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ROTEIRO DE AULA 03 Profª. MV. Esp. Maiana Macedo Romeu TEMA: ENFERMIDADES DOS POTROS CONSIDERAÇÕES GERAIS Importância da nutrição da gestante no terço final: suplementação alimentar (concentrado e minerais / Ca:P). Piquetes-maternidade: seis semanas antes do parto (para ambientação e produção de colostro com anticorpos específicos aos antígenos do meio). Vacinação da égua: protocolo geral e protocolo da reprodução. Gestação: 330 a 340 dias. Ao nascer o potro deve levantar-se até 1 hora (rompendo o cordão umbilical) Intervenção humana, somente se houver necessidade. Desinfecção do umbigo: tintura de iodo a 10%. Eliminação da placenta: em média 1 hora após nascimento. Placenta retida: após 10 horas (30 a 60 UI de ocitocina diluída em 1 a 2 litros de soro fisiológico, IV). PARÂMETROS FISIOLÓGICO DOS POTROS: A temperatura normal do potro é de 37ºC logo após o nascimento e passa a 38 a 38,5ºC na próxima hora. Com relação à frequência respiratória ao nascimento são 60-70 movimentos por minutos, até doze horas os movimentos passam para 30-40 movimentos por minuto. A frequência cardíaca ao nascimento é de 60-80 batimentos por minutos, pode chegar a 140 batimentos por minutos com doze horas de vida e permanece em 120 batimentos por minuto com mais de doze horas de nascido. INGESTÃO DO COLOSTRO: 6 a 12 horas de vida (pico de absorção das imunoglobulinas - IgG); Após 12 horas (modificação das células epiteliais por células maduras e início da atividade enzimática); Em 24 horas (absorção de imunoglobulinas: menos que 1%). Colostro congelado: aquecer a 37°C, 1 a 1,5 litros, até 12 horas de vida, com mamadeira ou sonda nasogátrica fina. Plasma de sangue de doador compatível: 20ml/kg, IV. AMAMENTAÇÃO DO POTRO ÓRFÃO: Receita A 700 ml de leite de vaca 300 ml de água fervida 30 g lactose ou glicose 5 g carbonato de cálcio 1 gema de ovo. Receita B 1/3 de leite de vaca 1/3 de água fervida ou filtrada 1/3 de leite em pó ou mingau ralo de aveia 1 gema de ovo / litro 3 g lactose / litro 5 gotas de ácido cítrico Volume: total de 10% do PV do potro, a cada 2 horas, nos primeiros 5 dias. (ex. 60kg de PV). Após 2 semanas: socialização, capim e ração de potros. ICTERÍCIA HEMOLÍTICA DO NEONATO Processo de anemia hemolítica resultante da isoimunização da égua contra hemáceas do potro durante a gestação. Incompatibilidade sanguínea feto-mãe: o sistema imune da égua é ativado por antígenos provenientes das hemáceas do feto. Pode haver, passagem destes antígenos, através de lesões na placenta, no terço final da gestação. O potro nasce normal e mama o colostro rico em anti-hemáceas. SINTOMAS: 24 a 40 horas – apatia, fadiga, inapetência, taquipneia, taquicardia, conjuntivas pálidas a ictérica, hemoglobinúria. DIAGNÓSTICO: Teste de aglutinação (sangue do potro X soro da mãe ou colostro: diluição 1:8 = positivo). PROFILAXIA: Teste de aglutinação (sangue do pai X soro da mãe) – duas semanas antes do parto. TRATAMENTO: - substituição do colostro materno incompatível; - Transfusão de sangue (hematócrito: menor do que 18); - oxigenoterapia; - corticóide (dexametasona: 0,1 a 0,2 mg/kg); - anti-histamínico (prometazina: 0,25 mg/kg); - antibioticoterapia preventiva. MALFORMAÇÃO DO RETO E ÂNUS Afecção congênita. Imperfuração do orifício anal, oclusão da ampola retal. SINTOMAS: após 24h, abdome abaulado, desconforto abdominal, auto-intoxicação, taquipneia, taquicardia, congestão de conjuntivas e apatia. Em fêmeas: fístula reto-vaginal. DIAGNÓSTICO: ausência do orifício anal. TRATAMENTO: cirúrgico urgente. - na auto-intoxicação: - Solução de glicose 5%, 10 a 20 ml/kg (60 gotas/minuto); - Penicilina G Benzantina (10.000 a 20.000 UI) ou Terramicina (10mg/kg), IM. RETENÇÃO DE MECÔNIO fezes eliminadas na primeira defecação após o nascimento (até 12 horas). Causas da constipação: - demora na ingestão do colostro; - estreitamento da pélvis, nos machos; - ausência da abertura da ampola retal; - agenesia parcial do cólon maior ou menor. SINTOMAS: Desconforto abdominal; Inquietação; auto-intoxicação (conjuntiva congestas, taquipneia, taquicardia). TRATAMENTO: Laxantes (sonda nasogátrica): dioctil-sulfosuccinato de sódio ou óleo de ricínio e toque retal após 30 a 40 minutos. Enema (sonda de borracha flexível): glicerina líquida neutra (250ml) e água morna (250ml) ou solução de fosfato monossódico e fosfato dissódico (produto comercial) ou solução fisiológica. Cirúgico (laparotomia): após 6 a 12 horas de retenção. ONFALOFLEBITE Processo inflamatório do cordão umbilical, decorrente da falta de higiene. Infecção bacteriana local (tumefação quente e dolorosa); bacteremia; poliartrite. Aspecto da região umbilical: aumento de volume, frio, indolor, flutuante, conteúdo purulento. CORDÃO UMBILICAL: - úraco: comunica a bexiga fetal à cavidade alantóide; - 2 artérias: conectadas à artéria ilíaca interna; - 1 veia: interliga a placenta ao fígado. Infecção e inflamação hepática. TRATAMENTO: Cura do umbigo: tintura de iodo 2%. Drenagem da secreção. Penicilina G benzantina (30.000 UI/kg), 12-12h, IM, por 8 dias. Cirurgia: para retirada da cápsula fibrosa. Eutanásia: casos com comprometimento hepático. SEPTCEMIA DOS POTROS Causa comum de mortalidade em potros. Infecção de microorganismos na corrente sanguínea, determinando lesões generalizadas em todos os órgãos. CAUSAS: Problemas com a égua: placenta, infecção vaginal, cólica no terço final da gestação, endotoxemia, estados febris e perda de colostro antes do parto. Problemas com o parto: distocias e parto induzido. Problemas com o potro: reflexo de sucção deficiente, gestação prolongada, prematuridade, imaturidade e umbigo não desinfectado. Problemas ambientais: falta de higiene, pouca ventilação, superpopulação e contato com animais enfermos. Agentes patogênicos: Actinobacillus equuli (Shigella), Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Streptococcus spp., Enterobacter cloacae, Bacillus spp., Staphylococcus spp., Citrobabter spp., Salmonella spp., Rhodococcus equi, Pasteurella e Clostridium spp. Herpesvirus tipo1, Adenovírus e Rotavirus. Infecção inicia-se através do umbigo, trato respiratório, aparelho digestório ou placenta. Liberação de exotoxinas e endotoxinas, gerando toxemia severa, com danos vasculares e lesões viscerais irreversíveis. SINTOMAS: Início: anorexia ou desinteresse em mamar, debilidade geral, desidratação, febre ou hipotermia discreta. Evolução: quadros neurológicos (meningite: convulsão e coma); diarreia; pneumonia; osteomielite; artrite purulenta; onfaloflebite e uveíte. Sepsie: anorexia; debilidade; conjuntivas congestas; febre (41° a 42°C); taquipneia e taquicardia; decúbito; icterícia; desidratação (10%); convulsão; morte. DIAGNÓSTICO: clínico e laboratorial (hemocultura; urina; fezes; líquido sinovial; líquido cefalorraquidiano; exsudato abdominal e toráxico). TRATAMENTO (emergencial): Fluidoterapia: Ringer com Lactato e bicarbonato de sódio (controle da acidemia) – ex: 50kg x 70% PV = 35kg x 10% (desidratação) = 3,5 litros; Antibioticoterapia de amplo espectro: penicilina associada a aminoglicosídeo (por 8 a 15 dias); Transfusão de plasma: 20ml/kg (ou 1 litro para 45kg de PV); Corticóide: dexametasona (0,5 a 2 mg/kg, IV, dose únicacontra o choque séptico); Anticoagulante: heparina (40UI/kg, via subcutânea, 3 vezes ao dia); Anticonvulsivo: diazepínico (0,1 mg/kg, IV, 4-4h ou 6-6h); Alimentação (leite) / sonda nasogástrica: 10 a 20% do PV, 2-2h ou 4-4h. Antissepsia do umbigo e articulações fistuladas; Oxigenoterapia; Terapia intensiva. POLIARTRITE Infecção intra-articular, de caráter agudo, em potros com menos de 30 dias. Artrite séptica, secundária à: septicemia, pneumonia, onfaloflebite, diarreia (cursando com bacteremia), perfuração por corpos estranhos. Articulações mais acometidas: carpianas e tarsianas. DIAGNÓSTICO: clínico, hemograma, hemocultura, análise e cultivo do líquido sinovial, radiografia, ultrassonografia e artroscopia. LÍQUIDO SINOVIAL COMPROMETIDO: derrame sanguíneo ou aspecto turvo; fibrina em suspensão; presença de bactérias; proteína > 4g/dl; leucócitos > 10.000 com 70% de neutrófilos. CLASSIFICAÇÃO DA POLIARTRITE DOS POTROS: Tipo S: sinovite infecciosa. Tipo E: artrite séptica (região epfisária, cartilagem e osso subcondral). Tipo P: Infecção óssea (região metafisária). Tipo T: Infecção dos ossos do tarso e carpo, osteomielite neonatal, metáfise das costelas. TRATAMENTO: Lavagem articular (solução fisiológica ou ringer com: clorafenicol (2g) ou gentamicina (100 a 150mg); Infiltração de antibiótico intra-articular: (amicacina, 125mg, IA); Antibiótico sistêmico (amplo espectro): Penicilina (gram +), associada a aminoglicosídeo [(gram -) estreptomicina, neomicia, amicacina e gentamicina]; clorafenicol; cefalosporina, sulfa-trimetropim, etc. AINE: Flunixixin Meglumine (1,1 mg/kg, IV, 24-24h, por 3 a 5 dias). Hialuronato / Glicosaminogliganos: infiltração intra-articular. Antissepsia das feridas articulares: iodopovidine 2%; Curativo compressivo: com pomada antiinflamatória; Repouso (mínimo de 90 dias). PNEUMONIA (Rhodococcus equi) Alta morbidade e alta mortalidade (2° ao 6° mês de vida = declínio da imunidade passiva e desmana do potro). Broncopneumonia abscedante, lingangite, abcessos subcutâneos e no mesentério, diarreias, artrite séptica, osteomielite, polissinovite auto-imune, enterocolite. Infecção devido inalação ou por coprofagia. Infecção pulmonar pode ser superaguda: morte sem evidência dos sintomas. SINTOMAS: dispneia, dificuldade de mamar, debilidade, desorientação, febre (41°C), taquicardia, corrimento nasal bilateral mucopurulento, tosse profunda. Desconforto abdominal, intolerância ao exercício, efusão pleural, disseminação dos abcessos. DIAGNÓSTICO: epidemiológico e clínico. Auscultação: estertores, chiados, sibilos, estalos, roces ou áreas de sibilo. Laboratorial: leucocitose com neutrofilia e monocitose; fibrinogênio elevado. Radiografia: aumento difuso da densidade pulmonar, nodulações, lesões cavitárias de abscedação e linfoadenopatia traqueobronquial. Análise do lavado traqueobronquial ou bronquioalveolar. TRATAMENTO: Antibioticoterapia associada: eritromicina (25 a 30 mg/kg, 6-6h) e rifampicina (5 a 10mg/kg, 12-12h), ambas via oral. AINE: Flunixicin Meglumine (1,1 mg/kg, IV, 24-24h, por 3 a 5 dias). Brocodilatadores e mucolíticos. Oxigenoterapia. Manejo e higiene das instalações, que devem ser arejadas. VACINAÇÃO: Em éguas gestantes, 45 e 15 dias antes do parto. A imunidade conferida ao potro é, portanto, passiva, via colostro. HÉRNIA UMBILICAL Afecção hereditária. Presença de alça do intestino delgado, no saco herniário no umbigo, cujo volume depende da abertura do anel herniário. Complicação: encarceramento e estrangulamento de alça intestinal herniada; síndrome cólica; endotoxemia; devido a necrose do segmento herniado. Emergência cirúrgica. PROFILAXIA: cirurgia preventiva em todos os potros portadores. HÉRNIA INGUINO-ESCROTAL Alteração Congênita (unilateral): desenvolve-se do nascimento até o 4° mês de vida. Resolução espontânea, de acordo com o crescimento do animal. Complicação: encarceramento e estrangulamento de alça intestinal herniada; síndrome cólica; endotoxemia; devido a necrose do segmento herniado. Emergência cirúrgica. PROFILAXIA: cirurgia preventiva em todos os potros portadores, com orquiectomia do testículo correspondente ao lado herniado. Posteriormente, aos 2 a 3 anos, retirar o testículo restante. DEFORMIDADE ANGULAR DOS MEMBROS EM POTROS Congênita ou adquirida; unilateral ou bilateral. Maior frequência em membros anteriores. Crescimento do osso longo relaciona-se com a atividade da cartilagem de conjunção existente entre a metáfise e epífises ósseas. Aumento da compressão: inibe atividade da placa fisária. Diminuição da compressão: estimula a da placa fisária. Sobrecarga mecânica, diminui o aporte sanguíneo, prejudica a produção de condrócitos sobre a face epifisária da cartilagem de conjugação e retarda a formação óssea na face metafisária. CAUSAS: Mal posicionamento intra-uterino do feto; Desequilíbrio da atividade muscular; Contratura de tendões; Problemas articulares e de crescimento; Conformação anormal dos cascos; Flacidez articular; Deformidade precoce e defeito de ossificação; Claudicação do membro contra-lateral; Traumatismos; Agenesias ósseas; Hipotireoidismo; Deficiência nutricional: Ca/P, vitaminas D e A. Superalimentação. CARACTERÍSTICAS: Desvio lateral ou medial (principalmente em carpo e tarso). VALGUS: casco para fora da linha do aprumo e projeção medial da articulação. VARUS: casco para dentro da linha do aprumo e projeção lateral da articulação. Exame radiológico determina o grau de desvio. TRATAMENTO DOS DESVIOS: 0 a 2° (desvio discreto): aceito em algumas raças. 2 a 4° (desvio moderado): casqueamento corretivo, manejo em baia e correção nutricional. = 4° (desvio moderado): imobilização do membro com gesso ou tala/PVC. 4 a 8° (desvio grave): cirurgia ortopédica (melhores resultados, até 3 meses de idade) > 8° (desvio severo): cirurgia ortopédica.
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