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1 COORDENAÇÃO DE MECÂNICA ELEMENTOS DE MÁQUINAS I Professor Jorge Marques 2 – Parafuso de potência O parafuso de potência ou parafuso de transmissão é um dispositivo utilizado em máquinas para transformar um movimento angular em movimento linear. São exemplos de aplicações do parafusos de potência, o fuso do torno, a movimentação do mordente de uma morsa, o sistema de acionamento de um macaco ou prensa mecânica. Figura 8: morsa de bancada, exemplo de aplicação do parafuso de potência. Comportamento das forças no parafuso de potência A figura 9 apresenta um parafuso de potência de rosca direita sendo utilizado para elevar ou descer cargas. Para elevar a carga gira-se o parafuso no sentido contrario ao filete da rosca e para abaixar, gira-se para a direita, no sentido da inclinação do filete. Figura 9: forças atuantes nos filetes do parafuso de potência. Fonte: SHIGLEY, 1996 2 O diagrama de forças foi obtido desenvolvendo se o filete de rosca, formando um triângulo retângulo de catetos πdm (diâmetro médio) e l (avanço da rosca). O avanço é igual ao passo (p) para a rosca de uma entrada, igual a dois p para duas entradas e assim sucessivamente. Do diagrama tem-se que, para baixar a carga, a soma das forças horizontais e verticais, quando o sistema se encontrar em equilíbrio, é: � �� = −�↓ − . �� � + �. . ���� = 0 � �� = � − �. . �� � − . ���� = 0 Onde � é o coeficiente de atrito nos filetes de rosca Como N não nos interessa... = �↓ �. ���� − �� � = � �. �� � + ���� Conclui-se que a força P↓ para baixar a carga é dada por: �↓ = �(�. ���� − �� �)�. �� � + ���� Dividindo o numerador e o denominador por ����... �↓ = �(� − ���)�. ��� + 1 Da figura 7, temos que: ��� = ��. �� E ficamos com: �↓ = �. �� − ��. ��� 1 + �. ��. �� �↓ = �. ��. �. �� − ��. �� � �. �� + �. ��. �� �↓ = � �. �. �� − ��. �� + �. �! Finalmente, notando que o torque T↓ necessário para baixar a carga é o produto da forca �↓ pelo raio médio ��/2 temos: $↓ = %.&'( ) *.+.&',- +.&'.*.-/ (1) Analogamente, para levantar a carga, verificamos que o sistema estará em equilíbrio quando: � �� = �↑ − . �� � − �. . ���� = 0 3 � �� = � + �. . �� � − . ���� = 0 Fazendo o mesmo procedimento anterior, encontramos que o torque necessário para levantar a carga é dado pela equação: $↑ = %.&'( ) *.+.&'.- +.&',*.-/ (2) Observe que quando o avanço � é suficientemente grande e/ou o atrito suficientemente pequeno, o parafuso pode girar pela ação da gravidade, sem o emprego de força externa. Em tais casos, o torque necessário para baixar a carga $↓ será negativo. Quando esta situação não acontece, dizemos que o parafuso é auto-retentor. Sintetizando o texto acima: *. +. &' < � → � < ��� : o parafuso desce sem emprego de força externa. *. +. &' > � → � > ��� : o parafuso é auto-retentor. Eficiência 4 (ou rendimento) de um parafuso de potência Considerando uma situação ideal, em que o atrito nos filetes seria zero, teremos o torque ideal 56 expresso por (basta substituir por zero o � na expressão de cálculo de 5↑): 56 = �. �2. � E a eficiência dada por: � = 787↑ = 9.: ;.<.7↑ As equações acima foram desenvolvidas para roscas quadradas, onde as cargas normais ao flanco da rosca são paralelas ao eixo do parafuso. No caso de rosca trapezoidal, ou triangular a carga normal é inclinada em relação ao eixo do parafuso, por causa do ângulo da rosca 2α (vide figura 10). O efeito do ângulo α é aumentar a força de atrito por ação da cunha dos filetes. Por isso, os termos que contem atrito, nas equações (1) e (2) devem ser divididos por cos @. Assim, para elevar a carga ou apertar um parafuso $A ou porca, resulta. $A = %.&'( ) *.+.&'.B4C D.- +.&',*.-.B4C D/ (3) Em aplicações de parafusos de potência, as roscas trapezoidais não são tão eficientes quanto a quadrada, devido ao atrito decorrente da cunha. Entretanto, estas roscas são frequentemente utilizadas por ser mais fácil de usinar. Fig. 10: efeito do ângulo α na aplicação das forças 4 Coroa Nos parafusos de potência, usualmente, aparece um terceiro elemento que altera o torque necessário. Para suportar as cargas axiais, emprega-se um colar (mancal de escora) entre as peças girantes e as estacionárias, conforme a figura 11. Fig. 11: distribuição das forças no diâmetro médio do colar, dc Considerando-se a carga concentrada no diâmetro médio dc do colar e sendo o μc o coeficiente de atrito do colar, o torque requerido no colar é: $C = %.*C.&C( (4) E o torque total requerido dado por: $$ = $A + $C = %.&'( ) *.+.&'.B4C D.- +.&',*.-.B4C D/ + %.*C.&C ( (5) Exemplo: Um parafuso de potência de rosca quadrada de duas entradas, que tem 24 mm de diâmetro externo, deve ser usado em uma aplicação típica de elevar carga. Os dados são: passo = 6 mm; μ = μc = 0,08; dc = 30 mm F = 6 650 N a) Determinar a profundidade da rosca, a largura do filete, o diâmetro médio, diâmetro menor e o avanço do parafuso. b) Determinar o torque necessário para girar o parafuso “contra” a carga. c) Determinar o torque necessário para girar o parafuso “juntamente” com a carga, isto é, para baixar a carga. d) Determinar a eficiência total do parafuso. Resolução: a) Da figura 3.a, deduz-se que a profundidade da rosca e a largura do filete são iguais e valem a metade do passo, ou seja: 6/3 = 3 mm. �� = � − E; = 24 − 3 = 21 HH �I = � − J = 24 − 6 = 18 HH � = . J = 2 . 6 = 12 HH 5 b) Usando a equação (5) ou as equações (2) e (4), observando que na rosca quadrada α = 0, o torque para girar o parafuso contra a carga é: 57↑ = �. ��2 �. �. �� + � �. �� − �. �! + �. �M . �M 2 57↑ = 6 650 . 212 0,08 . � . 21 + 12 � . 21 − 0,08 . 12! + 6 650 . 0,08 . 30 2 TT↑ = 18 557 + 7 980 = 26 537 N.mm = 26,5 N.m = 26,5 J c) Usando as equações (1) e (4): 57↓ = �. ��2 �. �. �� − � �. �� + �. �! + 5M = �. �M . �M 2 57↓ = 6 650 . 212 0,08 . � . 21 − 12 �. 21 + 0,08 . 12 ! + 6 650 . 0,08 . 30 2 TT↓ = – 7 013 + 7 989 = 967 N.mm ≈ 1 N,m = 1 J d) A eficiência do parafuso é dada por: � = 565↑ = �. � 2. �. 5↑ = 6 650 .12 2. � . 26 537 = Q, RS = RS% Tensão nos filetes da rosca Na figura 10, uma força F é aplicada em uma rosca quadrada. Supondo-se que a carga seja uniformemente distribuída sobre a altura h da porca e que os filetes da rosca do parafuso falarão por cisalhamento no diâmetro menor, então, a tensão média de cisalhamento nos filetes da rosca será: UVW = ; .9< .VW .X (6) Os filetes da rosca da porca poderiam falhar no diâmetro maior, neste caso,a tensão média de cisalhamento será: UV = ; .9< .V .X (7) Tendo em vista que as suposições acima são grosseiras, fatores de segurança fortes (acima de 2) devem ser usados quando se emprega as equações (6) e (7) para fins de projeto. Já a tensão de compressão superficial na roca é: Y = Z.E .9< .X .[V\, VW\] (8) Neste caso também se deve utilizar fator de segurança elevado, pois, a equação pressupõe a distribuição uniforme das forças sobre as faces de todos os filetes e isso, por irregularidades construtivas e desgastes, não ocorre. 6 Bibliografia: SHIGLEY, J. E. Elementos de Máquinas, vol. 1, reimpressão, LTC: São Paulo, 1986; TELECURSO 2000. Elementos de Máquinas, aulas. 6, 7 e 8; PROTEC, Manual do Projetista de Máquinas, São Paulo, 1984. LORDES,Francisco et. all. Noções Básicas de Elementos de Máquinas. Senai/CST: Vitória, 1996.
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