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RESPONSABILIDADE CIVIL DO CONTABILISTA

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1 INTRODUÇÃO
 	
O estudo a ser exposto tem como objetivo analisar a responsbilidade civil do contabilista após o novo código civil brasileiro, atravé da Lei n° 10.406/02 onde foram introduzidas algumas alterações nos procedimentos contábeis das empresas, bem como em relação à responsabilidade do contabilista. 
A responsabilidade civil do contabilista tornou-se tema bastante comentado nos últimos anos. Isso se deve a apovação do nosso novo Código Civil, que veio enumerando algumas atitudes que o contabilista deve ter frente a sua clientela. O novo Código em sua Seção III - Do Contabilista e outros Auxiliares, trata das responsabilidades civis dos contadores (prepostos), definindo que são os mesmos responsáveis pelos atos relativos à escrituração contábil e fiscal praticados e ao mesmo tempo, respondendo solidariamente quando praticarem atos que causem danos a terceiros (clientes por exemplo). 
Assim a presente pesquisa visa analisar como o contabilista esta atuando no que se refere aos seus deveres, uma vez que se trata de uma seção destinada a ele no novo Código Civil.
O objetivo deste estudo é identificar o papel do contador após o novo Código Civil e a gama de direitos e deveres a ele atribuída.
Este trabalho visa sanar todas as dúvidas pertinentes ao tema através de pesquisas realizadas abordando os aspectos jurídicos e sociais, sempre embasadas em literatura existente.
Pretende-se dimensionar a importância que deve ser dado ao assunto uma vez que o nosso novo Código Civil o trouxe com tanta ênfase nos dando uma seção para falar sobre o assunto.
2 O PAPEL DO CONTADOR NO NOVO CÓDIGO CIVIL
A contabilidade “é a ciência que tem como objeto de estudo o patrimônio das entidades, seus fenômenos e variações, tanto no aspecto quantitativo quanto no qualitativo, registrando os fatos e atos de natureza econômico-financeira que o afetam e estudando suas consequências na dinâmica financeira”. (CFC, 2012)
Diferenciando as categorias profissionais, define o CRC (Conselho Regional de Contabilidade, 1999:27): "Contador é o diplomado em curso superior de Ciências Contábeis bem como aquele que, por força de lei, lhe é equiparado, com registro nessa categoria em CRC. Técnico em Contabilidade é o diplomado em curso de nível médio na área Contábil, com registro em CRC nesta categoria".
O exercício de atividade que exija aplicação dos conhecimentos contábeis é privilégio dos profissionais contábeis regularmente inscritos no Conselho Federal de Contabilidade de sua jurisdição, observadas as normas e resoluções estabelecidas pelo Conselho Federal de Contabilidade.
É importante ressaltar que todas as empresas, são obrigadas a manter um profissional devidamente aprovado pelo Conselho Regional de Contabilidade como sendo o responsável contábil pela sua empresa. No entanto, a escolha desse profissional poderá refletir diretamente no sucesso do seu negócio, independentemente de você dar-se conta disso.
Quando se abre uma empresa os sócios assumem imediatamente um compromisso de apresentar diversas obrigações federais, estaduais, municipais, trabalhistas e previdenciárias, respondendo com o pagamento de multas pelo não cumprimento. Ainda nos dias de hoje temos visto empresários que simplesmente desconhecem a importância dessas obrigações e as penalidades pelo não cumprimento destas ou ignoram sua importância. Dentre as atribuições diretas de um contabilista, uma das mais importantes é a elaboração e entrega dessas obrigações, podendo inclusive ser responsabilizado pelas informações contidas dentro delas.
As atribuições profissionais estão contidas na Lei nº 9.295/46, especificamente nos artigos 25 e 26. Conforme segue:
Art. 25 - São considerados trabalhos técnicos de contabilidade:
a) organização e execução de serviços de contabilidade em geral;
b) escrituração dos livros de contabilidade obrigatórios, bem como de todos os necessários no conjunto da organização contábil e levantamento dos respectivos balanços e demonstrações;
c) perícias judiciais ou extrajudiciais, revisão de balanços e de contas em geral, verificação de haveres revisão permanente ou periódica de escritas, regulações judiciais ou extrajudiciais de avarias grossas ou comuns, assistências aos Conselhos Fiscais das sociedades anônimas e quaisquer outras atribuições de natureza técnicas conferidas por lei aos profissionais de contabilidade.
Obs.: Os peritos serão escolhidos entre profissionais de nível universitário inscrito no órgão de classe competente, o qual fornecerá certidão (Lei nº 7.270 de 10 de dezembro de 1984 - altera o artigo 145 do CPC).
Art. 26 - Salvo direitos adquiridos "ex-vi" do disposto no art. 2º do Decreto nº 21.033, de 8 de fevereiro de 1932,as atribuições definidas na línea "c" do artigo anterior são privativas dos contadores diplomados e daqueles que lhes são equiparados, legalmente. (BRASIL, 2002).
Assim, o contabilista pode desempenhar um papel de consultor gerencial, podendo através dos seus relatórios auxiliarem na tomada de decisões gerenciais e financeiras da empresa. No entanto, a experiência tem mostrado que a grande maioria dos empresários, especialmente os de porte menor, desconsidera a importância do trabalho do contabilista.
A categoria profissional e o cadastro no CRC poderão realizar qualquer trabalho. Salvo algumas atribuições. Essas atribuições o Técnico em contabilidade poderá exercer em situações da qual sejam titulares.
Na Resolução nº 560/83, faz um breve relato dessas das atribuições que diferenciam Contadores do Técnico Contábil. Assim, temos:
1- apuração de haveres e avaliações de direitos e obrigações, do acervo patrimonial de quaisquer entidades, em vista de liquidação, fusão, cisão, expropriação no interesse público, transformação ou incorporação dessas entidades, bem como em razão de entrada, retirada, exclusão ou falecimentos de sócios, quotistas ou acionistas;
2- concepção dos planos de determinação das taxas de depreciação e exaustão dos bens materiais e dos de amortização dos valores imateriais, inclusive de valores diferidos;
3- análise de balanços;
4- estudo sobre destinação do resultado e cálculo do lucro por ação ou outra unidade de capital investido;
5- conciliação de contas; (BRASIL, 2002).
O profissional contábil possui uma grande ferramenta de trabalho, que é a capacidade de transformar dados em informações, detém grande conhecimento sobre os negócios e suas interpretações. Através delas, poderá fornecer aos administradores a real situação econômica e financeira da entidade, acompanhada de orientações e instruções, para fins de tomadas de decisões.
O perfil do contador na atualidade é de um homem de valor que precisa acumular muitos conhecimentos, mas que tem um mercado de trabalho garantido, todavia, que o profissional tenha consciência de que a maior remuneração exige qualidade de trabalho e que esta se consegue com o melhor conhecimento, com estudo, com aplicação esses profissionais tem que ser tecnicamente inteligentes e ter capacidade criativa, ser proativo, ter alta integridade, não podem ter medo de arriscar, não pode ser egoístas, ter boa capacidade de comunicação, compreender a sistemática econômico-financeira, política e social, em nível local, regional ou mesmo internacional, entender dos aspectos técnicos dos negócios, para isso tem que estar sempre atualizado e procurar estudar a situação da empresa a qual irá prestar assessoria ou consultoria, sem essas concepções e consciência, o desenvolvimento profissional fica bastante prejudicado.
Portanto, a Contabilidade é o principal meio de coleta das informações necessárias referente aos inúmeros acontecimentos. Os dados que serão transformados em informações, demonstradas através dos balanços, que é o resultado contábil dos atos e fatos praticados pela empresa.
Contudo, podemos observar que é através da contabilidade que os usuários estão mais próximos da realidade do "dia-a-dia".
2.1 O CONTADOR E SUARESPONSABILIDADE CIVIL
O novo Código Civil, na Seção III - Do Contabilista e outros Auxiliares, tratam das responsabilidades civis dos contadores (prepostos), definindo que são os mesmos responsáveis pelos atos relativos à escrituração contábil e fiscal praticados e ao mesmo tempo, respondendo solidariamente quando praticarem atos que causem danos a terceiros (clientes por exemplo). Nesse sentido, os artigos 1.177 e 1.178: 
Art. 1.177. Os assentos lançados nos livros ou fichas do preponente, por qualquer dos prepostos encarregados de sua escrituração, produzem, salvo se houver procedido de má-fé, os mesmos efeitos como se o fossem por aquele. 
Parágrafo único. No exercício de suas funções, os prepostos são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos; e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. 
Art. 1.178. Os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito. Parágrafo único. Quando tais atos forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão o preponente nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor. (BRASIL, 2002).
De Plácido e Silva, in Vocabulário Jurídico, V III, Forense, 11ª ed., p. 431, ensina que:
Preponente, entende-se, na linguagem jurídica e comercial, a pessoa que pôs ou colocou alguém em seu lugar, em certo negócio ou comércio, para que o dirija, o faça ou o administre em seu nome. Preponente é propriamente o patrão, o empregador, quando se apresenta no duplo aspecto de locatário de serviços e de mandante. Juridicamente, o preponente é, em regra, responsável pelos atos praticados por seus prepostos: caixeiros, feitores, viajantes, quando no exercício da propositura, isto é, quando em desempenho das funções ou dos encargos, que se mostrem objetos da preposição. Preposto: designa a pessoa ou o empregado que, além de ser um locador de serviços, está investido no poder de representação de seu chefe ou patrão, praticando atos concernentes à locação, sob direção e autoridade do preponente ou empregador. 
De acordo com o art. 1.182 do Novo Código Civil, 
A escrituração ficará sob a responsabilidade de contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade. No exercício de suas funções, os prepostos (contabilistas) são pessoalmente responsáveis, perante os preponentes, pelos atos culposos e, perante terceiros, solidariamente com o preponente, pelos atos dolosos. (BRASIL, 2002)
Segundo o art. 1.178 do Novo Código Civil, “os preponentes são responsáveis pelos atos de quaisquer prepostos, praticados nos seus estabelecimentos e relativos à atividade da empresa, ainda que não autorizados por escrito” (BRASIL, 2002).
Os atos que forem praticados fora do estabelecimento, somente obrigarão os preponentes nos limites dos poderes conferidos por escrito, cujo instrumento pode ser suprido pela certidão ou cópia autêntica do seu teor.
2.1.1 Escrituração
A empresa é constituída para praticar atos mercantis, financeiros, trabalhistas, fiscais, civis, mas, de maneira documentada. Para  um documento ser hábil é necessário que seja: a) idôneo; b) devidamente preenchido; c) vinculado com a atividade da empresa. 
A escrituração é a radiografia da empresa. Por isso, a lei impõe ao empresário o dever de manter a escrituração em ordem. É de seu prórpio interesse, seja para atender os ditames legais, seja para propriciar a fiscalização tributária, seja para a eventualidade de fazer prova em juízo. (FAZZIO JÚNIOR, 2007 p. 45).
É o registro dos fatos (pelo método das partidas dobradas) que influenciam o patrimônio de uma entidade e deve ser feito em ordem cronológica (dia, mês e ano) em grupos de fatos homogêneos de modo que possam identificar um determinado componente patrimonial. 
Conforme Silva e Brito (2003, p. 53), 
A escrituração ficará sob a responsabilidade de Contabilista legalmente habilitado, salvo se nenhum houver na localidade, e será efetuada em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens.
Para tal, deve-se manter  “um sistema de escrituração uniforme dos atos e fatos administrativos ocorridos na sociedade empresarial, através de processo manual, mecanizado ou eletrônico” (Resolução 560, de 28/10/83 do Conselho Federal de Contabilidade), de livre escolha do empresário, mas desde que cumpridos algumas formalidades básicas previstas nas legislações de regência, como: 
• em idioma e moeda nacional; 
• em forma contábil; 
• em ordem cronológica de dia, mês e ano; 
• sem ausência de espaços em branco, entrelinhas, borrões, rasuras, emendas, etc. 
• com base em documentos de origem externa ou interna, ou na sua falta, em elementos que comprovem ou evidenciem fatos e atos e a prática de atos administrativos. 
A Instrução Normativa nº 65/97, que regula a máteria, admite que a escrituração das empresas seja feita mediante a utilização de um dos seguintes sistemas:
• livros; 
• conjunto de fichas ou folhas soltas;
 
• conjunto de folhas contínuas; 
• microfichas geradas por meio de microfilmagem de saída direta do computador (COM). 
 Obrigatoriedade do livro diário 
Sem prejuízo de livros específicos reclamados pela legislação, o livro Diário (que pode ser substituído por fichas) é indispensável.
O Diário nada mais é que o registro histórico da atividade negocial. Nele, o empresário é obrigado:
A lançar com individualização e clareza todas as suas operações de comércio, letras e outros quaisquer papéis de crédito que passar, aceitar, afiançar ou endossar, e em geral tudo quanto receber e despender de sua ou alheia conta, seja por que título for, sendo suficiente que as parcelas de despesas domésticas se lancem englobadas na data em que forem extraídas da caixa. Os comerciantes varejistas deverão lançar diariamente no Diário a soma total das suas vendas a dinheiro, e em assento separado, a soma total das vendas fiadas no mesmo dia. (FAZZIO JÚNIOR, 2007 p. 46)
Está embutido no arts. 1.179 e 1.180, a faculdade de manter o sistema contábil mecanizado ou eletrônico. Segundo esses artigos, 
O empresário e a sociedade empresária, entre as quais as sociedades limitadas, são obrigadas a seguir um sistema de contabilidade, mecanizado ou não, com base na escrituração uniforme de seus livros, em correspondência com a documentação respectiva. Além dos demais livros exigidos por lei, é indispensável o Diário, que pode ser substituído por fichas no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica. A adoção de fichas não dispensa o uso de livro apropriado para o lançamento do balanço patrimonial e do de resultado econômico. (BRASIL, 2012).
A rigor, o Diário é o único livro empresarial obrigatório, onde são lançadas, diariamente, por escrita direta ou reprodução, todas as operações pertinentes ao exercício da empresa, inclusive o balanço patrimonial e o de resultado econômico, ambos subscritos por contabilista habilitado e pelo empresário ou representante da sociedade empresária.
Vale lembrar que o art. 1.184, § 1o do CC,
Admite-se a escrituração resumida do Diário, com totais que não excedam o período de trinta dias, relativamente a contas cujas operações sejam numerosas ou realizadas fora da sede do estabelecimento, desde que utilizados livros auxiliares regularmente autenticados, para registro individualizado, e conservados os documentos que permitam a sua perfeita verificação. (BRASIL, 2012)
Já o art. 1.185 do CC, “admite a substituição do Diário pelo livro de Balancetes Diários e Balanços para quem adotar o sistema de fichas de lançamentos”. 
“Este registrará a posição diária de cada uma das contas ou títulos contábeis, pelorespectivo saldo, em forma de balancetes diários. Também o balanço patrimonial e o de resultado econômico, no encerramento do exercício”. (Art. 1.186 do CC).
Ressalvada a obrigatoriedade do Livro Diário, o número e a espécie de livros ficam a critério dos interessados.
 Dispensa da Escrituração
A Lei nos remete com firmeza que o empresário e a sociedade empresária estão obrigados e a única exceção é para o produtor rural e o pequeno empresário.
O art. 1.179, § 2º do CC ressalta que “o empresário rural e o pequeno empresário são dispensados das exigências de manutenção de sistema de contabilidade, mas não ficam desobrigados, para registro de suas operações, do uso do Livro Diário ou fichas, no caso de escrituração mecanizada ou eletrônica”. (BRASIL, 2002).
Considera-se pequeno empresário, para efeito de aplicação desta dispensa, o empresário individual caracterizado como microempresa na forma da Lei Complementar 123/2006 que aufira receita bruta anual de até R$ 36.000,00 (trinta e seis mil reais).
 
Desta forma, as empresas que não possuem as características para estarem inclusas na exceção, estão obrigados a efetuarem a escrituração contábil.
 
A escrituração contábil é composta pelo registro de fatos administrativos que alteram de forma qualitativa ou quantitativa o patrimônio e estes registros devem ser expostos através de demonstrações contábeis:
Conforme o disposto nos artigos 1.188 e 1.189 do novo Código Civil, o balanço patrimonial deverá exprimir, com fidelidade e clareza, a situação real da empresa e, atendidas as peculiaridades desta, bem como as disposições das leis especiais, indicará, distintamente, o ativo e o passivo. Já o balanço de resultado econômico, ou demonstração da conta de lucros e perdas, acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. 
2.1.4 Formas de Escrituração
A escrituração deverá ser efetuada em idioma e moeda corrente nacionais e em forma contábil, por ordem cronológica de dia, mês e ano, sem intervalos em branco, nem entrelinhas, borrões, rasuras, emendas ou transportes para as margens.
É permitido o uso de código de números ou de abreviaturas, que constem de livro próprio, regularmente autenticado (Art. 1.183 do Código Civil/2002).
2.2 Balanços
Todos os que exercem a atividade empresarial estão obrigados, anulamente, à formação de balanço patrimonial e balanço de resultado econômico.
Pelo art. 1.188 e 1.189 do CC,
O balanço patrimonial deve ser o retrato fiel da situação real da empresa, indicando com clareza, distintamente, seu ativo e passivo. Já o balanço de resultado econômico ou demonstração da conta de lucros e perdas acompanhará o balanço patrimonial e dele constarão crédito e débito, na forma da lei especial. (BRASIL, 2012).
Referido balanço deverá compreender todos os bens de raiz móveis e semoventes, mercadorias, dinheiros, papéis de crédito, e ooutra e qualquer espécie de valores, e bem assim todas as dívidas e obrigações passivas; e será datado e assinado pelo empresário a quem pertencer.
Semestral para as instituições financeira e anual para os demais empresários é um diagnóstico preciso do andamento dos negócios e condição elementar para a obtenção de favores legais, entre os quais o da recuperação.
2.3 Livro de Registro de Inventário
O Livro Registro de Inventário será utilizado por todos os estabelecimentos que mantiverem mercadorias em estoque e destina-se a arrolar, pelos seus valores e com especificações que permitam sua perfeita identificação, as mercadorias, as matérias-primas, os produtos intermediários, os materiais de embalagem, os produtos manufaturados e os produtos em fabricação existentes no estabelecimento na data do balanço.
As pessoas jurídicas tributadas com base no lucro real deverão escriturar o Livro Registro de Inventário ao final de cada período: trimestralmente ou anualmente quando houver opção pelos recolhimentos mensais durante o curso do ano-calendário, com base na estimativa (RIR/1999, art. 261).
O art. 1.187 do CC reformulou a função do livro Registro de Inventário, estabelecendo que na coleta dos elementos para o inventário serão observados os critérios de avaliação a seguir determinados:
I - os bens destinados à exploração da atividade serão avaliados pelo custo de aquisição, devendo, na avaliação dos que se desgastam ou depreciam com o uso, pela ação do tempo ou outros fatores, atender-se à desvalorização respectiva, criando-se fundos de amortização para assegurar-lhes a substituição ou a conservação do valor;
II - os valores mobiliários, matéria-prima, bens destinados à alienação, ou que constituem produtos ou artigos da indústria ou comércio da empresa podem ser estimados pelo custo de aquisição ou de fabricação, ou pelo preço corrente, sempre que este seja inferior ao preço de custo, e quando o preço corrente ou venal estiver acima do valor do custo de aquisição, ou fabricação, e os bens forem avaliados pelo preço corrente, a diferença entre este e o preço de custo não será levada em conta para a distribuição de lucros, nem para as percentagens referentes a fundos de reserva;
III - o valor das ações e dos títulos de renda fixa pode ser determinado com base na respectiva cotação da Bolsa de Valores; os não cotados e as participações não acionárias serão considerados pelo seu valor de aquisição;
IV - os créditos serão considerados de conformidade com o presumível valor de realização, não se levando em conta os prescritos ou de difícil liquidação, salvo se houver, quanto aos últimos, previsão equivalente. (BRASIL, 2002).
Devem ser arrolados, pelos seus valores e com especificações que permitam sua perfeita identificação, as mercadorias, as matérias-primas, os produtos intermediários, os materiais de embalagem, os produtos manufaturados e os produtos em fabricação, existentes no estabelecimento à época de balanço.
2.3.1 Ausência de escrituração do livro
A ausência de escrituração do Livro de Inventário implica também em infração, perante a legislação do IPI e do ICMS de cada estado, sujeita às penalidades dos respectivos regulamentos.
A lei fiscal determina que, além dos livros de contabilidade previstos em leis e regulamentos, as pessoas jurídicas devem possuir um livro de registro de inventário das matérias-primas, das mercadorias, dos produtos em fabricação, dos bens em almoxarifado e dos produtos acabados existentes na época do balanço. Nessas condições estará à autoridade tributária autorizada a arbitrar o lucro da pessoa jurídica sujeita à tributação com base no lucro real, quando esta não mantiver escrituração na forma das leis comerciais e fiscais (RIR/1999, art. 530).
2.3.2 Prazo
A escrituração deverá ser efetivada dentro de 60 (sessenta) dias, contados da data do balanço ou, no caso de empresa que não mantém escrita contábil, do último dia do ano civil.
2.4 VALOR PROBANTE DA ESCRITURAÇÃO
A necessidade de apuração de resultados e da apresentação do balanço econômico, com definição clara da responsabilidade do profissional contábil na apresentação destes relatórios, valoriza aquele Contabilista que executa sua atividade dentro das regras e condutas éticas.
De acordo com art. 1.177 do CC, a escrituração contábil, quando formalmente elaborada, observando-se os princípios contábeis e requisitos essenciais de registro, tem valor probante para todos os efeitos judiciais e extrajudiciais, apresentando os mesmos efeitos como se o fossem por aquele, salvo se houver procedido de má-fé. Portanto, cumpre ao contador assegurar na escrituração dos atos constitutivos e posteriores alterações contratuais que demandem registros contábeis, a certeza manifesta de todas as determinações destes atos societários, bem como evidenciar os respectivos números de registro que embasem sua escrituração (BRASIL, 2002).
2.5 CONSERVAÇÃO E GUARDA DA DOCUMENTAÇÃO
No novo diploma legal percebe-se de formaclara a transferência da responsabilidade ao preposto no tocante a entrega de documentos, quando o código no seu artigo 1.171 determina que será considerada perfeita a entrega de papéis, bens ou valores ao preposto, encarregado pelo preponente, se os recebeu sem protesto, salvo nos casos em que haja prazo para reclamação. 
Conforme Silva e Brito (2003, p. 178),
Quando tais papéis, bens ou valores estiver acima das funções poderá opreposto protestar para não se responsabilizar por aquilo que não vai aplicar para desenvolver as suas atividades, mas se recebidos sem quaisquer protesto, será o responsável por tudo devendo prestar conta a qualquer momento ao preponente quando solicitado. 
Portanto, não havendo o efetivo controle e conferência, qualquer documento ou livro supostamente entregue ao Contabilista e que venha a ser extraviado ou desapareça, poderá a empresa, de forma maldosa ou não, imputar a responsabilidade ao profissional.
O art. 1.194 do CC ressalta que:
O empresário e a sociedade empresária são obrigados a conservar em boa guarda toda a escrituração, correspondência e mais papéis concernentes à sua atividade, enquanto não ocorrer prescrição ou decadência no tocante aos atos neles consignados (BRASIL, 2002).
2.6 EXIBIÇÃO DOS INSTRUMENTOS DE ESCRITURAÇÃO CONTÁBIL A TERCEIROS
Ressalvados os casos previstos em lei, segundo os arts. 1.190 e 1.191 do CC, 
Nenhuma autoridade, juiz ou tribunal, sob qualquer pretexto, poderá fazer ou ordenar diligência para verificar se o empresário ou a sociedade empresária observa, ou não, em seus livros e fichas, as formalidades prescritas em lei:
I - o juiz só poderá autorizar a exibição integral dos livros e papéis de escrituração quando necessária para resolver questões relativas à sucessão, comunhão ou Sociedade, administração ou gestão à conta de outrem, ou em caso de falência; II - o juiz ou tribunal que conhecer de medida cautelar ou de ação pode, a requerimento ou de ofício, ordenar que os livros de qualquer das partes, ou de ambas, sejam examinados na presença do empresário ou da sociedade empresária a que pertencerem, ou de pessoas por estes nomeadas, para deles se extrair o que interessar à questão; III - achando-se os livros em outra jurisdição, nela se fará o exame, perante o respectivo juiz. (BRASIL, 2002).
As restrições estabelecidas ao exame da escrituração, em parte ou por inteiro, não se aplicam às autoridades fazendárias, no exercício da fiscalização do pagamento de impostos, nos termos estritos das respectivas leis especiais do prazo de um ano. 
2.7 ADAPTAÇÃO DAS SOCIEDADES EXISTENTES 
De acordo com o art. 2032 do Código Civil, 
As associações, sociedades e fundações (exceto as sociedades anônimas, que continuam regidas por lei especial), constituídas na forma das leis anteriores, terão o prazo de um ano para se adaptarem às novas disposições. Esse prazo se conta a partir da entrada em vigor do novo Código, vencendo, portanto, em 11 de janeiro de 2004. (BRASIL, 2002).
Quaisquer alterações do ato constitutivo da sociedade, bem como a sua transformação, incorporação ou fusão, após a vigência do novo Código, ainda que efetuadas antes do decurso do prazo de adaptação, já serão por ele regidas, tal como dispõe o art. 2033. Assim, a adaptação prevista no art. 2031 deverá ser efetuada no primeiro instrumento de alteração formalizado a partir de 11 de janeiro de 2003, mesmo que isso ocorra antes do prazo de um ano.
3 A REPONSABILIDADE CIVIL DO CONTABILISTA APÓS O NOVO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO 
3.1. noções gerais sobre a Responsabilidade civil 
O nosso ordenamento jurídico conceitua o instituto responsabilidade civil em seu art. 927, caput, onde “delimita a responsabilidade apenas aos praticantes de ato ilícito” (BRASIL, 2012), ampliando seus conceitos no § único elencando no mesmo dispositivo que “também haverá reparação do dano, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. Neste caso, a reparação independe de culpa” (BRASIL, 2012). Resumindo é a obrigação que alguém assume de responder por uma lesão casada a outrem.
Na lição de Maria Helena Diniz (1995, p.5):
[...] O interesse em restabelecer o equilíbrio violado pelo dano é a fonte geradora da responsabilidade civil. Na responsabilidade civil são a perda ou a diminuição verificadas no patrimônio do lesado ou o dano moral que geram a reação legal, movida pela ilicitude da ação do agente. 
Identificamos na obra de Carlos Alberto Bittar (1994, p. 561), que leciona:
O lesionamento a elementos integrantes da esfera jurídica alheia acarreta ao agente a necessidade de reparação dos danos provocados. É a responsabilidade civil, ou obrigação de indenizar, que compele o causador a arcar com as conseqüências advindas da ação violadora, ressarcindo os prejuízos de ordem moral ou patrimonial, decorrente de fato ilícito próprio, ou de outrem a ele relacionado.
Para o mestre Mauro César Martins de Souza, responsabilidade civil é “a situação da pessoa que, tendo violado norma de conduta, encontra-se vulnerável às conseqüências que lhe possam advir do ato que praticou” (2000, p. 35).
O mestre Afranio Lyra, comentando sobre o instituto, diz que: “A responsabilidade civil se assenta, segundo a teoria clássica, em três pressupostos: um dano, a culpa do autor do dano e a relação de causalidade entre o fato culposo e o mesmo dano” (1977, p. 30).
Para Fernando Noronha (2003, p. 430), a responsabilidade civil é uma obrigação de reparar danos causados à pessoa ou patrimônio de outrem ou aqueles causados a interesses coletivos, ou transindividuais, querem estes sejam difusos ou coletivos stricto sensu, sendo que ela comporta duas acepções, uma ampla (tradicional) e outra restrita:
Na acepção ampla, consiste na obrigação de reparar quaisquer danos antijuridicamente causados a outrem, isto é, em contradição com o ordenamento. Em regra esses danos serão resultados de ações humanas reprovadas pelo direito, mas também poderão ser conseqüência de acontecimentos naturais, especialmente quando a sua ocorrência ainda estiver associada à atividade desenvolvida pela pessoa que acaba sendo responsabilizada; em casos muito especiais poderão ser resultantes de atos justificados, isto é, praticados em situações em que seria inexigível outro comportamento, e por isso, sendo ainda atos ilícitos.
Ainda Noronha (2003, p.437-438), a responsabilidade civil possui basicamente três funções: reparatória, sancionatória e preventiva. A finalidade da função reparatória, também chamada de indenizatória ou ressarcitória é a de reparar um dano:
[...] apagar o prejuízo econômico causado (indenização do dano patrimonial), minorar o sofrimento infligido (satisfação compensatória do dano moral puro) ou compensar pela ofensa à vida ou à integridade física de outrem, considerada em si mesma (satisfação compensatória do dano puramente corporal) [...]
Já Venosa afirma que, 
Em princípio, toda atividade que acarreta um prejuízo gera responsabilidade ou dever de idenizar. Haverá, por vezes, excludentes, que impedem a indenização, como veremos. O termo responsabilidade é utilizado em qualquer situação na qual alguma pessoa, natural ou jurídica, deve arcar com as consequências de um ato, fato, ou negócio danoso. Sob essa noção, toda atividade humana, portanto, pode acarretar o dever de indenizar. Desse modo, o estudo da responsabilidade civil abrange todo o conjunto de princípios e normas que regem a obrigação de idenizar. (2007, p. 1)
Ao analisarmos esses tantos entendimentos temos notado que os princípios da responsabilidade civil buscam restaurar um equilíbrio patrimonial e moral violado. Um prejuízo ou dano não reparado é um fator de inquitação social.
Portanto, a noção de responsabilidade, no campo jurídico, amolda-se ao conceito genérico de obrigação: o direitode que é titular o credor em face do dever, tendo por objeto determinada prestação. Conforme o exposto, a vítima de um ato ilícito assume a posição de credora, podendo, então, exigir do autor determinada prestação, cujo conteúdo consiste na reparação dos danos causados. 
Só a pessoa capaz, ou seja, dotada de capacidade plena tem responsabilidade própria. Quando o ente não possuir capacidade plena para o exercício de seus direitos, quem responde por seus atos civis é o seu responsável. No caso das pessoas jurídicas, essas são plenamente responsáveis pelos atos de emissão volitiva da coletividade representada.
Entretanto, hoje em dia, alguns juristas dão um caráter mais amplo à responsabilidade civil, concebendo-na desligada da noção de culpa. 
Na visão de Maria Helena Diniz (1995, p. 29):
[...] poder-se-á definir a responsabilidade civil como a aplicação de medidas que obriguem alguém a reparar dano moral ou patrimonial causado a terceiros em razão de ato do próprio imputado, de pessoa por quem ele responde, ou de fato de coisa ou animal sob sua guarda (responsabilidade subjetiva), ou, ainda, de simples imposição legal (responsabilidade objetiva). Definição esta que guarda, em sua estrutura, a idéia de culpa quando se cogita da existência de ilícito e a do risco, ou seja, da responsabilidade sem culpa.
Para Sourdat, a responsabilidade civil é tida como a obrigação de reparar o dano resultante de um fato de que se é autor direto ou indireto; Pirson e De Villé entendem-na como a obrigação imposta pela lei às pessoas no sentido de responder pelos seus atos, isto é, suportar, em certas condições, as conseqüências prejudiciais destes, ou finalmente, como o disse Savatier, a obrigação que pode incumbir a uma pessoa de reparar o prejuízo causado a outrem por fato seu, ou pelo fato das pessoas ou das coisas dela dependentes.
O estudo da responsbilidade civil é parte integrante do direito obrigacional, sendo a reparação dos danos algo sucessivo à transgressão de uma obrigação, dever jurídico ou direito. Sob esse prisma, pode-se divisar um dever jurídico primário ou originário, “cuja violação acarreta um dever jurídico sucessivo ou secundário, que o de indeniar o prejuízo”. (Venosa, 2007 p. 2).
A ideia central da responsabilidade civil é a reparação do dano. Por meio dessa reparação restabelece-se o equilíbrio na sociedade. A reparação do dano e os meios conferidos pelo direito para se caracterizar essa reparação outorgam aos membros da sociedade foros de segurança.
O atual Código Civil, embora mantendo a mesma estrutura do diploma anterior, trata da responsabilidade civil com mais profundidade, embora sem a amplitude que seria desejável, nos arts. 927 e ss. A definição de ato ilícito é fornecida pelo art. 186: “Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito”. (VENOSA, 2007 p. 2).
Vimos que foi acrescentada a possibidade de indenização pelo dano exclusivamente moral, como fora apontado pela constituição de 1988, algo de há muito reclamado pela sociedade e pela doutrina e sistematicamente repelido até então pelos tribunais.
No vasto campo da responsabilidade civil, o que interessa saber é identificar aquela conduta que reflete na obrigação de idenziar. Nesse âmbito, uma pessoa é responsável quando suscetível de ser sancionada, independentemente de ter cometido pessoalmente um ato antijurídico. Nesse sentido, a responsabilidade pode ser direta, se diz respeito ao próprio causador do dano, ou indireta, quando se refere a terceiro, o qual, de uma forma ou de outra, no ordenamento, está ligado ao ofensor. Se não puder ser identificado o agente que responde pelo dano, este ficará irressarcido; a vítima suportará o prejuízo. O ideal, porém, que se busca no ordenamento, é no sentido de que todos os danos sejam reparados. No século XXI descortina-se uma amplitude para os seguros que deverão, em futuro não distante, dar cobertura a todos os danos sociais, segundo a tendência que se pode divisar.
3.1.1 Elementos da responsabilidade civil
No nosso ordenamento jurídico podemos identificar os elementos gerais da responsabilidade civil, ou seja, são eles: 
• Ação ou omissão – comportamento humano → O prejuízo causado deve ser produzido pela conduta humana. Dessa forma, a responsabilidade do agente pode resultar de ato próprio, de ato de terceiro que esteja sob a responsabilidade do agente ou danos causados por coisas que estejam sob a guarda deste. 
Maria Helena Diniz assim a conceitua: "Ato humano, comissivo ou omissivo, ilícito ou lícito, voluntário e objetivamente imputável, do próprio agente ou de terceiro, ou o fato de animal ou coisa inanimada, que cause dano a outrem, gerando o dever de satisfazer os direitos do lesado" (1995, p. 8).
Já Sílvio Rodrigues, por outro lado, somente considera como pressuposto da responsabilidade “a ocorrência de um ato ilícito” (2009, p. 18), diferentemente de Maria Helena Diniz que abarca em seu conceito também os atos lícitos. 
Para Rodrigues, seria pressuposto a ação ou omissão do agente, que
Decorre sempre de uma atitude, quer ativa, quer passiva, e que vai causar dano à terceiro. A atitude ativa consiste em geral no ato doloso ou imprudente, enquanto a passiva, via de regra, se retrata através da negligência. [...] A omissão só ocorre quando o agente, tendo o dever de agir de determinada maneira, deixa de fazê-lo (2009, p. 20).
O comportamento humano pode ser positivo ou negativo (omissão). A violação pode ser sob o ponto de vista contratual: descumprimento da obrigação prevista contratualmente; legal: conduta contrária ao mandamento legal; ou social: o comportamento não chega a infringir a lei, mas foge á finalidade social a qual se destina, como nos atos praticados com abuso de direito. 
A responsabilidade civil, como foi dito, pode ser ato próprio ou por ato de outrem, o qual o agente é responsável permanente ou temporário. 
O maior interesse está na responsabilidade por ato de terceiro, porque permite estender a obrigação de reparar o dano à pessoa diversa daquela que praticou a conduta danosa. Tal extensão, só se verifica com a presença de uma relação jurídica entre os dois agentes (o causador do dano e o responsável) geradores do dever de fiscalização, que quando violado permite que o subordinado pratique um comportamento culposo e ocasione, direta ou indiretamente, dano à vítima. A responsabilidade civil com esse caráter consiste no descuido do dever de vigilância (culpa in vigilando) ou do dever de escolha (culpa in eligendo).
Culpa in eligendo “é a oriunda da má escolha do representante ou de preposto, como, por exemplo, contratar empregado inabilitado ou imperito”. (Venosa, 2007 p. 29).
Culpa in vigilando “é a que se traduz na ausência de fiscalização do patrão ou comitente com relação a empregados ou terceiros sob seu comando”. (2007, p. 30).
No novo Código, a presunção de culpa desaparece, pois a teoria da culpa cede espaço à teoria do risco, na qual não se perquire a culpa do agente, recai a responsabilidade somente pela decorrência do dano a terceiros. O legislador tratou como de responsabilidade objetiva, os casos de danos cometidos por atos de terceiros, conforme os artigos 932, 936, 937 e 938. 
A responsabilidade civil por ato de terceiro provia da disposição legal, e a jurisprudência a aperfeiçoou, atendendo a segurança da vítima e visando protegê-la. Neste sentido, o artigo 933 do novo Código Civil traz o seguinte texto: "As pessoas indicadas nos incisos I a V do artigo antecedente, ainda que não haja culpa de sua parte, responderão pelos atos praticados pelos terceiros ali referidos”. (BRASIL, 2012).
 
• Culpa ou dolo do agente → Segundo Venosa a culpa é “em sentido amplo, a inobsrevância de um dever que o agente devia conhecer e observar. Não podemos afastar a noção de culpa do conceito de dever”. (2007, p. 23).
A culpa, para a responsabilizaçãocivil, é tomada pelo seu vocábulo lato sensu, abrangendo, assim, também o dolo, ou seja, todas as espécies de comportamentos contrários ao direito sejam intencionais ou não, mas sempre imputáveis ao causador do dano.
Culpa in comittendo caracteriza-se “por ato positivo do agente”, enquanto a culpa in omittendo “estampa-se no ato omissivo”. O comportamente voluntário do agente caracteriza-se por uma ação ou omissão, que produz consequências jurídicas. (Venosa, 2007 p. 30).
O mestre da tradicional responsabilidade civil entre nós, José de Aguiar Dias (1979, p. 136 apud Venosa, 2007 p. 24), após comentar a dificuldade de conceituá-la, não consegue fugir de definição prolixa:
A culpa é falta de diligência na observância da norma de conduta, isto é, o desprezo, por parte do agetnte, do esforço necessário para observá-la, com resultado não objetivado, mas previsível, desde que o agente se detivesse na consideração das consequências eventuais de sua atitude.
Conclui Rui Stoco (1999, p. 66 apud Venosa, 2007 p. 24) que: 
A culpa, genericamente entendida, é, pois, fundo animador do ato ilícito, da injúria, ofensa ou má conduta imputável. Nessa figura encontram-se dois elementos: o objetivo, expressado na iliciedade, e o subjetivo, do mau procedimento imputável.
A culpa é um elemento necessário à responsabilidade civil subjetiva.
Não basta para a caracterização da responsabilidade o cometimento de um ato contrário ao direito, sendo necessário o elemento culpa. 
A responsabilidade sendo vista sob o ponto de vista objetivo, a culpa deixa de ser fundamental para a sua caracterização, pois admite a responsabilização do agente infrator pelo simples prejuízo que trouxe à vítima, sem perquirir seu elemento volitivo de culpa lato sensu.
Atendendo estes parâmetros, a teoria do risco elimina a idéia de culpa do conceito de responsabilidade civil. E seguindo a tendência determinada por algumas leis esparsas especializadas o novo Código Civil no artigo 927, parágrafo único impõe: 
Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem. (BRASIL, 2012)
Assim, a regra é que a responsabilidade seja subjetiva, dependendo do elemento culpa proveniente da vontade do agente causador do dano. Quando a lei determinar ou quando a atividade praticada pelo autor do dano apresentar riscos, a responsabilidade torna-se objetiva. 
• Relação de causalidade entre a ação e o dano (Nexo de Causalidade) → A obrigação de reparação civil só surge quando há uma relação de causalidade entre a ação ou omissão do agente e o dano sofrido pela vítima. 
O nexo de causalidade consiste na relação de causa e efeito entre a conduta praticada pelo agente e o dano suportado pela vítima.
Torna-se obrigatório que o dano seja decorrência clara e explícita da atitude danificadora do agente. 
Porém, diante da problemática a respeito das concausas sucessivas, surgiram três teorias a respeito:
a)Teoria da equivalência das condições ou dos antecedentes ou conditio sine qua non: estipula que existindo várias circunstâncias que poderiam ter causado o prejuízo, qualquer delas poderá ser considerada a causa eficiente, ou seja, se suprimida alguma delas, o resultado danoso não teria ocorrido, ex. se uma pessoa é atropelada, a causa pode ser a imperícia do condutor, mas também a constituição débil da vítima, a natureza do pavimento sobre o qual esta foi projetada, a demora de seu transporte para o hospital, a falta de meios adequados para o seu tratamento etc. Essa teoria, se aplicada de forma isolada, leva a resultados absurdos, provocando infinitamente responsabilidades.
b)Teoria da causalidade adequada: para esta teoria, a causa deve ser apta a produzir o resultado danoso, excluindo-se, portanto, os danos decorrentes de circunstâncias extraordinárias, ou seja, o efeito deve se adequar à causa.
c)Teoria da causalidade imediata ou dos danos diretos e imediatos: para esta é preciso que exista entre o fato e o dano uma relação de causa e efeito direta e imediata. Esta é a teoria adotada pelo nosso ordenamento jurídico, prevista no art. 1060 do antigo Código Civil, bem como no art. 403 do novo Código. Portanto, será causa do dano àquela que está mais próxima deste, imediatamente [sem intervalo] e diretamente [sem intermediário]. (BRASIL, 2012).
A culpa exclusiva da vítima, a culpa de terceiro, o caso fortuito ou a força maior, a cláusula de não indenizar, as excludentes de ilicitude, o estado de necessidade e a legítima defesa retiram o nexo causal, por isso serão estudados mais detalhadamente, adiante. Importante também salientar que a coincidência não implica em causalidade.
A questão traz dificuldades quando não é possível identificar o elo de causalidade entre o ato de uma pessoa e o dano causado, principalmente quando há presença de vários comportamentos, que de alguma forma, contribuíram para a produção do resultado danoso. 
Destacam-se ainda, as excludentes de responsabilidade que são as seguintes: a culpa exclusiva da vítima, o fato de terceiro, o caso fortuito ou força maior e cláusula de não indenizar (correspondente à responsabilidade civil contratual). São situações em que não há obrigação de indenizar por parte do autor do ilícito, pois sua conduta, apesar de danosa não foi a causa direta do prejuízo sofrido pela vítima. 
• Dano causado à vítima → O dano é um elemento fundamental para a imposição da obrigação de indenizar, sem o prejuízo, um comportamento ilícito pode passar despercebido pelo mundo jurídico. O principal argumento para tal afirmativa está na finalidade exclusiva da indenização imposta ao autor da conduta ilícita: repara o dano sofrido. 
O dano representa uma circunstância elementar ou essencial da responsabilidade civil, presente em ambas as teorias anteriormente citadas. Configura-se quando há lesão, sofrida pelo ofendido, em seu conjunto de valores protegidos pelo direito, relacionando-se a sua própria pessoa [moral ou física] aos seus bens e direitos. Porém, não é qualquer dano que é passível de ressarcimento, mas sim o dano injusto, contra ius, afastando-se daí o dano autorizado pelo direito.
Para o dano ser passível de indenização há a necessidade de apuração de alguns requisitos: atualidade, certeza e subsistência. O dano atual é aquele que efetivamente já ocorreu. O certo é aquele fundado em um fato certo, e não calcado em hipóteses. A subsistência consiste em dizer que não será ressaRcível o dano que já tenha sido reparado pelo responsável.
O dano poderá ser patrimonial ou moral. Patrimonial é aquele que afeta o patrimônio da vítima, perdendo ou deteriorando total ou parcialmente os bens materiais economicamente avaliáveis. Abrange os danos emergentes [o que a vítima efetivamente perdeu] e os lucros cessantes [o que a vítima razoavelmente deixou de ganhar], conforme normatizado no art. 1059 do antigo Código Civil, referendado no art. 402 do novo Código. Já o dano moral corresponde à lesão de bens imateriais, denominados bens da personalidade [ex. honra, imagem etc.].
Quanto à responsabilidade penal, o dano não é estritamente necessário para gerá-la, pois o Direito Penal possui o conceito de tentativa, na qual o direito pode ser violado sem trazer prejuízo para a vítima. 
3.2 Responsabilidade objetiva e subjetiva 
O Direito é unânime em tratar a responsabilidade civil como fonte obrigacional, o causador do dano responde a reparação à pessoa ou aos bens da vítima. 
A responsabilidade objetiva tem seu sustentáculo na teoria do risco. Segundo esta teoria, todo aquele que desempenha atividade cria risco de dano para terceiros, devendo reparar o dano, mesmo que o agente não tenha atuado com culpa. A obrigação de reparação é proveniente do risco do exercício que determinada atividade do agente causa a terceiros em função do proveito econômicoauferido pelo agente. O fato do agente se beneficiar de sua atividade gera a obrigação de suportar os danos que porventura outros sofram por sua atividade. Sílvio Rodrigues (2002, p. 10) assim comenta a teoria do risco:
A teoria do risco é a da responsabilidade objetiva. Segundo essa teoria, aquele que, através de sua atividade, cria risco de dano para terceiros deve ser obrigado a repará-lo, ainda que sua atividade e seu comportamento sejam isentos de culpa. Examina-se a situação, e, se for verificada, objetivamente, a relação de causa e efeito entre o comportamento do agente e o dano experimentado pela vítima, esta tem direito de ser indenizada por aquele.
Com o objetivo de acabar com as injustiças provocadas pelas regras rígidas da teoria da culpa, surgiu à teoria do risco. É a teoria da responsabilidade objetiva, na qual o agente que, por intermédio de sua conduta, criou o risco de produzir dano, tem o dever de repará-lo, mesmo que não haja a presença de culpa. 
A característica dominante da doutrina objetiva é que o dano pode ser resultado de uma conduta eximida do elemento culpa. Portanto, o dever de indenizar não se vincula a idéia de comportamento culposo. 
A responsabilidade civil subjetiva é aquela que tem por base a culpa do agente, que deve ser comprovada pela vítima para que surja o dever de indenizar. Segundo esta teoria não se pode responsabilizar alguém pelo dano ocorrido se não houver culpa. Não basta apenas que haja o comportamento humano causador de dano ou prejuízo.
Sílvio Rodrigues (2002, p. 11) ensina que,
“Ser subjetiva a responsabilidade é quando se inspira na idéia de culpa” e que de acordo com o entendimento clássico a “concepção tradicional a responsabilidade do agente causador do dano só se configura se agiu culposa ou dolosamente”. De modo que a prova da culpa do agente causador do dano é indispensável para que surja o dever de indenizar. A responsabilidade, no caso, é subjetiva, pois depende do comportamento do sujeito.
Esta, por sua vez, elimina de seu conceito o elemento culpa, ou seja, haverá responsabilidade pela reparação do dano quando presentes a conduta, o dano e o nexo de causalidade entre estes.
A evolução que a teoria objetiva provocou se deu pelo fato da facilitação da ação da vítima em concreto na reparação do dano, gerando aos infratores a obrigação de indenizar por acidentes provenientes de suas atividades, em detrimento da teoria subjetiva, para a qual o agente precisa salientar a culpa dentro da idéia de desvio de conduta.
A prova acaba sendo de difícil constatação, criando grandes óbices à vítima, que quase sempre acabava arcando com os respectivos ônus. Com a técnica da presunção de culpa, impõe-se a inversão do ônus da prova, em razão da condição menos favorável da vítima.
O fato é um pressuposto material da existência do direito, sendo um fenômeno perceptível, que resulta de uma atividade humana ou da natureza, agindo sob o mundo exterior. Os fatos podem ser naturais ou jurídicos. Fato natural é um acontecimento qualquer, abrangendo os fatos dependentes e não dependentes da conduta humana, ou seja, que contam ou não com a participação do homem para sua ocorrência. O fato jurídico é o acontecimento que marca o começo ou o término de relações jurídicas, possibilitando a conservação, modificação ou extinção de direitos.
Os fatos humanos, também chamados de atos jurídicos, são conceituados como sendo todo comportamento apto a gerar efeitos jurídicos. Dentre eles, há o ato jurídico lícito, ou, simplesmente, ato lícito, e os atos jurídicos ilícitos ou atos ilícitos.
O ato lícito é causa geradora de obrigação, como o contrato e a declaração unilateral de vontade. O ato ilícito, a princípio, pressupõe culpa lato sensu do agente, ou seja, a intenção do agente de prejudicar outrem, a violação de um direito, o prejuízo causado por negligência, imprudência ou imperícia.
No novo Código Civil tal regra foi dividida em mais de um artigo, constante na Parte Geral, Livro III, Título III ("Dos Atos Ilícitos"), e na Parte Especial, Livro I, Título IX ("Da Responsabilidade Civil"). Na nova redação, foram modificadas e inseridas algumas palavras, a fim de deixar mais clara à intenção do legislador, além de inserir o posicionamento jurisprudencial já pacífico de que haverá responsabilidade por dano moral independente da existência cumulativa de dano material (art. 186 in fine), bem como o abuso do direito como ato ilícito (art. 187) e o conceito de responsabilidade objetiva (parágrafo único do art. 927):
Art. 186. Aquele que, por ação ou omissão voluntária, negligência ou imprudência, violar direito e causar dano a outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilícito.
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem, fica obrigado a repará-lo.
Parágrafo único. Haverá obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa, nos casos especificados em lei, ou quando a atividade normalmente desenvolvida pelo autor do dano implicar, por sua natureza, risco para os direitos de outrem.
O nosso ordenamnto jurídico a responsabilidade civil comum não se desvencilhou do princípio fundamental da culpa, pois o art. 159 do antigo Código Civil, bem como art. 186 c.c. 927, caput, do novo Código, disciplinam que “a vítima que sofreu um dano tem direito a sua reparação, e, portanto, o ofensor tem o dever de repará-lo. O dever de reparação só prosperará se a culpa for extraída da conduta danosa”. (BRASIL, 2012).
3.3 RESPONSABILIDADE CIVIL DIRETA E INDIRETA
Trata-se de mais uma das especialidades que envolvem o complexo mundo da responsabilidade civil e que a doutrina tenta elucidar, apartir da interpretação do próprio conceito do instituto da responsabilidade civil.
A Responsabilidade Direta é aquela nos casos em que o ato que causa dano é realizado pelo agente, devendo este responder pela conseqüência de seu ato. Esta modalidade de responsabilidade também é chamada de simples ou por fato próprio, já que deriva de fato causado diretamente pelo agente que gerou o dano. A ação ou omissão da pessoa imputada é que viola direito de outrem ou causa prejuízo, devendo ser provados o nexo de causalidade e o dano. Maria Helena Diniz (2003, p.120) afirma que a responsabilidade será direta se “se proveniente da própria pessoa imputada – o agente responderá, então, por ato próprio (...)”.
A responsabilidade indireta ocorre quando o ato que provoca o dano deriva de terceiro cuja determinada pessoa é responsável por ele ou por seus atos. Pode estar vinculada a pessoa ou coisa sob a guarda da pessoa responsabilizada. Maria Helena Diniz (2003, pag. 120) ensina que indireta ou complexa “se promana de ato de terceiro, com o qual o agente tem vinculo legal de responsabilidade, de fato de animal e de coisas inanimadas sob sua guarda”.
Deste entendimento, conclui-se que a responsabilidade civil indireta é mais uma garantia conferida à vítima, pois, caso o agente do dano não possa adimplir com suas obrigações, deve-se buscar outros responsáveis que tinham, por lei, obrigação de vigiar a conduta do agente, como, por exemplo, as pessoas indicadas nos incisos do art. 932 do código civil brasileiro:
Art. 932. São também responsáveis pela reparação civil: os pais, pelos filhos menores que estiverem sob sua autoridade e em sua companhia; o tutor e o curador, pelos pupilos e curatelados, que se acharem nas mesmas condições; o empregador ou comitente, por seus empregados, serviçais e prepostos, no exercício do trabalho que lhes competir, ou em razão dele; os donos de hotéis, hospedarias, casas ou estabelecimentos onde se albergue por dinheiro, mesmo para fins de educação, pelos seus hóspedes, moradores e educandos; os que gratuitamente houverem participado nos produtos do crime, até a concorrentequantia”.   
3.4 Responsabilidade CIVIL E PENAL
A noção de responsabilidade, como gênero, implica sempre exame de conduta voluntária violadora de um dever jurídico. Sob tal premissa, a responsabilidade pode ser de várias naturezas, embora ontologicamente o conceito seja o mesmo.
A responsabilidade civil, como vimos, refere-se ao direito privado. Acontece quando alguém é lesado, tendo esse procedimento ter causado dano, deve ser reparado. 
Já no aspecto penal, o infrator desrespeita uma norma de direito público, perturbando a ordem social, tendo como punição uma pena.
De início há um divisor de águas entre a responsabilidade penal e a civil. A ilicitude pode ser civil ou penal. Como a descrição penal ocasiona o dever de idenizar. “Por essa razão, a sentença penal condenatória faz cosa julgada no cível quanto ao dever de indenizar o dano decorrente da conduta crimnal”, na forma dos arts. 91, I do Código Penal, art. 63 e 584, II do Código de Processo Civil. 
As juridções penal e civil em nosso país são independentes, mas há reflexos no juízo cível, não só sob o mencionado aspecto da sentanã penal condenatória, como também porque não podemos discutir no cível a existência do fato e da autoria do ato ilícito, se essas questões foram decidas no juízo criminal e encontram-se sob o manto da coisa julgada (art. 64 do CPP e art. 935 do CC). 
De outro modo, a sentenã penal absolutória, por falta de rovas quanto ao fato, quanto à autoria, ou a que reconhece uma dirimente ou justificativa, sem estabelecer culpa, por exemplo, não tem influência na ação indenizatória que pode resolver autonomamente toda matéria em seu bojo.
A responsabilidade civil leva em conta, primordialmente, o dano, o prejuízo, o desequilíbro patrimonial, embora em sede de dano exclusivamente mora, oque se em me mira é a dor psíquica ou o desconforto comportamental da vítima. No entanto, é básico que, se não houver dano ou prejuízo a ser resarcido, não temos por que falar em responsabilidade civil: simplesmente não há por que responder. A responsabilidade civil pressupõe um equilíbrio entre dois patrimônios que deve ser restabelecido.
3.5 Responsabilidade CONTRATUAL E EXTRACONTRATUAL
A responsabilidade contratual resulta de um contrato entre as partes, onde aquele que não cumprir o estipulado, violando cláusula do contrato deverá indenizar a vítima pelo dano ou prejuízo, conforme determina o artigo 389 do Código Civil ao dispor que “Não cumprida à obrigação, responde o devedor por perdas, mais juros e atualização monetária segundo índices oficiais regularmente estabelecidos [...]”. (BRASIL, 2012).
Sílvio Rodrigues (2002, p. 09) afirma que a responsabilidade contratual cria obrigação de indenizar para aquele que não cumpriu sua parte no contrato, ocasionando prejuízo à outra parte, pois “na hipótese de responsabilidade contratual, antes de a obrigação de indenizar emergir, existe, entre o inadimplente e seu contratante, um vínculo jurídico derivado da convenção”.
Portanto, para existir a responsabilidade contratual deve existir antes do dano um contrato entre as partes, cabendo ao prejudicado comprovar que a outra parte não adimpliu o contrato e que o inadimplemento lhe causou dano. O dever de ressarcir é devido ao dano, ao prejuízo sofrido pela vítima em virtude do descumprimento do contrato e não pelo descumprimento em si. Caso aquele que não adimpliu o contrato comprove que o não cumprimento se deu devido à ocorrência de uma das excludentes da responsabilidade, fica isento da obrigação de reparar o dano, conforme o artigo 393 do Código Civil que determina que “o devedor não responde pelos prejuízos resultantes do caso fortuito ou força maior, se expressamente não se houver por eles responsabilizado”.
Se os devedores inadimplentes, que causarem prejuízo a seus credores; e a todos, o art. 1.056 do CC os impõe a responsabilidade de reparar as perdas e danos experimentados pelos credores, ao dispor:  "Art. 1.056 – não cumprindo a obrigação, ou deixando de cumpri-la pelo modo e no tempo devidos, responde o devedor por perdas e danos".(BRASIL, 2012) .
A responsabilidade extracontratual é aquela que não deriva de contrato e sim da inobservância de regras referentes a direitos pessoais ou reais. A existência de vínculo anterior ao fato que cria a responsabilidade é desnecessária, bastando apenas que haja um dever contido em uma norma legal e que este dever seja violado pelo agente, causando dano a vítima.
Esta responsabilidade é também chamada de responsabilidade Aquiliana, pois se originou da Lex Aquilia, que previa que poderia se responsabilizar alguém pelo dano mesmo sem a existência de um contrato anterior. Sílvio de Salvo Venosa (2003, p.18-19) explica que:
(...) lex Aquilia é o divisor de águas da responsabilidade civil. Esse diploma, de uso restrito a principio, atinge dimensão ampla na época de Justiniano, como remédio jurídico de caráter geral; como considera o ato ilícito uma figura autônoma, surge, desse modo, a moderna concepção da responsabilidade extracontratual. O sistema romano de responsabilidade extrai da interpretação do Lex Aquilia o principio pelo qual se pune a culpa por danos injustamente provocados, independentemente de relação obrigacional preexistente. Funda-se aí a origem de responsabilidade extracontratual. Por essa razão, denomina-se também responsabilidade aquiliana essa modalidade.
Na responsabilidade extracontratual não importa a capacidade das partes. Na responsabilidade contratual, face capacidade das partes, traz uma presunção de culpa. 
4 CONCLUSÃO
O papel do contador assumido é de muita importância na vida empresarial, principalmente nas médias e pequenas empresas, desempenhando funções fiscais, legais e gerenciais. E figura indispensável, pois o profissional se encarrega do controle financeiro e patrimonial destas empresas. 
A novo Código Civil, diz respeito diretamente à parte empresarial, demonstrando a responsabilidade do profissional contábil, auxiliando na tomada de decisões junto a seus clientes, empregadores e contratantes. 
 Portanto, é necessário que o contabilista, esteja preparado e atualizado, para não cometer erros e que seja responsabilizado por culpa ou dolo. Assim sendo, chegou à hora dos contabilistas atentarem para os preceitos éticos, pois a profissão passou a ser importantíssima, como também trouxe grandes inovações.
 
Cabe aos profissionais contábeis, prestar melhores serviços junto aos clientes, como também renovar seus conhecimentos técnicos para uma melhoria contínua nas orientações e soluções nas questões inerentes à profissão contábil. 
 
A partir deste momento, o Novo Código Civil, trouxe uma proteção e argumentação ao contabilista, podendo decidir se faz ou não trabalhos que poderão ser caracterizados como fraudes ou corrupção, portanto, devendo ficar atento, para colocar em práticas às regras do Novo Código Civil, como também cumprir às normas do Código de Ética Profissional. 
 O Novo Código Civil provocou reações nos meios acadêmicos, nas entidades de classes representativas dos contabilistas, nos profissionais que atuam nas consultorias, dentre estes os advogados, como também nos contadores, em virtude de haverem mudanças radicais, e, que não foram bem assimiladas, mas com o passar do tempo, a tendência é a aceitação de todos. 
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