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ESTATUTO DO IDOSO Caro aluno, Para que se possa compreender melhor as questões referentes aos direitos dos idosos, é importante ter o conhecimento sobre a lei que os ampara, o Estatuto do Idoso. O Estatuto se torna um marco na sociedade e propõe mudanças no comportamento de toda uma sociedade em relação aos idosos. Assim ele se destaca pela sua necessidade e relevância social. O estatuto revela-se como uma resposta à exigência de uma sociedade mais consciente dos anseios da terceira idade e de uma nova conceituação de ser idoso em bases justas, éticas e solidárias. Apresenta meios jurídicos cabíveis para que, uma vez desrespeitados direitos relevantes, o idoso e sociedade possam conclamar o Estado a tomar as devidas providências. Desta forma, favorecendo o ajuste da esfera jurídica aos movimentos sociais de ajuda e proteção, o idoso passa a ser prioridade para sua família, sociedade e poder público. Garante-se, assim, o seu direito à cultura, à dignidade, à educação, ao esporte, ao lazer e à liberdade, entre outros. Na década de 90, institui-se a Lei nº 8.842, de 04 de janeiro de 1994, regulamentada pelo Decreto nº 1.948 de 03 de julho de 1996, proporcionando garantias ao idoso, criando o Conselho Nacional do Idoso, tornando mais abrangente a Política Nacional do Idoso, em que se traçam princípios, diretrizes e ações governamentais. Entretanto, junto a essas políticas fez-se necessária uma nova legislação, um Estatuto que regulamentasse e garantisse os seus direitos. Após sete anos o Estatuto do Idoso foi aprovado em setembro de 2003 e sancionado pelo Presidente da República no mês seguinte. A Lei 10.741, de 1º de outubro de 2003, dispõe sobre o Estatuto do Idoso que entrou em vigor em 1º de janeiro de 2004, destinado a regular todos os direitos fundamentais assegurados aos cidadãos com idade igual ou superior a sessenta anos. É considerada atualmente a mais importante norma infraconstitucional já aprovada em nosso país, para proteger o idoso, e instrumento fundamental para a execução das Políticas Públicas voltadas à proteção e à integração dos idosos na sociedade. Pela sua importância, destacaremos, a seguir, os principais pontos do Estatuto do Idoso. 1 - SAÚDE É assegurada a atenção integral à saúde do idoso, por intermédio do Sistema Único de Saúde - SUS, garantindo-lhe o acesso universal e igualitário, em conjunto articulado e contínuo das ações e serviços, para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde, incluindo a atenção especial às doenças que afetam preferencialmente os idosos. (Art.15) Certamente você já ouviu falar que o idoso tem atendimento preferencial no Sistema Único de Saúde – SUS. Isso é sério e deve ser cumprido! A Lei assegura a atenção à saúde do idoso por intermédio do SUS e garante o acesso universal e igualitário. Além da prioridade no atendimento preferencialmente individualizado e imediato junto aos órgãos públicos e privados é importante também enfatizar a atenção às doenças que afetam preferencialmente essa faixa etária e o direito à saúde em um conjunto articulado de ações e serviços para a prevenção, promoção, proteção e recuperação da saúde para que a população envelheça com a qualidade a que tem direito. Para que tudo isso aconteça, o treinamento e a capacitação dos profissionais, assim como a orientação aos cuidadores, familiares e grupos de auto-ajuda serão promovidos pelas instituições de saúde que deverão atender aos critérios mínimos para o atendimento às necessidades do idoso. A distribuição gratuita de medicamentos, principalmente os de uso contínuo e também próteses, órteses e outros recursos relativos ao tratamento, habilitação ou reabilitação do idoso, é incumbência dos órgãos de saúde. Conforme o artigo 16 do Estatuto, ao ser internado ou em observação, em qualquer unidade de saúde, o idoso tem direito a acompanhante, por tempo determinado pelo profissional de saúde que o atende. 2 - VIOLÊNCIA É tarefa do Estado prestar a garantia de proteção ao idoso, quanto a qualquer tipo de discriminação, violência, negligência, crueldade ou opressão, punindo na forma de lei todo o atentado aos seus direitos, por ação ou omissão. No que se refere aos maus tratos contra os idosos, as ocorrências deverão ser obrigatoriamente comunicados pelos profissionais de saúde a quaisquer dos seguintes órgãos: autoridade policial, Ministério Público, Conselho Municipal do Idoso, Conselho Estadual do Idoso e Conselho Nacional do Idoso. Os casos de abandono do idoso em hospitais ou casas de saúde pelos familiares são considerados crimes, e os responsáveis podem ser condenados a penas de detenção e multas. 3 – EDUCAÇÃO Diz o Artigo 21 do Estatuto do Idoso: O Poder Público criará oportunidades de acesso do idoso à educação, adequando currículos, metodologias e material didático aos programas educacionais a ele destinados. O Estatuto, assim, busca incentivar a educação relacionada às questões do envelhecer, educar toda a sociedade informando-a e levando-a à reformulação de seus conceitos para que saiba conviver, aceitar a velhice e acolhê-la. Para atender aos programas educacionais destinados aos idosos, nas condições do artigo 21, o governo Federal deverá investir melhor em estabelecimentos de ensino público, firmando convênios com Estados e Municípios e destinar verbas para o desenvolvimento destes programas. Os órgãos Estaduais e Municipais de Educação têm a incumbência de implantar os programas educacionais específicos e com isto estimular e apoiar a admissão do idoso nos mais diferentes níveis de ensino e incentivar e apoiar o desenvolvimento de programas educativos destinados à família e à comunidade. Nesse sentido, nos diversos níveis de ensino formal deverão ser inseridos conteúdos relacionados ao processo de envelhecimento, contribuindo para a eliminação do preconceito. Essa ação é muito importante, pois sabemos que ainda existe um grande preconceito em relação à figura do idoso, não é mesmo? De acordo com o artigo 25, o Poder Público apoiará a criação de universidade aberta para o idoso e incentivará a publicação de livros e periódicos adequados e em padrão editorial que facilite a leitura. Em seu artigo 23, o Estatuto menciona que a participação em atividades culturais e de lazer será proporcionada mediante desconto de pelo menos 50% dos ingressos para eventos artísticos, culturais, esportivos e de lazer, bem como o acesso preferencial aos respectivos locais. Em comemorações de caráter cívico ou cultural, os idosos terão oportunidade de transmitir seus conhecimentos e vivências às demais gerações, preservando, assim, a memória e a identidade cultural, como previsto no artigo 21 § 2.º. A educação como um direito e como uma possibilidade para o idoso é um instrumento importante para o preparo em relação ao processo de envelhecimento e demonstra que o aprendizado permeia todas as idades de um indivíduo. Neste contexto, o idoso disposto a este aprendizado não poderá ser discriminado e separado do processo. 4 - PROFISSIONALIZAÇÃO E TRABALHO Na admissão do idoso em qualquer trabalho ou emprego, é vedada a discriminação e a fixação de limite máximo de idade, inclusive para concursos, ressalvados os casos em que a natureza do cargo o exigir. (Art. 27) O idoso tem direito ao exercício de atividade profissional, respeitadas suas condições físicas, intelectuais e psíquicas. Para os concursos públicos, não há limite de idade, à exceção de concursos instaurados para cargos especiais, devido a sua natureza. A Lei diz que o primeiro critério de desempate em concurso público será a idade, dando-se preferência ao de idade mais elevada. De acordo com o art. 28, o Poder Público criará e estimulará programas de: profissionalização especializada para os idosos, aproveitando seus potenciais e habilidades para atividades regulares e remuneradas; preparação dos trabalhadores para a aposentadoria, com antecedência mínima de 1 (um) ano, por meio de estímulo a novos projetos sociais, conformeseus interesses, e de esclarecimento sobre os direitos sociais e de cidadania; estímulo às empresas privadas para admissão de idosos ao trabalho. 5 - ASSISTÊNCIA SOCIAL A assistência social aos idosos será prestada, de forma articulada, conforme os princípios e diretrizes previstos na Lei Orgânica da Assistência Social, na Política Nacional do Idoso, no Sistema Único de Saúde e demais normas pertinentes. (Art. 33) São situações que nós, profissionais de enfermagem, devemos conhecer, para poder prestar esclarecimentos e contribuir para os devidos encaminhamentos, não é mesmo? O Estatuto do Idoso prevê, ainda, os casos em que as pessoas, a partir de 65 (sessenta e cinco) anos, sem condições de prover a sua subsistência, nem tê-la provida por sua família. Assim, o artigo 34 confere aos idosos o benefício mensal de 1 (um) salário-mínimo, nos termos da Lei Orgânica da Assistência Social – Loas. No intuito de compensar a despesa de custeio, as entidades assistenciais que acolhem os idosos serão subvencionadas pelo Estado. A entidade deverá estar cadastrada no Conselho Municipal do Idoso e no Conselho Municipal de Assistência Social. A fiscalização do funcionamento dessas entidades cabe ao Ministério Público, ao Conselho Municipal do Idoso de cada cidade e à Vigilância Sanitária. Diante disso, o Estatuto estabelece que todas as entidades de longa permanência, ou casa-lar, são obrigadas a firmar contrato de prestação de serviços com a pessoa idosa abrigada. As entidades de atendimento que descumprirem as determinações da Lei ficarão sujeitas a punições em forma de advertência, multa e até com a interdição da unidade e proibição do atendimento aos idosos. 6 - HABITAÇÃO O idoso tem direito à moradia digna, no seio da família natural ou substituta, ou desacompanhado de seus familiares, quando assim o desejar, ou, ainda, em instituição pública ou privada. (Art. 37) Nessa ótica, colega, o idoso tem direito de gozar a prioridade na aquisição de imóvel para moradia própria, nos programas habitacionais, públicos ou subsidiados com recursos públicos, observando-se a reserva de 3% das unidades residenciais para o seu atendimento, implantação de equipamentos urbanos comunitários voltados ao idoso, com critérios compatíveis com os seus rendimentos de pensão e aposentadoria. Também se garante a eliminação de barreiras arquitetônicas e urbanísticas nesses locais, o que é um grande avanço. 7 - TRANSPORTES COLETIVOS O artigo 39 prevê: Aos maiores de 65 (sessenta e cinco) anos fica assegurada a gratuidade dos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos, exceto nos serviços seletivos e especiais, quando prestados paralelamente aos serviços regulares. O acesso à gratuidade nos transportes coletivos públicos urbanos e semi-urbanos referida nesse artigo é assegurado mediante apresentação de documento pessoal que faça prova de sua idade. Conforme o parágrafo 2º desta lei, nos veículos de transporte coletivo serão reservados 10% (dez por cento) dos assentos para os idosos, devidamente identificados com a placa de “reservado preferencialmente para idosos”. É assegurada, também, nos termos da lei local, a reserva de 5% (cinco por cento) das vagas nos estacionamentos, públicos e privados, assim como a prioridade do idoso no embarque no sistema de transporte coletivo. Garante a dignidade, promove o bem-estar e se apresenta como instrumento fundamental para transformações, juntamente com as políticas de proteção do idoso e educação da sociedade. Resta agora disseminar esses direitos e aumentar a consciência de todos, para que possamos ter cada vez mais uma sociedade mais justa e honrada. Nessa união de forças entre Estado, família e sociedade em geral, poderemos chegar a esse patamar de qualidade e respeito no convívio social. Nós, profissionais de enfermagem, temos um papel fundamental nessa articulação de direitos e deveres que constitui uma sociedade cidadã. � Referências bibliográficas BRASIL. Ministério da Saúde. Estatuto do Idoso / Ministério da Saúde. –1. ed., 2ª reimpr. –Brasília: Ministério da Saúde, 2003. FREITAS, E.V. Tratado de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro, Guanabara- Koogan, 2006.
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