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O seu percurso de vida e as suas grandes influências

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O seu percurso de vida e as suas grandes influências
 William Heard Kilpatrick nasceu a 20 de novembro de 1871, em White Plains, na Georgia (EUA), filho de um pastor batista, James Hines Kilpatrick, e sua segunda esposa, Edna Perrin Heard. Mais do que simplesmente um membro influente do clero, o reverendo Kilpatrick foi uma figura central nas atividades políticas, cívicas e jurídicas desta pequena cidade agrícola. O pai Kilpatrick era severo, meticuloso e sem humor. As suas convicções religiosas, bem como o seu temperamento pessoal influenciaram fortemente William e, em certos aspetos, moldaram permanentemente o seu caráter. Incutiu no filho uma tendência para ser meticuloso, desenvolver um pensamento claro, sustentado por duros hábitos de trabalho. William também aprendeu com o pai a pronunciar-se contra as desigualdades e a expressar as suas ideias de forma inequívoca, mesmo que fossem impopulares (Beineke, 1998). A mãe de William funcionou como um contrapeso em relação ao temperamento severo do pai. A mãe é descrita como uma pessoa simpática, generosa e cordial a quem William dedicou uma das suas mais importantes obras, O Método de Projeto. A influência da sua mãe exerceu-se essencialmente no seu caráter e até mesmo na sua forma de ensinar. É o próprio que refere que a mãe o ajudou cedo a aprender a não ser egoísta e a ajudar os outros e que o sucesso que teve no ensino o deveu ao facto de a sua mãe lhe ter transmitido uma especial sensibilidade para as pessoas. Com a sua mãe aprendeu também o valor de um sentimento de pertença, a tornar- -se seguro e autoconfiante (Beineke, 1998). Educado nas escolas de aldeia, William formou-se na Universidade Mercer, em Macon, Georgia. Posteriormente, procurando uma formação científica ingressou na Universidade Johns Hopkins. Apesar da educação rígida do seu pai e da sua influência marcante, ao ler pela primeira vez um livro proibido, A origem das espécies, de Charles Darwin, William nega a sua formação religiosa. Ao contrário do pai, que considerava que este livro deveria ser desprezado, Kilpatrick considerou-o extremamente interessante, provocando-lhe uma mudança radical na sua vida pessoal e profissional que o levou a uma reorganização das suas crenças, rejeitando a sua educação e filosofia religiosas assente no conceito de alma imortal e de vida após a morte (Beineke, 1998). Após terminar a formação universitária, regressou à sua cidade natal para lecionar matemática nas escolas elementar e secundária. Interessa-se pela pedagogia e dedica-se à leitura de autores como Pestalozzi e Froebel, cujo pensamento o influenciou no início da sua carreira de professor. Como professor e como intelectual da educação, Kilpatrick atribui especial atenção às experiências do aluno no processo de ensino-aprendizagem e defende que essas aprendizagens devem ser significativas para os estudantes e ir ao encontro dos seus interesses. Durante o tempo que trabalhou nessas escolas, teve um forte contributo para a mudança de alguns aspetos da cultura escolar, como a introdução do trabalho de grupo e a proibição de castigos corporais. Em 1897 é convidado a lecionar matemática e astronomia na Universidade de Mercer. Além das aulas, organiza um grupo de estudos com professores das escolas elementares onde analisam a leitura de textos de autores como Platão, Descartes, Herbert Spencer e William James, reforçando assim uma componente da filosofia na formação desses professores. De facto, William Kilpatrick teve, no seu percurso de vida, influências decisivas: além da educação familiar e da leitura de Charles Darwin, o contacto com o professor John Dewey foi também muito determinante no seu percurso profissional. O primeiro encontro de Kilpatrick com John Dewey teve lugar em 1898, quando participou num curso de verão em Chicago, no qual assistiu a uma palestra de Dewey. Em 1907, ingressa num doutoramento no Columbia University’s Teachers College, sob a direção de Dewey, e estabelecem uma relação de mútua admiração. Dewey refere, a certa altura, que Kilpatrick foi o seu aluno mais brilhante. Por sua vez, Kilpatrick ficou-lhe grato por tê-lo feito “perceber o interesse individual como ponto de partida do mistério educacional e curricular” (Kilpatrick, 2006). O reconhecimento e acolhimento das suas ideias por parte dos seus colegas de profissão levaram a que no final do seu doutoramento fosse convidado a assumir o cargo de professor assistente nesta universidade. A crescente influência de Kilpatrick na educação americana deveu-se não só à sua eficácia no ensino como também à capacidade de falar em público. Muitas vezes, dava aulas a mais de 600 alunos, tendo a capacidade de realizar trabalhos em grupo, discussão e palestras para enriquecer a experiência educativa dos seus alunos. Mas o maior reconhecimento do trabalho de Kilpatrick nos círculos da educação deu-se em 1918, com a publicação de um artigo no Teachers College Record: “The Project Method: The Use of the Purposeful Act in the Educational Process”. Este artigo tornou-se um bestseller imediato entre os educadores e lançou a carreira pública nacional de William Kilpatrick. O método de projeto O método de projeto de Kilpatrick surge da necessidade urgente de uma reforma do currículo americano que, de acordo com o autor (Kilpatrick, 2006), era inadequado, na medida em que não preparava os jovens para a vida adulta e consistia na aquisição de conhecimentos pré-formulados apresentados aos alunos, através de manuais ou oralmente pelos professores, encarando a memória como a principal forma de aprender, limitando o indivíduo e a sua educação. Considerava que à educação caberia aumentar a capacidade de julgar e coordenar as diferentes influências do ambiente, de modo a enriquecer o processo vivencial do indivíduo. A escola deveria existir para ajudar as pessoas a tornarem as suas mentes mais inteligentes. A necessidade de unificar vários aspetos relativos ao processo educativo leva-o a refletir acerca de uma nova conceção curricular baseada na reconstrução contínua da experiência e procurar um conceito que enfatizasse a ação, a atividade verdadeiramente intencional, que tivesse em conta a situação social, mas também a individual e que generalizasse a ideia de que a educação é vida. Ou seja, a conceção de atividade verdadeiramente intencional. Kilpatrick (2006) defende que “dado que o ato intencional é a unidade típica da vida meritória numa sociedade democrática, também deveria ser tornada a unidade tí- pica do procedimento escolar” (…) e que a educação deveria ser “considerada parte da própria vida e não uma mera preparação para a vida”. “Se é fazendo que se aprende a fazer, haverá (…) melhor preparação para a vida futura do que praticar vivendo agora?” (:15) De acordo com o autor, o conceito de projeto na educação deve realçar a importância da experiência do educando no processo educativo, em oposição ao ensino tradicional no qual o aluno é reduzido à simples condição de recetor de conteúdos. A capacidade de projetar, entendida como a capacidade de agir à luz de propósitos, é constituída na relação do indivíduo com o meio (Kilpatrick, 2006). Kilpatrick classificou os projetos em quatro tipos, considerando que para o docente é importante ter clareza quanto à expectativa em relação aos objetivos e procedimentos a seguir: • tipo 1 – em que a intenção é produzir algo externo a partir de alguma ideia ou plano e em que são sugeridos os seguintes passos: perspetivar, planificar, executar e avaliar; • tipo 2 – em que se propicia o desfrutar de uma experiência estética, influenciando o desenvolvimento da aprecia- ção, não havendo procedimentos fixados, cabendo ao educador perceber o melhor modo de os acompanhar; • tipo 3 – em que a intenção é solucionar um problema intelectual; • tipo 4 – para aperfeiçoar uma técnica de aprendizagem ou adquirir determinado conhecimento ou capacidade, em que os procedimentos são os mesmos do tipo 1. Estes projetos podem ser individuais ou coletivos, tendo estes últimos um valor social, por serem realizados porum grupo, potencializando assim a aprendizagem mútua e o respeito por si e pelo outro, dependendo tanto da motivação de cada um como da dedicação de todos. O método de projeto valoriza essencialmente a intenção como um impulso para a construção moral e a educação não dissociada da vida (Kilpatrick, 2006). De acordo com Kilpatrick a criança é naturalmente ativa, sobretudo nos comportamentos sociais, pelo que a atividade determinantemente intencional numa situação social é a melhor garantia da potencialização das suas capacidades natas, que são geralmente desperdiçadas. “Com uma criança que é naturalmente social e um docente competente que a estimule e lhe guie a determinação, podemos esperar o tipo de aprendizagem a que chamamos formação de caracter” (Kilpatrick, 2006: 29). Neste contexto, o professor deixa de ser uma figura autoritária e passa a ter um papel de “guia” nas aprendizagens das crianças. O processo de ensino e aprendizagem está mais centrado na criança do que no conteú- do e no professor, pressupondo assim uma criança cada vez mais autónoma e mais capaz de gerir o seu próprio processo de aprendizagem. Como nos conta Teresa Vasconcelos (2012: 9), a “metodologia de trabalho de projeto com crianças tem uma longa tradição pedagógica em Portugal”. O método de projeto foi pela primeira vez divulgado em Portugal em 1943, pela pedagoga Irene Lisboa, no seu livro Modernas Tendências de Educação. Em 1987 foi publicado o livro de Lilian Katz e Sylvia Chard com o título A Abordagem de Projeto na Educação de Infância (Gulbenkian, 1997) e em 1998, “numa publicação elaborada pelo Gabinete para a Expansão e Desenvolvimento da Educação Pré-Escolar (DEB, 1998), Vasconcelos (1998) descreve a metodologia de trabalho de projeto como um possível instrumento de suporte à implementação das Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (DEB, 1997; Vasconcelos, 2012: 10).

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