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A constitucionalização do direito

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Parte II: A constitucionalização do direito
I. GENERALIDADE:
A expressão Constitucionalização do direito é de uso recente no vocabulário jurídico, e, além disso, comporta múltiplos sentidos. 
A ideia de constitucionalização do direito que é explorado no texto está associada a um efeito expansivo das normas constitucionais, cujo conteúdo material e axiológico se transmite, com força normativa por todo o sistema jurídico. Os valores, os fins públicos e os comportamentos contemplados nos princípios e regras da Constituição passam a envolver a validade e o sentido de todas as normas do direito infraconstitucional. 
A constitucionalização reflete sobre a atuação dos três poderes, e reflete, também, nas relações entre particulares. Relativamente ao Legislativo, a constitucionalização: limita sua liberdade de conformação na elaboração das leis em geral e lhe impõe determinados deveres de atuação para realização de direitos e programas constitucionais. No tocante à Administração Pública, a sua liberdade também é limitada, é determinado a ela deveres de atuação, e é fornecido fundamento de validade para a prática de atos de aplicação direta e imediata da Constituição. Quanto ao Poder Judiciário, serve de parâmetro para o controle de constitucionalidade por ele desempenhado (incidental e por ação direta), bem como condiciona a interpretação de todas as normas do sistema. Por fim, para os particulares, estabelece limitações à sua autonomia da vontade, em domínios como a liberdade de contratar ou o uso da propriedade privada, sendo submetidos valores constitucionais e ao respeito a direitos fundamentais.
II. ORIGEM E EVOLUÇÃO DO FENÔMENO
Ao analisar a origem e a evolução da constitucionalização, pode-se vislumbrar que a concepção moderna de Estado Democrático teve suas raízes no século XVIII, quando se afirmaram certos valores fundamentais da pessoa humana, e passou-se a exigir do Estado uma organização e funcionamento de modo que se protegessem tais valores.
Barroso garante que a constitucionalização do direito surgiu na Alemanha, por volta de 1949, firmando o Direito constitucional em situações individuais. A explicação que o autor determina no desenrolar histórico é que nesta época e neste país, o sistema jurídico deveria proteger determinados valores, pessoas, mas pelo interesse geral da sociedade. 
Segundo Barroso, os Estados Unidos da América são o berço do constitucionalismo escrito e do controle de constitucionalidade. A Constituição americana expõe desde 1787, que foi assentada nos valores fundamentais.
A história narra as perspectivas da Itália e a Constituição de 1948. Barroso analisa seu termo:
O processo de Constitucionalização do Direito iniciou-se na década de 60, consumando-se nos anos 70. [...]. Assim, pelos nove primeiros anos de vigência, a Constituição e os direitos fundamentais nela previstos não repercutiram sobre a aplicação do direito ordinário.
Como exemplo a Itália, importante frisar que as transformações ocorridas têm como diretrizes a crença na necessidade de proteção ao indivíduo e que os sistemas políticos compreendidos entre os séculos XIX e metade do século XX não passaram de mera tentativa de realizar as aspirações dos séculos XVIII.
A França teve como ponto de partida no reconhecimento das normas constitucionais muito tempo depois, com a impregnação da ordem jurídica pela Constituição.
Tendo em vista a modificação e o início da constitucionalização em diversas partes do planeta, pôde-se melhor compreender os conflitos acerca dos objetivos do Estado e a participação da população, bem como as dificuldades de se ajustar às exigências da vida contemporânea à ideia de Estado Democrático. 
A partir daí países passaram a adotar a constitucionalidade e o Poder judiciário expandiu seu controle jurisdicional. Quando ocorreu a redemocratização da Europa após a 2ª. Guerra Mundial e a redemocratização de Portugal e da Espanha (década de 70), o Brasil seguiu o exemplo de constitucionalidade. A Constituição de 1988 ajudou a fazer a travessia de um Estado autoritário para o Estado democrático de Direito.
III. A CONSTITUCIONALIZAÇÃO DO DIREITO NO BRASIL
No que se refere ao marco filosófico, a era constitucional para o autor é pós-positivista, visto que há a superação da relevância da lei escrita, reaproximação com a moral e a ética, o reconhecimento dos princípios, principalmente, a dignidade da pessoa e o processo legal.
Pela adoção do texto constitucional de um Estado Democrático de Direito, segue-se o Princípio Máximo: Princípio da Dignidade Humana. Não basta mais a simples adequação do fato ao tipo de lei. É necessário analisar a compatibilidade vertical imposta pelo Constituição, visando a uma correta interpretação e a uma justa aplicação das normas.
No texto Barroso implica que a Carta de 1988 tem a consolidação da dignidade humana. Após o aparato e o decorrer da História Constitucional chega ao Brasil, via Estados Unidos, Alemanha e Itália, dentre outros, a influência da Carta Magna. Barroso é feliz ao postular sua opinião sobre a consolidação da Lei Maior e os interesses legítimos dos trabalhadores, das classes econômicas e do seu corporativismo, que traçou âmbitos pluridisciplinares à normatividade da lei.
"Quanto ao ponto aqui relevante, é bem de ver que todos os principais ramos do direito infraconstitucional tiveram aspectos seus, de maior ou menor relevância, tratados na Constituição. A catalogação dessas previsões vai dos princípios gerais às regras miúdas, levando o leitor do espanto ao fastio. Assim se passa com o direito administrativo, civil, penal, do trabalho, processual civil e penal, financeiro e orçamentário, tributário, internacional e mais além. Há, igualmente, um título dedicado à ordem econômica, no qual se incluem normas sobre política urbana, agrícola e sistema financeiro. E outro dedicado à ordem social dividido em numerosos capítulos e seções, que vão da saúde até os índios".
O autor entende que o legislador passa a ler a constituição e se incorpora em suas características para que ocorra a leitura da norma infraconstitucional. Há para o doutrinador uma superposição entre os dois temas. Muda a qualidade embora os limites de atuação da esfera legislativa. Ele também postula a importância da passagem da Constituição para o Centro do Sistema Jurídico; da supremacia formal à supremacia material da Constituição, a atenuação da dualidade entre o Direito Público e o Privado e, por fim, a Constitucionalização do Direito. Surge o Constitucionalismo Democrático: ideologia vitoriosa do século XX.
"O sistema jurídico se pauta integralmente na Constituição. Juristas e doutrinadores, no entendimento do Professor Barroso, a Carta de 1988 passa a ser uma única ordem jurídica, harmônica e social. Por exemplo, houve a descodificação do velho Código Civil e sua influência dentro do Direito Civil. Adentrou-se na função didática o que o lado constitucional permeia. Juntos, Constituição e códigos se completam. Nos entrosamentos de Paulo Bonavides (apud BARROSO, 2006) ao exorar que: “ontem os Códigos, hoje, a Constituição”.
Qualquer operação de realização envolve a aplicação direta ou indireta da Lei Maior. Aplica-se à Constituição:
a) Diretamente: quando uma pretensão se fundar em uma norma do próprio texto constitucional. Por exemplo: o pedido de reconhecimento de uma imunidade tributária (CF, art.150, VI) ou o pedido de nulidade de uma prova obtida por meio ilícito (CF, art. 5º. LVI)
b) Indiretamente: quando uma pretensão se fundar em uma norma infraconstitucional, por duas razões: (i) antes de aplicar a norma, o intérprete deverá verificar se ela é compatível com a Constituição, porque se não for, não deverá fazê-la incidir. Esta operação está sempre presente no raciocínio do operador do Direito, ainda que não seja por ele explicitada; (ii) ao aplicar a norma, o intérprete deverá orientar seu sentido e alcance à realização dos fins constitucionais.
Para o autor, as possibilidades interpretativas incluem:
a) O reconhecimento da revogação das normasinfraconstitucionais anteriores à Constituição (ou à emenda constitucional, quando com ela são incompatíveis;
b) A declaração de inconstitucionalidade de normas infraconstitucionais posteriores à Constituição, quando com ela incompatíveis;
c) A declaração de inconstitucionalidade por omissão, com a consequente convocação à atuação do legislador.
Resumindo, a força normativa constitucional ganhou expectativas de difusão da Lei Maior no Brasil atual. Estamos vivenciando o Estado democrático de Direito. “O caráter enciclopédico” da Constituição derivava do medo do retorno ao arbítrio, ainda muito recente na memória nacional. Na Constituição de 1988, chamada de “Constituição Cidadã”, os Direitos Individuais Clássicos são assegurados, portanto, a Constitucionalização é um legado para as próximas gerações brasileiras. Não há como retroceder diante do aparato que a história constitucional apresentou.
BIBLIOGRAFIA:
BARROSO, Luís Roberto. O novo Direito Constitucional e a constitucionalização do Direito. Acesso em 20 de outubro de 2017.
BARROSO, Luís Roberto. Neoconstitucionalismo e constitucionalização do direito: o triunfo tardio do direito constitucional no Brasil. Themis : Revista da ESMEC, Fortaleza, v. 4 , n. 2, p. 13-100, jul./dez. 2006. Disponível em: <http://www.tjce.jus.br/esmec/pdf/THEMIS_v4_n_2.pdf>. Acesso em 20 outubro de 2017.
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Stefanye Picini da Silva RA:19530

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