurisprudencial: 
 
1ª. corrente (obediência do cadastro): a adoção dirigida acaba por possibilitar a 
comercialização dos menores ou tráfico de crianças. 
 
2ª. corrente (flexibilização do cadastro): em determinados casos deve ser considerado 
eventual benefício para o menor decorrente da adoção por pessoas determinadas. Precedente: 
RESP 1172067/MG, 3ª Turma, Rel. Min. Massami Uyeda, j. 18/03/2000. 
 
- ADOÇÃO INTERNACIONAL (ART. 51) 
 
• É aquela na qual a pessoa ou casal postulante é residente ou domiciliado fora do Brasil. 
• Deve-se esgotar as possibilidades de colocação em família substituta brasileira; 
• O adolescente deve ser consultado e manifestar sua vontade. 
• Dá-se preferência aos brasileiros na disputa com estrangeiros a adoção. 
• Devem intervir as Autoridades Centrais Federal e Estaduais, que darão seu 
consentimento. 
• A doção internacional obedece o procedimento previsto nos arts. 165 a 170 do ECA. 
• Antes de transitada em julgado a decisão que concedeu a adoção internacional não 
será permitida a saída do adotando do território nacional. 
• Para que seja deferida a adoção internacional, é preciso que a criança ou o adolescente 
esteja com a sua situação jurídica definida, ou seja, com sentença transitada em 
julgado decretando a perda do poder familiar, ou sem situação que dispense o 
consentimento. 
 
 5- Da política de atendimento (art. 86 a 89) e das medidas de proteção 
 
 
 
19 
 
5.1. Medidas de atendimento e entidades de atendimento (art. 90 a 97). 
 
• crianças e adolescentes só podem ser encaminhados ao acolhimento institucional por 
meio de Guia de Acolhimento própria, expedida pela autoridade judiciária (art. 101, 
par. 3º, do ECA) 
• acolhimento de emergência (art. 93 do ECA) 
 
5.2. Das medidas específicas de proteção (art. 98 a 102 do ECA). O rol não é taxativo: 
 
• encaminhamento aos pais ou responsável, mediante termo de responsabilidade; 
• orientação, apoio e acompanhamento temporários; 
• matrícula e frequência obrigatórias em estabelecimento de ensino fundamental; 
• inclusão em programa comunitário ou oficial de auxílio à família, à criança e ao 
adolescente; requisição de tratamento médico, psicológico ou psiquiátrico, em regime 
hospitalar ou ambulatorial; 
• inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento de 
alcoólatras e toxicômanos; 
• acolhimento institucional (medida excepcional); 
• inclusão em programa de acolhimento familiar e colocação em família substituta. 
• outras medidas: “toque de recolher”. É medida bastante controvertida na 
jurisprudência. 
 
6 - Da prática de ato infracional (art. 103 a 128) 
 
6.1. Disposições gerais. 
 
Conceito: considera-se ato infracional a conduta descrita como crime ou contravenção penal 
(art. 103). 
 
Sujeitos: são penalmente responsáveis os menores de dezoito anos, sujeitos às medidas 
previstas no ECA (art. 104). 
Obs. Crianças que praticam atos infracionais estão sujeitas apenas às medidas de proteção 
previstas no art. 101 (art. 105). 
 
 
 
 
20 
 
 
6.2. Dos direitos individuais (art. 106 ao art. 109) 
 
• nenhum adolescente será privado de sua liberdade, salvo em flagrante de ato 
infracional ou por ordem judicial escrita e fundamentada da autoridade competente. 
• o adolescente tem direito à identificação dos responsáveis pela sua apreensão, 
devendo ser informado dos seus direitos. 
• a apreensão de qualquer adolescente e o local onde se encontra recolhido serão 
incontinenti comunicados à autoridade judiciária competente e à família do apreendido 
ou à pessoa por ele indicada. 
Obs. Deverá ser examinada imediatamente a possibilidade de liberação do adolescente, sob 
pena de responsabilidade. 
• internação, antes da sentença, pode ser determinada pelo prazo máximo de 
quarenta e cinco dias, por decisão fundamentada e baseada em indícios suficientes 
de autoria e materialidade, demonstrada a necessidade imperiosa da medida. 
• o adolescente civilmente identificado não será submetido a identificação compulsória 
pelos órgãos policiais, de proteção e judiciais, salvo para efeito de confrontação, 
havendo dúvida fundada 
 
6.3. Das garantias processuais (arts. 110 e 111). 
 
• nenhum adolescente será privado de sua liberdade sem o devido processo legal 
• São asseguradas ao adolescente, entre outras, as seguintes garantias: 
a) pleno e formal conhecimento da atribuição de ato infracional, mediante citação ou meio 
equivalente; 
b) igualdade na relação processual, podendo confrontar-se com vítimas e testemunhas e 
produzir todas as provas necessárias à sua defesa; 
c) defesa técnica por advogado; 
d) assistência judiciária gratuita e integral aos necessitados, na forma da lei; 
e) direito de ser ouvido pessoalmente pela autoridade competente; 
f) direito de solicitar a presença de seus pais ou responsável em qualquer fase do 
procedimento. 
 
21 
 
6.4. Das medidas socioeducativas (arts. 112 a 125) 
a) advertência; 
b) obrigação de reparar o dano 
c) prestação de serviços à comunidade 
d) liberdade assistida 
e) inserção em regime de semi-liberdade 
f) internação em estabelecimento educacional 
g) qualquer uma das previstas no art. 101, I a VI. 
 
6.5. Da remissão (arts. 126 a128) 
 
Remissão é o ato ou efeito de remitir ou perdoar. 
 
O ECA prevê três modalidades: 
 
a) como forma de exclusão do processo 
b) como forma de extinção do processo 
c) como forma de suspensão do processo 
 
7 - Das medidas pertinentes aos pais ou responsáveis (art. 129 do ECA). 
 
• encaminhamento a programa oficial ou comunitário de proteção à família; 
• inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação e tratamento a 
alcoólatras e toxicômanos; 
• encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
• encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
• obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua frequência e 
aproveitamento escolar. 
• obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento especializado; 
• advertência; 
• perda da guarda; 
• destituição da tutela; 
• suspensão ou destituição do poder familiar 
22 
 
 
8. Do Conselho Tutelar. 
 
8.1. Disposições Gerais. 
 
• são órgãos públicos municipais, de caráter permanente, não jurisdicionais, criados por 
lei, cuja finalidade é zelar pelo cumprimento dos direitos da criança e do adolescente 
(art. 131 do ECA). 
• em cada Município haverá, no mínimo, um Conselho Tutelar, subordinado ao Conselho 
Municipal de Defesa dos Direitos da Criança e do adolescente. 
• é composto de cinco membros, escolhidos pela comunidade local, para mandato de 4 
anos, permitida uma recondução, mediante novo processo de escolha. 
 
8.2. Das atribuições do Conselho(art. 136 do ECA). 
 
8.3. Da competência (art. 138). 
 
8.4. Da escolha dos conselheiros (art. 133 e art. 139). 
 
8.5. Dos impedimentos (art. 140, ECA) 
 
 
9 - Do acesso à Justiça. 
 
9.1. Disposições gerais. 
 
• é garantido o acesso de toda criança ou adolescente à Defensoria Pública, ao MP e ao 
Poder Judiciário, por qualquer de seus órgãos; 
• as ações judiciais de competência da Justiça da Infância e Juventude são isentas de 
custas e emolumentos, ressalva a hipótese de litigância de má-fé. 
• é facultado aos Estados e ao Distrito Federal, criar varas especializadas e exclusivas 
da infância e juventude. 
• todos os procedimentos correm em segredo de justiça. 
 
 
 
 
23 
 
9.2. Da justiça da infância e da juventude. 
 
A fixação da competência obedece a três critérios previstos no ECA: 
 
a) em razão da qualidade das partes; 
b) em razão da matéria: arts. 148 e 149; 
c) em razão do local: art. 147. 
 
Obs. No caso de procedimento para apuração de ato infracional atribuído a adolescente, a 
competência se define pelo lugar da ação ou omissão, observadas as regras de conexão, 
continência e prevenção. 
 
9.3. Dos procedimentos. 
 
Aplicam-se subsidiariamente, as regras do Código Penal e do Código de Processo Civil. 
 
a) perda e suspensão do Poder Familiar (arts. 155 a 163) 
b) destituição da Tutela (art. 164) 
c) colocação em família substitutiva (art. 165 ao art. 170) 
d) apuração de ato infracional (art. 171 a 190) 
e) apuração de irregularidades em entidade de atendimento (art. 191 a art. 193) 
f) apuração de infração administrativa Às normas de proteção à criança e ao adolescente (arts. 
194 a 197). 
g) habilitação de pretendentes à adoção (art. 197-A, B, C, D, E) 
 
9.4. Dos recursos (art. 198 ao art. 199). 
 
• O ECA adotou o sistema recursal do CPC. 
• O art. 198, inc. II: prevê que o prazo para interpor e responder os recursos são de 10 
dias, salvo os embargos de declaração, cujo prazo é de 5 dias. 
• O prazo para o MP começa a correr a partir da entrega dos autos no protocolo 
administrativo do órgão e não da ciência pessoal do promotor ou procurador de justiça. 
• Para o advogado, o prazo conta-se da data da intimação da decisão. 
• Aplica-se o prazo em dobro para defensoria. 
 
Obs. O ECA prevê o juízo de retratação ao recurso de apelação (o magistrado tem o prazo de 
cinco dias, depois da juntada das contrarrazões, para rever ou não a decisão recorrida). 
24 
 
Obs. Contra as decisões administrativas cabe recurso de apelação. 
Obs. Efeitos dos recursos: vide arts. 199-A e art. 199-B. 
 
9.5. Do Ministério Público (art. 200 ao art. 205) 
 
9.6. Do advogado (arts. 206 a 207). 
 
9.7. Da proteção judicial dos interesses individuais, difusos e coletivos (arts. 208 a 224). 
 
10 - Dos crimes e das infrações administrativas. 
 
10.1. Dos crimes (arts. 225 ao 244) 
 
• os crimes definidos no ECA são todos de ação pública incondicionada. 
• aplicam-se os crimes do ECA as normas da Parte Geral do Código Penal e, quando 
pertinentes, as normas do CPP. 
• crimes previstos: 
 
a) ausência ou irregularidade em prontuário médico de gestante (art. 228); 
b) omissão na identificação e na realização de exames obrigatórios (art. 229); 
c) apreensão irregular de menor (art. 230); 
d) omissão de comunicação da apreensão de criança ou adolescente (art. 231); 
e) vexame ou constrangimento (art. 232); 
f) tortura (art. 233 – revogado expressamente); 
g) omissão na liberação de criança ou adolescente (art. 234); 
h) prazo ilegalmente prolongado (art. 235); 
i) impedimento ou embaraço à ação de autoridade (art. 236); 
j) subtração de criança ou adolescente (art. 237); 
k) comércio de filho ou pupilo (art. 238); 
l) envio de menor para o exterior (art. 239); 
m) representação de cena de sexo explícito ou pornografia (art. 240); 
n) comercialização de material com cena de sexo explícito ou pornografia de criança ou 
adolescente 9art. 241); 
o) veiculação de material com cena de sexo explícito ou pornografia de criança ou adolescente 
(art. 241-A); 
p) posse de material com cena de sexo explícito ou pornografia de criança ou adolescente 
(art. 231-B); 
25 
 
q) simulação de material com cena de sexo explícito ou pornográfica de criança ou adolescente 
(art. 241-C); 
r) aliciamento de criança para fim libidinoso (art. 241-D); 
s) venda ou fornecimento de arma, munição ou explosivo (art. 242); 
t) venda ou entrega de substância que possa causar dependência (art. 243); 
u) venda irregular de fogos de artifício (art. 244); 
v) prostituição infantil (art. 244-A – revogado tacitamente pelo art. 218-B do CP); 
x) corrupção de menores (art. 245-B). 
 
11.2. Das infrações administrativas (arts. 245 a 258- B) 
 
• são destinadas basicamente às entidades e pessoas responsáveis pela implementação 
dos direitos assegurados pelo Estatuto. 
 
• a penalidade padrão é a multa administrativa, fixada em salários de referência (hoje 
aplica-se o salário mínimo vigente à época do recolhimento) e será em dobro em caso 
de reincidência. Em alguns casos, a lei permite o fechamento do estabelecimento. Os 
valores devem ser remetidos ao fundo gerido pelo Conselho dos Direitos da Criança e 
do Adolescente do respectivo município. 
 
• o Juízo competente é o da Vara da Infância e Juventude. 
 
• às infrações administrativas aplicam-se as regras da prescrição quinquenal 
 
• Infrações administrativas previstas no ECA: 
 
a) omissão na comunicação de maus-tratos (art. 245); 
b) cerceamento da comunicação de adolescente internado 9art. 246); 
c) quebra de sigilo (art. 247); 
d) omissão de notificação (art. 248); 
e) falta nos deveres relativos à guarda, tutela e poder familiar (art. 249); 
f) hospedagem irregular de menor (art. 250); 
g) transporte não autorizado (art. 251); 
h) omissão relativa a diversão ou espetáculo público (art. 252); 
i) omissão em anúncio de peças, filmes ou espetáculos (art. 253); 
j) transmissão de programação em horário inadequado 9art. 254); 
k) exibição de produção artística inadequada (art. 255); 
26 
 
l) venda de fita ou vídeo inadequado (art. 256); 
m) irregularidade na comercialização de publicações (art. 257); 
n) locais ou espetáculos inadequados (art. 258); 
o) omissão na instalação dos cadastros de adoção (art. 258-A); 
p) omissão de informação sobre menor em situação de adoção (art. 258-B); 
 
 
Obs. Material elaborado com base nas bibliografias indicadas inicialmente. 
Obs. Material exclusivo para utilização em sala de aula pelos alunos matriculados na disciplina Direito da 
Criança e do Adolescente da Unimep – Profa. Ana Silvia Soler. 
Obs. Proibida a venda ou reprodução, bem como publicação na web.

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