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Aula 8 Esporotricose

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ZOONOSES
Universidade Federal Rural Do Rio De Janeiro – Campus Seropédica
Medicina Veterinária - Jeferson Bruno Da Silva – Matrícula: 201406074-4
Esporotricose
É uma zoonose fúngica que é o grande desafio para a medicina veterinária, principalmente aqui no Rio de Janeiro desde o final do século XX. É uma micose subaguda ou crônica causada, na maior parte dos casos, por implantação traumática percutânea do fungo dimórfico do complexo Sporothrix schenckii. No Rio de Janeiro a infecção mais comum é por Sporothrix brasiliensis.
Fungo dimórfico: forma filamentosa (micelial) que cresce preferencialmente em temperaturas entre 26ºC e 27ºC e forma de levedura a 37ºC.
Epidemiologia
Fungo geofílico.
Habitats naturais: solo, vegetais, matéria orgânica, pelo de animais, feno, palha etc.
Fontes de infecção: felinos, ratos, cães, tatus, etc.
Dois perfis epidemiológicos:
Doença ocupacional, zoonótica ou não: doença dos jardineiros, agricultores, floristas, mineiros, veterinários, trabalhadores de empresas de demolição, profissionais de laboratório.
Infecção zoonótica não ocupacional: pessoas infectadas por animais doentes ou portadores do fungo em cavidade oral, unhas (gato).
Distribuição Geográfica
EUA, América Central e do Sul, países da África, Oceania e Ásia, principalmente no Japão – são áreas endêmicas.
Na maioria dos países, se apresenta como caos isolados.
A maior epidemia ocorreu entre 1941 e 1944 na África do Sul: onde mais de 3 mil mineradores de ouro foram infectados pelo fungo presente nas vigas de madeira da estrutura das minas. Essas vigas junto com a umidade se contaminaram com o fungo.
No RJ tem se apresentado como epidemia de caráter zoonótico desde 1998 – cerca de 1000 gatos atendidos por mês tem notificação de esporotricose.
Grupos populacionais de maior risco
Humanos:
A diferença na distribuição dos caos por idade e sexo está relacionada a ocupação e exposição ao fungo. 
Como doença ocupacional dos grupos de maior risco são: adultos do sexo masculino.
Como zoonose são: mulheres adultas, responsáveis pelos cuidados com os felinos.
Felinos:
Machos, adultos e inteiros.
Vias de Transmissão
Doença ocupacional:
Penetração transcutânea do fungo por meio de perfuração da pele por espinhos, farpas de madeira ou pela penetração de terra contaminada em feridas da pele.
Mordeduras e arranhaduras de gatos infectados (MV, enfermeiros veterinários, tratadores)
De forma rara, pela inalação do fungo.
Doença Zoonótica
Penetração ativa do fungo por mordeduras e arranhaduras por gatos infectados.
Contato de pele lesada ou mucosas com exsudato das ulceras.
A região onde geralmente o fungo é inoculado são mãos e antebraço, mas não são as únicas. 
Clínica em Animais
Forma de apresentação:
Cutânea
Cutânea-linfática: com nódulos e úlceras linfáticas que aparecem conforme o trânsito linfático. 
Disseminada: os gatos lambendo podem espalhar o fungo pelo corpo inoculando em outros lugares.
Respiratória: o sintoma são espirros. Tem tratamento mais longo, prognóstico reservado, muitas vezes resistem ao tratamento. É difícil de diagnosticar porque o único sinal são os espirros.
Localizações:
Cabeça, face – geralmente onde os animais entram em contato com o outro por conta das brigas. Por isso é muito comum na orelha.
Extremidades dos membros – geralmente os animais se lambem nessas áreas, se houver ferida vai inocular o fungo. Também pode ser por ferida acidental.
Lesões espalhadas pelo corpo (disseminada)
Trato respiratório – muitas vezes você NÃO vê a lesão porque ela está no interior das vias aéreas.
As lesões, incialmente, são pápulo-nodulrares; em seguida ulceram deixando drenar exsudado purulento.
Depois, há a formação de crostas, mas as lesões sem tratamento podem se aprofundar expondo músculos e ossos.
Gatos com a forma respiratória podem não apresentar lesões visíveis; sendo a manifestação clínica, os acessos constantes de espirros > síndrome do gato espirrador.
O hábito de auto higiene do animal (lambeduras) pode ajudar a disseminar a doença. Nas formas disseminadas, o animal apresenta febre, prostração, mal estar. O gato com esporotricose que não é disseminada parece um gato normal, sem sinais clínicos e feridas não visíveis. 
Um problema muito sério da esporotricose são os acumuladores de animais, porque são muitos animais juntos geralmente em espaço pequeno, sem higiene adequada e cuidados necessários. O tratamento muitas vezes é ineficaz além de criar um ambiente totalmente contaminado e todo animal que entra naquele local acaba se infectando.
Clinica em Humanos
Geralmente é benigna, apresentando lesões nodulares que iniciam no ponto de penetração do fungo (mãos e antebraços) e formam cordões nodulares, acompanhando a via linfática > linfangite nodular ascendente.
As formas cutâneas em seres humanos são as mais comuns. Em feridas cutâneas superficiais o simples fato de usar calor tópico, como água morna/quente é o suficiente para eliminar o fungo. Altas temperaturas (acima de 37ºC) inviabilizam a vida do fungo.
Formas humanas eventuais: no olho com formação de nódulos e úlceras, algumas formas tem granuloma.
Pacientes imunocomprometidos podem apresentar formas disseminadas, graves. São lesões disseminadas, grandes. O corte histológico mostra muita quantidade de leveduras nesses pacientes.
Os pacientes mais difíceis são os com AIDS.
Diagnóstico
Clínico-epidemiológico
Humanos: lesões sugestivas, associadas a informações sobre profissão, atividades de jardinagem ou similar, presença de felinos em casa, histórico de mordedura ou arranhadura por felino, contato com felino doente etc.
Animais: lesões sugestivas, associadas a informações sobre sexo, idade, condição reprodutiva, contato com outros gatos, contato com terra, plantas, etc.
O diagnóstico clínico-epidemiológico tem que ser bem definitivo para que se evite desperdício de materiais usados no diagnóstico laboratorial e tratamento adequado.
Laboratorial
Visualização direta: swab de lesão, biópsia, fragmentos de tecido. 
Isolamento: cultivo a 25ºC na fase micelar e a cultura a 37ºC na fase leveduriforme.
Meio de cultura: ágar Sabouraud com cloranfenicol e ciclohexamida a 25ºC ou ágar infusão de cérebro-coração a 37ºC.
Imunológico: 
Reação de esporotriquina (proteína com sporothrix) e em 48h-72h se tiver reação significa que tem presença do fungo.
Sorologia: O Instituto Nacional de Infectologia (INI) tem feito ensaios com ELISA, mas apenas experimentalmente.
Tratamento
Itraconazol – droga de eleição para felinos.
Gatos: 
Animais de 2,5kg ou mais: 100mg/dia/VO, dose única.
Apresentação em cápsulas que podem ser abertas e o conteúdo misturado ao alimento úmido. 
Animais abaixo de 2,5 kg: 20mg/kg/dia/VO.
Duração do tratamento: em média, de 4 a 6 meses, dependendo da resposta do animal.
O tratamento deverá ser estendido por, pelo menos, mais 30 dias após o desaparecimento dos sinais clínicos. 
	Cães:
Cetoconazol na dose de 5 a 10mg/kg/dia, VO em dose única. Cães respondem muito bem ao cetoconazol.
Iodeto de Potássio – ele não é a opção para gatos sozinhos, porque ele pode ter intoxicação. Ele só é usado em gatos associado ao itraconazol.
Usado para casos não responsivos ao tratamento inicial após um mês de tratamento. 
Gatos: itraconazol associado a iodeto de potássio (2,5 a 5mg/kg/dia), VO.
Cães: itraconazol (5 a 10mg/kg/dia) associado a iodeto de potássio (2,5 a 5 mg/kg/dia), VO.
SE o animal apresentar iodismo você precisa parar o tratamento e esperar o animal se recuperar, mas continua com itraconazol. Depois de recuperado pode retornar com o iodeto de potássio, mas em doses menores.
OBS: caso não haja resposta ao tratamento, sugere-se aumentar a dose do iodeto de potássio, sendo a dose máxima recomentada 10mg/kg/dia.
Tratamentos alternativos que não estão no protocolo
Anfotericina B: para casos resistentes e paciente imunocomprometidos.
Outros: cetoconazol, fluconazol (não funcionam para gatos).
DiagnósticoDiferencial
Humanos:
Doença da arranhadura do gato que também faz linfangite nodular, alguns nódulos são muito aumentados e supuram, também tem forma de granuloma na conjuntiva - o tratamento é por antibioticoterapia.
Leishmaniose tegumentar que nem sempre terão lesões características da doença, algumas vezes as úlceras são parecidas com feridas causadas por Sporothrix.
Criptococose é outra doença fúngica que provoca lesões parecidas e o gato também tem essa doença. Feridas em bocas não tem em Esporotricose e isso ajuda no DD.
Gatos
	Criptococose: ao animal ficam com nariz de palhaço, mas alguns gatos ulceram em outras regiões da cabeça caracterizando as lesões. 
	Carcinoma espinocelular (células escamosa): a pele fica despigmentada e a esporotricose não tem nada a ver com isso, fazendo uma biopsia você verá células neoplásicas.
Prevenção
Felinos:
Castrar animais sem interesse reprodutivo;
Evitar que os gatos tenham acesso a terrenos baldios e a gatos de rua;
Utilizar arranhadores de material sintético para evitar que os gatos arranhem troncos de árvore.
Cuidado com a qualidade do material colocado na caixa de areia (dar preferência a material sintético).
GT DE ESPOROTRICOSE
Membros: SUBVISA, SMSRIO/Dermatologia Sanitária, SES/Vigilância ambiental, Fiocruz, UFRRJ, UFF, ANCLIVEPA.
 
Principais objetivos:
	Elaborar a ficha de notificação de esporotricose animal.
Padronizar o protocolo de tratamento da esporotricose animal.
	Instituir a vigilância epidemiológica da esporotricose felina. 
Pressionar o MS para tornar a doença de notificação compulsória em nível nacional.
Humanos:
	Veterinários devem usar EPIs para lidar com animais infectados com luvas grossas.
	Médicos veterinário usar máscaras SEMPRE que atender gatos que espirram.
Notificação compulsória: Res. SES nº 674/2013.
Orientar o proprietário a:
Usar luvas grossas para mexer na caixa de areia e cama dos animais e para atividades de jardinagem. 
Se o gato falecer ou precisar ser eutanasiado NÃO enterrar ou jogar no ambiente (cremar)
Utilizar caixa de transporte de plástico (nunca de madeira).
Gatos em tratamento devem ser isolados de outros gatos e de outras pessoas, exceto quem esta cuidando.
Não permitir saída dos gatos em locais de terrenos baldios, com terras, plantas, jardins etc.

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