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16/05/12 1 Atuação de Psicólogos na Assistência Social Política de AS legalmente reconhecida como direito social e dever estatal pela Constituição (1988) Lei Orgânica de AS (LOAS) Política de AS Regulamentada intensivamente pelo Governo Federal com aprovação pelo Conselho Nacional de Assistência Social (CNAS), por meio da: - Política Nacional de Assistência Social (2004) e - Sistema Único de Assistência Social (2005). Objetivo desse processo consolidar a AS como política; Para: • estabelecer critérios objetivos de partilha de recursos entre os serviços sócio- assistenciais e entre estados, DF e municípios; • fortalecer a relação democrática entre planos, fundos, conselhos e órgão gestor; • estabelecer uma relação sistemática e interdependente entre programas, projetos, serviços e benefícios, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) e o Bolsa Família, • garantir repasse automático e regular de recursos fundo a fundo e para instituir um sistema informatizado de acompanhamento e monitoramento, até então inexistente. A função da AS estabelecida na PNAS garantir proteção social básica e especial é fundamental definir claramente o que e quais são as ações ou serviços sócio-assistenciais de caráter de básico e especial (requisito mínimo para estruturação do trabalho dos profissionais que atuam nessa política social). 16/05/12 2 Proteção social básica - Pode-se dizer que básico é aquilo que é mais importante, fundamental , pr imordial , essencial, ou aquilo que é comum a diversas situações. - Na PNAS (2004) e na NOB (2005), a Proteção Social Básica está referida a ações preventivas, que reforçam a convivência, socialização, acolhimento e inserção, e possuem um caráter mais genérico. Proteção social básica - Voltado prioritariamente para a família; - Visa desenvo l ve r po tenc ia l i dades , aquisições, e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários e destina-se a populações em situação de vulnerabilidade social. Proteção social básica SUAS ações sócio-assistenciais de proteção social básica realizadas, prioritariamente, pelos Centros de Referência de Assistência Social (CRAS). Proteção social básica A realização da proteção social básica requer a articulação dos serviços sócio-assistenciais com a proteção social garantida pela: - saúde, - Previdência - demais políticas públicas e s t a b e l e c e r p r o g r a m a s p r e v e n t i v o s assegurando acesso da população aos direitos sociais. Proteção social especial Refere-se a serviços mais especializados, destinados a pessoas em situações de risco pessoal ou social, de caráter mais complexo, e se diferenciaria da proteção social básica por “se tratar de um atendimento dirigido às situações de violação de direitos” (PNAS). Proteção social especial - É fundamental que os trabalhadores envolvidos na implementação do SUAS tenham clareza das funções e possibilidades das políticas sociais que integram a Seguridade Social, de modo a não atribuir à AS a intenção e o objetivo inatingível de responder a todas as situações de exclusão, vulnerabilidade, desigualdade social. 16/05/12 3 Proteção social especial - Essas são situações que devem ser enfrentadas pelo conjunto das políticas públicas, a começar pela política econômica, que deve se comprometer com a geração de emprego e renda e distribuição da riqueza. Psicologia e Assistência Social - A regulamentação da Psicologia como profissão ocorreu em 1962. - A ditadura militar que se instalou no País, em 1964, rebateu no processo de formação e exercício profissional e impediu que a temática social fosse inserida nos currículos. Psicologia e Assistência Social - O envolvimento político, a alienação e o elitismo marcaram a organização da profissão e influenciaram na construção da ideia de que o psicólogo só faz Psicoterapia. - No final dos anos 80, começaram novos movimentos de mudança na atuação profissional e adotou-se o lema do compromisso social como norteador da atuação psicológica. Psicologia e Assistência Social - Desde então, várias ações foram realizadas pelos psicólogos e entidades da Psicologia brasileira no sentido da construção de práticas comprometidas com a sociedade brasileira. Psicologia e Assistência Social - Essa atuação foi acompanhada pela construção, na Psicologia, do compromisso social, com a participação de psicólogos de todo o país. - A partir dessa perspectiva, é valorizada a construção de práticas comprometidas com a transformação social, em direção a uma ética voltada para a emancipação humana. Psicologia e Assistência Social Diferentes experiências apontaram alternativas para o fortalecimento dos indivíduos e grupos para o enfrentamento da situação de vulnerabilidade. Psicólogo 16/05/12 4 Psicologia e Assistência Social Como resultado: - ampliação da concepção social - ampliação da concepção governamental acerca das contribuições da Psicologia para as políticas públicas, - geração de novas referências para o exercício da profissão de psicólogo (CFP, 2005). Psicologia e Assistência Social A inserção de psicólogos no SUAS desafia a todos, enquanto profissionais, a pensar a política de AS e a produzir contribuições para a sua efetivação Não há algo pronto Psicologia e Assistência Social Essa inserção profissional deve estar calcada: 1. numa visão crítica da AS 2. em um compromisso com as urgências da sociedade brasileira. O grau de priorização de uma política na gestão pública pode ser medido no modo pelo qual os recursos públicos são alocados no financiamento das ações, de modo que o acompanhamento da destinação orçamentária é fundamental e requer tenha havido planejamento das ações políticas. AS como política: Não pode ser tratada de forma secundária ou fragmentada psicólogos precisam estar atentos aos processos de sofrimento instalados nas comunidades, nos territórios onde as famílias estabelecem seus laços mais significativos. Se essa política, de fato, for construída por meio dos movimentos populares, da participação plena de seus usuários e do fortalecimento dos espaços e instâncias de controle social, estará conectada com as necessidades dos sujeitos e articulada com a defesa da vida. 16/05/12 5 Para tanto e para responder às demandas, será importante articular ações existentes nas regiões, nas comunidades, através da intersetorialidade, potencializando parcerias, articulando ações que complementem nossa intervenção. Trabalho do CRAS: - organizado dentro de uma lógica de trabalho em rede, - articulado, - permanente e não ocasional, - realizando o reconhecimento da realidade local. Uma Psicologia comprometida com a transformação social toma como foco as necessidades, objetivos e experiências dos(as) oprimidos(as). Nesse sentido, as práticas psicológicas não devem categorizar e patologizar a classe trabalhadora, mas buscar compreender os processos estudando as particularidades e circunstâncias em que ocorrem. Atuar na valorização da experiência subjetiva do sujeito contribui para fazê-lo reconhecer sua identidade. Assim, a oferta de apoio psicológico de forma a interferir no movimento dos sujeitos e no desenvolvimento de sua capacidade de intervençãoe transformação do meio social onde vive é uma possibilidade importante (CFP, 2005). Atuação de psicólogos(as) na AS De acordo com o Código de Ética Profissional do psicólogo “toda profissão define-se a partir de um corpo de práticas que busca atender demandas sociais, norteado por elevados padrões técnicos e pela existência de normas éticas que garantam a adequada relação de cada profissional com seus pares e com a sociedade como um todo”. Atuação de psicólogos(as) na AS Princípios fundamentais da atuação psicológica 1. O psicólogo baseará o seu trabalho no respeito e na promoção da liberdade, da dignidade, da igualdade e da integridade do ser humano, apoiado nos valores que embasam a Declaração Universal dos Direitos Humanos. 16/05/12 6 2. O psicólogo trabalhará visando promover a saúde e a qualidade de vida das pessoas e das coletividades e contribuirá para a eliminação de quaisquer formas de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. 3. O psicólogo atuará com responsabilidade social, analisando crítica e historicamente a realidade política, econômica, social e cultural. 4. O psicólogo atuará com responsabilidade, por meio do contínuo aprimoramento profissional, contribuindo para o desenvolvimento da Psicologia como campo científico de conhecimento e de prática. 5. O psicólogo contribuirá para promover a universalização do acesso da população às informações, ao conhecimento da ciência psicológica, aos serviços e aos padrões éticos da profissão. 6. O psicólogo zelará para que o exercício profissional seja efetuado com dignidade, rejeitando situações em que a Psicologia esteja sendo densorada. 7. O psicólogo considerará as relações de poder nos contextos em que atua e os impactos dessas relações sobre as suas atividades profissionais, posicionando-se de forma crítica e em consonância com os demais princípios do código de ética. A partir desses compromissos éticos entende-se que a atuação dos psicólogos no SUAS deve: - estar fundamentada na compreensão da dimensão subjetiva dos fenômenos sociais e coletivos, - estar fundamentada sob diferentes enfoques teóricos e metodológicos, com o objetivo de problematizar e propor ações no âmbito social. Psicólogo, nesse campo, pode: - desenvolver diferentes atividades em espaços institucionais e comunitários; - realizar estudos, pesquisas e supervisão sobre temas pertinentes à relação do indivíduo com a sociedade, com o intuito de promover a problematização e a construção de proposições que qualifiquem o trabalho e a formação no campo da Psicologia; 16/05/12 7 Psicólogo, nesse campo, pode: - seu trabalho envolve proposições de políticas e ações relacionadas à comunidade em geral e aos movimentos sociais de grupos étnico- raciais, religiosos, de gênero, geracionais, de orientação sexual, de classes sociais e de outros segmentos socioculturais, com vistas à realização de projetos da área social e/ou definição de políticas públicas. Por meio de atuação interdisciplinar o psicólogo na AS deve: - atender a crianças, adolescentes e adultos, - atender de forma individual e/ou em grupo, - priorizar o trabalho coletivo, possibilitando encaminhamentos psicológicos quando necessário, - desenvolver métodos e instrumentais para atendimento, - desenvolver pesquisa com um olhar para o grupo familiar, - trabalhar com ações integradas com outros profissionais dentro do serviço, bem como com outros serviços visando o trabalho em rede. Além disso, deve se nortear pela compreensão crítica dos fenômenos sociais, econômicos, culturais e políticos do país, fundamentais ao exercício da cidadania e da profissão, pelo respeito à ética nas relações com clientes e usuários(as), com colegas, com o público e na produção e divulgação de pesquisas, trabalhos e informações e pelo aprimoramento contínuo (BRASIL, 2004). O exercício profissional do psicólogo envolve as seguintes competências e habilidades gerais (BRASIL, 2004): • desenvolver ações de prevenção, promoção, proteção e reabilitação da saúde psicológica e psicossocial, tanto em nível individual quanto coletivo, bem como a realizar seus serviços dentro dos mais altos padrões de qualidade e dos princípios da ética/bioética; • avaliar, sistematizar e decidir as condutas mais adequadas, baseadas em evidências científicas; • ser acessível mantendo os princípios éticos no uso das informações a ele confiadas, na interação com outros profissionais e com o público em geral; 16/05/12 8 • fazer o gerenciamento e administração da força de trabalho, dos recursos físicos e materiais e de informação, da mesma forma que devem estar aptos a serem empreendedores, gestores, empregadores ou líderes nas equipes de trabalho; • aprender continuamente, tanto na sua formação, quanto na sua prática, e ter responsabilidade e compromisso para com a sua educação e com o treinamento das futuras gerações de profissionais. Conforme estabelecem as diretrizes nacionais curriculares para a formação em Psicologia (BRASIL, 2004), a atuação psicológica requer um domínio básico de conhecimentos psicológicos e a capacidade de utilizá-los em diferentes contextos que demandam a investigação, análise, avaliação, prevenção e atuação em processos psicológicos e psicossociais, e na promoção da qualidade de vida. São elas: • analisar o campo de atuação profissional e seus desafios; • analisar o contexto em que atua profissionalmente em suas dimensões institucional e organizacional, explicitando a dinâmica das interações entre os seus agentes sociais; • identificar e analisar necessidades de natureza psicológica, diagnosticar, elaborar projetos, planejar e agir de forma coerente com referenciais teóricos e características da população-alvo; • identificar, definir e formular questões de investigação científica no campo da Psicologia, vinculando-as a decisões metodológicas quanto à escolha, coleta e análise de dados em projetos de pesquisa; • escolher e utilizar instrumentos e procedimentos de coleta de dados em Psicologia, tendo em vista a sua pertinência; • avaliar fenômenos humanos de ordem cognitiva, comportamental e afetiva, em diferentes contextos; • realizar diagnóstico e avaliação de processos psicológicos de indivíduos, de grupos e de organizações; 16/05/12 9 • realizar diagnóstico psicossocial que viabilize a construção de projetos de intervenção; • coordenar e manejar processos grupais, considerando as diferenças individuais e sócio- culturais dos seus membros; • atuar inter e multiprofissionalmente, sempre que a compreensão dos processos e fenômenos envolvidos assim o recomendar; • relacionar-se com o outro de modo a propiciar o desenvolvimento de vínculos interpessoais requeridos na sua atuação profissional; • atuar profissionalmente, em diferentes níveis de ação, de caráter preventivo ou terapêutico, considerando as características das situações e dos problemas específicos com os quais se depara; • realizar orientação, aconselhamento psicológico e atendimento psicológico no âmbito da proteção social especial; • elaborar relatos científicos, pareceres técnicos, laudos e outras comunicações profissionais, inclusive materiais de divulgação; • apresentar trabalhos e discutir ideias em público; • saber buscar e usar o conhecimento científico necessário à atuação profissional, assim como gerar conhecimento a partir da prática profissional; • prestar serviços de assessoria ou consultoriapara órgãos públicos e/ou privados e executar ações de coordenação ou direção em serviços e programas. A questão da centralidade na família merece bastante atenção – pois pode representar substituição da ação pública pela priorização do espaço familiar. A comunidade expressa-se como espaço de construção de cidadania. Assim, o sofrimento não é só característico do indivíduo, mas é produto de processo histórico, político, social e econômico de exclusão, processo que deve ser denunciado nas práticas psicológicas. O psicólogo deve ter uma prática reflexiva que questione a si mesmo e a sua visão de mundo para que suas ideologias estejam evidenciadas. 16/05/12 10 No trabalho com a comunidade, o psicólogo deve oferecer escuta qualificada das demandas. A partir das diferentes metodologias e abordagens de intervenção, deve construir alianças, inventar espaços de transformação, ampliar a compreensão dos usuários, de modo que possam encontrar formas de enfrentamento para as suas dificuldades, e ser catalisador de experiências, contribuindo para a consolidação da cidadania e dignidade para as pessoas, famílias e comunidades. FONTE BIBLIOGRÁFICA CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA (CFP), CONSELHO FEDERAL DE SERVIÇO SOCIAL (CFESS). Parâmetro para atuação de assistentes sociais e psicólogos(as) na Política de Assistência Social. Brasília: CFP/ CEFESS, 2007. 52 p. Disponível em: http:// www.cfess.org.br/arquivos/ CartilhaFinalCFESSCFPset2007.pdf. Acesso em: 13 de maio de 2012.
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