Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
INSTITUTO DE ENSINO SUPERIOR DA GRANDE FLORIANÓPOLIS ENGENHARIA CIVIL ATIVIDADE PRÁTICA SUPERVISIONADA ANÁLISE DE SOLO E ÁGUA RESIDUAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL EDINA TREVISO JACKSON FILIPE DE ABREU THAIANE CARMINATI SÃO JOSÉ 2016 EDINA TREVISO JACKSON FILIPE DE ABREU THAIANE CARMINATI ANÁLISE DE SOLO E ÁGUA RESIDUAL NA CONSTRUÇÃO CIVIL Trabalho referente a atividade prática supervisionada 2016/1 do curso de engenharia civil apresentado ao Instituto de Ensino Superior da Grande Florianópolis. SÃO JOSÉ 2016 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ............................................................................................. 4 2. OBJETIVOS ................................................................................................. 7 2.2 Objetivo Geral ....................................................................................... 7 2.3 Objetivo Específico................................................................................ 7 3. METODOLOGIA .......................................................................................... 8 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ................................................................. 10 5. CONCLUSÃO ............................................................................................ 15 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS .......................................................... 16 7. ANEXOS .................................................................................................... 17 4 1. INTRODUÇÃO A construção civil é um dos segmentos mais importantes para o desenvolvimento econômico e social. Quando se tem uma crise financeira é um dos primeiros a sofrer diretamente devido a problemas gerados. Por ser uma atividade de grande porte e que mexe com diferentes etapas produtivas e construtivas, gera inúmeros impactos ambientes e seus resíduos devem ser tratados com devida atenção e comprometimento das empresas responsáveis. É um grande desafio para as empresas do ramo conciliarem uma atividade lucrativa e sustentável ao mesmo tempo, já que para o tratamento é necessário na maioria dos casos gastos adicionais. Basicamente os componentes mais utilizados na construção civil e que tem uma maior geração de resíduos são o concreto, água, areia cal, metais e etc. O concreto é um material de larga aplicação na construção civil, obtido pela composição de cimento, agregados e água, podendo conter aditivos que também influenciam o seu desempenho (RIBEIRO; PINTO; STARLING, 2006). O cimento é o aglomerante mais utilizado na construção civil, conhecido mundialmente como cimento Portland, constituído de silicatos e aluminatos de cálcio, com características de ser moldável quando misturado com água (RIBEIRO; PINTO; STARLING, 2006). A fabricação do cimento Portland é resultante de um produto denominado clínquer, obtido pela calcinação de uma mistura crua de calcário e argila. O clínquer é um produto que sai do forno em forma de nódulos escurecidos, depois que é resfriado e moído recebe a adição de gesso (CaSO4 – sulfato de cálcio) (RIBEIRO; PINTO; STARLING, 2006). A areia é um agregado miúdo que pode ser originário de fontes naturais como leitos de rios, depósitos eólios, bancos e cavas ou de processos artificiais como a britagem. Quando proveniente de fontes naturais, a extração do material, na maioria dos casos, é feita por meio de dragas e processos de escavação e bombeamento. Independente da forma de extração, o material passa por 5 processos de lavagem e classificação antes de ser comercializado (HAGEMANN, 2011). A fabricação da cal e o seu emprego são conhecidos pelo homem há mais de 2.000 anos. A matéria-prima utilizada é o Carbonato de Cálcio (CaCO3). O carbonato de cálcio é insolúvel na água. Quando em suspensão na água, dissolve-se pela passagem de uma corrente de gás carbônico, em virtude de formação de um bicarbonato de cálcio solúvel (MEDEIROS, 2011). CaCO3 + H2O + CO2 Ca(HCO3) 2 Todos esses materiais estão sujeitos a sofrer corrosão com o tempo ou em condições propicias para que isso ocorra. A corrosão é um processo resultante da ação do meio sobre um determinado material, causando sua deterioração. Apesar de ser comumente associado aos metais, este é um fenômeno muito mais amplo e também ocorre com materiais não metálicos (MERÇON; GUIMARÃES; MAINIER, 2016). A destruição do concreto, tem como uma de causas a corrosão química, devida à ação dos agentes poluentes sobre seus constituintes (cimento, areia e agregados de diferentes tamanhos). Essa corrosão também afeta a estabilidade e durabilidade das estruturas, sendo muito rápida e progressiva. Fatores mecânicos (vibrações e erosão), físicos (variação de temperatura), biológicos (bactérias) ou químicos (em geral ácidos e sais) são os responsáveis por esse processo (Gentil, 2003). Outros cuidados que se deve ter com esses materiais na construção civil é com o pH (potencial de hidrogênio). O químico dinamarquês Soren Sorensen, em 1909, propôs uma medida mais pratica designada pH. O pH de uma solução é definido como o logaritmo negativo da concentração de íon hidrogênio (em mol/L) (CHANG, 2010). Para o concreto o pH é de 12,5, que provoca a formação de uma camada de óxidos resistente que adere à armadura protegendo-a contra a corrosão. A redução do pH do concreto destrói este filme protetor das armaduras provocando 6 o início da corrosão da armadura de aço, sendo necessário o reforço destas estruturas causando prejuízos financeiros aos proprietários (SANTANA, 2011). Com relação ao pH da água, a NB-1 prescreve que a água destinada ao amassamento do concreto deverá ser isenta de teores prejudiciais de substancias estranhas. Presume-se satisfatórias as águas potáveis e as que tenham um pH entre 5,80 e 8,0 (FILHO NETO, 2016). A água está ligada diretamente com a resistência e absorção de água do concreto, se o pH ótimo não for respeitado vai sofrer danos nesses quesitos, o que vai acarretar num gasto econômico desnecessários sem contar os danos causados as estruturas. 7 2. OBJETIVOS 2.2 Objetivo Geral Esta atividade pratica supervisionada teve como objetivo analisar as amostras de areia e água residuais da construção civil das obras escolhidas pelos próprios alunos. Foram analisados o pH e a cor da água das amostras antes e depois de acrescentar sulfato de alumínio. 2.3 Objetivo Específico Diminuir os impactos ambientais causados por resíduos da construção civil tratando água e areia residuais. 8 3. METODOLOGIA O pHmetro é utilizado para medição de potencial de hidrogênio das amostras, o qual indica acidez, basicidade ou neutralidade das substâncias. O pHmetro é composto basicamente por um eletrodo conectado a um potenciômetro, que possibilita a conversão do valor de potencial do eletrodo em unidades de pH. Quando o eletrodo é submerso na amostra, ele produz milivolts que são transformados para uma escala de pH. Alguns cuidados antes de realizar as medições com o pHmetro: • Padrões de calibração – a medida de pH não pode apresentar precisãomaior que os padrões de referência, levando a erros na ordem de ±0,01 unidades de pH; • Ácido – em ácidos fortes, o pHmetro pode apresentar valores maiores que o pH verdadeiro, isso acontece devido à saturação de íons H+ na superfície da membrana de vidro do eletrodo; • Hidratação – um eletrodo hidratado apresenta respostas mais adequadas às variações de pH, já um eletrodo seco necessita ser hidratado por horas antes de realizar a medição. Para essa metodologia foram coletadas amostras de água de betoneira e areia da construtora Lupa Construção Planejada de uma obra localizada no bairro Saco Dos Limões e levadas para o laboratório para análises de pH. Para o método foram separadas duas amostras de 50ml de água de betoneira, em uma das amostras adicionamos a fenolftaleína (figura 1) a qual apresentou coloração rosada. Na segunda amostra foi medido o pH indicando 12,05 utilizando uma balança de precisão devidamente tarada foram acrescentados aos poucos o sulfato de alumínio a amostra, resultando em uma quantidade de 0,0455g floculando a amostra. Foi acrescentado gotas de fenolftaleína resultando em nenhuma mudança na coloração. Após foi realizado a medição de pH resultando em 4,7. 9 Figura 1: Adição de fenolftaleína na amostra. Fonte: Autor, 2016. Para amostra de areia, foi utilizado 1g de areia e acrescentado 50ml de água da torneira, e levado para medição de pH apresentando 7,11. Com a balança devidamente tarada foram adicionados aos poucos 0,9034g de sulfato de alumínio, onde a floculação não foi satisfatória indicando provável mistura a areia. O pH apresentando foi de 3,5. Figura 2: Adição total de sulfato de alumínio na amostra com areia. Fonte: 1Autor, 2016. 10 4. RESULTADOS E DISCUSSÃO Para água de betoneira: pH INICIAL pH FINAL FLOCULANTE (g) 12,05 4,7 0,0455 Para areia diluída em água: pH INICIAL pH FINAL FLOCULANTE (g) 7,11 3,5 0,9034 A água da lavagem da betoneira apresentou pH inicial de 12,05, sendo muito básica para ser descartada em rede fluvial sendo necessário tratamento para diminuição de pH. A areia apresentou após os testes floculação insuficiente indicando provável presença de impurezas as quais não foram qualificadas e quantificadas. Essa areia deveria passar por análises minuciosas e descartada pois dependendo da quantidade de impurezas pode haver alterações no concreto. A fenolftaleína é um indicador ácido-base é usada para indicar os valores aproximados de pH, onde fica rosa em meio básico e incolor em meio ácido. Geralmente os indicadores de pH são um ácido fraco ou uma base fraca que entra em equilíbrio com a sua base ou ácido conjugado, respectivamente, que apresenta coloração diferente. Exemplo: Indicador ácido + H2O ↔ H3O+ + Base conjugada (cor A) (cor B) Quando esse indicador genérico entra em contato com um meio ácido, o equilíbrio é deslocado no sentido de formação do ácido fraco, ficando com a cor A. Por outro lado, se o indicador entrar em contato com um meio básico, os íons OH- da solução básica irão reagir com os íons H3O+ do indicador. 11 Desse modo, o equilíbrio será deslocado no sentido de repor os íons H3O+, ou seja, para a direita, que é também o sentido de formação da base conjugada, e o sistema adquire a cor B. Após o acréscimo do sulfato de alumínio o material em analise tende a flocular, saindo do pH básico para ácido, e acrescentando a fenolftaleína a substância passa de incolor para rosa. Em nosso experimento para água de betoneira o pH inicial foi 12,05 e após a aplicação do sulfato de alumínio o pHmêtro indicou 4,7, comprovando a prática com a teoria. Já para a areia diluída em água o pH inicial foi de 7,11 e após aplicação de sulfato de alumínio passou para 3,5. Figura 3: pH inicial da amostra de água de betoneira. Fonte: Autor, 2016. O Sulfato de alumínio por se tratar de um sal, apresenta diversas características tais como: É iônico; Sofre dissociação em água; É sólido à temperatura ambiente; Apresenta sabor salgado; É branco; É solúvel em água, sendo sua solubilidade de 870 g/L; Possui ponto de fusão igual a 770 °C; Possui ponto de ebulição: não aplicável; Sua densidade é de 2,672 g/Ml. 12 Após o contato com água o sulfato de alumínio se dissolve e sofre o processo de dissociação resultando na equação a seguir: 𝐴𝑙2(𝑆𝑂4) 3+ → 2 𝐴𝑙+3 + 3 𝑆𝑂4 2− Onde os íons Al+3 passam a atuar de duas formas: 1. A minoria desses cátions neutraliza as cargas negativas das impurezas presentes na água; 2. A maioria desses cátions interage com os íons hidroxila (OH-) da água, formando o hidróxido de alumínio: 𝐴𝑙2(𝑆𝑂4) 3+ + 6 𝐻2𝑂 → 𝐴𝑙(𝑂𝐻) 3 + 6 𝐻+ + 3 𝑆𝑂4 2− O hidróxido de alumínio está carregado positivamente conseguindo neutralizar as impurezas carregadas negativamente que estão na água. Ocorrendo um processo chamado floculação, onde as partículas de sujeira sofrem uma aglutinação e “grudam” no hidróxido de alumínio. O pH das substancias estudas após a mistura do floculante Sulfato de alumínio foi reduzido, pois analisando equação química acima é notado o excesso de H+ restantes no final da dissociação tornando o meio ácido (pH < 7). O pH das soluções foi diferente pois na primeira etapa, temos dois produtos diferentes analisados. Agua de betoneira que possui resíduos de cimento, areia, brita e a agua utilizada na construção. E na outra somente areia diluída em agua de torneira do laboratório. Na segunda etapa foram adicionadas diferentes quantidades de sulfato de alumínio ditando assim diferentes pHs. Calculo do número de mols de sulfato de alumínio adicionados em cada etapa para total floculação (areia e água). Massa do alumínio: 27 Quantidade de átomos de alumínio: 2 Multiplicamos: 27x2: 54g Massa do enxofre: 32 Quantidade de átomos de enxofre: 3 13 Multiplicamos: 32x3 -> 96g Massa do oxigênio: 16 Quantidade de átomos de oxigênio: 12 Multiplicamos: 16x12: 192g Somamos todas: 54 + 96 + 192: 342 g/mol de Al2(SO4)3 Para água de betoneira: 1 mol – 342g X mol – 0,0455g R: 1,33x10-4 mols Para areia diluída em agua 1 mol – 342g X mol – 0,9034g R: 2,64x10-3 mols Determinação, do pH, [H+], pOH e [OH -], para a água residual antes e depois da adição de sulfato de alumínio. O pH obtivemos através do pHmêtro que para água de betoneira inicial foi de 12,05: pH= -log [H+] [H+]= 8,91x10-13 pH + pOH= 14 pOH= 1,95 pOH= -log [OH-] [OH-]= 0,011 Água de betoneira após adição sulfato de alumínio com pH de 4,7: pH= -log [H+] [H+]= 1,99x10-5 14 pH + pOH= 14 pOH= 9,3 pOH= -log [OH-] [OH-]= 5,01x10-10 Para areia diluída em agua de torneira com pH inicial de 7,11: pH= -log [H+] [H+]= 7,76x10-8 pH + pOH= 14 pOH= 6,89 pOH= -log [OH-] [OH-]= 1,29x10-7 Para areia diluída em água de torneira após adição de Sulfato de alumínio com pH de 3,5: pH= -log [H+] [H+]= 3,16x10-4 pH + pOH= 14 pOH= 10,5 pOH= -log [OH-] [OH-]= 3,16x10-11 15 5. CONCLUSÃO Com as análises feitas em laboratório percebe-se que o tratamento dos resíduos com sulfato de alumínio é realmente eficiente para a redução de pH. Sem o tratamento a água residual de lavagem da betoneira e as amostras de areia não podem ser descartadas no meio e dificilmente reaproveitadaspara outras funções. Os resíduos após serem tratados, no caso a água mostrou que pode ser reutilizada, nem que seja para uma próxima lavagem. Os gastos com o tratamento podem ser recompensados pelo reaproveitamento da água e também com uma propaganda de empresa sustentável, o que em muitos locas gera até abatimento de impostos. Outro fator importante de se analisar as amostras utilizadas na obra é perceber que muitas vezes os produtos que compramos não são como esperamos. A areia recebeu uma quantidade de quase 1 g de sulfato de alumínio e praticamente não floculou, o que significa que havia misturas na areia provavelmente cal. 16 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS VESTIBULAR, Mundo. O CIMENTO É UMA REAÇÃO QUÍMICA. Disponível em: <http://www.mundovestibular.com.br/articles/1088/1/O-CIMENTO-E-UMA- REACAO-QUIMICA/Paacutegina1.html>. Acesso em: 23 maio 2016. HAGEMANN, Sabrina Elicker. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO BÁSICOS. Pelotas: Universidade Aberta do Brasil, 2011. MEDEIROS, Petruccio TenÓrio. PROCESSOS DE FABRICAÇÃO E CONTROLE DE QUALIDADE DE CAL E CIMENTO.2011. 22 f. - Curso de Quimica, Universidade Federal da Paraiba, Paraiba, 2011.> GENTIL, V. Corrosão. 4ª ed. Rio de Janeiro: Livros Técnicos e Científicos, 2003. SANTANA, Guilherme Limeira. ESTUDO DA CORROSÃO DO AÇO EM VIGAS DE CONCRETO ARMADO. 2011. 53 f. Tese (Doutorado) - Curso de Engenharia Civil, Universidade Estadual de GoiÁs – Ueg, AnÁpolis, 2011. CHANG, Raymond. Quimica Geral: Conceitos essenciais. 4. ed. EUA: Bookman, 2010. RIBEIRO, Carmem Couto; PINTO, Joana Darc da Silva; STARLING, Tadeu. Materiais de Construção Civil. 2. ed. Minas Gerais: Ufmg, 2006. FILHO NETO, Antonio. Água como material de construção. Disponível em: <http://www.forumdaconstrucao.com.br/conteudo.php?a=31&Cod=266>. Acesso em: 24 maio 2016 MERÇON, Fábio; GUIMARÃES, Pedro Ivo Canesso; MAINIER, Fernando Benedito. Corrosão: Um Exemplo Usual de Fenômeno Químico. Disponível em: <http://qnesc.sbq.org.br/online/qnesc19/a04.pdf>. Acesso em: 22 maio 2016. 17 7. ANEXOS 1. (a) Para a análise de água residual, fez-se um estudo prévio qualitativo utilizando a fenolftaleína. Por que houve a mudança de coloração de rosa para incolor? (depois do acréscimo de sulfato de alumínio) (b) O que significa este resultado em termos de pH? (c) Este resultado qualitativo concordou com os resultados obtidos pelo pHmêtro? 2. A adição do sulfato de alumínio, possibilitou a floculação das impurezas contidas na água residual tornando-a mais límpida e decantando as impurezas para o fundo. (a) Qual a natureza do sulfato de alumínio? (b) Explique como ocorre este processo de floculação. (c) Por que o pH mudou drasticamente para um valor menor, explique. 3. Por que o pH da solução de areia foi diferente da solução de água residual, para ambas etapas. Explique detalhadamente. 4. Calcule o número e mols de sulfato de alumínio adicionados em cada etapa para total floculação (areia e água). 5. Determine, o pH, [H+], pOH e [OH-], para a água residual e água limpa (se tiver) antes e depois da adição de sulfato de alumínio.
Compartilhar