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AULA 03 - DA PESSOA NATURAL

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PESSOA NATURAL
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O CÓDIGO CIVIL É DIVIDIDO EM DUAS GRANDES PARTES:
 PARTE GERAL
 PARTE ESPECIAL
HÁ TRES EXPRESSÕES QUE DEFINEM O CC E SE COMBINADAS FORMAM O DIREITO CIVIL INTEIRO:
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Pessoa veio do latim persona, significa máscara de teatro, ou em sentido figurado, o próprio papel atribuído a um ator, isso porque na antiguidade os atores adaptavam uma máscara ao rosto, com um dispositivo especial que permitia emitir a voz. 
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Acepções da palavra pessoa:
Vulgar – ser humano em geral
Filosófica – ente dotado de razão com um objetivo moral.
Jurídico – é o ente físico ou moral suscetível de direitos e obrigações.
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Pessoa natural é o ser humano considerado como sujeito de direitos e obrigações.
Art. 1º. CC
Da condição de pessoa deriva o conceito de personalidade como um atributo seu. 
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SILVIO DE SALVO VENOSA
“Prendemo-nos aqui à idéia de personalidade da pessoa natural, denominada ainda por alguns pessoa física, cuja compreensão é de uso vulgar.
Os animais e os seres inanimados não podem ser sujeitos de direito. Serão, quando muito, objetos de direito. As normas que almejam proteger a flora e a fauna o fazem tendo em mira a atividade do homem. Os animais são levados em consideração tão-só para sua finalidade social, no sentido protetivo.
No curso da História, nem sempre toda pessoa foi sujeito de direitos. Os escravos, considerados coisa, estavam fora do alcance da personalidade”
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CONCEITO 
CLÓVIS BEVILÁQUA
“A personalidade jurídica tem por base a personalidade psíquica, somente no sentido de que, sem esta ultima não se poderia o homem ter elevado ate a concepção da primeira. Mas o conceito jurídico e o psicológico não se confundem. Certamente o individuo vê na sua personalidade jurídica a projeção da sua personalidade psíquica , ou , antes um outro campo em que ela se afira, dilatando-se ou adquirindo novas qualidades, todavia, na personalidade jurídica intervem um elemento , a ordem jurídica, do qual ela depende essencialmente , do qual recebe a existência, a forma, a extensão e a força ativa. Assim a personalidade jurídica é mais do que um processo superior da atividade psíquica; é uma criação social, exigida pela necessidade de por em movimento o aparelho jurídico, e que , portanto, é modelada pela ordem jurídica.”
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TEORIA GERAL DO DIREITO
Personalidade jurídica é a aptidão genérica para titularizar direitos e contrair obrigações, ou é o atributo necessário para ser sujeito de direito
Substituição da palavra “homem” por “pessoa” – Novo Código Civil 
Art. 1º. “Toda pessoa é capaz de direitos e obrigações”
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AQUISIÇÃO DA PERSONALIDADE
A pessoa natural, para o direito, é portanto, o ser humano, enquanto sujeito/destinatário de direitos e obrigações
O seu surgimento ocorre a partir do nascimento com vida – art. 2º do CC
ART. 2º A PERSONALIDADE CIVIL DA PESSOA COMEÇA DO NASCIMENTO COM VIDA; MAS A LEI PÕE A SALVO, DESDE A CONCEPÇÃO, OS DIREITOS DO NASCITURO.
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No instante em que principia o funcionamento do aparelho cardiorrespiratório, clinicamente aferível pelo exame
 DOCIMASIA HIDROSTÁTICA DE GALENO 
O recém nascido adquire personalidade jurídica, tornando-se sujeito de direitos, mesmo que venha a falecer minutos depois.
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DOCIMASIA HIDROSTÁTICA DE GALENO 
É baseado na diferença de peso específico entre o pulmão que respirou e o que não respirou, mergulhados na água. O primeiro, por se achar com os alvéolos dilatados e impregnados de ar, sobrenada, ao passo que o segundo, compacto e vazio, com as paredes alveolares colabadas, e por conseguinte mais denso, vai ao fundo.
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WALTER CENEVIVA
“Apesar das longas discussões da doutrina, no Brasil, há nascimento e há parto quando a criança, deixando o útero materno, respira. É na respiração cientificamente comprovável que se completa conformação fática do nascimento. Sem ela, tem-se o parto de natimorto, que sendo expulso do ventre materno, ao termo da gestação com duração mínima normal, mas sem vida, não é sujeito de direito.”
(Lei dos Registros Públicos Comentada)
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Silvio de Salvo Venosa afirma:
“O Código Brasileiro poderia ter seguido a orientação do Código francês que estabelece começar a personalidade com a concepção. Em nosso código, contudo, predominou a teoria do nascimento com vida para ter inicio a personalidade.”
“TEORIA NATALISTA”
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Direito romano – exigia-se a forma humana para a aquisição da personalidade
Direito Brasileiro – NÃO se exige a forma humana e a viabilidade para se conceder ao recém –nascido a qualidade de pessoa.
CC Espanhol – “Art. 30. Para los efectos civiles, solo se reputará nacido el feto que tuviere figura humana y viviere veinticuatro horas enteramente desprendido del seno materno.”
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O NASCITURO
LIMONGI FRANÇA, citado por FRANCISCO AMARAL, define o nascituro como sendo:
 
“o que está por nascer, mas já concebido no ventre materno”.
Cuida-se do ente concebido, embora ainda não nascido, dotado de vida intra-uterina, daí porque a doutrina diferencia-o (o nascituro) do embrião mantido em laboratório. 
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A Lei Civil trata do nascituro quando, posto não o considere pessoa, coloca a salvo os seus direitos desde a concepção (art. 2º, NCC).
Art. 2º. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do nascituro.
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Um importante projeto de lei que cuida da reprodução humana assistida é o PL 90/99, que, em seu art. 9° § 1°, prevê expressamente que: 
“Não se aplicam aos embriões originados in vitro, antes de sua introdução no aparelho reprodutor da mulher receptora, os direitos assegurados ao nascituro na forma da lei. 
Já o Projeto de Reforma do CC (PL 6960/02), aponta em sentido contrário:
 “Art. 2°. A personalidade civil da pessoa começa do nascimento com vida; mas a lei põe a salvo, desde a concepção, os direitos do embrião e do nascituro”
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Admitida a TEORIA NATALISTA, segundo a qual a aquisição da personalidade opera-se a partir do nascimento com vida, é razoável o entendimento no sentido de que, não sendo pessoa, o nascituro possui mera expectativa de direito.
 (VICENTE RÁO, SILVIO RODRIGUES, EDUARDO ESPÍNOLA, SILVIO VENOSA)
Os adeptos da TEORIA DA PERSONALIDADE CONDICIONAL sufragam entendimento no sentido de que o nascituro possui direitos sob condição suspensiva. Vale dizer, ao ser concebido, já pode titularizar alguns direitos (extrapatrimoniais), como o direito à vida, mas só adquire completa personalidade, quando implementada a condição do seu nascimento com vida.
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QUADRO ESQUEMÁTICO
NASCITURO
O nascituro é titular de direitos personalíssimos (como direito à vida, o direito à proteção pré natal, etc.)
Pode receber doação, sem prejuízo do recolhimento do imposto de transmissão inter vivos;
Pode ser beneficiado por legado e herança;
Pode ser-lhe nomeado curador para a defesa dos seus interesses (art. 877 e 878 do CPC)
O código Penal tipifica o crime de aborto
Como decorrência da proteção conferida pelos direitos da personalidade, o nascituro tem direito à realização do exame de DNA, para efeito de aferição de paternidade
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Investigação de paternidade. Alimentos. Provisórios em favor do nascituro. Possibilidade. Adequação do quantum. 1. Não pairando dúvida acerca do envolvimento sexual entretido pela gestante com o investigado, nem sobre exclusividade desse relacionamento, e havendo necessidade da gestante, justifica-se a concessão de alimentos em favor do nascituro. 2. sendo o investigado casado e estando também sua esposa grávida,
a pensão alimentícia deve ser fixada tendo em vista as necessidades do alimentando, mas dentro da capacidade econômica do alimentante, isto é, focalizando tanto seus ganhos como também os encargos que possui. Recurso provido em parte (Agravo de Instrumento n°. 70006429096, Sétima Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Sérgio Fernando de Vasconcellos Chaves, julgado em 13/08/2003)
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CAPACIDADE
É a medida jurídica da personalidade
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CAPACIDADE DE DIREITO 
X
CAPACIDADE DE FATO
Adquirida a personalidade jurídica, toda pessoa passa a ser capaz de direitos e obrigações.
Todo ser humano tem, assim, capacidade de direito, pelo fato de que a personalidade jurídica é atributo inerente à sua condição.
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MARCOS BERNARDES DE MELLO discorrendo sobre o que seria a capacidade de direito ou de gozo, explica:
“A aptidão que o ordenamento jurídico atribui às pessoas, em geral, e a certos entes em particular, estes formados por grupos de pessoas ou universalidades patrimoniais, para serem titulares de uma situação jurídica”
“A capacidade de direito não pode ser recusada ao individuo, sob pena de se negar sua qualidade de pessoa, despindo-o dos atributos das personalidade.” (in Maria Helena Diniz)
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Nem toda pessoa, porém possui aptidão para exercer pessoalmente os seus direitos, praticando atos jurídicos, em razão de limitações orgânicas ou psicológicas.
Se puderem atuar pessoalmente, possuem, também a capacidade de fato ou de exercício.
Logo, a capacidade de fato ou de exercício é a aptidão de exercer por si os atos da vida civil, dependendo, portanto, do discernimento que é critério, prudência, juízo tino, inteligência, e, sob o prisma jurídico, a aptidão que tem a pessoa de distinguir o licito do ilícito, o conveniente do prejudicial. 
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Capacidade de direito ou gozo
+
Capacidade de fato ou exercício
=
CAPACIDADE PLENA
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ORLANDO GOMES
“A capacidade de direito confunde-se, hoje, com a personalidade, porque toda pessoa é capaz de direitos. Ninguém pode ser totalmente privado dessa espécie de capacidade.”
“A capacidade de fato condiciona-se à capacidade de direito. Não se pode exercer um direito sem ser capaz de adquiri-lo. Uma não se concebe, portanto, sem a outra. Mas a recíproca não é verdadeira. Pode-se ter capacidade de direito, sem capacidade de fato; adquirir o direito e não poder exercê-lo por si. A impossibilidade do exercício e, tecnicamente, incapacidade.”
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INCAPACIDADE
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“INCAPACIDADE é a restrição legal ao exercício dos atos da vida civil devendo ser sempre encarada estritamente, considerando-se o principio de que “a capacidade é a regra e a incapacidade a exceção”.
Encontra-se nessa situação a pessoa a quem falte capacidade de fato ou exercício, ou seja, que esteja impossibilitado de manifestar real e juridicamente a sua vontade.
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Incapacidade será absoluta quando houver proibição total do exercício do direito pelo incapaz, acarretando, em caso de violação do preceito, a nulidade do ato (CC art. 166, I).
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.
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Os menores de dezesseis anos
O legislador considera que a pessoa é inteiramente imatura para atuar na órbita do direito.
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Art. 2º - ECA – “Considera-se criança, para os efeitos desta Lei, a pessoa até 12 (doze) anos de idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 (doze) e 18(dezoito) anos de idade”.
III JORNADA DE DIREITO CIVIL
138 – Art. 3º: A vontade dos absolutamente incapazes, na hipótese do inc. I do art. 3o, é juridicamente relevante na concretização de situações existenciais a eles concernentes, desde que demonstrem discernimento bastante para tanto.
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Os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário discernimento para a prática desses atos
As pessoas que padeçam de doença ou deficiência mental , que as torne incapazes de praticar atos no comércio jurídico, são consideradas absolutamente incapazes.
A incapacidade deve ser oficialmente reconhecida por meio do procedimento de INTERDIÇÃO, previsto nos arts. 1.177 a 1.186 do CPC.
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 Declarada judicialmente a incapacidade, não são considerados válidos os atos praticados pelo incapaz mesmo nos intervalos de perfeita lucidez.
A senilidade NÃO é causa de restrição da capacidade, ressalvada a hipótese de a senectude gerar um estado patológico, a exemplo da arteriosclerose. (Caio Mário Da Silva)
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Os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade
São considerados absolutamente incapazes aqueles que, sem serem portadores de doença ou deficiência mental, encontrem-se em estado de paralisia mental total e temporária.
Ex: Dependente de tóxico que, sem haver evoluído ainda para um quadro clínico, esteja sob o efeito do entorpecente, que o priva totalmente de discernimento ou o ébrio eventual.
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O caráter temporário e a impossibilidade total de expressão da vontade são simultaneamente, elementos essenciais para a configuração dessa forma de incapacidade absoluta. Se há patologia reconhecida ou definitividade na limitação, estar-se-ia diante da hipótese do inciso II. Se, por outro lado, embora permanente a patologia, o discernimento é apenas reduzido, mas não suprimido, verificar-se-á a hipótese de incapacidade relativa prevista no art. 4º, II
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Entre a absoluta e a plena capacidade civil, figuram pessoas situadas em zona intermediária, por não gozarem de total capacidade de discernimento e auto determinação. Trata-se dos relativamente incapazes.
“A incapacidade relativa diz respeito àqueles que podem praticar por si os atos da vida civil desde que assistidos por quem o direito positivo encarrega deste ofício, em razão de parentesco, de relação de ordem civil, ou de designação judicial. O efeito da violação desta norma é gerar a anulabilidade do ato jurídico.” (CC, art. 171, I)
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Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido;
III - os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo;
IV - os pródigos.
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Os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos
A partir do NCC. A maioridade civil será atingida aos dezoito anos, seguindo uma tendência já firmada em nossa sociedade, no sentido de chamar os jovens à responsabilidade mais precocemente, igualando-a, nesse aspecto, à maioridade criminal.
CRITICAS À REDUÇÃO
COMPLEXIDADE DAS RELAÇÕES JURIDICAS
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Os ébrios habituais, os viciados em tóxicos, e os que, por deficiência mental, tenham o discernimento reduzido
Sensível a esse fato, o NCC elevou à categoria de causa de incapacidade relativa a embriaguez habitual que reduz, sem privar totalmente, a capacidade de discernimento do homem. Se a embriaguez houver evoluído para um quadro patológico, aniquilando completamente a capacidade de autodeterminação, equipar-se-á à doença mental, e como tal deve ser tratada, passando a figurar entre as causas de incapacidade absoluta.
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Na mesma linha, os viciados em tóxicos com reduzida capacidade de entendimento são considerados relativamente incapazes. Todavia, a depender do grau de intoxicação e dependência, a interdição do dependente poderá ser total, caracterizando-se a sua absoluta incapacidade para os atos da vida civil. 
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Os excepcionais, sem desenvolvimento mental completo
Tais indivíduos, posto
não cheguem a atingir desenvolvimento mental completo, merecem educação especial e podem, perfeitamente, ingressar no mercado de trabalho.
A previsibilidade de sua relativa incapacidade tem apenas o precípuo escopo de protegê-los, já que deverão praticar atos jurídicos devidamente assistidos, sem prejuízo salutar inserção no meio social.
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Os pródigos
Segundo Clóvis Beviláqua , pródigo é “aquele que desordenadamente gasta e destrói a sua fazenda, reduzindo-se à miséria por sua culpa.”
Trata-se de um desvio comportamental que, refletindo-se no patrimônio individual, culmina por prejudicar, ainda que por via obliqua, a tessitura familiar e social. Note-se que o individuo que desordenadamente dilapida o seu patrimônio poderá, ulteriormente, bater às portas de um parente próximo ou do próximo Estado para buscar amparo.
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A interdição do prodigo somente o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado e praticar em geral, atos que não sejam de mera administração (art. 1.782 CC)
Não suporta restrição a prática de atos pessoais (casamento, autorização para que seus filhos menores casem, etc), uma vez que a sua incapacidade, justificadora da curatela, refere-se apenas a atos que possam diminuir o seu patrimônio.
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 OBS. > O pródigo enquanto não declarado como tal, é capaz para todos os atos, pois só com sua interdição passa a ser relativamente incapaz.
A prodigalidade pode se dar por:
Oniomania: pertubação mental que provoca o portador a adquirir descontroladamente tudo que tiver vontade.
Cibomania: psicose que conduz a dilapidação patrimonial em jogos de azar.
Imoralidade: gasto excessivo para satisfação de impulsos sexuais.
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CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DOS SILVÍCOLAS
CC 1916 – Relativamente incapazes.
CC 2002 – passou a ser remetida à legislação especial (art. 4º. Parágrafo único, CC).
“SILVÍCOLA” – Aquele que vive na selva
Substituição pelo vocábulo ÍNDIO – CF/88
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CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DOS SILVÍCOLAS
A Lei 5.371 de 5 de dezembro de 1967 instituiu a FUNAI – Fundação Nacional do Índio – poderes de representação e apoio ao indígena.
A Lei 6.001 de 19 de dezembro de 1973 – Estatuto do Índio - considera o indígena, em principio, agente absolutamente incapaz, reputando nulos os atos por eles praticados sem a devida representação.
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CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DOS SILVÍCOLAS
De acordo com VENOSA (2004) a capacidade dos índios só pode ser concedida quando estes se adaptarem à civilização e preencherem os requisitos que estão dispostos no art. 9º do Estatuto do Índio:
I - idade mínima de 21 anos;
II - conhecimento da língua portuguesa;
III - habilitação para o exercício de atividade útil, na comunhão nacional, e;
IV - razoável compreensão dos usos e costumes da comunhão nacional.
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CONSIDERAÇÕES GERAIS ACERCA DOS SILVÍCOLAS
Conclusão: O índio possui capacidade sui generis, pois, de um lado, assemelha-se aos relativamente incapazes na medida em que é assistido, na prática de determinados atos, pela FUNAI, mas de outro se aproxima dos absolutamente incapazes, pois, sem a aludida assistência seus atos serão nulos e não anuláveis. 
Observe-se, contudo, que os atos praticados pelos absolutamente incapazes são sempre nulos, independentemente de prejuízo, ao passo que os atos praticados pelo índio sem a assistência da FUNAI só serão nulos se lhe for prejudicial, caso contrário reputam-se válidos. 
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SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE
A limitação da capacidade civil é suprida pelos institutos da representação e assistência.
O suprimento da incapacidade absoluta dá-se através da REPRESENTAÇÃO. Ex. pais, tutores, curadores.
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SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE
Tutela é o instituto organizado à imagem e semelhança do poder familiar, que confere a pessoa capaz, parente ou não, a responsabilidade para cuidar e proteger o menor, bem como
administrar seus bens, desde que os pais do menor tenham falecido, sejam ausentes, ou quando tenham decaído do poder familiar.
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A curatela ou curadoria é o cargo conferido por Lei a alguém, para reger a pessoa e seus bens, ou somente os bens, de pessoas menores, ou maiores, que por si não podem fazer, devido a perturbações mentais, surdo-mudez, prodigalidade, ausência, ou por ainda não terem nascido.
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SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE
Não é qualquer obrigação assumida pelos pais , em nome dos filhos, que pode ser considerada válida.
Ex. art. 1.691 CC - Não podem os pais alienar, ou gravar de ônus real os imóveis dos filhos, nem contrair , em nome deles, obrigações que ultrapassem os limites da simples administração, salvo por necessidade ou evidente interesse da prole, mediante prévia autorização do juiz.
“O representante pratica o ato no interesse do incapaz”
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SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE
Art. 119 CC - É anulável o negócio concluído pelo representante em conflito de interesses com o representado, se tal fato era ou devia ser do conhecimento de quem com aquele tratou.
O negócio jurídico celebrado por pessoa absolutamente incapaz é cominado de NULIDADE - Art. 166, I CC.
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SUPRIMENTO DA INCAPACIDADE
O suprimento da incapacidade relativa dá-se por meio da ASSISTÊNCIA.
Diferentemente dos absolutamente incapazes, o relativamente incapaz pratica ato jurídico juntamente com seu assistente (pais, tutor ou curador), sob pena de anulabilidade.
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CESSAÇÃO DA INCAPACIDADE
A menoridade, à luz do CC, cessa aos 18 anos completos, quando a pessoa fica habilitada à prática de todos os atos da vida civil.
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WASHINGTON DE BARROS MONTEIRO afirma que:
“a opinião mais correta é no sentido de que o individuo se torna maior e capaz no primeiro momento do dia em que perfaz os 18 anos. Se ele nasceu num ano bissexto, a 29 de fevereiro, a maioridade será alcançada no 18º ano, mas a 1º de março. Se ignorada a data de nascimento, exigir-se-á exame médico, porém, na dúvida, pernder-se-á pela capacidade (in dubio pro capacitate)”
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É possível a antecipação da capacidade plena, em virtude da autorização dos representantes legais do menor ou do juiz, ou pela superveniência de fato a que a lei atribui força para tanto.
E M A N C I P A Ç Ã O 
A emancipação pode ser de três espécies: voluntária, judicial ou legal.
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EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA 
 É concedida pelos pais, se o menor tiver dezesseis anos completos (art. 5º, parágrafo único, inciso I do Código Civil). 
 Deve ser concedida por ambos os pais, ou por um deles na falta de outro. A impossibilidade de qualquer deles participar do ato, por se encontrar em local ignorado ou por outro motivo relevante, deve ser devidamente justificada em juízo. Se os pais divergirem entre si, a divergência deverá ser dirimida pelo juiz. 
 Quanto à forma, é expressamente exigido o instrumento público, independentemente de homologação judicial (art. 5º, parágrafo único, inciso I do NCC)
 A Emancipação é ato irrevogável, mas os pais podem ser responsabilizados solidariamente pelos danos causados pelo filho que emanciparam. Esse é o entendimento mais razoável , para que a vitima não fique sem ressarcimento.
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EMANCIPAÇÃO JUDICIAL
A emancipação judicial é concedida por sentença, ouvido o tutor, em favor do tutelado que já completou dezesseis anos. 
Se o menor estiver sob tutela, deverá requerer sua emancipação ao juiz, que a concederá por sentença, depois de verificar a conveniência do deferimento para o bem do menor. 
O tutor não pode emancipá-lo.
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OBS. : As emancipações voluntária e judicial devem ser registradas em livro próprio do 1º Ofício do Registro Civil da comarca do domicílio do menor, anotando-se também em seu registro de nascimento. 
Quando concedida por sentença, deve
o juiz comunicar, de ofício, a concessão ao escrivão do Registro Civil (= ao Cartório onde fora assentado o registro de nascimento do menor).
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EMANCIPAÇÃO LEGAL
 Casamento – art. 5º, parágrafo único , II do CC – Podem casar o homem e a mulher a partir dos 16 anos desde que tenha a autorização de ambos os pais ou de seus representantes legais (art. 1.517 CC)
 Exercício de emprego publico – art. 5º, parágrafo único, III do CC) – servidor ou empregado – desde que haja nomeação em caráter efetivo.
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EMANCIPAÇÃO LEGAL
 Colação de grau em curso de ensino superior – art. 5º, parágrafo único , IV do CC – Washington de Barros afirma que “dificilmente alguem se emancipará por essa forma, dada a consideralvel extensão dos cursos”. 
 Estabelecimento civil ou comercial , ou existência de relação de emprego, desde que, em função deles, o menor com 16 anos completos tenha economia própria – art. 5º, parágrafo único, V do CC) – inovações do CC quanto a idade e relação de emprego + economia própria.
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EMANCIPAÇÃO LEGAL
CF/88 – art. 5º, XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou insalubre a menores de 18 anos e de qualquer trabalho a menores de dezesseis anos, salvo na condição de aprendiz, a partir dos 14 anos.
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EMANCIPAÇÃO LEGAL
A emancipação não se adquire simplesmente com a celebração do contrato de trabalho, devendo concorrer como outro requisito, a existência de economia própria, o que descarta os contratos de aprendizagem e os de jornada de tempo parcial.
 ASSISTÊNCIA DOS RESPONSAVEIS NA CELEBRAÇÃO DO CONTRATO – EMANCIPAÇÃO VOLUNTÁRIA?
 ASSINATURA DA CTPS – PROVA DA EMANCIPAÇÃO
 CONTRATO DE TRABALHO ASSINADO SEM ASSISTENCIA OU ASSINATURA DA CTPS – INEXISTENCIA DE EMANCIPAÇÃO
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