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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA ESTRUTURAL E CONSTRUÇÃO CIVIL PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM NA CONSTRUÇÃO CIVIL GRAMSCI RESENDE MOTA Fortaleza - Ceará 2009 ii GRAMSCI RESENDE MOTA PRINCÍPIOS DE MOVIMENTAÇÃO E ARMAZENAGEM NA CONSTRUÇÃO CIVIL Monografia submetida à Coordenação do Curso de Engenharia Civil da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do grau de Engenheiro Civil. Orientador(a): Prof. Luiz Fernando M. Heineck FORTALEZA 2009 iii iv Aos meus pais José Vagno Mota e Francisca R. C. Mota pelo amor e dedicação em todos os momentos. Aos meus irmãos Keynes, Quesnay e Keoma pela verdadeira amizade e companheirismo. A tia Vó Lourdes pelos carinhos e cuidados desde meu primeiro dia de vida. Ao tio Aldir Lenon e ao primo Adriano que embora não estejam conosco sempre acreditaram e torceram por este momento. Dedico este trabalho a todos vocês. v AGRADECIMENTOS A Deus por se mostrar presente em todos os momentos da minha vida. Ao professor Luiz F. M. Heineck pela orientação deste trabalho e, em especial, pelas críticas, sugestões e incentivos. Aos professores da UFC, em especial, Tereza Denise e Thaís Alves pelo auxílio e atenção durante a minha formação acadêmica. Aos meus amigos de turma Daniel Dantas, Carlos Henrique, Yuri Cláudio, Francisco Maia, Alan Michel, Neto Benevides, Euclides Neto e Tiago de Oliveira pelos momentos de descontração no dia-a-dia da universidade. Ao mestre Francisco Batista pela paciência e atenção durante meus momentos como estagiário na construtora Inco Engenharia. A construtora Inco Engenharia pela oportunidade que me foi dada de por em prática meus conhecimentos teóricos, em especial ao engenheiro Valdener. vi SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 1 1.1 Contexto da Pesquisa ................................................................................................. 1 1.2 Objetivos ..................................................................................................................... 1 1.2.1 Objetivo principal ................................................................................................. 1 1.2.2 Objetivo secundário .............................................................................................. 1 1.3 Metodologia ................................................................................................................ 2 1.4 Estrutura do Trabalho .............................................................................................. 2 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................................ 3 2.1 A Importância da Implantação de Melhorias nas Atividades de Movimentação e Armazenagem. ...................................................................................................................... 3 2.2 Conclusões sobre o Capítulo ..................................................................................... 6 3. PRINCÍPIOS ..................................................................................................................... 7 3.1 Movimentação ............................................................................................................ 7 3.1.1 Planejamento e gestão da movimentação ............................................................. 8 3.1.2 Cuidados com os Caminhos de Circulação ........................................................ 20 3.1.3 Cuidados com o Homem como Agente da Movimentação ................................ 25 3.1.4 Características dos Equipamentos de Movimentação ........................................ 31 3.1.5 Deslocamento e Trânsito de Pessoas .................................................................. 34 3.2 Armazenagem ........................................................................................................... 37 3.2.1 Planejamento e Gestão da Armazenagem .......................................................... 38 3.2.2 Cuidados com o Ambiente de Armazenagem .................................................... 42 3.2.3 Cuidados com os insumos .................................................................................. 44 3.3 Considerações sobre o Capítulo .............................................................................. 49 4. CONCLUSÕES E SUGESTÕES .................................................................................. 50 4.1 Conclusões ................................................................................................................ 50 4.2 Sugestões para Trabalhos Futuros ......................................................................... 50 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 51 ANEXO 1 - Listagem inicial de princípios de movimentação e armazenagem. ............... 53 ANEXO 2 – Check-list de princípios de movimentação e armazenagem .......................... 62 vii LISTA DE FIGURAS Figura 3.1 – Proximidade entre o estoque de cimento e betoneira. ....................................................................... 10 Figura 3.2 – Estoque intermediário de tijolos. ....................................................................................................... 10 Figura 3.3 – Caixa de descarga obstruindo o livre acesso aos vasos sanitários. .................................................... 12 Figura 3.4 – Tubulação para transporte de entulho por gravidade......................................................................... 13 Figura 3.5 – Detalhe da tubulação para transporte de entulho por gravidade. ....................................................... 13 Figura 3.6 – Pilha de cimento envolvida com plástico. ......................................................................................... 14 Figura 3.7 – Gradil com várias entradas. ............................................................................................................... 16 Figura 3.8 – Ferramentas para conserto e manutenção dos equipamentos de transporte....................................... 17 Figura 3.9 – Detalhe da ferramentaria. .................................................................................................................. 18 Figura 3.10 – Identificação do destino do material. .............................................................................................. 19 Figura 3.11 – Cruzamento do fluxo de ida e retorno. ............................................................................................ 19 Figura 3.12 – Descarregamento prejudicando o fluxo de veículos. ....................................................................... 22 Figura 3.13 – Estoque intermediário de tijolos na calçada. ................................................................................... 22 Figura 3.14 – Obstáculoao livre fluxo de movimentação. .................................................................................... 23 Figura 3.15 – Lona plástica protegendo porcelanato ao longo da área de circulação. ........................................... 24 Figura 3.16 – Transporte manual de sacos de 50 kg. ............................................................................................. 25 Figura 3.17 – Elementos práticos para facilitar a pega (Merino, 1996). ................................................................ 26 Figura 3.18 – Braços estendidos na movimentação de materiais (Merino, 1996). ................................................ 27 Figura 3.19 – Cargas simétricas em relação ao corpo. .......................................................................................... 28 Figura 3.20 – Carga sobre ombros. ........................................................................................................................ 28 Figura 3.21 – Aproveitamento de bancadas e alturas no levantamento de sacos (Merino, 1996). ........................ 29 Figura 3.22 – Transporte manual de tijolos. .......................................................................................................... 30 Figura 3.23 – Transporte com auxílio de carrinho de mão. ................................................................................... 30 Figura 3.24 – Calibração de pneu da girica com bomba manual. .......................................................................... 33 Figura 3.25 – Placa indicando almoxarifado. ........................................................................................................ 35 Figura 3.26 – Armazenamento em prateleiras. ...................................................................................................... 39 Figura 3.27 – Armazenamento sobre estrado de madeira. ..................................................................................... 40 Figura 3.28 – Placas de identificação de materiais. ............................................................................................... 41 Figura 3.29 – Não separação de materiais por tipo e dimensão. ............................................................................ 41 Figura 3.30 – Extintores de água pressurizada e pó químico seco na entrada do almoxarifado. ........................... 44 Figura 3.31 – Baias para estoque de brita e areia. ................................................................................................. 45 Figura 3.32 – Pilha de cimento desaprumada. ....................................................................................................... 47 Figura 3.33 – Caixas de cerâmica contrafiadas. .................................................................................................... 48 viii LISTA DE QUADROS Quadro 3.1 – Organização dos princípios de movimentação e armazenagem. ........................................................ 7 Quadro 3.2 – Check-list de princípios sobre planejamento e gestão da movimentação. ....................................... 20 Quadro 3.3 – Check-list de princípios sobre cuidados com os caminhos de circulação. ....................................... 24 Quadro 3.4 – Check-list de princípios sobre cuidados com o homem como agente da movimentação. ............... 31 Quadro 3.5 – Check-list de princípios sobre características dos equipamentos de movimentação. ...................... 34 Quadro 3.6 – Check-list de princípios sobre deslocamento e trânsito de pessoas. ................................................ 37 Quadro 3.7 – Check-list de princípios sobre planejamento e gestão da armazenagem. ........................................ 42 Quadro 3.8 – Check-list de princípios sobre os cuidados com o ambiente de trabalho. ....................................... 44 Quadro 3.9 – Check-list de princípios sobre cuidados com os insumos. ............................................................... 48 ix RESUMO O presente trabalho tem como objetivo apresentar um check-list conceitual de princípios que possibilitem uma reflexão sobre as atividades de movimentação e armazenagem em canteiros de obras. Para a realização deste trabalho, utilizou-se de uma listagem pré-existente de princípios de movimentação e armazenagem, da qual foram selecionados os que apresentassem uma fácil e prática aplicação em canteiros de obras. Por princípio entende-se como algo que regula, dirige, rege ou governa o modo correto de agir. Para fundamentá-los teoricamente foi realizada uma pesquisa bibliográfica. Também foram feitas visitas a canteiros de obras para registrar, quando possível, a real aplicação dos princípios ou situações passíveis de implantação destes. Os princípios foram agrupados em duas grandes áreas, ou seja, movimentação e armazenagem. A primeira contou com 62 e a segunda com 24 princípios. Em termos de ilustração, foram detectadas, respectivamente, 25 e 08 fotografias para cada área. Palavras-chave: Princípios de movimentação e armazenagem, logística e construção civil. 1 1. INTRODUÇÃO 1.1 Contexto da Pesquisa Segundo Koskela (1992 apud ALVES, 2000) por muitos anos a implantação de melhorias na indústria da construção civil enfatizou as atividades de conversão, negligenciando, assim, atividades de inspeção, transporte e armazenagem. Para Koskela (1992 apud CRUZ, 2002) a melhora nas atividades de fluxo (inspeção, movimentação e espera) deve ser focalizada para que então se tenha atividades de conversão mais eficientes. De acordo com a empresa NEOLABOR, a indústria da construção civil estabelece em 100% dos casos que o layout seja do tipo posicional, no qual há movimentação dos insumos para a realização do produto final, o que implica que a maior parte do tempo produtivo é gasto em atividades relacionadas com a movimentação. Partindo deste raciocínio, percebe-se o quanto as atividades de movimentação e armazenagem são campos passíveis da implantação de melhorias. 1.2 Objetivos 1.2.1 Objetivo principal Fornecer um check-list conceitual de princípios que permitam reflexões sobre o sistema de movimentação e armazenagem em canteiros de obras. 1.2.2 Objetivo secundário a) Auxiliar no diagnóstico da situação do sistema de movimentação e armazenagem de obras; b) Gerar pensamento crítico em relação ao sistema de movimentação e armazenagem; 2 c) Auxiliar na definição de novas estratégias para o sistema de movimentação e armazenagem; d) Organizar os princípios em categorias; e) Ilustrá-los; e f) Contribuir para a consolidação dos princípios apresentados neste trabalho. 1.3 Metodologia Inicialmente partiu-se de uma listagem pré-existente com 199 princípios sobre movimentação e armazenagem provenientes de notas de aula do professor da Universidade Federal do Ceará, Luiz Fernando M. Heineck, a partir da qual foi feito uma seleção de princípios que possibilitassem uma aplicação fácil e prática em canteiros de obras. Posteriormente, foi realizada uma pesquisa bibliográfica com objetivo de buscar embasamento teórico sobre os princípios e ter o conhecimento da real possibilidade de aplicação destes em canteiros de obras. Por fim, realizaram-se visitas em canteiros de obras para documentar, por meio de registro fotográfico, situações reais de aplicação dos princípios ou que fossem passíveis da implantação destes. 1.4 Estrutura do Trabalho Este trabalho apresenta-se dividido conforme apresentado a seguir: O presente capítulo aborda a contextualização, objetivos e metodologia deste trabalho. O segundo capítuloapresenta uma revisão bibliográfica, a qual apresenta a importância da implantação de melhorias nas atividades de movimentação e armazenagem. O terceiro capítulo é dedicado a apresentação, descrição, registro fotográfico e ilustração dos princípios de movimentação e armazenagem. Por fim, no quarto capítulo encontram-se as considerações finais e sugestões para trabalhos futuros. 3 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA Este capítulo sintetiza a importância da implantação de melhorias nas atividades de movimentação e armazenagem, enfatizando a necessidade de princípios que facilitem este processo. 2.1 A Importância da Implantação de Melhorias nas Atividades de Movimentação e Armazenagem. A indústria da Construção Civil, não diferentemente de outras manufaturas, processa insumos e gera produtos. No entanto, o caráter posicional do seu sistema produtivo, isto é, materiais, equipamentos e mão de obra se movimentam ao invés do produto, o torna um setor com características bastante peculiares, principalmente, ligadas as atividades de movimentação e armazenagem, as quais são áreas passíveis de implantação de melhorias e aperfeiçoamento. Para se dar início ao processo de implantação de melhorias é necessário detectar as ineficiências atreladas à atividade de movimentação e armazenagem. HEINECK et al (1995) apresentaram uma listagem dos principais problemas que podem ser encontrados em canteiros de obras. Dentre as várias áreas de abrangência deste trabalho, os autores relataram problemas referentes à movimentação de materiais. SANTOS et al (1995), no Manual 4 do Norie, descrevem técnicas para diagnóstico de canteiros de obras. Dentre estas técnicas, os autores utilizaram-se de uma lista de verificação para o diagnóstico simplificado do sistema de movimentação e armazenagem de materiais, a qual tem como objetivo analisar o apoio que a administração oferece para que não haja gargalos nestas atividades. A empresa NEOLABOR, no projeto sobre movimentação e armazenagem desenvolvido na construtora Método, detecta problemas que afetam o sistema de movimentação e armazenagem independente da obra ser vertical ou horizontal. Outro ponto importante durante o processo de implantação de melhorias é ter conhecimento de quais inovações estão sendo adotadas em relação ao gerenciamento de obras, as quais implicam em ganhos de produtividade durante a atividade de movimentação e armazenagem. 4 HEINECK (1993) apresentou as várias modificações encontradas em canteiros de obras, as quais implicavam em ganho de produtividade. FREITAS et al (1997) elaboraram um check-list com 240 itens divididos em 6 grupos: apoio e dignificação da mão de obra; organização de canteiro; movimentação de materiais e deslocamentos internos; ferramentas, máquinas e técnicas especiais; segurança do trabalho e comunicação interna, as quais foram utilizadas para o diagnóstico de melhorias e inovações tecnológicas simples em 58 canteiros de obras. OLIVEIRA et al (2000), partindo do check-list de FREITAS et al (1997), realizaram uma análise da aplicação e evolução destes itens em 15 canteiros de obras. Não somente detectar as ineficiências ou ter conhecimento das modificações já implantadas com relação às atividades de movimentação e armazenagem é suficiente para o ganho de melhorias, sendo assim necessárias medidas para a implantação destas. O fato das atividades de movimentação e armazenagem não agregarem valor ao produto final faz com que gestores de obras não priorizassem melhorias nesta área. No entanto, apesar de não agregarem valor, geram custos que muitas vezes afetam a lucratividade do produto e a competitividade da empresa. Para SILVA e CARDOSO (1999), o ganho de competitividade num processo de produção passa, não somente por melhorias nas atividades de conversão, como também, nas atividades de espera, armazenagem, movimentação e inspeção. SALES et al (2004) discutem, no trabalho sobre a gestão dos fluxos físicos nos canteiros de obras, o quanto aspectos de logística de entrega, armazenamento e distribuição de materiais, equipamentos e mão de obra influem na produtividade e competitividade das empresas construtoras. COSTA et al (2005) defendem a importância da gestão dos fluxos físicos para o ganho de produtividade e competitividade. Assim, se faz necessário ter atenção para a movimentação e armazenagem em canteiros de obras, já que é uma atividade geradora de custos e desperdícios. HEINECK et al (1994) no trabalho sobre avaliação da importância da movimentação de materiais em canteiros de obras concluíram que 20 % do trabalho em obra refere-se a movimentação de materiais, o que dá ênfase a necessidade de implantação de melhorias e inovações nessa área. Os mesmos autores afirmam que a solução para melhorias não passa necessariamente pela aquisição de equipamentos de transportes sofisticados e sim por uma análise mais simples do sistema de movimentação que vai desde a necessidade de diminuir transporte e pontos de armazenagem, adoção de princípios de ergonomia e 5 movimentação, utilização de equipamentos adequados ao transporte até a necessidade de eliminação do desperdício de materiais. Entender que a melhoria na atividade de movimentação e armazenagem não requer elevados investimentos e sim inovações simples é o ponto crucial para implantação de melhorias nesta área. Uma forma simples de se ter um ganho de produtividade e implantação de melhorias durante o processo de movimentação e armazenagem é através do planejamento do canteiro de obra. No trabalho sobre planejamento e gestão de obras, GEHBAUER et al (2003) mostram como o planejamento do canteiro de obra é fundamental para minimizar os percursos dos transportes mais volumosos e frequentes dentro do canteiro. No tocante a caminhos para veículos e pedestres dentro do canteiro, os autores apresentam pontos que devem ser considerados para que não haja empecilho ao livre fluxo. TUJI et al (1996) no trabalho ligado a planejamento de layout de canteiro apresentam a relação existente entre o caráter posicional do layout de canteiro de obras e as atividades de movimentação e armazenagem. Também, no mesmo trabalho, estes autores apresentam fatores que devem ser considerados na elaboração do layout de canteiro, os quais direta ou indiretamente são influenciados pela movimentação e armazenagem necessária para o desenvolvimento da obra. Dando continuidade a importância que o layout de canteiro tem sobre as atividades de movimentação e armazenagem, SOUSA et al (1997) apresentam recomendações e diretrizes para localização e tamanho das partes que compõem um canteiro de obras, deixando, como legado, uma listagem de elementos importantes e necessários para elaboração do layout de canteiro, tais como elementos ligados as atividades de produção, de apoio a produção, de transporte e de apoio técnico/administrativo, entre outros. MAIA (1994) chama atenção para o fato dos projetos apresentarem um caráter ímpar e o quanto isto influencia o dimensionamento e determinação do layout do canteiro de obras. Embora a autora apresente diretrizes gerais, tem a intenção de apresentar, sempre que possível, o quanto as atividades de movimentação de pessoas e insumos e armazenagem de materiais são determinantes para as diretrizes apresentadas. FRITSCHE et al (1996) no trabalho sobre layout de canteiro de obra apresentam princípios para a definição do layout, os quais são embasados, na grande maioria, por fatores ligados a movimentação e armazenagem. 6 SILVA e CARDOSO (1998) relatam a importância da logística de suprimento e de canteiropara a organização dos sistemas de produção da construção civil. Além disso, os autores realizaram um estudo de caso em duas empresas construtoras para analisar, entre outros, o fluxo físico das obras. Outra forma de implantação de melhorias durante o processo de movimentação e armazenagem é através do cuidado com os operários ao manusear cargas. MERINO (1996) na dissertação sobre efeitos agudos e crônicos causados pelo manuseio e movimentação de cargas no trabalho apresenta recomendações de como manusear e movimentar cargas. RUGELES (2001) apresenta um estudo de caso, no qual enfoca a gestão da qualidade, segurança do ambiente de trabalho e saúde ocupacional dos operários em atividades de movimentação, manuseio e armazenagem. Além da disponibilidade de estudos providos de conhecimento que influenciam a aplicação de mudanças nas atividades de movimentação e armazenagem, existem princípios, embora pouco utilizados, balizadores destas mudanças. O trabalho sobre movimentação e armazenagem desenvolvido pela NEOLABOR apresenta princípios que fornecem subsídios ao planejamento e a operacionalização deste tipo de atividades em canteiros de obras. HEINECK (2007), não diferentemente, também disponibiliza, em notas de aulas, princípios facilitadores de implantação de melhorias nestas atividades. 2.2 Conclusões sobre o Capítulo Se as publicações que direta ou indiretamente tratam sobre movimentação e armazenagens em canteiro de obras forem analisadas, percebe-se a necessidade de implantação de melhorias nestas atividades, porém a maior dificuldade para a implantação dessas mudanças é proveniente da deficiência de publicações com princípios facilitadores para aplicação destas. Mediante estas reflexões, conclui-se que é necessária a existência de princípios que facilitem a implantação de melhorias nas atividades de movimentação e armazenagem em canteiros de obras com intuito de aumentar a produtividade e reduzir custos. Tendo os gestores de obras o conhecimento de princípios básicos, poderão coordenar e implantar várias melhorias nas atividades de movimentação e armazenagem. 7 3. PRINCÍPIOS Aqui vão ser apresentados e discutidos princípios que devem ser entendidos como regras, ou seja, como algo que, num dado caso, regula, dirige, rege ou governa o modo certo de agir. Estes foram agrupados nas categorias de movimentação e armazenagem, que por sua vez foram organizados em subcategorias como apresentado no quadro 3.1. Quadro 3.1 – Organização dos princípios de movimentação e armazenagem. Categoria Sub-categoria Quantidade de Princípios Movimentação 1. Planejamento e gestão da movimentação 28 2. Cuidados com os caminhos de circulação 07 3. Cuidados com o homem como agente da movimentação 11 4. Características dos equipamentos de movimentação 08 5. Deslocamento e trânsito de pessoas 08 Armazenagem 1. Planejamento e gestão da armazenagem. 08 2. Cuidados com o ambiente de armazenagem. 06 3. Cuidados com os insumos. 10 Cada subcategoria é composta por princípios e um check-list prático para auxiliar no diagnóstico do sistema de movimentação e armazenagem em canteiro de obra. Inicialmente, será apresentada a categoria sobre movimentação. 3.1 Movimentação Movimentação deve ser entendida como o ato ou processo de mover, ou seja, deslocar do local onde se encontrava. Como mostrado no quadro 3.1, os princípios sobre movimentação foram agrupados em cinco subcategorias, as quais serão apresentadas abaixo. 8 3.1.1 Planejamento e gestão da movimentação Planejar e gerenciar a movimentação em canteiros de obras com o auxílio dos princípios pode ser tão simples e óbvio quanto o princípio que diz que o melhor transporte é aquele que não existe, ou seja, não transportar. a) Não transportar A administração da obra deve, antes de qualquer outro princípio, se empenhar na busca da aplicação desta primeira regra. Não transportar seria o princípio ideal se não fosse o caráter posicional do sistema produtivo da indústria da construção civil. No entanto, esta característica, através da qual os equipamentos, pessoas e materiais se movimentam ao invés do produto, faz com que a necessidade por transporte seja uma atividade constante nos canteiros de obras e típica de apoio, ou seja, não agrega valor ao produto final. Sendo assim, a necessidade de transporte de materiais e equipamentos deve ser minimizada, já que não pode ser 100% evitada. Ações como evitar estoques intermediários e recebimento centralizado de tijolos e cimento minimizam a necessidade de transporte. b) Andar em linha reta A menor trajetória que liga dois pontos é representada por uma linha reta, portanto o fator linearidade, quando possível, deve ser determinante na escolha do caminho. c) Não subir e nem descer Em relação à movimentação horizontal devem-se evitar percursos com subida e descida, principalmente, quando for utilizado o esforço humano para se desenvolver o deslocamento de pessoas e materiais. Trajetórias com essas características exigem um maior esforço físico e como as atividades na construção civil se repetem ao longo da jornada de trabalho, este tipo de percurso torna-se desgastante para o operário. Uma situação na qual se deve obedecer a este princípio é durante a escolha do caminho para transporte de agregados 9 até a betoneira, já que a produção de concreto e argamassas são atividades que se repetem diariamente e por quase todo período de execução da obra. Já em relação à movimentação vertical subir e descer são um mal necessário. O que deve ser observado neste tipo de movimentação é a escolha dos equipamentos de transportes, os quais devem ser definidos principalmente pelo tipo, peso e volume do material a ser transportado. d) Utilizar rampas com inclinação adequada Caso as subidas e descidas não sejam evitáveis, deve-se ter atenção com relação à inclinação das rampas, sendo essas não superiores a 10%. e) Diminuir a distância entre área de estoque e posto de trabalho O fato do produto edificação ser tipicamente posicional requer uma proximidade entre materiais, equipamentos e locais de utilização para que haja racionalização nas atividades de transporte. Este princípio deve ser determinante na definição do layout, principalmente, de canteiros horizontais, uma vez que há possibilidade de implantação de um canteiro concentrado, ou seja, menores distâncias entre locais de armazenagem, preparação e utilização. Em canteiros verticais este princípio deve ser observado, principalmente, na proximidade das áreas de armazenagem com áreas de preparação (central de forma, argamassas e armação) e destes com os equipamentos de transporte vertical, já que a distância até o local de utilização não pode ser minimizada (movimento vertical). 10 Figura 3.1 – Proximidade entre o estoque de cimento e betoneira. f) Entregar materiais diretamente no local de trabalho ou de armazenagem O descarregamento de material diretamente no local de uso ou estoque é de fundamental importância para se evitar o duplo manuseio e consequentes desperdícios de material e mão de obra. Um exemplo típico da desobediência a esse princípio é observado com a impossibilidade do descarregamento de tijolos no posto de trabalho ou diretamente na área de armazenamento, acarretando, muitas vezes, a necessidade de estoques intermediários e duplo manuseio. Figura 3.2 – Estoque intermediário de tijolos. 11 g) Entregar materiais na quantidadeexata Esse princípio requer um conhecimento prévio dos quantitativos dos materiais a serem utilizados no postos de trabalho. Atenção deve ser dada a esse princípio para não se gerar carga de retorno ou necessidade complementar de materiais, o que acarreta em transporte extra. Um exemplo recorrente em obras verticalizadas é a necessidade de movimentação, muitas vezes manual, de materiais excedentes (tijolos, blocos, tubos, conexões e cerâmicas) de um pavimento para outro. h) Visitar e preparar a área de recepção Visitar e preparar a área de recepção dos materiais antes do recebimento é fator decisivo para se evitar improvisações, tais como estoques intermediários, duplo manuseio, desorganização do canteiro, obstrução de caminhos e acessos aos materiais. Uma forma simples de se preparar a área de recepção pode ser por intermédio de check-list, cuja função é enumerar todos os pré-requisitos básicos que a administração da obra deve fornecer ao operário para o exercício da função de recebimento do material. Um exemplo clássico é a necessidade de estrados (plataformas) para o armazenamento de cimento. i) Dispor materiais na sequencia de sua utilização Uma forma de se facilitar o manuseio e movimentação dos materiais é organizá- los de acordo com as prioridades produtivas da obra, ou seja, dispor na sequencia de sua utilização. j) Não empilhar materiais diferentes ou obstruir o acesso de uns pelos outros Muitos materiais utilizados em canteiros de obras, tais como blocos, tijolos, cerâmicas, tintas, louças e cimento permitem organizá-los de forma empilhada o que acarreta diretamente a redução de áreas mortas. No entanto, é necessário se ter atenção para não empilhar materiais diferentes e obstruir o acesso de uns pelos outro, já que a necessidade de 12 utilização de materiais localizados na parte inferior ou atrás da pilha implicará em um trabalho extra de movimentação de materiais. Figura 3.3 – Caixa de descarga obstruindo o livre acesso aos vasos sanitários. k) Indicar um caminho único entre “a” e “b” Definir um roteiro único facilita a movimentação e evita erros de percurso. l) Planejar o caminho de ida e de volta Os caminhos de ida e de volta devem ser planejados de modo a se definir como e aonde se inicia, como se desenvolve o movimento, como se finaliza o transporte e o retorno. Com o conhecimento de todo o processo de movimentação é possível se determinar o tempo de utilização e a produtividade dos equipamentos de transporte. m) Planejar o uso de carga de retorno Sempre que possível os equipamentos de transportes devem retornar com uma carga, ou seja, não voltar vazio. A implantação deste princípio induz uma maior racionalização não somente da movimentação de materiais como também da utilização dos equipamentos de transportes. Um exemplo de aplicação desse princípio é planejar a movimentação do entulho, não como uma atividade principal para utilização dos equipamentos de transporte e sim com uma carga de retorno. 13 n) Colocar cargas em plataformas e depois transportar Ainda pouco utilizado em canteiros, esse princípio possibilita uma maior fluência no transporte, facilita a carga e descarga e diminui a necessidade de mão de obra. Produtos que apresentam formas idênticas, tais como: blocos, tijolos, pisos e cimentos podem ser movimentados em conjunto com auxílio de plataformas, porém, normalmente, são transportados um a um. A implantação desse princípio requer investimentos em equipamentos de transporte, tais como aquisição ou aluguel de empilhadeiras, gruas e paleteiras. o) Movimentar por gravidade A opção do uso da gravidade para movimentar materiais é viável economicamente. A prática deste princípio reduz tanto a mão de obra como a utilização dos equipamentos de transportes. Como exemplo da redução da mão de obra tem-se o descarregamento de agregados através de caminhão basculante. Já como redução da utilização dos equipamentos de transporte tem-se o transporte de entulho por meio de tubulação. Figura 3.4 – Tubulação para transporte de entulho por gravidade. Figura 3.5 – Detalhe da tubulação para transporte de entulho por gravidade. 14 p) Travar, amarrar, cintar e contrafiar materiais que possam se movimentar durante o transporte Durante a atividade de transporte os materiais podem se movimentar devido a mudanças de trajetórias, frenagem, aceleração, trepidação e oscilação. Portanto travá-los, contrafiá-los ou amarrá-los torna o transporte mais seguro, evita perdas tanto de insumos como de mão de obra e é possível aumentar a velocidade de movimentação. O transporte de blocos de concreto e, em alguns casos, de cimento utilizam esse princípio, uma vez que as pilhas são envolvidas com plástico. Figura 3.6 – Pilha de cimento envolvida com plástico. q) Transportar somente quando o kit estiver pronto O atendimento a esse princípio evita a necessidade extra de trabalhos de movimentação. Em relação à movimentação interna esse princípio aplica-se, principalmente, na preparação de kit composto por materiais e ferramentas mais leves referentes a instalações hidro-sanitária, elétrica e pinturas. A aplicação extremada desse princípio deve ser evitada desde que a preparação total do kit seja impossibilitada por ausência de algum componente. Já na movimentação externa, ou seja, logística de suprimento do canteiro, a entrega deve ser realizada quando todos os materiais solicitados estejam disponíveis, exceto em casos de urgência de utilização. 15 r) Desenhar o fluxo de materiais em obra através de um mapofluxograma A criação de mapofluxogramas auxilia na identificação das diversas atividades e na determinação do local onde as mesmas se desenvolvem durante o fluxo dos materiais. Com essa forma de documentação e visualização do processo é possível a identificação dos problemas e implantação de oportunidades de melhorias. s) Considerar as atividades de transporte na etapa de plano de médio prazo (lookhead) O planejamento de médio prazo tem como objetivo identificar quais atividades se realizarão em um período entre quatro e seis semanas e as providências cabíveis para a garantia de sua execução. Na maioria das vezes, durante esse planejamento se considera somente como as atividades serão executadas e com quais materiais, ferramentas e mão de obra, deixando as atividades de movimentação de pessoas e insumos para serem resolvidas de acordo com a necessidade e disponibilidade dos equipamentos de transporte, ou seja, utiliza- se a cultura da improvisação. A aplicação desse princípio requer que as necessidades que envolvem as atividades de transporte sejam consideradas logo no plano de médio prazo. t) Eliminar as restrições motivadas pela falta de capacidade do sistema de transporte O mau dimensionamento da capacidade do sistema de transporte induz ao surgimento de restrições ao processo de movimentação. As restrições são: impossibilidade dos equipamentos de comportar dimensionalmente os materiais e incapacidade de suporte de carga, o que pode acarretar em um aumento de atividades de transporte, não utilização ou quebras dos equipamentos. Pode se eliminar essas restrições por meio do dimensionamento prévio da capacidade dos equipamentos de transporte a partir do conhecimento de características como formato, volume, peso e quantidade do material a ser transportado. u) Conhecer aspectos do produto, como volume, quantidade, peso e sua fragilidade. Conhecer características como volume, quantidade,peso e fragilidade dos produtos permite-se antecipar e planejar as necessidades envolvidas na atividade de 16 movimentação, tais como mão de obra e equipamentos de transporte. A aplicação desse princípio pode minimizar as improvisações, tornando assim a atividade de movimentação menos improdutiva. v) Ter acesso a obra por toda a sua frente A possibilidade de acesso ao canteiro por toda sua frente permite descarregamentos simultâneos e facilita, quando necessário, a movimentação dos operários e dos equipamentos de transporte durante esse tipo de atividade. Uma inovação tecnológica simples é a substituição do tradicional tapume por gradil, o qual poderá oferecer vários pontos de entradas. Figura 3.7 – Gradil com várias entradas. w) Manter e transportar materiais nas embalagens originais Sempre que possível deve-se transportar materiais nas embalagens originais, uma vez que essas são, na grande maioria, dimensionadas com o objetivo de acomodar, prevenir e resistir a ações danosas, mantendo as características geométricas e físico-químicas do material durante as atividades de movimentação. Caso não seja possível obedecer a esse princípio devido à necessidade de fracionamento do material, deve-se ter a atenção em transportar em concordância, dependendo do tipo de material, com princípios, tais como proteger o material a ser transportado ou travar, amarrar, cintar e contrafiar materiais que podem se movimentar durante o transporte. 17 x) Proteger o material a ser transportado Durante a movimentação de material, atenção deve ser dedicada a esse princípio com intuito de se evitar danos, misturas e derramamentos, ou seja, desperdícios e perdas. Esse princípio se aplica tanto a material acomodado em embalagens como também a produtos que não são ou, caso sejam, fracionados. Uma forma de obediência a esse princípio é buscar por em prática ações e cuidados simples como travar, amarrar, contrafiar, cintar, cobrir, acomodar e embalar os materiais a serem transportados, principalmente, aqueles que dependem da integridade de suas características físicas, tais como: louças, lâmpadas, esquadrias de alumínio e vidro, luminárias e espelhos entre outros. Um exemplo de aplicação desse princípio é observado no transporte de areia em caminhão caçamba, uma vez que o material é coberto com lona com intuito de se evitar derramamento. Outro exemplo observa-se no transporte de esquadrias de alumínio e vidro quando é necessário embalar, acomodar e amarrar para que, durante a movimentação, evitem-se possíveis danos ao produto. y) Manter em obra ferramentas simples para conserto e manutenção dos equipamentos de transporte A utilização dos equipamentos de transporte requer manutenção e consertos durante sua vida útil, principalmente, os utilizados em canteiros de obras, os quais transportam cargas pesadas. Assim é de suma importância procurar manter ferramentas simples com destinação para este tipo de serviço que, muitas vezes, é simples e de fácil realização. Portanto, o atendimento a este princípio prolonga a vida útil dos equipamentos. Figura 3.8 – Ferramentas para conserto e manutenção dos equipamentos de transporte. 18 Figura 3.9 – Detalhe da ferramentaria. z) Manter a obra limpa São muitas as situações em que há aumento de percurso, acidentes de trabalho e interrupção dos deslocamentos devido ao acúmulo desordenado de resíduos sólidos nos canteiros de obras. Portanto, a obediência a este princípio, além do fator de higiene e estético, facilita o deslocamento de pessoas e equipamentos, o que torna a movimentação uma atividade mais produtiva e segura. aa) Criar endereço para destino do material transportado Uma forma de se evitar movimentações desnecessárias ou imprecisas de materiais é através da criação de endereços para destino do material transportado. Situações em que a movimentação de materiais é realizada em elevadores de cargas são passíveis de aplicação deste princípio para se evitar enganos no momento do descarregamento, uma vez que materiais com destinos diferentes podem ser transportados na mesma viagem. 19 Figura 3.10 – Identificação do destino do material. bb) Garantir espaço para o não cruzamento de fluxos de ida e retorno Os caminhos de circulação em canteiros de obra devem ser dimensionados de forma a não permitirem, durante a movimentação de pessoas, equipamentos e veículos de transporte, o cruzamento de ida e retorno, evitando assim congestionamentos ou esperas. O posicionamento inadequado das áreas de estoque e preparação de produtos pode reduzir os espaços para circulação, acarretando, possivelmente, a necessidade de cruzamento de fluxos de ida e retorno. Portanto, de preferência, devem existir caminhos separados. Figura 3.11 – Cruzamento do fluxo de ida e retorno. O quadro 3.2 sintetiza os princípios sobre planejamento e gestão da movimentação em forma de um check-list. 20 Quadro 3.2 – Check-list de princípios sobre planejamento e gestão da movimentação. Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não Não transportar. Andar em linha reta. Não subir e nem descer. Utilizar rampas com inclinação adequada. Diminuir a distância entre área de estoque e posto de trabalho. Entregar materiais diretamente no local de trabalho ou de armazenagem. Entregar materiais na quantidade exata. Visitar e preparar a área de recepção. Dispor materiais na sequencia de utilização. Não empilhar materiais diferentes ou obstruir o acesso de uns pelos outros. Indicar um caminho único entre “a” e “b”. Planejar o caminho de ida e de volta. Planejar o uso de carga de retorno. Colocar cargas em plataformas e depois transportar. Movimentar por gravidade. Travar, amarrar, cintar e contrafiar materiais que possam se movimentar durante o transporte. Transportar somente quando o kit estiver pronto. Desenhar o fluxo de materiais em obra através de um mapofluxograma. Considerar as atividades de transporte na etapa do plano de médio prazo (lookhead). Eliminar as restrições motivadas pela falta de capacidade do sistema de transporte. Conhecer aspectos do produto a ser transportado, como volume, quantidade, peso e sua fragilidade. Ter acesso a obra por toda sua frente. Manter e transportar materiais nas embalagens originais. Proteger o material a ser transportado. Manter em obra ferramentas simples para conserto e manutenção dos equipamentos de transporte. Manter a obra limpa. Criar endereço para destino do material transportado. Garantir espaço para o não cruzamento de fluxos de ida e retorno. 3.1.2 Cuidados com os Caminhos de Circulação Atenção deve ser dada aos caminhos de circulação de modo que estes facilitem a movimentação. 21 a) Criar corredores e ruas de transporte Prever durante o planejamento do layout do canteiro e disponibilizar áreas de circulação, tais como corredores e ruas facilitam a fluência não somente dos equipamentos/veículos de transporte como também os deslocamentos de operários. Em obras verticais muitas vezes com a indisponibilidade de espaços não é possível a criação dessas vias. Já em grandes obras horizontais deve ser primordial a obediência a esse princípio. A criação desses caminhos de circulação deve obedecer a princípios como: usar o caminho mais direto possível; não subir e descer; utilizar rampas com inclinação adequada e pavimentar,drenar e iluminar previamente os caminhos de transporte. No entanto não somente criar caminhos resolve o problema como também é necessário, através da conscientização do usuário, garantir a manutenção, integridade e desobstrução dessas vias. b) Pavimentar, drenar e iluminar previamente os caminhos de transporte Quanto melhor as condições dos caminhos/percursos em canteiros de obra mais facilmente fluirão o deslocamento de pessoas e equipamentos de transporte durante a movimentação, principalmente, pelo fato da atividade tornar-se mais segura, o que implicará, possivelmente, em um ganho de produtividade. Pavimentar, drenar e iluminar, ou seja, proporcionar melhores condições aos caminhos de circulação são ações que minimizam a insegurança durante a atividade de movimentação. Situações grosseiras como subsolo mal iluminado e o descuido com a regularização durante a concretagem dos pavimentos, são exemplos recorrentes da desobediência a esse princípio. Outra situação de não atendimento a esse princípio é observada em obras com grandes áreas não pavimentadas, nas quais é possível o empoçamento dos caminhos de circulação devido à falta ou deficiência na drenagem desses espaços. c) Não prejudicar o trânsito de veículos e pedestres durante o descarregamento de produtos É comum, durante atividades de descarregamento em canteiros de obra, se prejudicar o fluxo de veículos e pedestres, principalmente, pelo fato da não disponibilidade de espaços dentro dos limites da obra. A impossibilidade de estacionar dentro do terreno da obra 22 implica na necessidade de se usufruir das calçadas e ruas para se aproximar do canteiro. A partir do momento que se utiliza dessas áreas pode-se dificultar a movimentação de pedestres e veículos. Um exemplo corriqueiro em obras é observado quando se obstrui as calçadas para armazenamentos intermediários de tijolos. Outro exemplo é a interrupção de parte ou totalidade de uma faixa da rua ou avenida durante o descarregamento de concreto bombeado. Uma forma de minimizar ou até mesmo se evitar esses empecilhos é disponibilizar áreas de descarregamento dentro do canteiro ou priorizar, quando possível, que o descarregamento ocorra em ruas menos movimentadas ou em horários menos críticos com relação ao trânsito de pedestres e veículos. Figura 3.12 – Descarregamento prejudicando o fluxo de veículos. Figura 3.13 – Estoque intermediário de tijolos na calçada. d) Eliminar as restrições causadas por obstáculos ao livre fluxo de transporte 23 Obstáculos ao livre fluxo da mão de obra e dos equipamentos de transporte tornam a movimentação uma atividade ineficiente e insegura. O principal obstáculo ao fluxo de transporte é motivado pelo armazenamento inadequado dos materiais e falta de organização dos canteiros, ou seja, consequência da cultura da improvisação. Figura 3.14 – Obstáculo ao livre fluxo de movimentação. e) Garantir amplo espaço de circulação em volta dos locais de armazenagem O grande empecilho na aplicação desse princípio é a restrita disponibilidade de espaços livres nos canteiros. No entanto existe a necessidade de se garantir espaço de circulação em volta das áreas de estocagem para facilitar não só o acesso ao material como também o manuseio dos equipamentos de transportes. f) Proteger a obra ao longo do caminho de circulação Esse princípio tem como objetivo a preservação, principalmente, das áreas já acabadas da obra, tais como ambientes com revestimento de parede e piso prontos. Um exemplo típico de proteção da obra é colocação de papelão ou lona plástica nos caminhos de circulação com revestimento já assentado. 24 Figura 3.15 – Lona plástica protegendo porcelanato ao longo da área de circulação. g) Isolar a área de movimentação de materiais Os caminhos de circulação devem ser demarcados e se possíveis isolados. Esse princípio tem como objetivo evitar a obstrução e preservar os caminhos de circulação, evitando assim que estes sejam ocupados para outros usos. Também pode auxiliar na proteção de áreas já acabadas e que não devem ser utilizadas para circulação. A seguir será apresentado o check-list referente à subcategoria sobre cuidados com os caminhos de circulação. Quadro 3.3 – Check-list de princípios sobre cuidados com os caminhos de circulação. Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não Criar corredores e ruas de transporte. Pavimentar, drenar e iluminar previamente os caminhos de transporte. Não prejudicar o trânsito de veículos e pedestres durante o descarregamento de produtos. Eliminar as restrições causadas por obstáculos ao livre fluxo de transporte. Garantir amplo espaço de circulação em volta dos locais de armazenagem. Proteger a obra ao longo do caminho de circulação. Isolar a área de movimentação de materiais. 25 3.1.3 Cuidados com o Homem como Agente da Movimentação Como grande parte da movimentação em canteiros de obras é operacionalizada com o auxílio do esforço humano, então segue uma apresentação de princípios que tem objetivo de cuidar do agente da movimentação. a) Transportar pesos adequados a capacidade humana A indústria da construção civil é caracterizada pela grande necessidade de movimentação e manuseio de materiais, sendo, essas, atividades repetitivas e realizadas, na grande maioria, de forma manual, ou seja, com esforço de operários. Partindo-se dessa frequente rotina observada em canteiros, é necessário que atenção seja dada, principalmente, pelos gestores de obras, para que os operários transportem pesos compatíveis com a capacidade humana. A desobediência a esse princípio em conjunto com a frequente repetição das atividades de transporte de cargas são indutoras de sérios riscos a saúde e bem-estar dos operários. Segundo MERINO (1996), a legislação brasileira limita em 60 kg o peso máximo que um trabalhador deve manusear e movimentar, enquanto que o método NIOSH desenvolvido nos Estados Unidos em 1980, sob iniciativa da National Institute for Ocupational Safety and Health, estabelece como limite máximo 23 kg. Figura 3.16 – Transporte manual de sacos de 50 kg. 26 b) Prover pega adequada A grande maioria das movimentações em canteiros de obra exige o esforço físico dos operários, implicando, assim, na frequente necessidade do uso das mãos. Uma forma de facilitar esse manuseio é através da utilização de pegas adequadas, ou seja, prover alças, ressaltos e encaixes para as mãos. Porém, não só prover pega facilita o manuseio. É necessário que ela tenha características que promovam certo conforto as mãos. Assim, recomenda-se que o encaixe ou ressalto sejam compostos por material compressível e não derrapante. Já para alça, além das características do encaixe e ressalto, é de fundamental importância que apresente formato cilíndrico. Figura 3.17 – Elementos práticos para facilitar a pega (Merino, 1996). c) Utilizar a mão como um todo para empunhar materiais A forma mais adequada e confortável de se manusear materiais com uso das mãos é utilizando-as como um todo, evitando, sempre que possível, o uso somente dos dedos. A área da pega deve ser a maior possível, utilizando sempre a palma das mãos e a base dos dedos, promovendo, assim, uma melhor acomodação da carga ao corpo humano e, consequentemente, redução de fadiga e ocorrência de possíveis acidentes. A aplicação deste princípio, em conjunto com o de prover pega adequada, torna o manuseio menos desgastantepara as mãos do trabalhador. 27 d) Usar braços estendidos Durante a movimentação de cargas os braços devem ser utilizados, quase que exclusivamente, para segurá-la, evitando, sempre que possível, que sejam usados para levantá-la. A posição mais recomendada para os braços é estendida, promovendo, assim, uma menor fadiga dos músculos. Figura 3.18 – Braços estendidos na movimentação de materiais (Merino, 1996). e) Empurrar ao invés de puxar Ao se movimentar uma carga, seja por meio de rolamento ou tombamento, deve-se procurar empurrar ao invés de puxar, uma vez que, ao empurrá-la, o peso do corpo do trabalhador atua como contrapeso, facilitando e ajudando no deslocamento. Além disso, o trabalhador se põe sempre de frente ao movimento da carga o que implica aumentar o campo visual e evitar possíveis acidentes. f) Colocar as cargas em equilíbrio e simétricas em relação ao corpo Ao se transportar cargas em equilíbrio e simétricas em relação ao corpo evita-se o desequilíbrio postural e sobrecarga de algum grupo muscular. Um exemplo de aplicação deste princípio pode ser observado em atividades de movimentação de galões (baldes) de tintas. 28 Figura 3.19 – Cargas simétricas em relação ao corpo. g) Colocar cargas sobre os ombros ou cabeça Figura 3.20 – Carga sobre ombros. h) Transportar a máxima quantidade de cada vez Sempre que possível, o trabalhador deve transportar a máxima carga de cada vez, no entanto não se esquecendo de obedecer, também, ao princípio de transportar cargas compatíveis com a capacidade humana. Ao se aplicar este princípio tem-se um ganho de produtividade durante a atividade de movimentação, pois se minimiza o número viagens. Porém sua aplicação extremada em atividades repetitivas e em discordância com o princípio de transportar cargas compatíveis com a capacidade humana pode levar, ao longo da atividade, a perda de produtividade e fadiga da muscular. 29 i) Facilitar a carga e descarga Ao se por em prática este princípio pode-se ter um ganho de produtividade e reduzir o desgaste e fadiga do trabalhador, uma vez que, ao se facilitar a carga e descarga, o esforço físico utilizado na atividade de movimentação e manuseio será disponibilizado, quase que exclusivamente, para o transporte propriamente dito. Um exemplo de aplicação deste princípio é observado em atividade em que tanto o carregamento quanto o descarregamento de cargas é auxiliado por outro trabalhador. Outra maneira de facilitar a carga e descarga é aproveitar bancadas e alturas com o objetivo de auxiliar a elevação e deposição da carga. Figura 3.21 – Aproveitamento de bancadas e alturas no levantamento de sacos (Merino, 1996). j) Substituir o esforço humano por equipamentos ou máquinas simples Carregar, elevar, puxar, empurrar, deslizar, arremessar, tombar e rolar são ações rotineiras em atividades de movimentação e manuseio de cargas com utilização de força muscular, porém, sempre que possível, devem ser substituídas ou auxiliadas por máquinas simples, buscando, assim, substituir o esforço humano por equipamentos de transporte. Não só substituir implica na obediência correta a este princípio. É necessário que a utilização dos equipamentos de movimentação de cargas esteja adaptada ao trabalhador. Ao se praticar este princípio, além de se evitar o desgaste e fadiga do trabalhador, se ganha em termo de produtividade. Este princípio é observado em movimentações de cargas com auxílio de carrinhos de mão, giricas e carrinhos porta pallet. 30 Figura 3.22 – Transporte manual de tijolos. Figura 3.23 – Transporte com auxílio de carrinho de mão. Abaixo é apresentado o check-list referente à subcategoria de cuidados com o homem como agente da movimentação. 31 Quadro 3.4 – Check-list de princípios sobre cuidados com o homem como agente da movimentação. Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não Avaliar a carga antes da movimentação. Substituir o esforço humano por equipamentos ou máquinas simples. Empurrar ao invés de puxar. Transportar pesos adequados a capacidade humana. Transportar a máxima quantidade de cada vez. Utilizar a mão como um todo para empunhar materiais. Prover pega adequada. Usar braços estendidos. Facilitar a carga e descarga. Colocar as cargas em equilíbrio e simétricas em relação ao corpo. Colocar a carga sobre os ombros ou cabeça. 3.1.4 Características dos Equipamentos de Movimentação Entendem-se como equipamento de movimentação os instrumentos que auxiliam a operacionalização do manuseio e transporte de cargas. a) Usar equipamentos flexíveis que possam ser adaptados a vários tipos de materiais Quanto mais flexível for a utilização dos equipamentos de transporte, ou seja, adaptados a movimentação de vários tipos de materiais, menos sub-utilizados serão. Equipamentos, tais como elevador de carga e grua são representantes da aplicação deste princípio, pela sua flexibilidade. b) Usar equipamentos que não requeiram esforço para seu equilíbrio Quanto mais segura for a condição de trabalho mais produtiva será a atividade de movimentação. Partindo disso deve-se, sempre que possível, buscar utilizar equipamentos 32 estáveis, ou seja, que não requeiram esforço para seu equilíbrio. Assim, o operário fornecerá apenas a força de tração, aumentando, portanto, a velocidade do fluxo de movimentação. c) Usar equipamentos estáveis e que evitem oscilações bruscas Embora na construção civil os materiais, na grande maioria, sejam grosseiros e não requerem cuidados especiais é necessário que os equipamentos apresentem estabilidade e que evitem oscilações bruscas. Para os equipamentos de transporte de pessoas, este princípio deve ser aplicado rigorosamente para que não provoquem desconforto durante a movimentação e sejam seguros. d) Prover dispositivos de trava Em movimentações dentro do canteiro, são as irregularidades e desnivelamento de pisos que tornam o transporte, em algumas situações, instáveis. Já em movimentações externas são as curvas, frenagens, acelerações, oscilações e irregularidades das vias que produzem instabilidade. Uma forma de se evitar as inconvenientes consequências dessa instabilidade, ou seja, deslocamento da carga, e até mesmo danos ao material é buscar prover dispositivos de trava nos meios de transporte, tais como corda, cinta e ligas de borracha. e) Usar equipamentos leves com baixo peso próprio É notável que todos os equipamentos de transporte apresentem carga limitada e que parte desta capacidade é dispensada para transportar o peso próprio do equipamento, ou seja, peso morto, o que implica numa atividade de movimentação menos produtiva, aumentando, consequentemente, o número de viagens para transporte de cargas. Embora as tecnologias disponíveis no momento ainda produzam equipamentos de transporte pesados, deve-se sempre buscar equipamentos leves e com baixo peso próprio para que, assim, se minimize os custos operacionais da atividade de transporte de cargas. 33 f) Calibrar pneus Ao utilizar equipamentos com pneus deve-se sempre mantê-los com a calibração adequada, uma vez que pneu descalibrado requer maior esforço, seja físico ou mecânico, para movimentação da carga, além do maior desgaste. Manter na obra equipamento para calibração de pneu, por mais simples que sejae até mesmo manual, é uma forma de atender a este princípio. A desobediência a este princípio pode acarretar na subutilização de equipamentos simples, tais como carrinho de mão e girica. Figura 3.24 – Calibração de pneu da girica com bomba manual. g) Utilizar o maior tamanho de roda possível Quanto maior a roda do equipamento de transporte mais facilmente se desenvolverá o deslocamento de cargas, já que rodas com maior raio sofrem menos influência das irregularidades ou desnivelamento do piso. Portanto, sempre que se for adquirir equipamentos que apresentem a opção de escolha do tamanho da roda, deve-se procurar optar pelas de maior tamanho. h) Usar rodas leves Este princípio busca minimizar o peso próprio do equipamento de transporte, ou seja, reduzir o peso morto. 34 O quadro 3.5 apresenta, em forma de check-list, os princípios sobre as características dos equipamentos de movimentação. Quadro 3.5 – Check-list de princípios sobre características dos equipamentos de movimentação. Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não Usar equipamentos flexíveis que possam ser adaptados a vários tipos de materiais. Usar equipamentos que não requeiram esforço para seu equilíbrio. Usar equipamentos estáveis e que evitem oscilações bruscas. Prover dispositivos de trava. Usar equipamentos leves e com baixo peso próprio. Calibrar pneus. Utilizar o maior tamanho de roda possível. Usar rodas leves. 3.1.5 Deslocamento e Trânsito de Pessoas Este grupo de princípios tem como intuito tornar a movimentação de pessoa uma atividade mais segura, precisa e produtiva dentro do canteiro de obra. a) Criar banheiros, ferramentaria e local para descanso próximo a área de trabalho A aplicação deste princípio evita deslocamentos desnecessários de funcionários, o que acarreta a redução dos tempos improdutivos durante a jornada de trabalho. b) Criar corredores de acesso para funcionários, visitantes, clientes e fornecedores Criar corredores de acesso é uma forma de buscar manter seguras as pessoas que acessam o canteiro de obra, evitando, assim, possíveis acidentes. A aplicação deste princípio é observada, principalmente, em obras verticais, as quais são passíveis de queda de materiais durante a execução da torre de pavimentos. Esses corredores podem ser feitos, de uma forma 35 simples, de madeira e tela contornando seus limites. Também podem ser cobertos com folha de zinco ou madeirite. c) Dar direções e identificar locais na obra A movimentação em canteiro de obra se torna mais produtiva a partir do momento em que há sinalização tanto de direcionamento quanto de identificação dos locais e áreas de trabalho. A aplicação deste princípio tem como objetivo principal facilitar o deslocamento não somente dos operários como também de visitantes e fornecedores, uma vez que a sinalização, quando bem definida, evita ocorrência de dúvidas quanto a direção a seguir e em qual local a pessoa se encontra na obra. Um exemplo de aplicação deste princípio é observado ao sinalizar, com placas de identificação, banheiros para visitantes, sala técnica, almoxarifado, pavimento e unidades tipo entre outras áreas. Outro exemplo é observado tanto ao se dar direções dos caminhos a serem seguidos por visitante, operários e fornecedores como ao se indicar locais que não devem ser acessados. Figura 3.25 – Placa indicando almoxarifado. d) Isolar áreas que não estejam sendo trabalhadas A aplicação deste princípio busca minimizar a possibilidade de movimentações improdutivas, estocagens não autorizadas de materiais e, dependendo da situação, evitar acidentes ou preservar ambientes. Assim, sempre que possível, deve-se isolar, com telas, fitas 36 zebradas ou alguma outra forma de obstrução do acesso (madeira e tapumes) áreas que não estejam sendo trabalhadas. e) Trabalhar em equipes e aproximar frentes de trabalho Sempre se deve otimizar os deslocamento tanto de operários quanto de supervisores, ou seja, minimizá-los. Uma forma de atingir este objetivo é através da aproximação das frentes de trabalho. f) Indicar os locais onde está havendo trabalho Não saber onde as equipes de produção estão trabalhando é uma situação bastante vivenciada em canteiros de obras, o que pode gerar deslocamentos imprecisos e desnecessários. A aplicação deste princípio busca minimizar o deslocamento principalmente dos supervisores. Algumas formas de aplicação deste princípio já são possíveis de serem observadas, principalmente, em obras verticais. Uma delas é o Andon, ou seja, uma ferramenta de gerenciamento visual, a qual é oriunda dos conceitos de Produção Enxuta. Esta foi adaptada para a construção civil, tendo como objetivo principal facilitar a comunicação dentro da obra entre supervisores e equipes de produção, indicando os locais onde estão sendo executados serviços e como está seu andamento, ou seja, se há algum problema na rotina de trabalho. g) Diminuir o número de visitas em cada local de trabalho A aplicação deste princípio acarreta em movimentações mais produtivas, principalmente, por parte dos gestores e supervisores da obra. Uma forma de atender a este princípio pode ser através do desenvolvimento prévio de check-list, indicando quais detalhes devem ser analisadas e que material é necessário em cada visita ao local de trabalho. Outra forma pode ser por meio de Andon, o qual indica a necessidade ou não da presença de supervisores no posto de trabalho. 37 h) Examinar as condições de trabalho do próximo local de atividades São muitos os casos em que a equipe de produção desloca-se para áreas de trabalho que, muitas vezes, não estão liberadas para execução do novo serviço. Um exemplo dessa situação pode ser observado em casos em que a equipe de pedreiros é deslocada para um ambiente onde realizarão serviços de reboco, no entanto há necessidade de arremates, tais como emestramento ou conclusão da alvenaria. Uma forma simples de se evitar esse tipo de deslocamentos improdutivos pode ser por meio de visita prévia ao próximo local de trabalho. Essas visitas sempre que possível devem ser amparadas com auxílio de check-list. Abaixo se encontra o quadro 3.6, o qual apresenta um check-list de princípios sobre deslocamento e trânsito de pessoas. Quadro 3.6 – Check-list de princípios sobre deslocamento e trânsito de pessoas. Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não Criar banheiro, ferramentaria e local para descanso próximo a área de trabalho. Criar corredores de acesso para funcionários, visitantes, clientes e fornecedores. Dar direções e identificar locais na obra. Isolar áreas que não estejam sendo trabalhadas. Trabalhar em equipes e aproximar frentes de trabalho. Indicar locais onde está havendo trabalho. Diminuir o número de visitas em cada local de trabalho. Examinar as condições de trabalho do próximo local de atividades. A seguir serão apresentados os princípios sobre as atividades de armazenagem em canteiros de obras. 3.2 Armazenagem Para a construção civil, o termo armazenagem deve ser entendido como o ato ou efeito de acumular insumos ou produtos necessários para posterior utilização. 38 Como observado no quadro 3.1, os princípios sobre armazenagem foram agrupados em três subcategorias, as quais serão apresentadas a seguir. 3.2.1 Planejamento e Gestão da ArmazenagemTer um bom planejamento e gestão do sistema de armazenagem é crucial para tornar mais eficiente e otimizar as áreas destinada a este fim. Alguns quesitos que podem ser observados são colocados a seguir. a) Não usar a obra como depósito de si mesma Obras de construção requerem áreas de armazenamento, no entanto, na grande maioria dos canteiros, há insuficiência ou ausência de espaços que possam ser destinados a este fim. Quando ocorre este tipo de situação, muitas vezes, a solução mais rápida, porém nem sempre a mais viável e correta, é utilizar a própria obra como área para estoque ou, irregularmente, os espaços públicos como calçadas, ruas e avenidas. Ao utilizar a própria obra é possível que haja necessidade de duplo manuseio e ocorra obstrução das vias de circulação e postos de trabalho. Uma forma de se evitar o armazenamento na própria obra é procurar alugar, quando possível, depósitos em terrenos vizinhos ao canteiro. Um exemplo deste tipo de situação é observado em obras de reforma, onde, muitas vezes, os serviços e o funcionamento do estabelecimento ocorrem simultaneamente. b) Utilizar o espaço tridimensional para armazenamento Uma forma de se racionalizar o ambiente de estocagem é utilizando ao máximo o espaço. Esse princípio pode ser aplicado por meio do empilhamento direto do material ou utilização de prateleiras. 39 Figura 3.26 – Armazenamento em prateleiras. c) Armazenar junto ao fabricante e fazer a entrega just in time A prática desse princípio promove uma maior racionalização das áreas do canteiro de obra, uma vez que se utiliza como área de armazenamento o depósito do fornecedor, evitando assim a necessidade de maiores áreas para estoque na própria obra. O grande empecilho para se por em prática esse princípio é proveniente da ineficiência, por parte da administração da obra, em se determinar a quantidade mínima de estoque e, por parte dos fornecedores, da entrega com confiabilidade. d) Garantir acesso a qualquer momento pelos quatro lados da área de armazenagem Disponibilizar acesso pelos quatro lados da área de armazenagem facilita tanto o armazenamento e acomodação como a retirada do material seja esta manual ou com auxílio de máquinas/equipamentos, tornando o manuseio uma atividade, possivelmente, mais produtiva. Também permite que os materiais que primeiro cheguem ao estoque sejam os primeiros a saírem. A aplicação deste princípio, muitas vezes, não é possível pela insuficiência de espaço nos canteiros de obras. 40 e) Usar depósito central e fazer entrega na obra em pequenos caminhões Dependendo do porte da empresa, pode-se optar por este princípio. Empresas com dois ou mais canteiros de obras podem usar depósito central e, em função da demanda de cada obra, fazer entrega em pequenos caminhões. A aplicação deste princípio implica na redução da necessidade de grandes espaços para o armazenamento de materiais em cada obra. Uma situação em que a aplicação deste princípio pode ser útil é quando da aquisição de grandes lotes de materiais, tais como tubos, conexões, pisos e revestimentos. f) Não utilizar o chão diretamente para armazenagem O armazenamento direto em contato com o chão pode ser prejudicial às características físico-químicas do material e da própria embalagem, como também dificulta, dependendo do produto, seu içamento. Como exemplo de materiais que se deve evitar o contato direto com o solo tem-se cimento, cal, aço e madeira. Uma forma de aplicação desse princípio é observada ao se armazenar os materiais sobre estrados de madeira. Figura 3.27 – Armazenamento sobre estrado de madeira. g) Garantir localização visual dos materiais A indicação visual dos materiais facilita tanto sua localização como a manutenção dos estoques. Uma forma de aplicação desse princípio é a utilização de placas de identificação dos materiais. 41 Figura 3.28 – Placas de identificação de materiais. h) Separar quanto à cor, dimensão e tipo Devido a improvisações durante a armazenagem, os materiais são dispostos sem distinção quanto à cor, dimensão e tipo. Essa desorganização requer tempo para a localização do material e dificulta a manutenção de estoques, principalmente, de produtos que apresentam uma maior variedade como material hidro-sanitário, elétrico, tinta, aço, metal e miudezas em geral. Esse princípio deve ser aplicado durante o dimensionamento do almoxarifado e áreas de armazenagem. Figura 3.29 – Não separação de materiais por tipo e dimensão. 42 A seguir será apresentado o check-list dos princípios sobre planejamento e gestão da armazenagem. Quadro 3.7 – Check-list de princípios sobre planejamento e gestão da armazenagem. Você aplica os seguintes princípios no gerenciamento de sua obra? Sim Não Não usar a obra como armazenagem de si mesma. Utilizar o espaço tridimensional para armazenamento. Armazenar junto ao fabricante e fazer a entrega Just in time. Garantir acesso a qualquer momento pelos quatro lados da pilha. Usar depósito central e fazer entrega na obra em pequenos caminhões. Não utilizar o chão diretamente para armazenagem. Garantir localização visual de materiais Separar quanto à cor, dimensão e tipo. 3.2.2 Cuidados com o Ambiente de Armazenagem As áreas destinadas à armazenagem devem dispor de características necessárias a preservação e segurança dos insumos como ilustrados pelos princípios abaixo. a) Iluminar os locais de armazenagem Uma boa iluminação natural do ambiente de armazenagem, além de facilitar a localização dos materiais, diminui o gasto com energia elétrica. Quando a iluminação é proveniente de luz artificial, deve-se posicioná-la de modo que evite a projeção de sombras sobre outros materiais. O ambiente de armazenagem deve, sempre que possível, ser iluminado por fonte natural, servindo a energia artificial somente como fonte complementar. b) Ventilar o local de armazenagem Materiais como solventes e tintas são explosivos e tóxicos, portanto é necessário o cuidado com o acúmulo e geração de substâncias provenientes desses produtos. Para se evitar acidentes com esses materiais é de suma importância, além da preservação em condições 43 adequadas, se permitir a ventilação do local de armazenamento. Outro fator que implica na necessidade de ventilar o ambiente de armazenagem, principalmente, o almoxarifado, é devido ao fato do almoxarife passar boa parte da jornada de trabalho dentro desse ambiente, ou seja, há necessidade de se evitar um local perigoso e insalubre. c) Drenar o entorno do local de armazenagem Materiais como bloco de concreto, areia, brita e tijolo cerâmico, que na maioria dos canteiros estão expostos a chuva, devem merecer o cuidado para se evitar o acúmulo de água no local de armazenagem. Para se evitar o acúmulo de água nestas áreas, deve-se drenar o entorno do local de armazenagem. A drenagem deve ser realizada, principalmente, na área de acesso ao material para que não haja dificuldade para a aproximação de operários e equipamentos de transporte. d) Garantir soleiras nos depósitos Este princípio ajuda a prevenir a entrada de água no depósito por meio de soleira, já que alguns materiais e algumas embalagens são sensíveis ao contato da água. e) Colocar áreas de armazenagem em partes elevadas do canteiro Durante a locação de áreas de armazenamento é de suma importância prevenir-se contra inundações, tendo sempre o cuidado de colocá-las em partes mais
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