08. Embriologia Semana 4

Prévia do material em texto

42 
 
A QUARTA SEMANA DO DESENVOLVIMENTO HUMANO 
 
INDICAÇÃO DE LEITURA 
1) MOORE, K.L.; PERSAUD, T.V.N. Embriologia Básica. 7 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008. Capítulo 06, páginas 
51-59. 
 
 Todas as principais estruturas, internas e externas, se estabelecem da quarta à oitava semana. No 
final deste período, todos os principais sistemas já começaram a se formar, no entanto, o funcionamento 
destes sistemas ainda é mínimo, com exceção do sistema cardiovascular. Ocorre também nesse período 
uma mudança na forma do embrião, de modo que, ao final da oitava semana ele tem um aspecto 
nitidamente humano e por isto, a partir da nona semana, passa a ser chamado de feto. 
 Durante o período da quarta à oitava semana, os tecidos e órgãos estão se desenvolvendo 
rapidamente, e por isto a exposição de embriões a agentes teratogênicos durante este período pode causar 
anomalias congênitas severas. Agentes teratogênicos são agentes, tais como medicamentos e outras 
substâncias químicas, vírus e radiações, que produzem e aumentam a incidência de anomalias congênitas. 
 
 DOBRAMENTOS DO EMBRIÃO 
 Um acontecimento importante no estabelecimento da forma do corpo são os dobramentos do disco 
embrionário trilaminar que dá ao embrião uma forma mais ou menos cilíndrica. O dobramento das 
extremidades cefálica e caudal e os dobramentos laterais do embrião ocorrem simultaneamente durante a 
quarta semana do desenvolvimento embrionário. 
 
 DOBRAMENTO CEFÁLICO 
 O dobramento cefálico ocorre no início da quarta semana quando o encéfalo anterior cresce em 
direção cefálica e coloca-se sobre o coração em desenvolvimento. Concomitantemente, o coração e a 
membrana orofaríngea se deslocam para a superfície ventral do embrião. Durante este dobramento, parte 
do endoderma do saco vitelínico passa a constituir o intestino anterior (primórdio da faringe e do esôfago). 
Observe as figuras a seguir que mostram a sequência de eventos responsáveis pelo dobramento cefálico 
em corte mediano. 
 
 
 DOBRAMENTO CAUDAL 
 Neste dobramento, parte do endoderma do saco vitelínico também é incorporada pelo embrião, 
formando o intestino posterior (primórdio do cólon descendente). A membrana cloacal (futuro local do ânus 
do embrião) e o pedículo do embrião (primórdio do cordão umbilical) passam a ocupar uma posição ventral 
do embrião. Observe as figuras a seguir que mostram a sequência de eventos responsáveis pelo 
dobramento caudal em corte mediano. 
 
43 
 
 DOBRAMENTO LATERAL 
 O dobramento lateral do embrião leva à formação das pregas laterais, direita e esquerda, que se 
deslocam ventralmente em direção ao plano mediano, formando um embrião grosseiramente cilíndrico. O 
movimento das pregas laterais leva à formação da parede abdominal a partir da somatopleura e da parede 
do intestino médio a partir da esplancnopleura. No final, as pregas laterais se fundem na região ventral. Os 
dobramentos cefálico, caudal e lateral ampliam a cavidade amniótica fazendo com que embrião fique 
totalmente envolvido por essa cavidade. Além disso, uma parte da cavidade coriônica se transforma em 
celoma intra-embrionário. Observe as figuras a seguir que mostram a sequência de eventos responsáveis 
pelo dobramento lateral em corte transversal. 
 
 
 
 OUTROS EVENTOS DA QUARTA SEMANA 
 Com 22 dias após a fecundação, o embrião, com cerca de 3,0 mm de comprimento, é quase plano, 
pois os dobramentos apenas se iniciaram. É possível nessa fase observar cerca de 12 pares de somitos 
que produzem elevações na superfície dorsal. O tubo neural forma-se entre os somitos e está amplamente 
aberto formando os neuroporos rostral e caudal. Observe na figura abaixo, em vista dorsal, um embrião de 
22 dias (início da 4ª semana). 
 
 
 
 Com 24 dias, os arcos faríngeos (arcos branquiais) são visíveis. O primeiro par de arcos faríngeos 
(denominado mandibular) e o segundo arco (denominado hioideo) estão individualizados. O primeiro par é o 
primórdio da mandíbula e da maxila e aparece como elevações laterais à faringe em desenvolvimento. O 
segundo par de arcos faríngeos dá uma contribuição importante para a formação do osso hioide. O embrião 
é, agora, levemente encurvado por causa dos dobramentos cefálico e caudal. O coração, que forma uma 
grande saliência, já está localizado na região ventral e bombeia sangue. Observe na figura a seguir, em 
vista dorso-lateral, um embrião de 24 dias. 
44 
 
 
 
 
 Três pares de arcos faríngeos são visíveis no 26º dia após a fecundação e o neuroporo rostral já se 
fechou. Os arcos faríngeos abaixo do segundo arco são chamados apenas pelos números e além de 
sustentarem as paredes laterais da faringe primitiva são responsáveis pela formação de diversas estruturas 
do pescoço. O encéfalo anterior produz uma elevação saliente na cabeça, enquanto os dobramentos do 
embrião lhe dão uma curvatura em C característica. Está presente uma longa cauda curva e os brotos dos 
membros superiores tornam-se reconhecíveis no 27º dia após a fecundação. As fossetas óticas, os 
primórdios das orelhas internas, também são visíveis. Lateralmente na cabeça, são visíveis espessamentos 
ectodérmicos, denominados placódios do cristalino, que indicam os futuros cristalinos dos olhos. Observe 
na figura abaixo, em vista lateral, um embrião de 26 dias. 
 
 
 
45 
 
 O quarto par de arcos faríngeos e os brotos dos membros inferiores são visíveis no fim da quarta 
semana, o neuroporo caudal está fechado e os dobramentos já se encerraram. As cristas mesonéfricas 
indicam o local dos rins do embrião. Aparece também no final da quarta semana o placódio nasal, o futuro 
local do nariz do embrião. Observe na figura abaixo, em vista lateral, um embrião de 28 dias (final da 4ª 
semana).