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ARTIGO MODELO ABANDONO AFETIVO E SUA REPARAÇÃO NAS RELAÇÕES DE FAMÍLIA KELLI

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ABANDONO AFETIVO E A PATERNIDADE RESPONSÁVEL
Edineide de Melo Batista
RESUMO: Por meio da presente pesquisa bibliográfica e legislativa, busca-se demonstrar que a incidência relativos ao abandono afetivo, num contexto bem atual, e que alcançam aquelas lesões ocorridas no âmbito das relações familiares. Essa evidência é destacada, sobretudo, mediante um confronto entre, a doutrina e a jurisprudência, de onde se obtém que se revelam inúmeras as situações em que se afigura presente a possibilidade de aplicação da teoria da responsabilidade civil às relações familiares, tal como prevê a legislação vigente no país. As principais hipóteses em que a incidência do abandono afetivo têm ocorrido com mais freqüência dos pais para com os filhos, de modo que propicie a devida reparação defendida no presente artigo.
Palavras-chave: Abandono Afetivo. Paternidade Responsável. Compensação.
ABSTRACT: Through the present bibliographical and legislative, it is tried to demonstrate that the incidence related to affective abandonment, in a very current context, and that reaches those injuries occurred within the scope of family relations. This evidence is highlighted, above all by a comparison between the doctrine and the case-law, from which it can be seen that there are innumerable situations in which the possibility of application of the theory of civil liability to family relations appears, as foreseen by legislation in force in the country. The main hypotheses in which the incidence of affective abandonment has occurred more frequently from parents to their children, so as to provide the proper reparation advocated in this article.
Key-words: Affective Abandonment. Responsible Parenting. Compensation.
INTRODUÇÃO
Sempre se questionou a possibilidade de serem aplicadas as regras gerais da responsabilidade civil às ações danosas ocorridas quanto ao abandono afetivo nas relações familiares entre pais e filhos. Entretanto, a doutrina e jurisprudência vêm pontificado no sentido de que essa responsabilização dos pais não deve sofrer maiores obstáculos para a reparação civil por danos ocorridos no âmbito das famílias, de ordem moral.
A indenização por danos morais no âmbito do abandono afetivo, desde alguns anos tem gerado controvérsias no ordenamento jurídico brasileiro, uma preocupação no que se refere ao Direito de família. O tema desta monografia estuda a responsabilização dos pais pelo inadimplemento do dever de cuidado imposto pela lei buscando ensejar a construção e a possibilidade de se obter a tutela jurisdicional do Estado em favor do lesado, condenando ao autor da lesão, ressarcir aquele que sofreu o prejuízo. 
1 - Contadora, Concluinte do Curso de Direito na UNIFACEX. E-mail: edineide_melo_batista@hotmail.com
A escolha do tema baseia-se na ausência do dever de cuidado dos pais para com os filhos, um tema que vem provocando inúmeras discursões no meio jurídico e nos tribunais e também um tema destacado em inúmeras monografias, sob vários aspectos.
Por meio de um estudo interdisciplinar que percorre as áreas de Direito Civil e Direito de Família e o direito constitucional, busca-se propor por uma visão ampla, notadamente quanto a responsabilidade civil no âmbito do abandono afetivo e da paternidade responsável.
Será apresentada na introdução, o tema, a delimitação do tema, os objetivos gerais e específicos, o problema, as variáveis de metodologia, com método de abordagem teórica (legislativa, bibliográfica e jurisprudencial).
O objetivo geral deste trabalho é em seu desenvolvimento tratar especificamente de uma situação onde ocorrendo o abandono afetivo, surge o dever de indenização, estabelecendo confronto entre a legislação, doutrina no ordenamento civil brasileiro com a orientação jurisprudencial.
Como objetivos específicos serão apresentados e abordando a responsabilidade dos pais diante do abandono afetivo e da paternidade responsável, pontificando os princípios gerais do direito de família aplicáveis ao dano oriundo das relações familiares pela negligencia do dever de cuidado, apontar as diversas situações que podem gerar danos no ambiente familiar e mais especificamente na relação dos pais para com os filhos.
O presente trabalho tratará das questões relacionadas ao abandono afetivo dos pais para com os filhos, que mesmo sendo alvo de decisões reiterada e doutrina dominante à vista do caso concreto, mesmo assim, permanece controversa a possibilidade de indenização por dano moral decorrente do abandono afetivo e pela falta do dever de cuidado nas relações entre pais e filhos.
Diante das perplexidades que ainda possam ser suscitadas frente a determinados casos concretos, justifica-se uma incursão no campo da doutrina e da jurisprudência pertinente, de modo a demonstrar como esta questão vem sendo tratada, nos tribunais superiores.
Dar-se-á, no presente trabalho, uma atenção especial à aplicabilidade dos preceitos da responsabilidade civil no abandono afetivo nas relações familiares, diante do princípio de que havendo ação lesiva, praticada pelos pais contra o filho(a), com a ocorrência comprovada do dano, surge o direito do ofendido à reparação, tal como ocorre nas demais relações jurídicas.
Concluindo-se pela aplicação das regras gerais da responsabilidade civil, também buscar-se-á apontar algumas hipóteses em que as reparações pelos danos morais dos pais para com os filhos pelo abandono afetivo se fazem cabíveis, mesmo com atenção para questões controvertidas perante os doutos juízes como, por exemplo, da ausência fixa da quantificação da compensação pelo dano moral causado.
2 ASPECTOS GERAIS ACERCA DO ABANDONO AFETIVO
2.1 DEFINIÇÃO DO ABANDONO AFETIVO FRENTE AO ORDENAMENTO JURÍDICO BRASILEIRO
A palavra “abandono” tem sua origem no verbo abandonar que significa desprezar, deixar de lado, de modo que a ideia do abandono afetivo decorre da lesão a moral sofrida pelo filho(a). 
Pode-se considerar, portanto, o dano como a lesão sofrida por uma pessoa contra sua vontade, provocada pelo genitor e sendo prejudicial ao bem maior que é a vida ou ao interesse na vida social e moral.
Abandonar é entendido pela doutrina e pelos tribunais, que enseja deixar os filhos, sem assistência de fato que confirma o descumprimento do dever do cuidado, que é garantira obrigacional e fundamental. E assim, os filhos, sofrem violação e que isso afeta significativamente a esfera íntima de sua vida, causando danos à personalidade. E a conduta adotada pelos pais, pode sujeitar à responsabilidade civil. (TRINDADE, 2010, p. 347)
O abandono afetivo, também conhecido por teoria do desamor, faz parte da pauta atual de discussão na doutrina, tanto entre os doutrinadores de Direito de família como entre os estudiosos da responsabilidade civil, e tem galgado relevo na jurisprudência pátria. 
Mas, não obstante assinalar constata-se que a evolução do instituto da responsabilidade civil foi demorada e gradativa, saindo da pena de Talião até chegar na Teoria do Risco, mas incessantemente com a finalidade de extirpar injustiças e permitir o adimplemento de indenização à vítima. O dano anteriormente limitado à esfera material, atualmente alcança prejuízo extrapatrimonial. Essa mudança adveio, essencialmente, em razão da previsão do princípio da dignidade da pessoa humana, tutelando interesses nas famílias e bens jurídicos antes nem mesmo cogitados pelo Estado. (DINIZ, 2008, p. 10)
Ocorre que nem todo dano é compensável ou reparável. Para que ocorra dano indenizável é necessária a caracterização do abandono afetivo, propiciado aos filhos pelos pais, concernente a um prejuízo imposto contra a vontade daquele que sofre o abandono (DIAS, 2010, p. 412).
Com base na doutrina brasileira, o jurista, Charles Bicca defende com entusiasmo a ideia de que nosso ordenamento jurídico sempre foi silencioso à aplicação das regras relativas à abandono afetivo no âmbito das relações familiares,sobretudo quando do rompimento do vínculo conjugal entre as famílias. (BICCA, 2015, p.184)
Esse ponto de vista não era unanimemente aceito pela doutrina e pela jurisprudência em anos passados, até que começaram a aparecer os primeiros apoios a sua tese, difundida por alguns autores e entendimento dos tribunais. 
Ocorre que a consolidação da reparação do dano pela Constituição de 1988, bem como as modificações introduzidas pelo Código Civil de 2002, sugerem uma nova reflexão sobre essa questão do abandono afetivo de forma a se definir e acentuar essa referência legislativa. (BRASIL, 2002)
Como se sabe, a reparação do dano pelo abandono afetivo tem provocado inúmeras controvérsias, seja quanto a sua efetividade, seja no que tange a sua quantificação. Diante desse contexto, o abandono ocorrido no âmbito das relações familiares, como não poderia deixar de ser, enfrentam essas e outras dúvidas susceptíveis de análise e aprofundamento teórico. 
Veja-se, a propósito, o que diz Aline Biasuz a esse respeito:
A valorização do afeto no cenário jurídico e a responsabilidade decorrente do abandono afetivo dos pais perante seus filhos, que procura analisar sob a ótica do novo conceito do direito das famílias, a ampliação dos seus valores e dos critérios da responsabilidade civil através do instituto. Pode-se interpretar que o afeto faz parte do dever jurídico de cuidado, criação e educação que devem ser dispensados à prole. Nesse sentido a autora pretende mostrar sinalizadores que apontam para a observância dos requisitos necessários para a aferição da aplicação nas situações concretas de abandono afetivo. (BIASSUZ, 2012, p. 200). 
O dano moral, é ele conceituado como tudo aquilo que molesta a personalidade humana, ferindo-lhe gravemente os valores fundamentais inerentes ao âmago ou reconhecidos pela sociedade em que está integrado. 
Como assinala Carlos Roberto Gonsalves:
Dano moral é o que atinge o ofendido como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome, etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação (GONCALVES, 2009, p.359).
No mesmo sentido, posiciona-se Cezar Fiuza ao afirmar que 
Deveres são, sem dúvida o de cuidado, amparar, educar, impor limites. São deveres decorrentes do princípio da parentalidade responsável, não necessariamente de afeto. Poderia haver indenização por a falta a esses deveres? Bem, em tese, demonstrada a culpa pelos pais, o dano sofrido pelo filho e o nexo causal entre uma e outra, efetivamente caberia indenização. Demonstrada a culpa dos pais, o dano é decorrência necessária, in re ipsa. Não se pode admitir, como dissemos acima, a reprodução da vida real num conto de Cinderela. ( FIUZA, 2014, p.1209)
Ademais, é plausível a mudança de paradigmas no mundo do direito das famílias ora existente e percebido nos dias atuais, e, ainda mais, em observância dos preceitos do mínimo existencial ao bem estar social que é garantido pela constituição Federal de 1988. (BRASIL,1988)
2.2 NATUREZA JURÍDICA DO DANO MORAL NO ABANDONO AFETIVO
Há controvérsias a respeito da natureza jurídica do dano moral. Alguns autores vislumbram apenas o caráter punitivo, enquanto outros, afirmam que essa unicidade não alcança o verdadeiro fundamento da reparação do dano moral.
Tem prevalecido, no âmbito dessa discussão, o entendimento de que a reparação pecuniária do dano moral tem duplo caráter: compensatório para a vítima e punitivo para o ofensor. Ao mesmo tempo que serve de consolo, de uma espécie de compensação para atenuar o sofrimento havido, atua como sanção ao lesante, como fator de desistímulo, a fim de que não volte a praticar atos lesivos à personalidade de outrem. E em saber que reparar o abandono afetivo jamais se cogita no âmbito das relações familiares concernente aos pais.
Complemente-se, com o pensamento de Maria Helena Diniz que:
a) Punitiva ou penal, é a reparação que se constitui uma sanção imposta ao ofensor, visando a diminuição do seu patrimônio, pela indenização paga ao ofendido, visto que o bem jurídico da pessoa – integridade física, moral e intelectual – não poderá ser violado impunemente, subtraindo-se o seu ofensor às conseqüências de seu ato por não serem reparáveis;
b) Satisfatória ou compensatória, é aquela reparação pecuniária que visa proporcionar ao prejudicado uma satisfação que atenue a ofensa causada. Não se trata de uma indenização de sua dor, da perda de sua tranqüilidade ou prazer de viver, mas uma compensação pelo dano e injustiça, pois o ofendido poderá, com a soma de dinheiro recebida, procurar atender as suas satisfações materiais, atenuando assim, em parte, o seu sofrimento ( DINIZ,1996, p. 248).
Como se vê, não há que se falar em pagamento de um valor correspectivo ao prejuízo causado, por não ser o dano moral passível de avaliação no sentido estrito. Noutras palavras, a sanção do dano moral não se resolve numa indenização propriamente dita, já que indenização significa eliminação do prejuízo e das suas conseqüências, o que não é possível quando se trata de dano extrapatrimonial. 
Neste sentido, posiciona-se Maria Berenice Dias ao afirmar:
É difícil vencer a controvérsia sobre a responsabilidade civil por ato praticado no âmbito do direito das famílias, uma vez que a resposta deve levar em linha de conta inúmeros fatores de ordem jurídica e até moral, cabe ao juiz ponderar os valores éticos em conflito. ( DIAS, 2010, p.122).
Dessa forma, podemos concluir que a reparação do dano moral não possui apenas natureza penal, visto que envolve uma satisfação à vítima, representando uma compensação diante da dificuldade de se estabelecer perfeita equivalência entre o dano e o ressarcimento. A reparação pecuniária do dano moral constitui-se, assim, um misto de pena e de satisfação compensatória.
Neste mesmo sentido, acrescenta a professora Regina Beatriz dos Santos: 
A indenização por dano patrimonial recompõe o patrimônio do lesado, e a indenização por dano moral compensa o sofrimento da vítima ou a perda sofrida, atenuando as conseqüências da lesão. Ao lado do caráter compensatório, a indenização por dano moral tem caráter punitivo, de modo a evitar novas práticas lesivas (...) (SANTOS, 1999, p. 151).
2.3 PODER FAMILIAR E A RESPONSABILIDADE DOS PAIS 
Poder familiar é o antigo pátrio poder termo que remonta ao direito romano e indicava poder absoluto ao pai sobre a pessoa dos filhos que era assegurado pelo Código Civil de 1916, e somente em caso de impedimento ou na falta do pai, exercia a mulher poder familiar sobre os filhos independentemente da idade dos filhos. O Estatuto da Mulher Casada (4.112/62), alterou o código civil de 1916, e com louvor assegurou o pátrio poder aos pais, que era exercido pelo marido com a cooperação do pai. Podendo a mãe buscar na justiça no que lhe faltasse a assistência dos filhos, porém, com a Carta magna de 1988 foi assegurado ao homem e a mulher tratamento igual (CF 5º,I), o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), tornou as características preponderantemente voltada a a proteção dos filhos com mais deveres e obrigações dos pais para com os filhos no que nos dias atuais sobrepõe a proteção integral dos filhos. (DIAS, 2010, 416-417)
Aline Biassuz no mesmo entendimento:
O poder familiar é sempre trazido como exemplo da noção de poder-função ou direito-dever, consagradora da teoria funcionalista das normas de direito das famílias: poder que é exercido pelos genitores, mas que serve ao interesse do filho. O poder familiar é irrenunciável, intransferível, inalienável, imprescritível e decorre tanto da paternidade natural, como da filiação legal e da socioafetiva, a obrigação que lhe fluem são personalíssimas. O princípio da proteção integral de crianças e adolescentes acabou por emprestar nova configuração ao poder familiar.(BIASSUZ, 2012, p. 200)
Já no entendimento de Maria Helena Diniz, o poder familiar possui características que o definem: 
O poder familiar constitui um múnus público, isto é, uma espécie de função correspondente a um cargo privado, sendo o poder familiar um direito-função e um poder-dever é irrenunciável, pois os pais não podem abrir mão dele; é inalienável ou indisponível, no sentido de que não pode ser transferido pelos pais a outrem, a título gratuito ou oneroso, salvo caso de delegação do poder familiar, desejado pelos pais ou responsáveis para prevenir a ocorrência de situação irregular do menor,...é imprescindível já que dele não decaem os genitores pelo simples fato de deixarem de exercê-lo, sendo que somente poderão perdê-lo nos casos previsto em lei; é incompatível com a tutela, não podendo nomear tutor a menor cujo pai ou a mãe não foi suspenso ou destituído do poder familiar; conserva, ainda, a natureza de uma relação de autoridade por haver vinculo de subordinação entre pais e filhos, pois os genitores têm poder de mando e a prole o dever de obediência.(DINIZ, 2008, p. 239). 
Como se vê, o entendimento esposado por esses mestres, sugere redobrada visão sob a ótica de que o instituto da filiação passou por imensa transformação e valorizou o exercício do poder familiar e a paternidade responsável, considerando que a doutrina e a jurisprudências dos tribunais vem pontificando várias modificações no campo da teoria da responsabilidade civil frente a falta do dever de cuidado dos pais, basta ver que toda a matéria do direito de família foi sistematizada em títulos específicos, desdobrado em capítulos que disciplina cada instituto relacionados as famílias. Nisso tudo, está a fundamentação segura que apoia as famílias diante do não cumprimento dos deveres e obrigações inerentes aos filhos.
3 PRINCÍPIOS GERAIS DA FAMÍLIA E SUA APLICAÇÃO NAS RELAÇÕES FAMILIARES ENTRE PAIS E FILHOS
 
Os princípios gerais da família trouxeram profundas transformações no direito, e por seus valores tornaram-se imprescindíveis para aproximação de um ideal de justiça no direito de Família. Tais princípios, e maiormente o princípio da dignidade da pessoa humana como já mencionado anteriormente, é fundamento do Estado democrático de Direito, que impuseram uma releitura e análise dos institutos do direito de família, fortalecendo às relações familiares, com igualdade de ânimo e em conformidade com a nova realidade social. Violar um princípio é muito mais grave que transgredir implica ofensa não apenas a um princípio, mas a uma norma. (DIAS, 2010, p. 57).
O princípio da dignidade da pessoa humana, consagrada como base do Ordenamento Jurídico, vincula todos os institutos à realização da personalidade da pessoa humana. No âmbito da família, impõe aos seus membros o dever de respeito e consideração, permitindo assim uma existência pautada pela dignidade e comunhão de vida. (DIAS, 2010, p. 58). 
O princípio da igualdade entre os filhos com o consequente tratamento unitário, e igualitário entre eles, e, não mais ensejando em relação aos filhos qualquer modo de diferenciação, ou discriminação como ocorria em um pretérito não muito distante. Esta proteção e este reconhecimento legal da igualdade entre os filhos em nosso País, nascidos ou não do casamento ou provenientes de adoção, protege os direitos destes citados filhos no que se refere ao direito à liberdade de participar de uma vida familiar, a ser criado e educado no seio da sua família, sendo assegurado qualquer assistência material ou assistencial, e até mesmo direito constitucional sucessório, entre outros direitos. (DIAS, 2010, p. 71)
O princípio da igualdade e respeito à diferença, da mesma forma consagrado pelo texto Constitucional, provocou uma revolução nas relações familiares. Estabeleceu-se que homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, e que os direitos e deveres da sociedade conjugal serão exercidos igualmente por ambos. Afasta-se assim, vestígios de um período discriminatório e declara-se o declínio do patriarcalismo. Relativamente aos filhos, aboliu-se a discriminação entre os mesmos, assegurando-se a estes direitos iguais, independentemente de sua origem. O sistema jurídico assegura tratamento igualitário a todos sem distinção alguma no âmbito social e moral, pois está ligada a ideia de justiça formal, consistindo em conceder aos seres humanos e especificamente as famílias tratamento sem desigualdades, exatamente porque aspira-se à igualdade material precisamente por existirem diferentes tratamentos desiguais. (FIUZA, 2014, 457).
O princípio da liberdade que correlaciona com o principio da igualdade tem como finalidade organizar e limitar as liberdades, com o intuito de garantir a liberdade individual. No entanto só haverá liberdade, se houver igualdade de condições proporcionalmente, inexistindo o pressuposto da igualdade floresce na relação familiar a possibilidade de desigualdade para um convívio com novas estruturas e respeito aos direitos fundamentais constitucionais de primeira geração.(DIAS, 2010, p.64)
O princípio do pluralismo não existia, nas codificações anteriores, e somente o casamento merecia reconhecimento e proteção do Estado. Sendo os demais vínculos recriminados e condenados à indivisibilidade, daí veio o reconhecimento da existência de diversas possibilidades de concretização de famílias e infelizmente nisso tudo, eram encontrado anteriormente amparo somente no direito obrigacional, sendo reconhecidas como sociedade de fato, de modo que outras entidades familiares como uniões estáveis paralelas, uniões homoafetivas, dentre outras, eram preconceituosamente antes chamadas de concubinato adulterino, excluindo totalmente entidades que se compõem a partir de vínculos afetivos e que geram comprometimento mútuo e matrimonial, a legislação antiga era conivente com a injustiça no seio família.(DIAS, 2010, p. 67).
Do princípio da solidariedade, consagra que cada membro da família deve amparar os demais conformes suas condições e deve ser invocado em diversas situações pertinentes as famílias no âmbito social e individual nas relações adversas em relação ao convívio moral devendo-se ao pluralismo de que gozam as famílias por meio de vínculos de afeto que é a sua origem. (DIAS, 2010, p.). 
Basta atentar que, os pais devem assistência aos filhos sem qualquer fundo discriminatório, devendo portar com exímio zelo na educação, saúde, lazer em toda a sua vida e disso resulta a reciprocidade entre pais e filhos. Assim sendo, finalmente cabe ao estado o dever do cuidado e de garantir com, num comando do Estado Social, absoluta prioridade a proteção aos cidadãos numa ordem constitucional. (DIAS, 2010, p. 69).
Do princípio da proibição do retrocesso social, a Constituição Federal, trouxe diretrizes do Direito das famílias garantindo especial proteção, a saber: conforme os princípios mencionados anteriormente, que essas normas servem de obstáculo a que se operem retrocessos sociais, o que configuraria um verdadeiro desrespeito às normas constitucionais. (DIAS, 2010, 69)
É princípio implícito na Carta de 1988, o da afetividade que trouxe uma visão renovada sobre o instituto do Direito de Família. Sobressaltando o um rol de direitos individuais e coletivos, como forma de garantir o mínimo existencial as famílias, com o intuito maior de assegurar o reconhecimento do afeto e cuidado com os filhos nas relações familiares, visto que, o princípio da afetividade faz despontar com veemência a igualdade e o respeito aos direitos fundamentais inserido no texto constitucional de primeira e segunda dimensão. (DIAS, 2010, p. 70)
No mesmo entendimento de acordo com Maria Berenice Dias afirma:
Que é no âmbito das relações afetivas que se estrutura a personalidade humana. É a efetividade, e não a vontade o elemento constitutivo dos vínculos interpessoais: o afeto entre as pessoas organiza e orienta o seu desenvolvimento. A busca da felicidade, ensejam o reconhecimento do afeto comoúnico modo eficaz, de definição da família e de preservação da vida. Esse, dos novos vértices sociais, é o mais inovador. (DIAS, 2010 p. 55).
 
O princípio da afetividade está estampado na Constituição Federal prevê, o reconhecimento da comunidade composta pelos pais e seus ascendentes, incluindo-se aí os filhos adotivos, como sendo uma entidade familiar constitucionalmente protegida, da mesma forma que a família matrimonializada; o direito à convivência familiar como prioridade absoluta da criança e do adolescente; o instituto jurídico da adoção, como escolha afetiva, vedando qualquer tipo de discriminação a essa espécie de filiação; e a igualdade absoluta de direitos entre os filhos, independentemente de sua origem .�
Notando-se, que a evolução das famílias depende da transformação da sociedade, que desponta novos modelos de família, com mais consciência de igualdade e valorizando as funções afetivas entre os membros da família e aos filhos mais assistência dos pais voltadas a realizar interesses existenciais da família. (DIAS, 2010, p. 70)
Nas palavras de Maria Berenice Dias:
O princípio jurídico da efetividade faz desapontar a igualdade entre a filiação biológica e adotivos e o respeito aos seus fundamentos. O sentimento de solidariedade recíproca não pode perturbado pela preponderância de interesses patrimoniais. É o salto á frente da pessoa humana nas relações familiares. (DIAS,2010, p. 71).
Portanto, e não menos importante, os princípios assegurados a criança e ao adolescente no seio familiar: o da convivência familiar e do melhor interesse da criança vieram assegurar com firmeza a proteção integral aos filhos, pela vulnerabilidade e na condição de sujeito em desenvolvimento que necessita de maior atenção da família, se estendendo ao Estado e da sociedade. (BRASIL, 2016). 
O fato é que, em face das exigências naturais da vida em sociedade, diante de uma ação ou omissão lesiva a interesse moral dos filhos abandonados pelos pais, surge a necessidade de reparação dos danos acarretados aos mesmos, porque cabe ao direito preservar a integridade moral nas relações familiares dos pais para com os filhos, a fim de que se restabeleça e firme o equilíbrio pessoal e social. Esse interesse em restabelecer o equilíbrio violado pelo dano afetivo dos pais é a fonte maior do instituto da responsabilidade civil.
3.2 DEVER DE CONVIVÊNCIA E DO AFETO DOS PAIS PARA COM OS FILHOS
Numa tentativa de conceituação do valor dos filhos, o poder familiar reflete o encargo imposto aos pais do Direito-dever, assim consagrada nas normas do direito das famílias, que no Código de 1916 consagrava o poder familiar apenas ao marido, surgindo movimentos feministas permitindo que as vicissitudes por que passou a família repercutiram no seu conteúdo. Quanto maiores foram a desigualdade, a hierarquização e a supressão de direitos entre os membros da família, tanto maior foi o pátrio poder e o poder marital. A emancipação da mulher e o tratamento legal isonômico dos filhos é que limitaram o poder patriarcal. (DINIZ, 2013, p. 416).
Assim, quando se trata do instituto da responsabilidade civil, nas relações entre pais e filhos, devem ser analisados os pressupostos como parâmetro pra configuração de uma reparação civil, por ser critérios estabelecidos na legislação civil vigente em caráter objetivo para dizer-se comprovadamente que houve o abandono afetivo, evitando assim, além do mais, que alguém enriqueça ilicitamente, ou seja, que não haja e nem prevaleça o artigo (884 CC) um enriquecimento sem causa, como consequência da litigância de má-fé pela propositura inócua em causa processual, prevista no Código de Processo civil de 2015 dispõe in verbis (DIDIER, CPC/2015).
Art. 17. Reputa-se litigante de má-fé aquele que: (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 27.3.1980) I - deduzir pretensão ou defesa contra texto expresso de lei ou fato incontroverso; (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 27.3.1980) II - alterar a verdade dos fatos; (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 27.3.1980) III - usar do processo para conseguir objetivo ilegal; (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 27.3.1980) IV - opuser resistência injustificada ao andamento do processo; (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 27.3.1980) V - proceder de modo temerário em qualquer incidente ou ato do processo; (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 27.3.1980) Vl - provocar incidentes manifestamente infundados. (Redação dada pela Lei nº 6.771, de 27.3.1980). (BRASIL, 2016).
Entretanto é, necessário o cuidado e a prudência do pedido na exordial, evitando assim, transtornos diversos e desrespeito ao princípio da celeridade processual com o acúmulo de processos inócuos e que transforma o Judiciário num instrumento tão-somente de papéis sem fundamentos e longe dos valores de ordem moral, disfarçado sob o manto da necessidade de punir a falta de assistência moral ao filho. Mas não se pode ser covarde e não correr atrás do prejuízo, apenas é preciso coragem para inibir papéis de irresponsabilidade moral entre pais e filhos. (FIUZA, 2014, P. 1154).
4 CONSEQUÊNCIAS PSICOLÓGICAS DO ABANDONO AFETIVO
Partindo do pressuposto que o dano nas relações familiares e mais como estudado durante todo esse trabalho representa um equivalente ao prejuízo moral aos filhos, como um núcleo desarmônico entre pais e filhos no sentido de prejudicar toda a vida progressiva dos filhos. 
No entendimento de Jorge Trindade:
O sofrimento psíquico é a condição mais difícil e abstrata de ser concebida e, consequentemente, de ser mensurada. Até pouco tempo o direito preocupa-se essencialmente com questões patrimonialistas, relegando o sujeito a um plano secundário. Atualmente, o direito Civil encontra-se num processo de repersonalização ou despatrimonialização das suas relações jurídicas. Os institutos que regulam o direito civil, antes voltados para a satisfação dos interesses patrimoniais do indivíduo, passam a ter como finalidade a tutela humana. (TRINDADE, 2010, p. 469).
 
Nosso sistema jurídico brasileiro tem como primordial no direito de família, e isso é, do interesse de todos, o que implica dizer que: a convivência com os filhos não é direito, mas sim o dever, a obrigação dos pais. Isso porque, a falta de convívio e o distanciamento entre pais e filhos podem gerar dano de ordem física e moral, comprometendo o desenvolvimento salutar, pelo sentimento de abandono e ausência de cuidado e dor capaz de repercutir em toda sua vida. (BICCA, 2015, p. 07).
A jurisprudência que é fonte do direito, considerada como sistema aberto, dinâmico, que admite milhares de formas de interpretação conforme as circunstâncias e realimenta o sistema com novas regras e princípios o sistema, assim, estará em constante movimento, para adaptá-la a fatos nas famílias e ao momento presente. (FIUZA, 2014, p. 62-63)
Maria Berenice Dias define o dano afetivo como paternidade responsável: 
Não se podendo mais ignorar essa realidade, passou-se a falar em paternidade responsável. Assim, a convivência dos filhos com os pais não é direito, é dever. Não há direito de visita-lo, há obrigação de conviver em ele. O distanciamento entre pais e filhos produz sequelas de ordem emocional e pode comprometer o seu sadio desenvolvimento. O sentimento de dor e de abandono pode deixar reflexos permanentes em sua vida (DIAS, 2010 p. 452). 
 
 	E ainda nesse aspecto Maria Berenice Dias entende que: 
	
A grande evolução das ciências que estudam o psiquismo humano veio a escancarar a decisiva influência do contexto familiar para o desenvolvimento sadio. Comprovado que a falta de convívio pode gerar danos, a ponto de comprometer o desenvolvimento pleno e saudável do filho, a omissão gera dano afetivo susceptível de ser indenizado. A negligência justifica, inclusive, a perda do poder familiar (CC.1638, II). Porém, esta penalização não basta. Aliás, a decretação da perda do poder familiar, isoladamente, pode constituir-se não em uma pena, mas bonificação pelo abandono. (...) Alei obriga e responsabiliza os pais no que toca aos cuidados com os filhos. 
A ausência desses cuidados, o abandono moral, viola a integridade psicofísica dos filhos, bem como o princípio da solidariedade familiar, valores protegidos constitucionalmente. Esse tipo de violação configura dano moral. E quem causa dano é obrigado a indenizar. A indenização deve ser em valor suficiente para cobrir as despesas necessárias para que o filho possa amenizar as sequelas psicológicas. (DIAS, 2011, p. 70). 
É evidente se notar nas famílias que mudanças e valores tem ocorrido e a paternidade responsável tem sido alicerçada no descumprimento da obrigação, a responsabilização sendo os pais financeiramente, mesmo sabendo, que este, não é o caminho mais adequado para se construir um vínculo afetivo entre pais e filhos. O ideal é que os genitores convivam com os filhos não apenas por medo de futura condenação ao pagamento de indenização, em razão da exclusiva ação de seus pais, é imperioso que a justiça tenha o papel de compelir forçosamente o cumprimento dessa obrigação, mas não resolve o abandono dos para com os seus filhos. (DIAS, 2010, P. 462).
De fato, é impossível compelir aos pais que amem os filhos, embora sejam estes merecedores desse amor, pois vieram ao mundo porque foram nele colocados por seus pais. E se faltou observância do planejamento, entendeu o legislador que ninguém é obrigado ter filhos, como já mencionado (o planejamento familiar é de livre decisão do casal), assim, se por acaso os tiver deverá cumprir o seu dever de cuidado e fazê-lo responsavelmente, tomando para si e cumprindo os deveres próprios da relação paterno-filial, quais sejam os deveres de cuidado, a legislação vigente impõe o seu cumprimento. (DIAS, 2010, p. 119).
Por sua vez, os pais tem uma obrigação natural e necessária em relação aos filhos, sendo nos dias atuais já reconhecido como direito fundamental de crianças e adolescentes à convivência familiar e à assistência material e moral, acobertado pela proteção integral a criança ou ao adolescente, devendo ser mantida a comunicação e, levando em consideração que atualmente para que haja uma assistência aos filhos há meios de facilitação, podendo até mesmo ter como opção aproximar em época de férias e compensar as possíveis visitas limitadas devido as impossibilidades apresentadas por adversidades constantes. Contribuindo assim, para um desenvolvimento promissor e cumprimento do dever de cuidado. (DIAS, 2010, p 440).
A forte inclinação pacífica da jurisprudência e da doutrina de impor aos pais o dever de adimplir indenização aos filhos em decorrência da falta de convívio, mesmo quando atendido o pagamento de pensão alimentícia, ensejou significativa mudança não apenas nas decisões judiciais de um modo geral, mas, principalmente, nas relações paterno-filiais por abandono afetivo dos pais para com os filhos. 
No entanto, ainda nesse sentido, do princípio da afetividade é imposto pelo Estado a paternidade responsável conferiu maior relevância no reconhecimento jurisprudencial nas relações familiares, e mais especificamente destacado no prisma do abandono afetivo dos pais para com os filhos, nas relações do dever do cuidado e forte quanto ao posicionando legalização da união estável, para compatibilizar o afeto com firmeza perante a sua filiação, e isso, muito antes da adoção expressa pelo legislador, a jurisprudência já se dedicava ao tema do abandono afetivo nas relações paterno-filiais.(DIAS, 2010, p. 70).
Conforme ensina Álvaro de Azevedo: 
O reconhecimento jurisprudencial gradativo conferido às uniões estáveis de 1988 pode ser considerado uma das formas de reconhecimento jurídico de uma relação precipuamente afetiva, mesmo sem legislação expressa que a agasalhasse. Em que pese a timidez do trato e as críticas que atualmente podem ser expostas, é possível perceber que a jurisprudência passou a reconhecer de algum modo aquelas relações antes tidas como “invisíveis” ao direito. (AZEVEDO, 2011, p. 83).
Por fim, a omissão dos pais, isto é, a falta de convívio pode gerar sequelas inestimáveis de ordem emocional e reflexos no seu desenvolvimento e nisso, são os pais responsáveis pela ruptura do elo da paternidade responsável, que é intrínseco o dever de cuidar dos filhos, ainda que a falta de convívio não gere uma reparação, mas, a caracterização do dano pela falta de cumprimento da assistência aos filhos é, decorrente do poder familiar e cabe sim, uma responsabilização por via judicial, quando prejudicar a acriança, ao adolescente em toda a sua vida e comprovado este dano.(TRINDADE, 2010, p. 346).
5 CONCLUSÃO
O direto tem passado por uma evolução histórica ao longo dos anos, importa dizer que: controvérsias na área de convivência familiar, de tal forma que as relações dos pais para com filhos tem sido instrumento de polêmicas e controvérsias que ultrapassam os limites da coerência humana. É necessário entender que o abandono afetivo decorre do não cumprimento do dever de cuidado e da paternidade responsável dos pais para com os filhos, como obrigação e ocorre nas mais variadas situações no âmbito familiar, e independe da constância do relacionamento entre os pais, ou quando de sua ruptura. 
Esta monografia busca apresentar e estimular os operadores do direito, bem como a sociedade informações sobre a responsabilidade civil, no que tange à indenização no âmbito do abando afetivo e da paternidade responsável. Porém, o assunto tem entendimento reiterados de tribunais, mas não é entendimento pacifico no Brasil.
A realização do presente trabalho busca estudar o dever dos pais de cuidarem dos filhos e a valorização dos princípios gerais das famílias como entidade formadora de princípios e de personalidade, a obrigação dos pais por dano moral oriundo do abando afetivo paterno-filial que é preceito fundamental constitucional a assistência e do descumprimento aos pais do dever de cuidado para com os seus filhos.
Para o estudo desse tema, apresentamos evolução histórica da família por definições do tema em nosso ordenamento jurídico, comentários de juristas sobre este tipo de responsabilidade civil, bem como, demonstrando-se, portanto, a importância do poder familiar e do dever do cuidado e da proteção integral dos filhos nos dias atuais, e o reconhecimento dos traumas decorrentes do abandono afetivo. 
Assim, estimular a importância do dever de cuidado e à proteção integral da criança ou do adolescente, e até mesmo, dos filhos de um modo geral, inexistindo a não discriminação entre os filhos, que é mandamento fundamental e obrigatório do texto da Carta Magna de 1988, tudo isso, como garantia de igualdade dos filhos, havidos ou não do casamento.
Vale ressaltar que o estudo e interpretação das normas infraconstitucionais relativas ao direito de família contidos no Código Civil de 2002 e até mesmo por legislação esparsa devam ser operacionalizados pela aplicação de princípios e regras como derivação do princípio da Dignidade Humana, que se expressa em um dos artigos da Constituição Federal do Brasil de 1988 (art. 1°, III, resguarda o mais sublime e o mínimo existencial para os filhos de um modo geral.
São correntes diversas que defendem o abandono afetivo quando comprovado o dano, pela ausência do dever de cuidado dos pais, isto é, quando havendo em conta que a presença paterno-filial não está apenas numa mera ausência unicamente de um sentimento de afeto em sua forma de expressão cotidiana, ou até mesmo pelo suprimento bens materiais ou alimento, todavia, existe uma quantidade de pais que por mais que se façam presentes fisicamente, não cuidam, como é denominado, não dão afeto aos filhos, e assim, os maltratam e trazem sequelas para toda uma vida. 
Ademais, podemos dizer que os objetivos desta monografia foram atingidos e a problemática abordada, aliamos a corrente que existindo os pressupostos do abandono afetivo, diante da negligencia do dever de cuidado dos pais para com os filhos, e ainda estando presentes os requisitosnecessários à condição de ação, haverá sim, a necessidade do estado tutelar o direito demandado e apreciar conforme o caso concreto e condenar o ofensor a justa reparação civil, no âmbito das relações familiares, cabendo ao poder judiciário cumprir o seu papel e ao juiz, enquanto representante do estado, fixar a justa indenização.
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1 - Contadora, Concluinte do Curso de Direito na UNIFACEX. E-mail: edineide_melo_batista@hotmail.com
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