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aula 10 caso concreto aula 10 pratica 1

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EX C E L EN T ÍS SIMO S ENHOR D OUT OR JU IZ D E D IR E ITO 
PE R TE NC E N TE À 1ª V AR A D A C O MAR C A DE ANÁP OLIS/ GO 
 
 
 
PR OC E SS O N º: (...) 
 
 
AU TORA: EMPRESA XYZ 
R É U: JOÃO P IN HO
JOÃO P IN H O, espanhol, viúvo, contador, cadastrado no registro geral de pessoas físicas sob o nº: (. ..) , residente e domiciliado na Rua Uruguai , nº 18 0, na cidade de Goiânia/GO, Cep: 00 0-000, representado judicialmente através de seu advogado devidamente qualifica do em procuração manda menta l específica juntada ao seguinte feito, com endereço profissional na rua teles mendes , 124, bairro barroso, Goiâni a/GO, cep : 0 00-000, o nd e de verá se r i n ti mado para dar andamento aos a tos p roce ssuai s, no s a utos d a A ção a nulatóri a d e negó ci o jur ídi co, pelo ri to co m um , mo vid a po r E MP RE SA XYZ, vem com o devi do 
resp ei to e acato de esti lo pera nte Vo ssa E xce lê nci a ap rese ntar s ua 
CONTESTAÇÃO
I . BR E V E SÍNTESE DOS FATOS 
 
 Ocorre que João Pinho ,ora réu, fora fiador em contrato de locação 
firmado entre a autora como locadora e tendo como locatário Mario Vargas, 
cuja avença hoje vigora por prazo indeterminado . O Sr. João pinho chegará a 
possuir 3 imóveis, mas, em 06 d e janeiro de 2012 , este doou a suas duas 
filhas , Mara Pinho e Marta Pinho, dois apartamentos situados na Rua Arboredo 
324, apts. 3 07 e 5 05, Goiânia/ GO, valendo cada um R$ 20 0.00 0,00, com a 
concordância de ambas e registro das doações no mesmo dia , qual seja , em 
seis de janeiro de 2012. Assim, restando somente um imóvel no valor d e R$ 
120.000,00. 
 O Sr. João pinho restou-se surpreendido pela ação anulatória do referido 
negócio jurídico proposta p ela a Autora em 0 8 de novembro de 2016 , cuja 
alegação se firma em uma possível fraude contra credores, visto está o 
locatário inadimplente desde 0 6 de abril de 2014 , o que a carretara ação de 
despejo proposta em 09 de julho de 2015 e julgada procedente em 25 de 
novembro de 2016 já em fase de execução para cobrança d os aluguéis na 2ª 
Vara Cível de Anápolis/ GO . A Autora requer a procedência do pedi do p ara 
anular as doações, por ter , assim a firma, ocorri d o fraude contra credores , tendo
em vista que os imóveis constituíam todo o patrimônio do réu, e o 
remanescente não satisfaz os débitos ainda existentes. 
 Era o que se tinha de mais crucial a relatar, passa-se agora a análise específica dos argumentos levantados p ela parte Autora da ação, em consonância ao s princípios da concentração/eventualidade e impugnação específica d os fatos, no s termos dos a rtigo s 336 , 341 do novo código de processo civil .
I . D A S PR E LI MI NA RE S 
 
I.I I. DA INCOMPETÊNCIA D O JUÍZO 
 Excelência, a presente ação não deve ria ser proposta neste foro em que agora está, e m virtude do contrato e m questão ter a característica explícita de ordem pessoal, e não real. Deveria, por então, a pretensão anulatória ter sido proposta no foro de domicílio d o ré u, assim atendendo a regra geral que dispõe o artigo 46 do novo C P C , e aos princípios da celeridade e economia processual. 
N esse senti do: 
Art. 46. A ação fundada em direito pessoal ou em direito real sobre bens móveis será proposta, em regra, no foro de domicílio do réu. (CPC) 
 
 Portanto, desde logo requer o Réu que seja declarada a incompetência do presente foro para ajuizamento da ação em tela , e que seja remetido ao juízo pertencente ao foro de domicílio do Sr. João Pinho , parte de mandada, sendo o qual na cidade de Goi ânia-GO, a fim de que sejam atendidos o s princípio s da celeridade e economia processual , e facilite a uma efetiva defesa da parte presente no polo passivo do feito. 
I.I II . DA INTEMPESTIVIDADE DA AÇÃO INICIAL 
 
 Ainda que por ventura se vença a primeira preliminar de mérito exposta, se faz necessário registrar, desde logo, Excelência, que a ação inicial do caso em tela, resta –se fulminada pela ocorrência do prazo decadencial. 
Conforme se verificou na exposição dos fatos, a Autora impetrou a presente ação anulatória em 08 de novembro de 2016 . Contudo, a doação dos imóveis feitas pelo Sr. João Pinho ocorrera exatamente no dia 06 de janeiro de 2012, ou seja , mais de 4 anos antes da pretensão autoral. 
O código civil de 2002, traz em seu artigo 178, caput, e no inciso I I, o prazo decadencial de 4 anos para que se pleiteei a anulação do negócio jurídico ,sendo claro que a contagem de tal tempo decadencial inicia -se a partir do dia em que se realizou a avença . Com isso, vislumbra-se decaído o pedido Autoral, não podendo falar anulação de negócio jurídico já atingido pelo prazo decadencial. 
Nesses termos: 
Art. 178. É de quatro anos o prazo de decadência para pleitear-se a anulação do negócio jurídico, contado:
I - no caso de coação, do dia em que ela cessar; 
II - no de erro, dolo, fraude contra credores, estado de perigo ou lesão, do dia em que se realizou o negócio jurídico; 
III - no de atos de incapazes, do dia em que cessar a incapacidade.
 	Sendo claro que a contagem de tal tempo decadencial inicia-se a partir do dia em que se realizou a avença. Com isso, vislumbra-se decaído o pedido da autora, não podendo se falar em anulação de negócio jurídico já atingido pelo prazo decadencial. 
 Portanto, pelo exposto, douto Magistrado , constata -se de modo inequívoco impossibilidade de sustentação no pedido da Autora, devendo, deste modo, ser extinto o processo com a resolução de mérito por decorrência da argumentação supra referida. Nos termos do artigo 487, II, do CP C /15 : 
 
 
Art. 487. Haverá resolução de mérito quando o juiz:
 
I - acolher ou rejeitar o pedido formulado na ação ou na reconvenção; 
II - decidir, de ofício ou a requerimento, sobre a ocorrência de decadência ou prescrição; 
I.III . DA ILEGITIMIDADE PASSIVA 
 
 Acrescente-se, desde logo, ainda que passadas as preliminares já expostas , que o presente réu é parte passiva ilegítima para estar neste processo que ora se discute. 
 Veja-se, Excelência, que o referido contrato de aluguel tinha por prazo fatal o decurso de 30 meses, sendo que fora prorrogado por tempo indeterminado sem qualquer anuência do Sr. João pinho, ora Réu, não só por isso, mas também se faz importante lembrar que o mesmo Senhor João já avisara, ao locador e ao locatário, em 120 (cento e vinte ) dias antes do término do prazo da avença , que não aceitaria continuar como fiador caso o contrato fosse prorrogado, o que ,como se vê, ocorreu sem a sua plena concordância. 
Assim, verifica-se que fora atendido o que se manda no arti go 835 do código civil pátrio , ao aduzir sobre a possibilidad e de exoneração do fiador, quando assinado o ajuste contratual sem limitação de tempo , devendo este ser responsabilizado nos 60 (sessenta) dias seguintes após a notificação do credor. 
Nesse mesmo sentido: 
Art. 835. O fiador poderá exonerar-se da fiança que tiver assinado sem limitação de tempo, sempre que lhe convier, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante sessenta dias após a notificação do credor. (CC ) 
Art. 40. O locador poderá exigir novo fiador ou a substituição da modalidade de garantia, nos seguintes casos: (...) 
X – Prorrogação da locação por prazo indeterminado uma vez notificado o locador pelo fiador de sua intençãode desoneração, ficando obrigado por todos os efeitos da fiança, durante 120 (cento e vinte) dias após a notificação ao locador. ( Incluído p ela Lei nº 12.112, de 2 009) (LEI LOCAÇÕES. Nº 8.245/91)
Portanto, Excelência, não resta outra maneira, senão declarar a ilegitimidade do Sr. João em ser Réu deste feito. 
I I . DO M É RI T O 
 
II. I .D A OCORRÊNCIA DA ANTECIPAÇÃO DE HERANÇA 
 
É de todo sabido, ínclito Julgador, que é costume de afeto e cuidado dos pais que possuem algum recurso de monta, fornecerem meios que sustentem e deem segurança financeira aos seus filhos no caso de uma possível falta futura, quer seja repentina, quer seja natural do decurso da vida. Nada mais tenro e nítida demonstração de amor para com seus descendentes do que dar - lhes os bens que possui e distribui –los de forma eficaz e justa antes de uma possível desavença na partilha, o que vingaria decerto em confrontos entre filhos caso vejam-se sem a batuta dos pai s para um prove toso deslinde. 
 
No caso exposto, nada mais aconteceu d o que isto , Excelência, mera antecipação da herança de um pai caridoso para com suas filhas que se iniciam em suas próprias jornadas, fornecendo-as de modo justo e escorreito, bens, em que para tantos , são o sonho de uma vida. 
 
A doação ocorrera de modo efetivo com o registro, e a anuência das donatárias no dia 06 de janeiro de 2012, sendo que à época do ocorrido, o doador não possuía mais qualquer obrigação de fiança no contrato de aluguel do caso em análise, tendo em vista de que o mesmo pedira exclusão do encargo com 120 (cento e vinte) dias antes do término da avença, e ainda, cumpre ressaltar que o contrato passou-se para a qualidade de ser por tempo indeterminado em 2011 , já coma efetiva saída do S r. João da obrigação de fiança. 
 
Portanto, Excelência, resta-se verificado a impossibilidade de anulação do negócio jurídico aqui discutido, levando em consideração o tudo já exposto , e que não se passa mera antecipação de herança do Senhor João Pinho a suas filhas , liberalidade esta permitida claramente no código Civil pátrio. N esses termos:
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança. (CC) 
 
I II. D OS P E D ID OS 
 Por todo o exposto, o réu , com o devido acatamento e respeito, desde logo, requer : 
 
I. O acolhimento das preliminares arguídas 
nesta peça, devendo ser reconhecida a 
incompetência deste juízo para análise do fei to; 
II. O reconhecimento da preliminar 
peremptória de ilegitimidade passiva do 
Réu, em virtude do mesmo não ter mais
o encargo de fiador à épocada propositura
da demanda; 
III . Seja declarado a extinção do presente
processo, com resolução do mérito, no s
termos do artigo 485, II , em razão da 
intempestividade da ação inicial ; 
IV . O reconhecimento da improcedência do 
pedido no mérito da questão do caso em 
tela, visto a patente ocorrência de mera 
antecipação de herança, e que o Senhor
João nada tinha de encargo com o fiado r 
Quando doou os imóveis; 
V. Condenação da Autora ao pagamento dos 
Honorários advocatícios em 20% sobre o 
valor da causa (art. 85 do CPC), bem como 
nas custas processuais a serem fixadas. 
V . DAS PROVAS 
 
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental, testemunhal , pericial e depoimento pessoal do autor . 
 
Nestes termos , pe de e e spe ra deferi me nto. 
Fortale za-C e, seg und a- feira, 22 d e mai o de 201 7. 
 
 
N OME D O ADV O GAD O 
OAB /UF N º XX .X XX -X

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