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INQUERITO POLICIAL E AÇÃO PENAL

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INQUÉRITO POLICIAL
Segundo Rangel (2011, p. 102), o inquérito policial é o instrumento pelo qual o Estado se vale na persecução penal, através da polícia judiciária, na pessoa da Autoridade Policial, sendo tal atividade integradora das funções típicas de Estado.
No mesmo sentido leciona brasileiro (2011, p. 145), segundo o qual o inquérito policial é o mecanismo utilizado pelo o Estado na busca de elementos de informação, sendo presidido pela autoridade de polícia judiciária, afim de que o titular da ação possa ingressar em juízo.
3. Conceito
Segundo Capez (2006, p. 72) inquérito policial: “É o conjunto de diligências realizadas pela polícia judiciária para a apuração de uma infração penal e de sua autoria, a fim de que o titular da ação penal possa ingressar em juízo (CPP, art. 4º)”.
Ou seja, aproveitando o gancho das palavras do grande mestre, evidencia-se tratar, o inquérito, de um procedimento de perseguição e com caráter eminentemente administrativo, o qual é instaurado pela autoridade policial.
4. Competência e atribuição
Conforme Capez (2006, p. 73), ao limitar as atividades da polícia judiciária ao “território de suas respectivas jurisdições”, percebia um equívoco do legislador.
“O art. 4º, caput, do Código de Processo Penal cometia um equívoco: onde se lia jurisdições, se deviam ler circunscrições, eis que indica o território dentro do qual as autoridades policiais têm atribuições para desempenhar suas atividades, de natureza eminentemente administrativa. O termo jurisdição designa a atividade por meio da qual o Estado, em substituição as partes, declara a preexistente vontade da lei ao caso concreto. ”
Diante deste motivo, foi que o legislador veio colocar uma nova redação ao caput do referido dispositivo, alternado a denominação jurisdição para circunscrição. Bem como, o ilustre professor, também questiona a referência feita no parágrafo único relativo à competência, pois segundo ele, seria mais exato se ao invés de competência fosse utilizado o termo atribuição.
No entanto, resguardam algumas exceções, a atribuição do inquérito policial fica por conta do Delegado de polícia de carreira, não podendo este, em caso de delegado do interior, praticar qualquer ato que seja fora dos limites impostos a sua circunscrição, devendo com isso, caso necessite, solicitar por precatória ou rogatória, o auxílio da autoridade policial com atribuições pertinentes para tanto.
5. Finalidade
Tem como finalidade principal a apuração de fatos que venham a configurar a infração penal bem como, a respectiva autoria para servir de base a ação penal ou as providências cautelares pertinentes.
Acrescenta ainda Viana (2008, s.p) que a finalidade do inquérito policial, além de servir de base para que o Ministério Público, através da denúncia, dê início a uma ação penal, tem também, por finalidade, apurar a existência de uma infração delituosa e descobrir seu autor ou autores.
Uma prática não muito usada, talvez pelo desconhecimento, é a de que os acusados do cometimento de qualquer que for a infração, terem o direito de requerer a autoridade a qual está responsável pela presidência do inquérito que este venha a apresentar elementos que sejam essenciais para contrariar a acusação a qual lhes foi dirigida. Contudo, essa apreciação fica por conta da faculdade do juiz em atender ou não o requerimento, mostrando com isso uma atitude arbitrária, e nesse sentindo, posicionamos conforme salienta Viana (2008, s.p):
“o princípio constitucional da plena defesa não deve ficar circunscrito à fase judicial, razão pela qual, se o indiciado necessita exercê-lo, poderá fazê-lo, mormente na fase do inquérito policial, onde está sujeito a sofrer toda sorte de coações, como a prática constantemente nos ensina.”
Como se percebe, a finalidade, portanto, do inquérito policial é apurar a veracidade ou não de uma infração penal punível e também descobrir os responsáveis por esta. Não tem o condão de julgar ou muito menos, determinar a condenação dos indivíduos que são considerados culpados, pois estes indivíduos tem o direito de produzir provas que atestem sua inocência e contradizer o que está narrado no inquérito, sendo também a eles permitido realizar qualquer ato que venha a ser do seu interesse na tentativa de provar sua inocência.
A autoridade policial, a qual preside o inquérito, fica a faculdade de aceitar ou não o pedido realizado, exceto pedido de exame de corpo de delito o qual a autoridade não poderá recusar.
6. Características do inquérito
Traçam-se neste tópico as principais características que revestem o procedimento que constitui o inquérito policial.
6.1 Procedimento escrito
Não se conhecerá a existência de um inquérito em suas finalidades, se esta vier a ser realizada por instrumento verbal. Diante de tal informação, necessário se faz que as peças do inquérito policial em um processo, serão reduzidas a escrito e rubricadas pela autoridade policial, conforme Código de Processo Penal.
“Art. 9º, CPP - Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade. ”
6.2 sigiloso
A autoridade policial assegurará no inquérito o sigilo que reconhecer necessário para a elucidação dos fatos ou o exigido pelo interesse social (CPP, art. 20). Porém, não se estende o sigilo ao ilustre representante do Ministério Público ao Magistrado, nem ao advogado, no entanto o advogado não terá acesso às diligências ainda em andamento na qual ainda não foram concluídas.
O fator surpresa e o sigilo são características indispensáveis à própria eficácia das investigações, contudo há casos em que a publicidade pode auxiliar nas investigações, mas em regra impera o sigilo.
Vale ressaltar, que a doutrina e jurisprudência menciona que existe o sigilo externo e o sigilo interno, sendo que não se aplica o sigilo interno no caso do Inquérito Policial, pois trata-se do Ministério Público, Magistrado e Advogado.
Contudo, O advogado não tem acesso amplo e irrestrito aos autos de IP. Ele não pode ter acesso às diligências em andamento. Então, no caso do advogado, o acesso diz respeito às diligências já documentadas, não àquelas que estão em andamento. Assim explicita a Súmula Vinculante do Supremo Tribunal Federal, tal qual:
“Súmula Vinculante 14 - É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. ”
6.3 Oficialidade
Segundo nos afirma Capez (206, p. 78) “o inquérito policial é uma atividade investigatória feita por órgãos oficiais, não podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade da ação penal seja atribuída ao ofendido”.
6.4 Oficiosidade
Seguindo o princípio da legalidade ou da obrigatoriedade da ação penal pública, significa que a autoridade policial não dependerá de qualquer espécie de provocação para a instauração do inquérito policial basta o conhecimento da prática da infração penal (CPP, art. 5º, I ), ressalvados os casos de ação penal pública condicionada ou de ação penal privada (CPP, art. 5º, §§ 4º e 5º), as quais dependem de representação ou de requerimento nos termos a lei.
6.5 Autoritariedade
Trata-se de uma exigência expressa do Texto Constitucional a qual dispõe que o inquérito deverá ser presidido por uma autoridade pública, no caso, a autoridade policial, ou seja, o delegado de polícia de carreira, conforme preceito expresso no art. 144 da Constituição da República Federativa do Brasil.
6.6 Indisponibilidade
A autoridade policial não pode arquivar autos de inquérito policial. O arquivamento parte do promotor e passa pelo juiz. O delegado não é o titular da ação penal, conforme diz o art. 17 do CPP. A autoridade policial não poderá mandar arquivar autos de inquérito.
Vale ressaltar, que cabe ao órgão acusatório, ou seja, o Ministério Público pedir o arquivamento do inquérito policial ao juiz, sendo que caso omagistrado concorde com as razões elencadas pelo parquet, o Inquérito será arquivado, contudo caso ele não concorde com as alegações do órgão acusador, fará remessa dos autos ao procurador-geral que poderá: designar outro membro do Ministério Público para oferecer a denúncia, pode oferecê-la ou insistir no pedido de arquivamento, o qual o juiz é obrigado a atender, conforme art. 28 do Código de Processo Penal
6.7. Inquisitivo
Conforme Capez (2006, p. 79)
“Caracteriza-se como inquisitivo o procedimento em que as atividades persecutórias concentram-se nas mãos de uma única autoridade, a qual, por isso, prescinde, para a sua atuação, da provocação de quem quer que seja, podendo e devendo agir de ofício, empreendendo, com discricionariedade, as atividades necessárias aos esclarecimentos do crime de sua autoria.”
É secreto e escrito, e não são aplicados a este o princípio do contraditório e da ampla defesa, haja vista não haver acusação, portanto, não há o que se falar em defesa. O único inquérito que admite o contraditório é o que a Polícia Federal vem a instaurar, a requisição do Ministro da Justiça, o qual tem a finalidade à expulsão de estrangeiro.
6.8. Disponível
Conforme aduz o Código de Processo Penal em seu art. 12.
“Art. 12.O inquérito policial acompanhará a denúncia ou queixa, sempre que servir de base a uma ou outra. ”
Assim sendo, da interpretação gramatical desse dispositivo percebemos que o inquérito policial servirá de base para denúncia ou queixa, por outro lado, percebemos que poderá existir denúncia ou queixa sem o inquérito policial.
Portanto, o inquérito policial não é indispensável para a propositura da ação penal, tendo em vista que pode existir ação penal sem o aludido IP, nesse sentido nos ensina Fernando Capez que “ inquérito policial não é fase obrigatória da persecução penal, podendo ser dispensado caso o Ministério ou ofendido já disponha de elementos suficientes para a propositura da ação penal”
1.2. Características do Inquérito Policial
Conforme esclarece o autor Capez (2012, p.117-118-119):
É um procedimento escrito, tendo em vista as finalidades do inquérito (item 10.4), não se concebe a existência de uma investigação verbal. Por isso, todas as peças do inquérito policial serão, num só processo, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade (CPP, art. 9º).
Sendo assim, todos os atos do inquérito policial devem ser reduzidos a termo pela autoridade policial, não podendo de forma alguma ser gravado, ou ser feito de forma oral pela autoridade responsável pela colheita de provas neste procedimento administrativo.
Sigiloso: porque a autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade (CPP, art. 20). O direito genérico de obter informações dos órgãos públicos, assegurado no art. 5º, XXXIII, da Constituição Federal, pode sofrer limitações por imperativos ditados pela segurança da sociedade e do Estado, como salienta o próprio texto normativo. O sigilo não se estende ao representante do Ministério Público, nem à autoridade judiciária. No caso do advogado, pode consultar os autos de inquérito, mas, caso seja decretado judicialmente o sigilo na investigação, não poderá acompanhar a realização de atos procedimentais (Lei n. 8.906/94, art. 7º, XIII a XV, e § 1º — Estatuto da OAB).
O sigilo é de grande importância para o trabalho na investigação policial, para que as elucidações dos fatos não sejam prejudicadas.
Oficialidade: o inquérito policial é uma atividade investigatória feita por órgãos oficiais, não podendo ficar a cargo do particular, ainda que a titularidade da ação penal seja atribuída ao ofendido. Somente os órgãos oficiais podem exercer a função da atividade investigatória, não ficando a cargo da pessoa física, mas sim do Poder Público.
Oficiosidade: corolário do princípio da legalidade (ou obrigatoriedade) da ação penal pública. Significa que a atividade das autoridades policiais independe de qualquer espécie de provocação, sendo a instauração do inquérito obrigatória diante da notícia de uma infração penal (CPP, art. 5º, I), ressalvados os casos de ação penal pública condicionada e de ação penal privada.
A autoridade policial ao receber uma notícia de um determinado crime ela fica obrigada a instauração do inquérito policial, mas a casos que depende da provocação do ofendido para a devida instauração deste procedimento, é o caso dos crimes de ação penal pública condicionada a representação e da ação penal privada, nos casos de crimes contra a honra da vítima.
Autoritariedade: exigência expressa do Texto Constitucional (CF, art. 144, § 4º); o inquérito é presidido por uma autoridade pública, no caso, a autoridade policial (delegado de polícia de carreira). Somente pela autoridade policial deve ser instaurado o inquérito policial, não tem discricionariedade o particular para proceder a instauração deste procedimento administrativo.
Indisponibilidade: é indisponível, após sua instauração não pode ser arquivado pela autoridade policial (CPP, art. 17).
É dispensável: a existência do inquérito policial não é obrigatória e nem necessária para o desencadeamento da ação penal. Há diversos dispositivos no Código de Processo Penal permitindo que a denúncia ou queixa sejam apresentadas com base nas chamadas peças de informação, que, em verdade, podem ser quaisquer documentos que demonstrem a existência de indícios suficientes de autoria e de materialidade da infração penal (LENZA, 2013, p.65)
Inquisitivo: o inquérito é por sua própria natureza, inquisitivo, ou seja, não permite ao indiciado ou suspeito a ampla oportunidade de defesa, produzindo e indicando provas, oferecendo recursos, apresentadas alegações, entre outras atividades que, como regra, possui durante a instrução judicial (NUCCI, 2015, p.124).
Conforme diz o célebre autor, fica claro observar que o inquérito policial por ter natureza inquisitiva não cabe para a parte que está sendo investigada o direito constitucional do amplo contraditório e a ampla defesa, quando se trata deste tipo de persecução penal, feita pelo Delegado de Polícia.
1.3. Valor probatório do inquérito policial
Conforme o artigo 155 do CPP:
O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvadas as provas cautelares, não repetíveis e antecipadas. 
Deste modo, fica entendido que o juiz não pode decidir exclusivamente com base nos elementos do inquérito policial, salvo quando a existência de provas cautelares não repetíveis e antecipadas. Pode assim, o juiz pegar um elemento que está nos autos do inquérito policial e acrescentar um elemento do processo penal e logo depois decidir com base nesses dois.
Provas cautelares: é a ideia do desaparecimento do objeto da prova (periculum in mora), ou seja, a demora da decisão da prova pode fazer com que ela desapareça, isto é, são aquelas em que há um risco de desaparecimento do objeto da prova por decurso do tempo. Exemplo: vistoria adperpetuam rei memoriam, pericia antecipada em caso de desastre de metrô.
Prova antecipada: ela está sendo feita fora do seu momento próprio, sua colheita é feita em momento processual distinto daquele legalmente previsto, por isso a classificação, tendo como exemplo: a situação de uma mulher gravemente enferma, e o juiz antecipa o depoimento dela em relação ao momento original da prova.
Prova não repetíveis: são aquelas que quando produzidas não tem como serem produzidas novamente, isto é, são aquelas provas que não poderá ser feita posteriormente, pois, depende de sua realização do especifico momento da investigação. Exemplo: interceptação telefônica, exame de corpo de delito.
1.4. Incomunicabilidade do preso
De acordo com o entendimento de Capez (2012, p.122):
Destina-se a impedir que a comunicação do preso com terceiros venha a prejudicar a apuração dos fatos, podendo ser imposta quando o interesseda sociedade ou a conveniência da investigação o exigir. O art. 21 do Código de Processo Penal prevê que a incomunicabilidade do preso não excederá de três dias e será decretada por despacho fundamentado do juiz, a requerimento da autoridade policial ou do órgão do Ministério Público, respeitadas as prerrogativas do advogado.
Há doutrinadores que entende que essa possibilidade esteja revogada pela Constituição Federal, pois na vigência do Estado de defesa, foi suspensa inúmeras garantias individuais da pessoa, razão pela qual, em estado de absoluta normalidade, quando todos os direitos e garantias devem ser fielmente respeitado.
E sob esta ótica fica evidenciado que um dos fundamentos da nossa Constituição Federal e a preservação da dignidade da pessoa humana e este tipo de incomunicabilidade viola este direito inerente ao ser humano.
1.5. Delatio criminis
É a denominação dada a comunicação feita por qualquer pessoa do povo a autoridade policial ou membro do Ministério Público ou juiz, acerca da ocorrência de infração penal.
Pode ser feita oralmente ou escrita. Caso a autoridade policial verifique a procedência da informação, mandará instaurar inquérito para apurar oficialmente o acontecimento.
1.6. Notitia criminis
Dá-se o nome de notitia criminis (notícia do crime) ao conhecimento espontâneo ou provocado, por parte da autoridade policial, de um fato aparentemente criminoso. É com base nesse conhecimento que a autoridade dá início às investigações (CAPEZ, 2012, p.123).
Trata-se do conhecimento espontâneo ou provocado do fato criminoso pela autoridade policial.
A notitia criminis pode ser classificado como:
Cognição imediato ou espontânea: trata-se do conhecimento do fato pela autoridade policial por meio de suas atividades rotineiras.
Cognição mediata ou provocada: a autoridade policial tomo conhecimento do fato criminoso por meio de expediente escrito, como por exemplo requerimento do ofendido.
Cognição forçado ou coercitiva: ocorre quando da apresentação do preso a autoridade policial.
2.  Procedimento da autoridade policial
Conforme explica o ilustríssimo autor Nucci (2015, p.113):
Quando a notitia criminis lhe chega ao conhecimento, deve o delegado:
1-    Dirigir-se ao local, providenciado para que não se alterem o estado e conservação das coisas, até a chegada dos peritos criminais;
2-    Apreender os objetos que tiverem relação com o fato, após liberados pelos peritos criminais;
3-    Colher todas as provas que servirem para o esclarecimento do fato e suas circunstancias;
4-    Ouvir o ofendido;
5-    Ouvir o indiciado;
6-    Proceder ao reconhecimento de pessoas e coisas e a acareações;
7-    Determina, se for o caso, que se proceda a exame de corpo de delito e a quaisquer outras pericias;
8-    Ordenar a identificação do indiciado pelo processo datiloscópico, se possível, e fazer juntar aos autos sua folha de antecedentes;
9-    Averiguar a vida pregressa do indiciado, sob o ponto de vista individual, familiar e social, sua condição econômica, sua atitude e estado de ânimo antes e depois do crime e durante ele, e quaisquer outros elementos que contribuírem para a apreciação do seu temperamento e caráter (art. 6.º, CPP).
2.1 Formas de instauração do inquérito policial
Conforme explica o autor Greco Filho (2012, p.126):
Instaura-se formalmente o inquérito de ofício, por portaria da autoridade policial, pela lavratura de flagrante, mediante representação do ofendido ou requisição do juiz ou do Ministério Público, devendo todas as peças do inquérito ser, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas.
De oficio
A autoridade tem a obrigação de instaurar o inquérito policial, independente de provocação, sempre que tomar conhecimento imediato e direto do fato, por meio de delação verbal ou por escrito feito por qualquer do povo (delatio criminis simples), notícia anônima (notitia criminis inqualificada), por meio de sua atividade rotineira (cognição imediata), ou no caso de prisão em flagrante.
Neste caso a nossa legislação ela traz uma obrigação a autoridade policial para instauração do inquérito policial, pois passa a ser um dever da autoridade quando toma conhecimento do fato criminoso. O delegado de polícia baixa uma portaria declarando assim, instaurado o inquérito e determina as providencias cabíveis a serem tomadas.
Pode também o crime chegar a autoridade por meio de uma notícia de um crime, como exemplo, por comunicação de outros policiais, por matéria jornalística, boletim de ocorrência lavrado em sua delegacia, por informação prestada por conhecidos etc.
Mediante requisição do Ministério Público ou do Juiz
Requisição é sinônimo de ordem. Assim, quando o juiz ou o promotor de justiça requisitam a instauração do inquérito, o delegado está obrigado a dar início às investigações. É necessário que as autoridades requisitantes especifiquem, no ofício requisitório, o fato criminoso, que deve merecer apuração (CAPEZ, 2012, p.69).
Quando, em autos ou papéis de que conhecerem, os juízes ou tribunais verificarem a existência de crime de ação pública, remeterão ao Ministério Público as cópias e os documentos necessários ao oferecimento da denúncia”. Todavia, se não estiverem presentes os elementos indispensáveis ao oferecimento da denúncia, a autoridade judiciária poderá requisitar a instauração de inquérito policial para a elucidação dos acontecimentos. O mesmo quanto ao Ministério Público, quando conhecer diretamente de autos ou papéis que evidenciem a prática de ilícito penal (CF, art. 129, VIII; CPP, art. 5º, II). Para alguns, como, por exemplo, Geraldo Batista de Siqueira, a requisição, na nova ordem constitucional, tornou-se privativa do Ministério Público, por força do art. 129, I, da Constituição Federal. A autoridade policial não pode se recusar a instaurar o inquérito, pois a requisição tem natureza de determinação, de ordem, muito embora inexista subordinação hierárquica.
Requerimento do ofendido
Neste caso a vítima do delito tem a possibilidade de endereçar uma petição a autoridade policial solicitando formalmente que está se inicie as investigações necessárias.
O requerimento para instauração de inquérito policial pode ser feito em crimes de ação pública ou privada. No último caso, o requerimento não interrompe o curso do prazo decadencial, de modo que a vítima deve ficar atenta a este aspecto.
Se o crime for de ação pública, mas condicionada à representação do ofendido ou do seu representante legal, o inquérito não poderá ser instaurado senão com o oferecimento desta. É a manifestação do princípio da oportunidade, que informa a ação penal pública condicionada até o momento do oferecimento da denúncia (CPP, art. 25).
 A autoridade judiciária e o Ministério Público só poderão requisitar a instauração do inquérito se fizerem encaminhar, junto com o ofício requisitório, a representação do ofendido
Auto de prisão em flagrante
Quando uma pessoa é presa em flagrante, deve ser encaminhada à Delegacia de Polícia. Nesta é lavrado o auto de prisão, que é um documento no qual ficam constando as circunstâncias do delito e da prisão. Lavrado o auto, o inquérito está instaurado.
O auto de prisão em flagrante é lavrado quando o agente pratica uma infração penal e é detido pela autoridade policial em flagrante. Um exemplo disto é quando o sujeito está praticando um crime de roubo (art.157CP) e logo é surpreendido por policiais a qual da voz de prisão para o delinquente.
2.2. Prazos para a conclusão do inquérito policial
Conforme esclarece o autor Lenza (2013, p.72):
Uma vez iniciado o inquérito a autoridade tem prazos para concluí-lo, mas estes prazos dependem de estar o indiciado solto ou preso. Indiciado solto De acordo com o art. 10, caput, do Código de Processo Penal, o prazo é de 30 dias, porém, o seu § 3º prevê que tal prazo poderá ser prorrogado quando o fato for de difícil elucidação.
 O pedido de dilação de prazo deve ser encaminhado pela autoridade policial ao juiz, que, antes de decidir, deve ouvir o Ministério Público, pois este órgãopoderá discordar do pedido de prazo e, de imediato, oferecer denúncia ou requerer o arquivamento do inquérito.
 Contudo, se houver concordância por parte do Ministério Público, o juiz deferirá novo prazo, que será por ele próprio fixado. Como o Ministério Público é o titular da ação, caso o juiz indefira o pedido de prazo, apesar da concordância daquele, poderá ser interposta correição parcial (recurso visando corrigir a falha).
 O pedido de dilação de prazo pode ser repetido quantas vezes se mostre necessário. Indiciado preso em flagrante ou por prisão preventiva nos termos do art. 10, caput, do Código de Processo Penal, o prazo para a conclusão é de 10 dias.
No caso de prisão em flagrante só deverá ser obedecido referido prazo se o juiz, ao receber a cópia do flagrante (em 24 horas a contar da prisão), e convertê-la em prisão preventiva (conforme determina o art. 310, II, do CPP), hipótese em que se conta o prazo a partir do ato da prisão em flagrante. Assim, se entre esta e sua conversão em preventiva passarem-se 2 dias, o inquérito terá apenas mais 8 dias para ser finalizado
. Se ao receber a cópia do flagrante o juiz conceder liberdade provisória, o prazo para a conclusão do inquérito será de 30 dias. Se o indiciado estava solto ao ser decretada sua prisão preventiva, o prazo de 10 dias conta​-se da data do cumprimento do mandado, e não da decretação. Na contagem do prazo, inclui-se o primeiro dia, ainda que a prisão tenha se dado poucos minutos antes da meia​-noite. O prazo é improrrogável. Assim, se o inquérito não for concluído e enviado à Justiça no prazo estipulado, poderá ser interposto habeas corpus.
A prisão temporária, prevista na Lei n. 7.960/89, é uma modalidade de prisão cautelar cabível somente na fase inquisitorial e, nos termos da lei, possui prazo máximo de duração de 5 dias, prorrogáveis por mais 5, em caso de extrema e comprovada necessidade nos crimes comuns, e de 30 dias, prorrogáveis por igual período, nos crimes definidos como hediondos, tráfico de drogas, terrorismo e tortura.
Tais prazos, entretanto, referem-se à duração da prisão, e não da investigação. Assim, encerrado o prazo sem que a autoridade tenha conseguido as provas que buscava, poderá, após soltar o investigado, continuar com as diligências, ao contrário do que ocorre com a prisão em flagrante e a prisão preventiva, em que o prazo de 10 dias para o término do inquérito é fatal. Note-se que, se for decretada prisão temporária em crime hediondo ou equiparado, o indiciado pode permanecer preso por até 60 dias, sem que seja necessária a conclusão do inquérito. Prazos em leis especiais
Os prazos para a conclusão do inquérito policial encontram algumas exceções importantes em legislações especiais: a) O art. 51, caput, da Lei n. 11.343/2006 (Lei Antitóxicos) estipula que, para os crimes de tráfico, o prazo será de 30 dias, se o indiciado estiver preso, e de 90 dias, se estiver solto. Tais prazos, ademais, poderão ser duplicados pelo juiz mediante pedido justificado da autoridade policial, ouvido o Ministério Público (art. 51, parágrafo único). b). Nos crimes de competência da Justiça Federal, o prazo é de 15 dias, prorrogáveis por mais 15 (art. 66 da Lei n. 5.010/66).
2.3. Indiciamento
Indiciado é a pessoa eleita pelo Estado – investigação, dentro da sua convicção, como autora da infração penal
Ou seja, é o ato pelo qual a autoridade policial reconhece formalmente os indícios de autoria e a materialidade que recai sobre o suspeito.
O indiciamento pode ser direto, é o feito na presença do indiciado, e o indireto quando ausente o indiciado.
2.4. Relatório final
A autoridade policial deve, ao encerrar as investigações, relatar tudo o que foi feito na presidência do inquérito, de modo a apurar ou não a materialidade e a autoria da infração penal. Por outro lado, a falta do relatório constitui mera irregularidade, não tendo o promotor ou o juiz o poder de obrigar a autoridade policial a concretizá-lo, tratando-se de falta funcional, passível de correção disciplinar (NUCCI, 2015, p.127).
O relatório não é peça obrigatória para o oferecimento da denúncia.
Para a instauração do inquérito policial é obrigatório o relatório final, mas para o oferecimento da denúncia feito pelo Ministério Público não e obrigatório.
Arquivamento do inquérito policial
Tal providência só cabe ao juiz, a requerimento do Ministério Público (CPP, art. 28), que é o exclusivo titular da ação penal pública (CF, art. 129, I). A autoridade policial, incumbida apenas de colher os elementos para a formação do convencimento do titular da ação penal, não pode arquivar os autos de inquérito (CPP, art. 17), pois o ato envolve, necessariamente, a valoração do que foi colhido.
Faltando a justa causa, a autoridade policial pode (aliás, deve) deixar de instaurar o inquérito, mas, uma vez feito, o arquivamento só se dá mediante decisão judicial, provocada pelo Ministério Público, e de forma fundamentada, em face do princípio da obrigatoriedade da ação penal (art. 28).
 O juiz jamais poderá determinar o arquivamento do inquérito, sem prévia manifestação do Ministério Público (CF, art. 129, I); se o fizer, da decisão caberá correição parcial (Dec.-Lei n. 3/69, arts. 93 a 96).
Se o juiz discordar do pedido de arquivamento do representante ministerial, deverá remeter os autos ao procurador-geral de justiça, o qual poderá oferecer denúncia, designar outro órgão do Ministério Público para fazê-lo, ou insistir no arquivamento, quando, então, estará o juiz obrigado a atendê-lo (CAPEZ, 2012. P.145-146).
Sendo assim, não é qualquer situação que o Ministério Público pode requerer o arquivamento deste procedimento administrativo, pois ele deve respeitar alguns fundamentos do inquérito policial par pedir o seu arquivamento sendo eles:
1-    Causa excludente da ilicitude
2-    Causa excludente da culpabilidade
3-    Atipicidade da conduta
4-    E falta de elementos de informação sobre a autoria e materialidade do crime.
2.5. Trancamento do inquérito policial
É possível o trancamento do inquérito policial por via de habeas corpus, trata-se de medida cabível quando não houver indícios de autoria e materialidade do crime e quando o fato for atípico.
Quando a investigação feita pela autoridade policial é infundada, ela traz para o indiciado um constrangimento ilegal, pois como já foi falado, o indiciamento é grave, pois faz anotar, definitivamente, na folha de antecedentes do indivíduo a suspeita de ter ele cometido um delito.
1. AÇÃO PENAL
1.1 Conceito
O direito à ação penal é o direito concedido ao indivíduo, de natureza penal/constitucional, de acionar o Estado-Juiz para realizar a aplicação da Lei Penal ao caso real.
Conforme lição de Nestor Távora e Fábio Roques em Código de Processo Penal Comentado (2015, p. 54), a ação penal é “direito público subjetivo, autônomo e abstrato, com previsão constitucional de exigir do Estado-juiz a aplicação do Direito Penal Material ao caso concreto para solucionar crise jurídica...”
Possui como finalidade precípua dar base, na vida em sociedade, ao devido processo legal, que constitui, no seio da sociedade, meio adequado e indispensável para que se sustente a condenação criminal de algum indivíduo, possibilitando que se atinja o contraditório e a ampla defesa.
1.2 Características
1.2.1 Autonomia
A ação penal não se liga ao direito material. Para cada direito, há uma ação adequada e para a variedade de crises existe um grande número de tutelas jurisdicionais aptas a resolvê-las.
1.2.2 Abstratividade
O direito de ação não está atrelado ao resultado do processo, podendo ela existir independente deste.
2. PÚBLICA
É a ação penal cuja titularidade pertence ao Ministério Público. Encontra previsão no art. 24 do Código de Processo Penal - CPP
“Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público, mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo.
§ 2o. Seja qualfor o crime, quando praticado em detrimento do patrimônio ou interesse da União, Estado e Município, a ação penal será pública”.
2.1 Princípios
2.1.1 Obrigatoriedade ou compulsoriedade
É necessária a existência de prova da materialidade do crime, combinada com indícios razoáveis de autoria ou participação e, assim, o Ministério Público é obrigado a oferecer a ação.
2.1.2 Indisponibilidade
Conforme melhor lição dos doutrinadores Távora e Roque, (2015, p. 55), quando se oferece a ação penal, há sempre a necessidade de o Ministério Público permanecer na relação processual.
No caso de formar sua convicção pela inocência do réu, poderá requerer sua absolvição, mas não poderá, de fato, desistir da ação penal. Tal entendimento também se aplicará na situação em que houver recurso interposto pelo MP, já que se trata de consequência natural da ação penal, conforme veremos no art. 42 do CPP: O Ministério Público não poderá desistir da ação penal.
2.1.3 Indivisibilidade:
Em caso de existir justa causa, é obrigatório que se impute os fatos a todos que serão investigados na etapa anterior ao processo, sob pena de gerar arquivamento implícito.
Segundo entendimento do STF e do STJ, a ação penal pública se submete ao princípio da divisibilidade, dando-se a possibilidade de se aditar a denúncia se necessário.
2.1.4 Intranscendência ou da pessoalidade:
Não passam da pessoa do réu, por conta do que está previsto no art. 5º, XLV, da Constituição Federal/88:
“XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado, podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do valor do patrimônio transferido; ”
2.1.5 Oficialidade
A existência deste princípio se dá pelo fato de a ação ser da titularidade de um órgão do Estado, no caso, o Ministério Público.
2.1.6 Autoritariedade
 Esse princípio se dá por conta do Ministério Público, que se constitui numa autoridade capaz de dar início à ação.
2.1.7 Oficiosidade
Segundo Nestor Távora e Fábio Roques (2015, p.56), a ação penal pública, por caber ao membro do Ministério Público, se constitui num dever-poder e, assim, só poderá acontecer quando estiver presente as condições exigiras, tais como representação do ofendido ou requisição do Ministro da Justiça.
2.2 Incondicionada
Na ação penal pública incondicionada, o Ministério Público agirá de ofício, sem provocação, conforme melhor lição do Código de Processo Penal: Art. 24. Nos crimes de ação pública, esta será promovida por denúncia do Ministério Público.
Diz-se incondicionada a ação penal de iniciativa pública quando, para que o Ministério Público possa iniciá-la, ou mesmo requisitar a instauração do inquérito policial, não se exige qualquer condição. De acordo com o art. 27 do Código de Processo Penal, qualquer pessoa do povo poderá provocar a iniciativa do Ministério Público, nos casos em que caiba a ação pública, fornecendo-lhe, por escrito, informações sobre o fato e a autoria e indicando o tempo, o lugar e os elementos de convicção.
São exemplos de infrações penais cuja ação penal é Pública Incondicionada:
Apologia/Incitação ao crime (art. 286/287 do Código Penal);
Constrangimento Ilegal (art. 146 do Código Penal);
Dano, exceto dano por motivo egoístico ou com prejuízo considerável, que é de ação penal privada (art. 163 do Código Penal);
Estelionato (art. 171 do Código Penal);
Favorecimento à prostituição (art. 228 do Código Penal);
Pornografia infantil (art. 241e s/s. ECA);
Propaganda eleitoral extemporânea (fora de época) (art. 36 Lei 9504/97);
Racismo (art. 20 Lei 7716/89);
Rufianismo (tirar proveito da prostituição alheia, participando diretamente de seus lucros ou fazendo-se sustentar, no todo ou em parte, por quem a exerça) (art. 230 do Código Penal);
Tráfico (art. 33 Lei 11343/06);
Tráfico de pessoas (art. 231 do Código Penal);
Violação direito autoral (art. 184 do Código Penal).
2.3. Condicionada
Já a condicionada, prescinde de representação da pessoa que foi ofendida ou de requisição do Ministro da Justiça, de acordo com o art. 24, do CPP “...mas dependerá, quando a lei o exigir, de requisição do Ministro da Justiça, ou de representação do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. ”
Pública condicionada à representação:
Há casos em que a apresentação da representação do ofendido é exigida para que sejam iniciadas as investigações policiais ou para que o Ministério Público inicie a ação penal. A representação do ofendido ou de seu representante legal não precisa conter grandes formalismos. Nela, o ofendido ou o representante legal declara a sua vontade no sentido de possibilitar ao Ministério Público a apuração dos fatos narrados, a fim de formar a sua convicção para, se for o caso, dar início à ação penal.
É importante, se possível, a apresentação das seguintes informações: narração do fato, com todas as circunstâncias; a individualização do suposto autor do fato ou seus sinais característicos; as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, e ainda a apresentação das provas conseguidas, o que facilitará as investigações.
São exemplos de infrações penais de ação pública condicionada:
Crime de ameaça (art. 147 do Código Penal);
Corrupção de menores (Art. 218 do Código Penal). 
Crimes contra a honra de funcionário público, cometido em razão de suas funções (Art. 141, II c/c art 145 Parágrafo Único CPP);
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou telefônica (Art. 151,)
2.4 Condições para a instauração da ação penal pública
2.4.1 Representação (delatio criminis postulatória)
Para que se deflagre a ação em comento, basta manifestação inequívoca de vontade do ofendido para deflagrar a persecução penal. Não é necessário que haja rigor formal no pedido, pois uma única notícia à autoridade policial já valida exercício do direito.
Já no caso de morte, quem representará será, conforme o art. 24 do Código de Processo Penal, preferencial e taxativamente, o cônjuge, ascendente, descendente ou irmão: § 1o No caso de morte do ofendido ou quando declarado ausente por decisão judicial, o direito de representação passará ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
O prazo da ação será de 6 meses, a partir do momento em que se tem conhecimento do autor ou partícipe da infração penal. Este prazo será decadencial. Se o representante legal não representar, ocorrerá a extinção da punibilidade.
É permitido que a vítima se retrate da representação feita desde que esse arrependimento se dê antes do oferecimento da denúncia. A retratação da retratação da representação, dentro dos 6 meses também é permitida, se o ofendido não agir de má-fé.
Já no caso da Lei Maria da Penha, os autores Nestor Távora e Fábio Roques dizem que a renúncia só poderá ser feita até que se receba a denúncia, numa audiência que se designe especificamente com esse objetivo, desde que presentes o magistrado e o membro do Ministério Público.
O MP, em sua independência funcional, não se vincula à peça informativa, podendo utilizar seu juízo de privado, nada impedindo que arquive a peça de informação ou que enquadre o fato a tipo penal distinto do que ficou na representação.
2.4.2 Requisição do Ministro da Justiça
Se faz através de um pedido-autorização, que dá início à ação penal de determinados delitos e constitui-se numa condição de procedibilidade ou especial da ação.
Não existe prazo decadencial para a requisição ser formulada, só tendo que observar-se o prazo prescricional da infração penal, conforme o art. 109
Não há prazo decadencial para que haja requisição, assim, poderá ser apresentada a qualquer tempo, observando, contudo, o prazo prescricional da infração penal.
Segundo segmentos específicos da doutrina processual penal, é possível que se realize a retratação, por paralelo ao instituto da representação. Já a outra parte da doutrina, defende que não é possível por gerar uma fragilização do Estado e da figura do Presidente da República.
Acrescenta,ainda, Mirabete, que “embora seja ela um ato administrativo e inspirado por razões de ordem política, a requisição deve ser um ato revestido de seriedade e não fruto de irreflexão, leviana afoiteza ou interesse passageiro”.
3. PRIVADA
A ação privada ocorre quando o representante legal ou ofendido é autor. Assim, o ofendido deverá apresentar queixa-crime, que constitui peça privativa de um advogado, devendo este ser constituído por procuração com poderes específicos para tanto.
Neste caso, o ofendido deverá oferecer queixa-crime, peça privativa de advogado, que será constituído por meio de procuração com poderes específicos para tanto.
Ação Penal privada é aquela em que o direito de promover a ação penal pertence ao ofendido ou a quem tenha qualidade para representá-lo. O prazo para mover a ação é de 6 meses a contar da data do conhecimento do delito.
São exemplos de infrações penais de ação privada:
Injúria (art. 140 do Código Penal);
Calúnia (art. 138 do Código Penal);
Difamação (art. 139 do Código Penal);
Dano por motivo egoístico ou com prejuízo considerável à vítima (art. 163, IV, do Código Penal).
OBS.: O Ministério Público atua nos casos de práticas de crimes de ação penal pública incondicionada, ou condicionada à representação.
3.1 Princípios
3.1.1 Oportunidade
A ação penal privada está contida na conveniência ou oportunidade do seu titular ativo, ou seja, vítima ou quem o represente legalmente, que não serão obrigados a deflagrar a ação penal. A oportunidade lida com a ação penal antes mesmo de esta ser instaurada.
3.1.2 Decadência:
Segundo lição de Nucci, (2014, p. 161), a decadência significa a perda da opção de o ofendido ou seu representante ter por instaurar a ação penal privada pelo decurso do tempo de 6 meses.
A decisão, no caso, será de mérito e formará coisa julgada material, que declarará, ainda, a extinção da punibilidade em relação aos participantes, isto é, autores, coautores e partícipes da infração penal.
O prazo decadencial não se suspende, posterga e nem interrompe, nem se prorroga.
3.1.3 Renúncia
É quando, por declaração da vítima, ela renuncia expressamente, ou pratica um ato no qual se perceba flagrantemente que não se coadune com a intenção de ver o processamento do delito, também conhecida como renúncia tácita.
Da renúncia, será prolatada sentença de mérito (coisa julgada material) que declara extinta a punibilidade em relação aos participantes (autor, coautor ou partícipe) da infração.
Uma vez que a renúncia é ofertada a um, ela se estende aos demais infratores, já que a ação penal privada é norteada pelo princípio da indivisibilidade, conforme art. 49 do CPP: A renúncia ao exercício do direito de queixa, em relação a um dos autores do crime, a todos se estenderá.
3.1.4 Princípio da disponibilidade
Quando deflagrada a ação penal privada, a vítima poderá desistir do seu processamento até o trânsito em julgado da sentença, ressaltando o princípio da oportunidade anteriormente mencionado.
3.1.5 Perdão
Perdão expresso consiste na declaração que a vítima pode fazer por não querer prosseguir com a ação penal. Já o tácito, é aquele no qual ela age de forma que não dá a entender que quer levar o processo à frente.
O perdão acarreta uma sentença de mérito que forma coisa julgada material e declara também a extinção de punibilidade em relação aos infratores.
É necessário que haja a aceitação do destinatário, que pode ser expresso ou tácito, de forma que o destinatário deve aceitar ou não no prazo de 3 dias. No caso de aceitar, terá que declarar expressamente. No caso de não aceitar e não declarar que não aceita, o aceite se dará de maneira tácita.
3.1.6 Perempção
É verificada quando ocorre um desleixo quanto ao impulsionamento da ação, isto é, desídia do autor da ação em praticar ato necessário ao andamento adequado do processo, vejamos o art. 60 do CPPB:
“Art. 60. Nos casos em que somente se procede mediante queixa, considerar-se-á perempta a ação penal:
I - quando, iniciada esta, o querelante deixar de promover o andamento do processo durante 30 dias seguidos;
II - quando, falecendo o querelante, ou sobrevindo sua incapacidade, não comparecer em juízo, para prosseguir no processo, dentro do prazo de 60 (sessenta) dias, qualquer das pessoas a quem couber fazê-lo, ressalvado o disposto no art. 36;
III - quando o querelante deixar de comparecer, sem motivo justificado, a qualquer ato do processo a que deva estar presente, ou deixar de formular o pedido de condenação nas alegações finais;
IV - quando, sendo o querelante pessoa jurídica, está se extinguir sem deixar sucessor”.
Se houver mais infrações, pode acontecer a perempção quanto a apenas algumas delas. Quanto à existência de diversos querelantes, a perempção em razão de parte deles não prejudica os demais.
O efeito natural da perempção é a sentença de mérito que forma coisa julgada, declarando a extinção da punibilização em relação aos praticantes do delito.
3.1.7 Indivisibilidade
Não é possível que ela seja fracionada em relação aos infratores, isto é, a vítima que quiser exercer a ação penal em relação a um, deverá exercer em relação a todos os conhecidos nas infrações penais.
O Ministério Público atua como custos legis, devendo garantir a obediência da indivisibilidade.
3.1.8 Intranscendência ou da pessoalidade
Os efeitos da ação penal não passam da pessoa do réu.
3.2 Exclusiva
A vítima, seu representante legal e seus sucessores podem ajuizar.
3.3. Personalíssima
Somente a vítima e seu representante legal podem ajuizar (art. 31 do CPP).
3.4 Subsidiária da pública
A vítima, seu representante legal ou sucessores podem ajuizar, desde que, em casos de ação pública, o Ministério Público não ofereça denúncia no prazo legal. Conforme Guilherme de Souza Nucci, em Manual de Direito Processual Penal, (2014, p. 170) “quando o ofendido, porque o Ministério Público, sem agir como deveria, deixa escoar o prazo para o oferecimento da denúncia, age em seu lugar, apresentando queixa, conforme já exposto”. Está prevista no art. 5º, LIX, da Constituição Federal: será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.

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