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UNESA – CURSO DE PEDAGOGIA GABRIELA DOS SANTOS SANTANA JENNIFER MARILZA RODRIGUES PALOMA ESTANISLAU RAFAELA LILIANE RIBEIRO RONIVIA OLIVEIRA PORCINO EDUCAÇÃO E SAÚDE EM CONTEXTO HOSPITALAR São Paulo 2017 2 GABRIELA DOS SANTOS SANTANA 201607271087 JENNIFER MARILZA RODRIGUES 201701291916 PALOMA ESTANISLAU 201603334777 RAFAELA LILIANE RIBEIRO 201603151354 RONIVIA OLIVEIRA PORCINO 201603123091 Objetivo Geral Miniprojeto, Pedagogia Hospitalar e Pequeno Histórico, Ações mais frequentes de pedagogos em contexto hospitalar, Equipe Multidisciplinar e Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Atividade apresentada ao Centro Universitário Estácio de São Paulo, na disciplina de Educação e Saúde em Contexto Hospitalar, sob a orientação da Prof.ª. Ms Helia Hisako Utida, como componente de nota e para a aprovação parcial na disciplina. São Paulo 2017 3 Sumário 1. Objetivos ............................................................................................... 04 2. Introdução ............................................................................................. 05 3. Pedagogia Hospitalar ..................................................................... 06 - 07 4. Ações mais frequentes de Pedagogos em Contexto Hospitalar ........................................................................ 08 - 09 5. Equipes Multidisciplinares .............................................................. 10 - 11 6. A classe hospitalar como garantia do direito da criança e do adolescente hospitalizado .................................................................................. 12 - 16 7. Considerações Finais ............................................................................ 17 8. Referências .................................................................................... 18 - 19 4 Objetivos O objetivo do educador é fazer com que as crianças de uma forma lúdica e prazerosa aprendam os hábitos e práticas de higiene bucal desde o início da Educação Infantil, incentivando-as a conhecer e a cuidar da saúde bucal. Objetivos Específicos Ensinar e estimular os hábitos de higiene bucal; Ensinar a importância da higiene bucal na prevenção de doenças; Ensinar a importância dos cuidados que devemos ter com a boca; Identificar e estimular o uso dos objetos de higiene bucal; Valorizar a autoestima da criança. 5 Introdução A Pedagogia Hospitalar é uma modalidade que amplia o espaço de atuação do pedagogo. Ela surge da necessidade das crianças hospitalizadas de terem um acompanhamento pedagógico em seu período de internação, assegurado pelo Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) e para isso, o pedagogo deve estar apto a atender estas crianças. Com base nisso, esta pesquisa e o miniprojeto foram desenvolvidos com o objetivo de compreender a natureza e o papel do trabalho educativo realizado em hospitais. Entendemos que a criança com alguma enfermidade sofre com as privações impostas pela patologia, assim como pelo afastamento do seu meio de convivência familiar, social e escolar. Sabe-se que a maioria das crianças com patologias que requerem maior tempo de internação hospitalar ou que fazem hospitalizações recorrentes acaba excluída da escola, o que gera um grande prejuízo ao seu desempenho social e escolar. A atuação do pedagogo não se restringe apenas ao ambiente escolar e, portanto, faz-se necessário que este profissional atue em outros ambientes e conquiste novos espaços. O trabalho pedagógico no ambiente hospitalar proporciona a garantia da continuidade do processo de aprendizagem, fazendo com que as crianças ao retornarem à escola não venham a se sentir em defasagem em relação aos seus colegas e que não percam o vinculo com a escola e seu cotidiano. Por compreendermos de fato, a imprescindível contribuição do profissional pedagogo às crianças hospitalizadas, entendemos que o tema abordado é de fundamental importância, por ampliar a contribuição das ciências da educação, mobilizando a sociedade no sentido de garantir o direito ao atendimento pedagógico às crianças hospitalizadas, assegurado no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), na Resolução nº 41, do Conselho Nacional de Saúde, de Outubro de 1995, no item 9 – “Direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde, acompanhamento do currículo escolar durante sua permanência hospitalar”. 6 Pedagogia Hospitalar A pedagogia hospitalar surge com a necessidade da atuação de um pedagogo em uma instituição não escolar; podendo o profissional dentro de uma instituição não escolar, contribuir com o desenvolvimento do indivíduo que se encontra em quadro clínico (hospitalizado); respeitando e empregando metodologias e atividades que possam favorecer o indivíduo na continuação de seus estudos, dentro de um processo de ensino aprendizagem, para que o seu desenvolvimento e a qualidade de seu conhecimento e aprendizado não seja desprivilegiados ou prejudicados. A prática do pedagogo na pedagogia hospitalar poderá ocorrer em ações inseridas nos projetos e programas nas seguintes modalidades de cunho pedagógico e formativo: nas unidades de internação; na ala de recreação do hospital; para as crianças que necessitarem de estimulação essencial; com classe hospitalar de escolarização com continuidade dos estudos e também no atendimento ambulatorial (ABREU; 2007). A Pedagogia Hospitalar trata de uma pedagogia do presente que envolve saberes em prol da vida. Ela visa um atendimento global do educando hospitalizado, possibilitando que a equipe hospitalar, a família e a escola trabalhem juntos, interagindo com o enfermo com o intuito de acelerar o seu processo de recuperação (CARDOSO; SILVA; SANTOS). A formação e capacidades do pedagogo, que em momento histórico da pedagogia, começam serem quebrados antigos paradigmas sobre o perfil de formação e atuação do pedagogo, e começa a surgir um novo pedagogo com uma nova práxis educativa a partir de novas perspectivas formativas que fornecem o enfrentamento corajoso do renascimento desta profissão (FRANCO; 2001). 7 Procurando favorecer toda estratégia que ajude o desenvolvimento desta modalidade educacional e que sensibilize os agentes da educação e da saúde sobre a importância do atendimento educacional à criança hospitalizada, faz-se necessário construir um espaço para profissionais dedicados à atenção às crianças e jovens que devem permanecer hospitalizados, com o objetivo de sensibilizar para a questão, trocar experiências e refletir sobre pedagogia hospitalar, oferecendo ferramentas para o desenvolvimento desta modalidade educacional e explorando sua relação com o sistema educacional formal (ESTEVES; 2008). Pode-se entender que ao Pedagogo Hospitalar caberá o efetivo envolvimento com o doente para modificar o ambiente hospitalar, criando programas de intervenção adaptados para o contínuo desenvolvimento da criança hospitalizada. A prática educacional no hospital, além de ser possível, é extremamente importante para amenizar o processo doloroso que é a rotina de um enfermo (CARDOSO; SILVA; SANTOS). A pedagogia hospitalar poderá oferecer a criança hospitalizada, ou em longo tratamento hospitalar, a valorização de seus direitos á educação e a saúde, como também ao espaço que lhe é devido enquanto cidadão do amanhã (MATTOS; MUGGIATI, 2001). A educação diz respeito a todas as pessoas e durante toda a vida; portanto, inclui também a pessoa enferma. A capacidade de aprender da criança não desaparece com a enfermidade. O tempo ocioso que existe no hospital podeser preenchido com atividades que possibilitem a ela continuar se desenvolvendo, de modo que, quando sair do hospital, consiga acompanhar o ritmo da sua turma na escola regular (CARDOSO; SILVA; SANTOS). Com o desenvolvimento do nosso trabalho, pretendemos proporcionar não somente uma atenção voltada para a relação de saúde bucal, mas sim contribuir com a qualidade de vida das pessoas, que precisem de um olhar mais cuidadoso e individual para suas necessidades. 8 Ações Mais Frequentes de Pedagogos em Contexto Hospitalar A pedagogia hospitalar é um desafio, nesta área o pedagogo desenvolve um trabalho solidário ajudando pacientes prejudicados na sua escolarização, proporcionando conhecimento e qualidade de vida ao paciente. A educação no hospital tem como princípio, o atendimento personalizado ao educando na qual se trabalha uma proposta pedagógica com as necessidades, estabelecendo critérios que respeitem a patologia do paciente. No hospital as crianças estão longe do seu cotidiano voltado pelos amigos, brincadeiras e escola entrando em contato com integrantes do hospital enfermeiras, médicos além da família, por isso é fundamental a atenção do educador, em articular atividades para a aceitação do paciente no hospital. A prática do pedagogo se dará através das variadas atividades lúdicas e recreativas como a arte de contar histórias, brincadeiras, jogos, dramatização, desenhos e pinturas, a continuação dos estudos no hospital. O educador deve buscar em si mesmo o verdadeiro sentido de educar, deve ser o exemplo vivo de seus ensinamentos e converter sua profissão numa atividade cooperadora do engrandecimento da vida. Para isso deve pesquisar, inovar e incrementar seus conhecimentos pedagógicos, expandir sua cultura geral e procurar conhecer e desenvolver novos espaços educacionais que possam de certa forma amenizar e possibilitar continuidade educativa. Dentro deste ângulo de possibilidade educativa cabe ressaltar uma área de educação diferenciada, o hospital onde se encontram crianças em tempo de escolarização, porém afastadas do ambiente de sala de aula, algumas por tempo prolongado devido a enfermidades. O hospital é um espaço que necessita de um pedagogo hospitalar, pois muitas crianças e adolescentes perdem o ano letivo por estarem hospitalizados, pensando neste problema o pedagogo deve atuar neste espaço onde as situações de aprendizagem fogem do ambiente escolar. No hospital, as crianças são ignoradas como alunos e vistas somente como pacientes. 9 A educação é fundamental e deve estar presente sempre independente das condições que a pessoa se encontre, neste caso a pedagogia hospitalar contribui possibilitando que as crianças e os adolescentes continuem aprendendo, há muitas crianças hospitalizadas que precisa de atendimento escolar. Com base nisso, apresentamos um miniprojeto visando à concepção da pedagogia hospitalar e a continuidade do projeto. O foco do tema a ser trabalhado é saúde bucal, a proposta é trabalhar esse tema com uma peça teatral simples sem cenário, porém com materiais confeccionados pela equipe que ilustrem os dentes e técnicas de escovação e uso do fio dental. Os personagens (a equipe) estarão caracterizados num espaço cedido pelo hospital para apresentação somente ao público infantil, com a presença do(s) responsável(s). Além da montagem da apresentação, a equipe confeccionará um folheto informativo sobre técnicas de escovação e uso do fio dental que será entregue após a apresentação junto com um brinde também confeccionado pela equipe. A ideia do brinde é um dente confeccionado em papel cartão com uma escova de dente. As escovas de dente serão doadas pelos consultórios dentários próximos ao hospital que também doarão creme dental e fio dental durante o período que o projeto for apresentado. O objetivo do protejo é fazer com que a criança de uma forma lúdica e prazerosa aprenda os hábitos e prática da higiene bucal desde cedo, pois esses cuidados se estende a vida toda. 10 Equipes Multidisciplinares Equipes Multidisciplinares são instâncias do trabalho escolar oficialmente legitimada pelo Artigo 26A da LDB, Lei n.º 9394/96, pela Deliberação n.º 04/06 CEE/PR, pela Instrução nº. 017/06 Sued/Seed, pela Resolução n.º 3399/10 Sued/Seed e a Instrução n.º 010/10 Sued/Seed. São espaços de debates, estratégias e de ações pedagógicas que fortaleçam a implementação da Lei n.º 10.639/03 e da Lei nº 11.645/08, bem como das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação das Relações Étnico-Raciais e para o ensino de História e Cultura Afro-Brasileira, Africana e Indígena no currículo escolar. Na perspectiva da construção de uma educação de qualidade, da consolidação da política educacional e da construção de uma cultura escolar que conhece, reconhece, valoriza e respeita a diversidade étnico-racial, as Equipes Multidisciplinares têm como prerrogativa articular os segmentos profissionais da educação, instâncias colegiadas e comunidade escolar. O que é multidisciplinar? Multidisciplinar significa reunir várias disciplinas em busca de um objetivo final. Multi é uma palavra de origem latina (multus), que significa múltiplo, ou seja, aquilo que abrange muitos fatores. Ex: multicelular (que tem muitas células), multicolor (que tem muitas cores), multiforme (que tem muitas formas) etc. Disciplina, no sentido pedagógico, é um determinado campo do conhecimento, que se utiliza para fins de estudo, como parte de um currículo escolar. Multidisciplinar é um sistema de ensino que engloba experiências em várias disciplinas, em busca de metas a atingir, dentro de um programa específico. 11 A equipe multidisciplinar na área da saúde Na área da saúde a equipe multidisciplinar pode ser formada por médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais que se reúnem para decidir quais serão os objetivos para um determinado paciente, que pode ser, por exemplo, comer sozinho. Desta maneira, cada um profissional vai fazer o que estiver dentro de sua área de formação para alcançar este objetivo em comum. O médico pode receitar medicamentos que combata a dor, o enfermeiro pode aplicar as injeções e tratar da higiene bucal, o fisioterapeuta pode ensinar exercícios para fortalecer os músculos dos braços, mãos e os da mastigação. Enquanto que o nutricionista pode indicar uma dieta pastosa, para facilitar os treinos, o fonoaudiólogo vai tratar de toda a parte da boca e mastigação e o terapeuta ocupacional vai dar atividades que façam com que estes mesmos músculos sejam trabalhados, sem que ele perceba, como, por exemplo, mandar um beijo para alguém. Este é um exemplo de um caso clínico da área de saúde. Mas a equipe multidisciplinar pode ser formada por trabalhadores de qualquer outra área. O papel do pedagogo em equipes multidisciplinares hospitalares Muitas vezes o aluno da escola regular precisa se afastar da sala de aula para tratamento de saúde, permanecendo hospitalizado por muito tempo. Quando o aluno adoece, interrompendo a convivência escolar, ele perde mais do que simplesmente o conteúdo das disciplinas, mas também ao se afastar do seu meio básico de socialização, ele sente-se infeliz e solitário, o que dificulta sua recuperação no decorrer do tratamento. Esse contexto todo abrange, por sua vez, necessidades escolares dentro de um ambiente hospitalar. Assim, esse ambiente educacional não formal, proporciona ao Pedagogo novos espaços de atuação. 12 A Pedagogia Hospitalar proporciona uma assistência específica através do atendimento afetivo e humanitário para criançase jovens assim como para seus familiares, visando propiciar o prosseguimento na escolaridade formal e aprimorar a adaptação de pacientes em hospitais. O trabalho multidisciplinar permite a cooperação entre profissionais de vários campos no cenário hospitalar, pode modificar o espaço e torná-lo um ambiente mais carinhoso, aconchegante, social e inclusivo. O Pedagogo possui um importante papel nesta equipe, pois a criança doente necessita de cuidados específicos, que contemplam as características físicas e biológicas de cada criança como as diferentes recomendações sobre diagnóstico e necessidades nutricionais. Por conseguinte, vários campos do saber se complementam em virtude do prosseguimento do desenvolvimento integral dos alunos/pacientes (brincar, jogar, pensar, criar, trocar etc.). Podem-se realizar algumas atividades com as crianças em classes hospitalares, como jogos educativos ou recreativos, peças de encaixe com vários níveis de complexidade, brinquedos variados, materiais para pintura, livros para colorir, massas de modelar, utilizar aparelho de som, elaborando brincadeiras que estimulem a coordenação motora, entre outros. A classe hospitalar, além de espaço de educação não formal é uma modalidade de ensino garantida por lei e de extrema importância para a criança/adolescente em tratamento. A classe hospitalar como garantia do direito da criança e do adolescente hospitalizado A criação de classes hospitalares para crianças e adolescentes hospitalizados já é reconhecida pela nossa legislação como um direito. Na Constituição Federal já há a essa previsão no Título VIII – Da Ordem Social, Capítulo III – Da Educação, da Cultura e do Desporto, Seção I, artigo 205: “A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho.”. 13 Tendo por base nossa Carta Magna, inúmeras leis surgiram a partir da década de 90, como forma de regulamentação desse direito. O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA, criado em 1990, dispõe dos princípios e direitos fundamentais de defesa à infância e à juventude. O Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA retrata “o direito à educação de desfrutar de alguma forma de recreação, programa de educação para a saúde”. Observamos aqui um grande avanço no sentido de se preocupar e instituir ações a esta parcela da sociedade que durante muito tempo mantiveram-se excluída do processo educativo. No Brasil, a Resolução nº 41 de 1995 do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e dos Adolescentes\CONANDA, trata dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados. Nesse documento estão descritos vinte itens, dentre eles: “o direito a ser hospitalizado quando for necessário ao seu tratamento, sem que haja distinção de classe social, condição econômica, raça ou crença religiosa; o direito de ter conhecimento adequado de sua enfermidade, dos cuidados terapêuticos e diagnósticos, respeitando sua fase cognitiva, além de receber amparo psicológico quando se fizer necessário; o direito de desfrutar de alguma forma de recreação, programas de educação para a saúde e acompanhamento do currículo escolar, direito a que seus pais ou responsáveis participem ativamente do diagnóstico, tratamento e prognóstico, recebendo informações sobre os procedimentos a que será submetida”. Posterior a esse processo, tem-se a Lei de Diretrizes e Bases – LDB 9.394/96, - no título II “Dos Princípios e Fins da Educação Nacional” que retrata: Art. 2º. A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 3º. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola [...] Percebemos que a Lei 9.394/96, embasada pela Constituição Federal, retoma e enfatiza a ideia de educação para todos, como direito de todo cidadão. 14 Por meio da Resolução do Conselho Nacional da Educação (BRASIL, 2001) instituíram-se as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica. Assim, reaparece a preocupação com as classes hospitalares e atendimento domiciliar de maneira mais sistemática. Em seu artigo 13 destaca a necessidade da ação integrada entre a escola e sistemas de saúde para a continuidade da aprendizagem, fato este que contribui para o retorno da criança/adolescente e reintegração ao grupo escolar por meio de um currículo flexibilizado. Em 2002 tem-se outro documento intitulado “Classe Hospitalar e Atendimento Pedagógico Domiciliar: estratégias e orientações”, publicado pelo MEC (BRASIL, 2002) com objetivo específico de estruturar ações, políticas de organização do sistema de atendimento educacional em ambientes hospitalares e domiciliares. Acerca da legislação apresentada, podemos perceber que a preocupação com uma educação para todos, preconizada pela Constituição Federal, vem mobilizando vários setores com o objetivo de garantir este direito da continuidade do processo educativo. No entanto, a inscrição pura e simples desse importante e tão preconizado direito na Constituição Brasileira, não resolveu, por si só, como não se esperaria que o fizesse, o problema da exclusão ao direito de ensino. Tornam-se necessários, mecanismos adequados para a efetivação deste direito de modo que não se mantenha somente como previsão normativa para ilustrar a existência deste direito. Portanto, as leis que amparam a educação em contexto hospitalar vêm reforçar e legitimar o direito à educação, visto que o desenvolvimento de uma criança, bem como o seu aprendizado não pode parar em virtude de uma internação. Porém, observamos que o direito está garantido em lei e reconhecido oficialmente, mas ainda desconhecido por uma grande parcela da população e muitas vezes restrito ao papel, longe de ser efetivada por meio de iniciativas que o tornem realidade. 15 O direito à educação da criança e adolescente hospitalizado A educação dentro dos hospitais tem representado um papel significativo para as crianças e adolescentes que durante muito tempo foram silenciados e excluídos em relação ao direto à educação. Estas crianças, por diversas vezes, foram consideradas incapazes de dar continuidade aos seus estudos ocasionando defasagens no seu aprendizado ao retornarem para a escola regular. Tendo em vista a importância e necessidade do direito à educação a todos, incluindo esta minoria de crianças hospitalizadas, é que a classe hospitalar adquire seu caráter de democratização na continuidade e acesso à educação. Cabe ressaltar que há uma preocupação com a recreação e diversão dentro do hospital, pois se considera que essa atividade se transforma numa fonte inibidora de sofrimentos e angústias. Desta maneira, a presença de brinquedos e de atividades diferenciadas contribui para a diminuição das sensações desagradáveis decorrentes dos tratamentos e para manter o processo natural de desenvolvimento infantil (processo este que é interrompido quando há uma internação). Frente a isso, criou-se a Lei Federal 11.104 de 21 de março de 2005 (BRASIL, 2005), de autoria da deputada Luiza Erundina, a qual propôs a obrigatoriedade de instalação de brinquedotecas nas unidades de saúde que ofereçam atendimento pediátrico em regime de internação. A deputada Luiza Erundina em 2005 relatou que a brinquedoteca não é somente um amontoadode brinquedos, mas requer também a presença de técnicos, psicólogos, pedagogos de modo a intervir nestes espaços de maneira adequada. Mas a lei ainda é falha, pois não faz menção à formação dos profissionais que devem atuar neste ambiente. É interessante destacar também que a estrutura, o número de crianças atendidas no hospital, bem como a demanda de materiais é indispensável para se implementar o trabalho educativo no espaço hospitalar. 16 É preciso considerar que nem todas as crianças e adolescentes têm condições de participar das atividades educacionais no hospital devido ao seu estado de saúde. Todavia, existem muitas crianças e adolescentes hospitalizados que apresentam condições físicas e emocionais propícias à continuidade dos estudos, e que são privados deste direito em muitos hospitais. Somente a lei não basta para garantir o direito da criança de desfrutar da continuidade à educação em contexto hospitalar, mas já é um primeiro passo. Conforme Cury (2002), declarar um direito é bastante significativo, pois equivale a colocá-lo dentro de uma hierarquia que o reconhece como um ponto prioritário das políticas sociais. Mais significativo ainda se torna esse direito quando ele é declarado e garantido efetivamente pelo poder interventor do Estado, no sentido de assegurá-lo e implementá-lo. Declarar é retirar do esquecimento e proclamar aos que não sabem, ou esqueceram, que eles continuam a ser portadores de um direito importante. Em virtude disso, resulta a necessária cobrança deste direito quando ele não é respeitado. Partindo das ideias do autor, é que se reconhece a necessidade de criar políticas públicas voltadas para crianças e adolescentes hospitalizados que não se restrinjam somente a alguns ou à existência arquivada de mais uma lei, mas que esteja voltada a todos que não tem possibilidade de frequentar a escola regular e são dignos de possuir este direito garantido e efetivado. 17 Considerações Finais A classe hospitalar, apesar do amparo legal, ainda se apresenta como um desafio para a implementação desta modalidade de ensino dentro dos hospitais. Uma grande parcela da sociedade ainda insiste em não reconhecer, ou desconsiderar que o ensino no hospital se constitui como respeito e direito de cidadão a dar continuidade aos seus estudos. O reconhecimento da educação dentro do hospital é bastante recente e a luta pela conquista deste espaço passa por um processo lento e gradativo. Isso nos remete a pensarmos que se trata de uma questão cultural, pois são considerados minorias muito fracas para garantir este direito. Temos a cultura de assimilar que o conhecimento sistematizado é adquirido e permitido somente dentro da escola, como se as crianças que estão no hospital estivessem à margem da sociedade, assim como os indígenas, os ciganos, enfim, uma determinada parcela da sociedade que ainda se encontra negligenciada do processo educacional e que necessitam de um olhar mais apurado com relação à efetivação e o contato com a prática educativa. 18 Referências ABREU DO PRADO WOLF, Rosângela; Pedagogia Hospitalar: A Prática do pedagogo em instituição não escolar; Revista conexão (UEPG), vol. 3, núm. 1 – enero diciembre, 2007. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Imprensa Oficial, 1988. Cardoso, Cristiane Aparecida; Silva, Aline Fabiana; Santos, Mauro Augusto. Pedagogia Hospitalar: A importância do pedagogo no processo de recuperação de crianças hospitalizadas, 2012. ______. Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente Hospitalizados. Resolução n° 41 de outubro de 1995. Disponível em: < https://www.ufrgs.br/bioetica/conanda.htm>. Acesso em 25 set. 2017. CURY, Carlos Roberto Jamil. Direito à educação: direito à igualdade, direito à diferença. Cadernos de Pesquisa, São Paulo, n.116, p. 245-262, jul. 2002. DIA A DIA EDUCAÇÃO - <www.educadores.diaadia.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteud o=56>, acesso em 25 set. 2017. ESTEVES, Cláudia R; PEDAGOGIA HOSPITALAR: Um breve histórico, 2008. FRANCO, Maria Amélia Santoro; Apud. ABREU DO PRADO WOLF, Rosângela; Pedagogia Hospitalar: A Prática do pedagogo em instituição não escolar; Revista conexão (UEPG), vol.3, núm.1 – enero diciembre, 2007. ______. Lei n. 8.069/90. Estatuto da criança e do Adolescente no Brasil. Disponível em: <http://www4.planalto.gov.br/legislacao>. Acesso em 25 set. 2017. ______. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Disponível em: <http://www.mec.gov.br/>. Acesso em 25 set. 2017. MATOS, Elizete Lúcia Moreira; apud. ABREU DO PRADO WOLF, Rosângela; Pedagogia Hospitalar: A Prática do pedagogo em instituição não escolar; revista conexão (UEPG), vol.3, núm.1 – enero diciembre, 2007. 19 SALÃO INTERNACIONAL DE ENSINO, PESQUISA E EXTENSÃO (SIEPE) - <seer.unipampa.edu.br/index.php/siepe/article/view/15725>, acesso em 25 set. 2017. SIGNIFICADOS - <www.significados.com.br/multidisciplinar/>, acesso em 25 set. 2017. TUA SAÚDE: CLÍNICA GERAL - <www.tuasaude.com/equipe- multidisciplinar/>, acesso em 25 set. 2017.
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