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RESUMO DO LIVRO DIREITO ROMANO DO AUTOR AGERSON TABOSA

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Filosoficamente, coisa é tudo o que existe. É todo ente, de esse, que significa ser, existir. É todo e qualquer ente, tenha existência real, seja uma coisa palpável, ou tenha existência puramente abstrata, seja um ente de razão. Juridicamente, a palavra é empregada com um significado mais restrito, pois res não é tudo, mas sim, tudo o que pode ser objeto de relação jurídica, ou, segundo Moreira Alves, objeto de um direito subjetivo patrimonial.
Existem dois tipos de coisas, coisas corpóreas e coisas incorpóreas. Coisas corpóreas: são aquelas que têm corpus, isto é, materialidade, e, por isso, podem ser percebidas pelos sentidos, ou tocadas. As Institutas de Justiniano e o Digesto reproduzem, ipsis verbis, a definição e os exemplos de Gaio: “Corpóreas são as coisas que podem ser tocadas, como um prédio, por exemplo”. Coisas incorpóreas: são aquelas que não podem ser tocadas, como aquelas que consistem em direitos, como a herança, o usufruto, as obrigações contraídas de qualquer modo. Ficou realçado, nessa definição, que alguns direitos são coisas incorpóreas, justificando a afirmação de Ulpiano, retro aludida, de que a palavra res pode designar coisas e direitos.
Na classificação das coisas existem dois grandes grupos que são Extra Patrimonium, todas as coisas deste grupo são res nullius, coisas de ninguém, por não pertencerem a particulares, ou por estarem fora do patrimônio privado, não podendo ser comercializadas; e In Patrimonium ou In Commercio, são as coisas suscetíveis de relação jurídica, pois pertencem a patrimônio privado, podem ser alienadas ou comercializadas. Chega a 17 o número total de suas espécies. Seus conceitos, quase todos, foram produzidos pela jurisprudência romana, e são aplicados ainda hoje com o mesmo alcance.
As coisas do grupo Extra Patrimonium subdividem-se em: Coisas de Direito Divino: Coisas Sagradas (Eram as coisas consagradas aos deuses superiores, como, por exemplo, os bosques sagrados. Segundo Justiniano, são as coisas ritualmente consagradas a Deus), Coisas Religiosas (Eram as coisas consagradas aos deuses inferiores, aos deuses manes, como as sepulturas. Depois da cristianização do Império, as coisas religiosas eram exclusivamente as sepulturas) e Coisas Santas (Eram os muros e as portas da cidade, reguladas por direito divino, portanto não pertencendo ao patrimônio de ninguém. Eram tidas como coisas de interesse tanto dos deuses superiores quanto dos deuses inferiores); Coisas de Direito Humano: Coisas Comuns (Eram aquelas que pertenciam a todos, que estão à disposição de todos, e, como tais, eram insuscetíveis de apropriação individual. Como existem em superabundância, não são consideradas bens econômicos. Como não podiam ser objeto de direito subjetivo patrimonial, também não seriam coisas em sentido jurídico. Por isso, talvez, é que nosso Código Civil não fala mais de coisas comuns.), Coisas Públicas (Eram as coisas do Estado, do uso comum do povo, segundo definição do nosso Código Civil. O terreno de uma praça, por exemplo, tem valor econômico e é suscetível de apropriação. Fica, contudo, fora do comércio, em razão do seu destino), Res Universitatis (Eram coisas pertencentes a pessoas jurídicas de direito público, distintas do Estado. São coisas de uma comunidade para uso dos seus habitantes, como os teatros. Sobre as res universitatis era exercido um controle maior do que sobre as coisas públicas).
As coisas do grupo In Patrimonium ou In Commercio sudividem-se em: res mancipi: (Não há critério para essa distinção. Podemos dizer, contudo, que as res mancipi eram coisas mais úteis para romanos primitivos, a res nec mancipi eram as coisas de menor importância. Essa distinção, teve princípio a importância que modernamente se deu aos móveis e imóveis. Considerando-se os moveis como as coisas de maior valor. Eram consideradas coisas mancipi: os fundos itálicos, isto é, o solo situado em Roma e na península itálica, bem como imóveis situados sobre esses fundos; as servidões prediais sobre os fundos itálicos; os escravos; os animais que eram dominados pelo pescoço ou pelo dorso, ou seja, os animais de carga e de trabalho); Res nec mancipi (Excluídas as Res Mancipi, as demais coisas eram res nec mancipi).
Existem ainda outras classificações para as coisas, coisas corpóreas (são aquelas que tem copus, materialidade, podem ser percebidas pelos sentidos, serem tocadas) e (coisas incorpóreas: são aquelas que não podem ser tocadas, como aquelas que consistem em direitos, herança, usufruto, obrigações e etc); coisas móveis (são aquelas que podem ser deslocadas de um lugar para outra sem mudança na sua substância ou função) e coisas Imóveis: são as coisas que não podem ser deslocadas/transladas sem mudança na sua substância); coisas fungíveis (são aquelas que podem ser permutadas por outras) e coisas infungíveis (são aquelas que exercem sua função não pelo seu peso, quantidade ou tamanho, mas por sua individualidade, por isso não podem ser permutadas); coisas divisíveis (são divisíveis as coisas que podem ser reduzidas a partes, conservando sua essência e função do todo) e coisas indivisíveis (são aquelas cuja a divisão resulta na perda de sua essência); coisas principais (são aquelas coisas que determinam a essência e a função do todo) e coisas acessórias (são aquelas coisas que aderem às principais sem nada lhes alterarem a essência e função); coisas singulares (são aquelas tidas na consciência como formando um todo homogêneo, um só organismo), coisas compostas (são aquelas que representam um aglomerado de coisas simples) e coisas universais (são aquelas que constituem uma universita rerum seu corporum ex distatibus, isto , um complexo de coisas que estão ligadas entre si, mas que juridicamente são consideradas como um todo) ; coisas consumíveis (são aquelas que são consumidas, desfeitas no próprio uso) e coisas inconsumíveis (são aquelas que não se desfazem pelo uso).
Um aspecto importante da coisa tratado no texto é a posse da coisa. Existem dois tipos de definição para a posse, a etimológica e a cientifica. A Definição etimológica diz que posse vem do prefixo "potis", que significa dono, senhor, e aparece, na forma "pos", em razão da síncope e da assimilação regressiva perfeita. A palavra possessio significa, etimologicamente, a posição de quem se senta ou está na cadeira como dono. Já a Definição científica diz que posse é a simples detenção da coisa. Está expresso nessa definição o elemento corpus, isto é a pressão física que eu exerço sobre a coisa, ficando subentendido o elemento anímico ou animus - vontade e consciência. A posse é a rei detentio, a detenção da coisa, com animus retinendi, ou seja, com o desejo de retê-la.
A posse possui dois elementos integrativos do seu conceito, o corpus e o animus. O elemento corpus é a pressão física que eu exerço sobre a coisa, a rei detentio, e não a própria coisa possuída/objeto da posse, é um elemento objetivo e material; O elemento animus é o elemento subjetivo, espiritual ou intelectual, que se constitui no desejo, vontade e consciência de ser possuidor.
Existem duas teorias a respeito da posse, a teoria subjetiva e a teoria objetiva. A teoria subjetiva diz que a posse não é apenas a detenção da coisa com intenção de reter, mas sim com a intenção de ser dono, faz-se a tutela da posse para assegurar a paz social. A teoria objetiva diz que a posse decorre apenas do corpus e do animus, detenção da coisa apenas com intenção de retê-la, sem desejo de ser o dono. Protege-se a posse, por ser está, uma exteriorização da propriedade. 
A posse possui várias classificações: Posse Natural (Possessio naturalis) – é a simples detenção da coiosa – rei detentio, sem a intenção de ser dono; Posse ad Interdicta – refere-se àquela posse apta a receber a prestação jurídica, através dos interditos do pretor. É a posse justa, exercida sem nenhum vício; Posse ad Usucapionem – é a posse que habilita o possuidor a se tornar proprietário por usucapião, ou pela simples continuação da posse ou do uso, pelo tempo previsto em lei; PosseCivil (possessio civilis) – é a posse reconhecida pelo jus civile como meio de aquisição da propriedade; Posse Justa – aquela exercida sem violência, sem clandestinidade, e sem precariedade: nec vi, nec clan, nec precário; Posse Injusta – é a posse contra o jus, contrário ao direito, por estar afetada por um dos vícios acima aludidos, ou seja, a violência, a clandestinidade ou a precariedade. É também chamada possessio vitiosa (posse exercida por quem roubou, furtou ou extrapolou o prazo combinado de posse); Posse de boa-fé – é aquela exercida por quem acredita que é proprietário da coisa possuída, ou tem direito de possuí-la; Posse de má-fé – é aquela em que o possuidor sabe que está lesando o proprietário da coisa, ou seu justo possuidor; Posse ex justa causa - A qualificação dessa modalidade de posse, indica a causa que lhe deu origem; Posse ex Injusta causa – é aquela que se fundamenta numa causa injusta, isto é, capaz de impedir a transferência da propriedade.
A posse é adquirida pela conjugação dos seus dois elementos integrativos – o corpus e o animus, e não por um ou por outro, isoladamente: adquirimos a posse pelo o corpus e pelo animus e não só pelo animus e nem só pelo corpus, e se perde a posse perdendo cada um dos elementos separadamente ou perdendo-se ambos: perda do corpus, perda do animus ou perda do corpus e do animus. 
A proteção da posse é feita por duas classes de interditos. Os da primeira destinam-se a manter na posse o possuidor ameaçado de perdê-la. São identificados com as denominações: uti possidetis e útrubi. Os da outra classe se dizem interditos recuperandae possessionis, exatamente porque se destinam a restituir ao possuidor a posse que lhe foi retirada. Existem três espécies de interditos restitutórios, aptos a recuperar-lhe a posse: unde vi, de clandestina possessione e de precário. Os efeitos jurídicos produzidos pela posse são: o direito à propriedade que ela enseja, e o direito aos interditos, que a protegem.
Diferentemente do que o senso comum nos leva a crer, o direito a posse e o direito a propriedade não são sinônimos, possuem algumas diferenças a serem destacadas: a posse não está relacionada entre os direitos reais. Estes são anunciados em números fechados, tradicionalmente; a proteção jurídica da posse é feita por meio de um interdito possessório, e não por meio de uma ação; os direitos renais recebem permanentemente proteção jurídica, não sendo a posse um direito real sua proteção é ocasional; diferente da propriedade, não sendo a posse um direito real, substituísse aquisição e perda de posse, por início e fim da posse.
Tem- se mais de uma definição de propriedade, é válido ressaltar algumas destas: de acordo com as Institutas de Justiniano, propriedade é o pleno poder sobre a coisa, diz ele: "quando termina o usufruto, este volta à propriedade, desde o tempo da propriedade nua e o dono passa a ter o pleno poder sobre a coisa; Propriedade é o direito de usar, gozar e dispor da coisa, enquanto permitir a razão do direito. Quem é proprietário dê uma coisa tem o direito de usá -lá, tem o direito de evolui-lá ou tirar dela proveito ou frutos, e dela dispor como lhe convém, e até mesmo destruí-la, tirá -la de uso, como sugere a etimologia. O poder do proprietário não é pleno e absoluto como parece. 
O direito de propriedade possui natureza real, absoluta, exclusiva e irrevogável. É um direito real, porque seu exercício recai sobre uma coisa, é um direito sobre uma coisa. É tido como um direito absoluto, pois o proprietário tem o pleno direito sobre a coisa, direito de usar, gozar e dispor, no entanto o direito a propriedade pode sofrer limitações. É um direito exclusivo, pois seu titular tem o direito de afastar daquilo que é seu a ação de qualquer outra pessoa, ante o princípio que uma coisa não pode pertencer com exclusividade a duas ou mais pessoas. A irrevogabilidade como característica equivale a perpetuidade, que significa que a propriedade é perpétua, não tem prazo de validade.
Quanto a pessoa jurídica a propriedade é subdividida em três categorias: propriedade quiritária é a instituição do direito civil peculiar aos cidadãos romanos e garantidos por uma ação civil relativa à coisa. Era regulamentada pelas normas rígidas e formais do jus civili ou direito quiritário. Chama-se quiritária pois é própria dos romanos, os quirites; A propriedade pretoriana ou bonitária segundo surgiu junto com o direito pretoriano e veio amenizar o rígido conceito de propriedade previsto pelo jus civili. Ela podia ser adquirida por qualquer um, até estrangeiro, e o modo de aquisição não precisava mais ser solene e formal; A propriedade peregrina é aquela em que o proprietário não tem o direito a propriedade por ser um peregrino/estrangeiro, eles só tinham a posse. Os pretores queriam acabar com essa injustiça e passaram a proteger os interesses dos peregrinos, e os consideraram legítimos proprietários de suas terras quando situadas fora de Roma, nas províncias, denominadas “propriedades peregrinas”. 
Há três classificações para a natureza jurídica a propriedade: ager romanus foi o antigo território romano, onde fora construída a cidade da realeza e durante a República viveram as trinta e cinco tribos, em que se dividia a população romana; ager publicus ou campo do povo eram todas as terras anexadas em razão de conquista que poderiam ser localizadas dentro ou fora da península itálica; ager italicus era o campo itálico constituído das terras da península itálica incorporadas ao território de Roma.
Outra questão a ser destacada é os modos de adquirir a propriedade, que são subdivididos em duas categorias a aquisição por direito natural e das gentes que traz consigo sete modos de aquisição e a aquisição por direito civil.
 Quanto a aquisição por direito natural e das gentes: a ocupação (ocupatio) ocorre quando nos apoderamos de coisas que não têm dono (res nullius) ou que foram abandonadas (res derelicta); Tradição (traditio) é o modo em que se transfere a propriedade pela simples entrega da coisa. Pode ser pela entrega real, ou pela entrega de um símbolo da coisa; A acessão (acessio) se dá quando uma coisa acessória se incorpora a outra, que é principal, tornando-se o proprietário desta, proprietário daquela; Avulsão (avulsio) e aluvião (aluvio) são exemplos de acessão de imóvel em imóvel e ocorrem quando uma porção de terra se desprende de sua origem e se agrega em outro terreno. A avulsão é acessão violenta (ilha que surge no mar) e o aluvião, lenta (leito do rio); A semeadura (satio), a plantação (plantatio) e a edificação (inaedificatio) tornam o proprietário do terreno também proprietário do que resultar dessas atividades (o que está na superfície pertence ao proprietário do solo); A escritura (scriptura) e a tintura (tinctura) são exemplos de acessão de bem móvel em móvel e ocorrem quando se escreve ou se pinta em papiro e tela alheios (no caso da pintura questionava- se qual dos bens era principal, a tela ou a pintura); Especificação é o modo de adquirir a propriedade através da produção de algo novo, com o uso de matéria-prima alheia. Se a espécie nova for reversível, pertencerá ao dono da matéria-prima. Se for irreversível, o proprietário da espécie nova será o especificador, salvo má-fé; 
Quanto a aquisição por direito civil: mancipação (mancipatio): modo solene advindo do direito antigo de adquirir as coisas mancipi. O nome vem de manus, símbolo do poder; in jure cessio: cessão ou transferência da propriedade quiritária, das coisas mancipi e nec mancipi, principalmente das coisas incorpóreas, como as servidões, que não podiam ser objeto de mancipatio. Também muito formal, caindo em desuso, junto com a mancipatio; adjudicação (adjudicatio): modo de adquirir a propriedade através da sentença do juiz. Resulta de ações em que se questionam direitos hereditários e fixação de limites entre terrenos; usucapião (usucapio): modo de adquirir a propriedade através da posse continuada pelo tempo definido em lei. Deve recair sobre coisa hábil, passível de alienação,daí porque não podem ser usucapidos os bens fora do comércio, como os bens públicos e as coisas sagradas. Exigia-se a justa causa ou o justo título, e a boa-fé, pelo menos de início; por lei: modo de aquisição em que a lei determina quem é o proprietário, como no caso do tesouro, em que se divide a propriedade entre o dono do terreno em que ele foi achado e aquele que achou.
A propriedade se protege através de ações protetivas, por exemplo, reivindicativo, publiciana, negatoria. Reivindicatio é uma ação específica para proteger a propriedade quiritária, e é utilizada pelo proprietário não possuidor contra o possuidor não proprientário. Actio publiciana é uma ação para proteger a propriedade bonitária ou peregrina porque seus titulares não tinham a qualificação legal para adquirir essas propriedades e pretendiam nelas permanecer, com vistas a beneficiar-se com a usucapião. Actio negatória é uma ação usada pelo proprietário que contestava as servidões e os gravames com que se pretendia onerar sua propriedade.
A propriedade pode ser perdida por diversos meios, são eles: alienação: passagem da propriedade para outrem, que pode ser feita, por exemplo, por venda e doação; renúncia: ato unilateral pelo qual o proprietário declara, expressamente, sua intenção de abrir mão de seu direito sobre a coisa, em favor de uma terceira pessoa, que não precisará manifestar aceitação; abandono (derelictio): ato unilateral em que se desfaz-se da propriedade voluntariamente. A coisa abandonada (res derelicta) torna-se res nullius, após decorrido o prazo previsto em lei; perecimento: a propriedade é um direito real (sobre a coisa), se a coisa perece, extingue-se também a propriedade; lei: a desapropriação e o confisco são dois expedientes em que se retira a propriedade ancorando-se na lei; cápitis deminutio: se máxima, transformava o proprietário em escravo, que não tinha direitos. Se média, ele perdia a cidadania romana e, com ela, o jus commercii. Se mínima, poderia resultar em perda ou não da propriedade, a depender do caso; morte: interrompe a relação existente entre o titular e a propriedade, e a transmite aos herdeiros.
Outro ponto importante a ser tratados é sobre o direito sobre coisa alheia, que é dividido em servidão e em superfície e enfiteuse. Servidão consiste no direito sobre coisa alheia pelo qual o dono é obrigado a suportar ou não fazer algo em sua propriedade, em benefício de outrem. Superfície tem como conceito o direito de alguém edificar em terreno alheio e exercer amplos poderes sobre as edificações, mediante o pagamento ao dono do terreno de uma taxa anual, chamada solarium, que, no caso, não segue o solo, separando-se dele. Enfiteuse caracteriza-se também como um direito real sobre coisa alheia, alienável e transmissível inter vivos e mortis causa, mediante o qual seu titular( e enfiteuta) podia utilizar um terreno alheio para a agricultura, devendo pagar a seu dono( o senhorio), uma taxa anual chamada foro, pensão ou canon.
Aprofundando na servidão vemos que existem dois tipos desta, as servidões prediais e as servidões pessoais. Servidões prediais relacionam-se a terreno, com ou sem construções. Neste tipo, o direito sobre coisa alheia se exerce com o relacionamento de dois prédios: o prédio dominante, que se beneficia com a servidão, e o prédio serviente, que suporta o ônus da servidão.Servidões pessoais são as que a coisa serve às pessoas.
As servidões prediais podem ser: rústicas que ainda se subdividem em mais três, iter (é a servidãode caminho, andar a pé), actus (é o caminho para andar em condução, veículo ou animal), via (relaciona-se a andar a pé ou em condução) aquaeductus (canal para conduzir água por terreno alheio); Urbanas que ainda se subdivide em servitus óneres ferendi (é a servidão de suportar o peso, ou seja, o direito de apoiar o muro no muro do vizinho) e servitus áltius non tollendi (servidão de não elevar mais alto).
Além disso, existem quatro tipos de servidões pessoais: uso ( relaciona-se ao fato de que ao usuário da coisa, por servidão, lhe é permitido apenas utilizá-la, mas não fruí-la ou tirar frutos dela); usufruto (é o direito de usar e desfrutar das coisas alheias, ficando salva a substância delas); habitação (é o uso por alguém de casa alheia); Serviços de escravos ou de animais (era uma espécie de servidão pessoal, cuja natureza, como ocorria também com a habitação, não tinha sido bem definida).
A aquisição das servidões se processava através de alguns modos utilizados na aquisição de coisas em geral, como a mancipação. No período seguinte, os pactos e as estipulações foram os modos em uso para a constituição das servidões. Extingue-se a servidão pelo perecimento ou pela destruição da coisa objeto do direito, pela renúncia, pelo não uso e pela confusão.
Ao titular da servidão, cabia-lhe usar a actio confessoria, por essa actio fazia-se como que a vindicatio servitutis, como se buscava reaver a coisa através da reivindicatio; já ao proprietário, cabia-lhe a actio negatoria através da qual ia negar a existência da servidão.
A superfície, assim como também a enfiteuse, era constituídas inter vivos, através de contratos ou convenções, ou mortis causa, por meio de testemunho e legado. Sua duração era pra sempre ou por longo prazo, como estabeleciam seus instrumentos formadores. Para garantir a posse da superfície, havia um interdito específico, chamado de superfície, e estavam também à disposição do enfiteuta os interditos hábeis à proteção da posse. A enfiteuse antiga tinha, a seu favor, a actio conducti, própria da locação, intentada contra o senhorio.
A superfície e a enfiteuse sofreram transformações e evoluíram com o passar do tempo. Primitivamente, a regra – superficies solo cedit – não permitia o desenvolvimento das superfícies, como direito real, distinto do da propriedade do solo. Pelo caráter exclusivo da propriedade também não se admitia o compartilhamento, sobre um mesmo terreno, de dois proprietários: o senhorio e o enfiteuta. Somente em 474 d. C, o imperador Zenão encerrou a polêmica, considerando a enfiteuse um direito autônomo, um direito especial. Já a superfície ora era tratada como servidão, ora como jus in re aliena, ora como enfiteuse.
Tanto a superfície quando a enfiteuse podem ser extintas pela confusão, pelo perecimento da coisa, pela renúncia, que são modos de extinguir comuns à propriedade e ao direito sobre coisa alheia. Especificamente, a superfície se extingue pelo não pagamento do solarium durante dois anos, e pelo desuso do prazo indicado no acordo. Já a enfiteuse pode ser extinta pelo comisso, ou seja, pelo não pagamento do foro durante três anos; pelo decurso do prazo, previsto no contrato; pelo não pagamento do laudemium ao senhorio, toda vez que o bem enfitêutico é vendido; por não ter sido avisado o senhorio da venda do bem enfitêutico, ficando impedido de exercer o seu direito de preferência.
Dessa forma, o texto encerra o estudo sobre o direito das coisas e como vimos até agora o direito romano teve um papel muito importante para a formação, organização e aplicação do direito das coisas, entretanto ele não influenciou apenas o direito das coisas, o direito romano deixou sua marca em todo o direito civil atual. 
Dentro do direito civil podemos destacar, além do direito das coisas, o direito das obrigações, pois foi em seu campo que o direito romano mais contibuiu para o direito da posteridade, a importância de sua contribuição vai desde termos quantitativos, pelo numero de institutos de trabalho, até termos qualitativos, pela excelência do trabalho que a jurisprudência deixou.
Etimologicamente, obligatio ob+ligare, se trata do vínculo obrigacional entre pessoas por causa de algo, primitivamente tinha-se vínculo corpóreo (devedor colocava o próprio corpo como garantia).
 Existem algumas definições de obrigação de diferentes estudiosos, vale ressaltar a definição tradicional das Institutas que diz que vínculo de direito pelo qual somos constrangidos à necessidade de pagar algo a alguém, segundo o direito da nossacidade, e também a definição de Paulo que diz que a essência da obrigação não consiste em fazer do nosso corpo uma servidão, mas que alguém seja compelido a nos dar alguma coisa, fazer algo ou prestar algum serviço.
Haviam elementos constitutivos da obrigação em Direito Romano, eram eles: viculo ou relação, os sujeitos e o objeto. Vínculo - elo que liga os sujeitos da relação jurídica; Sujeitos - são pelo menos duas partes: parte ativa (credor) e parte passiva (devedor); Objeto - aquilo a que alguém se obriga, que pode assumir três formas: dar/dare - transferir a propriedade de alguma coisa, fazer /fácere(ou não fazer) - agir ou deixar de agir, conforme o compromisso assumido,prestar/praestare - fornecer uma prestação (realizar um serviço, entregar uma coisa).
As obrigações provém de fontes que lhes dão origem, na jurisprudência clássica a expressão correspondente a fontes das obrigações era obligationum causae, são elas: contrato (ex contractu); delito (ex delicto), aqueles delçitos civis; quase-contrato (assim considerado o negócio em que apenas uma parte se manifestava); quase-delito (assim considerado uma ação delituosa em que não há dolo (animus nocendi). Os jurisprudentes Paulo e Modestino acrescentaram mais duas fontes:lei (ex lege); direito pretoriano (ex jure honorário), o testamento, por exemplo, difere de todas as fontes estudadas e gera obrigações.
As obrigações possuem algumas classificações, quanto ao sujeito podem ser classficadas como: ambulatórias (aquelas que andam , que passam de um sujeito para outro, de uma pessoa para a outra), parciais (aquelas que quando uma pessoa morre e deixa herdeiros mais uma divida, cada herdeiro tem que pagar sua parte devida da divida após esta ser dividida igualmente entre os herdeiros), cumulativas ( quando um devedor de acha obrigado a uma prestação inteira diante de vários credores ou cada um de vários devedores frente a um único credor), solidarias (ocorre quando a obrigação tem que ser feita inteira, no seu todo, não pode ser parcelada). 
Quanto ao objeto, temos especialmente as obrigações alternativas, facultativas, genericas, especificas, divisíveis e indivisíveis. Alternativas são obrigações nas quais o devedor deve realizar uma dentre duas ou mais prestações presentes na obrigação; a escolha em regra cabe ao devedor, exceto se for estipulado o contrário, sendo firmado o direito ao credor ou a um terceiro. Aquele a quem é dado o direito de escolha é facultado mudar de opinião até o exato instante do cumprimento da obrigação. Obrigações facultativas são aquelas em que o devedor encontra-se obrigado a realizar apenas uma prestação, sendo-lhe, porém, facultado libertar-se da obrigação efetuando outra prestação. Obrigações divisíveis permitem que a prestação seja fracionada sem alteração da função da obrigação; as obrigações indivisíveis, ao contrário, não permitem fracionamento.Por fim, quanto aos efeitos, as obrigações se dividem entre unilaterais e bilaterais (ou sinalagmáticas). As obrigações unilaterais fixam a obrigação para apenas uma das partes, e as sinalagmáticas obrigam a ambas as partes.
Quanto ao vinvulo se divide em obrigação civil ( o vinculo que ligava as partes era um vinculo de direito, o seu descumprimento ensejava a parte lesada utilizar uma actio in personam) e obrigação natural ( a relação entre as partes era mais moral do que jurídica, sua quebra não redundava em sanção) que se subdivide em : originaria ( quando a natureza é a mesma desde a origem), derivada (a obrigação natural se originara de obrigação civil).
Os efeitos das obrigações são diversos, com relação ao pagamento tem-se que e regra, uma obrigação nasce para "morrer", ou seja, exaurir-se ao ser cumprida em sua integralidade – o devedor deve realizar a prestação (ou prestações) em favor do credor ou de quem o represente. Porém, nem sempre esta situação desejável se configura, ocorrendo o inadimplemento da obrigação ou mora. Neste contexto, temos a mora debitoris, ou "mora do devedor", que, embora tenha reunido condições para cumprir a obrigação, não o fez no tempo certo, e a mora creditoris, quando o credor, por algum motivo, recusou-se a receber o que lhe era devido. Temos, também, situações em que a prestação não pode ser adimplida por motivos alheios às partes e ao próprio contrato, como o caso furtuito e a força maior. Com relação ao direito à ação e execução tem-se que se o pagamento for feito conforme o combinado e a obrigação for cumprinda, ela se extingue. Mas não sendo cumprida cabe a parte recorrer aos meios judiciais hábeis a reparação do seu prejuízo.
As garantias das obrigações são divididas em garantias pessoais: fiança (stipulatio) - alguém se obriga por outrem; aval (constitutum) - alguém testifica em favor de outrem; fidejussio - evolução da stipulatio, o fiador podia acionar judicialmente o devedor; beneficium excussionis (benefício de ordem) - instituído por Justiniano; e em garantias reais: pignus (penhor) - havia a entrega da coisa dada em garantia; hipoteca - não havia a entrega da coisa, mas apenas a restrição do domínio.
As obrigações podem ser extintas de dois modos, o modo voluntario e o modo necessário. Entre os modos voluntários estão: pagamento - modo normal, cumprimento; perdão ou renúncia - perdão pode ser pessoal ou perdão da dívida; compensação - quando o devedor adquire um crédito;novação - obrigação nova inclui anterior;distrato ou revogação - contrarius consensu. Entre os modos necessários estão: prescrição - regula-se pelo direito aplicável; jus civile – imprescritíveis; jus honorarium - pazo de um ano; depois, 30 anos, exceto hipotecas - 40 anos; confusão - o devedor torna-se credor de si mesmo; perda da coisa sem culpa do devedor; capitis deminutio;morte.
 
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ
CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E APLICADAS
CURSO: BACHARELADO EM DIREITO
DISCIPLINA: DIREITO DAS COISAS
PROFESSOR: FRANCISCO FERREIRA DAVES
RESUMO “DIREITO ROMANO – AGERSON TABOSA”
TERESINA
2017

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