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Contas Nacionais Aula 2 – Conceitos Iniciais Prof. Fernando Pozzobon fernando.esag@gmail.com 1 Conceitos Básicos No Brasil os valores agregados das Contas Nacionais resultam das transações que se verificam no âmbito de três grandes setores de produção que correspondem, com ligeiras variações, à usual divisão com que geralmente são decompostas as atividades de produção das economias nacionais: Atividades primárias – agricultura, pecuária, pesca e atividades afins. · Atividades secundárias – indústrias de transformação e de construção. Atividades terciárias – prestação de serviços, a exemplo do comércio, dos transportes e da intermediação financeira e serviços governamentais. Esse conjunto compõe o aparelho de produção da economia nacional, através do qual são realizadas as operações do PPG – Processo Produtivo Geral. Conceitos Básicos Agentes Econômicos I – FAMÍLIAS: são entidades que fornecem serviços de fatores, a exemplo do trabalho, via Mercado de Trabalho, para as empresas, Governo ou entidades externas – recebendo em troca a devida remuneração sob forma de salários. De igual modo, as “famílias” ofertam os demais fatores de sua propriedade nos mercados pertinentes para satisfazer a demanda das entidades que deles necessitam recebendo aluguéis, juros, lucros e dividendos. II – EMPRESAS: englobam as entidades produtoras de bens e serviços que utilizam os fatores produtivos, contratados via Mercado de Fatores, e destinam o resultado de suas atividades aos Mercados de Bens e Serviços Finais e/ou ao Mercado de Bens e Serviços Intermediários para obter lucro. III – GOVERNO: São os órgãos públicos em qualquer esfera de influência que se dedicam a prestar serviços à sociedade que não possuem preço ou valor definido em mercado e são consumidos pela totalidade da sociedade. Tais produtos são chamados de “bens públicos”, pois o cidadão o paga via recolhimento de impostos, mas não tem a garantia de que irá efetivamente desfrutar de seu consumo. IV – RESTO DO MUNDO: são “externos ao sistema” ou “NÃO-RESIDENTES”. São entidades locadas extra-fronteiras ao País. Fluxo Circular da Renda Em palavras... Trocas Reais: As famílias transferem às empresas os fatores de produção de que são proprietárias (trabalho e capital material); As empresas combinam esses fatores num processo de produção e obtém como resultado um conjunto de bens e serviços; Fechando o fluxo, as empresas transferem às famílias os bens e serviços produzidos; As famílias consomem os bens e serviços. Em palavras... Trocas Monetárias: As famílias cedem às empresas os fatores de produção de que são proprietárias e, em troca, recebem das empresas uma renda; As empresas combinam esses fatores num processo de produção e obtém como resultado um conjunto de bens e serviços; Com a renda recebida em troca da utilização, na produção, dos fatores de que são proprietárias, as famílias compram bens e serviços das empresas; As famílias consomem os bens e serviços. IDENTIDADES BÁSICAS DO SISTEMA ECONÔMICO “A mensuração das diferentes transações que ocorrem na economia é possível pois todos os bens e serviços da economia podem ser transformados em algo de mesma substância, algo com a mesma medida: moeda ou dinheiro”. Agora imaginemos duas pessoas no mercado: uma tem moeda e outra tem produto. Uma quer comprar a outra quer vender. Uma tem R$50 e quer comprar uma cabra. A outra tem uma cabra e quer vender por R$50. As duas negociam e fazem uma TROCA. O princípio da TROCA é a idéia básica que preside a identidade macroeconômica, ou seja, venda = compra. Se não pode haver uma compra sem que vejamos do outro lado uma venda, também não pode haver uma PRODUÇÃO que não constitua um DISPÊNDIO e que não seja simultaneamente GERAÇÃO DE RENDA. Principais Conceitos da Contabilidade Social FUNÇÃO DE PRODUÇÃO Ela é a ATIVIDADE FUNDAMENTAL da economia e carrega em seu conceito a produção física tanto de mercadorias quanto de serviços. Os agentes que operam nos sistemas econômicos só podem satisfazer às suas necessidades de consumo e acumulação de riquezas se gastarem tempo e esforço para produzir os bens e serviços. A produção é uma função essencial de atividade econômica porque sem ela não pode existir as demais. OBS: as FAMILIAS não apresentam a função de PRODUÇÃO, mas sim a de fornecedora de FATORES DE PRODUÇÃO, por ser proprietária destes, para o PROCESSO PRODUTIVO GERAL-PPG. Matéria prima + transformação Principais Conceitos da Contabilidade Social A GERAÇÃO DA RENDA É uma decorrência inseparável da função de produção e que se revela indispensável para as subseqüentes funções de consumo e de acumulação. A Renda é a face oposta da Produção Física dos Fatores. O elo entre o esforço social de produção (trabalho) e as subseqüentes atividades de consumo e de acumulação acontece por meio da geração/utilização da renda. Cada FATOR DE PRODUÇÃO é remunerado com o tipo de renda que lhe compete. O somatório das remunerações corresponde ao conceito econômico de RENDA. Ex: remuneração da mão-de-obra é o salário, remuneração do capital é o lucro, remuneração do empréstimo é o juros. Lucros+Salários+Aluguéis+Juros Principais Conceitos da Contabilidade Social FUNÇÃO DE CONSUMO O consumo está associado à idéia de utilização da renda que os proprietários dos Fatores de Produção ganham (salários, lucros, aluguéis, juros), e é destinada a compra de bens e serviços acabados no Mercados de Bens e Serviços Finais. Entretanto, existe uma parcela da renda que não é destinada ao consumo. Nem toda a renda vira consumo, nesse caso, o que “sobra” será acumulada sob a forma de poupança. Consumo+ (...) Principais Conceitos da Contabilidade Social FUNÇÃO DE ACUMULAÇÃO Quando o dinheiro não utilizado no consumo se transforma em poupança, esse estoque monetário se converter em INVESTIMENTO, isto é, quando se destina a compor o Capital Técnico e/ou Capital de Giro das unidades empresariais. O investimento ocorre quando essa reserva monetária proporciona a implantação, manutenção ou ampliação de algum processo produtivo, pois se trata de uma aplicação necessariamente associada à produção. Em termos macroeconômicos, a poupança sempre se transformará em investimento. O conceito de acumulação/poupança/investimento do ponto de vista da Contabilidade Social, se converte no conceito de FBKF – FORMAÇÃO BRUTA DE CAPITAL FIXO. (...)+ Investimento Fluxo Circular da Renda Ampliado Mercado de Bens e Serviços Mercado de bens de investi-mento Empresas Mercado de Fundos de Capital Famílias Mercado de Trabalho Despesa com a compra De bens e serviços Bens e serviços Oferta de Recursos Demanda De Recursos Força de Trabalho Remuneração da Força de Trabalho Receita de venda De bens e serviços Receita de venda De bens de investimento Demanda de Máquinas e equipamentos FLUXO x ESTOQUE Todas as variáveis em economia que desejamos mensurar podem ser divididas entre Fluxo e Estoque. Fluxo é uma quantidade de valor medida por unidade de tempo. Estoque é uma quantidade de valor medida em um determinado ponto do tempo. RENDA x RIQUEZA Exemplo Extrativismo Comércio Serraria Mo ve la ria Compras=0 Vendas=20 VA*=20 Compras=20 Vendas=50 VA=30 Compras=50 Vendas=85 VA=35 Compras=85 Vendas=105 VA=20 Compras totais=155 Vendas totais=260 VA total=105 *VA= Valor Adicionado Valor Bruto da Produção e Valor Adicionado Bruto VALOR BRUTO DA PRODUÇÃO (VBP): é o FATURAMENTO BRUTO das empresas, o que equivale ao Somatório das Transações Totais ocorridas em todos os mercados empresariais: Mercados de Bens e Serviços Finais e Mercados de Bens Intermediários. O VALOR ADICIONADO BRUTO (VAB): também denominado de Valor Agregado Bruto equivale à contabilização do valor do PIB . Para o cálculo do PIB, pode-se utilizar uma das seguintes e equivalentes equações matemáticas: ∑ (VAB) = ( ∑VBP – ∑BI) = ∑ (PREÇOS FINAIS) = PIB Onde, ∑ = somatório e BI = valor bruto da produção dos Bens Intermediários Em outros termos, o PIB tanto pode ser calculado pelo somatório do VAB dos setores, quanto pode ser obtido através do somatório do Valor das Transações FINAIS ocorridas estritamente no Mercado de Bens e Serviços Finais de Consumo e de Capital, o que equivale ao somatório do PREÇO FINAL de cada uma das vendas dos PRODUTOS FINAIS. Valor Bruto da Produção e Valor Adicionado Bruto Calma, eis o exemplo: O PIB COMO ATIVIDADE GERADORA DA RENDA Deve-se ter em mente que o significado do Valor Adicionado, em última instância, é o conceito que se traduz na geração da renda decorrente da produção física, esta, por seu turno, resultante da operacionalização do PPG-Processo Produtivo Geral. É do conceito de PPG que surge o próprio conceito da RIB – Renda Interna Bruta. Isto porque, numa economia fechada sem Governo, estão sendo contabilizados apenas os custos correspondentes às remunerações dos fatores internamente empregados pelas empresas. Assim, o total das remunerações pagas, ou seja, o equivalente ao custos desses fatores (salários, juros, aluguéis, royalts, lucro), deve corresponder, necessariamente, à RIB – Renda Interna Bruta. Os conceitos técnicos de PIB e RIB são diferentes, porém, ambos, após os cálculos, atingirão igual valor, já que são faces diferentes da mesma moeda. Como resultado final, o valor do PIB é apenas idêntico, em valor, à RIB. O PIB COMO ATIVIDADE GERADORA DA RENDA Calma, eis o exemplo: RN = salário + juros + aluguéis + lucros RN = w + j + a + l Despesa Interna Bruta Pergunta-se: o que acontece com a destinação dada pelas unidades familiares ao total da renda que lhes foi canalizada? Surge o conceito de um novo agregado na trilogia do fluxograma integrado do Sistema Econômico: DIB – Despesa Interna Bruta. A DIB mostra a destinação da renda gerada na economia e, também, a destinação da poupança das famílias e das empresas. (consumo ou investimento) De outra forma: Quando calculamos o produto de uma economia considerando a soma dos valores de todos os bens e serviços produzidos e que não foram destruídos (ou absorvidos como insumo) na produção de outros bens e serviços, estamos utilizando a ÓTICA DO DISPÊNDIO. Despesa Interna Bruta Calma, eis o exemplo: O total da renda no exemplo anterior foi de $ 105, desses, $ 77 foi gasto em consumo, e o restante foi poupado pelas famílias e empresas. A Identidade produto ≡ renda ≡ dispêndio Desta forma, podemos calcular o produto agregado de uma economia: Pela ótica do produto, a avaliação do produto total da economia consiste na consideração do valor efetivamente adicionado pelo processo de produção em cada unidade produtiva. Pela ótica da renda, podemos avaliar o produto gerado pela economia num determinado período de tempo, considerando o montante total das remunerações pagas a todos os fatores de produção nesse período. Pela ótica da despesa (ou ótica do dispêndio) avalia o produto de uma economia considerando a soma dos valores de todos os bens e serviços produzidos no período que não foram destruídos (ou absorvidos como insumos) na produção de outros bens e serviços. (CONSUMO+INVESTIMENTO). Cuidado com as notícias!!! Matéria do Jornal Hoje do dia 29/05/2013. Assista com cuidado, a matéria contém erros conceituais. http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2013/05/crescimento-de-06-do-pib-fica-abaixo-da-expectativa-de-economistas.html Agora é com vocês... Porque o produto, a renda e o dispêndio agregados conformam uma identidade? Explique em palavras o fluxo circular da renda ampliado.
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