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Desenvolvimento e aprendizagem de bebês, crianças, adolescentes e idosos

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CENTRO UNIVERSITÁRIO ESTÁCIO RADIAL DE SÃO PAULO 
RAFAELA LILIANE RIBEIRO 
PSICOLOGIA DO DESENVOLVIMENTO E DA APRENDIZAGEM 
São Paulo 
2017 
 
RAFAELA LILIANE RIBEIRO 201603151354 
Desenvolvimento e aprendizagem de bebês, crianças, adolescentes e 
idosos: Quatro Observações (um sujeito para cada observação). 
Atividade apresentada ao Centro 
Universitário Estácio Radial de São Paulo, 
na disciplina de Psicologia do 
Desenvolvimento e da Aprendizagem, sob 
a orientação da Prof.ª Ms Sonia Maria 
Perroud da Silveira Foresti, como 
componente de nota e para a aprovação 
parcial na disciplina. 
São Paulo 
2017 
3 
SUMÁRIO 
1. OBJETIVOS ..................................................................................................... 03 
2. INTRODUÇÃO ................................................................................................. 04 
3. RELATÓRIO 1ª OBSERVAÇÃO (BEBÊ) ................................................. 05 - 09 
4. RELATÓRIO INDIVIDUAL ............................................................................... 10 
5. ANÁLISE .................................................................................................. 11 - 14 
6. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 15 
7. RELATÓRIO 2ª OBSERVAÇÃO (ADOLESCENTE) ................................ 16 - 20 
8. RELATÓRIO INDIVIDUAL .............................................................................. 21 
9. ANÁLISE .................................................................................................. 22 - 26 
10. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 27 
11. RELATÓRIO 3ª OBSERVAÇÃO (CRIANÇA) .......................................... 28 – 35 
12. RELATÓRIO INDIVIDUAL .............................................................................. 36 
13. ANÁLISE .................................................................................................. 37 – 40 
14. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 41 
15. RELATÓRIO 4ª OBSERVAÇÃO (IDOSO) ............................................... 42 – 51 
16. RELATÓRIO INDIVIDUAL ............................................................................... 52 
17. ANÁLISE .................................................................................................. 53 – 54 
18. JUSTIFICATIVA ............................................................................................... 55 
19. CONCLUSÃO .................................................................................................. 56 
4 
Objetivos 
1. Compreender as diferentes etapas do desenvolvimento infantil (bebês e
crianças), adolescentes e idosos;
2. Reconhecer nos sujeitos os aspectos do desenvolvimento cognitivo,
psicomotor, emocional e social;
3. Construir uma análise crítica das observações realizadas à luz das
diferentes teorias do desenvolvimento e da aprendizagem.
5 
Introdução 
O presente trabalho tem como objetivo, apresentar as observações que 
eu realizei com base nas etapas do desenvolvimento infantil, adolescência e 
velhice. 
O aperfeiçoamento da formação docente somente será alcançado com a 
prática e com a constante obtenção de novas informações. O presente trabalho 
possibilitou a união da prática com a teoria e possibilitou a identificação das 
intervenções para os problemas relacionados com a futura profissão. Para 
tanto, a disciplina de Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem tem 
como objetivo maior, proporcionar às futuras pedagogas um contato direto com 
realidade. 
O intuito do trabalho foi a abrangência de informações pertinentes para o 
aperfeiçoamento dos conhecimentos adquiridos em sala de aula na disciplina 
de Psicologia do Desenvolvimento e da Aprendizagem em sala de aula. 
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Relatório 1ª Observação – Bebê (0 a 2 anos de idade) 
Data: 04/03/2017 
Início: 11h06min 
Término: 14h10min 
Sexo: Feminino 
Idade: 1 ano e 6 meses 
A primeira observação foi realizada no parque infantil do Shopping Campo 
Limpo, Zona Sul de São Paulo. A criança observada chama-se Liz. 
A piscina de bolinhas foi o primeiro brinquedo que a mãe a colocou para brincar 
e de forma rápida ela entendeu a brincadeira. Pegava a bolinha jogava na 
piscina e apontava com o dedo indicador para a mãe pegar. Repetiu essa 
atividade por pouco tempo e depois ficou observando as outras crianças 
maiores brincando na piscina e tentava imitar os mesmos movimentos. Liz não 
fica concentrada muito tempo numa única atividade e se dispersa com muita 
facilidade, uma simples conversa da mãe com alguém do lado, ela para tudo 
que está fazendo e presta bem atenção, porém, como ela é muito pequena 
para o tamanho da piscina de bolinhas e se movimentava com a ajuda da mãe, 
logo se irritou e quis sair da piscina de bolinhas ao ver o pai do lado de fora. De 
braços abertos mexendo os dedos e quase chorando, chamava pelo pai 
diversas vezes: “papai, papai”. O tempo que ficou no brinquedo ultrapassou um 
pouco o limite permitido de 20 minutos. 
No colo do pai, Liz ficou mais tranquila e apontou para outros brinquedos bem 
coloridos que soava musiquinhas. Um dos brinquedos era um carrinho que se 
movimentava em formato de palhaço de circo, ao se aproximar do brinquedo, 
ela falou “pa-ta-ti, pa-ta-ta” de forma devagar, porém bem pronunciada. O pai 
falou para um casal ao lado que ela adora assistir Patati Patatá em desenho. 
Liz dava muita risada conforme o brinquedo se movimentava, sentou retinha e 
firme no brinquedo, embora os pais estivessem perto, ela conseguiu ficar no 
brinquedo e se mexer sozinha. 
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O brinquedo não fazia movimentos bruscos, tinha volante e alguns botões com 
adesivos de buzina e notas musicais. O volante ela não segurou, mas os 
botões ela apertava até dois de uma vez e ria muito ao escutar os diferentes 
sons que emitia cada vez que ela apertava um botão. 
Após este brinquedo, o pai a colocou para andar e ela não parava de correr de 
forma descoordenada parecendo que ia cair a cada instante. Liz já anda, 
porém ainda não tem muita firmeza no caminhar. Ela queria correr como as 
outras crianças, mas não tinha total equilíbrio. Também pude notar que ela 
segurava um celular de brinquedo que emitia sons ao apertar os botões. 
Liz brincou em vários brinquedos e percebi que ela se distraia muito fácil. Ela 
viu um inseto caminhando no chão, apontou com o dedo indicador para o 
inseto e falou “bicho papai, pica” e de forma rápida pisoteou o inseto. 
Apesar de estar focada nos brinquedos ao seu redor, eu percebi que qualquer 
adulto que passava próximo chamava sua atenção, ela fixava os olhos firmes 
sem piscar e os observava por certo tempo. Falou poucas palavras concretas e 
na maioria das vezes para mostrar ou pedir algo aos pais. Mostrou ser muito 
carinhosa com os pais, sempre segurando com as duas mãos no rosto dos pais 
e sorrindo, com as pessoas que paravam para falar com ela, ela sorria e as 
outras crianças que passavam próximo, ela falava “xau, bê” e acenava com a 
mão dando tchau de forma descoordenada e levava a mão até a boca e 
mandava beijo sorrindo muito. 
Após 1 hora e 40 minutos no parque, a mãe de Liz verificou que precisava 
trocar a fralda de Liz, então se dirigiu até o fraldário próximo ao parque. No 
fraldário, eu notei que Liz gosta muito de água, a mãe encheu a banheira e ela 
se equilibrava sozinha na banheira e segurava firme com as duas mãos nas 
bordas da banheira e sacudia com força as pernas, espirrando água na mãe e 
ria muito. O banho foi rápido e a mãe sentou-sena sala de amamentação. Liz 
mamou bem pouco e movimentava as pernas e pés durante a amamentação. 
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Em questão de minutos soltou o peito da mãe e falou: “dá qué pa-ta-ti, pa-ta-
ta”. Mesmo após ter ficado 1 hora e 40 minutos no parque não se cansou e 
quis retornar. Os pais de Liz retornaram ao parque. Porém, ao lado do parque 
tem um refeitório e resolveram almoçar. O pai de Liz escolheu uma mesa e 
colocou Liz na cadeirinha de criança, porém ela resmungou e deu os braços ao 
pai e logo em seguida pediu pela mãe e o pai a entregou para a mãe. Liz 
abraçava o pescoço da mãe e dava vários beijos em seu rosto, soando 
barulhos, pois sugava a bochecha da mãe e dava muitas gargalhadas. Erguia-
se e puxava o pai para fazer o mesmo e repetiu por diversas vezes esse gesto 
e toda vez que repetia olhava aos pais que riam com ela e ela continuava a 
repetir. Entre um beijo e outro ela conseguia beijar sem sugar a bochecha. 
No colo do pai, ao notar que ele mexia no celular, puxou sua cabeça e 
pronunciou: “Bob Zoom”. Enquanto o pai procurava o desenho, Liz observava 
com muita atenção o pai mexendo no celular. A mãe de Liz tirou da bolsa um 
potinho com comida com aspecto de papinha, Liz se recusou a comer mesmo a 
mãe forçando um pouco. Então, o pai de Liz segurou o celular para ela assistir 
o desenho e mãe foi colocando a comida em sua boca. Liz assistia o desenho
e repetia diversas vezes o nome do desenho e tentava cantar a música do 
desenho. Após ter comido toda a comida, a mãe entregou a mamadeira com 
suco para Liz e ela segurou a mamadeira somente com uma mão, em seguida 
pegou o celular do pai e segurou o aparelho bem firme com as duas mãos e de 
forma atenta assistiu o desenho. O pai de Liz a ensinou como aumentar o 
volume do celular e Liz após observar, apertou o botão e olhava ao pai e ele 
falava: “isso mesmo”. Ela repetiu a ação várias vezes e sorria. 
A mãe de Liz foi comprar o almoço e ao retornar a mesa, Liz se esticou no colo 
do pai para observar o que tinha na bandeja e pediu batata frita. A mãe 
assoprava a batata e ia colocando na boca dela e ela foi comendo com muita 
alegria, sorrindo e pedindo mais. Ao notar o celular na mesa, ela pediu: “vídeo”. 
A mãe pediu ao pai para colocar nos vídeos da priminha e ela ria muito 
assistindo o vídeo de uma criança tomando banho. A criança do vídeo parecia 
ter 2 ou 3 anos de idade e observei que a Liz passava com o dedo indicar para 
outros vídeos e aumentava o volume no botão ao lado do aparelho celular. 
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Liz notou próximo da mesa uma bexiga no chão da praça de alimentação, ela 
apontou com o dedo indicador e olhou para o pai. O pai de Liz a colocou no 
chão e ela caminhou rapidamente até o balão, agachou, pegou o balão e ainda 
meio que agachada no chão, apertou a bexiga bem forte e rapidamente a 
estourou. Ela riu muito e entregou o bagaço da bexiga para a mãe. Os pais de 
Liz ficaram conversando com ela e o pai a pegou no colo a ergueu no alto 
falando que ela era muito sapeca e que fazia brincadeiras de aventureira, a 
beijou muito e ela ria muito. Os pais de Liz se levantaram da mesa caminhando 
em direção ao elevador e eu completei minhas observações em 3 horas e 10 
minutos. 
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Relatório Individual: 
Desenvolvimento físico e psicomotor: 
A criança tem 1 ano e 6 meses de idade, é branca, cabelos loiro natural, 
olhos de cor indefinida (entre castanhos e verdes) e pesa 9.500 kg. 
Consegue andar sozinha, porém possui um pouco de dificuldade para se 
equilibrar. Consegue pegar objetos pequenos com movimento de pinça, 
apresenta movimentos com as pernas e pés enquanto mama deitada. Fala 
algumas palavras concretas como “mamãe”, “papai”, “patati patatá”, “dá”, 
“bicho papai, pica” e algumas onomatopeias “qué”, “xau, bê. Possui habilidade 
para segurar sua mamadeira somente com uma mão. Suas mãos alcançam os 
pés, consegue ficar agachada por um tempo e possui boa atenção visual. 
Cognição e aprendizagem escolar: 
Observa tudo e todos à sua volta com muita atenção. Tem facilidade com o 
celular, se diverte e interage com um brinquedo (celular) com sons, figuras e 
luzes e se interessa por sons vindos de perto ou longe, ficando interessada em 
saber de onde vem. Reconhece as músicas e desenhos através dos vídeos. A 
criança tem memória instalada. 
Desenvolvimento social: 
A criança age de forma natural, sem apresentar timidez, sorrindo bastante e 
interagindo com as pessoas e crianças. Olha para todos, sorri e interage 
acenando com a mão, dando tchau. Fala algumas palavras concretas como 
“mamãe”, “papai”, “patati patatá”, “dá”, “bicho papai, pica” e algumas 
onomatopeias “qué”, “xau, bê. Liz é muito sociável. 
Desenvolvimento emocional: 
A criança é receptiva, muito sorridente, não estranha as pessoas ao seu redor. 
Em relação aos pais, abraça e os beija durante a observação. E mesmo ao ver 
sua mãe se afastar não chorou e ficou muito tranquila com o pai. 
11
Análise: 
O período observado foi o período sensório-motor (0 a 2 anos), período de 
adaptação e integração da criança ao mundo que a cerca através das 
percepções e das ações. Nesta fase só o corpo reage, por meio de reflexos 
inatos. É uma etapa de isolamento e indiferenciada (o mundo é ela). 
A criança conquista através da percepção todo o universo que a cerca, sente 
necessidade de explorar o espaço, porque é o momento em que o 
desenvolvimento da habilidade “andar” está no auge e a fala atinge uma 
verdadeira importância. Neste estágio o termo projetivo está relacionado ao 
funcionamento mental que está florescendo na criança. E um período em que 
se utilizam atos motores para auxiliar a exteriorização do pensamento. 
Nesta fase de acordo com as observações de Liz, menciono primeiramente o 
teórico Skinner. A palavra chave da teoria de Skinner é o comportamento. Para 
ele, a aprendizagem concentra-se na capacidade de estimular ou reprimir 
comportamentos, desejáveis ou indesejáveis. Os comportamentos são obtidos 
pelo reforço - estímulo do comportamento desejado. Em vários momentos, os 
pais reforçaram uma ação a estimulando ao aprendizado. O pai a ensinou 
mexer no celular ao mostrar como aumentar o volume e Liz apertou o botão 
diversas vezes, pois sabia que ao apertar o botão conseguiria escutar mais alto 
a música do desenho. Outro estimulo reforçado através da repetição, ocorreu 
quando Liz segurou o rosto dos pais com as duas mãos e sugou a bochecha e 
ao repetir várias vezes essa ação em alguns momentos conseguiu dar um beijo 
sem sugar a bochecha e isso aperfeiçoava o beijo sem sucção. 
Para Erick Erikson, a pessoa se desenvolve de acordo com a realidade que ela 
vive no momento. Esse desenvolvimento se dá em oito fases. A fase de Liz é a 
1ª idade – Confiança versus desconfiança. Cada faixa etária passa por um 
estágio atravessado por uma crise psicossocial entre uma vertente positiva e 
negativa, sendo as duas vertentes necessárias. É essencial sobrepor a 
vertente negativa. 
12
A vertente positiva é essencial ao desenvolvimento, pois a forma como cada 
pessoa enfrenta cada crise determina e promove forças para ser bem sucedido 
no estágio seguinte. Liz está aprendendo o que é ter confiança ou não 
confiança. Percebi em vários momentos que ela tem confiança nas ações que 
realiza. Por exemplo, quando ela segurou sozinha a mamadeira com uma mão. 
Em outro momento, quando o pai a colocou no chão e ela caminhou até a 
bexiga se afastando dos pais, embora ainda com um pouco de desequilibro no 
caminhar e quando ela segurou o celular com firmeza e usou algumas 
funcionalidades do aparelho celular. Liz também se mostrou bastante confiante 
ao lidar com os pais, com as pessoas adultas e as crianças que ela não 
conheciano parque. 
Dessa forma, ela ganha experiência e aprende a confiar e a depender dos pais, 
assim como confiar em si mesmo. A desconfiança é a parte negativa deste 
estágio, que é equilibrada com a segurança pela confiança. Todas as 
confirmações desta formam-se a partir da relação entre a mãe e o bebê. À 
medida que Liz vai adquirindo experiência, ela aprende que as esperanças que 
um dia era prioridades, deixam de o ser, sendo superadas por outras de um 
nível mais elevado. 
Embora não domine a linguagem como um sistema simbólico, os pequenos 
também utilizam manifestações verbais. O choro e o riso têm a função de alívio 
emocional, mas também servem como meio de contato social e de 
comunicação. É o que Vygotsky chamou de fase pré-intelectual da linguagem. 
Essas fases podem ser associadas ao período sensório-motor descrito pelo 
psicólogo Jean Piaget (1896-1980), no qual a ação da criança no mundo é feita 
por meio de sensações e movimentos, sem a mediação de representações 
simbólicas. É a fase na qual a criança depende de sentidos como a visão para 
atuar no mundo e se manifesta exclusivamente por meio de sons e gestos, 
ligados à inteligência prática. Em vários momentos reparei essas 
manifestações em Liz, ela “ameaçava” chorar para conseguir algo e ria muito 
expressando que estava feliz/satisfeita com a realidade vivida naquele 
momento. 
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A principal instituição social para a criança é a família, portanto é essencial 
nessa fase que a criança tenha uma rotina bem planejada, estruturada, 
organizada para o seu melhor desenvolvimento e para ser estimulada ao 
desenvolvimento. Nessa fase também, a criança é muito influenciada pelo meio 
social e cultural em que se situa. As crianças possuem suas características 
próprias e observam o mundo e o comportamento das pessoas que a cerca de 
uma maneira muito distinta. Aprendem através da acumulação de 
conhecimentos, da criação de hipóteses e de experiências vividas, 
(VYGOTSKY,1994). Liz parece ter uma boa estrutura familiar, estava com o pai 
e a mãe e entre eles observei muito respeito e carinho e isso com certeza vão 
refletir no desenvolvimento dela. Ela é uma criança muito observadora e 
aprende com muita facilidade, imitando de forma igual às ações dos adultos. 
Segundo Piaget, é na fase inicial da fala linguística que a criança costuma dizer 
uma única palavra, atribuindo a ela, no entanto o valor de frase. Conforme 
observado, Liz diz: “xau, bê” acenando com a mão, expressando um 
pensamento completo: Tchau, beijo. Essas palavras com valor de frases são 
chamadas holófrases. A partir daqui acontece uma “explosão de nomes”, e o 
vocabulário cresce muito. Aos dois anos espera-se que a criança seja capaz de 
utilizar um vocabulário de mais de cem palavras (PIAGET,1971). 
Piaget relata que a evolução cognitiva leva à percepção da existência de outras 
pessoas e à colocação de si próprio como um indivíduo entre os demais. 
Assim, para Piaget, o objetivo do desenvolvimento é a socialização do 
pensamento, sendo a interação com outras pessoas de importância 
fundamental na construção do conhecimento e constituindo-se numa de suas 
forças motivadoras, (PIAGET, 1967). 
Ainda sobre a fase do desenvolvimento, segundo a teoria de Sigmund Freud, 
Liz se encontra no estágio oral, zona erógena: boca. Durante esse estágio, a 
fonte primária de interação ocorre através da boca, de modo que o 
enraizamento e reflexo de sucção é especialmente importante. A boca é vital 
para comer e a criança obtém prazer da estimulação oral por meio de 
atividades gratificantes, como degustar e chupar. 
14
Liz ainda é totalmente dependente da mãe, pois não está no processo de 
desmame apesar de consumir outros alimentos além do leite materno. 
Segundo as minhas observações, os pais corresponderam de forma adequada 
às necessidades de Liz e nessa fase é de suma importância, pois desenvolve 
em Liz um sentimento de confiança e conforto através desta estimulação oral e 
as questões dessa fase são resolvidas não permitindo que fixação ocorra e Liz 
passe para a fase seguinte sem sequelas. 
O conflito principal nesta fase é o processo de desmame, Liz está quase com 
dois anos de idade e deve tornar-se menos dependente da mãe. Pois, se 
ocorrer fixação nesta fase, Freud acreditava que o indivíduo teria problemas 
com dependência ou agressão. Fixação oral pode resultar em problemas com a 
bebida, comer, fumar ou roer as unhas. 
15
Justificativa: 
Este trabalho justifica a importância de cada fase do desenvolvimento. Nesse 
sentido o objetivo geral das observações foi verificar como se dá o processo de 
desenvolvimento nos bebês de 0 a 2 anos de idade, abordando os aspectos 
cognitivo, físico e motor, emocional e social. 
A primeira observação foi muito empolgante, pois a criança Liz é muito agitada, 
atenta, observadora e com muita facilidade para aprender, isso me encantou! 
Liz demonstra estar em perfeitas condições de desenvolvimento de acordo com 
a sua idade. E essa fase, a primeira idade é o período de adaptação e 
integração da criança ao mundo que a cerca através das percepções e das 
ações. Percebi também que os pais contribuem de forma correta ao 
desenvolvimento de Liz e isso contribui de forma positiva para seu o 
crescimento de acordo com o tempo dela. 
Ao realizar a observação, pude ver que todas as fases motoras, cognitivas e 
linguísticas estão envolvidas, e negligenciar uma deles seria perder a 
oportunidade de ver como a criança se desenvolve. 
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Relatório 2ª Observação – Adolescente (12 a 19 anos de idade) 
Data: 27/03/2017 
Início: 19h12min 
Término: 22h20min 
Sexo: Masculino 
Idade: 18 anos 
Escolaridade: 6º ano 
As observações foram realizadas na sala da (EJA) Educação de Jovens e 
Adultos, composta por 19 estudantes, sendo 10 do sexo feminino e 09 do sexo 
masculino, na escola EMEF Modesto Scagliuse. A turma era mista em idade, 
sendo que o educando mais novo tinha 18 anos, chamado Gael e este foi o 
adolescente observado. Todos os estudantes são moradores do bairro 
Piracuama, próximo ao Taboão da Serra, em SP. 
Fui apresentada ao professor Valadão, adentrei a sala e comecei a 
observação. O professor Valadão conversou um pouco com os alunos sobre 
assuntos do dia a dia e disse que ia dar um tempo para todos chegarem, pois a 
noite estava chuvosa e alguns saem direto do trabalho e é comum se 
atrasarem. O professor me apresentou aos alunos ali presentes e explicou que 
eu observaria a aula. 
O professor pediu aos alunos para abrirem o livro: É Bom Aprender – 
Educação de Jovens e Adultos – Vol. Único – Alfabetização na página 320, 
cujo título da atividade era: Medidas de Capacidade. Ele explicou que fariam a 
correção dos exercícios pedidos na aula anterior e relembrou o que são as 
medidas de capacidade e para que servem. Citou alguns exemplos de medidas 
de capacidade que utilizamos no dia a dia para demonstrar a quantidade 
existente em litros: caixas de leite, garrafas, galão de água, copo do 
liquidificador, entre outros. 
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Enquanto o professor explicava, Gael adentrou na sala se desculpando em voz 
alta e falou que se atrasou devido o trânsito e se sentou próximo a mesa do 
professor. Retirou um caderno sem capa da bolsa e falou que esqueceu o livro 
e que não tinha respondido todos os exercícios. O professor disse para ele ficar 
tranquilo que o ajudaria e passaria em cada mesa para ajudar os demais, pois 
alguns não tinham feito em casa como ele havia pedido. Então, ele daria mais 
um tempo para todos responderem. 
Os exercícios do livro eram cálculos simples de multiplicação e divisão, porém 
três alunos tiveram bastante dificuldade em responder as questões, poisnão 
sabiam multiplicar e dividir, nem ao menos sabiam quais sinais usar para 
montar a conta. Um destes alunos foi Gael, ele começou a apagar com muita 
força tudo o que já tinha feito, o professor pedir para ele refazer, pois as 
respostas estavam erradas. De repente a folha rasgou, ele arrancou a folha, a 
rasgou em vários pedaços e jogou praticamente no rosto do professor e disse 
que não iria fazer mais nada, chutou uma cadeira e se retirou da sala. 
O professor ficou observando o tempo todo com muita atenção tudo o que ele 
fez até o momento que ele se retirou da sala e não falou nada para ele, 
somente pediu aos alunos que continuassem tentando fazer os exercícios e 
que não se importassem com o Gael. 
O professor passou de mesa em mesa para se certificar que os demais alunos 
estavam respondendo os exercícios. Sentou-se em sua mesa e pediu aos 
alunos que terminaram de responder que levassem o caderno até ele e os 
alunos que ainda tinham dúvida que pedissem ajuda ao colega ao lado ou ir até 
a mesa dele para ele ajudar. O professor se dirigiu a mim e falou que o aluno 
Gael vez por outra demonstra esse tipo de atitude que eu presenciei. 
Demonstra-se desatento e violento, mas não com as pessoas, ele desconta a 
sua raiva nos objetos e que isso se deve porque ele teve problemas com 
drogas e que vive com a vó que é idosa e impossibilitada de ajudar muito na 
sua criação e que ainda quando era menor de idade foi preso por ter praticado 
alguns delitos de roubo e que ao sair resolveu estudar e conseguiu um trabalho 
com carteira registrada. 
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Soou o alarme para o intervalo e todos desceram para o pátio. Ao chegar ao 
refeitório, vi Gael sentado na mesa comendo a refeição. Ele estava bem suado 
e falou ao colega ao lado dele que ao sair da sala tinha ido a quadra jogar 
futebol com mais três garotos e que ele ganhou a partida, pois os “meninos 
eram muito ruim de bola”, disse Gael. Ele disse que estava com muita fome e 
que iria repetir a refeição e que “a tia da merenda miguelou o pãozinho (risos)”, 
falou Gael aos colegas na mesa. A senhora que entregava a refeição, 
entregava além do prato com macarronada, um mini pão francês e um suco de 
caixinha. Gael se levantou, se dirigiu até o refeitório e falou que ia repetir e em 
tom de brincadeira e sorrindo falou para a senhora entregar o pãozinho dessa 
vez, ela sorriu e disse que tinha se esquecido de entregar. De volta à mesa, 
Gael se demonstrou bastante simpático com os demais colegas, conversava 
sem parar e ria muito mesmo quando o assunto não era engraçado. A 
recíproca era a mesma dos colegas e eles falaram em vários momentos que 
Gael era doido e riam muito. 
De volta à sala, Gael se dirigiu ao professor e pediu desculpas, disse que ficou 
nervoso e que não queria fazer os exercícios porque eram difíceis, mas que ele 
estava mais calmo e iria tentar. Mas Gael não tentou realizar a atividade, ficou 
conversando com os dois colegas próximos a ele, ria muito e não parava de 
conversar sobre diversos assuntos ao mesmo tempo. Assuntos do dia a dia, do 
percurso até o trabalho, do trabalho e de pessoas no trabalho que ficam 
“tirando ele”, conforme suas palavras. Ele trabalha numa doceria como 
estoquista. Reparei que um dos colegas mais próximo de Gael, é especial, ele 
não interage com os demais, mas se dá muito bem com Gael, ele ri de tudo 
que Gael fala e não faz as atividades propostas pelo professor. Em 
determinado momento, o professor chamou atenção de um dos colegas de 
Gael e ele o defendeu. Disse ao professor não brigar com o amigo, pois ele 
também estava conversando bastante e tirando a atenção dos demais alunos. 
O professor então falou: “ê Gael, você não tem jeito! Conseguiu resolver as 
contas?”. Gael respondeu rindo: “tá tirando professor? Tenho jeito sim! Mas 
essas contas são difíceis, prefiro pintar os desenhos, posso?”. O professor 
Valadão permitiu que Gael e o seu amigo que é especial só pintassem as 
imagens do livro. 
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O professor disse que não ia corrigir na lousa os exercícios de matemática, 
pois já tinha olhado o caderno de todos e corrigido no próprio caderno e que 
faria uma nova atividade, porém de português. 
O professor entregou aos alunos uma folha de sulfite. Era um texto com a 
temática: “A fada”. Um texto curto, porém com uma linguagem formal e 
continha três perguntas sobre o entendimento do texto. O professor pediu aos 
alunos para que lessem e respondessem as perguntas sobre o texto. Percebi 
que alguns alunos tinham muita dificuldade para ler, inclusive Gael, porém ele 
ainda assim se saía melhor que os outros colegas. Primeiro lê todas as letras e 
depois tenta ler as sílabas e quando entende cada sílaba, lê a palavra com 
perfeição e a repete três vezes. O professor observa e o elogia: “muito bom 
Gael”. E Gael fala rindo: “eu sei, você acha que eu não sei ler? Agora eu te 
provei que sei né?”. Todos ficaram rindo, inclusive o professor. Não demorou 
muito para Gael não terminar de ler o texto e preferiu novamente pintar as 
figuras do texto. Gael pintava a fada e as flores combinando as cores e não 
deixou nenhuma parte dos desenhos sem pintar. 
Enquanto Gael pintava os desenhos, o professor leu o texto em voz alta e 
pediu aos alunos para que falassem o que entenderam. Uma senhora que 
sentava no centro da sala falou que o texto era sobre uma fada, mas que ela 
não conseguiu ler todas as palavras. O professor então explica que é isso 
mesmo, o texto fala de uma fadinha, uma fadinha alegre que encanta todos 
num mundo encantado cheio de alegria e magia. Ela sonha um dia sair do 
mundo encantado e conhecer a Terra e as crianças. 
Após a explicação do texto, o professor pede aos alunos para responderem as 
perguntas e irem até a sua mesa para ele corrigir. Gael termina de pintar os 
desenhos e sai da sala dizendo que vai ao banheiro e o professor pediu para 
ele não demorar, pois ele teria que responder as perguntas do texto. Eu fui 
atrás de Gael e ele não foi ao banheiro, se dirigiu a sala de informática e muito 
simpático e sorridente cumprimentou uma professora: “Oi fessora Cristina, 
amanhã foi chegar cedo para sua aula”. Passou em mais uma sala e 
cumprimentou a professora Luiza, dizendo: “e aí fessora, suave? Saudade!”. 
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A professora Luiza respondeu: “estou bem Gael e você, porque não está na 
sala? Juízo menino!”. Gael riu e falou que ia ao banheiro. Gael se dirigiu ao 
banheiro e após retornou para a sala. 
De volta à sala, Gael ficou me olhando e falou algumas coisas em voz baixa ao 
colega ao seu lado, ambos ficaram rindo. O professor perguntou o que houve e 
Gael respondeu: essa moça é bonita, muito bonita, ela deveria ser minha 
professora não o senhor e riu muito com o que acabara de falar. O professor riu 
e falou que ele estava muito ousado e que embora fosse indiscreto ele 
concordava que realmente eu sou bonita, mas que eu não estava ali como 
enfeite e que estou me formando como professora. Gael ficou envergonhado e 
falou que queria que acontecesse logo e que ele ainda estaria na escola 
quando eu já fosse professora. 
O professor chamou a atenção dos alunos porque estavam conversando muito 
e se já tinham terminado a atividade pra ele corrigir. Então, se levantou foi até a 
lousa e escreveu as perguntas sobre o texto. Em seguida, pediu aos alunos 
que respondessem e vários alunos não tinham feito a atividade. O professor 
escreveu então as respostas corretas e pediu que os alunos escrevessem na 
folha da atividade e o entregassem. Gael continuou conversando e só 
respondeu uma pergunta, a pergunta era qual o nome da fada? Ele respondeu 
Lana, conforme no texto e entregou a atividade ao professor. 
O professor liberou os alunos eos desejou uma boa noite. Eu finalizei minhas 
observações em 3 horas e 8 minutos. Antes de sair da sala de aula, falei ao 
professor Valadão que gostei da turma e que retornaria outro dia para 
acompanhar uma aula e interagir com os alunos, principalmente Gael, pois foi o 
aluno que eu observei e mais me chamou atenção. O professor me desejou 
boa sorte na formação e disse para eu voltar. 
21
Relatório Individual: 
Desenvolvimento físico e psicomotor: 
O aluno tem aproximadamente 1,60m de altura, é negro, cabelos castanho 
escuro, olhos castanho escuro e em média de 54 kg. O aluno se apresentou 
bastante observador a tudo ao seu redor, mas não apresentou devida atenção 
ao professor e as atividades apresentadas. 
Cognição e aprendizagem escolar: 
O aluno se apresentou completamente desatento ao conteúdo dado pelo 
professor, ele propôs o que ele queria realizar durante os três tempos de aula. 
Conversa o tempo todo e fala alto, ri muito. Fala muitas gírias e não fala o 
português corretamente. Não sabe ler fluentemente, mas com muita dificuldade 
quando se esforça, consegue ler as palavras. A escrita é deficiente e adora 
pintar. Não consegue se concentrar em fazer uma coisa de cada vez. 
Desenvolvimento social: 
Gael é social. Dá-se bem com os colegas de sala, com os professores e 
funcionários da escola, tem amigos e cuida dos mesmos, defendeu um dos 
colegas prontamente retirando a culpa dele quando o professor chamou a 
atenção do amigo. Gael é muito simpático, sorridente e carinhoso com todos. 
Conhece todos pelo nome e os tratam com carinho e alegria. 
Desenvolvimento emocional: 
O aluno apresentou alterações emocionais, quando o professor pediu para ele 
refazer os exercícios que ele tinha passado para casa e que não foi feito 
corretamente. Gael apagou com muita força tudo o que já tinha feito até a folha 
rasgar. Arrancou a folha do caderno, rasgou em vários pedaços e jogou 
praticamente no rosto do professor. Levantou-se, chutou a cadeira e saiu da 
sala. Após o intervalo, ele retornou para a sala e pediu desculpas ao professor. 
Porém, continuou chamando a atenção de todos por conversar alto, rir muito, 
atrapalhar os demais colegas e não realizar as atividades que o professor 
pediu para ele fazer. 
22
Análise 
O período observado foi o período de transição entre a infância e a vida adulta. 
O indivíduo observado é um adolescente de 18 anos e chamou muito minha 
atenção, por sua constante alteração de personalidade/humor durante a aula, 
tais como, responder o professor, tirar a atenção dos colegas, rasgar a folha do 
caderno e jogar praticamente no rosto do professor e se retirar da sala, mas 
totalmente carinhoso e protetor com seus amigos mais próximos, ao ponto de 
assumir a culpa quando o professor chamou a atenção de um desses colegas. 
A atitude do professor em relação a esse aluno é bem difícil, pois ele não 
consegue prender sua atenção na atividade e não insiste para que ele aprenda 
o que foi pedido, permitindo assim que o aluno pinte um desenho ao invés de
tentar sentar com ele ou estimulá-lo de outra maneira para ajuda-lo a realizar a 
atividade. 
Segundo Freud, a escola não é somente um espaço de "transmissão de 
conhecimentos", mas também um espaço onde as crianças possam expressar 
suas emoções. O que me fez pensar que antes de cobrar um aluno e chamar 
sua atenção o educando pode mudar o método e até mesmo conversar com o 
aluno para tentar entender suas dificuldades e tentar ajuda-lo. 
Segundo Vygotsky, [...] o aprendizado das crianças começa muito antes delas 
frequentarem a escola. Qualquer situação de aprendizado com a qual a criança 
se defronta na escola tem sempre uma história prévia. Por exemplo, as 
crianças começam a estudar aritmética na escola, mas muito antes elas 
tiveram alguma experiência com quantidades – elas tiveram que lidar com 
operações de divisão, adição, subtração e determinação de tamanho. 
Consequentemente, as crianças têm a sua própria aritmética pré-escolar, que 
somente psicólogos míopes podem ignorar (VYGOTSKY, 1989). 
O processo de ensino e aprendizagem da matemática deve ser bem trabalhado 
nas escolas, para que futuramente os alunos não apresentem dificuldades 
graves, quanto à construção deficiente do pensamento lógico-abstrato. 
23
Segundo as minhas observações, tinha alunos que há muitos anos não 
frequentavam a escola, Gael ficou cinco anos sem frequentar a escola e foram 
nítidas as deficiências no aprendizado. A disciplina da primeira aula era 
matemática e o ensino se apresentou descontextualizado, inflexível e imutável. 
Gael foi um mero expectador e não um sujeito partícipe. Os conteúdos e a 
metodologia não se articularam com os objetivos de um ensino que serviu à 
inserção social de Gael, ao desenvolvimento do seu potencial, de sua 
expressão e interação com o meio. 
O professor já está com a turma do EJA tempo suficiente para conhecer o perfil 
de cada aluno e percebi que lidar com os alunos da EJA, requer realizar 
atividades que façam parte da realidade deles para estimula-los a construção 
do pensamento de forma significativa. Eu vi a lista de chamada e percebi que 
muitos alunos não compareceram a aula, e isso dificulta o processo de 
aprendizagem, pois como a escola é ciclada depende muito da presença e 
participação de todos, apesar de os estudantes terem vontade de estudar, a 
rotina do trabalho profissional age de contra peso nesse processo de 
aprendizagem e a evasão escolar principalmente nessa modalidade, é um dos 
principais problemas a serem resolvidos. Os jogos pedagógicos, por exemplo, 
poderiam ter sido utilizados como estratégia didática para o conteúdo 
matemático, com a finalidade de despertar o interesse de Gael e dos demais 
alunos, ou no final, para reforçar a aprendizagem. 
Segundo Freud, Gael está no estágio genital (11 a 18 anos), o início da 
puberdade faz com que a libido se torne ativa novamente. Durante esta fase, 
as pessoas desenvolvem um forte interesse no sexo oposto. Se o 
desenvolvimento é bem sucedido neste ponto, o indivíduo irá continuar a 
evoluir para uma pessoa bem equilibrada. Gael me reparou na sala e comentou 
com os amigos e com o professor que eu sou muito bonita e que ele gostaria 
que eu fosse professora dele. 
Ainda sobre a fase do desenvolvimento, segundo a teoria de Piaget, Gael 
encontra-se no período das operações formais (a partir dos 11/12 anos em 
diante, até a vida adulta). 
24
Para Piaget, entre os 12 e 16 anos, o sujeito experiencia a fase de 
desenvolvimento chamada de operações formais. A característica focal desta 
fase é a transição para o modo adulto de pensar. É durante essa fase que se 
forma a capacidade de raciocinar sobre hipóteses e ideias abstratas. Nesse 
momento, a linguagem tem um papel fundamental, porque serve de suporte 
conceitual. Nesta fase, o individuo se torna capaz de raciocinar logicamente, 
mesmo se o conteúdo do seu raciocínio é falso. Durante as minhas 
observações, eu não consegui perceber esse raciocínio lógico em Gael, 
acredito que nas atividades de matemática seria a oportunidade de observar 
melhor esse lado em Gael. Gael não realizou as atividades e até mesmo nos 
seus comportamentos demonstrou atitudes muito imaturas para a sua idade. 
Gael só quis pintar os desenhos ao invés de resolver os problemas 
matemáticos e se demonstrou o tempo todo desatento às lições durante os três 
tempos de aula. Foi nítido que Gael não ampliou as capacidades na fase 
anterior (operatório concreto 7 a 11 anos) e que não consegue raciocinar sobre 
hipóteses na medida em que ele é capaz de formar esquemas conceituais 
abstratos e através deles executar operações mentais dentro de princípiosda 
lógica formal. 
Para Erick Erikson, a pessoa se desenvolve de acordo com a realidade que ela 
vive no momento. Esse desenvolvimento se dá em oito fases. A fase de Gael é 
5ª (quinta) idade – Identidade versus Confusão. Esse estágio ocorre durante a 
adolescência e pelo o que eu observei e soube pelo professor, no caso de Gael 
foi turbulenta. Esta fase tem um papel essencial no desenvolvimento de um 
senso de identidade pessoal que continuará a influenciar o comportamento e 
desenvolvimento para o resto da vida de. Durante a adolescência, as crianças 
exploram a sua independência e desenvolvem um sentido de si. Aquelas que 
recebem incentivos e reforço adequado através da exploração pessoal vão 
emergir desta fase com um forte senso de si mesma e uma sensação de 
independência e controle. Aquelas que permanecem inseguras de suas 
crenças e desejos vão se sentir inseguras e confusas sobre si mesmas e o 
futuro. Concluir esta etapa leva com sucesso para a fidelidade, o que Erikson 
descreveu como uma capacidade de viver de acordo com as normas e as 
expectativas da sociedade. 
25
No caso de Gael, ele passou por momentos bem difíceis, uma infância difícil, o 
que contribui para que ainda esteja um pouco perdido nessa fase, mas se tiver 
a motivação correta e ajuda de profissionais capacitados que possam ajuda-lo, 
acredito que ele consiga crescer no aprendizado escolar e como pessoa. O 
passo mais importante ele já deu, retornar a escola e se esforçar para 
comparecer as aulas e até realizar alguma atividade, como por exemplo ao 
tentar ler o poema que o professor entregou. O que faltou foi um interesse 
maior do professor em não só cumprir o programa, mas em ter um interesse 
maior em Gael e nos outros alunos, justamente por conhecer o perfil e 
personalidade de cada um dos alunos. 
Pensada para o contexto escolar, a teoria de David Ausubel leva em conta a 
história do sujeito e ressalta o papel dos docentes na proposição de situações 
que favoreçam a aprendizagem. De acordo com ele, há duas condições para 
que a aprendizagem significativa ocorra: o conteúdo a ser ensinado deve ser 
potencialmente revelador e o estudante precisa estar disposto a relacionar o 
material de maneira consistente e não arbitrária, ou seja, que não dependa só 
da sua vontade. Infelizmente, no caso de Gael, segundo as minhas 
observações, essas condições foram ignoradas. 
Ensinar sem levar em conta o que a criança já sabe, segundo Ausubel, é um 
esforço vão, pois o novo conhecimento não tem onde se ancorar. Segundo o 
que eu observei, não aconteceu isso durante as aulas do professor Valadão, 
não houve uma sondagem para saber o que os alunos já sabiam sobre as 
contas de multiplicação e divisão e onde encontraram maior dificuldade para 
realizar os exercícios, isso contribuiu para que Gael não tivesse interesse em 
realizar a atividade, ele simplesmente se mostrou irritadiço pelo professor ter 
chamado sua atenção ao ponto de rasgar a folha do caderno e sair da sala. A 
escola deve ser um ambiente motivador. Pode-se preparar a melhor atividade, 
mas é o aluno que determina se houve ou não a compreensão do tema. De 
nada adianta desenvolver uma aula divertida se ela for encaminhada de forma 
automática, sem possibilitar a reflexão e a negociação de significados. 
26
Infelizmente eu vi que ainda temos um modelo de escola que treina o aluno 
para memorizar, e não para pensar. O papel do aluno não deveria ser de mero 
anotador e nem mesmo se resumir a passar de ano. Sua função é interpretar a 
informação e avaliar se concorda com o professor. É uma cultura difícil de 
construir, mas necessária. Principalmente no caso do jovem que eu observei 
que já vem de uma história complicada em suas fases de desenvolvimento. Ter 
pelo menos o apoio da escola nessa sentido já ajudaria muito Gael a passar 
para a próxima fase sem mais sequelas. 
De acordo com Bandura, a punição e o reforço podem influênciar o que as 
pessoas fazem e não o que elas aprendem. Sendo assim, os professores 
devem servir de modelo para as crianças, visto que depois da idade da infância 
elas passam por um período longo de aprendizagem, assim o professor deve 
ser o espelho da sociedade para que ele dê ao aluno aquilo que a sociedade 
precisa. O professor deve ser amigo dos seus educandos e, através da 
utilização de princípios psicológicos, assisti-los de modo a que venham a 
serem pessoas esperadas pela sociedade. Uma repreenção a um aluno que 
nao està atento à aula pode impedir o outro de ter um comportamento 
semelhante, enquanto que a aprovaçao de um comportamento ou desempenho 
de um aluno pode ser exemplo para outros estudantes que desejam uma 
aprovação semelhante. 
A aprendizagem por observação pode ser facilitada pelos alunos se 
trabalharem frequentemente em pequenos grupos, para que aqueles que 
tenham bons resultados sirvam de modelos para os outros. 
Os alunos precisam de orientação académica, vocacional, social e de 
personalidade, os professores sao responsaveis por favorecer essas 
orientações que guiam a um melhor conhecimento. 
27
Justificativa: 
Este trabalho justifica a importância de cada fase do desenvolvimento. Nesse 
sentido o objetivo geral das observações foi verificar como se dá o processo de 
desenvolvimento nos adolescentes de 12 a 19 anos de idade, abordando os 
aspectos cognitivo, físico e motor, emocional e social. 
A segunda observação não foi tão empolgante, pois o jovem observado me 
deixou curiosa em saber mais sobre a sua história e porque age de forma 
confusa em vários momentos. Gael não me demonstrou estar em perfeitas 
condições de acordo com a sua idade. A adolescência é o período de transição 
entre a infância e a vida adulta, caracterizado por impulsos do desenvolvimento 
físico, mental, emocional, sexual e social e por esforços do indivíduo para 
alcançar os objetivos relacionados às expectativas culturais da sociedade em 
que vive. A adolescência inicia-se com as mudanças corporais da puberdade e 
termina quando o indivíduo consolida o seu crescimento e a sua personalidade, 
obtendo, progressivamente, a sua independência económica, além da 
integração no seu grupo social. Embora Gael já tenha quase 19 anos de idade, 
já trabalha e pelo o que eu soube ajuda com as despesas financeiras em casa, 
pois mora com a avó que já é bem idosa, segundo as suas atitudes de 
comportamento, Gael me demonstrou ter ficado “preso” as suas fases 
anteriores de desenvolvimento e por isso não atende de as expectativas da 
fase atual. 
Segundo os teóricos de Psicologia mencionados neste trabalho, todas as fases 
motoras, cognitivas e linguísticas estão envolvidas, e negligenciar uma deles 
pode deixar sequelas na fase seguinte e vida adulta. Pude perceber isso no 
caso de Gael e é lamentável isso ter ocorrido, porque negligenciar o bom 
desenvolvimento de qualquer uma das fases é perder a oportunidade do 
indivíduo se desenvolver como deveria. 
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Relatório 3ª Observação – Criança (2 a 11 anos de idade) 
Data: 11/04/2017 
Início: 09h16min 
Término: 12h21min 
Sexo: Feminino 
Idade: 3 anos 
As observações foram realizadas na residência da minha vizinha no Jardim 
Piracuama, Zona Sul de São Paulo. A criança observada chama-se Ana Clara. 
O primeiro dia de observação iniciou-se às 09h16min, a criança é cuidada pela 
avó Marli e estava muito alegre este dia, pois ficava dizendo o tempo todo para 
a avó que no dia seguinte ela iria para a escolinha e que tinham que arrumar a 
bolsa dela para não esquecer nada. A avó disse que iam arrumar as coisas e 
que ela ia gostar muito de ter novas coleguinhas e aprender a escrever e ler. 
Ana Clara acabara de completar três anos de idadee seria o seu primeiro dia 
de aula no dia seguinte. Ela estava assistindo um desenho na TV Cultura: 
“Shaun, o carneiro”, segundo a avó é o preferido dela. Ela estava deitada e 
abraçada com a pelúcia que é o personagem do desenho Shaun, o carneiro. 
Após o desenho, a avó desceu para a cozinha com Ana Clara e pediu para ela 
sentar-se à mesa para tomar café da amanhã, ela falou: “tá bom vó maí”. A avó 
preparou um pão com manteiga e achocolatado. Ana Clara, fala para a vó: “vó 
quero ueite”. A avó me disse que ela fala vó maí, mas que consegue falar o 
nome dela certinho: Marli, o que parece é que a trata assim como uma forma 
carinhosa de chama-la. A avó serviu o café da manhã e Ana Clara agradeceu: 
“Obrigada vó maí, te amo. Vou comer tudo para ficar forte!” A avó respondeu: 
“eu também minha pequena!”. 
 Ana Clara pediu então para avó a deixa-la enviar um áudio para a tia anfá e a 
avó entregou o celular para ela e ela mesma entrou no contato da tia e mandou 
o áudio: “bom dia tia anfá, estou tomando um cafezinho, tchau, beijo, te amo tia
anfá!”. 
29
A senhora Marli me falou que Ana Clara tem três tias e a tia anfá, se chama 
Gabriela e que desde bebê ela a chama assim. A tia Gabriela é a tia preferida 
de Ana Clara, é também sua madrinha, ela a ama muito e é muito apegada. 
Como a tia não mora perto, ela mata a saudade pelo whatsapp, telefone e 
ligações por vídeo. Ana Clara pede para a avó tirar uma foto e enviar para a tia 
e antes de enviar, ela pede para ver: “deixa eu ver”. Sorrindo pede para a vó 
enviar. Não demorou muito para a tia responder com outro áudio a tia fala: 
“Bom dia minha pequena, a tia também te ama muito. Isso mesmo toma o seu 
cafezinho e depois vai brincar. Aninha sábado a tia vai te buscar para dormir 
comigo tá bom, beijo.”. Ana Clara responde o áudio: “Tia anfá, estou muito feliz, 
amanhã eu vou para a escolinha, você vai me levar?”. A tia responde: “Não vou 
conseguir te levar, mas a vó vai e tudo vai dar certo”. Ana Clara responde: “Tá 
bom tia anfá, eu combinei com a vó para ela me esperar na porta da escola até 
a hora que eu sair, ela vai ficar com o Shaun carneiro e com a tia anfá”. 
A avó de Ana Clara me fala neste momento que ela tem uma boneca de pano e 
colocou o nome da boneca de tia anfá. Foi um presente da tia, tanto a boneca 
quanto a pelúcia do desenho preferido da criança. 
Ana Clara termina de tomar o café da manhã e fala para a vó que vai brincar. 
Na casa da avó tem um quarto de brinquedos, mas não são brinquedos da Ana 
Clara, com a avó mora a prima de Ana Clara, chamada Eduarda de oito anos, e 
neste horário ela está na escola, porém a Ana Clara fica brincando enquanto a 
prima não chega. Ana Clara entra no quarto e fala: “filhinhas a mamãe chegou, 
vou preparar o almoço de vocês, fiquem quietinhas assistindo o desenho”. 
Neste quarto tem uma televisão e avó já tinha deixado ligada no desenho do 
Mickey Mouse. Ana Clara brinca de fazer comidinhas no fogão e serve as 
bonecas que estão na cama, finge que está dando chá, pão e ovo frito. Fala 
para as bonecas ficarem quietas que ela vai lavar a louça e que não podem 
fazer bagunça. Ana Clara vira para uma das bonecas e briga porque ela está 
irritando o irmãozinho e fala que ela está de castigo e que não adianta chorar 
porque ela precisa aprender a obedecer e ser amiguinha dos irmãos. 
30
Enquanto isso, a avó de Ana Clara, está limpando o quarto e disse que fica 
tranquila enquanto Ana Clara está um pouco longe dela, pois é uma criança 
muito boazinha e não dá muito trabalho. Ana Clara aparece no quarto e pede 
para a vó leva-la ao banheiro, pois está com vontade de fazer “xixi”. Enquanto 
a avó coloca no vaso, ela pergunta para a avó: “o que essa mulher está 
fazendo aqui?”. A avó sorri e fala que estou de visita e que depois vou embora. 
Ela olha para mim e sorri. 
De volta ao quarto de brinquedos, Ana Clara pega a boneca que chama de tia 
anfá e começa a dançar a música que está tocando no DVD do Patati Patatá. 
Segura a boneca bem na sua frente e fala para a boneca: “a tia anfá vai me 
buscar, eu vou para a casa dela, vou brincar, a tia anfá vai me dar banho, me 
dar um ueitinho e me levar no parquinho, no shopping, você vai também, tem 
que ficar quietinha”. 
Ana Clara chama a avó novamente e fala que quer fazer “cocô”. A avó a coloca 
no vaso e pede para chama-la quando terminar. Enquanto faz suas 
necessidades, Ana Clara olha para a lixeira (lixeira artesanal com flores, 
conchinhas do mar, estrelas do mar e algas) ao seu lado, olha as imagens e 
fala as cores corretamente: “vermelho, verde, amarelo e azul!”. Então grita: “Vó 
terminei”. A avó pega o papel higiênico e Ana Clara fala: “Não vó é pra limpar 
meu bumbum com o lencinho”. A avó passa o lencinho e ela dá um pulo 
dizendo que está gelado e ri muito com a avó. Em seguida, ela pede para a vó 
o celular e pede para ver os vídeos, a avó coloca no ícone dos vídeos e ela vai
passando para os vídeos que ela quer ver, me pareceu que ela já sabia todos 
os vídeos que tem no celular e os vídeos que mais gosta é de um bebê. Ana 
Clara ia assistindo o vídeo e rindo muito e falando para a avó: “vó, eu amo a 
nú”. “Nú” é a prima mais nova de Ana Clara, se chama Manuella e também não 
mora próximo de Ana Clara, segundo a avó, Manuella é muito apegada à prima 
e vai a sua casa todos os finais de semana, ela tem um ano e meio e se dá 
muito bem com Ana Clara. Um dos vídeos que Ana Clara vê, a prima Manuella 
fala: “Aninha, Ana Clara”. Outro vídeo, a prima Manuella está assistindo um 
desenho, dança um pouco e chama pela Ana Clara. 
31
Ana Clara se cansa de ver os vídeos e se dirige ao quarto da prima Eduarda. 
Mexe em uma coisa e outra, abre uma porta do guarda roupas e pega um 
caderno e um estojo com lápis de colorir. Fala para si mesma: “Eu vou escrever 
o meu nome e desenhar a tia anfá”. Ana Clara desenha várias bolinhas.
As bolinhas que Ana Clara desenhou não eram uniformes e diferentes 
tamanhos. Ela fez várias bolinhas e com outra cor de lápis, ela pintou as 
bolinhas, fazendo riscos na horizontal e vertical. 
A avó apareceu na porta do quarto e perguntou: “Aninha o que está fazendo? 
Você sabe que a duda não gosta que mexe nas coisas dela”. Ana Clara 
responde: “Vó eu estou estudando estou quietinha, estou fazendo um desenho 
pra tia anfá”. Ela pega o caderno e mostra para a avó. A senhora Marli elogia: 
“Que lindo meu amor, ela vai amar”. Ana Clara sorri e fala: “Agora eu vou 
escrever: te amo tia anfá”. Neste momento, o telefone toca e Ana Clara corre 
para o quarto da avó e atende: “Alô, oi mãe! Eu estou bem, estou brincando e 
fazendo um desenho pra tia anfá. Tá bom mãe, eu estou quietinha, a avó está 
limpando o quarto, tchau mãe, beijo, te amo!”. Entrega o telefone para a avó e 
corre para o quarto da prima novamente. A avó atende ao telefone grita: 
“Aninha sem correr, você cai”. Ela responde do quarto: “Cai nada, eu sou 
esperta e irada” e dá risada. De volta ao quarto, Ana Clara arranca a folha do 
caderno, dobra de qualquer jeito a folha e vai até o quarto da avó e coloca a 
folha na segunda gaveta do guarda roupas, a avó ainda está no telefone, ela 
puxa a saia da avó e avisa que deixou o desenho da tia anfá na segunda 
gaveta e que não é para deixar ninguém pegar. A avó não deu muita atenção, 
mas viu o que ela fez e a respondeu que está bom, que ela não vai sumir com 
a folha. 
A avó desliga o telefone e fala para Ana Clara para descer com ela na cozinha. 
Na cozinha a avó descasca uma maça e entrega num potinho para Ana Clara. 
Ana Clara come a maça e brinca correndo com a cachorrinha Belinha e canta a 
música de abertura do Shaun, o Carneiro (seu desenho preferido). 
32
A cachorrinhaé da raça maltês e bem pequena, então a avó pede para ela ter 
cuidado e não correr para não cair, para comer e depois brincar. Ana Clara 
obedece e após comer toda a maçã, fica brincando com a cachorrinha, a 
cachorrinha fica de barriga pra cima e Ana Clara coça a barriga dela e mostra 
para a avó as mamas da cachorrinha, ela conta cada uma das mamas da 
cachorrinha seguindo a sequência correta: “1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8 ebaaaa, 
Belinha você é muito fofinha, te amo belinha”. 
A avó fala para Ana Clara continuar na cozinha, mas não ir perto do fogão, pois 
ela ia preparar o almoço. Ana Clara responde: “Vó eu quero a tia anfá e o 
Shaun”. A avó pede para ela subir com cuidado no quarto e descer devagar a 
escada. Ana Clara responde: “Tá bom vó maí”. Sobe a escada segurando no 
corrimão e contando os degraus na sequência correta: “1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 
10!” Entra no quarto, pega a pelúcia e a boneca e coloca numa mochila, coloca 
nas costas e desce a escada falando: “Precisa descer com calma e cuidado, é 
perigoso, não pode correr, senão cai e morre”. A avó aparece na escada e a 
observa descendo a escada e fala: “Isso mesmo, tem que descer com 
cuidado”. 
Ana Clara coloca a pelúcia e a boneca de pano num carrinho de boneca e fala 
que vai leva-los para a escolinha e que eles devem ficar quietos e não pode 
chorar. “A escola é boa, a professora é boazinha, não precisa ter medo”. A avó 
chama Ana Clara na cozinha e fala que elas precisam ir ao mercado para 
comprar frutas para o suquinho dela. Ana Clara pede para a vó arrumar o 
cabelo dela, corre no banheiro e pega um pente e entrega para a avó, a avó 
penteia o cabelo dela e prende com uma “xuxinha” de cabelo. Ana Clara pega 
uma blusa e tira sozinha a blusa que está vestida, troca pela blusa que 
escolheu e fala: “Vamos vó, posso levar a tia anfá?”. A avó a responde: “Pode 
levar, mas na volta não adianta querer que eu leve, porque eu não vou pegar 
daí a tia anfá vai ficar lá no mercado sozinha”. Ana Clara faz uma expressão 
pensativa e fala para a avó que não pode esquecer a tia anfá, porque ela vai 
ficar sozinha com medo e chorar. 
33
Ao sair, Ana Clara dá tchau para a cachorrinha Belinha e fala: “Tchau Belinha, 
te amo, daqui a pouco eu volto”. O mercado fica muito próximo da residência 
da senhora Marli, ao chegar ao mercado, Ana Clara se mostrou quieta, não 
soltou da mão da vó e mesmo ao ver várias coisas no mercado não pediu nada 
para a avó. Enquanto a avó escolhia as frutas, ela observava tudo ao seu redor 
e falou para a avó que a tia anfá estava quietinha. A avó falou: “Isso mesmo, 
vocês duas são obedientes e por isso merecem um doce após o almoço, mas 
só se comerem tudo!”. Ana Clara sorri para a vó e fala que vai comer tudo 
primeiro que a tia anfá. Uma senhora que estava próximo, elogia a boneca de 
Ana Clara: “Nossa, como é linda sua boneca, igual você!”. 
Ana Clara sorri e responde: “Obrigada, ela se chama tia anfá, minha tia anfá 
que me deu, eu amo muito minha tia, ela é bonita. Amanhã eu vou para a 
escolinha, eu vou ficar quietinha”. A senhora sorriu e se despediu de Ana Clara. 
Ana Clara deu tchau e falou: “Tchau, beijo, te amo!”. 
De volta a casa, a avó de Ana Clara coloca a comida no prato e pede para Ana 
Clara sentar-se à mesa. A refeição é arroz, purê de batata e frango cozido com 
legumes. Ana Clara olha para o prato e fala: “Antes de comer, a oração. Jeová 
Deus, obrigada por esse alimento, em nome de Jesus, amém!” A avó fala: 
“Amém, agora come tudo e assopra se estiver quente”. Ana Clara segura a 
colher de forma coordenada e come sem derramar a comida. Enquanto isso, a 
avó vai preparando um suco de maracujá com morango. Ana Clara pergunta 
para a avó: “É suco de uaranja vó?” A avó responde: “Não meu amor, não é 
suco de laranja, é suco de maracujá com morango. Após você comer, vai 
descansar um pouquinho e dormir tá bom?”. Ana Clara responde: “Tá bom vó 
maí, você conta a historinha do Rei Davi?”. A avó fala: “Mas de novo?”. Ri e 
fala: “Tá bom, mas amanhã eu vou contar uma história nova”. Ana Clara pede 
que a avó se aproxime dá um abraço e um beijo em seu rosto e fala: “Te amo 
vovó”. 
Ana Clara come toda a comida e a Belinha começa a latir, alguém tocou a 
campainha e a vó fala: “A duda chegou”. Ana Clara fica toda feliz e fala: 
“Dudaaaa”. A avó serve o suco para a Ana Clara e fala para ela esperar na 
mesa que a duda também iria almoçar. Ana Clara obedece. 
34
A avó vai até o portão e abre para a Eduarda entrar. Eduarda entra e dá um 
beijo na avó e ao adentrar em casa, dá um beijo na prima Ana Clara, se dirige 
ao banheiro e Ana Clara vai atrás dela e fala: “Duda amanhã eu vou para a 
escolinha, não é na sua escola, porque lá é para crianças grande né?”. 
Eduarda responde: “É aninha, sua escola é para bebês”. A avó chama Eduarda 
para almoçar: “Duda já lavou as mãos, vem almoçar”. Eduarda vai para a mesa 
e a refeição é um pouco diferente da Ana Clara, a avó dá uma salada de 
entrada e depois arroz, purê de batata e frango preparado na grelha. Ana Clara 
olha para a prima e fala: “Duda não esquece, antes de comer o que deve 
fazer?”. A prima ri e responde: “A oração”. Ana Clara repete a oração que fez 
ao almoçar e demonstra um sorriso “largo” por ter feito a oração para a prima. 
Enquanto Eduarda almoça, Ana Clara fica na mesa brincando com a boneca e 
falando que ela comeu tudo e que ganharia um doce. A avó entrega para Ana 
Clara um potinho com mouse de maracujá. 
O celular da avó está na mesa e soa uma notificação do whatsapp, Ana Clara 
olha para a avó e fala: “Vó o uê mandou mensagem”. “Uê” é a tia chamada 
Letícia e que todos chamam de lê, a avó de Ana Clara me falou que Letícia é a 
mãe da Manuella, a bebê que Ana Clara estava vendo os vídeos mais cedo. 
Ana Clara sozinha entra no contato da tia e envia um áudio: “Oi uê, tudo bem, 
cadê a nú, saudade, tchau, beijo, te amo uê, te amo nú”. A avó pede para 
Eduarda terminar de almoçar e subir ao quarto para descansar e que ela faria 
Ana Clara dormir. A avó sobe para o quarto com Ana Clara, e Ana Clara fala: 
“Antes da historinha é hora de escovar os dentinhos né vó”. A avó responde: 
“Isso mesmo”. Ana Clara se abaixa, pega a latinha de lixo, aproxima da pia, 
pega a escova de dente, coloca o creme dental na escova, abre a torneira, 
molha um pouco a escova e escova os dentinhos de forma rápida, porém 
coordenada. Lava a escova e a boca, fecha a torneira, pega a toalha de rosto, 
enxuga a boca, desce da lixeira, a coloca no lugar e sobe na cama da avó e 
pega o livro que estava na cabeceira da cama, um livro bíblico com histórias 
bíblicas para crianças. 
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A história escolhida por Ana Clara é do Rei Davi, a avó começa a contar a 
história e algumas falas dos personagens Ana Clara já sabe decoradas, no 
meio da história ela já tinha dormido. A avó a coloca mais para o canto da 
parede e umas almoçadas na ponta da cama, disse que Ana Clara se mexe 
muito e só por isso ela coloca as almofadas. A avó desliga o abajur e fecha a 
porta do quarto. A senhora Marli me disse que após as duas crianças 
acordarem, ela dá banho e café da tarde. A Eduarda sempre tem lição de casa 
e ela a ajuda a fazer e a mãe da Ana Clara passa para busca-la entre às 
17h00/18h00. 
Com isso, eu encerro as minhas observações em 3 horas e 5 minutos. 
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Relatório Individual: 
Desenvolvimento físico e psicomotor: 
A criança tem três anos, é branca, cabelos castanhos claro, olhos castanhos 
claros e pesa 12 kg. A criança já alcançou um nível de autonomia, começando 
uma etapa em que só vai fortalecer cada vez mais suas aptidões. Ana Clara 
consegue correr, subir escadas, contar até 10, classificar as cores 
corretamente, subirescadas, tem boa coordenação, faz desenhos, consegue 
pegar objetos nos móveis, trocar de roupa sozinha, comer sozinha, segurar a 
colher de forma correta, assoprar a comida para esfriar, escovar os dentes e 
subir na cama sozinha. Fala corretamente as palavras e tem boa dicção, porém 
percebi que tem dificuldade somente em pronunciar palavras que se iniciam 
com a letra “l” como por exemplos: leite, le e laranja, a criança fala com som de 
“u”: “ueite”, “uaranja”, “uê”. 
Cognição e aprendizagem escolar: 
Observa tudo e todos à sua volta com muita atenção. Tem facilidade com o 
celular e memorização, sabe cantar a letra inteira das músicas dos desenhos 
preferidos e tem vontade de iniciar o ano escolar o quanto antes, é o que mais 
fala durante as observações, até mesmo para uma senhora no mercado ela 
menciona que vai para a escolinha no dia seguinte e como deve se comportar. 
Tem boa coordenação para desenhar, pintar, contar de 0 a 10 e classificar as 
cores corretamente. A criança tem memória instalada. 
Desenvolvimento social: 
A criança age de forma natural, sem apresentar timidez, sorri bastante e 
interage até mesmo quando não conhece a pessoa, como por exemplo, a 
senhora no mercado. É obediente e comportada. Fala corretamente e com 
coerência, Ana Clara é muito sociável. 
Desenvolvimento emocional: 
A criança é alegre, muito sorridente e vaidosa. É muito amorosa com os 
familiares, sempre fala “te amo” para expressar que gosta dos familiares e até 
mesmo com a senhora no mercado que foi simpática com ela. 
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Análise 
Segundo Piaget, o período observado é o pré-operatório. Ana Clara tem três 
anos de idade e já alcançou um nível de autonomia e está fortalecendo suas 
aptidões, ou seja, suas capacidades motoras e psicológicas já adquiridas e 
inicia o seu processo de socialização. Este estádio também chamado 
pensamento intuitivo é fundamental para o desenvolvimento da criança. Apesar 
de ainda não conseguir efetuar operações, a criança já usa a inteligência e o 
pensamento. 
Neste estádio a criança já é capaz de representar as suas vivências e a sua 
realidade, através de diferentes significantes: 
- Jogo: Para Piaget o jogo mais importante é o jogo simbólico (só acontece
neste período), neste jogo predomina a assimilação, exemplo o jogo de faz de 
conta, notei isso quando Ana Clara vai brincar com as bonecas, ela fala que é a 
mãe das bonecas. Outro exemplo é o jogo de construções que se transforma 
em jogo simbólico com o predomínio da assimilação, Ana Clara fala que o 
quarto das bonecas é a sua casa e que ela vai preparar comida para as 
bonecas e que elas devem se comportar e assistir os desenhos. Também, 
conforme manuseia os objetos (brinquedos) fala sozinha, porque o seu 
pensamento ainda não está organizado, só com o decorrer deste período é que 
o começa a organizar, associando os acontecimentos com a linguagem na sua
ação. 
- Desenho: Até aos dois anos a criança só faz riscos, sem qualquer sentido,
porque para ela, o desenho não tem qualquer significado. A criança, aos três 
anos já atribui significado ao desenho, fazendo riscos na horizontal, na vertical, 
espirais, círculos, no entanto, não dá nome ao que desenha. Tem uma imagem 
mental depois de criar o desenho. Percebi isso no momento que Ana Clara 
pega o caderno e diz que vai fazer escrever o nome dela e desenhar a tia, 
porém ela desenha várias bolas de tamanhos diferentes e pinta as bolas 
fazendo riscos na horizontal e vertical. Posso concluir então que nessa fase, o 
desenho representa a fase mais criativa e diversificada da criança. A criança 
projeta nos seus desenhos a realidade que ela vive, não há realismo na cor, e 
também não há preocupação com os tamanhos. 
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- Linguagem: A linguagem, neste período, começa a ser muito egocêntrica,
pouco socializada, ou seja, a linguagem está centrada na própria criança. Ela 
não consegue distinguir o ponto de vista próprio, do ponto de vista do outro e, 
por isso, revela certa confusão entre o pessoal e o social, o subjetivo e o 
objetivo. Este egocentrismo não significa egoísmo moral. A partir dos dois anos 
dá-se uma enorme evolução na linguagem, a título de exemplo, uma criança de 
dois anos compreende entre 200 a 300 palavras, enquanto que uma de cinco 
anos compreende 2000. Este aumento do número de vocábulos é favorecido 
pela forte motivação dos pais, ou seja, quanto mais forem estimulados 
(canções, jogos, histórias, etc.), melhor desenvolvem a sua linguagem. Neste 
estádio a criança aprende, sobretudo de forma intuitiva, isto é, realiza livres 
associações, fantasias e atribui significados únicos e lógicos. Ana Clara está 
recebendo a motivação correta, pois a sua avó coloca para ela assistir DVDs 
com canções e lê um livro de histórias bíblicas todos os dias. Ana Clara já 
consegue cantar músicas completas e sabe decoradas algumas falas dos 
personagens da história do Rei Davi. 
- Imagem e pensamento: A imagem mental é o suporte para o pensamento. A
criança possui imagens estáticas tendo dificuldade em dar-lhe dinamismo. O 
pensamento existe porque há imagem. É um pensamento egocêntrico porque 
há o predomínio da assimilação, é artificial. Na organização do mundo a 
criança dá explicações pouco lógicas. Ana Clara está no pensamento pré-
conceitual dominada por um pensamento mágico, onde os desejos se tornam 
realidade e que possui também as seguintes características: animismo, 
realismo, finalismo e artificialismo. No caso de Ana Clara, observei o animismo. 
Ana Clara dá características humanas a seres inanimados: a boneca. Por 
exemplo, quando fala para a boneca no quarto que por ela ter irritado o irmão 
está de castigo e que não adianta chorar, ela precisa obedecer. E quando falou 
para a avó que se ela deixasse a boneca no mercado ela ficaria sozinha com 
medo e ia chorar. 
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Segundo Freud, Ana Clara se encontra no estágio anal (faixa etária de 1 a 3 
anos de idade), zona erógena: entranhas e controle da bexiga. Durante a fase 
anal, Freud acreditava que o foco principal da libido estava no controle da 
bexiga e evacuações. O grande conflito nesta fase é o treinamento do toalete – 
a criança tem de aprender a controlar suas necessidades 
corporais. Desenvolver esse controle leva a um sentimento de realização e 
independência. No caso de Ana Clara, ela já passou desse treinamento de 
controlar suas necessidades. Duas vezes, ela pediu para avó leva-la ao 
banheiro e não fez na roupa antes de pedir a avó. Conseguiu ir tranquila ao 
banheiro e realizar suas necessidades, isso já é muito normal e tranquilo para 
ela. Fez até brincadeira quando a avó a limpou com lenço umedecido ao dizer 
que estava gelado. A avó me disse que durante a noite a mãe de Ana Clara 
ainda usa fralda nela por precaução e que só ocorreu uma vez dela urinar 
enquanto dormia. 
Ainda sobre essa fase do desenvolvimento, a segunda etapa da teoria do 
desenvolvimento psicossocial de Erick Erikson tem lugar durante a primeira 
infância e é focada em crianças que desenvolvem uma maior sensação de 
controle pessoal. O estágio que Ana Clara se encontra é Autonomia versus 
Vergonha e Dúvida. Neste ponto do desenvolvimento, ela está apenas 
começando a ganhar um pouco de independência. Segundo as minhas 
observações, em vários momentos percebi que ela executa ações básicas por 
conta própria e toma decisões simples sobre o que ela prefere. Por exemplo, 
quando a avó fala que vão sair e ela sentiu a necessidade de se arrumar, pediu 
para a vó pentear o seu cabelo e trocou de blusa sozinha. Ana Clara é cuidada 
pela avó e ela permite que ela faça escolhas e tome o controle de algumas 
situações e isso ajudará Ana Clara a desenvolver um senso de autonomia.Como Freud, Erikson acredita que o treinamento do toalete era uma parte vital 
desse processo. No entanto, o raciocínio de Erikson foi muito diferente do de 
Freud. Erikson acreditava que aprender a controlar as funções corporais leva a 
uma sensação de controle e um senso de independência. Durante as minhas 
observações, Ana Clara pediu para avó duas vezes para ir ao banheiro e ela 
conseguiu segurar as necessidades antes de chegar ao banheiro. 
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Outros eventos importantes incluem ganhar mais controle sobre as escolhas 
alimentares, preferências de brinquedo, e seleção de roupas. A preferência de 
brinquedos e seleção de roupas foi evidente durante as minhas observações. 
Ana Clara brincou mais com a pelúcia e a boneca de pano que a tia deu. E 
quando a avó falou que iriam sair, ela escolheu a blusa que queria usar e se 
trocou sozinha. 
Crianças que concluem com êxito esta fase se sentem seguras e confiantes, 
enquanto que aquelas que não o fazem são deixadas com um sentimento de 
inadequação e insegurança. Erikson acredita que a obtenção de um equilíbrio 
entre a autonomia e vergonha e dúvida levaria a vontade, que é a crença de 
que as crianças podem agir com intenção, dentro da razão e limites. 
A principal instituição social para a criança é a família, portanto é essencial 
nessa fase que a criança tenha uma rotina bem planejada, estruturada, 
organizada para o seu melhor desenvolvimento e para ser estimulada ao 
desenvolvimento. Nessa fase também, a criança é muito influenciada pelo meio 
social e cultural em que se situa. As crianças possuem suas características 
próprias e observam o mundo e o comportamento das pessoas que a cerca de 
uma maneira muito distinta. Aprendem através da acumulação de 
conhecimentos, da criação de hipóteses e de experiências vividas, 
(VYGOTSKY,1994). Ana Clara me parece ter uma boa estrutura familiar, 
embora passe o dia com a avó, é bem apegada a família porque se sente 
querida e amada pelas primas e pelas tias. Não reparei em nenhum momento 
ela mencionar o pai, pois ela mora com ele. Porém, mesmo assim a senti muito 
alegre, ativa e amorosa por repetir várias vezes que ama a avó, a mãe, as 
primas e a tia preferida que chama de tia “anfá”. 
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Justificativa 
Este trabalho justifica a importância de cada fase do desenvolvimento. Nesse 
sentido o objetivo geral das observações foi verificar como se dá o processo de 
desenvolvimento nas crianças de 2 a 11 anos, abordando os aspectos 
cognitivo, físico e motor, emocional e social. 
As observações que realizei da criança Ana Clara em encantou! Ana Clara 
demonstra estar em perfeitas condições de desenvolvimento de acordo com a 
sua idade. Ana Clara tem três anos de idade e já alcançou um nível de 
autonomia incrível e está fortalecendo suas aptidões, ou seja, suas 
capacidades motoras e psicológicas já adquiridas e inicia o seu processo de 
socialização. Este estádio também chamado pensamento intuitivo é 
fundamental para o desenvolvimento da criança. Apesar de ainda não 
conseguir efetuar operações, a criança já usa a inteligência e o pensamento. E 
é incrível ver que a Ana Clara atende as expectativas da sua fase de 
desenvolvimento. Percebi também que a avó contribui de forma correta ao 
desenvolvimento de Ana Clara e isso contribui de forma positiva para o seu 
crescimento de acordo com o tempo dela. 
Ao realizar a observação, pude ver que todas as fases motoras, cognitivas e 
linguísticas estão envolvidas, e negligenciar uma deles seria perder a 
oportunidade de ver como a criança se desenvolve. 
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Relatório 4ª Observação – Idoso (60 anos de idade em diante) 
1º Dia de Observação 
Data: 02/05/2017 
Início: 13h18min 
Término: 14h20min 
Sexo: Masculino 
Idade: 73 anos 
Local: Comércio de Bolos no Itaim Bibi 
A última observação foi realizada no comércio do Sr. Reinaldo. Ele é dono do 
estabelecimento e vende bolos e doces junto com sua esposa. A esposa 
prepara os bolos e doces e ele atende no balcão e caixa. O estabelecimento 
fica próximo ao escritório que eu trabalho e, portanto, aproveitei o meu horário 
de almoço para realizar as observações. 
No primeiro dia de observação, cheguei à loja, escolhi um lugar e sentei à 
mesa. Estava acompanhada de uma amiga e o Sr. Reinaldo estava lavando 
louças, percebi que ele tem uma postura encurvada, não mantém a coluna 
reta. Muito simpático cumprimentou-nos: “Boa tarde, o que vão querer?” Minha 
amiga pediu dois pedaços de bolo de prestígio e uma água com gás. O Sr. 
Reinaldo fala: “Fiquem a vontade”. Enquanto ele pegava o bolo na vitrine, notei 
que esse processo de pegar o bolo, cortar a fatia e servir nos pratos, pois o Sr. 
Reinaldo executa os movimentos lentamente e treme levemente às mãos. Após 
colocar as fatias dos bolos nos pratos, ele colocou os pratos no balcão, não 
nos trouxe até a mesa. A minha amiga se levantou e pegou os pratos. O Sr. 
Reinaldo sentou-se no caixa e verifica as correspondências, coloca os óculos 
de grau que estava pendurado por uma cordinha em seu pescoço e pega a 
fatura do telefone e começa a analisar minuciosamente e sem sair do caixa 
olha para a cozinha e fala em voz alta: “Maria, como pode essa conta de 
telefone ter vindo esse valor sendo que mal usamos telefone para fazer 
ligações? Que absurdo!”. 
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A esposa não o responde e ele continuou: “Ah agora entendi, você ficou 36 
minutos com o Eduardo no telefone né? Engraçado, porque ele não liga aqui, 
não deixa a gente participar da vida dele, mas dar gastos e me trazer 
problemas ele serve! Eu acho até melhor assim, quem quer problemas?”. 
O Sr. Reinaldo continuou analisando a fatura do telefone e fala olhando para a 
cozinha: “Isso não vai mais acontecer, porque se acontecer você vai mandar a 
conta pra ele pagar!”. A esposa do Sr. Reinaldo mais uma vez não o responde. 
Ele se levanta, pega o maço de cigarros e se dirige para a calçada do 
estabelecimento e acende um cigarro. Reparei que ele segura o cigarro com os 
dedos polegar e indicador (movimento de pinça) da mão direita, nunca tinha 
visto alguém fumar e segurar o cigarro dessa maneira. Enquanto o Sr. Reinaldo 
fumava, conversava consigo mesmo coisas que eu não consegui entender, 
mas suas expressões eram de raiva. 
Uma cliente entra na loja e o Sr. Reinaldo apaga o cigarro na parede e joga o 
restante no lixo na entrada da loja. O Sr. Reinaldo entra na loja sorridente e 
cumprimenta a cliente, muito simpático pergunta o que ela vai querer. Ela 
pergunta se ele aceita pagamento no crédito e ele responde: “não dá, só 
dinheiro ou débito”. A moça então fala que não tem, só estava com o cartão de 
crédito e que depois retornaria. Ele agradece a moça e novamente se dirigiu a 
calçada do estabelecimento, ascende outro cigarro e olha para mim e para a 
minha amiga e fala que não compensa ele vender no crédito porque o valor da 
fatia do bolo é R$ 7,00 e só a taxa que cobram da máquina do cartão não tem 
custo benefício para ele. 
A esposa do Sr. Reinaldo aparece no balcão da loja e começa a arrumar uma 
bandeja de brigadeiros que acabara de trazer da cozinha. O Sr. Reinaldo a vê 
e pergunta: “Todos os brigadeiros estão prontos, posso ligar para a moça vir 
retirar?”. A esposa responde: “Quando estiver tudo pronto eu vou te avisar”. O 
Sr. Reinaldo só olha de forma emburrada e não fala nada. Entra novamente na 
loja, pega uma vassoura e começa a varrer a calçada bem devagar. 
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O telefone toca e o Sr. Reinaldo se dirige ao aparelho bem devagar em passos 
lentos. Ao se aproximar do telefone, o telefone para de toca e ele fica irritado e 
reclama: “Será quem era? Será que é a moça dos brigadeiros? Maria você 
podia ter atendido”. A esposa grita da cozinha:

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