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RESUMO DE DIREITO PENAL Parte Especial

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1 
coleção 
RESUMOS 
______________________________ 
MAXIMILIANUS CLÁUDIO AMÉRICO FÜHRER 
MAXIMILIANO ROBERTO ERNESTO FÜHRER 
[ 
Resumo 11 
 
RESUMO 
DE DIREITO PENAL 
Parte Especial 
9ª edição 
 
Suplemento de atualização 
 
Alterações na redação do Código Penal 
Leis 12.015, de 7 de agosto de 2009 
e 12.012, de 6 de agosto de 2009 
 
 2 
 
pp. 128 a 143 da 9
a
 edição 
----------------------------------------------------------------------------------- 
 
A) CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
(Modificações introduzidas pela Lei 12.015, de 7 de agosto de 2009) 
 
======================================= 
 
1) CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 
 
Estupro: Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou 
a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: Pena – reclusão, de 6 a 10 anos. § 1o 
Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave ou se a vítima é menor de 18 ou maior de 14 
anos: Pena – reclusão, de 8 a 12 anos. § 2o Se da conduta resulta morte: Pena – reclusão, de 12 a 30 
anos. 
 
1. Estupro (art. 213) 
 
 O delito consiste em obrigar alguém (homem ou mulher) à conjunção 
carnal ou outro ato libidinoso, mediante violência física ou grave ameaça. 
Qualquer ato libidinoso, mesmo que preparatório para a conjunção carnal, 
já consuma o delito. A tentativa se configura com a prática da violência ou 
grave ameaça, antes de iniciadas as manobras sexuais. O sujeito ativo é 
comum (qualquer pessoa). O sujeito passivo pode ser tanto homem como 
mulher, desde que maior de 14 anos e capaz de discernimento e defesa. 
 A discordância da vítima é elemento implícito do crime. A violência 
deve ser física (caso contrário será ameaça) e exercida contra a própria vítima. A 
violência contra animais e terceiros pode configurar grave ameaça. O 
objeto jurídico é a liberdade sexual. 
 A reiteração das relações sexuais ou dos atos libidinosos caracteriza 
crime único. 
 Trata-se de crime hediondo (tanto na forma simples como nas 
qualificadas pelas lesões graves ou morte). A ação penal é pública 
condicionada à representação da vítima (art. 225), exceto se ocorrerem 
lesões corporais graves ou morte, quando a ação penal será pública 
incondicionada (art. 100 do CP). ●Ver adiante os arts. 226 e 234-A (causas de aumento de 
pena). 
 
Anotações especiais: ♦ Conjunção carnal é a introdução completa ou incompleta do pênis na vagina, 
pouco importando se há ou não ejaculação. ♦ Ato libidinoso é todo aquele que visa à satisfação da 
lascívia (cópula vulvar, sexo anal, oral, carícias etc.). ♦ Este é um crime hediondo (art.1o, V, da Lei no 
8.072/90). 
 
========================================= 
Atentado violento ao pudor 
 3 
 
Art. 214. (Revogado pela Lei 12.015, de 2009) 
 
========================================== 
 
Violação sexual mediante fraude: Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com 
alguém, mediante fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da 
vítima: Pena – reclusão, de 2 a 6 anos. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de obter 
vantagem econômica, aplica-se também multa. 
 
2. Violação sexual mediante fraude 
 
 O agente, aqui, não emprega violência ou grave ameaça, mas utiliza 
fraude ou qualquer outro meio para enganar a vítima ou colocá-la em 
situação de incapacidade e obter a conjunção carnal ou outro ato libidinoso. 
 Como ensina Magalhães Noronha, a fraude “é o estratagema, o ardil, 
o embuste, o engodo, destinado a fazer a vítima acreditar em uma situação 
que a leva ao ato desejado pelo agente, quando, na verdade, é inexistente 
essa situação” (ex. curandeiro que convenceu a vítima de possuía fístula interna, necessitando, 
assim, de tratamento especial). 
 O crime pode ser cometido por qualquer meio que impeça ou 
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima (ex. sorrateiramente, fazer com 
que a vítima consuma entorpecentes ou anestésicos, como no golpe conhecido como “boa noite 
cinderela”). 
 Tanto o sujeito ativo como o passivo podem ser homem ou mulher. 
Consuma-se o crime com o primeiro ato libidinoso. Admite tentativa (ex. é 
empregada fraude ou outro meio turbador da vontade, mas não se realizando a prática libidinosa). 
 
Anotações especiais: ♦ Se a vítima é menor de 14 anos, ou, por enfermidade ou deficiência mental, não 
tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou se, por qualquer outra causa, não pode oferecer 
resistência, o crime será de estupro de vulnerável (art. 217-A). ♦ No estupro de vulnerável a vítima já é 
encontrada pelo agente na situação de incapacidade. Na violação sexual mediante fraude ele, por fraude 
ou outro meio coloca a vítima em tal situação. 
 
========================================== 
 
Atentado ao pudor mediante fraude 
 
Art. 216. (Revogado pela Lei 12.015, de 2009) 
 
 
Assédio sexual: Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter vantagem ou favorecimento 
sexual, prevalecendo-se o agente da sua condição de superior hierárquico ou ascendência inerentes ao 
exercício de emprego, cargo ou função. Pena – detenção, de 1 a 2 anos. Parágrafo único. (Vetado) §2o A 
pena é aumentada em até um terço se a vítima é menor de 18 anos. 
 
3. Assédio sexual 
 
 4 
 O dispositivo foi acrescentado pela Lei 10.224, de 15.5.2001. A ação 
consiste em pressionar uma pessoa (homem ou mulher), para fins sexuais, 
valendo-se da posição de ascendência sobre a vítima ou da superioridade 
hierárquica em emprego, cargo ou função. 
 Objeto jurídico é a liberdade sexual. A ação é dolosa, com o 
elemento subjetivo do injusto (dolo específico) de obter vantagem ou 
favorecimento sexual. 
 Superior hierárquico é quem detém algum poder funcional sobre a 
vítima, dentro de organização pública ou privada. A ascendência abrange a 
relação de respeito ou influência não decorrente propriamente da hierarquia 
(ex.: professor em relação ao aluno, enfermeiro em relação ao paciente). 
 A consumação exige que a vítima se sinta realmente embaraçada ou 
em dificuldade (crime material), havendo, porém, entendimento no sentido de 
que se trata de crime formal, bastando a conduta. Admite tentativa (ex.: o 
escrito embaraçoso é interceptado pela gerência da empresa, não chegando ao conhecimento da vítima). 
 
============================================= 
 
2) CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL 
 
Sedução – Art. 217 – (Revogado pela Lei no 11.106, de 2005) 
 
============================================================== 
 
Estupro de vulnerável: Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 
14 anos: Pena – reclusão, de 8 a 15 anos. § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas 
no caput com alguém que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento 
para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência. § 2
o 
(Vetado) § 3
o
 
Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave: Pena – reclusão, de 10 a 20 anos. § 4o Se da 
conduta resulta morte: Pena – reclusão, de 12 a 30 anos. 
 
1. Estupro de vulnerável 
 
 O estupro, na forma básica (art. 213), consiste no constrangimento de 
alguém à prática de ato libidinoso, mediante o emprego de violência física 
ou grave ameaça. Porém, a lei presume a violência sempre que a vítima for 
menor de 14 anos (vulnerável) ou se encontrar em uma das situações descritas 
no § 1
o
 do art. 217 (equiparado a vulnerável), mesmo que a vítima tenha 
concordado com as manobras sexuais. 
 O texto legal parece indicar que essa presunção de violência éabsoluta, mas há tendência jurisprudencial de considerá-la relativa, 
afastando o crime sempre que a vítima tiver discernimento e houver 
concordado com o ato ●sobre conjunção carnal e ato libidinoso, v. as anotações ao art. 213. 
 O sujeito passivo pode ser homem ou mulher, desde que vulnerável 
ou equiparado. No art. 215 (violação sexual mediante fraude), a vítima é colocada 
 5 
em situação de incapacidade, mediante meio fraudulento ou dissimulado. Já 
aqui, no estupro de vulnerável (art. 217-A, § 1o), a vítima já é encontrada pelo 
agente em situação de incapacidade. 
 De acordo com a melhor doutrina, o tipo exige dolo específico de 
satisfazer a lascívia. O agente deve ter ciência plena (dolo direto) ou desconfiar 
(dolo eventual) que a vítima é vulnerável ou equiparada. 
 A consumação ocorre imediatamente com a prática de qualquer ato 
libidinoso onde haja contato corporal. Somente é possível a tentativa antes 
de iniciadas as manobras sexuais. 
 O resultados mais graves previstos nos §§ 3
o
 e 4
o
 (lesões graves e 
morte) podem resultar tanto de dolo como de culpa, mas devem 
necessariamente estar relacionados com o contexto do estupro de 
vulnerável. 
 
Anotações especiais: ♦ Se a vítima é colocada na situação de incapacidade por fraude ou qualquer outro 
meio, o crime será de violação mediante fraude. ♦ Este é um crime hediondo (art.1o, VI, da L 8.072/90). 
 
============================================= 
 
Corrupção de menores: Art. 218. Induzir alguém menor de 14 anos a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena – reclusão, de 2 a 5 anos. Parágrafo único. (Vetado). 
 
2. Corrupção de menores 
 
 O sujeito ativo deste crime pode ser homem ou mulher (crime 
comum). O mesmo ocorre com o sujeito passivo. Como a corrupção é 
crime especial em relação à participação em estupro de vulnerável (art. 
217-A), mesmo que efetivamente ocorra o estupro, o agente que apenas 
induziu o menor responde por este crime do art. 218, cujas penas são 
consideravelmente menores. O sujeito passivo é próprio. Ou seja, o crime 
só pode ser cometido contra quem não tem ainda 14 anos de idade. 
 Induzir é persuadir, criar a vontade. É necessário que a vítima tenha 
algum entendimento (crianças pequenas e débeis profundos não têm), pois, do contrário e 
contato corporal, o agente responderá por participação em estupro de 
vulnerável (art. 217-A). Outrem é terceira pessoa certa e determinada. Se a 
outra pessoa é indeterminada, o crime será o do art. 228-B (favorecimento à 
prostituição de vulnerável). O tipo exige dolo específico de agir para a 
satisfação do prazer sexual de outrem. 
 A consumação ocorre com o convencimento efetivo da vítima, 
caracterizado no primeiro ato tendente à satisfação da lascívia de outrem. 
Admite-se teoricamente a tentativa. 
 
Anotações especiais: ♦ Lascívia se refere à satisfação do desejo sexual. O mesmo que luxúria. 
 
 6 
============================================ 
 
Satisfação de lascívia mediante presença de criança ou adolescente: Art. 218-A. Praticar, na presença 
de alguém menor de 14 anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim 
de satisfazer lascívia própria ou de outrem: Pena – reclusão, de 2 a 4 anos.” 
 
3. Satisfação da lascívia mediante presença de criança ou adolescente 
 
 Este é um tipo misto (mischgesetz), não cumulativo, que trata de dois 
crimes. O primeiro consiste em praticar ato libidinoso na presença de 
vulnerável (exibicionismo). O segundo é induzir o vulnerável a presenciar o ato 
libidinoso. O sujeito ativo deste crime é qualquer pessoa, homem ou 
mulher. O sujeito passivo é exclusivamente o menor de 14 anos. 
 Necessário o dolo específico de agir para satisfazer lascívia própria 
ou de outrem. Lascívia é a vontade de satisfação sexual. É imprescindível 
que o agente tenha efetivo conhecimento de que o menor está presenciando 
as manobras sexuais. 
 Não pode haver qualquer espécie de contato físico sexual dos 
praticantes com a pessoa vulnerável que o presencia. Se houver, o crime 
será de estupro de vulnerável, do art. 217-A, cuja pena é sensivelmente 
mais grave. Nas duas modalidades, o crime se consuma quando a pessoa 
vulnerável presencia o ato libidinoso. É possível a tentativa. 
 
============================================ 
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de vulnerável: Art. 218-B. 
Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 anos 
ou que, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do 
ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a abandone: Pena – reclusão, de 4 a 10 anos. § 1o. Se o crime é 
praticado com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. § 2
o
. Incorre nas mesmas 
penas: I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidinoso com alguém menor de 18 e maior de 14 
anos na situação descrita no caput deste artigo; II – o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local 
em que se verifiquem as práticas referidas no caput deste artigo. § 3
o
. Na hipótese do inciso II do § 2
o
, 
constitui efeito obrigatório da condenação a cassação da licença de localização e de funcionamento do 
estabelecimento. 
 
4. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual de 
vulnerável. 
 
 Trata-se de tipo misto ou alternativo (não cumulativo). O sujeito ativo 
pode ser qualquer pessoa, de qualquer sexo (crime comum). Se o agente, além de 
favorecer a prostituição ou a exploração sexual, ainda pratica ato libidinoso 
com a pessoa prostituída, responderá em concurso material com o crime do 
§ 2
o
, I. O sujeito passivo é exclusivamente o menor de 18 anos ou quem, por 
 7 
enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para 
a prática do ato. 
 É necessário dolo específico de agir para introduzir ou manter alguém 
na prostituição ou outra forma de exploração sexual. 
 Nas formas submeter, induzir e atrair, a consumação ocorre quando a 
vítima se entrega à prostituição ou à outra forma de exploração sexual (crime 
material instantâneo), que se caracterizam por certa habitualidade. Nas 
modalidades facilitar, impedir ou dificultar, a consumação se dá com a 
retirada do obstáculo, a colocação do impedimento ou da dificuldade. É 
admissível teoricamente a tentativa. 
 
Anotações especiais: ♦ Discernimento refere-se ao entendimento do que seja prostituição ou exploração 
sexual, conforme o caso. É a faculdade de escolher e optar, segundo critérios pessoais, tendo plena 
consciência dos aspectos morais e físicos envolvidos. ♦ Prostituição é a atividade habitual daquele que 
pratica sexo mediante pagamento. ♦ Outra forma de exploração sexual refere-se a qualquer outra 
atividade libidinosa remunerada que envolva contato corporal e habitualidade (ex. reunião para troca de 
casais, bacanais, etc). ♦ Induzir é incitar, convencer, inspirar, dar a idéia. A ameaça e as vias de fato são 
absorvidas pelo crime, mas as lesões corporais e o homicídio são resolvidos em foros de concurso de 
crimes. ♦ Atrair é chamar, provocar. ♦ Facilitar é retirar obstáculos. ♦ Impedir é obstar, atrapalhar. ♦ 
Dificultar é criar empecilho, tornar mais difícil. 
 
4.1. Os crimes do § 2
o
 
 
 Na primeira parte, o § 2
o
 pune quem pratica ato libidinoso com 
alguém menor de 18 e maior de 14 anos, que entregou à prostituição ou 
outra forma de exploração sexual, nas condições do caput. Sendo a vítima 
menor de 14 anos ou se for empregada grave ameaça ou violência, o crime 
será de estupro de vulnerável (art. 217-A) ou estupro padrão (art. 213), 
respectivamente. É necessárioque o agente tenha ciência (dolo direto) ou 
desconfie (dolo eventual) da situação da vítima. Cuidando-se de crimes 
diversos, o agente responderá pela caput e também pelo § 2
o
, somando-se 
as penas. A consumação se dá com o primeiro ato libidinoso, não sendo 
descartável a possibilidade de tentativa. 
 Na segunda parte, o § 2
o
 pune o proprietário, o gerente ou o 
responsável pelo local em que se verifiquem a prostituição ou a outra 
exploração sexual do menor de 18 e maior de 14 anos. Também aqui é 
preciso que o agente tenha conhecimento ou pelo menos desconfiança 
de que o local está sendo utilizado para aqueles fins. 
 Se o proprietário, o gerente ou o responsável é o próprio facilitador, o 
crime do § 2
o
, II, fica absorvido, já que a conduta de fornecer o local para o 
exercício da prostituição ou exploração não passa de modalidade de 
facilitação. 
 
=========================================== 
 8 
DO RAPTO (Revogado pela Lei 11.106, de 2005) 
Rapto violento ou mediante fraude 
Art. 219 (Revogado pela Lei 11.106, de 2005) 
Rapto consensual 
Art. 220 (Revogado pela Lei 11.106, de 2005) 
Diminuição de pena 
Art. 221 (Revogado pela Lei 11.106, de 2005) 
Concurso de rapto e outro crime 
Art. 222 (Revogado pela Lei 11.106, de 2005) 
5) Disposições Gerais 
 
Formas qualificadas 
 Art. 223 (Revogado pela Lei 12.015, de 2009) 
Presunção de violência 
 Art. 224 (Revogado pela Lei 12.015, de 2009) 
 
==================================================== 
Ação penal 
 
Ação penal: Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste Título, procede-se mediante ação 
penal pública condicionada à representação. Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação 
penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18 anos ou pessoa vulnerável. 
 
5. Ação penal 
 A persecução penal pelos crimes contra a liberdade sexual se dá por 
ação penal pública condicionada à representação. Ocorrendo lesão corporal 
grave ou morte (v. art. 101 do CP), bem como nos crimes contra menor de 18 
anos ou vulnerável, a ação penal é pública incondicionada. 
========================================= 
 
Aumento de pena: Art. 226. A pena é aumentada: 
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concurso de 2 (duas) ou mais pessoas; 
 9 
II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, 
curador, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer outro título tem autoridade sobre ela; 
III – (Revogado pela Lei 11.106, de 2005). 
 
6. Causas de aumento de pena 
 Havendo concurso de pessoas a pena é aumentada da quarta parte. Se 
o crime é cometido com desrespeito às relações familiares ou domésticas, a 
pena é aumentada de metade. 
Anotações especiais: ♦ Ascendente é aquele parente que se localiza na linha reta, em posição anterior 
(pai, avô, bisavô etc.). ♦ Padrasto é o companheiro ou esposo de uma mulher, em relação aos filhos 
unilaterais dela. ♦ Madrasta é a nova mulher do pai, em relação aos filhos anteriores dele. ♦ Tio é aquele 
que se coloca na linha colateral, no segundo grau, irmão do pai. Pelo princípio da legalidade, que informa 
o Direito Penal incriminador, o conceito de tio não pode ser estendido à companheira ou esposa do irmão 
do pai, ou ao companheiro ou esposo da irmã do pai. ♦ Tutor é o nomeado para exercer o poder familiar 
em relação a menores órfãos ou cujos pais foram destituídos do poder familiar. ♦ Curador é o nomeado 
pelo juiz para representar ou assistir menores. ♦ Preceptor é aquela pessoa responsável pela educação e 
formação do discípulo; o que ministra instruções ou preceitos, como o professor com ascendência sobre o 
aluno. É o educador particular. ♦ Empregador é a pessoa que assume os riscos de determina atividade 
econômica, admitindo, dirigindo e assalariando o empregado que lhe presta serviços subordinados. É o 
patrão. ♦ Quem por qualquer outro título tem autoridade sobre a vítima refere-se à superioridade 
hierárquica em qualquer contexto, como o chefe do departamento, o inspetor de alunos ou o diretor da 
escola. 
========================================= 
 
3) LENOCÍNIO E TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE 
PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL 
 
Dicionário: ♦ Alcoviteiro. Corretor de prostitutas; o que serve de intermediário em questões sexuais. ♦ 
Cáften. O que vive à custa de prostitutas, rufião (Aurélio). ♦ Lena. Alcoviteira (Lat. lena-ae). ♦ Lenão. 
Alcoviteiro, rufião, o que vende escravos (Lat. leno-onis). ♦ Lenocínio. Assistência à libidinagem alheia; 
do Latim lenocinium-i, tráfico de escravos. ♦ Prostituta. Meretriz, mulher que pratica o ato sexual por 
dinheiro. ♦ Proxeneta. Intermediário, por dinheiro, em casos amorosos (Aurélio). ♦ Rufião. Cáften, o 
que vende escravos. 
Mediação para servir a lascívia de outrem: Art. 227. Induzir alguém a satisfazer a lascívia de outrem: 
Pena – reclusão, de um a três anos.§ 1o. Se a vítima é maior de 14 e menor de 18 anos, ou se o agente é 
seu ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador ou pessoa a quem esteja 
confiada para fins de educação, de tratamento ou de guarda: Pena – reclusão, de dois a cinco anos. § 2o. 
Se o crime é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude:Pena – reclusão, de dois a 
oito anos, além da pena correspondente à violência. § 3
o
. Se o crime é cometido com o fim de lucro, 
aplica-se também multa. 
 
1. Mediação para servir a lascívia de outrem 
 
 A ação consiste em induzir (incitar, convencer) alguém a satisfazer a 
lascívia de um destinatário (pessoa certa e determinada, homem ou mulher). O 
destinatário não comete crime (pois não induz, nem faz intermediação). Se o 
destinatário for indeterminado – art. 228 (favorecimento da prostituição ou outra forma de 
 10 
exploração sexual). O sujeito ativo ou passivo pode ser qualquer pessoa (prostituta 
não – RT 487/347). Consuma-se com o ato da vítima satisfazendo o destinatário. 
Cabe tentativa. O crime pode ser qualificado conforme a idade da vítima ou 
a condição do agente em relação a ela (§ 1o); quando empregada violência, 
grave ameaça ou fraude (§ 2o); ou houver fim de lucro (§ 3o). 
 
Anotações especiais: ♦ Lascívia se refere à satisfação do desejo sexual. O mesmo que luxúria. ♦ v. tb. as 
anotações ao próximo artigo. 
 
============================================================= 
 
Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual: Art. 228. Induzir ou atrair alguém 
à prostituição ou outra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou dificultar que alguém a 
abandone: Pena – reclusão, de 2 a 5 anos, e multa. § 1o. Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, 
irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se 
assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância: Pena – reclusão, de 3 a 8 
anos. § 2
o
. Se o crime, é cometido com emprego de violência, grave ameaça ou fraude: Pena – reclusão, 
de quatro a dez anos, além da pena correspondente à violência. § 3
o
. Se o crime é cometido com o fim de 
lucro, aplica-se também multa. 
 
2. Favorecimento da prostituição ou outra forma de exploração sexual 
 
 O delito comporta três modalidades, sendo que a prática de duas ou 
mais condutas constitui crime único (tipo misto alternativo): (1) Induzir ou atrair à 
prostituição. Nessa hipótese o crime assemelha-se à mediação, do art. 227, 
com a diferença de que aqui o destinatário será indeterminado; (2) Facilitar 
a prostituição. A ação consiste em contribuir (habitualmente – RT 770/621) para a 
prostituição, como encaminhar mulheres (já prostituídas ounão) para casa ou local 
de tolerância (RT 546/345). Há decisões que dispensam a habitualidade (RT 
414/55). (3) Impedir alguém de abandonar a prostituição. Neste caso o agente 
coage a vítima para obrigá-la a permanecer na prostituição. Basta uma única 
ação. 
 O sujeito ativo ou passivo pode ser homem ou mulher. A 
consumação ocorre com a ação descrita em cada modalidade. Admite 
tentativa em todas as hipóteses. O art. 229 (casa de prostituição) exclui o art. 228 
(favorecimento da prostituição), pois a primeira ação já engloba a segunda (RT 455/339). 
 
Anotações especiais: Sobre ♦ Prostituição ♦ Outra forma de exploração sexual ♦ Induzir ♦ Atrair ♦ 
Facilitar ♦ Impedir ♦ Dificultar – v. comentários ao art. 218-B. Sobre ♦ Ascendente ♦ Padrasto ♦ 
Madrasta ♦ Tutor ♦ Curador ♦ Preceptor ♦ Empregador – veja os comentários ao art. 226. ♦ Irmão é o 
filho do mesmo pai ou da mesma mãe ou de ambos. ♦ Enteado é o filho do companheiro ou da 
companheira. ♦ Se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância 
refere-se aos guardiões em geral e dirigentes ou operadores dos estabelecimentos de ensino ou abrigo. 
 
========================================== 
 
Casa de prostituição: Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, estabelecimento em que ocorra 
exploração sexual, haja, ou não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário ou gerente: Pena – 
reclusão, de dois a cinco anos, e multa. 
 
 11 
3. Casa de prostituição 
 
 Manter refere-se à incidência repetida ou permanente de uma 
atividade, de modo a caracterizar habitualidade (crime habitual). O 
estabelecimento mencionado pela lei abrange qualquer aposento onde 
ocorra exploração sexual, assim entendida a prostituição e qualquer outra 
atividade libidinosa habitual, onerosa, e onde ocorra contato corporal. 
 Por conta própria ou de terceiro significa que o sujeito ativo 
(mantenedor) pode ser tanto o dono do estabelecimento como quem exerce 
apenas a direção ou gerência (excluem-se empregados não graduados, camareiras, porteiros, 
prostitutas e o proprietário do prédio alugado, estranho à sua utilização). O sujeito passivo é a 
coletividade (e para alguns autores também as prostitutas ou explorados). 
 A nova lei não exige mais que a atividade do estabelecimento seja a 
exploração sexual, bastando que ali ocorra a exploração sexual. Então, 
aquele que simplesmente aluga um salão pode ser incriminado, se o 
locatário explorar tal atividade. 
 Basta o dolo genérico, sendo irrelevante o intuito de lucro. 
 O crime de consuma com a habitualidade (RT 511/355, 536/290, 620/279 – há, 
porém, posição doutrinária que dá o crime por consumado no primeiro ato de prostituição). Não se 
admite tentativa (crime habitual). 
 
Anotações especiais: ♦ Prostituta free lancer e Cooperativa de prostitutas. Manter casa para seu uso 
profissional exclusivo (prostíbulo individual) ou em regime de cooperativa não configura este crime, pois 
a prostituição em si é atípica. ♦ Não configuram o delito. Hotel (RT 507/332), motel (RT 587/390), 
drive-in (RT 610/335), sauna, banhos, duchas e bar (RT 589/322, 619/290), casa de massagem (RT 
761/567), prostíbulo individual (RT 469/403). 
 
========================================================= 
 
Rufianismo: Art. 230. Tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou 
fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça: Pena – reclusão, de um a quatro anos, e 
multa. § 1
o
. Se a vítima é menor de 18 e maior de 14 anos ou se o crime é cometido por ascendente, 
padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador 
da vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou 
vigilância: Pena – reclusão, de 3 a 6 anos, e multa. § 2o. Se o crime é cometido mediante violência, grave 
ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima: Pena – 
reclusão, de 2 a 8 anos, sem prejuízo da pena correspondente à violência. 
 
4. Rufianismo 
 
 Trata-se de “tipo de autor”, onde se incrimina um modo de vida. 
Sujeito ativo é o cafetão ou rufião, que vive da prostituição alheia. Pode ser 
qualquer pessoa (crime comum), homem ou mulher, menos a própria prostituta 
(“prostituição alheia”). O sujeito passivo é a pessoa que se prostitui e é explorada 
pelo rufião. Também figura no pólo passivo a comunidade (crime vago). 
 O tipo se satisfaz com o dolo genérico de praticar a conduta descrita 
no tipo. Não há forma culposa. 
 12 
 Tirar proveito é auferir alguma espécie de vantagem. Participando 
diretamente de seus lucros significa ficar, no todo ou em parte, com o mixe 
(preço do serviço sexual) recebido pela prostituta. Fazendo-se sustentar refere-se 
ao agente que não recebe dinheiro, mas pede ou exige que seus gastos 
(mantimentos, vestuários, alugueis etc.) sejam suportados no todo ou em parte pela 
prostituta. Em ambas as formas (tirar proveito participando dos lucros e tirar proveito fazendo-
se sustentar) exige-se habitualidade. Assim, impossível a tentativa. 
 
13.1. Formas qualificadas 
 O §1
o
 traz uma forma qualificada que leva em conta a qualidade do 
sujeito ativo do crime em relação ao explorado. 
 O § 2
o
 qualifica o crime quando é cometido mediante violência, 
grave ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a livre 
manifestação da vontade da vítima. Violência refere-se à agressão física. A 
ameaça e as vias de fato são absorvidas pelo crime, mas as penas das 
eventuais lesões corporais ou homicídio são somadas. A fraude ou outro 
meio que impeça ou dificulte a livre manifestação da vontade da vítima 
refere-se a qualquer expediente, não violento nem ameaçador, que turbe a 
vontade da vítima, como a embriaguez e a ministração de outras drogas 
incapacitantes. 
 
Anotações especiais: ♦ Prostituição é o comércio carnal habitual. É a prestação continuada de serviços 
sexuais mediante o pagamento de um preço (mixe). ♦ Companheiro refere-se ao participante de União 
Estável informal. ♦ Ascendente ♦ Padrasto ♦ Madrasta ♦ Tutor ♦ Curador ♦ Preceptor ♦ Empregador 
– v. comentários ao art. 226. ♦ Irmão ♦ Enteado – v. comentários ao art. 228. ♦ Com a expressão “por 
quem assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado proteção ou vigilância” o tipo indica que a 
lei incrimina mais severamente também o diretor do estabelecimento de ensino, o dirigente de abrigo, de 
entidade de orientação de jovens etc. 
============================================= 
 
Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual: Art. 231. Promover ou facilitar a 
entrada, no território nacional, de alguém que nele venha a exercer a prostituição ou outra forma de 
exploração sexual, ou a saída de alguém que vá exercê-la no estrangeiro. Pena – reclusão, de 3 a 8 
anos. § 1
o
. Incorre na mesma pena aquele que agenciar, aliciar ou comprar a pessoa traficada, assim 
como, tendo conhecimento dessa condição, transportá-la, transferi-la ou alojá-la. § 2
o
. A pena é 
aumentada da metade se: I – a vítima é menor de 18 anos; II – a vítima, por enfermidade ou deficiência 
mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato; III – se o agente é ascendente, 
padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador 
da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou IV – 
há emprego de violência, grave ameaça ou fraude.§ 3
o
. Se o crime é cometido com o fim de obter 
vantagem econômica, aplica-se também multa. 
 
5. Tráfico internacional de pessoa para fim de exploração sexual 
 
 13 
 O sujeito ativopode ser qualquer pessoa, homem ou mulher (crime 
comum). O sujeito passivo também é comum. O sujeito passivo secundário é a 
coletividade (crime vago). 
 Necessário o dolo específico consistente no fim de possibilitar que a 
pessoa exerça a prostituição, nas condições descritas no tipo. É indiferente 
que a pessoa exerça efetivamente a prostituição. Basta o intuito de exercê-la. 
Mas, se o crime é cometido com o dolo específico de obter qualquer 
vantagem econômica, aplica-se também multa. 
 Promover é dar impulso, executar, provocar, fomentar, estimular, 
patrocinar. Facilitar é retirar as barreiras ou deixar de criá-las. 
 O § 1
o
 equipara ao traficante de pessoas aquele que intermedeia a 
operação, agenciando, aliciando ou “comprando” a pessoa traficada. Na 
mesma situação está aquele que, tendo conhecimento dessa condição (dolo 
direto, exclusivamente), transportar, transferir ou alojar a pessoa traficada. 
 A consumação se dá com a entrada ou saída da pessoa do território 
nacional (posição predominante) ou com alguma das condutas do § 1
o
. É 
admissível a tentativa. 
 O § 2
o
 traz causas de aumento da pena em função da idade da vítima, 
sua capacidade e das relações domésticas e familiares. Sobre a análise de 
cada um dos elementos típicos (ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado etc.) 
remetemos o leitor ao que ficou consignado nos comentários ao art. 230 
(Rufianismo). 
 
 
Anotações especiais:♦ Território nacional é o local onde o Estado exerce a sua soberania. Compreende 
os espaços terrestre, aéreo e aquático (o mar territorial brasileiro é de 12 milhas). Respeitado o princípio da 
tipicidade estrita, no conceito de território não se incluem as extensões referidas no art. 5
o
, § 1
o
, do Código 
Penal, ou seja, as embarcações e aeronaves nacionais que se encontram fora do território nacional. ♦ 
Prostituição ♦ Outra forma de exploração sexual – v. comentários ao art. 228. ♦ Induzir é incitar, 
convencer, inspirar, dar a idéia. ♦ A ameaça e as vias de fato são absorvidas pelo crime, mas as lesões 
corporais e o homicídio são resolvidos em foros de concurso de crimes.♦ Entrada consiste no ingresso 
completo do corpo no território nacional. Pode ser regular (com conhecimento da autoridade competente) 
ou irregular (sorrateira ou fraudulentamente, sem conhecimento da autoridade). ♦ Saída consiste na 
retirada completa do corpo do território nacional. Também pode ser regular ou irregular. 
 
==================================================== 
 
Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual: Art. 231-A. Promover ou facilitar o 
deslocamento de alguém dentro do território nacional para o exercício da prostituição ou outra forma de 
exploração sexual:Pena – reclusão, de 2 a 6 anos. § 1o. Incorre na mesma pena aquele que agenciar, 
aliciar, vender ou comprar a pessoa traficada, assim como, tendo conhecimento dessa condição, 
transportá-la, transferi-la ou alojá-la. § 2
o
. A pena é aumentada da metade se: I – a vítima é menor de 18 
anos; II – a vítima, por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a 
prática do ato; III – se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, 
companheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por lei ou outra 
forma, obrigação de cuidado, proteção ou vigilância; ou IV – há emprego de violência, grave ameaça ou 
fraude. § 3
o
. Se o crime é cometido com o fim de obter vantagem econômica, aplica-se também multa. 
 
 
 14 
6. Tráfico interno de pessoa para fim de exploração sexual 
 
 Tanto o sujeito ativo como sujeito passivo são comuns (qualquer pessoa, 
homem ou mulher). 
 Sobre as elementares território nacional, prostituição, outra forma 
de exploração sexual, as formas equiparadas do § 1
o
 e as causas de 
aumento do § 2
o
 remetemos o leitor ao que foi dito nos comentários ao 
artigo anterior. 
 O tipo exige dolo específico de agir com o fim de possibilitar que a 
pessoa exerça a prostituição ou outra forma de exploração sexual, nas 
condições descritas no tipo. É indiferente que a pessoa exerça efetivamente 
a prostituição ou a outra forma de exploração sexual. Basta o fim de 
exercê-la. 
 Promover é dar impulso, executar, provocar, fomentar, estimular, 
patrocinar. Facilitar é retirar as barreiras ou deixar de criá-las. 
 Crime formal, consuma-se com as condutas descritas no tipo 
(promoção, facilitação, agenciamento, aliciamento, venda, compra, 
transporte, transferência ou alojamento). A tentativa será possível, sempre 
que a conduta puder ser fracionada. 
 
Anotações especiais: ♦ Espetáculos pornográficos. Face à garantia constitucional que veda censura, 
entendemos fora da incidência os espetáculos e qualquer outra forma de manifestação intelectual. ♦ 
Pedofilia. As condutas de produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio, 
cena de sexo explícito ou pornografia, envolvendo criança ou adolescente, constituem outro crime, 
tipificado no art. 240, caput, da L 8.069/90 (ECA). O agenciamento, a venda, o oferecimento, a troca, a 
aquisição ou posse de tal material configuram os crimes dos arts. 241 a 241-E do mesmo diploma legal. 
 
========================================== 
 
Art. 232. (Revogado pela Lei 12.015, de 2009) 
 
============================================ 
 
4) ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR 
 
Ato obsceno: Art. 233. Praticar ato obsceno em lugar público, ou aberto ou exposto ao público: 
Pena – detenção, de três meses a um ano, ou multa. 
 
1. Ato obsceno 
 
 O delito consiste em praticar ato obsceno em lugar público (ruas, 
praças), ou aberto ao público (cinemas, teatros), ou exposto ao público (varanda de 
casa). Não é exposto ao público o lugar privado que só pode ser visto de 
outro lugar privado (RT 473/360). Não importa se alguma pessoa viu, ou não, 
ou se ficou chocada, ou não, com o ato. Basta ser local publicamente 
visível a um número indeterminado de pessoas. 
 15 
 Ato obsceno é o que fere o pudor, com a exibição do corpo, ou partes 
dele, que objetivamente sejam, ou possam ser, relacionadas com o sexo, 
ainda que o agente não tenha qualquer finalidade erótica. Palavras não 
caracterizam o crime. 
 O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é a 
coletividade (crime vago); e, secundariamente, quem presencia realmente o 
ato. 
 O dolo pode ser direto ou eventual (assumir conscientemente o risco de ser visto). 
A consumação se dá com a prática do ato. Difícil a configuração da 
tentativa. 
 
Anotações especiais: Lugar público. De acordo com classificação atribuída a Chassan, lugares 
públicos por natureza são os francamente acessíveis ao público, como ruas e praças. Lugares públicos por 
destinação são os abertos ao público, de acesso ocasional, controlado ou remunerado, como igrejas, 
teatros, cinemas. Lugares públicos por acidente são os lugares privados eventualmente expostos ao 
público, como a casa particular em que se realiza um leilão, ou recinto da mesma que seja, ou se torne, 
visível ao público. 
Jurisprudência classificada: É ato obsceno. Exibição de órgão sexual (RT 735/608). Micção em 
via pública (RT 691/333, 763/598, 801/551), mesmo à noite, em local não iluminado (RT 517/357), 
mesmo que em campanha publicitária (RT 622/288). Correr nu, “chispada” (RT 515/363). Relações 
sexuais em automóvel estacionado em via pública (RT 597/328). Embriaguez. Não exime, salvo 
fortuita ou de força maior (RT 587/347). Não é ato obsceno. Ato em local privado, sem visão para 
número indeterminado de pessoas (RT 786/649). No quintal de casa, não exposto ao público (RT 
728/609). Micção em praça pública à noite e em local discreto(RT 683/326). Exibição de revista 
pornográfica (RT 658/299). 
 
================================================================ 
 
Escrito ou objeto obsceno: Art. 234. Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob sua guarda, para fim 
de comércio, de distribuição ou de exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou qualquer 
objeto obsceno: Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, ou multa.Parágrafo único. Incorre na mesma 
pena quem: I – vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qualquer dos objetos referidos neste 
artigo; II – realiza, em lugar público ou acessível ao público, representação teatral, ou exibição 
cinematográfica de caráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha o mesmo caráter; III – 
realiza, em lugar público ou acessível ao público, ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter 
obsceno. 
 
2. Escrito ou objeto obsceno 
 O art. 234 traz um tipo misto ou de conteúdo variado. No mesmo 
contexto, a prática de duas ou mais ações descritas no dispositivo constitui 
crime único. 
 O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. O sujeito passivo é o 
Estado ou a coletividade (crime vago). 
 A consumação se dá conforme a espécie de conduta. Fazer se 
consuma com o fim do processo de fabricação do objeto. Importar se 
consuma com a entrada do objeto no país. Exportar se consuma com a 
saída do objeto do país. Adquirir se consuma com o recebimento físico da 
coisa. Ter sob sua guarda se consuma no primeiro instante em que se 
 16 
recebe a coisa (é crime permanente). Vender se consuma com o acordo sobre o 
objeto e o preço, independente da tradição da coisa e do recebimento do 
preço. Distribuir se consuma com o ato de despachar a coisa para o 
destinatário. Expor se consuma com a exibição desimpedida do objeto (é 
crime permanente). Realizar se consuma com o início da encenação ou projeção. 
De regra, é admissível a tentativa sempre que a conduta puder ser 
fracionada, mas não é possível tentar guardar. 
 
2.1. Figuras assemelhadas 
 O parágrafo único do art. 234 acrescenta outras hipóteses de ação, 
como venda dos objetos referidos no artigo, espetáculos públicos obscenos, 
audição ou recitação radiofônica de caráter obsceno. É importante lembrar 
que (1) a importação de revistas ou filmes pornográficos caracteriza o 
crime em exame (não o crime de contrabando do art. 334 (contrabando ou 
descaminho), (2) a pedofilia, com envolvimento de criança ou adolescente 
caracteriza as condutas previstas no ECA (art. 240 e seguintes). 
Anotações Especiais: ♦ Censura. Em função da garantia constitucional que veda qualquer espécie de 
censura, entendemos que é inaplicável a incriminação no que se refere à representação teatral, à exibição 
cinematográfica e qualquer outro espetáculo. As condutas de produzir, reproduzir, dirigir, fotografar, filmar 
ou registrar, por qualquer meio, cena de sexo explícito ou pornografia, envolvendo criança ou adolescente, 
constituem o crime do art. 240, caput, da L 8.069/90 (ECA). O agenciamento, a venda, o oferecimento, a 
troca, a aquisição ou posse de tal material configuram os crimes dos arts. 241 a 241-E do mesmo diploma 
legal. 
Jurisprudência classificada: ♦ Configura o delito. Venda de revistas pornográficas (RT 529/367), em 
banca de jornais (RT 600/367), em estabelecimento de chaveiro (RT 527/381), ainda que envelopadas em 
plástico (RT 606/311); exibição de cartazes obscenos de filme cinematográfico (RT 631/380). ♦ Não 
configura o delito. Venda em recinto fechado, de acesso proibido a menores de idade (RT 609/331, 
617/311; contra: RT 685/311). 
 
 
5) DISPOSIÇÕES GERAIS 
 
Aumento de pena: Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é aumentada: I – (Vetado);II – 
(Vetado); III – de metade, se do crime resultar gravidez; e IV – de um sexto até a metade, se o agente 
transmite à vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou deveria saber ser portador. 
 
1. Causas de aumento de pena 
 Ocorrendo gravidez ou transmissão de doença sexualmente 
transmissível, em razão de algum dos crimes contra a dignidade sexual, a 
pena é aumentada de metade ou de um sexto até a metade, respectivamente. 
O art. 234-A impõe que o agente saiba ou deveria saber ser portador da 
doença sexualmente transmissível. 
 A expressão saiba se refere ao dolo direto ou eventual. Deveria 
saber é um elemento normativo do tipo. Significa que o agente, em face da 
situação em que se encontra, tem obrigação especial de cuidado exigida 
 17 
para o ato, como, por exemplo, no relacionamento sexual forçado, onde o 
agente teve uma parceira sexual anterior que faleceu acometida por uma 
DST gravíssima. Mesmo que o agente não saiba estar contaminado, deve, 
nas circunstâncias, adotar todas as providências necessárias para que não 
transmita a outrem a doença que possa ter. 
 
=================================================== 
 
Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes definidos neste Título correrão em segredo de 
justiça. 
 
Art. 234-C. (Vetado). 
 
2. Segredo de justiça 
 No Segredo de Justiça o direito de consultar autos e de pedir 
certidões de seus atos é restrito às partes e a seus procuradores. O terceiro, 
que demonstrar interesse jurídico, pode requerer ao juiz certidão do 
dispositivo da sentença (art. 155 do Código de Processo Civil). O objetivo 
é evitar o tanto quanto possível a dupla vitimização do sujeito passivo, com 
a inconveniente e vexatória publicidade do crime sexual que sofreu. 
 
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p. 242 da 9
a
 edição 
--------------------------------------------------------------------------------------- 
B) CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO DA JUSTIÇA 
(Modificações introduzidas pela Lei 12.012, de 6 de agosto de 2009) 
 
Favorecimento prisional: Art. 349-A. Ingressar, promover, intermediar, auxiliar ou facilitar a entrada 
de aparelho telefônico de comunicação móvel, de rádio ou similar, sem autorização legal, em 
estabelecimento prisional.Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. 
 
1. Favorecimento prisional 
 
 Trata-se de crime comum, que pode ser praticado por qualquer 
pessoa. Se, porém, a conduta for praticada por agente público com dever de 
impedir a entrada do aparelho (ex. diretor da penitenciária), o crime será o do art. 
319-A. 
 O sujeito passivo é a Administração Pública, mais especificamente a 
Administração Penitenciária. O tipo se satisfaz com o dolo genérico. O erro 
sobre a natureza do objeto é erro de tipo, exclui o dolo e, por conseguinte, a 
própria conduta típica. 
 Ingressar é entrar trazendo junto o aparelho. Promover é fomentar, 
trabalhar para que algo ocorra, excitar, estimular. Intermediar é se 
intrometer na operação, fazer papel de corretor, aproximando os 
interessados. Auxiliar é ajudar de qualquer forma. Facilitar é retirar 
 18 
empecilho. Na forma ingressar, o crime é material e se consuma com a 
efetiva entrada do aparelho no estabelecimento. Nos demais, o crime é 
formal e se aperfeiçoa já com qualquer ato de planejamento ou incitação, 
de ajuda, corretagem ou retirada de dificuldade. A tentativa é plenamente 
viável (ex. adentrar o estabelecimento com algum componente, para montagem posterior do aparelho). 
 O aparelho citado no tipo é todo aparato eletrônico que sirva para 
comunicação (pessoal ou geral) e que possa ser transportado comodamente: 
radiocomunicador, telefone celular, pagers, Ipods, wireless, computador, 
etc. Sem autorização legal é o elemento normativo do tipo e se refere à 
falta de permissão da diretoria do estabelecimento ou da autoridade policial 
ou judicial (ex. um agente infiltrado pode ser autorizado aingressar com tal aparelho na 
penitenciária). Estabelecimento prisional é a penitenciária, a colônia agrícola, 
industrial ou similar, o centro de observação, o hospital de tratamento e 
custódia e a cadeia pública (arts.87 a 104 da L 7.210/84).

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