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Curso Família (1)

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Curso de Direito de Família
O direito de Família.
LIVRO IV
Do Direito de Família
TÍTULO I
Do Direito Pessoal
SUBTÍTULO I
Do Casamento
Art. 1.511...
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Introdução
O direito e a forma pela qual o Estado organiza a vida em sociedade.
O legislador transforma fatos da vida em normas jurídicas mediante sanção.
O direito adjetiva os fatos da vida para que sejam jurídicos.
O estado deve respeitar a liberdade individual mas tem que garantir o direito a vida digna e feliz.
Primeiro acontece o fato, depois o direito surge.
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Conceito de direito de família
Direito de família é o conjunto de regras e princípios que disciplinam os direitos pessoais e patrimoniais decorrentes das relações de parentesco; neste sentido, família é uma realidade sociológica e constitui a base do Estado, o núcleo fundamental em que repousa toda a organização social. Em qualquer aspecto em que é considerada, aparece a família como uma instituição necessária e sagrada, que vai merecer a mais ampla proteção do Estado.
Família e um agrupamento informal, de formação espontânea no meio social cuja estruturação se da por meio do direito que importa sensação de pertencimento integrando sentimentos, esperanças, valores no projeto de felicidade. (ler texto Maria Berenice Dias)
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Declaração universal dos direitos dos humanos – 1948 (apos segunda guerra 45)
Artigo XVI 
1. Os homens e mulheres de maior idade, sem qualquer restrição de raça, nacionalidade ou religião, tem o direito de contrair matrimonio e fundar uma família. Gozam de iguais direitos em relação ao casamento, sua duração e sua dissolução. 
2. O casamento não será́ valido senão com o livre e pleno consentimento dos nubentes. 
3. A família é o núcleo natural e fundamental da sociedade e tem direito à proteção da sociedade e do Estado. 
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Art. 226 CF/88
Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
    § 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
    § 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
    § 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.
    § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
    § 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
    § 6º O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.
    § 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
    § 8º O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
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Constitucionalização do Direito Civil
Direito civil se constitucionalizou incluindo valores democráticos, afastando o individualismo tradicional e conservador elitista da época das codificações do século passado. 
CF/88 universalizou e humanizou o direito de família o que provocou uma quebra de paradigmas, ex:
Reconhece relacionamento fora do casamento;
Reconhece o filho havido fora do casamento, igualdade entre os filhos;
Reconhece a união estável;
Reconhece o afeto.
Atribui deveres, igualdade entre homem e mulher.
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Estrutura e objeto do direito de família 
Família e lugar de afeto e respeito, não e necessário o laco biológico.
Família e o primeiro agente socializador do ser humano.
Família deixa de ser instituição para ser instrumento de desenvolvimento de seus integrantes para o crescimento e formação da própria sociedade. Antes resumia: ascendentes e descendentes unidos pelo patrimônio. Hoje: LAR (afeto).
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Localização no código civil
Livro IV, inicio art. 1.511.
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. 
Trata de direito pessoal ou patrimonial? E publico ou privado?
Família e uma estrutura publica mas formado por relações privadas.
Tem doutrinador falando que e publico pq trata de matéria de ordem publica e tem doutrinador falando que e privado pq esta contido no CC/02 que trata de matéria privada. 
IDBFAM defende a criação de estatuto próprio do direito de família para condensar todas as leis que tratam do tema, criando assim um microssistema. PLS - 470/13 Senadora Lídice da Mata que esta em tramitação.
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Princípios do direito de familia
Princípios são fontes normativas, moderno jurista interpreta de forma teleológica (fim da norma) no Estado Democrático de Direito.
Princípios constitucionais x princípios gerais de direito
Const. Primeiro lugar na aplicação do direito. Ex. dignidade da pessoa humana
Gerais. Extraídos implicitamente da legislação. Ex. monogamia
Princípios constitucionais fundamentais:
Art. 226 [...]
§ 7º Fundado nos princípios da dignidade da pessoa humana e da paternidade responsável, o planejamento familiar é livre decisão do casal, competindo ao Estado propiciar recursos educacionais e científicos para o exercício desse direito, vedada qualquer forma coercitiva por parte de instituições oficiais ou privadas.
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Dignidade da pessoa humana
E valor nuclear da ordem constitucional e universal. Dele deriva liberdade, autonomia privada, cidadania, igualdade e solidariedade. Aplicado no publico e no privado, opção pela pessoa.
Diz respeito a integridade em todos os campos do ser humano, ou seja, ele como ser social ou cultural, digno de respeito e de uma vida justa e plena.
Na historia do direito de família havia uma hierarquia onde o patriarca era superior a mulher e aos filhos. A família era regulada pela igreja católica romana em 1891 e adotada a laicidade no campo familiar e o Estado passa a gerir a vida civil. Mas a sociedade não se liberta dos costumes antigos.
Estatuto da mulher casada (lei 4.121/62); lei divorcio (lei 6.515/77) CF/88 a mulher ganha igualdade, respeito e proteção.
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Princípio da paternidade responsável e Princípio planejamento familiar
Os membros da família são livres nas escolhas de paternidade.
Se optaram por filhos tem dever e responsabilidade na educação dos filhos.
Os membros da família são livres para realizar o planejamento familiar.
Não há no Brasil politica de controle de natalidade.
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Princípio da solidariedade familiar
Supera o individualismo, busca confraternização no seio familiar, sentimento de harmonia e convivência pacifica que merece proteção do Estado. Deve ser reciproca entre os membros da família.
Os membros da familiar 
Art. 1.513. É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
Art. 1.518.  Até a celebração do casamento podem os pais ou tutores revogar a autorização.
Art. 1.566. São deveres de ambos os cônjuges:
I - fidelidade recíproca;
II - vida em comum, no domicílio conjugal;
III - mútua assistência;
IV - sustento, guarda e educação dos filhos;
V - respeito e consideração mútuos.
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Principio da solidariedade familiar
Art. 1.724. As relações pessoais entre os companheiros obedecerão aos deveres de lealdade, respeito e assistência, e de guarda, sustento e educação dos filhos.
Art. 230/ CF. A família, a sociedade e o Estado têm o dever de amparar as pessoas idosas, assegurando sua participação na comunidade, defendendo sua dignidade e bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
Art. 227. É dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de
toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão.
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Princípio da igualdade familiar
Todos são iguais perante a lei. Mulher deixou de ser submissa, os filhos ganharam igualdade em relação aos pais. Os filhos havidos fora do casamento acaba o termo filho ilegítimo.
Entidade familiar: união estável e família monoparental.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
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Princípio da liberdade familiar 
Família tem liberdade para escolher seus membros, em relação ao matrimonio, educação dos filhos, escolhas culturais e desenvolvimento de identidade social, respeitando integridade física e psíquica da criança. 
Estado protege vulneráveis e a criação de politicas que oriente a procriação. Nesse sentido planejamento familiar e livre assim como a manutenção ou extinção do matrimonio.
Cc/02 Art. 1.614. O filho maior não pode ser reconhecido sem o seu consentimento, e o menor pode impugnar o reconhecimento, nos quatro anos que se seguirem à maioridade, ou à emancipação.
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Princípio da pluralidade familiar
Esta diretamente ligado ao princípio da afetividade.
Qualquer família que se componha a partir de um elo de afetividade que geram comprometimento mutuo, envolvimento pessoal e patrimonial.
Família homoafetiva; família extramatrimonial; família monoparental; família pluriparental ou recomposta.
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Princípio da afetividade
O que importa e o afeto e não o sangue!
Não importa a relação consanguínea.
Esta diretamente ligado à variedade das famílias.
Filhos adotivos, netos que vivem com os avós....
Ex: CF/88 art. 227
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
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Principio da Convivência familiar 
Todos os membros da família gozam do direito de viverem com seus entes, gerando relação de afetividade. os filhos tem direito a conviverem com os pais mesmo que divorciados.
Guarda compartilhada se estende aos outros parentes. 
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Princípio da monogamia
Não e constitucional porque não esta na constituição .
Art. 1516 cc/02
 § 3o Será nulo o registro civil do casamento religioso se, antes dele, qualquer dos consorciados houver contraído com outrem casamento civil.
Monogamia esta ligado a proibição de múltiplas famílias matrimonia lizadas sob a chancela do Estado.
Fidelidade esta relacionado com uma relação extraconjugal, que pode não constituir família.
O CC/02 acabou com a culpa, mas o Estado ainda só reconhece um matrimonio por vez.
CF entende que a monogamia não pode inviabilizar direitos em face do principio da dignidade humana.
Súmula 380 STF
Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.
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Importância do Direito de Família
Regular as relações existentes entre os membros da família e seus bens.
Família baseada no afeto. CC/02 o casamento e base familiar, depois temos relações pessoais e patrimoniais entre cônjuges das diversas filiações. O pátrio poder e agora o poder familiar.
Proteger membros, bens, tutela curatela, casamento.
A família é uma estrutura em constante transformação.
E tão importante que faz parte da Declaração Universal dos Direitos Humanos elaborada pela ONU, bem como esta na CF/88 família e a base da sociedade.
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Evolução do conceito de família
CC/16 – família reconhecida pelo matrimonio, impedia dissolução, distinção entre seus membros e discriminava as uniões não advindas do casamento. Os filhos havidos dessa relação eram excluídos e eram punidos com a perda de direitos para preservar o casamento.
1962 – lei 4.121/62: estatuto da mulher casada (capacidade, propriedade)
EC 9/77 – e Lei 6.515/77 – institui o divorcio, elimina a ideia de família sacralizada.
CF/88 – igualdade entre homem e mulher, proteção igual a todos os membros, casamento, união estável entre homem e mulher, família monoparental, igualdade dos filhos...
Sumula 380 STF – concubinato cabe dissolução e partilha
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Evolução do conceito de família
Lei 8.971/94 – companheiro tem direito a alimentos e partilha
Lei 9.278/96 – art. 9, união estável será discutida na vara de família livre de restrições e discriminações.
Lei 11.441/07 – dissolução extrajudicial do casamento (cartório)
EC 66/10 - acabou a separação casamento só e dissolvido pelo divorcio.
Projeto lei 612/11 – reconhece união de pessoas do mesmo sexo (em 2011 STF reconheceu união homossexual, mas e necessário a lei.
Família reconhecida pelo afeto, deixa de ser instituição para ser instrumento de desenvolvimento de seus integrantes para formação da sociedade. Antes ligados pelo patrimônio/sangue agora unidos pelo afeto.
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As espécies de famílias no ordenamento jurídico
Família formada através do casamento e da união estável – art. 226 CF
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento. (afeto)
Art. 1.511. O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges. (matrimonializado)
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As espécies de famílias no ordenamento jurídico
1) Família monoparental – CF/88, art. 226, §4º:
    § 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
2) Família afetiva – os laços de afeto e solidariedade derivam da convivência familiar e não do sangue.
Cf/88 e cc/02 não falam diretamente na palavra afeto mas indicam afetividade no seu texto quando reconhece a união estável, família monoparental, igualdade entre os filhos, irrevogabilidade da perfilhação (reconhecimento legal pai ou mãe).
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As espécies de famílias no ordenamento jurídico
Família após CF/88 (afetiva) ganha uma concepção eudemonista (vida moral, plena e feliz, onde a felicidade individual ou coletiva é o fundamento da conduta humana).
3) Família recomposta – Os meus, os seus e os nossos! Família formada por cônjuges que já possuem filhos de outras relações. Não tem regulamentação porque ainda legislação esta ligada a primeira família, cabe ao juiz analisar cada caso.
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As espécies de famílias no ordenamento jurídico
4) Família formada pela união de pessoas do mesmo sexo – em 2011 o STF reconheceu, mas a ausência de legislação impede que os cônjuges tenham garantia de uma série de direitos, que para serem reconhecidos precisa de judicialização.
PL 612/11 de autoria da senadora Marta Suplicy recebeu parecer favorável da CCJ e agora segue para análise na Câmara dos Deputados.
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Relações de parentesco
A cf/88 veio extirpando o velho conceito para um mais justo e moderno, trazendo princípios que tornaram mais igualitários os direitos antes restritos a apenas certa classe considerada pela lei.
Casamento e sua prole x relacionamentos extraconjungais
no art. 227, §6º CF/88 a relação entre os filhos e seu pai da seguinte forma 
§ 6º Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação.
Nas palavras de Cristiano Chaves de Farias e Nelson Rosenvald:
O parentesco, dessa maneira, tem de se modelar a uma nova feição da família, decorrente da normatividade garantista e solidária constitucional, abandonando a interconexão implicacional com o matrimônio e a feição hierarquizada e patriarcal para ser compreendido, em larga escala, como um vínculo predestinado a afirmação de valores constitucionais contemplados na tábua axiomática.
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Preciso abandonar preconceitos.
O parentesco, dessa maneira, tem de se modelar a uma nova feição da família, decorrente da normatividade garantista e solidária constitucional, abandonando a interconexão implicacional com o matrimônio e a feição hierarquizada e patriarcal para ser compreendido, em larga escala, como um vínculo predestinado a afirmação de valores constitucionais.
Conceito de parente: Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald “Melhor, então, sustentar o parentesco como o vínculo, com diferentes origens, que atrela determinadas pessoas, implicando em efeitos jurídicos diversos entre as partes envolvidas”.
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Relações de parentesco
Relações de parentesco e família não se confundem.
Parentesco é a relação de vinculação existente entre indivíduos que descendem uns dos outros ou de um tronco comum, bem como entre um cônjuge e os parentes do outro consorte, além de entre adotante e adotado.
Ademais, adota-se um conceito de parentesco baseado na afetividade entre pessoas integrantes do mesmo grupo familiar, seja pela ascendência, descendência ou colateralidade, independentemente da natureza (natural, civil ou por afinidade).
diferenciação entre os conceitos de parentesco e de família, posto que os cônjuges e os companheiros podem ser considerados uma família, mas não são parentes entre si.
há diferentes espécies de parentesco. De acordo com a natureza, podem ser natural (vínculo consanguíneo + adotivo); civil (vínculo jurídico decorrente da socioafetividade) ou por afinidade (liame jurídico que se estabelece entre cada cônjuge ou companheiro e os parentes do outro).
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  classificação do parentesco quanto a linhas, pode ser tanto em linha reta, relacionados verticalmente, ou seja, descendem um do outro, por consanguinidade, sem limitação de grau (art. 1.591, do novel Código Civil); como em linha colateral (ou transversal), que inclui pessoas oriundas do mesmo tronco, mas não descendem umas das outras (art. 1.592, do Código Civil).
Ademais, a linha é a vinculação de alguém a um tronco ancestral comum. Desse modo, são parentes em linha reta os indivíduos ligados uns aos outros por um vínculo de ascendência e descendência. Por seu turno, são parentes em linha colateral aquelas pessoas oriundas de um tronco comum, que não são descendentes umas das outras. O parentesco em linha transversal não é infinito, pois o ordenamento jurídico brasileiro limita até o quarto grau.
Graus: o parentesco pode ser definido pelo número de gerações, sendo necessário encontrar o ascendente comum para buscar o parente que se quer verificar o grau.
Linha reta
Se mede por linhas e graus:
Neste prisma, pode-se ilustrar em figura simples a seguinte designação para o parentesco em linha reta a partir do filho para o avô:
Ascendente
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Avô
2º grau
Pai
1º grau
filho
Colateral
De outro modo, é possível ilustrar em figura o parentesco em linha colateral da seguinte forma:
<número>
Filho
Pai
1º grau
Tio
3º grau
Avô
2º grau
Das Relações de Parentesco
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Das Relações de Parentesco
estaca-se que o Código Civil de 2002 apenas prevê as duas primeiras espécies de parentesco (natural ou civil). Todavia, com a expressão “outra origem”, possibilita uma interpretação extensiva.
Art. 1.591. São parentes em linha reta as pessoas que estão umas para com as outras na relação de ascendentes e descendentes.
Art. 1.592. São parentes em linha colateral ou transversal, até o quarto grau, as pessoas provenientes de um só tronco, sem descenderem uma da outra.
Art. 1.593. O parentesco é natural ou civil, conforme resulte de consanguinidade ou outra origem. (adoção/afinidade)
Art. 1.594. Contam-se, na linha reta, os graus de parentesco pelo número de gerações, e, na colateral, também pelo número delas, subindo de um dos parentes até ao ascendente comum, e descendo até encontrar o outro parente.
Art. 1.595. Cada cônjuge ou companheiro é aliado aos parentes do outro pelo vínculo da afinidade.
§ 1o O parentesco por afinidade limita-se aos ascendentes, aos descendentes e aos irmãos do cônjuge ou companheiro. (2º grau)
§ 2o Na linha reta, a afinidade não se extingue com a dissolução do casamento ou da união estável.     
<número>
Efeitos jurídicos
designar qual o grau de parentesco entre as pessoas da mesma família trará diversos reflexos no campo jurídico por força do vínculo entre elas direitos (herança), obrigações (cuidado) e restrições (impedimentos).
Efeitos jurídicos: algumas restrições visando evitar o favorecimento pessoal advindo da intimidade existente entre os parentes.  
No prisma do Direito das Famílias: impedimentos matrimoniais
 o poder familiar e gera o dever de prestar alimentos e no âmbito sucessório confere o direito à herança. É possível falar-se em guarda e visita entre parentes, conforme § único do art. 1.589 cc/02 (avós).
Processo Civil pode levar o magistrado à suspeição quando existente algum vínculo parental com uma das partes da relação processual ou com os respectivos advogados, conforme art. 144 do CPC. Também no mesmo código, a morte do cônjuge, companheiro ou parceiro homoafetivo, por analogia, ou qualquer parente do réu, impede que se proceda à sua citação nos sete dias seguintes. Além disso, não podem os cônjuges e os parentes em geral servir como testemunhas, a favor ou contra um outro parente (art. 447, § 2º, i CPC).
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Art. 447.  Podem depor como testemunhas todas as pessoas, exceto as incapazes, impedidas ou suspeitas.
[...]
§ 2o São impedidos:
I - o cônjuge, o companheiro, o ascendente e o descendente em qualquer grau e o colateral, até o terceiro grau, de alguma das partes, por consanguinidade ou afinidade, salvo se o exigir o interesse público ou, tratando-se de causa relativa ao estado da pessoa, não se puder obter de outro modo a prova que o juiz repute necessária ao julgamento do mérito;
No Direito Eleitoral, o parente pode gerar inelegibilidade eleitoral (art. 14, § 7º, CF). No Direito Administrativo impede o nepotismo.
Parentesco por afinidade
Parentesco por afinidade é aquele adquirido em virtude de casamento ou união estável ou união homoafetiva. produz diversos efeitos, como impedimentos para o casamento. Uma vez unidos pelo casamento, por exemplo, os ascendentes e descendentes do cônjuges passam a ser também ascendentes e descendentes do outro cônjuge e a contagem é feita de forma normal. Assim como se faz a contagem até sua própria mãe, faz-se com sua sogra, enteado, etc. Passa a ser também considerado parente por afinidade o cunhado, como se fossem irmãos do próprio cônjuge.
Os efeitos do parentesco por afinidade são eternos em caso da sogra, sogro, enteados, pois impedem o casamento mesmo após o fim do relacionamento de ambos. O parentesco com o cunhado cessa com o rompimento do relacionamento ou com a morte de um dos cônjuges. Conta-se o parentesco por afinidade em linha colateral até o 2º grau apenas.
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Obrigação Alimentar
arts. 1.694 e 1697cc/02, a obrigação alimentícia é prioritariamente aos ascendentes e descendentes e, na falta destes aos irmão. Ou seja, aos parentes de até 2º grau na linha colateral.
Art. 1.694. Podem os parentes, os cônjuges ou companheiros pedir uns aos outros os alimentos de que necessitem para viver de modo compatível com a sua condição social, inclusive para atender às necessidades de sua educação.
Art. 1.697. Na falta dos ascendentes cabe a obrigação aos descendentes, guardada a ordem de sucessão e, faltando estes, aos irmãos, assim germanos (mesmo pai e mãe)como unilaterais.
Mesmo na linha colateral, em face desta expressa disposição legal, não é possível reclamar alimentos dos parentes consanguíneos depois do segundo grau, ou seja do tio, sobrinho, primo, etc. Identicamente, veda a obrigação ao parentesco por afinidade. Equivalendo dizer que estão excluídos da obrigação de prestar alimentos a sogra, sogro e o genro, nora, os cunhados e o padrasto, madrasta e o enteado, etc.
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Maria Berenice
Dias, parece ser dissonante não caber a estes parentes a obrigação alimentícia, merecendo reparos. Em primeira vista não parece justo a estes autores que no direito sucessório (art. 1839) tenham direito os parentes de até o 4º grau arrecadar herança deixada pelo seu parente. Parece justo a afirmativa de que quem leva o bônus, tem o ônus.
Em seguida parece dissonante o princípio da solidariedade familiar, pois são unidos, além de tudo pela solidariedade. Não seria solidário, portanto, um parente precisar de ajuda em momentos de necessidade e um parente, ligado pelo princípio da solidariedade, não o ajudar. Seria, nas palavras de Cristiano Chaves e Nelson Rosenvald “admitir um parentesco sem solidariedade”.
É possível também, apoiado pelo princípio constitucional da solidariedade familiar e social requerer alimentos dos parentes por afinidade também, de acordo com o entendimento de Maria Berenice Dias. Inclusive já existe precedente legal quanto a prestação de alimentos por parentes por afinidade
(processo 2012.073740-3 no TJ de Santa Catarina, 2ª Câmara de Direito Civil, Comarca de São José) onde dá à requerente, enteada, o direito a receber alimentos de seu padrasto, não obstando o fato de já receber auxílio de seu genitor.
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Adoção póstuma
No recurso especial, mp afirmou que a adoção póstuma (ajuizada por uma pessoa em nome de outra, que já morreu) só pode ser deferida na hipótese prevista no artigo 42, parágrafo 60, do ECA. Além disso, alegou violação do artigo 42, parágrafo 2º, do ECA, segundo o qual, "para a adoção póstuma, é indispensável que os adotantes sejam casados civilmente ou mantenham união estável, comprovada a estabilidade da família".
Segundo a ministra Nancy Andrighi, relatora do recurso especial, o artigo 42, parágrafo 6º, da Lei 8.069 (ECA), possibilita que a adoção póstuma seja requerida caso o adotante tenha morrido no curso do procedimento de adoção e seja comprovado que este manifestou em vida seu desejo de adotar, de forma inequívoca. Para as adoções post mortem se aplicam, como comprovação da inequívoca vontade do falecido em adotar, "as mesmas regras que comprovam a filiação socioafetiva: o tratamento do menor como se filho fosse e o conhecimento público dessa condição".
De acordo com a ministra Nancy, a inequívoca manifestação de vontade é condição indispensável para a concessão da adoção póstuma, "figurando o procedimento judicial de adoção apenas como a concretização formal do desejo de adotar, já consolidado e exteriorizado pelo adotante". Ela explicou que, no caso relatado, a adoção se confunde com o reconhecimento de filiação socioafetiva preexistente, que foi construída pelo adotante falecido desde quando o adotado tinha quatro anos de idade.
Casamento
Casamento – Código civil não conceitua família nem casamento.
Maria Berenice: Casamento tanto significa ato de celebração como relação jurídica que origina a relação matrimonial. O sentido da relação matrimonial melhor se expressa pela noção de comunhão de vidas, ou comunhão de afetos. Plena comunhão de vida.
A sociedade conjugal gera dois vínculos:
1)    Vinculo conjugal
2)    Vinculo de parentesco por afinidade
Altera estado civil – serve para dar publicidade da condição pessoal e patrimonial perante terceiros.
Antes do casamento os noivos podem escolher o regime de casamento através do pacto antenupcial (art. 1.639, cc/02)
Art. 1.639. É lícito aos nubentes, antes de celebrado o casamento, estipular, quanto aos seus bens, o que lhes aprouver.
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O regime escolhido terá efeitos durante e após dissolução do casamento.
Posso alterar o regime de casamento durante o casmento? (art. 1.639, paragrafo 2)
§ 2o É admissível alteração do regime de bens, mediante autorização judicial em pedido motivado de ambos os cônjuges, apurada a procedência das razões invocadas e ressalvados os direitos de terceiros.
Seja qual for o regime de bens um cônjuge pode doar bens para o outro, mas implica em adiantamento da legitima (art. 544, cc/02)
Art. 544. A doação de ascendentes a descendentes, ou de um cônjuge a outro, importa adiantamento do que lhes cabe por herança.
Natureza jurídica
natureza jurídica do matrimônio - 3 correntes: a contratualista, a institucionalista e a eclética ou mista.
1) Contratualista: o casamento tem natureza contratual, sendo um contrato sui generis, segundo o qual, as partes possuem direitos e obrigações.
2) Institucionalista: o casamento como instituição social, formada pela família e com papel na sociedade em que está inserido.
3) Eclética: é uma mistura de ambas as teorias, de forma que o casamento possui natureza contratual por produzir efeitos entre as partes, possuir forma e ser solene. Contudo, também é uma instituição, pelo caráter público e pelo papel social da família inserida na sociedade.
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Características
a lei fala em casamento entre homem e mulher, tanto que um dos pressupostos de existência daquele é a diferença de sexos. Contudo, felizmente, esse conceito tem sido mitigado.
Art. 1.565. Pelo casamento, homem e mulher assumem mutuamente a condição de consortes, companheiros e responsáveis pelos encargos da família.
Com a ADI 4277 e a ADPF 132, a união estável entre pessoas do mesmo sexo, foi reconhecida.
Apesar da uniformidade na jurisprudência, o casamento homoafetivo não encontra amparo legal expresso, mas fundamenta-se no princípio da dignidade da pessoa humana.
Logo, negar o casamento aos homossexuais, é negar-lhes direito a sexualidade, o que é imanente do ser humano.
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CASAMENTO como:
1) ato complexo (produz efeitos)
2) solene 
3) público 
4) entre duas pessoas sem impedimento entre si e para o ato, 
5) a fim de juntas formarem uma família, 
6) Que é a base da sociedade 
7) primeiro agente socializador do indivíduo, 
8) Razão pela qual merece especial proteção do Estado.
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