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Resumo métodos e técnicas (02)

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RESUMO E FICHAMENTO DO LIVRO: PRÁTICA E PESQUISA EM EDUCAÇÃO IV
Cap. 2 - MÉTODOS E TÉNICAS DE PESQUISA
Fonte: 
BORTOLOTI, Karen Fernanda; PINOLA, Andréa Regina R. Pesquisa e Prática em Educação IV. Rio de Janeiro, SESES, 2016.
2.1 O método científico
O que é o método científico e qual a sua importância para desenvolvimento da ciência e para o seu trabalho? Desde os primórdios da humanidade a preocupação do homem em compreender e dominar a natureza é significativa. Ao analisarmos o termo francês conhecer, tem-se connaissance, que significa nascer (naissance) com (con), logo nota-se que o entendimento inicial do ato de conhecer foi de algo capaz de ser transmitido através das gerações, tornando-se parte da cultura e da história de uma sociedade. Para conhecer, os homens interpretam a realidade e colocam um pouco de si nesta interpretação, assim, percebemos que o processo de construção do conhecimento é algo muito dinâmico, tendo-se para cada novo fato uma nova análise, sempre repleta das experiências anteriores. Assim, a procura pela compreensão de si e do mundo circundante levou o homem a trilhar caminhos diversos que ao longo do tempo construíram as diretrizes do que hoje denominamos ciência. Em situações do cotidiano, quando não conseguia dominar determinados fenômenos, o homem atribuía-lhes causas sobrenaturais elaborando um conhecimento abstrato a respeito daquilo que não podia ser explicado materialmente. Assim, o conhecimento foi se dividindo. Notamos, portanto, que a ciência é uma necessidade do ser humano e que é através dela que o homem busca o constante aperfeiçoamento e a compreensão do mundo que o rodeia. Essa compressão necessita de ações sistemáticas, analíticas e críticas, necessita do que denominamos método. 
O que são Métodos? são etapas, organizadas que precisam ser cumpridas durante a investigação científica ou para alcançar determinado fim. O Método indica O QUE fazer.
Técnica é a modo de realizar de forma mais hábil. A técnica indica COMO fazer. 
O termo método significa caminho ou processo racional para atingir um dado fim, procedimentos racionais que buscam atingir um objetivo determinado. Agir com um dado método supõe uma prévia análise dos objetivos que se pretendem atingir, as situações a enfrentar, assim como dos recursos e o tempo disponíveis, e por último das várias alternativas possíveis. Trata-se, portanto, de uma ação planeada, baseada num quadro de procedimentos sistematizados e previamente conhecidos.
O termo método designa a ordem a ser seguida nos diferentes processos que são necessários para se chegar a determinado fim ou resultado. Em outras palavras, método pode ser entendido como um procedimento regular, explícito e que pode ser repetido a fim de se conseguir algo material ou conceitual. É importante ressaltar que o método é apenas um meio de acesso: são a inteligência e a reflexão que descobrem o que os fatos realmente são. Assim, o método científico tem a intenção de descobrir a realidade dos fatos e estes, ao ser descobertos, devem guiar o uso do método. É oportuno, portanto, distinguir os conceitos de método e processo. Método pode ser entendido como o procedimento sistemático, o dispositivo ordenado, em plano geral. Por sua vez, o processo (a técnica) é a aplicação do plano metodológico e a forma específica de executá-lo. Pode-se afirmar que a relação existente entre método e processo é similar à que existe entre estratégia e tática. O processo está, portanto, subordinado ao método.
2.1.1 Método Científico e Método Racional
Qual a finalidade do método científico? Conduzir a respostas, ser um meio de acesso, seguindo, para isso o caminho da dúvida sistemática, metódica. Mesmo em ciências sociais, campo que parece mais árido para a busca de métodos, estes devem ser aplicados de maneira a expressar a preocupação com o que é e não com o que se pensa que deve ser. Todas as investigações, pesquisas, partem de algum problema sentido ou observado. Essa seleção, por sua vez, não deve ser aleatória, requer ao menos uma hipótese ou pressuposição que vai orientar e também delimitar o assunto a ser pesquisado. Conjunto de processos ou etapas de que se serve o método científico: a observação e a coleta de todas as informações possíveis, a hipótese que procura explicar as observações, experimentação que garante ao método também o nome de método experimental, a indução da lei que fornece a explicação ou o resultado de todo o trabalho de pesquisa e a teoria que insere o assunto tratado em um contexto mais extenso (CHARLOT, 2000). 
Do que o método científico utiliza-se? da observação, da descrição, da comparação, da análise e da síntese, além dos artifícios intelectuais (mentais) da dedução e da indução, comuns a todos os tipos de investigação, racional ou experimental. Em síntese, o método é ordenado, sistematizado e possuí um plano geral, sendo empregado para apreciar os méritos de uma pesquisa. É pertinente, para aprofundar a discussão proposta, separar método da técnica e desfazer um equívoco presente nas análises de muitos pesquisadores, especialmente os iniciantes. A técnica nada mais é do que a aplicação do plano metodológico, é a forma de executar, sendo a auxiliar imprescindível e subordinada ao método. Há ainda um ponto que merece nossa atenção nesse momento de nosso estudo, é o método racional. O método racional também é considerado científico apesar de os assuntos a que se aplica não serem reais, fatos ou fenômenos suscetíveis de comprovação experimental. As disciplinas que o empregam, como as da área da filosofia, nem por este motivo deixam de ser verdadeiras ciências. Todo o método está sujeito ao objetivo da investigação, por exemplo, a filosofia tem por objeto de estudo as coisas irreais ou inexistentes, questiona a realidade. Por isso, o ponto de partida do método racional é a observação dessa realidade ou a aceitação de certas proposições evidentes, princípios ou axiomas, para, posteriormente, prosseguir por dedução ou por indução, em virtude das exigências lógicas e racionais (CHARLOT, 2000). O método racional, também se desdobra em diversas técnicas científicas como a observação, a análise, a comparação e a síntese, e técnicas de pensamento, como a indução, a dedução, a hipótese e a teoria, procura-se interpretar a realidade quanto a sua origem, natureza, destino e significado no contexto geral. Busca obter uma compreensão e uma concepção mais amplas sobre o ser humano, sobre a vida, sobre o mundo que nos circunda, sobre o ser. A investigação racional, não pode ser testada ou nem ao menos comprovada experimentalmente e é essa possibilidade de comprovar ou não as hipóteses que distingue o método experimental (científico em sentido restrito) do método racional. 
2.1.2 Os muitos discursos sobre o método
Como observamos na análise histórica do método científico os rigores aplicam-se necessariamente ao produto final, quanto é apresentado para apreciação e crítica. Ao longo do percurso, todavia, o método científico é mais livre, mais solto, podendo até mesmo ser tido como uma arte, um artesanato mesmo, o que permite as variações de estilo, de estratégias de busca por respostas. Podemos dizer isso porque nessa fase, ou seja, durante o percurso, o pesquisador não precisa “prestar contas”, o que ocorre no momento da avaliação do método que é por ele aplicado. Assim, mesmo parecendo paradoxal diante do que estudamos até aqui, o método científico, que parece algo rígido por tratar das regras disciplinares da ciência, possui significados muito amplos. Em alguns métodos, por exemplo, é a estatística elementar, começando com a média e o desvio padrão, não ultrapassando os rudimentos de teoria das probabilidades, em outro caso encontramos questões de epistemologia. Esses exemplos meramente ilustram a elasticidade do termo. Mas onde estaria então o ponto de convergência entre os que pesquisam, portanto utilizam os métodos, e os que pensam sobre os métodos, os filósofos da ciência? Este ponto de encontro é a metodologia, cuja função é ajudar-nos a entendernão apenas os produtos da pesquisa científica, mas também o próprio processo de elaboração do conhecimento. 
A complexidade do método científico fez dele uma disciplina específica chamada metodologia. O que significa Metodologia Científica? é a disciplina dos métodos de conhecer, dos métodos de buscar conhecimento, é uma maneira de pensar para chegar as respostas para a solução de um dado problema. O método científico é compreendido como o conjunto de artifícios orientados por uma habilidade crítica e criadora focada na construção da ciência, a pesquisa constitui seu principal instrumento ou meio de acesso.
Barros e Lehfeld (2007) afirmam que a metodologia não busca soluções, mas seleciona os modos de encontrá-las, integrando os conhecimentos a respeito dos métodos em vigor nas diferentes disciplinas científicas ou filosóficas. A disciplina metodologia científica teria como principal função a apresentação e o exame de diretrizes aptas a instrumentar estudantes e pesquisadores no que tange a estudar e aprender. Essa disciplina está, pois, voltada a assessorar e colaborar com o crescimento intelectual do aluno/pesquisador, para a formação de um compromisso científico frente à realidade. Metodologia científica não é, portanto, um amontoado de técnicas, embora elas devam existir, mas sim uma disciplina que está sempre a serviço de uma proposta de conhecimento. Estrutura-se, para que o conhecimento desenvolva os papéis que lhe são impostos frente às necessidades culturais e científicas.
Metodologia é a preocupação instrumental, cuida dos procedimentos, das ferramentas, dos caminhos. Não deve ser compreendida como uma disciplina auxiliar ao processo de estruturação do conhecimento, mas como uma disciplina fundamental para o amadurecimento científico, para a promoção do espírito crítico, capaz de revisar o trajeto feito e preparar o por fazer. A metodologia científica delimita a criatividade do pesquisador e a sua potencialidade no espaço de pesquisa, de trabalho. Usualmente a metodologia pode ser compreendida basicamente em duas vertentes mais tradicionais. A mais comum é aquela que deriva da teoria do conhecimento e centra-se no esforço de transmitir uma iniciação aos procedimentos lógicos do saber, geralmente voltada para a questão da causalidade, dos princípios formais da identidade, da objetividade, da dedução e da indução (DEMO, 2009). A outra vertente é a que está próxima da sociologia do conhecimento, que acentua mais o débito social da ciência, mas sem desprezar a outra. Trata-se, na verdade, de uma acentuação preferência, e por isso não pode substituir a outra. Deste modo, não afirmamos que um trabalho é mais importante que outro porque está calcado mais na ótica sociológica ou na teoria do conhecimento, pois o que realmente interessa é a pesquisa sendo importante apenas que os pesquisadores reconheçam a existência de propostas ligadas ou não aos procedimentos lógicos e epistemológicos. 
A inestimável contribuição da metodologia para a formação científica pode abortar, se tornar-se obsessão de quem apenas constrói caminhos, mas não chega a nada. O cientista criativo é tanto capaz de fazer um trabalho “como manda o figurino”, formal, dentro da ordenação prevista, como é capaz de começar pelo fim, de não citar ninguém, de afirmar o contrário do que todo mundo espera, de buscar espaços ilógicos para a invenção etc (DEMO, 2009, p. 22).
A dimensão positiva é o método, como um mapa da estrada a ser trilhada no curso da pesquisa. A negativa é ver o método como um controle de qualidade do produto final, isto é, a pesquisa. São coisas diferentes e cada um tem o seu lugar (CASTRO, 2006, p.32). A dimensão científica do método diz respeito às instruções de como proceder, como fazer a pesquisa, por onde começar e qual a sequência deve ser seguida para que os objetivos sejam atingidos. Essa dimensão fica mais clara quando abordamos a controvérsia método indutivo versus método dedutivo, o que é? ou seja, partir da observação para criar a teoria ou começar com as teorias e verificar se o mundo é apresentado por elas. Parece complexo, porém, tornou-se consenso que há um vaivém entre os dois lados e alguns autores afirmam que não iniciamos uma pesquisa com fatos nem com deduções, apenas com hipóteses que guiam nossa investigação a fim de garantir a ordem dos fatos. John Dewey, por exemplo, nega esses dois caminhos anteriores (dedutivo e indutivo) e afirma que é preciso sempre começar com um questionamento, uma pergunta. Diante do exposto, é importante destacar que pode existir estilos pessoais de investigação, alguns pesquisadores são mais indutivos, alguns mesclam dedução e indução, porém, jamais partem do nada, do zero, para a realização de suas pesquisas. Sempre se chega a um problema conhecendo os dados que foram usados/analisados em pesquisas anteriores, as teorias que explicam fenômenos semelhantes. Assim, um pesquisador dedutivo não ignora os dados existentes, pois já verificou aspectos semelhantes e um pesquisador indutivo já leu os livros ou artigos científicos que abordam as teorias pertinentes. O dedutivo analisa as teorias e, posteriormente, vai atrás dos dados e o indutivo vai observar, analisar os dados, deixando que a realidade vá sugerindo os rumos que tomará suas formulações teóricas. A ciência se faz na gangorra entre a indução e a dedução, não há ciência sem as elucidações que estruturam o que é observado e não há ciência sem o retorno ao mundo real observado.
O uso de métodos equivocados compromete , e até inviabiliza os resultados da pesquisa. Por exemplo, se o tema de pesquisa se presta a um tratamento quantitativo, insistir no uso de um método qualitativo é um erro letal. Chega um momento da pesquisa que não cabe mais o gosto ou a afinidade do pesquisador, simplesmente o problema exige um determinado tipo de método. Somos livres para escolher o método com o qual nos sentimos mais confortáveis. Podemos também escolher o problema com que vamos trabalhar, mas não podemos escolher os dois ao mesmo tempo. Em boa medida, o problema impõe o método. Se quisermos ficar no método de nossa preferência, pode ser preciso mudar de problema (CASTRO, 2006, p. 35).
A dimensão negativa do método, seria o conjunto de regras que se constituem no controle de qualidade do produto final, de forma mais impositiva, imperativa. É a face do método que nos descreve o que não podemos fazer e o que somos sujeitados a fazer para que os resultados da pesquisa tenham validade científica. O método usado para a realização da pesquisa deve permitir ao pesquisador não apenas chegar a resultados válidos, mas também permitir a percepção de falhas na construção destes resultados ou teorias. Além do caminho a ser seguido, o método deve garantir que uma dada proposição científica resista as tentativas de derrubá-la (CASTRO, 2006). 
2.2 As técnicas
Quais são as técnicas utilizadas para a efetivação do método? O método concretiza-se com o conjunto de etapas que devem ser cumpridas para a realização da pesquisa e que configuram as técnicas (SEVERINO, 2010). Os objetivos a serem alcançados pela pesquisa determinam o tipo de método que a ser empregado, o experimental ou o racional, que empregam técnicas específicas ou comuns a ambos para o desenvolvimento sistemático do trabalho de pesquisa. Como a maior parte das técnicas que compõem o método científico e racional é comum, embora seja necessária a adaptação aos objetivos de cada investigação, as técnicas que vamos analisar aqui estão ligadas ao método experimental e, indiretamente, também ao método racional. Portanto, cada pesquisa tem sua metodologia e exige o uso de técnicas específicas para a aquisição dos dados em conformidade com os objetivos (ANDRADE, 2010). O que são técnicas? são os procedimentos científicos utilizados por uma ciência em suas pesquisas. As técnicas em uma ciência são os meios corretos para a execução das operações de tal ciência, há técnicas associadas a certos testes de laboratório, à coleta de informações a partir da observação do comportamentohumano em determinada situação, como dentro do espaço escolar, por exemplo; técnicas para a realização de entrevistas, dentre outras. Todavia, é importante esclarecer que existem técnicas ou conjunto de técnicas que são compartilhadas por diversas ciências, são procedimentos comuns a diversas áreas do conhecimento. Essas técnicas são a observação, a descrição, a comparação, a análise, a síntese, a experimentação, as técnicas de abordagem e também as técnicas de coleta de dados e são utilizadas para: 
Formular questões e elencar hipóteses; 
Realizar observação e medidas; 
Registrar e ordenar os dados observados para responder aos questionamentos levantados pela pesquisa; 
Elaborar explicações ou rever conclusões, ideias ou opiniões que estejam em desacordo com as observações realizadas; 
Estender as conclusões obtidas a todos os casos que envolvam condições semelhantes; 
Antecipar que, dadas certas condições, pode-se esperar que surjam certas relações.
Analisaremos ao longo desse capítulo cada uma dessas técnicas. 
Os métodos têm alcance mais amplo que as técnicas. Técnicas são processos definidos e delimitados que servem para atingir conhecimentos úteis; servem de guias para a prática de modo geral, podendo servir ainda a propósitos específicos de cada ciência, tais como: mensuração, uso de instrumentos, modos de agir na coleta de dados, emprego de questionários, levantamentos estatísticos, projeções gráficas etc. Já os métodos dependem de regras gerais, cujo emprego capacita a avaliar, aceitar ou rejeitar o conjunto bastante amplo das técnicas. O método é um caminho, um conjunto de regras e procedimentos comuns a várias ciências, que permitem obter explicações, descrições e compreensão, sendo a compreensão mais adequada para as ciências humanas. Tendo em vista este objetivo, o método poderá ser o da observação e da descrição, o da experimentação, o da construção de sistemas formais e modelos explicativos, o de levantamento e teste de hipóteses, com explicações através de leis e/ou teorias. 
A técnica, algumas vezes, provém da ciência; outras vezes é a ciência que é devedora dos aparatos técnicos que favorecem medidas cada vez mais detalhadas e observações cada vez mais precisas. Da técnica da mensuração de solos nasceu, por exemplo, a geometria e da máquina a vapor nasceram os elaborados conceitos da termodinâmica. A ciência não tem, no entanto, a sofisticação da técnica. A ciência nasce antes de obstáculos, de problemas que a observação atenta e a experimentação rigorosa.
2.2.1 Observação
O que é observação? (de importância nas ciências) é a aplicação dos sentidos físicos a um determinado objeto para obter uma informação clara e precisa, é a visualização de um evento ou fenômeno. Essa observação deve ser realizada repetidas vezes para obter o maior número de detalhes sendo, realizada, portanto, com a maior precisão possível. Para garantir a sua validade científica, uma observação deve ser planejada e não apresentada como uma série de curiosidades, registrada metodicamente, relacionada a proposições gerais, estar sujeita a verificação e controles de validade e precisão, atender a um ou mais objetivos da pesquisa, afastar-se o máximo possível da subjetividade (MARCONI; LAKATOS, 2010). A observação deve ser usada como técnica de pesquisa quando o pesquisador tem conhecimento prévio do ambiente onde realizará a observação, tem tempo, condições, competência e capacitação para processar uma observação, possui condições de acompanhar de perto a alvo da observação consegue identificar as reações do indivíduo ou grupo em seu ambiente e, especialmente, quando as informações a serem levantadas forem difíceis de identificar através de perguntas ou entrevistas.
Toda observação para ter validade acadêmica deve ser registrada no momento mais próximo da observação para garantir maior acuidade. Durante o registro, ou transcrição, o pesquisador/observador deve deixar bem aparente as diferentes informações coletadas como as falas, as citações e as observações pessoais. O registro pode ser feito em papel pequeno, fichário, folhas avulsas ou um material que mantenha junto todo o conjunto de observações para fazer consultas às informações já obtidas sempre que necessário, destacando que toda transcrição da observação deve conter uma parte descritiva e uma parte reflexiva. De acordo com a necessidade e a forma como é executada, a observação científica pode assumir diferentes formas, podendo ser: a) Observação assistemática (não estruturada): é a observação sem o emprego de técnica ou instrumento, sem planejamento e sem quesitos observacionais previamente estabelecidos. Consiste em coletar e anotar os fatos ou fenômenos sem a utilização de meios técnicos especiais ou precise fazer perguntas diretas; b) Observação sistemática (estruturada): é a observação planejada ou controlada, tem como características o uso de anotações e o controle do tempo e da periodicidade, recorrendo também ao uso de recursos técnicos, mecânicos e eletrônicos. c) Observação não-participante: ocorre quando o pesquisador tem contato com o fenômeno ou comunidade observado, mas não se envolve com o objeto de observação, permanece de fora executando apenas o papel de expectador; d) Observação participante: ocorre quando o observador se envolve com objeto de pesquisa, passando a fazer parte dele. Esse tipo de observação auxilia o pesquisador a conquistar a confiança de quem é observado; e) Observação individual: ocorre quando, em virtude de situações impostas pela pesquisa, o observador realiza a pesquisa individualmente e submete ao objeto de pesquisa ao crivo de seus próprios conhecimentos, dada a inexistência de controles externos; f) Observação em equipe: ocorre quando um mesmo objeto de pesquisa é, simultaneamente, observado por diversas pessoas com o mesmo propósito no mesmo tempo e lugar ou em tempos e lugares distintos; g) Observação em laboratório: esse tipo de observação tem caráter artificial, porém é crucial para o isolamento do objeto pesquisado, afastando as interferências externas e favorecendo a análise dos mecanismos internos.
TIPOS DE OBSERVAÇÃO:
Observação assistemática - Não há planejamento e controle.
Observação sistemática -Existe planejamento, ocorre em condições controladas para corresponder a propósitos pré-estabelecidos.
Observação participante - O observador se envolve com o objeto de pesquisa
Observação não participante - O pesquisador presencia o fato, mas não participa.
Observação individual - Realizada por um único pesquisador.
Observação em equipe - Feita por um grupo de pesquisadores.
Observação em laboratório - Todos os eventos e condições são controladas, porém o pesquisador não interfere na ordem dos eventos.
Vantagens da Observação:
•  Chegar mais perto das perspectivas dos sujeitos •  Ser útil para descobrir aspectos novos de um problema •  Importante quando não existir uma base teórica sólida que oriente a coleta de dados •  Permite a coleta de dados em situações em que formas de comunicação são impossíveis •  Possibilita meio direto e satisfatório para estudar uma ampla variedade de fenômenos •  Exige menos do observador do que outras técnicas •  Depende menos da introspecção ou da reflexão •  Permite a evidência de dados não constantes do roteiro de entrevistas ou de questionários.
Limitações da Observação:
•  O pesquisador pode provocar alterações no comportamento do grupo observado •  O observado tende a criar impressões favoráveis ou desfavoráveis no pesquisador, favorecendo a interpretação pessoal - juízo de valor. •  Envolvimento que leva a uma visão distorcida ou a uma representação parcial da realidade • Fatores imprevistos podem interferir na tarefa do pesquisador •  A duração dos acontecimentos é variável dificultando a coleta de dados •  Vários aspectos da vida cotidiana, particular podem não ser acessíveis ao pesquisador.
2.2.2 Descrição
Necessita do registro descrito, ou seja, o processo que configura a técnica científica da descrição (MARCONI; LAKATOS, 2010). Inicialmentea descrição constitui a habilidade de fazer com que o outro compreenda aquilo que o pesquisador observou. Assim, a descrição deve ser clara e precisa para que o interlocutor ou leitor seja capaz de visualizar mentalmente exatamente aquilo que o observador viu no momento e local em que realizou sua observação. 
2.2.3 Comparação
É aplicável quando houver dois ou mais termos ou elementos com as mesmas propriedades gerais ou características particulares, abstraindo as semelhanças e destacando as diferenças (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007). A comparação, para ter validade científica, deve estar sempre acompanhada da análise e da síntese. 
2.2.4 Análise e síntese
A análise e a síntese são procedimentos distintos, mas inseparáveis. O termo análise vem do grego analyein, que significa quebrar e é exatamente isso que a análise faz, desagrega um determinado problema ou fenômeno em partes menores e estuda cada uma das peças de forma independente das outras peças para compreender o todo (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006). A análise é o procedimento pelo qual explicamos de maneira sensata um determinado conjunto complexo, como, por exemplo, um fato histórico. A síntese, é a reconstituição do todo antes decomposto para na análise, é o processo que vai do mais simples para o menos simples. A análise e a síntese racionais ocorrem sobre ideias e verdades mais ou menos gerais e não sobre indivíduos e fenômenos. A análise e a síntese racionais só podem ser feitas mentalmente e são comumente utilizadas na filosofia e na matemática (SEVERINO, 2010).
2.2.5 Experimentação
É um conjunto de processos usados para verificar através de experimentos as hipóteses levantadas, é a etapa em que o cientista realiza experiências para comprovar ou negar a validade das hipóteses, que apenas serão validadas se, após a repetição da experiência, os resultados obtidos forem os mesmos. A experimentação difere da observação porque obedece a uma diretriz e não porque implica a intervenção do pesquisador. É usado tanto nas ciências biológicas e naturais como nas ciências sociais. Um experimento pode ser desenhado para encontrar soluções para questões práticas e, também, para comprovar ou refutar pressupostos teóricos.
Galileu Galilei que atribuiu à experimentação papel essencial na construção do conhecimento científico: o de legitimar suposições (hipóteses). Dependendo da perspectiva filosófica, uma experiência pode conduzir a uma melhor compreensão do mundo físico ou apenas a uma ajuda na ampliação do conhecimento da realidade objetiva.
A principal ideia das técnicas de experimentação é a de que sendo uma hipótese o estabelecimento de uma relação de causa e efeito ou de antecedente e consequente entre dois fenômenos, deve-se descobrir se realmente B (efeito ou consequência) varia a cada vez que se faz varia A (causa ou antecedente) e se A e B variam da mesma maneira e nas mesmas proporções. Notamos a presença do princípio do determinismo, que se apresenta da seguinte forma: nas mesmas circunstâncias, as mesmas causas produzem os mesmos efeitos, ou as leis da natureza são fixas e constantes (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p.39). Geralmente a experimentação científica compara os resultados obtidos a partir de uma amostra experimental contra uma amostra de controle, que é praticamente idêntica ao da amostra experimental, exceto para um aspecto cujo efeito está sendo testado (a variável independente). Há a experimentação em campo e a experimentação em laboratório. Nos experimentos realizados em campo, todos os eventos são realizados em ambiente externo. Já na experimentação em laboratório, o ambiente para a realização da experiência é controlado e todas as variáveis são controladas e introduzidas pelo pesquisador. 
Francis Bacon, pode ser considerado um dos principais cientistas a sistematizar a experimentação ao organizar o método das coincidências constantes (BARROS; LEHFELD, 2007). Posteriormente, Stuart Mill, apresentou um número significativo de combinações que podem conduzir a causa determinando aparecimento dos fenômenos, apresentando os métodos de exclusão que se baseiam em regras fundamentais. 
2.2.6 Técnicas de abordagem 
Estudamos até aqui as diferenças entre métodos e técnicas de pesquisa, agora é preciso estabelecer a distinção entre indução, dedução, intuição e inferência, uma vez que a opção por uma delas está diretamente ligada à escolha do método e de suas técnicas. 
A indução e a dedução não são métodos científicos propriamente, mas mais adequadamente caracterizados como forma de abordagem de um tema, formas de raciocínio ou de argumentação e, como tais, são formas de orientar a reflexão (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p.42).
2.2.7 Dedução 
A dedução ou método dedutivo tem suas raízes históricas na obra do filósofo grego Aristóteles, ficando por isso também conhecida como lógica aristotélica. A palavra dedução vem do latim de-ducara, conduzir a partir de (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006). A dedução é uma argumentação que explicita verdades particulares que estão em verdades universais. O ponto inicial é o antecedente, que afirma uma verdade universal e o ponto de chegada é o consequente, que afirma uma verdade particular ou não tão geral contida implicitamente no primeiro. Em um argumento dedutivo correto o que está dito na conclusão é extraído das premissas. A dedução, na realidade, apenas organiza o conhecimento já adquirido. Contudo, devemos observar que sempre fazemos deduções e é preciso averiguar quando são válidas ou inválidas. Cientificamente, a dedução conduz o pesquisador do conhecido ao desconhecido com pouca margem de erro. O seu alcance é limitado porque a conclusão, não pode possuir conteúdos que excedam o que estão nas premissas. A lógica aristotélica: A ciência lógica foi “descoberta” pelos gregos, todavia, não podemos dizer que o pensamento lógico não existisse antes deles, este é tão antigo quanto o ato de pensar, pois toda imaginação fértil é controlada por regras de lógica. A Aristóteles cabe o mérito de ter iniciado o estudo orgânico das regras lógicas. Órganon, que significa “instrumento”, instrumento para se pensar corretamente. De acordo com Marilena Chauí, a lógica aristotélica, como ficou posteriormente conhecida, apresenta as seguintes características:
• Instrumental: é o instrumento do pensamento e da linguagem para pensar e dizer corretamente a fim de verificar a correção do que está sendo pensado e dito; • Formal: forma pura e geral dos pensamentos, expressos por meio da linguagem;
•  Propedêutica ou preliminar: é o que devemos conhecer antes de iniciar uma investigação científica ou filosófica, pois somente ela pode indicar os procedimentos (métodos, raciocínios, demonstrações) que devemos empregar para cada modalidade de conhecimento; • Normativa: fornece princípios, leis, regras e normas que todo pensamento deve seguir se quiser ser verdadeiro; • Doutrina da prova; estabelece as condições e os fundamentos necessários de todas as demonstrações. Dada uma hipótese, permite verificar as consequências necessárias que dela decorrem; dada uma conclusão, permite verificar se é verdadeira ou falsa; • Geral e atemporal: as formas do pensamento, seus princípios e suas leis não dependem do tempo e do lugar, nem das pessoas e circunstancias, mas são universais, necessárias imutáveis. (CHAUÍ, 2006, p. 108). O silogismo (método de dedução de uma conclusão por meio de duas premissas) possui três proposições, duas primeiras que são chamadas “premissas” e a terceira, denominada “conclusão”. As três proposições são construídas apenas três termos, denominados “médio”, “maior” e “menor”. O termo médio aparece duas vezes nas premissas, mas não na conclusão. O termo maior e o termo menor figuram nas premissas e na conclusão. O maior está presente na premissa maior e o menor na premissa menor. Por exemplo, no silogismo: “todos os homens são racionais; Sócrates é homem; logo, Sócrates é racional”. Termo médio: Homem - Termo maior: Racional - Termo menor: Sócrates. As premissas (etimologicamente: “que foram colocadasantes”) são as hipóteses iniciais a partir das quais tiramos as conclusões. A hipótese, ou proposição, é tudo o que pode ser afirmado ou negado. Por exemplo: Todo gato é mamífero ou Animal não é mineral. As proposições (hipóteses) podem ser verdadeiras ou falsas e os argumentos dizemos que são válidos ou inválidos. 
2.2.8 Indução
O método indutivo estruturou-se com a filosofia moderna e foi bravamente defendido pelos empiristas, como Bacon, Hobbes, Locke, Hume, segundo os quais o verdadeiro conhecimento é fundamentado na experiência. A indução trata de problemas empíricos, e a generalização deve ser constatada a partir da observação de casos concretos satisfatoriamente confirmadores da realidade. As conclusões são prováveis, não contidas nas premissas. A indução percorre um caminho contrário a dedução. O raciocínio estabelece uma conexão ascendente do particular para o geral, do efeito para as causas, sendo as condições particulares que levam às teorias e leis gerais. Para que ocorra indução é necessário que as observações sejam muitas e repetidas sob ampla variedade de situações. É totalmente possível um argumento indutivo não ser verdadeiro, porém as suas premissas podem ser verdadeiras e, ainda assim, não haver contradição. Apesar da aparente fragilidade da indução, que não alcança o rigor do raciocínio dedutivo, trata-se de uma forma muito fecunda de pensar, responsável pela fundamentação de grande parte dos nossos conhecimentos na vida diária e de grande valia nas ciências experimentais. Além disso, todas as previsões têm base na indução, ou seja, no raciocínio que, partindo de alguns casos da experiência presente, nos faz inferir que o mesmo poderá ocorrer mais tarde. (ARANHA; MARTINS, 2003, p.104) Em suma, na indução, a conclusão está para as premissas como o todo está para as partes: Exemplo: Terra, Marte e Vênus são planetas São planetas que não brilham com luz própria. Logo, os planetas não brilham com luz própria.
2.2.9 Intuição 
A palavra intuição significa ver por dentro, mas apesar de um significado claro o seu conceito pode variar de acordo com a corrente do pensamento. Por exemplo, para o grego Platão, existiriam quatro níveis de conhecimento, do inferior ao superior, sendo estes a crença, a opinião, o raciocínio e a intuição (CHAUÍ, 2006). Kant compreendia a intuição como o conhecimento que se relaciona imediatamente com os objetos. A intuição sempre foi e continua sendo um conceito polêmico dentro das ciências porque está no campo da subjetividade, uma vez que para uma intuição ser aceita é necessário que o indivíduo tenha um conhecimento prévio e que também tenha observado, registrado, analisado, além de possuir certa dose de criatividade. Percebemos então que a intuição é algo que pode ser desenvolvido através do estudo, da leitura, da participação cultural etc.
2.2.10 Inferência
A inferência é definida como a operação intelectual pela qual se passa de uma verdade a outra, julgada tal em razão de sua conexão com a primeira; é o processo pela qual concluímos algo por meio de um raciocínio: a dedução, por exemplo, é uma inferência (JAPIASSÚ; MARCONDES, 2006). Portanto, inferir é chegar a uma conclusão a partir de juízos anteriores. O conceito de inferência é muito importante para quem deseja entender o fenômeno da compreensão, uma vez que são as proposições cognitivas que se reorganizam para construir proposições novas a partir de informações que o pesquisador encontrou no texto, na observação de uma situação, na análise de um experimento. As inferências podem ser de dois tipos, as inferências imediatas e as inferências mediatas. A inferência imediata é aquela que extrai de uma única proposição outra proposição, à qual se atribui o valor de verdade ou falsidade, sendo obtida por meio da oposição ou da conversão. A inferência mediata consiste na apresentação da conclusão obtida a partir de duas ou mais proposições. Este segundo tipo de inferência ainda ser subdividido inferências analógicas, inferências indutivas e inferências dedutivas. A inferência é uma operação mental que leva a concluir algo a partir de certos dados antecedentes. É uma extensão do conhecimento. É uma passagem do conhecido ao não conhecido. Esse salto ou passagem recebe sua justificação da validade do antecedente e da continuidade lógica que a inteligência crê descobrir entre os fenômenos implicados e os fenômenos novos. A essa transposição do conhecido ao desconhecido dá-se também o nome de ilação (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007, p. 50).
2.2.11 Técnicas de Coleta de dados
As pesquisas, com destaque para as pesquisas de tipo descritivo, devem contemplar em seu planejamento a delicada tarefa de coleta dos dados, que corresponde a uma fase intermediária da pesquisa. A coleta de dados ocorre na fase intermediária porque deve ser feita após a escolha e a delimitação do tema, a formulação do problema de pesquisa, o esclarecimento dos objetivos, o agrupamento dos dados e a identificação das variais envolvidas. Os instrumentos de coleta de dados mais utilizados, que analisaremos a seguir, são a entrevista e o questionário.
2.2.12 Entrevista 
A entrevista, ao contrário do que muitos acreditam, não é uma simples conversa, mas uma técnica de coleta de dados que se pauta em uma conversa orientada com o objetivo de recolher, por meio do interrogatório do informante, dados para a pesquisa. É uma técnica que possibilita a abordagem de assuntos pessoais, íntimos, complexos e pode ser usada para aprofundar pontos apontados por outras técnicas de coleta.
Objetivos da entrevista como técnica de coleta de dados: • Obtenção de informações sobre determinado assunto ou problema; • Averiguação de fatos; • Determinação de opiniões; • Determinação de sentimentos; •  Descoberta de planos de ação.
Apesar da flexibilidade apresentada, a coleta de dados por meio da entrevista exige do pesquisador muito cuidado no processo de seleção e treinamento dos entrevistadores, porque o sucesso desta técnica está diretamente relacionado com a relação entrevistador e entrevistado. Para que os objetivos sejam alcançados o entrevistador deve saber observar e saber buscar algo de preciso, necessita ter uma malícia para compreender o entrevistado, possibilitando a análise estatística dos dados através das respostas padronizadas, porém sua limitação é o fato de não possuir um maior aprofundamento em perguntas pré-fixadas.
Para maior êxito devem-se observar como será feito o contato inicial entre entrevistador e entrevistado, como serão formuladas as perguntas, se serão utilizados estímulos a respostas completas e quais serão esses, como serão registradas as respostas, quando e como deverá ser encerrada a entrevista. As pesquisas podem ser padronizadas ou estruturadas ou não estruturadas. A pesquisa padronizada segue um roteiro prévio, já a entrevista não estruturada é mais informal, mas divide-se em: focalizada, que possui um roteiro com alguns tópicos; clínica, para analisar sentimentos e reações; não dirigida, que garante liberdade total ao entrevistado e painel, que usa a repetição de perguntas para estudar mudanças de opiniões (ANDRADE, 2010). 
Vantagens da entrevista: •  Coleta imediata da informação; • Pode atingir pessoas com qualquer nível de instrução; •  Fornece uma amostragem muito melhor da população geral; •  Maior flexibilidade, pois o entrevistador pode esclarecer dúvidas do entrevistado; •  Maior oportunidade de avaliar condutas; •  Oportunidade para obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais; •  Os dados podem ser quantificados e submetidos a tratamento estatístico.
Limitações da entrevista: •  Dificuldade de expressão e comunicação; • Fornecimento de respostas falsas por razões conscientes e inconscientes; • Dificuldades do entrevistado em responder ou por falta de cultura ou por problemas psicológicos; • O entrevistado pode ser influenciado pelo entrevistador; • Custos de treinamento de pessoal e a aplicação das entrevistas; • Ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada.
A relação entre o pesquisadore o pesquisado (Pierre Bourdieu) é constantemente esquecida. Relação deve ser baseada em um acordo no qual o pesquisado cede seu tempo e atenção, fornecendo, muitas vezes, informações estritamente pessoais e confidenciais. Ao dirigir-se ao pesquisado, o entrevistador deve ter total consciência da artificialidade desse contato e, assim, buscar minimizar os efeitos de estranhamento de um para com o outro. Portanto, o pesquisador deve possuir algumas informações pré-entrevista, como a posição social do agente a ser entrevistado (emprego, escolaridade, local de residência, etc.). Deste modo, o primeiro ponto da relação de entrevista deve ser a tentativa de entendimento sobre os efeitos que são produzidos sobre o entrevistado, como ele interpreta a entrevista e o que o leva a aceitar a participação na troca. Com esse entendimento, o pesquisador tende a reduzir as distorções que possam vir a ocorrer através das diferenças entre as finalidades do pesquisador em sua pesquisa e as finalidades entendidas para a pesquisa pelo pesquisado. O uso reflexivo de um conjunto de conhecimentos adquiridos que irá “controlar os efeitos da própria pesquisa e começar a interrogação já dominando os efeitos inevitáveis das perguntas”. Chamada por Bourdieu de “reflexividade reflexa” é o exercício constante do pesquisador em controlar, através de um conhecimento prévio sobre os efeitos da estrutura social sobre pesquisador-pesquisado e sobre a relação social aí estabelecida. Refere-se à reflexividade como sinônimo de método, enquanto a reflexividade reflexa está baseada “num ‘trabalho’, num ‘olho’ sociológico” (2001, p. 694). A adequação do vocabulário do pesquisador ao vocabulário do pesquisado, como as vestimentas, a aproximação por parte do entrevistador para a realidade do entrevistado, minimizando assim os efeitos de uma provável violência simbólica no ato da troca. 
O contato entre pesquisador e pesquisado gera duas diferentes formas de entendimento: enquanto o pesquisador espera obter respostas para sua pesquisa, ou seja, um objetivo simples e pré-definido, o pesquisado colabora e, ao mesmo tempo, elabora sua intencionalidade diante da experiência da participação. Suas expectativas, ênfases e um movimento constante de confiança (ao fornecer a informação) e de precaução (o silêncio, o suposto não entendimento ou mesmo a negação) ao ceder informações tão diversas quanto seus dados pessoais, suas experiências, seus valores, suas crenças, preconceitos, dentre outras. Bourdieu (2001, p. 695), apresenta alguns pontos que devem ser executados antes, durante e após a entrevista. Ao iniciar o contato com o pesquisado, o pesquisador deve ter plena consciência de que serão as suas regras que devem prevalecer na troca. Tal variação deve ocorrer para diminuir os efeitos de uma possível diferença entre a posse de capitais (linguagem, posses, etc) dos agentes envolvidos (pesquisador e pesquisado). O relatado do entrevistado deve ser entendido como único em sua totalidade, mas merecendo a vigilância constante por parte do pesquisador, que não pode distrair-se ou demonstrar qualquer forma de desinteresse no decorrer da entrevista. Esse desinteresse ocorre através da utilização de sinais verbais e não verbais que transmitam ao entrevistado/pesquisado que o entrevistador/pesquisador, que o entrevistador tenha sinais de feedback como acenos de cabeça aprovadores, olhares, sorrisos, sinais corporais ou verbais, posto que um breve momento de desatenção, de distração do olhar, pode fazer o entrevistado perder o fio de sua entrevista. Esses sinais de aprovação, incentivo ou agradecimento, se colocados no momento certo, servirão para atestar a participação intelectual e afetiva do pesquisador (BOURDIEU, 2001). Trata-se da escuta ativa e metódica: atenção constante que deve ser expressada pelas linguagens verbal e corporal. O pesquisador, através de suas perguntas, impõe temas, suposições, explicações ou mesmo alternativas que não condizem com a vivência, realidade ou preocupações do pesquisado. Ao receber uma pergunta ou informação que não lhe interessa, o entrevistado tende a responder ou a divagar sobre, revertendo isso em uma resposta que ele julga agradar aos ouvidos do pesquisador (BOURDIEU, 1982). O pesquisador deve ter constante reflexão sobre suas questões, a forma de execução e interpretação e a consciência dos efeitos que pode vir a despertar no entrevistado. Para Bourdieu (1982), é um erro o pesquisador acreditar que todas as pessoas possuem conhecimento, condições ou interesses para dar respostas sobre todos os temas. Outro ponto ao qual o pesquisador deve estar atento é a resistência, por parte do pesquisado, à objetivação. O entrevistado ao não objetivar as perguntas através de respostas claras sobre o que lhe foi perguntado utiliza-se do momento como se tivesse sido chamado a um palco ou arena política, em que o agente aproveita da situação para elencar seus problemas, projetos, críticas, elogios, etc. Ao perceber que a entrevista está perdendo o rumo inicialmente traçado, o pesquisador deve decidir entre optar em continuar, retomando o controle, ou mesmo finalizá-la para não comprometer a análise dos dados, bem como para não ocorrer a dupla enganação entre pesquisador e pesquisado: “cada um engana um pouco o outro ao se enganar a si próprio” (BOURDIEU, 2001, p. 703).
Dicas para o bom desenvolvimento da entrevista:
Quem será entrevistado
Busque indivíduos que verdadeiramente possuam as informações e/ou conhecimentos que satisfaçam as necessidades de sua pesquisa. 
Plano da entrevista
Elabore com antecedência as perguntas, elencando a ordem em que devem ser respondidas. 
Pré-teste
Realize a entrevista previamente elaborada com alguém que poderá fazer uma crítica de sua atitude antes de se encontrar com o(s) entrevistado(s) de sua escolha. 
Durante a entrevista: •  Estabeleça uma relação amistosa; •  Não demonstre incerteza ou entusiasmo diante do entrevistado, para que tais comportamentos não prejudiquem a relação entre entrevistador e entrevistado; •  Deixe que as questões surjam espontaneamente, evitando que a entrevista assuma o aspecto de um inquérito ou de um "questionário oral"; •  Seja objetivo, para evitar que a entrevista fique cansativa; •  Interaja com o entrevistado para que ele não sinta que está falando sozinho; •  Anote imediatamente as informações do entrevistado, sem deixar que ele fique esperando sua próxima inquirição; •  Caso opte pelo uso de um gravador, não se esqueça de solicitar a permissão do entrevistado para tal; •  Lembre-se que o uso do gravador pode inibir o entrevistado. Mesmo quanto optar pelo uso de um gravador, faça um relatório antes de transcrever a entrevista.
2.2.13 Questionário 
O questionário é uma técnica de coleta de dados em que o pesquisador apresenta questões por escrito às pessoas que compõem a população estudada, tendo por objetivo principal o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas, etc. Também conhecido como enquete (agrupamento de testemunhos sobre determinado assunto), tese (quando a pesquisa é psicológica) ou formulário (impresso com campos para anotação de dados) o questionário é a técnica mais utilizada porque possibilita medir com mais exatidão o que se deseja para a pesquisa. As questões devem ser bem redigidas e traduzir os objetivos da pesquisa, para isso ao elaborar as questões o pesquisador precisa considerar a forma, o conteúdo, a escolha, a formulação, a quantidade, a ordem e as deformações. Para garantir o sucesso da aplicação dos questionários os pesquisadores devem elaborar uma introdução ao questionário ou uma carta separada informando os objetivos da pesquisa, qual a entidade pesquisadora, as razões desse estudo e como as questões poderão ser respondidas. Antes de aplicar o questionário o pesquisador individualmente ou com seu grupo de pesquisa deve testar a aplicação das questões para identificar falhas como falta de clareza na redação, complexidade, presença de questões desnecessidade ou fora de contexto, constrangimentoao informante, exaustão, dentre outras e também para assegurar validade e precisão de um questionário. Essa verificação prévia é denominada pré-teste e comumente é aplicado em grupo de 10 a 20 pessoas com as mesmas características da população que se pretende pesquisar. Após a aplicação do pré-teste, os participantes devem ser questionados acerca de suas impressões e dificuldades no momento de realização do questionário (CERVO; BERVIAN; SILVA, 2007).
Vantagens do questionário: • Possibilita atingir um grande número de pessoas; • Poucos gastos com pessoal, porque não exige treinamento específico; • Garante o anonimato das respostas; • As respostas podem ser dadas em qualquer momento; • Os pesquisados não são influenciados pelo pesquisador. 
Limitações do questionário: • Exclui os indivíduos analfabetos; • Impede o auxílio a esclarecimentos; • Não favorece o conhecimento das circunstâncias em que foi respondido; • Podem perder-se ou não serem respondidos por completo; • Número limitado de perguntas; Os itens podem ter significado diferente para cada pesquisado.
Elaboração do projeto de pesquisa 
O projeto das pesquisas descritivas experimental deve conter informações sobre diversos aspectos do trabalho, tais como: • Tipo de pesquisa; •  Delimitação do assunto, com o tópico ou enfoque a ser estudado; •  Objetivos, com a indicação do que se pretende alcançar com a pesquisa; •  Justificativa que envolva a delimitação do problema, análise de situação que o projeto pretende modificar e uma demonstração de como a modificará; •  Revisão da literatura referente à questão; •  Formulação do problema, indicando a questão ou dúvida a ser esclarecida; •  Hipótese, que é a tentativa de explicação do problema levantado; •  Definição operacional das variáveis da hipótese; com a indicação das variáveis de controle; •  População e amostragem, com sua descrição e indicação dos critérios para sua constituição; •  Instrumentos da pesquisa e como serão aplicados na coleta de dados; •  Procedimentos para constituição ou não de grupo de controle e com relação a como serão conduzidos a coleta é o registro das informações; •  Análise dos dados, em que se fará a comparação e confronto dos dados e das provas destinadas a comprovar ou a rejeitar a hipótese; •  Discussão dos resultados, que possibilite a interpretação e à generalização dos resultados a partir da análise dos dados; •  Orçamento, com previsão de despesas com pessoal, materiais e serviços; •  Cronograma de execução, com a indicação do escalonamento no tempo de todas as fases e tarefas da pesquisa; •  Conclusão e observações sobre o projeto;
Bibliografia referente ao assunto de pesquisa. Tudo deve ser estudado e planejado para não ter riscos de surpresas desagradáveis. O projeto de pesquisa é, muitas vezes, a garantia de seu êxito. Evidentemente, o projeto de pesquisa pode ser modificado, adaptando se às novas contingências. Ele será sempre motivo de tranquilidade para o pesquisador. Todo pesquisador deve desenvolver a capacidade de elaborar projetos de pesquisa, pelo menos para atender a seus interesses pessoais ou do grupo em que está inserido. O interessado deve então se orientar pelo modelo relevante. Veja no companion website alguns exemplos escolhidos para você se cadastrar nas instituições de fomento à pesquisa e apresentar projetos.

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