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1. Descrever as fases do trabalho de parto, citando as intervenções médicas em cada período. 2. Caracterizar o partograma, sua importância e aplicação no seguimento da parturiente. 3. Caracterizar parto eutócico e distócico (complicações para o concepto), citando as principais causas para a indicação de cirurgia cesárea. 4. Descrever a fisiopatologia e a epidemiologia do diabetes gestacional, citando as suas possíveis complicações para a gestante, o concepto e a puérpera. 5. Caracterizar as políticas públicas voltadas para a grávida, promoção do parto humanizado e citar as causas de índices de cesáreas elevadas no nosso meio. 1- Descrever as fases do trabalho de parto, citando as intervenções médicas em cada período. feto é o móvel ou objeto, que percorre o trajeto (bacia), impulsionado por um motor (contração uterina).O O estudo da me , analisa os movimentos da cabeça, sob ação das contrações uterinas, a cânica do parto transitar pelo desfiladeiro pelvigenital. O trajeto, ou canal da parturição, estende-se do útero à fenda vulvar. No seu transcurso através do canal parturitivo, impulsionado pela contratilidade uterina e pelos músculos da parede abdominal, o feto é compelido a executar certo número de movimentos, denominados mecanismo do parto. São movimentos puramente passivos, e procuram adaptar o feto às exiguidades e às diferenças de forma do canal. Com esses movimentos, os diâmetros fetais se reduzem e se acomodam aos pélvicos. MECANISMO DO PARTO FISIOLÓGICO: APRESENTAÇÃO CEFÁLICA FLETIDA EM BACIA GINECOIDE É a passagem da maior circunferência da apresentação através do anel do estreito superior. PONTO MAIS BAIXO DA APRESENTAÇÃO À ALTURA DAS ESPINHAS CIÁTICAS (PLANO “O” DE DELEE). Para que se processe a insinuação, é necessário haver redução dos diâmetros da cabeça, o que será obtido pela orientação de diâmetros e por flexão. Reduzindo os seus diâmetros, pelos movimentos apontados, a cabeça fetal transpõe o estreito superior da bacia. A insinuação ocorre por dois processos diferentes: •INSINUAÇÃO ESTÁTICA, processada na gravidez, em mais de 50% das primigestas. Flexão por aconchego no segmento inferior e na descida, conjuntamente com o útero, por tração dos ligamentos sustentadores do órgão e pressão das paredes abdominais. A insinuação estática é considerada prognóstico favorável para o parto. •INSINUAÇÃO DINÂMICA, que surge no fim da dilatação cervical ou no início do período expulsivo nas multíparas. Flexão por contato com o estreito superior da bacia e descida à custa das contrações expulsivas. A descida, na realidade, ocorre desde o início do trabalho de parto e só termina com a expulsão total do feto. Completando a insinuação, a cabeça migra até as proximidades do assoalho pélvico, onde começa o cotovelo do canal. Durante esse mecanismo do parto, o movimento da cabeça é turbinal: à medida que o polo cefálico roda, vai progredindo no seu trajeto descendente. É a penetração rotativa. Rotação interna da cabeça. Com a rotação interna, o feto é impulsionado e roda a cabeça de modo a colocar a linha de orientação (sutura sagital) no sentido anteroposterior da pelve e colocar o ponto de referência fetal de encontro ao subpube. Ao forçar a distensão do assoalho pélvico, a cabeça fetal desliza nas paredes laterais (planos inclinados) e roda para acomodar seus maiores diâmetros aos mais amplos da fenda vulvar. Insinuação das espáduas. (Região do corpo humano que corresponde ao ombro) Simultaneamente com a rotação interna da cabeça, e com sua progressão no canal, verifica-se penetração das espáduas através do estreito superior da bacia. O diâmetro biacromial, que mede 12 cm, é incompatível com os diâmetros do estreito superior, porém, no período expulsivo, sofre redução apreciável porque os ombros se aconchegam, forçados pela constrição do canal, e se orienta no sentido de um dos diâmetros oblíquos ou do transverso daquele estreito. À medida que a cabeça progride, as espáduas descem até o assoalho pélvico. - A cabeça encontra-se no estreito inferior e visível no introito vulvar. Terminado o movimento de rotação, o suboccipital coloca-se sob a arcada púbica; a sutura sagital orienta-se em sentido anteroposterior. O desprendimento ocorre por movimento de deflexão. A nuca do feto apoia-se na arcada púbica e a cabeça oscila em torno desse ponto, em um movimento de bisagra(fechadura). Com o maior diâmetro do ovoide cefálico (occipitomentoniano) continuando orientado no sentido do eixo do canal, a passagem da cabeça através do anel vulvar deve ser feita pelos diâmetros anteroposteriores, de menores dimensões originados do suboccipital. Rotação externa da cabeça. Imediatamente após desvencilhar-se, livre agora no exterior, a cabeça sofre novo e ligeiro movimento de flexão, pelo seu próprio peso, e executa rotação de 1/4 a 1/8 de circunferência, voltando o occipital para o lado onde se encontrava na bacia. É um movimento simultâneo à rotação interna das espáduas, por ela causado, e conhecido como restituição (faz restituir o occipital à orientação primitiva). Rotação interna das espáduas. Desde sua passagem pelo estreito superior da bacia, as espáduas estão com o biacromial orientado no sentido do oblíquo direito ou do transverso da bacia. Ao chegarem ao assoalho pélvico, e por motivos idênticos aos que causaram a rotação interna da cabeça, as espáduas também sofrem movimento de rotação, até orientarem o biacromial na direção anteroposterior da saída do canal. O ombro anterior coloca-se sobre a arcada púbica; o posterior, em relação com o assoalho pélvico, impelindo para trás o cóccix materno. ▶ Desprendimento das espáduas. Nessa altura, tendo o feto os braços cruzados para diante do tórax, a espádua anterior transpõe a arcada púbica e aparece através do orifício vulvar, onde ainda se encontra parcialmente recoberta pelas partes moles. Para libertar o ombro posterior, e tendo de acompanhar a curvatura do canal, o tronco sofre movimento de flexão lateral, pois o facilimum de flexão desse segmento é no sentido lateral do corpo. Continuando a progredir em direção à saída, com o tronco fletido lateralmente, desprende-se a espádua posterior. O restante do feto não oferece resistência para o nascimento, embora possa obedecer ao mesmo mecanismo dos primeiros segmentos fetais. MECANISMOS DO PARTO INSINUAÇÃO: Passagem do maior diâmetro transverso da apresentação fetal pelo estreito superior da pelve materna. Flexão: reduz o diâmetroda apresentação ( occipito frontal 12 cm substituído pelo suboccicipitobregmático 9,5 cm). Insinuação estática: Flexão, por aconchego, no segmento inferior e descida, conjuntamente com o útero, por tração dos ligamentos sustentadores do órgão e pressão das paredes abdominais. Insinuação dinâmica: Flexão por contato com o estreito superior da bacia e descida a custa das contrações expulsivas. Surge no fim da dilatação cervical ou no início do período expulsivo, nas multíparas. DESCIDA: Penetração rotativa. Rotação interna da cabeça: Uma vez que a extremidade cefálica distenda e dilate em conjunto com o músculo-aponeurótico que compõe o diafragma pélvico, a cabeça sofre movimento de rotação que levará a sutura sagital a se orientar no sentido antero- posterior da saída do canal. Insinuação das espáduas: Acontece simultaneamente com a rotação interna da cabeça, e a sua progressão do canal, através do estreito superior da bacia. A medida que a cabeça progride, as espáduas descem até o assoalho pélvico. DESPRENDIMENTO: A cabeça encontra-se no estreito inferior e visível no introito vulvar. Rotação externada cabeça: a cabeça sofre novo e ligeiro movimento de flexão, pelo seu próprio peso, e executa rotação de 1/4 a 1/8 de circunferência, voltando o occipital para o lado onde se encontrava na bacia. Rotação interna das espáduas: Ao chegarem ao assoalho pélvico, e por motivos idênticos aos que causaram a rotação interna da cabeça, as espáduas também sofrem movimento de rotação, até orientarem o biacromial na direção anteroposterior da saída do canal. O ombro anterior coloca-se sobre a arcada púbica; o posterior, em relação com o assoalho pélvico, impelindo para trás o cóccix materno. Desprendimento das espáduas: Para libertar o ombro posterior, e tendo de acompanhar a curvatura do canal, o tronco sofre movimento de flexão lateral, pois o facilimum de flexão desse segmento é no sentido lateral do corpo. Continuando a progredir em direção à saída, com o tronco fletido lateralmente, desprende-se a espádua posterior. Clinicamente, o estudo do parto analisa três fases principais (dilatação, expulsão e secundamento). Tende-se a considerar um quarto período, que compreenderia a primeira hora após a saída da placenta, pelo fato de ser uma fase de riscos iminentes. ESSES EPISÓDIOS CONSTITUEM OS FENÔMENOS PASSIVOS DO PARTO, QUE SE COMPLETAM COM A ANÁLISE DOS MOVIMENTOS EXECUTADOS PELO FETO, NA SUA PENETRAÇÃO ROTATIVA PELO CANAL PARTURITIVO, IMPULSIONADO PELAS CONTRAÇÕES UTERINAS (MECANISMO DO PARTO). . A fase de dilatação ou primeiro período do parto tem início com as contrações uterinas rítmicas, que começam por modificar ativamente a cérvice, e terminam quando a sua ampliação está completa (10 cm). O colo dilata-se graças ao efeito de tração das fibras longitudinais do corpo, que se encurta durante as contrações uterinas, e a outros fatores convergentes (bolsa das águas e apresentação). O primeiro período consiste em uma fase latente e uma fase ativa, sendo a fase latente caracterizada por dilatação cervical gradual e a fase ativa por dilatação cervical rápida. A curva de trabalho de parto em multíparas tende a mostrar um ponto de inflexão por volta dos 5 cm de dilatação, sendo esse ponto quase sempre não caracterizado ou ausente em primíparas. Quando presente, ocorre com dilatação cervical mais avançada e sempre é, em qualquer situação, diagnóstico retrospectivo. Durante o primeiro período o diafragma cervicossegmentário abre-se e forma-se o canal do parto, isto é, a continuidade do trajeto uterovaginal, com dois fenômenos predominantes: o apagamento do colo, ou desaparecimento do espaço cervical, com a incorporação dele à cavidade uterina; e a dilatação da cérvice. Ao fim desse processo, as suas bordas limitantes ficam reduzidas a simples relevos, aplicados às paredes vaginais. O apagamento e a dilatação são, portanto, fenômenos distintos, que, nas primíparas, se processam nessa ordem sucessiva . Nas multíparas, eles ocorrem simultaneamente: o colo se desmancha em sincronismo com a dilatação. O orifício externo do colo vai se ampliando, pouco e pouco, de modo a criar o espaço onde se coleta o líquido amniótico, tumefazendo as membranas ovulares (âmnio e cório), descoladas do istmo. O polo inferior do ovo constitui a bolsa das águas, que se insinua, a princípio, pelo orifício interno do colo, a cujos lábios transmite a onda contratural, e mantém-se tensa no momento da contração, relaxando-se nos intervalos. Ao iniciar-se o primeiro período, a bolsa passa a ter contato cada vez mais direto com a cérvice, e, à semelhança de um cone, se interpõe entre as bordas da cérvice. A ruptura espontânea da bolsa das águas (amniorrexe), com evasão parcial do conteúdo líquido do ovo, dá- se, em 80% dos casos, no fim da dilatação ou no início da expulsão. Inicia-se quando a dilatação está completa e se encerra com a saída do feto. Caracteriza-se pela associação sincrônica das metrossístoles (contrações uterinas), da força contrátil do diafragma e da parede abdominal, cujas formações musculoaponeuróticas, ao se retesarem, formam uma cinta muscular poderosa que comprime o útero de cima para baixo e da frente para trás. No curso do segundo período, ocorre a sucessão das contrações uterinas, cada vez mais intensas e frequentes, com intervalos progressivamente menores, até adquirirem o aspecto subintrante de cinco contrações a cada 10 min. Por efeito das metrossístoles, o feto é propelido pelo canal do parto, franqueia o colo dilatado, e passa a distender lenta e progressivamente a parede inferior do diafragma vulvoperineal depois de palmilhar a vagina. Desce a apresentação pelo canal do parto, cumprindo os tempos preliminares do mecanismo de expulsão; passa a pressionar o períneo, que se deixa distender, encosta-se às paredes do reto, elimina-lhe ocasionalmente o conteúdo e turgesce o ânus. A vulva entreabre-se, dilata-se lentamente, e se deixa penetrar pela apresentação, coifada ou não; ao fim desse processo de duração variável, dependendo da condição da mãe e do concepto, o feto liberta-se do corpo materno, ao qual fica ligado unicamente pelo cordão umbilical. Dá-se a eliminação do líquido amniótico remanescente na cavidade uterina, mesclado a uma pequena quantidade de sangue, oriunda das soluções de continuidade havidas. Secundamento ou terceiro período do parto, também chamado decedura e delivramento, é o estágio da parturição que se processa após o nascimento do concepto, e se caracteriza por descolamento (dequitação ou dequitadura), descida e expulsão ou desprendimento da placenta e de suas páreas para fora das vias genitais. Quando as três fases que o constituem se processam de modo regular, seu mecanismo é bem típico. O secundamento constitui-se de três tempos fundamentais, descritos a seguir. . Decorre, essencialmente, da retração do músculo uterino após o nascimento do concepto, e em consequência de suas contrações. Assim, reduz-se de modo acentuado a superfície interna do útero, pregueando-se a zona de inserção da placenta, o que ocasiona o seu descolamento (Figura 20.20). A placenta descola-se da mesma maneira que se destacaria um selo colado em uma superfície elástica, previamente distendida, quando se retraísse. O descolamento da placenta ocorre de acordo com dois tipos de mecanismos: (1) mecanismo de Baudelocque-Schultze; (2) mecanismo de Baudelocque-Duncan. O mecanismo de Baudelocque-Schultze, cuja frequência é de 75%, ocorre quando a placenta inserida na parte superior do útero inverte-se e desprende-se pela face fetal, em forma de guarda-chuva (Figura 20.21). Nesse caso, o hematoma retroplacentário inicia-se no centro da inserção e fica prisioneiro da massa placentária, a explicar sua saída posterior. No mecanismo de Baudelocque-Duncan (25% dos casos), se a placenta estiver localizada na parede lateral do útero, a desinserção começa pela borda inferior. Aqui o sangue se exterioriza antes da placenta, que, por deslizamento, se apresenta ao colo pela borda ou pela face materna (Figura 20.22) É também chamado de período de Greenberg, que considera a primeira hora após a saída da placenta um momento tão importante que lhe reserva uma das fases do parto, devido aos riscos de hemorragia e ao descuido quase universal daqueles que acompanham as puérperas. O quarto período tem fases típicas que o caracterizam, descritas a seguir. •Miotamponagem: imediatamente após a expulsão da placenta, o útero se contrai e é palpável um pouco abaixo do umbigo. A retração inicial determina a ligadura viva dos vasos uterinos, o que constitui a primeira linha de defesa contra a hemorragia. •Trombotamponagem: é a formação de trombos nos grandes vasos uteroplacentários, constituindo hematoma intrauterinoque recobre, de modo contínuo, a ferida aberta no local placentário. Esses trombos são aderentes, porque os coágulos continuam com os mencionados trombos dos grandes vasos sanguíneos uteroplacentários. Os coágulos enchem a cavidade uterina, à medida que a matriz gradualmente se relaxa e atinge, ao fim de uma hora, o nível do umbigo. Tal é a segunda linha de defesa contra a hemorragia, quando o estágio de contração fixa do útero ainda não foi alcançado. A contração do miométrio e a pressão do trombo determinam o equilíbrio miotrombótico. •Indiferença miouterina: o útero torna-se apático e, do ponto de vista dinâmico, apresenta fases de contração e de relaxamento, com o perigo de encher-se progressivamente de sangue. Quanto maior a paridade ou mais prolongados os três primeiros estágios da parturição, maior tende a ser o tempo de indiferença miouterina. O mesmo ocorreria após partos excessivamente rápidos, polidrâmnio, gravidez múltipla e nascimento de conceptos macrossômicos, à conta da excessiva distensão da matriz. •Contração uterina fixa: normalmente, decorrida 1 h, o útero adquire maior tônus e assim se mantém. FASES DO TRABALHO DE PARTO 1º PERÍODO – Dilatação. É o intervalo desde o início do trabalho de parto até a dilatação completa. Contrações uterinas dolorosas, modificação ativa da cérvice, ampliação completa da cérvice, abertura do diafragma, formação do canal de parto e ruptura da bolsa – amniotomia. 2º PERÍODO – Expulsão. Descida da apresentação e expulsão do feto. Dilatação se completa, contrações mais frequentes e intensas, sístole involuntária do útero, contração voluntária da prensa abdominal, expulsão do feto, retração do útero e relaxamento da mulher. 3º PERÍODO – Secundamento. Período de tempo entre a expulsão do feto e a saída da placenta e das membranas ovulares. Descolamento, descida e expulsão da placenta. 4º PERÍODO – 1ª hora após a saída da placenta. Miotamponagem Trombotamponagem Indiferença miouterina Contração uetrina fixa O diagnóstico do início real do parto nem sempre é de fácil estabelecimento. O exato momento em que se iniciam contrações regulares e efetivas pode não ser identificado, e as contrações do início do trabalho de parto podem ser menos frequentes e pouco dolorosas e, da mesma maneira, o ponto em que a dilatação cervical se inicia em resposta a essas contrações pode não ser determinado. Não há evidências científicas corroborando quando se inicia o trabalho de parto, que há de ser considerado como síndrome: os elementos que a compõem não têm, isoladamente, valor absoluto; é somente o conjunto deles que aumenta a acurácia. A imprecisão no diagnóstico e a confusão com o falso trabalho de parto podem acarretar internamento precoce e seus efeitos deletérios (cascata de intervenções). Diante da dificuldade de estabelecer exatamente quando é deflagrado o trabalho de parto, a diretriz do Institute for Clinical Systems Improvement (ICSI) de 2013 considera que, de modo esquemático, podem ser adotados os parâmetros descritos a seguir. • Ocorrência de contrações uterinas espontâneas e rítmicas (pelo menos duas em 15 min), associadas a, pelo menos, dois dos seguintes sinais: ◑ Apagamento cervical ◑ Colo dilatado para 3 cm ou mais ◑ Ruptura espontânea da bolsa das águas.
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