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petição aula 6

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EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA ... VARA CÍVEL DA COMARCA DE SÃO PAULO DO ESTADO DE SÃO PAULO.
CARLOS, brasileiro, solteiro, aposentado, portador do RG nº..., inscrito no CPF nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na rua..., nº..., bairro..., CEP..., cidade de São Paulo, estado de São Paulo, por intermédio de seu advogado legalmente constituído conforme instrumento procuratório em anexo, com endereço profissional..., endereço eletrônico..., endereço que indica para fins do artigo 106 do CPC, vem a este juízo propor:
AÇÃO DE REVOGAÇÃO DE DOAÇÃO POR INEXECUÇÃO DE ENCARGO,
pelo rito COMUM, em face de MARCELA, brasileira, solteira, empresária, portadora do RG nº..., inscrito no CPF nº..., endereço eletrônico..., residente e domiciliado na rua..., nº..., bairro..., CEP..., cidade de São Paulo, estado de São Paulo, pelas razões de fato e de direito que passa a expor.
I- DOS FATOS
O autor possui saúde muito fragilizada e, preocupado com o seu futuro e de sua grande companheira, sua cadela da raça Yorkshire, Nina, resolveu fazer um contrato de doação de um de seus imóveis localizado na cidade de Taubaté, São Paulo, no valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), para sua sobrinha Marcela, Ré na presente demanda.
 O contrato foi assinado, em 20 de julho de 2013, e a única exigência do autor, foi que para que a doação se concretizasse, a Ré deveria, pelo período de 3 (três) anos (a contar da celebração do contrato) comparecer na residência do doador, três vezes por semana, para organizar a rotina da casa, dar as ordens para a empregada e a cuidadora, verificar as necessidades para as compras da semana e levar a cadela Nina ao pet shop para o banho semanal.
No momento da celebração do contrato de doação, a Ré concordou com todas as exigências feitas pelo doador. Acontece que somente nos dois meses seguintes, a Ré compareceu na residência do doador para realizar seus encargos assumidos quando da doação.
Passados quase sete meses da celebração do contrato, a Ré permaneceu inerte, embora formalmente e judicialmente notificada de que não estava descumprindo seu encargo. 
Portanto, diante do exposto fica evidente que a Ré agiu de má fé ao aceitar a doação, com encargo, e não cumprir com a obrigação que havia admitido.
II- DOS FUNDAMENTOS JURÍDICOS
A narrativa dos fatos demonstra que o Autor, ao doar seu imóvel, avaliado em R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), para a Ré, vislumbrava ter uma vida mais tranquila. Para tanto, através de um ato de mera liberalidade, requisitou apenas que a Ré cumprisse algumas tarefas pelo período de três anos.
 Tais reivindicações são legalmente exigíveis, conforme prescreve o Art. 553 do Código Civil “O donatário é obrigado a cumprir os encargos da doação, caso forem a benefício do doador, de terceiro, ou do interesse geral”.
No entanto, embora o autor tenha realizado o negócio jurídico com diminuição do seu patrimônio, a Ré, de má fé, aceitou a doação e se eximiu de cumprir o encargo, caracterizando seu enriquecimento sem causa, conforme preceitua o art. 884 e 885 do Código Civil:
 Art. 884. Aquele que, sem justa causa, se enriquecer à custa de outrem, será obrigado a resetituir o indevidamente auferido, feita a atualização dos valores monetários.
Parágrafo único. Se o enriquecimento tiver por objeto coisa determinada, quem a recebeu é obrigado a restituí-la, e, se a coisa não mais subsistir, a restituição se fará pelo valor do bem na época em que foi exigido.
Art. 885. A restituição é devida, não só quando não tenha havido causa que justifique o enriquecimento, mas também se esta deixou de existir.
O referido contrato de doação, efetuado pelo autor, está alicerçado em sua mera liberalidade; no entanto, esse ato pode ser revogado, uma vez que ficou evidenciado que a Ré não cumpriu com seu encargo. Dessa forma, o pedido de revogação encontra -se legalmente amparado pela norma civil transcrita nos artigos:
Art. 555. A doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo.
Art. 562. A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora. Não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumido.
Ressalta-se que a incumbência da Ré constava da celebração do contrato, porém, ainda assim, a Ré foi formalmente e judicialmente notificada de sua mora; contudo, manteve-se inerte demonstrando seu descaso com as necessidades do autor e com o descumprimento do que havia pactuado. 
Por conseguinte, é juridicamente exigível que a doação seja anulada; afinal, já se passaram sete meses da celebração do contrato, podendo a Ré desfrutar do imóvel, fruto da generosidade do autor, sem o cumprimento de suas obrigações. A Doutrina ratifica esse entendimento, como demonstra Silvio de Santos Venosa:
A doação onerosa pode ser revogada por inexecução do encargo, se o donatário incorrer em mora; não havendo prazo para o cumprimento, o doador poderá notificar judicialmente o donatário, assinando-lhe prazo razoável para que cumpra a obrigação assumida (VENOSA, Direito Civil: Teoria Geral das Obrigações e Teoria Geral dos Contratos, Atlas, 2004, p. 129).
Corroborando com o pensamento doutrinário e com ordenamento jurídico apresentado, o Tribunal de Justiça do Paraná apresentou o seguinte entendimento em julgado de apelação:
APELAÇÃO CÍVEL. DEMANDA DE REVOGAÇÃO DE DOAÇÃO. DONATIONE SUB MODO. INEXECUÇÃO DO ENCARGO. PROVA PRESENTE NOS AUTOS SUFICIENTE A DEMONSTRAR O DESCUMPRIMENTO DESDE O PRIMEIRO MÊS. APLICAÇÃO DO PARÁGRAFO ÚNICO DA CLÁUSULA 8ª DA AVENÇA. DEVOLUÇÃO DO VALOR DOADO. ART. 555 DO CÓDIGO CIVIL. ÔNUS SUCUMBENCIAIS. REDISTRIBUIÇÃO. HONORÁRIOS ADVOCATÍCIOS EM FAVOR DO PATRONO DA AUTORA. APELO PROVIDO. 1.A doação com encargo, modal ou onerosa (donatione sub modo), consoante dispõe o art. 553 do Código Civil, é o negócio jurídico que se singulariza na incumbência cometida ao donatário pelo doador, em favor deste, de terceiro ou no interesse geral. 2.Consoante o art. 555 do Código Civil, "a doação pode ser revogada por ingratidão do donatário, ou por inexecução do encargo".
(TJ-PR - AC: 4229867 PR 0422986-7, Relator: José Mauricio Pinto de Almeida, Data de Julgamento: 04/12/2007, 7ª Câmara Cível, Data de Publicação: DJ: 7535)
Assim, conclui-se que o autor tem completo respaldo legal em seu pleito, uma vez que ficou demostrado que a Ré, embora notificada, não desempenhou o encargo proveniente do contrato de doação celebrado com o autor. Portanto pede-se a resposta positiva do juízo para os pedidos expostos. 
III- DOS PEDIDOS
Diante do exposto, vem requerer a Vossa Excelência:
1 – a citação da Ré para comparecer à audiência de conciliação designada ou, querendo, apresentar contestação, sob pena de revelia.
2 – seja realizada a audiência de conciliação ou mediação, nos termos do artigo 334 do CPC;
3 – A averbação no registro de imóvel, na margem da matrícula do imóvel, possibilitando que terceiros tenham ciência do presente litígio;
5 – que seja julgado procedente o pedido de revogação da doação do imóvel do autor, no valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais), por inexecução do encargo pela parte Ré; retornando, portanto, as partes ao status quo ante;
6 – que a Ré seja condenado ao pagamento das despesas processuais e honorários advocatícios. 
IV- DAS PROVAS
Requer a produção de todas as provas em direito admitidas, na amplitude dos artigos 369 e seguintes do CPC, em especial documental, testemunhal, pericial e depoimento pessoal da Ré.
V- DO VALOR DA CAUSA
Dá-se à causa o valor de R$ 350.000,00 (trezentos e cinquenta mil reais);
	Nestes termos pede deferimento.
Vitória, 29 de setembro de 2016.
ADVOGADO....
OAB/UF nº ...

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