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DIREITO CIVIL IV - 2º SEMESTRE _____________________ Encerramos as características da propriedade no 1º semestre. ● FUNDAMENTO JURÍDICO DA PROPRIEDADE O fundamento jurídico de um fenômeno é a sua razão de existência, um porquê da existência do fenômeno. Existem várias teorias que tentam justificar esse fundamento. O prof segue a da Maria Helena Diniz, ela aponta 4 correntes doutrinárias: 1. Teoria da ocupação. Os adeptos dessa teoria afirma que o fundamento jurídico da propriedade reside na apreensão das coisas pelo homem. Esses adeptos levam em conta a ocupação da américa feita pelos portugueses e espanhóis (estes ocuparam o terrenos indígenas). Absurdo pois houve muitos genocídios . Crítica doutrinária para essa teoria: Ocupação não é o fundamento jurídico da propriedade ela é um modo de aquisição do domínio 2. Teoria da legalidade ou legal. Para os adeptos desta teoria o fundamento jurídico da propriedade é a lei. Crítica: É um fundamento fraco porque bastaria revogar a lei para que a propriedade deixasse de existir e isso não acontece. 3. Teoria da especificação ou do trabalho. O fundamento jurídico da propriedade é o trabalho humano. Crítica: 1. A contrapartida do trabalho não é propriedade e sim o salário - você trabalha para adquirir salário e não propriedade; 2. No mundo capitalista impossível seria aplicar essa teoria porque a produção em massa é um trabalho coletivo e não individual, portanto, como determinar quem é o proprietário? Se todos praticaram de determinada produção. 4. Teoria da natureza humana. Essa sim justifica o indicativo do fundamento jurídico da propriedade. Segundo os adeptos desta teoria a propriedade é inerente a natureza humana sendo uma condição necessária para sua dignidade, existência e liberdade. É impossível pensar no humano sem o direito de propriedade - até o mendigo é proprietário da roupa que veste. Até o menos afortunado é proprietário das suas coisas. É inerente ao humano a propriedade/domínio. ____________________________________________________________________________________ ❖ AQUISIÇÃO DA PROPRIEDADE IMÓVEL Temos que dividir o tema em: derivada ou originária. 1. Aquisição derivada: diferentemente do que ocorre na aquisição originária existe a transmissibilidade da propriedade imóvel, isto é, a propriedade imóvel sai das mãos de um titular e passa para as mãos de outro. Pode ser de 2 formas: a. Por meio do registro imobiliário. b. Por meio da sucessão hereditária. 2. Aquisição originária: o indivíduo passa a ser titular da propriedade por apreender a coisa diretamente sem a transmissão. Ocorre de 2 formas: a. Por meio do usucapião. b. Por meio da acessão. ❏ AQUISIÇÃO DERIVADA A. REGISTRO IMOBILIÁRIO: Fundamento legal: arts. 104, 107, 108, 1245 a 1247 - CC. E art. 167ss da lei 6015/73 (Lei dos Registros Públicos). História breve da aquisição da propriedade imóvel na França e da Alemanha: Porque são 2 modos de aquisições diferentes e o Brasil seguiu o sistema alemão. Na França: A aquisição do imóvel ocorre através do contrato, não existe o registro. Firmado o contrato está adquirido o imóvel. O registro só serve para dar publicidade a quem é titular do domínio e não é condição para transmissão da propriedade imóvel. Na Alemanha: A transferência é necessário a escritura pública e o registro imobiliário. Cada imóvel tem um número de matrícula como se fosse identidade, existe um cadastro fundiário. O registro é que determina a transferência da propriedade imóvel. No Brasil: Foi seguido o sistema alemão. Para adquirir a propriedade é necessário escrituração pública e registro. Se só tem escritura e não tiver registrado o indivíduo não é proprietário do imóvel. Portanto, para se adquirir a propriedade imóvel no Brasil existem 3 passos que devem ser seguidos: 1º Levantamento das certidões de natureza pessoal e real; As certidões de natureza pessoal envolve o alienante do imóvel e a certidão real diz respeito ao próprio imóvel. -Certidão Pessoal: Na Justiça Estadual: levanta a certidão no fórum cível (para saber se existe algum processo em curso que possa comprometer o patrimônio do indivíduo) e criminal (para saber se existe algum processo em curso que possa comprometer porque há muitas penas que resultam de multa e não apenas de restrição de liberdade e que isso possa se tornar um título executivo comprometendo o patrimônio (passivo maior que ativo) e ficando caracterizado fraude contra credores ou execução. É necessário fazer essa busca para saber se não está em estado de insolvência. Na justiça do trabalho/especial também é necessário verificar porque possa comprometer o patrimônio do indivíduo. Na Justiça Federal: também é necessário as certidões (cível e criminal) pelos mesmos motivos. No Cartório de Protestos: porque às vezes não há processo em execução, mas há protestos que caracterizam a pré insolvência. No Registro Civil: Para saber se o indivíduo que está alienando o bem imóvel se é casado ou solteiro. Se não é pela separação total, tem que ter anuência do cônjuge pois pode ser até causa de anulabilidade. (1.647, CC) Se for PJ negociando imóvel é importante levantar a certidão junto ao INSS porque pode haver débito de natureza fiscal não recolhido pela empresa prejudicando o patrimônio. Na Fazenda Pública: para efeito de dívida fiscal é necessário a certidão para saber se há débitos. Na Receita Federal: importante os levantamentos de certidão para saber se há débito federal. Se for condomínio obter certidão da administradora ou do síndico. Porque se houver parcela condominial em aberta aquele que adquire o apartamento passa ser responsável pela dívida. -Certidão Real: Obter certidão no registro imobiliário onde há matrícula do imóvel → com essa certidão em mãos sabe-se se o imóvel alienado pertence ao alienante realmente. E também é importante para saber se há algum ônus como por exemplo: imóvel objeto de penhora, ou com cláusula de inalienabilidade, se o imóvel foi dado em hipoteca. 2º Via de regra, lavratura da escritura pública de transferência da propriedade imóvel no cartório de notas (Tabelionato); O objetivo dessa escritura é criar um instrumento de transferência do domínio. O cartório de notas é o cartório que há o reconhecimento da firma (do nome assinado) e é nesse cartório que a escritura é lavrada. Perante o oficial do cartório a escritura é lavrada e possui fé pública. A escritura pode ser lavrada no cartório ou outro lugar indicado pelas partes. Não é necessário que a lavratura da escritura seja na mesma cidade que a do imóve l, portanto, pode ser em qualquer cartório. Há 2 situações que a escritura é dispensada e pode-se firmar um contrato particular que posteriormente é levado a registro: a. Quanda a lei dispensar a escrituração pública: ex.: compra e venda do imóvel utilizando-se o fundo de garantia. É esse instrumento particular que é levado a registro. b. Quando o valor do imóvel for igual ou inferior a 30 salários mínimos: Art.107, CC. 3º Registro do título de transferência da propriedade imóveldo registro imobiliário competente. Tem que ser feito no cartório de registro imobiliário competente segundo a localização geográfica do imóvel. No Estado de SP quem determina essa competência é a lei de organização judiciária. Esse registro não ocorre imediatamente. Apresenta o título e o oficial funcionário faz a prenotação do título para depois no prazo de até 30 dias deferir o registro definitivo. Porque a priori faz um exame superficial. A prenotação é a chave que abre a porta para o registro definitivo que determina a aquisição da propriedade imóvel tendo prioridade a esse registro o titular que primeiro prenotar o título aquisitivo da propriedade segundo uma ordem de apresentação dos títulos prenotados. Essa prenotação vale por 30 dias, portanto, se no prazo de 30 dias alguma exigência tiver que ser cumprida deverá cumprir senão a prenotação cai e passa a valer uma segunda prenotação que foi feita. Ex.: W vende para X um imóvel que se encontra na Mooca sendo a escritura de compra e venda lavrada no cartório de Itaquera no dia 30/07/16. No dia 10/08 o W vende o mesmo móvel para Y e lavra a escritura de compra e venda no cartório da Lapa. No dia 18/01 às 10h o Y prenota a escritura pública e no mesmo dia às 11h o X faz a sua prenotação. Tem prioridade o Y pela ordem de prenotação perante X. Se houver uma exigência para Y e ele cumprir no prazo deferir-se-a registro definitivo para Y e o X poderá entrar com ação de reparação de danos e pode até ser caracterizado estelionato. Por isso é importante a prenotação. Com o registro definitivo é que temos a possibilidade de aquisição da propriedade imóvel de forma derivada. É o registro que determina a aquisição. ● EFEITOS JURÍDICOS DO REGISTRO IMOBILIÁRIO 1. Publicidade Um dos efeitos mais importantes porque o registro permite que a sociedade tome conhecimento da real situação do imóvel. A busca pode ser feita pelo nome do alienante ou informar o endereço do imóvel tornando-se possível os dados do imóvel. Graças à publicidade o titular do imóvel pode opor seu direito contra qualquer pessoa da sociedade que tente impedir ou restringir o exercício do domínio. 2. Legalidade Para que possa ocorrer o registro a que se ter todos os documentos necessários devidamente regularizados. A legalidade é essencial para ocorrer o registro, os documentos devem ser regularizados para que sejam registrados e adquiram legalidade. Legalidade: antes do registro com a documentação regularizada e após o registro traz a legalidade do registro. 3. Força probante No Brasil o registro imobiliário gera uma presunção relativa de propriedade isto é, presunção iuris tantum, que admite prova em sentido contrário. Diferentemente do que ocorre na Alemanha em que o registro gera uma presunção absoluta de propriedade, iuris et de iure que não admite prova em sentido contrário. A importância disso é que no Brasil se o título aquisitivo da propriedade apresentar um defeito/vício é possível anular-se e cancelar o registro. Na Alemanha se havia defeito no título após o registro será convalidado. Existe no Brasil o Registro Torrens (art.277ss da lei 6015/73) esse registro gera presunção absoluta de propriedade imóvel, presunção absoluta de domínio, mas embora tenha vigência no Brasil ele se encontra em desuso e na verdade nunca foi aplicado no Brasil porque: a) Somente é possível para imóveis rurais; b) Esse registro depende de um processo judicial (por ser lento desestimula esse registro); c) É muito custoso, pois depende de advogado e pagamento de custas processuais; Esse registro gera presunção absoluta. 4. Continuidade Esse efeito é importante, mas na prática não é respeitado. A continuidade é o efeito jurídico que consiste na constituição de uma cadeia registral na qual existe o atual proprietário e os proprietários anteriores sendo indicada as diversas sucessões de transferência do domínio, não podendo essa cadeia registral sofrer solução de continuidade. Não podemos confundir 3 fenômenos: Matrícula, Registro e Averbação. -Matrícula : é o número que cada imóvel tem e esse número é invariável. O que pode acontecer é que de uma matrícula se desdobre em 2 matrículas ou também a fusão de matrículas em que a incorporadora compra 5 terrenos e faz uma união de matrícula para fazer um terreno. O número cadastral será um só. -Registro: é um número, mas ele varia a cada transferência feita no imóvel. Averbação: São anotações feitas à margem da matrícula. Anotações envolvendo o imóvel e o titular do imóvel - Ex.: se muda o status civil. Ex.: Imóvel Alpha é vendido para X (Registro 1). X doa para Y (registro 2). Y vende imóvel para Z (registro 3). Essa será a cadeia registral. Z vende para W por instrumento particular e não altera o número de registro. W vende para T, mas na hora do registro só tem Z. O correto é passar o imóvel para Z e do Z para o W e depois para o T, não pode ter transferência direta do Z para T porque isso é para não pagar o valor de 2 transferências e se o MP toma conhecimento pode pedir anulação. 5. Obrigatoriedade: Somente é possível de forma derivada adquirir-se a propriedade imóvel por meio do registro. Portanto, o registro é obrigatório para a aquisição da propriedade imóvel. 6. Prioridade: Pela prenotação segundo uma ordem de apresentação dos títulos de aquisição da propriedade tem prioridade ao registro definitivo quem primeiro apresentar o título. Aquele que primeiro apresenta o título tem prioridade. 7. Constitutividade: Esse efeito jurídico é uma consequência dos efeitos até então decorridos. Só se constitui o domínio da propriedade, pela aquisição derivada, através do registro imobiliário. O registro é obrigatório e feito o registro é constituído o domínio, portanto, o efeito da obrigatoriedade precede o registro e a constitutividade é consequência do próprio registro porque só adquire a propriedade por meio do registro feito. 8. Territorialidade: O imóvel deve ser registrado no Cartório de Registro Imobiliário competente segundo sua localização geográfica competência essa determinada pela lei. No caso do Estado de SP é a Lei de Organização Judiciária. Ex.: Imóvel situado geograficamente em uma região tem competência específica. Pode acontecer de um imóvel ficar na linha divisória da competência de 2 cartórios e neste caso o registro deve ser feito em ambos cartórios. 9. Especialidade: O imóvel para ser registrado deve ser devidamente individualizado e diferenciado de outros imóveis, portanto, tem que haver uma descrição minuciosa do imóvel no título aquisitivo da propriedade. Ex.: Metragem, de quem são os vizinhos, avenida onde o imóvel se encontra etc. Se não houver especialização o Cartório de Registro não registra e terá que retificar a escritura. ❏ AQUISIÇÃO ORIGINÁRIA ● USUCAPIÃO Uma das formas de aquisição originária da propriedade. Pode falar em “O usucapião” ou “A usucapião” ambasas formas estão corretas. Fundamento legal no Brasil: Arts. 183 e 191 da CF. Arts. 1.238 a 1.244 do CC. Arts. 9ss da Lei 10.257/01 que trata do Estatuto da cidade. O código de processo civil que foi revogado tinha um capítulo próprio do usucapião o vigente código possui dispositivos esparsos e hoje o procedimento é comum e não mais especial, no entanto, o NCPC criou uma nova usucapião a chamada “Usucapião Extrajudicial”. Duas questões são polêmicas sobre este tema: 1. A maioria dos doutrinadores defende a usucapião como modo originário de aquisição. Porque para usucapir deve ser --- não existe transmissibilidade, apreende a coisa e passa a exercer a posse e por meio de sentença é declarada a usucapião. Existe uma corrente que afirma que é um modo derivado. Porque quando usucapindo um bem adquire também os deveres e são transmitidos os direitos e deveres da propriedade. Se houvesse um tributo não pago o novo proprietário deverá o pagar. Essa corrente não é dominante. 2. Usucapião é um modo prescricional de aquisição do domínio ou um modo próprio do domínio? Na França o Código trata usucapião como um capítulo dentro da prescrição. Possui lá uma prescrição aquisitiva e prescritiva do direito e neste caso seria uma prescrição aquisitiva. No Brasil não seguimos essa temática. O nosso Código coloca o usucapião como modo de aquisição da propriedade. Prescrição no CC é do art. 189 a 206 e o usucapião está no art. 1238 a 1234. Aqui se aplica a usucapião no Brasil as regras aplicáveis a prescrição (Art. 1244, CC), mas não se confunde prescrição com usucapião. Na Itália: Usucapião não é modo originário e nem derivado e seria um modo especial de aquisição da propriedade (Roberto Guchiele) ● Conceito: Usucapião é o modo originário de aquisição da propriedade e de outros direitos reais por meio do exercício prolongado da posse e quando necessário cumprido determinados requisitos legais. A posse é essencial para aquisição da propriedade por meio do usucapião. -Fundamento jurídico da Usucapião: O fundamento jurídico é sua razão de existência jurídica. A razão de existência jurídica é a consolidação do domínio/propriedade por meio da juridicização da posse, uma vez que o direito não socorre aquele que dorme. “O direito não socorre aquele que dorme” essa é a base. Se o indivíduo é proprietário ou possuidor do imóvel e não cuida do bem como proprietário ou não dê a função da propriedade é óbvio que o direito não pode proteger este indivíduo que não deu a sua coisa a função. ● REQUISITOS PARA OCORRÊNCIA DA USUCAPIÃO Há requisitos de natureza pessoal, de natureza real e de natureza formal. ● Natureza Pessoal: Trata daquele que pretende usucapir que é chamado de usucapiente e vamos tratar do proprietário do imóvel que se pretende usucapir. ○ Usucapiente: Se a pessoa é natural e quer usucapir o imóvel por si só exige-se apenas a capacidade civil. O usucapiente necessita da capacidade civil (18 anos ou quando há emancipação - art.5, CC). Se for PJ (ente abstrato) pode usucapir desde que seja representada por seu representante legal. ○ Proprietário do Imóvel: A lei determina que a usucapião a exemplo da prescrição (prazo) não corre contra os absolutamente incapazes. Hoje no Brasil só existe uma espécie considerada absolutamente incapaz menor de 16 anos (Lei 13.146/15 - Estatuto da Pessoa Deficiente). Em relação aos relativamente incapazes o prazo de usucapião flui normalmente. -As causas que impede e suspende a prescrição e interrompe (arts. 197 a 200) se aplica ao usucapião. Ex.: Entre cônjuges não corre o prazo prescricional, portanto, também o não da usucapião. Depois do divórcio que o prazo começa a fluir. ● Real: Se refere à coisa que pode ser usucapida. A doutrina chama de res abilis (aquilo que pode ser objeto do usucapião). Os bens que podem ser usucapidos: ○ Corpóreos: ■ Coisas móveis: ■ Coisas imóveis: ○ Incorpóreos: que são na verdade os direitos. Quais são os direitos que podem ser objeto de usucapião: os direitos reais (superfície, servidão, usufruto, uso, habitação etc). Não é apenas bens corpóreos que podem ser usucapidos, pode ser o direito desde que sejam direitos reais. Ex.: X é usufrutuário de um imóvel em que a nua propriedade pertence a Y. W ingressar no imóvel e passa a exercer a condição de usufrutuário (se instala no imóvel e utiliza os serviços da casa como a garagem e utilizando frutos ou recebendo dinheiro do imóvel) O bem imóvel para ser objeto de usucapião deve estar no comércio. Bens fora do comércio não podem ser usucapidos. As causas que põe o bem fora do comércio são: Própria natureza da coisa; determinação legal; própria vontade do titular da coisa; Os bens que integram o patrimônio público estão fora do comércio por determinação legal. Os bens imóveis públicos não podem ser usucapidos e existe disposição na CF 183 e 191 e no CC art.102* (Expressos). No entanto existem exceções→ Existe um precedente de um julgamento em Minas e confirmado em 2ºgrau que admitiu a usucapião de bem público. Bem gravados com cláusula de inalienabilidade jurídica também estão fora do comércio pela vontade do titular (a cláusula de inalienabilidade está no art. 1911 CC). Ex.: Pai (X) tem um filho pródigo (Y). Ele acaba com todo dinheiro que tem. X resolve em vida doar a Y um imóvel, mas gravar o imóvel com a cláusula de inalienabilidade jurídica vitalícia. Y (donatário) pode usar e gozar do imóvel até que ele tenha vida, mas não pode aliená-lo. Y some e não é declarada ausência jurídica. Liga depois de tempos para avisar ao Pai que está na Europa. Neste tempo, W ocupa o imóvel e passa a exercer a posse com intenção de usucapir. Este imóvel é passível de usucapião? depende da corrente doutrinária e jurisprudencial que for abraça. ➢ 1º Corrente: Afirma que o bem gravado com cláusula de inalienabilidade jurídica se encontra fora do comércio e não pode ser usucapido porque os efeitos da cláusula alcançam a sociedade. Então W nesse caso pode permanecer 20 anos e não poderá alegar usucapião. ➢ 2º Corrente: Afirma que os bens gravados com cláusula de inalienabilidade jurídica estão dentro do comércio em relação à sociedade e podem ser usucapidos visto que os efeitos da cláusula só alcançam o titular da coisa não se projetando a sociedade. Para essa segunda corrente W se ingressar no imóvel de Y e exercer a posse (usucapionem ) W pode alegar usucapião. ● Natureza Formal: ○ Necessário: Ele deve estar presente em toda e qualquer espécie de usucapião. Requisitos necessários formal: ■ Posse ad usucapionem: Possui 5 características* . ● Posse Mansa: ● Posse Pacífica: ● Posse Pública: ● Contínua e ininterrupta ● Posse com animus domini Não é qualquer posse que pode gerar a usucapião: ex.: locação. Falta a intenção de ser dono, falta o animus domini. ■ Prazo legal de exercício possessório: Em relação aos bens imóveis esse prazo é no mínimo de 2 anos e no máximo de 15 anos dependendo da espécie deusucapião. Art.1238 - Usucapião extraordinário 15 anos. Art.1240-A se o indivíduo abandonar o lar e o outro cônjuge permanecer 2 anos no imóvel presente os outros requisitos legais o indivíduo pode alegar usucapião Esses requisitos estão toda e qualquer espécie de usucapião, mas existe os requisitos formais especiais. ○ Especial: São assim considerados porque estarão presente apenas em determinadas espécies de usucapião e não em todas. Exs. dos requisitos formais especiais: ■ Justo título. ■ Boa-fé. ■ Dimensão do imóvel. ■ Localização do imóvel em área urbana ou rural ■ Finalidade da posse: moradia ou subsistência. ❖ Posse ad usucapionem (requisito formal necessário) - Características: 1. Mansa. A posse ad usucapionem deve ser mansa. Mansa é uma posse exercida sem oposição. Precisamos abordar 2 aspectos: a) Quem tem legitimidade para exercer essa oposição? O proprietário e/ou legítimo possuidor e terceiros juridicamente interessados. Ex.: O vizinho pode ser amigo do proprietário que está sofrendo usucapião ele não tem interesse jurídico, portanto, não tem legitimidade. Ex.: Credor do proprietário do imóvel → Terceiro juridicamente interessado; Um herdeiro. b) No que consiste juridicamente essa oposição? Será que é uma mera advertência legal ou notificação - o que é considerado uma oposição? -Essa advertência e notificação caracteriza apenas inconformismo embora que há precedente entendendo que a notificação é uma oposição. -Ação proposta em face do usucapiente é suficiente? A maioria entende que não. -Deve a ação ser proposta e o pedido procedente com trânsito em julgado e aí para a maioria caracteriza oposição. Ex.: X ingressa no imóvel em 2010 e passa a exercer a posse. Em 2012 Y notifica X dizendo que a posse de X é ilegítima, em 2014 Y propõe em face de X ação de reintegração de posse. Em 2006, tem o julgamento desta decisão. Chegando em 2015 X poderia alegar usucapião. A notificação de 2012 não caracteriza oposição. Se em 2016 foi julgado procedente a ação de 2014 … Para oposição tem que ter uma ação procedente ao autor. 2. Pacífica. -A posse deve ser pacífica. Posse pacífica é a posse exercida de forma tranquila sem a presença de vícios isto é, sem a presença da violência, clandestinidade e precariedade. A posse não é pacífica quando tem vício, mas injusta pode ser usucapida. Ex.: X ingressa no imóvel em 2010 de forma violenta expulsa Y do local e permanece de forma violenta por 8 meses depois dos 8 meses a violência cessa a posse X depois dos 8 meses continua sendo injusta, mas o vício cessou, A partir desse oitavo mês que cessou a violência começa a contar o prazo de efeito para usucapião. A posse injusta não impede a usucapião. O vício retira da posse o caráter pacífico em que pese injusta pode gerar a usucapião. -Se a posse iniciou seu exercício com vício, depois de 1 ano e 1 dia esse vício deixa de existir e é assim que a doutrina coloca, salvo se passar 1 ano e 1 dia esse vício passar a existir comprovadamente. Há presunção que os vícios cessam e a posse se convalida. 3. Pública. A posse ad usucapionem deve ser pública isto é não pode ser oculta, sorrateira e clandestina. A posse será pública quando seu exercício for conhecido ou puder ser conhecido pelo legítimo possuidor e/ou proprietário ou terceiro juridicamente interessado.Ex.: X entrou no imóvel em 2010 todos vizinhos conhece, mas o Y está na Europa. Enquanto Y não tiver conhecimento ou pelo menos possibilidade de conhecer essa apreensão a posse não será considerada pública apesar de todos os vizinhos conhecem a ocupação. Só do conhecimento começa a fluir o prazo de usucapião somente a partir do conhecimento do proprietário - do retorno da viagem, por exemplo. 4. Contínua e Ininterrupta. A posse ad usucapionem deve ser contínua e ininterrupta isto é durante o prazo legal de seu exercício a posse não pode sofrer solução de continuidade/intervalos sem que a posse não seja exercida. Ex.: Extraordinária - X exerce 10 anos exercendo a posse e para por 1 ano quando retomar volta do 0. A jurisprudência têm admitido pequenos intervalos 15 dias, 2 meses, 3 meses. 5. Animus domini. A posse ad usucapionem deve ser exercida com animus domini, com a intenção do possuidor ter a coisa para si na qualidade de proprietário cuidando do imóvel como se dono fosse este elemento subjetivo tem que ser provado por meio de fatos (intenção de ser dono). Ex.1: Animus domini. Pagamento de tributo incidente do imóvel - pagamento de IPTU. Segundo algumas câmaras é uma prova do animus domini, mas existem outras câmaras que não entendem dessa forma acha necessário fazer obras no imóvel. ● ESPÉCIES DE USUCAPIÃO As duas primeiras permite que o usucapiente possa ser proprietário de outro imóvel urbano ou rural (Ordinário e Extraordinário). Nas demais modalidades não, mas aqui é perfeitamente possível que o usucapiente seja proprietário de imóvel. Todas as modalidades tem que ter presente todos requisitos de natureza real e pessoal. Sentença de usucapião é uma condição para regular o uso do imóvel. Se for usucapião extrajudicial independe de sentença para sua caracterização. Usucapião judicial a sentença é necessária. 1. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIO DE BEM IMÓVEL (art.1238 CC) Os requisitos são os seguintes: a) Posse ad usucapionem: É um posse que tem características própria (posse mansa, pacífica…). b) 15 anos de exercício possessório podendo esse prazo ser reduzido para 10 anos se presente uma das duas condições abaixo (a) que o usucapiente estabeleça no local sua moradia habitual; (b) que o usucapiente realize no imóvel obras ou faça investimentos de caráter produtivo (a jurisprudência que irá definir o que é). -O justo título e a boa-fé do usucapiente são presumidos, não precisa ser comprovados. -Esse é o usucapião que exige o maior prazo, mas por outro lado exige menos requisitos. 2. USUCAPIÃO ORDINÁRIO DE BEM IMÓVEL (art. 1242, CC) Os requisitos são: a) Posse ad usucapionem. b) 10 anos de exercício possessório podendo esse prazo ser reduzido para 5 se preenchida as seguintes condições (§1): i) que a posse do imóvel seja exercida com base num título aquisitivo oneroso registrado e que posteriormente o registro tenha sido cancelado; ii) que o usucapiente tenha estabelecido no local sua moradia ou realizado investimentos de interesse econômico e social; c) Justo título. É o documento hábil capaz idôneo é o ato jurídico eficaz que permite a aquisição da propriedade que em verdade não se efetiva pelo fato do documento apresentar um defeito de forma um vício intrínseco. Se não fosse esse vício intrínseco não seria um justo título e é por isso que o título passa a ser irregular e impossibilita a aquisição regular do domínio. Ex.: X e Y são casados sob o regime da comunhão parcial de bens. X resolve alienar o imóvel de sua propriedade para W. É lavrada a escritura pública de compra e venda e feito o efetivo registro. X declarou na escritura que era segura e não havendo na escritura outorga de Y, portanto, essa transferênciaé irregular. Y pode requerer a anulabilidade do registro e o cancelamento. É um título perfeito, mas tendo em vista o defeito de forma… Ex.: O alienante do imóvel não tem capacidade civil plena. Se lavra a escritura, efetua o registro, mas não há capacidade civil para tal. Aqui se tem também um justo título devidamente registrado, mas inapto a transmitir a propriedade. A doutrina tradicional exigiu que para o justo título se caracterizar era necessário o registro. Tem-se admitido justo título o compromisso de compra e venda particular independentemente do registro. d) Que o usucapiente exerça a posse de boa-fé. Significa que o usucapiente, ignora, desconhece o vício intrínseco, o defeito de forma existente no justo título tendo o usucapiente a convicção de que adquiriu a propriedade com base num título aquisitivo perfeito, sem vícios. Ex.: Passa exercer a posse por 10 anos sem a ciência do defeito, aí que se tem a boa-fé. *Não pode faltar nenhum desses requisitos. 3. USUCAPIÃO URBANO INDIVIDUAL (art. 183 CF, 1240 CC e art. 9ss da Lei 10.257/01 - Estatuto da Cidade) Art. 1.240. Aquele que possuir, como sua, área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. Art. 183. Aquele que possuir como sua área urbana de até duzentos e cinqüenta metros quadrados, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, utilizando-a para sua moradia ou de sua família, adquirir-lhe-á o domínio, desde que não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. § 1º O título de domínio e a concessão de uso serão conferidos ao homem ou à mulher, ou a ambos, independentemente do estado civil. § 2º Esse direito não será reconhecido ao mesmo possuidor mais de uma vez. § 3º Os imóveis públicos não serão adquiridos por usucapião Requisitos: a) Posse ad usucapionem. b) 5 anos de exercício possessório. c) Dimensão do imóvel até 250m2. Dimensão do terreno e a área construída do imóvel. Nem o terreno e nem a área construída pode ultrapassar esse limite (vale para casa, apartamento…) d) Imóvel se encontre em área urbana. e) que o usucapiente não seja proprietário de outro imóvel urbano e/ou rural. f) que o usucapiente estabeleça no imóvel sua moradia e/ou de sua família. 4. USUCAPIÃO INDIVIDUAL URBANO FAMILIAR (art.1240) Requisitos: a) Abandono do imóvel do lar por um dos cônjuges ou companheiro. Abandono do lar é aquele feito efetivamente com a intenção de não mais retornar. b) Posse ad usucapionem do cônjuge ou companheiro que ficar no imóvel. c) 2 anos de exercício possessório d) Que a dimensão do imóvel não seja superior a 250m² e) Que o imóvel se encontre em área urbana f) Que o cônjuge ou companheiro usucapiente não seja proprietário de outro imóvel urbano ou rural. g) Que o cônjuge ou companheiro usucapiente estabeleça no local sua moradia e/ou de sua família exercendo a posse direta do imóvel. Se o companheiro está locando o imóvel não vai poder alegar usucapião, tem que ser o exercício direto da posse. 5. USUCAPIÃO URBANO COLETIVO (arts. 10 e ss da Lei nº 10257/01 - Estatuto da Cidade) Essa usucapião visa atender diretamente a função social da propriedade da área externas, como favelas e cortiços. Art. 10. As áreas urbanas c om mais de duzentos e cinqüenta metros quadrados, ocupadas por população de baixa renda para sua moradia, por cinco anos, ininterruptamente e sem oposição, onde não for possível identificar os terrenos ocupados por cada possuidor, são susceptíveis de serem usucapidas coletivamente, desde que os possuidores não sejam proprietários de outro imóvel urbano ou rural. Requisitos: a) Posse ad usucapionem; b) 5 anos de exercício possessório; c) Que a dimensão do imóvel seja superior a 250m²; d) Que o imóvel se localize em área urbana; e) Que a posse ad usucapionem seja exercida por uma coletividade de pessoas de baixa renda. Ainda não há definição clara desta situação. A jurisprudência e doutrina usaram como parâmetros a lei que atribui a justiça gratuita (3sm), mas alguns doutrinadores diz 1sm por família. f) Que a coletividade de possuidores não seja proprietário de outros imóveis urbanos e/ou rurais; g) Que a coletividade de possuidores estabeleça no imóvel sua moradia e/ou de sua família; h) Que a posse do imóvel não seja exercida individualmente e sim coletivamente. 6. USUCAPIÃO ESPECIAL TAMBÉM CHAMADO DE RURAL OU PRO LABORE (art.191, CF, art.1.239, CC e Lei 6.969/81) Art. 191. Aquele que, não sendo proprietário de imóvel rural ou urbano, possua como seu, por cinco anos ininterruptos, sem oposição, área de terra, em zona rural, não superior a cinqüenta hectares, tornando-a produtiva por seu trabalho ou de sua família, tendo nela sua moradia, adquirir-lhe-á a propriedade. Requisitos: a) Posse ad usucapionem; b) 5 anos de exercício possessório; c) Localização do imóvel em área rural; d) Dimensão do imóvel até 50 hectares; e) Que o usucapionem não seja proprietário de outro imóvel urbano e/ou rural; f) Que o usucapionem estabeleça no imóvel sua moradia e/ou de sua família e o torne produtivo. Pro labore: porque o indivíduo retira do local não só a moradia e também sua subsistência 7. USUCAPIÃO INDÍGENA (arts. 34 e ss do Estatuto do Índio - Lei 6.001/73) Requisitos: a) Posse ad usucapionem; b) 10 anos de exercício possessório; c) Área do imóvel inferior a 50 hectares; d) Posse exercida por um indígena 8. USUCAPIÃO EXTRAJUDICIAL O CC no art. 1.071, §2º determinou a inserção do art. 216-A na Lei 6.015/73 (Lei de Registros Públicos) e criou o que a doutrina chama de usucapião extrajudicial (OAB) que é uma novidade. Na verdade o que muda é a forma de se adquirir o usucapião. Qualquer uma pode ser requerida nessa modalidade e esse pedido é feito ao Oficial de Registro Imobiliário competente do imóvel e pedido feito por advogado devidamente constituído. O pedido extrajudicial de usucapião é facultativo, o usucapiente pode usar as vias ordinárias, ou seja, a jurisdição, mas se preferir pode fazer esse pedido ao Oficial. Para fazer o pedido, além dos requisitos preenchidos da modalidade de usucapião, ainda se exige: I. Apresentação da ata notarial emitida pelo Tabelião (Cartório de Notas) que ateste o tempo de exercício possessório; II. Descrição do imóvel em planta ou memorial assinada por profissional habilitado devidamente credenciado como também a assinatura do proprietário do imóvel e dos confinantes; Essa é a grande dificuldade porque a assinatura está concordando. III. Certidões de natureza real e pessoal do requerente do usucapião; IV. Justo título que ateste a origem, a natureza, a continuidade do exercício possessório como também o seu tempo de exercício podendo ser juntado comprovantes de taxas e impostos incidentes da coisa; O Oficial recebe o pedido, manda citar os interessados e se ele entender que é caso de usucapião ele defere e aí é enviada a decisão para registro. Se entender que não é caso de usucapião ou impugnação poderá haver recurso e irá remeter ao juiz rogado para que ele decida.● SENTENÇA DA USUCAPIÃO A usucapião extrajudicial não tem sentença, mas se for judicial é necessário que seja prolatada a sentença e ela será levada a registro com objetivo de que seja registrada para que cancelar todos os títulos até então existentes (inclui isso no rol de pedidos). A questão que se levanta é em relação a natureza da sentença? Declaratória ou Constitutiva? A maioria dos doutrinadores entende que é declaratória e gera efeitos ex tunc e essa sentença seria um pressuposto para regularização do imóvel do registro imobiliário. Existe o entendimento que afirma a sentença de usucapião é constitutiva e geraria um efeito ex nunc, mas isso é minoritário. USUCAPIÃO TRABALHO? §4 e §5 do art. 1.208 - Uma parte da doutrina entende que nesses parágrafos teríamos uma modalidade de usucapião TRABALHO e outra parte da doutrina entende que é uma desapropriação privada. §4. Diz que quando a área for extensa e ocupar pelo menos por 5 anos por uma coletividade de possuidores que agem de boa-fé e que realizam no imóvel obras ou serviços de interesse econômico e social e nessas circunstâncias o juiz pode determinar uma indenização justa a ser paga ao proprietário do imóvel e declarar em sentença o domínio da coisa a coletividade de possuidores. Segunda forma de aquisição originária da propriedade imóvel ocorre pela Acessão. ● ACESSÃO (arts.1248/1249) A acessão é o modo originário de aquisição da propriedade por meio da União ou Incorporação de uma coisa acessória a uma coisa principal dá origem a uma coisa nova autónoma, inseparável e diversa das que se uniram ou incorporaram. Ex.: Construção de um prédio em um terreno. Ex.: Plantação de uma árvore no solo. O CC brasileiro contempla duas modalidades de acessões: 1. Acessão de imóvel para imóvel. 1ºAluvião 2º Avulsão 3º Formação de ilhas 4º Abandono de álveo. 2. Acessão de móvel para imóvel. 1º Construções 2º Plantações 3º Semeaduras Embora o CC prevê 2 modalidades Orlando Gomes enxerga uma terceira modalidade: De móvel para móvel que seriam as seguintes: 1º Especificação 2º Comissão anteriormente chamada de comistão 3º Confusão 4º Adjunção Na verdade essas modalidades que o Orlando Gomes prevê o CC trata como modos de aquisição e perda da propriedade móvel. Iremos aprofundar nas modalidades. ● DE IMÓVEL PARA IMÓVEL 1º Aluvião: é a acessão (aumento) natural de imóvel para imóvel que se caracteriza pelo acréscimo lento e paulatino de materiais trazidos pela corrente fluvial na propriedade ribeirinha com um depósito ou aterro natural que aumenta a extensão do imóvel acrescido → Esta modalidade é chamada de aluvião próprio. Existe a aluvião imprópria que resulta do recuo ou desvio da corrente fluvial que deixa parte do álveo (leito do rio) descoberto fazendo surgir terra firme, tanques de areia que aumentam a extensão do imóvel ribeirão. -O rio traz o material de outros imóveis ribeirinhos e esses materiais vão se acumulando na testada (parte para o rio) de um imóvel ribeirinho e ali se cria um depósito natural, aterro. Próprio. -Ou invés de trazer o rio recua e onde há o leito do rio agora surge o fundo do rio e obviamente esse fundo ficará ao imóvel e aumentando também a dimensão do imóvel. Impróprio. 2º Avulsão: é uma acessão natural de imóvel para imóvel que se caracteriza pelo deslocamento abrupto e repentino de uma porção de terra por força da corrente fluvial porção esta que é acrescida a um imóvel ribeirinho aumentando sua extensão ou volume tendo o proprietário do imóvel que a porção se desprendeu o direito no prazo decadencial de 1 ano e requerer do proprietário de um imóvel acrescido a devolução da porção referida ou o pagamento de uma indenização cabendo ao proprietário do imóvel favorecido a faculdade de escolher um caminho ou outro. -Diferente da aluvião a corrente é violenta a corrente retira uma porção de terra do imóvel e faz que essa porção desce rio abaixo e a violência é tão grande que essa porção é atirada do imóvel que está abaixo acrescentando a extensão. -O imóvel que perdeu a porção tem possibilidade de reclamar e o dono do imóvel acrescido dá a possibilidade de ir buscar a parte ou paga a indenização. -O termo a quo é a contar do aumento da extensão a outra propriedade. 3º Formação de ilhas: ilha é uma porção de terra cercada por água. A ilha pode em matéria de acessão resultar do acréscimo de materiais trazidos pela corrente fluvial ou por conta dos desvios da corrente fluvial ou da diminuição do volume das águas. A quem pertence essa ilha? aos proprietários da margem esquerda ou direita? a Lei aponta critérios. A formação de ilhas é uma espécie de acessão natural de imóvel para imóvel que permite que os proprietários dos imóveis ribeirinhos adquiram o domínio da ilha formada aumentando as extensões das propriedades referidas segundo os seguintes critérios: I. Deve se traçar uma linha mediana e imaginária que corta o álveo do rio ao meio pertencendo a ilha formada ao proprietário da margem esquerda e/ou direita segunda a localização da ilha. Ex.: Se ela estiver entre a margem esquerda e a linha mediana e imaginária pertencerá aos proprietários dessa margem. II. Para definir a quem pertence a ilha numa determinada margem deve se prolongar imaginariamente e perpendicularmente as linhas divisórias entre os imóveis em uma mesma margem até a linha mediana imaginária, pertencendo a ilha formada ao imóvel segundo o quadrante constituído. 4º Abandono de álveo: é uma espécie de acessão natural de imóvel para imóvel que se caracteriza pelo deslocamento natural e permanente das águas fluviais que por conta disso descobrem completamente o álveo do rio passando existir terra firme onde até então existia água. O álveo abandonado passa a pertencer aos imóveis ribeirinhos como prolongamento de suas testadas até a linha imaginária mediana que corta o rio ao meio. ___________ *Essas acessões naturais de imóvel para imóvel devem ser averbadas no registro imobiliário competente de cada imóvel acrescido. __________ ● ACESSÃO DE MÓVEL PARA IMÓVEL (arts.1253/1259) Acessões industriais ou _ que resultam da ação humana como por exemplo as construções, plantações e semeaduras. E temos as acessões da natureza sem a participação humana como as plantações e semeadura. O art.1.253 trás consigo uma presunção relativa que admite prova em sentido contrário. A presunção é de que toda construção, plantação ou semeadura feita em um imóvel presume-se feita as custas e por conta do proprietário/dono do imóvel . Os artigos que sucedem excepciona essa regra. Art.1254 - Aquele que constrói planta ou semeia em solo próprio utilizando materiais, plantas ou sementes alheias torna-se proprietário da construção, plantação ou semeadura feita, mas deve pagar ao proprietário dos materiais, plantas ou sementes o valor econômico equivalente. E se agiu de má-fé uma indenização. Ex.: O indivíduo tem um terreno (não tem nada construído) e mora de aluguel. No término do contrato o proprietário pede o imóvel e diz que não quer renovar o contrato e ficadesesperado pois não tem aonde ir. Este se depara com materiais empilhados em frente ao imóvel e pergunta para todos de quem é o material, mas ninguém sabe. Ele apanha esse material e faz construção de sua casa. Agora aparece os dono dos materiais com nota fiscal e testemunha. Aplica-se a regra: o acessório segue o principal e aplica-se outra regra que é vedar o enriquecimento sem causa, então é justo que o dono do material seja ressarcido com o valor efetivo. Nessa hipótese agiu de boa-fé. Ex.2: Vê a quantidade de materiais dentro de um imóvel com cerca e tudo e apanha os imóveis e efetua a construção. Aqui agiu de má-fé. Terá que pagar o valor do material + indenização a ser apurada como sanção a má-fé empregada. Arts. 1255 e 1256 - Neste caso o indivíduo utilizando materiais plantas ou semestes próprias constroi planta ou semeia em imóvel alheio. Art.1255, caput → Quando ocorre esse fato mencionado o construtor, plantador ou semeador tem direito a uma indenização se agiu de boa-fé, mas a construção, plantação ou semeadura feita pertence ao dono do solo. O direito a indenização ocorre se o construtor… agiu de boa-fé. Ex.: O X mora de aluguel e toda vez que tem sobra de material dos amigos e parentes entrega esse material para X. Vê um terreno abandonado e fez ali uma construção. Após chega o proprietário falando que é dono do terreno. Aqui é de boa-fé, a construção é do dono do solo, mas o construtor tem direito a indenização dos materiais empregados. Mas se o X sabia quem era dono e construiu mesmo assim ele está agindo de má-fé e não terá direito a nada. §U. do 1255 determina uma inversão da regra do acessório segue a sorte do principal (O principal que vai seguir a sorte do acessório) acontece isso quando: a c onstrução ou plantação feita em imóvel alheio com materiais próprios ou plantas o seu valor exceder consideravelmente o valor do imóvel o construtor ou plantador se agiu de boa-fé tornar-se-á proprietário do imóvel devendo pagar ao dono do solo uma indenização amigavelmente fixada ou determinada pelo juiz. Ex.: Terreno na periferia de SP (50 mil) o cara vai usando utilizando materiais próprios e efetua uma construção de 150 mil o valor da construção é maior do que o terreno e aí torna-se-a dono do imóvel e deverá indenizar o proprietário do solo. → Inversão do princípio. Art.1256. Trata da chamada má-fé recíproca e objetivamente é deferida no seu §U. A má-fé será recíproca quando o construtor, plantador ou semeador agir de má-fé e utilizando material próprio construir, plantar ou semear em imóvel alheio em que o dono do solo tem conhecimento do fato e não o impugnou . Pois bem, ocorrendo a má-fé recíproca o dono do solo torna-se proprietário da construção, plantação ou semeadura, mas deve indenizar o construtor, plantador ou semeador. A má-fé de um neutralizar a má-fé do outro. Se aplica o acessório segue a sorte do principal e é vedado o enriquecimento sem causa. Imóvel seu → material alheio. Imóvel alheio → material seu. Art.1257. Nessa hipótese o indivíduo constrói, planta ou semeia em imóvel alheio utilizando materiais, plantas ou sementes pertencentes a outrem. Aqui determina que se aplique as regras dos art. 1255 e 1256 e ao mesmo tempo diz que o dono dos materiais, plantas ou semestes empregadas pode exigir do proprietário do imóvel uma indenização se não puder exigi-la do construtor, plantador ou semeador. A rigor a construção… pertence ao proprietário do solo este se tornará dono pelo princípio de que o acessório segue a sorte do principal, mas para que não haja enriquecimento sem causa deve haver indenização/ressarcimento de responsabilidade do dono do imóvel. Art.1258 e 1259. Quiseram consagrar a chamada função social da propriedade. São dispositivos confusos. Resumidamente quando o construtor avança com sua construção na propriedade alheia, dependendo da dimensão, extensão avançada, da boa ou má fé o construtor se torna proprietário da área ocupada devendo pagar indenização. Que é menor se estiver de boa-fé. ______________________________________________________________________ encerramos a acessão. ❖ PROPRIEDADE TEMPORÁRIA (arts. 1359 e 1360) A regra é ser a propriedade perpétua e inclusive por conta dessa perpetuidade a propriedade é transmitida aos herdeiros. Ex.: Sou dono de um carro e morro é transmitida aos meus herdeiros. Existe excepcionalmente a possibilidade da propriedade ser temporária quando está sob condição resolutiva ou a termo ou quando é uma propriedade ad tempus . A condição está disciplinada nos arts. 121 a 130. E o termo nos arts. 131 a 135. → Art.1259. Se a propriedade está em condição resolutiva é uma propriedade resolúvel. Ex.: X vende a Y um imóvel pelo preço de 500 mil à vista. Sendo para tanto lavrada uma escritura de compra e venda com o devido registro. Existe nessa escritura uma cláusula de retrovenda (arts. 505/508). Se o X no prazo de 3 anos devolver a Y o preço recebido + despesas de transferência o imóvel retorna ao patrimônio de X. Durante esses 3 anos essa propriedade é considerada resolúvel/diferida/temporária. Pois se acontecer o evento futuro e incerto (devolve e paga preço de transferência) a propriedade se resolve e volta para o patrimônio de X. Ainda que Y aliene para W continua sendo resolúvel (mesmo na mão de terceiros). Passados os 3 anos não devolveu o dinheiro e os valores de transmissão a propriedade passa a ser perpétua. → Art.1360. Prevê a propriedade temporária ad tempus. Porque a causa resolutiva da propriedade é superveniente a realização do negócio. E os terceiros de boa-fé são de fato proprietários do bem adquirido. Ex.: X doa a Y um imóvel com cláusula de reversão (art.547). Se o Y (donatário) morrer antes do X o imóvel doado retorna ao patrimônio de X. Ad tempus: pode ser resolvida por uma causa superveniente a realização do negócio, ou seja, a morte neste caso. Se o Y aliena a W e desde que W esteja de boa-fé a propriedade na mão de W não é resolutiva, este não pode ser prejudicado. __________________________________________________________________________________________ ❖ ALIENAÇÃO FIDUCIÁRIA EM GARANTIA -Pode ter como objeto coisas móveis e a legislação aplicável é o Decreto 911/79 e arts. 1361/1368. -Se por objeto imóvel a legislação aplicável é a Lei 9.514/97. Conceito: A alienação fiduciária em garantia é o negócio jurídico que tem como objeto coisa móvel ou imóvel infungível em que o devedor fiduciante exerce a posse direta da coisa e transfere ao credor fiduciário a propriedade resolúvel e a posse indireta do bem sendo que pagar a dívida financiada ocorre a resolução da propriedade passando o devedor fiduciante a ser proprietário exclusivo do bem. Ex.: X quer comprar uma moto e vai até a concessionária Y, mas não tem dinheiro para comprar e procurar a financeira W e faz o contrato de alienação fiduciária. W compra moto de Y entrega para X e Xpassa a pagar em 24x de parcelas a W. X é o devedor fiduciante possuidor direto da moto. W é o credor fiduciário possuidor indireto e titular da propriedade resolúvel. Se o X pagar todas as parcelas ao final a propriedade resolúvel nas mãos de W deixa de existir e X passa a ser o único proprietário. A alienação fiduciária em garantia tem que ser firmada por contrato escrito particular ou público (se bem imóvel). Esse instrumento deve ser levado a registro. Sendo um bem móvel o registro é feito no Cartório de Títulos e Documentos do domicílio do devedor fiduciante se for um veículo o registro é feito no órgão competente para o seu licenciamento com a anotação do certificado de propriedade do veículo. Se for um bem imóvel o registro é feito no Cartório de Registro Imobiliário competente (onde o imóvel se encontra matriculado). O que deve constar neste título? ➔ A descrição minuciosa do objeto da coisa; ➔ Valor da dívida; ➔ A taxa de juros; ➔ A data de vencimento Se o devedor fiduciante pagar todas as parcelas a propriedade é resolvida e sai das mãos do credor fiduciário e passa para as mãos do devedor fiduciante e passa a ter propriedade exclusiva. Se não pagar a dívida está resolvido o contrato e pode pedir a devolução da coisa e as parcelas vincendas (aberto) são consideradas vencidas. O credor fiduciário leva a coisa a expulsão (que é o leilão) judicial ou extrajudicial. Temos 3 situações: Ex.: Dívida da moto de 10 mil. Moto arrematada por 10mil. Acabou o problema. Ex.: Moto é relatada por 14mil. Apanhasse 10 mil ao pagamento da dívida e os 4 mil que sobraram é devolvido ao credor fiduciante. Ex.: Moto é arrematada por 6 mil. 6 mil reais paga parte da dívida e os 4 mil restantes o credor fiduciário irá buscar no patrimônio do credor fiduciante. Em matéria de alienação fiduciária em garantia é proibido o pacto comissório não pode no contrato de alienação existir cláusula que o credor fiduciário fique com a coisa como forma de pagamento. Se durante o contrato o devedor quiser entregar a coisa como forma de pagamento e o credor aceitar essa entrega é válida porque aqui teremos a chamada dação em pagamento (troca do dinheiro e entrega da coisa). __________________________________________________________________________________________ ❖ DIREITOS REAIS SOBRE COISA ALHEIA Pode ser objeto de direito real/propriedade as coisas corpóreas (passível de ser sentida pelo homem) e incorpóreas (não são passíveis de serem percebidas pelos sentidos humanos, ou seja, um direito), então o direito pode ser objeto do próprio direito real. Ex.: Usufruto - o titular de direito do usufruto é titular do direito de uso e gozo da propriedade alheia. Nessa linha de pensamento iremos estudar direitos reais sobre coisa alheia. E a matéria no CC é assim: 1º. Direito de Superfície (arts. 1369/1377); 2º. Servidão predial (arts. 1378/1389); 3º. Usufruto (arts. 1390/1411); 4º. Direito de Uso (art.1412 e 1413) 5º. Direito de habitação (art. 1414/1416). 6º. Promessa irretratável (art. 1417 e 1418) ● DIREITO DE SUPERFÍCIE É um direito real sobre coisa alheia em que o proprietário de um imóvel (concedente) permite que outra pessoa chamada de superficiária construa ou plante no solo do seu imóvel, por prazo determinado, de maneira gratuita ou onerosa. Ex.: Sou dono do terreno e cedo o solo para que um terceiro venha nele construir ou plantar e explorar durante o prazo, economicamente, o solo. Esse direito veio substituir a antiga enfiteuse. O direito de superfície não era disciplinado no CC16. O CC se modernizou, pois outros países regulamenta esse direito. Muitas vezes não é interessante aquisição de um imóvel no ambiente comercial, melhor firmar um direito de superfície e depois de alguns anos deixar a construção e plantação pertencendo ao proprietário do imóvel porque não interessa aquisição para depois negociar. O direito de superfície é constituído por meio de acordo de vontade e é um instrumento formal e ser firmado por escritura pública por tratar-se de imóvel e deve ser levado ao registro onde o imóvel se encontra matriculado, para que o direito seja oponível erga omnes. Também é possível constituir esse direito de superfície por meio da usucapião. A incubência da tributação do imóvel é de responsabilidade do superficiário, salvo disposição em sentido contrário no instrumento constitutivo. Se nada constar a responsabilidade é do superficiário. O fato de ter sido constituído o direito de superfície não impede que o proprietário aliene o imóvel e o usufrutuário pode alienar seu direito também. Tanto o proprietário quanto usufrutuário têm preferência quanto aos terceiros. Se pagar em iguais condições estes preferem a terceiros. Esse direito de preferência pode deixar de ser aplicado se no próprio instrumento esteja negando o direito de preferência esse direito não existirá e se nada constar aplica-se o que está na lei, portanto, terá preferência. Exaurido o prazo de existência do direito de superfície a construção ou plantação realizada no imóvel pertencerá ao proprietário do imóvel, porque o acessório segue a sorte do principal. Nenhuma indenização é devida ao superficiário, salvo disposição em sentido contrário no instrumento de constituição do direito de superfície. Salientando que o direito de superfície pode ser gratuito ou oneroso. Existe a possibilidade de acontecer o direito de superfície nos imóveis públicos, mas aí a legislação especial que irá dispor da matéria, o CC só se aplica de maneira subsidiária. A lei 10.257/01 (Estatuto da Cidade) contempla nos arts. 22ss o direito de superfície. Só que a rigor esse direito previsto só era aplicado para imóveis urbanos e veio o CC ampliou a matéria e hoje é aplicado o direito de superfície tanto para imóveis urbanos e rurais e o CC revogou as disposições do Estatuto da Cidade. ● SERVIDÃO PREDIAL (arts. 1378/1389) A servidão predial é um direito real sobre coisa alheia em que um imóvel qualificado de serviente suporta o encargo a favor de outro imóvel chamado dominante a fim de que o seu uso seja mais agradável, útil mais cômodo. Envolve dois imóveis vizinhos jurídica e geograficamente ou não. Além da vizinhança necessária é fundamental que os imóveis pertencem a proprietários diferentes, se pertencer ao mesmo proprietário a servidão automaticamente é extinta, então é pré requisito que seja proprietários diversos. Existem várias espécies de servidão. Ex.1: Imóvel dominante em que o titular vá buscar ao serviente pedras, para conduzir até seu imóvel, ou buscar água em uma nascente, passagem de fiações. A servidão mais comum é a servidão predial de trânsito especialmente em áreas urbanas. Ex.2: X (dominante ) Y(serviente) o titular de imóvel X para alcançar a via pública tem que caminhar pelo quarteirão e se ele passar pelo Y chegará o mesmo ponto só que mais rápido e por isso é feito um acordo que o imóvel X (irá suportar o encargo) e deixará o Y caminhar porseu imóvel. Diferentemente da servidão obrigatória em que o imóvel é encravado, aqui é convencionada para melhor utilização do imóvel. -Natureza jurídica da servidão predial: Tem como natureza o caráter real. A servidão predial é um direito real por excelência. Direito real sobre coisa alheia. Tanto isso é verdade que seu instrumento constitutivo deve ser levado a registro no Registro Imobiliário competente onde os imóveis se encontram matriculados para que seja o direito oponível erga omnes. -Características da servidão predial: ➔ É um direito acessório. É acessório porque a servidão só existe em razão do direito de propriedade que este é o principal. Até porque para pensar em servidão tem que pensar nas propriedades envolvidas. O acessório segue a sorte do principal. Se a propriedade imóvel serviente for alienado o direito de servidão segue o principal (que é a propriedade imóvel). Se vender o imóvel dominante o benefício irá junto. ➔ É um direito inalienável. Nem o titular do imóvel dominante nem o titular do imóvel serviente pode alienar o direito de servidão sem alienar os imóveis. Ex.: Suporto um encargo (serviente) aí resolvo manter a propriedade e alienar esse encargo a um vizinho⇒ Não é possível fazer isso. Irá que alienar o imóvel. ➔ É um direito indivisível . De uma servidão predial não é possível constituir-se outra, ou seja, o desdobro da servidão predial. Ex.1: X (imóvel dominante) e Y(serviente) e a servidão é de trânsito. X passa pelo imóvel de Y. Não pode X manter o direito de servidão estendê-lo a W. Para que os dois passem pelo imóvel Y. Isso não é possível. Ex.2: X (dominante) e Y (serviente). O titular de imóvel X é o Z e o Z falece e deixa 3 herdeiros (z1, z2, e z3) a servidão é de trânsito. Quando Z estava vivo podia caminhar no imóvel de Y. Esse direito é transferível aos herdeiros. Os herdeiros podem exercer totalmente a servidão predial exatamente porque ela não se desdobra, ou seja, não divisível. Então não usarão apenas ⅓. ➔ É um direito perpétuo. A regra é que seja perpetuo até que um fato extintivo ocorra. Portanto, é por um prazo indeterminado. Se os imóveis não perecerem e a pertencer a proprietários diferentes é perpétua. Nada obsta que as partes envolvidas estabeleça que a servidão seja de prazo determinado. -Modos de constituição da servidão predial: Pode ser constituída por forma: 1. Voluntária/convencional. Aqui pode ser constituída por: a) Ato inter vivos: A forma mais comum é o acordo de vontade . Então titulares de imóveis diferentes fazem acordo e estabelecem a servidão predial. Sempre por escritura pública levada a registro. Mas pode também ser constituída por destinação - Ex.: indivíduo é proprietário de 2 imóveis. Faz a doação de 2 imóveis para pessoas diferentes e já na própria doação estabelece uma servidão predial entre os imóveis. Então quando aceitar a doação já aceita em conjunto a servidão. b) Ato causa mortis: É constituída aqui por meio do testamento. O testador transfere a propriedade dos imóveis a herdeiros testamentários diferentes X e Y de imóveis diferentes e no próprio testamento estabelece a servidão predial entre os imóveis. 2. Usucapião. Deve ser levada a sentença a registro. Para que a servidão seja oponível contra todos. 3. Por sentença judicial dentre outras situações. Ex.: Sentença divisória que divide o imóvel atribuindo parte dele a uma pessoa e a outra parte a outra e na própria sentença estabelece uma servidão predial. -Classificação da servidão: Seguindo os seguintes critérios: 1. Quanto a ação humana. E pode ser: a. Contínua: Aquela que independe da ação humana. Ex.: Passagem de fiação pelo imóvel vizinho. b. Descontínua: É aquela que resulta da ação humana permanente. Ex.: Caso da servidão predial de trânsito. O exercício da servidão depende de ação humana. 2. Quanto aos sinais externos. a. Servidão predial aparente: É aquela que se notabiliza por conta da presença de obras ou sinais exteriores. Ex.: Passagem da fiação aérea pelo imóvel vizinho. Ex.: Servidão predial de trânsito com demarcação de solo. b. Servidão predial não aparente: É aquela que não apresenta sinais externos visíveis. Ex.: Passagem de fios e cabos subterrâneos pelo imóvel vizinho. A doutrina e a jurisprudência junta os 2 critérios e conclui: i. Servidão aparente contínua: Passagem da fiação aérea. Continua porque não depende de ação humana e aparente porque é visível. ii. Servidão predial continua e não aparente: Ex.: Passagem de canos subterrâneos pela propriedade vizinha. iii. Servidão predial descontínua e aparente: Ex.: Servidão predial de trânsito com demarcação no solo. iv. Servidão predial descontínua e não aparente: Ex.: Servidão predial de trânsito sem demarcação do solo. -Tutela da servidão predial: Existem ações que por via oblíqua tutelam a servidão predial. Ex.: Ações possessórias podem ser para tutelar a servidão predial. Ex.: Vizinho impede a passagem da servidão de trânsito eu posso entrar com a ação possessória para tutelar. Ex.: Ação com reparação de dano com pedido de indenização. Se o titular do imóvel serviente ou terceiros procura impedir a servidão e causa danos o titular da dominante pode entrar com ação e pedir indenização. Há ações específicas da servidão: ➔ Ação Confessória: visa a declaração por sentença da existência de uma servidão predial. ➔ Ação Negatória: em que o pedido visa uma sentença declaratória de inexistência da servidão predial. ● USUFRUTO (arts. 1390/1411) Conceito: O usufruto é um direito real sobre coisa alheia em que uma pessoa qualificada de usufrutuária retira do bem que pertence a outrem as utilidades e frutos que a coisa pode oferecer de forma gratuita e temporária. Embora a maioria dos autores defende que o usufruto é gratuita há quem entenda que o usufruto seja oneroso. Ex.: Usufruto em família. O pai com relação ao imóvel doado ao filho. O pai em vida doa ao filho a nua propriedade e mantém consigo o usufruto da coisa. O usufrutuário tem poder de uso e gozo da coisa (pai) enquanto o filho terá poder de disposição. Ex.: Transfere a uma pessoa o uso e gozo da propriedade e eu mantenho comigo a titularidade da propriedade. ● Objeto do Usufruto: ○ Coisas corpóreas. ■ Coisas móveis. ■ Coisas imóveis. ○ Coisas Incorpóreas. Ex.: Um direito de crédito ou um crédito decorrente de um título de crédito. ○ Patrimônio: como todo ou parte do patrimônio. ○ Empresa: como um todo ou parte da empresa. ○ Universalidade de fato ou de direito. Ex.: De fato: O patrimônio de uma pessoa. Direito: Ex.: Herança, patrimônio que será objeto de sucessão hereditária. Normalmente o objeto do usufruto diz respeito a uma coisa inconsumível ou infungível, mas excepcionalmente o objeto do usufruto pode ser coisa consumível ou fungível. Quando é coisa consumível ou fungível é chamado de QUASE USUFRUTO. -Modos de constituição do usufruto. Pode ser: 1) Legal. É aqueleque resulta de uma determinação normativa, ou seja, resulta da lei. Ex.: Usufruto dos bens dos filhos menores que tem como usufrutuário os pais. Até que completem 18 anos ou sejam emancipados → resulta do poder familiar (art. 1689ss). 2) Convencional/Voluntário. É aquele que resulta de um ato de vontade do titular da propriedade que vai dar a coisa em usufruto. Esse ato pode ser: a) Inter vivos: normalmente é constituído por meio do contrato de doação. Ex.: Situação do pai que mantém para si a propriedade do imóvel e transfere para o filho a nua propriedade. b) Causa mortis : A constituição do usufruto ocorre através do testamento. O testador nomeia como usufrutuário o herdeiro. 3) Pode resultar de uma sentença de usucapião. A aquisição da propriedade pode resultar por meio da usucapião, mas não é apenas o direito de propriedade, pode também ser adquirido outros direitos como: usufruto. Essa situação é muito rara. -Características do usufruto 1) É um direito real sobre coisa alheia. É inquestionável que seja um direito real. Tanto isso é verdade que quando o usufruto envolve bens imóveis é necessário o registro do título constitutivo do usufruto no Registro imobiliário para que esse direito seja oponível contra todos. 2) É um direito temporário. Pode ser estabelecido por prazo determinado ou de maneira vitalícia. Sendo o usufrutuário pessoa natural o usufruto por prazo determinado pode ser estabelecido quantos anos quiser não tem limite. Se o usufrutuário for Pessoa Jurídica o prazo máximo de usufruto é de 30 anos. Vitalícia será enquanto o usufrutuário tenha vida. Falecendo o usufrutuário está extinto o usufruto e um dos casos de extinção do usufruto é a morte do usufrutuário, não existe no Brasil o usufruto sucessivo . 3) O usufruto enquanto direito é inalienável e inacessível. É ilegal a alienação do usufruto. O que pode ser cedido é o exercício do usufruto, este é passível de cessão. Ex.: Não posso ceder minha condição de usufruto, mas posso locar o imóvel objeto do usufruto e enquanto usufrutuário receber o aluguel. 4) O usufruto enquanto direito é impenhorável. Mas o exercício do usufruto é passível de penhora. Ex.: Imóvel objeto de usufruto está alugado os aluguéis podem ser objeto de penhora. -Classificação do usufruto 1) Quanto à origem: a) Legal. Se resultar da lei. b) Convencional. Se resultar do ato de vontade. c) Judicial. Se resultar de uma sentença. 2) Quanto a duração a) Determinado b) Vitalício 3) Quanto ao objeto a) Próprio: Se a coisa/ objeto for inconsumível e infungível (que é a regra). É a regra porque o usufrutuário tem que restituir a coisa que lhe foi cedida porque não poderá restituir outra coisa além daquela que foi cedida. b) Impróprio/quase usufruto: Excepcional. Tem como objeto coisas consumíveis ou fungíveis. O usufrutuário irá restituir ao titular do nua propriedade outra coisa da mesma espécie na qualidade e quantidade. -Direitos do Usufrutuário 1. Direito de exercer a posse da coisa dada em usufruto. Ocorre o desdobramento. Geralmente é uma posse direta, que o titular da propriedade a posse indireta, e o usufrutuário é possuidor direto. Em via de regra a posse direta é exercida pelo usufrutuário, ms quando o usufruto é cedido para terceiros, o usufrutuário se torna possuidor indireto. 2. Direito do uso da coisa. Retirar da coisa dada em usufruto os serviços que o bem oferece. Quando se usa o direito de uso, o indivíduo retira da coisa os serviços que o bem pode oferecer. Ex.: Imóvel = moradia; Automóvel = locomoção. 3. Direito de administrar a coisa dada em usufruto. Até porque o usufrutuário tem dever de conservar a coisa então a administração é necessária para conservação. 4. Direito de retirar da coisa dada em usufruto os frutos que o bem oferece. Exercer o poder de gozo. -Deveres do Usufrutuário 1. Dever de inventariar a coisa. Esse dever é anterior da entrega da coisa dada em usufruto. Cabe ao usufrutuário fazer o inventário da coisa. É necessário porque ao final do usufruto o usufrutuário terá que devolver a mesma coisa e o inventário é uma garantia de que o bem não sofreu nenhum dado e que o bem não foi prejudicado. Esse inventário é fundamental. 2. Dever de conservação e custódia da coisa. Ocorre durante o exercício do usufruto. O usufrutuário tem que ser diligente e cuidar da coisa como se fosse sua para que a coisa possa ao final do usufruto ser devolvida em condições que ele recebeu. Ressalvado os desgastes naturais o usufrutuário tem que ser diligente e conservar a coisa. Ex.: IPTU cabe ao usufrutuário o pagamento. 3. Dever de devolução da coisa dada em usufruto do titular da nua propriedade. Dever que ocorre após a extinção do usufruto. Tem que ser devolvida a mesma coisa, salvo a hipotese de usufruto impróprio. ________________________ encerramos o usufruto. ● DIREITO DE USO (arts. 1412 e 1413) 4º direito real sobre coisa alheia. Aquele que cede a coisa para outrem para o uso, ou seja, faz a cessão da coisa para outrem para que exerça o uso é chamado de constituinte. O titular do uso, aquele que vai usar a coisa é chamado de usuário. -Conceito: Direito de uso é um direito real sobre coisa alheia em que uma pessoa qualificada de usuária retira da coisa pertencente a outrem as utilidades e frutos que o bem oferece para atender suas necessidades pessoais e/ou de sua família. O art.1412 determina que o usuário pode usar e gozar da coisa. Tem o mesmos poderes do usufrutuário. Diferença: A doutrina qualifica o uso como sendo usufruto limitado (usufruto anão) tudo que o usufrutuário pode fazer o usuário também pode. Necessidade pessoal do usuário que determina o limite do uso. Ex.: Usufrutuário da fazenda, ele pode usar a casa como um todo, área de lazer e pode gozar de todos os frutos oferecidos. Agora se a mesma fazenda for dada em uso o usuário vai poder utilizar a casa, a área de lazer, mas em relação aos frutos há limite ex.: 5 caixas de uso mês se essa for sua necessidade pessoal (condição social e a região de sua residência - ex.: necessidade do usuário do interior de SP é diferente da necessidade do usuário do Ceará). Tudo que se aplica no usufruto aplica-se no uso, mas a diferença é o limite. Tudo que se aplica no usufruto a rigor se aplica ao uso (modo de constituição, objeto e a classificação) o que muda são as características. A família aqui tem sentido amplo: relações de parentesco consanguíneo e por afinidade (genro, nora, sogro, sogra e cunhado), envolve os empregados que trabalham na entidade familiar. -Características Do Uso 1. É um direito real sobre coisa alheia. Inclusive o título constitutivo do uso têm que ser levado a registro para que seja oponível erga omnes. Dá através da usucapião, mas não há conhecimento de nenhum caso na jurisprudência. 2. É um direito temporário. Pode ser por prazo determinado ou vitalício. 3. O uso enquanto direito é incessível e inalienável assim como o seu exercício**. Diferente
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