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Consciência, Inconsciente e Instintos segundo Freud

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Freud inicia seu pensamento teórico assumindo que não há nenhuma descontinuidade na vida mental. Ele afirmou que nada ocorre ao acaso e muito menos os processos mentais. Há uma causa para cada pensamento, para cada memória revivida, sentimento ou ação.
Cada evento mental é causado pela intenção consciente ou inconsciente e é determinado pelos fatos que o precederam. Uma vez que alguns eventos mentais "parecem" ocorrer espontaneamente, Freud começou a procurar e descrever os elos ocultos que ligavam um evento consciente a outro. O ponto de partida dessa investigação é o fato da consciência.
Consciente, Pré-Consciente e Inconsciente
Segundo Freud, o consciente é somente uma pequena parte da mente, incluindo tudo do que estamos cientes num dado momento. O interesse de Freud era muito maior com relação às áreas da consciência menos expostas e exploradas, que ele denominava Pré-Consciente e Inconsciente.
Inconsciente. A premissa inicial de Freud era de que há conexões entre todos os eventos mentais e quando um pensamento ou sentimento parece não estar relacionado aos pensamentos e sentimentos que o precedem, as conexões estariam no inconsciente. Uma vez que estes elos inconscientes são descobertos, a aparente descontinuidade está resolvida. "Denominamos um processo psíquico inconsciente, cuja existência somos obrigados a supor - devido a um motivo tal que inferimos a partir de seus efeitos - mas do qual nada sabemos" (1933, livro 28, p. 90 na ed. bras.).
No inconsciente estão elementos instintivos não acessíveis à consciência. Além disso, há também material que foi excluído da consciência, censurado e reprimido. Este material não é esquecido nem perdido mas não é permitido ser lembrado. O pensamento ou a memória ainda afetam a consciência, mas apenas indiretamente.
O inconsciente, por sua vez, não é apático e inerte, havendo uma vivacidade e imediatismo em seu material. Memórias muito antigas quando liberadas à consciência, podem mostrar que não perderam nada de sua força emocional. "Aprendemos pela experiência que os processos mentais inconscientes são em si mesmos intemporais. Isto significa em primeiro lugar que não são ordenados temporalmente, que o tempo de modo algum os altera, e que a idéia de tempo não lhes pode ser aplicada" (1920, livro 13, pp. 41-2 na ed. bras.).
Assim sendo, para Freud a maior parte da consciência é inconsciente. Ali estão os principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica, as pulsões e os instintos.
Pré-consciente. Estritamente falando, o Pré-Consciente é uma parte do Inconsciente, uma parte que pode tornar-se consciente com facilidade. As porções da memória que nos são facilmente acessíveis fazem parte do Pré-Consciente. Estas podem incluir lembranças de ontem, o segundo nome, as ruas onde moramos, certas datas comemorativas, nossos alimentos prediletos, o cheiro de certos perfumes e uma grande quantidade de outras experiências passadas. O Pré-Consciente é como uma vasta área de posse das lembranças de que a consciência precisa para desempenhar suas funções.
	 
	Sigmund Freud nasceu em 06 de maio de 1856 em Freiberg, Moravia. Recebeu o prenome de Scholomo Sigismund, o qual Freud mudou para Sigmund em 1878. Nenhum dos textos anteriores ao ano de 1886 foi integrado às suas obras completas, por oposição de seus filhos e herdeiros Ernst e Anna Freud. Sua obra anterior aos textos de psicanálise, compreendendo o período de 1877 a 1886, é composta de 21 artigos sobre diversos temas: neurologia, medicina, histologia, cocaína. Sua obra sobre psicanálise é composta de 24 livros e 123 artigos, além de comentários, prefácios, etc. e traduzida em cerca de 30 línguas.
Pulsões ou Instintos
Instintos são pressões que dirigem um organismo para determinados fins particulares. Quando Freud usa o termo, ele não se refere aos complexos padrões de comportamento herdados dos animais inferiores, mas aos seus equivalentes humanos. Tais instintos são "a suprema causa de toda atividade" (1940, livro 7, p. 21 na ed. bras.). Freud reconhecia os aspectos físicos dos instintos como necessidades, enquanto denominava seus aspectos mentais de desejos. Os instintos são as forças propulsoras que incitam as pessoas à ação.
Todo instinto tem quatro componentes: uma fonte, uma finalidade, uma pressão e um objeto. A fonte é quando emerge uma necessidade, podendo ser uma parte ou todo corpo. A finalidade é reduzir essa necessidade até que nenhuma ação seja mais necessária, é dar ao organismo a satisfação que ele deseja no momento. A pressão é a quantidade de energia ou força que é usada para satisfazer o instinto e é determinada pela intensidade ou urgência da necessidade subjacente. O objeto de um instinto é qualquer coisa, ação ou expressão que permite a satisfação da finalidade original.
Tomamos como exemplo uma pessoa com sede. O corpo desidrata-se até o ponto em que precisa de mais líquido, portanto, a fonte é a necessidade crescente de líquidos. À medida que a necessidade se torna maior, torna-se consciente como a sensação de sede. Enquanto esta sede não for satisfeita, torna-se mais pronunciada e, ao mesmo tempo em que aumenta sua intensidade, também aumenta a pressão ou energia disponível para fazer algo no sentido de aliviar a sede.
A finalidade é reduzir a tensão e o objeto não é simplesmente um líquido, seja leite, água ou cerveja, mas todo o ato que busca reduzir essa tensão. Isto inclui levantar-se, ir a um determinado lugar, escolher entre várias bebidas, preparar uma delas e bebê-la.
Enquanto as reações iniciais de busca podem ser instintivas, o ponto crítico a ser lembrado é que há a possibilidade de satisfazer o instinto de várias maneiras. A capacidade de satisfazer necessidades nos animais é via de regra limitada a um padrão de comportamento estereotipado de cada espécie. Os instintos humanos servem apenas para iniciar a ação. Mas esta, por sua vez, não é predeterminada pela biologia de nossa espécie e nem se caracteriza sempre numa determinada ação particular.
O número de soluções possíveis para um ser humano satisfazer uma finalidade instintiva é uma soma de sua necessidade biológica inicial, mais seu desejo mental (que pode ou não ser consciente) e mais uma grande quantidade de idéias anteriores, hábitos e opções disponíveis.
Freud assume que o modelo mental e comportamental normal e saudável tem a finalidade de reduzir a tensão a níveis previamente aceitáveis. Uma pessoa com certa necessidade continuará buscando atividades que possam reduzir esta tensão original. O ciclo completo de comportamento que parte do repouso para a tensão e a atividade, e volta para o repouso, é denominado modelo de tensão-redução. As tensões são resolvidas pela volta do corpo ao nível de equilíbrio que existia antes da necessidade emergir.
Ao examinar analiticamente um determinado comportamento, Freud considerava que a pessoa procurava satisfazer, por essa atividade, suas pulsões psicofísicas subjacentes. Se observarmos pessoas comendo, supomos que elas estão satisfazendo sua fome, da mesma forma como se estão chorando será provável que algo as perturbou. O trabalho analítico envolve a procura das causas dos pensamentos e comportamentos, de modo que se possa lidar de forma mais adequada com uma necessidade que está sendo imperfeitamente satisfeita por um pensamento ou comportamento particular.
No entanto, vários pensamentos e comportamentos parecem não reduzir esta tensão. De fato, eles aparecem para criar mais tensão ou ansiedade. Estes comportamentos podem indicar que a expressão direta de um instinto pode ter sido bloqueada. Embora seja possível catalogar uma série ampla de instintos, Freud tentou reduzir esta diversidade a alguns instintos que chamou de básicos.
	Freud nasceu em uma família de abastados comerciantes judeus. Seu pai, Jakob Freud, que exercia o ofício de comerciante de lã e têxteis, casou-se, pela primeira vez, aos 17 anos e teve dois filhos (Emmanuel e Philippe). Viúvo, casa-se novamente com Amália Nathanson, de 20 anos, idade do segundofilho de Jakob. Freud será o mais velho dos oito filhos do segundo casamento de seu pai, e seu companheiro preferido de brinquedos foi seu sobrinho, que tinha um ano a mais do que ele. Do casamento de Jacob e Amália nasceram os seguintes irmãos de Freud: Julius, Anna, Débora (Rosa), Marie (Mitzi), Adolfine (Dolfi), Pauline (Paula) e Alexander.
	 
Instintos Básicos
Num primeiro momento Freud descreveu duas forças instintivas opostas, a sexual (erótica ou fisicamente gratificante) e a agressiva ou destrutiva. Suas últimas descrições, mais globais, encararam essas forças ou como mantenedoras da vida ou como incitadoras da morte. Essas formulações supõem dois conflitos instintivos básicos, biológicos, contínuos e não-resolvidos. Tal antagonismo básico não costuma ser visível ou consciente, e a maioria de nossos pensamentos e ações é evocada por estas ambas forças instintivas em combinação.
Freud impressionou-se com a diversidade e complexidade do comportamento que emerge da fusão das pulsões básicas. Por exemplo, ele escreve: "Os instintos sexuais fazem-se notar por sua plasticidade, sua capacidade de alterar suas finalidades, sua capacidade de se substituírem, permitindo uma satisfação instintiva ser substituída por outra, e por sua possibilidade de se submeterem a adiamentos . . . " (1933, livro 28, p. 122 na ed. bras.). Os instintos seriam então, canais através dos quais a energia pudesse fluir.
Libido e Energia Agressiva
Cada um destes instintos gerais teria uma fonte de energia separadamente. Libido (da palavra latina para "desejo" ou "anseio") é a energia aproveitável para os instintos de vida. "Sua produção, aumento ou diminuição, distribuição e deslocamento devem propiciar-nos possibilidades de explicar os fenômenos psicossexuais observados" ( 1905a, livro 2, p. 113 na ed. bras.). Outra característica importante da libido é sua mobilidade, ou a facilidade com que pode passar de uma área de atenção para outra.
A energia do instinto de agressão ou de morte não tem um nome especial, como tem o instinto da vida (Libido). Ela supostamente apresenta as mesmas propriedades gerais que a Libido, embora Freud não tenha elucidado este aspecto.
Catexia
Catexia é o processo pelo qual a energia libidinal disponível na psique é vinculada a ou investida na representação mental de uma pessoa, idéia ou coisa. A libido que foi catexizada perde sua mobilidade original e não pode mais mover-se em direção a novos objetos. Está enraizada em qualquer parte da psique que a atraiu e segurou.
Tomando a Libido como exemplo de uma dada quantidade de dinheiro, a Catexia seria o processo de investir esse dinheiro. Digamos, então, que uma porção do dinheiro foi investida (catexizada), permanecendo nessa hipotética aplicação e deixando algo a a menos do montante original para investir em outro lugar.
Estudos psicanalíticos sobre luto, por exemplo, interpretam o desinteresse das ocupações normais e a preocupação com o recente finado como uma retirada de Libido dos relacionamentos habituais e uma extrema Catexia na pessoa perdida.
A teoria psicanalítica se interessa em compreender onde a libido foi catexizada inadequadamente. Uma vez liberada ou redirecionada, esta mesma energia ficará disponível para satisfazer outras necessidades habituais. A necessidade de liberar energias presas também se encontra nos trabalhos de Rogers e Maslow, assim como no Budismo. Cada uma dessas teorias chega a diferentes conclusões a respeito da fonte da energia psíquica, mas todos concordam com a alegação freudiana de que a identificação e a canalização dessa energia são uma questão importante na compreensão da personalidade.
	 
	Em setembro de 1886, depois de um noivado de vários anos, desposa Martha Bernays, com quem terá cinco filhos. Em 1883, é nomeado docente-privado (que equivale, na França, ao título de mestre conferencista) e professor honorário em 1902. Apesar de todos os tipos de hostilidade e dificuldades,Freud sempre se recusará a abandonar Viena. Foi somente pela pressão de seus alunos e amigos e depois do “Anschluss” de março de 1938 que irá finalmente se decidir, dois meses mais tarde, a partir para Londres.
Estrutura da Personalidade
As observações de Freud revelaram uma série interminável de conflitos e acordos psíquicos. A um instinto opunha-se outro. Eram proibições sociais que bloqueavam pulsões biológicas e os modos de enfrentar situações freqüentemente chocavam-se uns com os outros.
Ele tentou ordenar este caos aparente propondo três componentes básicos estruturais da psique: o Id, o Ego e o Superego.
O Id
O Id contém tudo o que é herdado, que se acha presente no nascimento e está presente na constituição, acima de tudo os instintos que se originam da organização somática e encontram expressão psíquica sob formas que nos são desconhecidas (1940, livro 7, pp. 17-18 na ed. bras.). O Id é a estrutura da personalidade original, básica e central do ser humano, exposta tanto às exigências somáticas do corpo às exigências do ego e do superego.
As leis lógicas do pensamento não se aplicam ao Id, havendo assim, impulsos contrários lado a lado, sem que um anule o outro, ou sem que um diminua o outro (1933, livro 28, p. 94 na ed. bras.). O Id seria o reservatório de energia de toda a personalidade.
O Id pode ser associado a um cavalo cuja força é total, mas que depende do cavaleiro para usar de modo adequado essa força. Os conteúdos do Id são quase todos inconscientes, eles incluem configurações mentais que nunca se tornaram conscientes, assim como o material que foi considerado inaceitável pela consciência. Um pensamento ou uma lembrança, excluído da consciência mas localizado na área do Id, será capaz de influenciar toda vida mental de uma pessoa.
O Ego
O Ego é a parte do aparelho psíquico que está em contato com a realidade externa. O Ego se desenvolve a partir do Id, à medida que a pessoa vai tomando consciência de sua própria identidade, vai aprendendo a aplacar as constantes exigências do Id. Como a casca de uma árvore, o Ego protege o Id, mas extrai dele a energia suficiente para suas realizações. Ele tem a tarefa de garantir a saúde, segurança e sanidade da personalidade.
Uma das características principais do Ego é estabelecer a conexão entre a percepção sensorial e a ação muscular, ou seja, comandar o movimento voluntário. Ele tem a tarefa de auto-preservação. Com referência aos acontecimentos externos, o Ego desempenha sua função dando conta dos estímulos externos, armazenando experiências sobre eles na memória, evitando o excesso de estímulos internos (mediante a fuga), lidando com estímulos moderados (através da adaptação) e aprendendo, através da atividade, a produzir modificações convenientes no mundo externo em seu próprio benefício.
Com referência aos acontecimentos internos, ou seja, em relação ao Id, o Ego desempenha a missão de obter controle sobre as exigências dos instintos, decidindo se elas devem ou não ser satisfeitas, adiando essa satisfação para ocasiões e circunstâncias mais favoráveis ou suprimindo inteiramente essas excitações. O Ego considera as tensões produzidas pelos estímulos, coordena e conduz estas tensões adequadamente. A elevação dessas tensões é, em geral, sentida como desprazer e o sua redução como prazer. O ego se esforça pelo prazer e busca evitar o desprazer (1940, no. 7, pp. 18-19 na cd. bras.).
Assim sendo, o ego é originalmente criado pelo Id na tentativa de melhor enfrentar as necessidades de reduzir a tensão e aumentar o prazer. Contudo, para fazer isto, o Ego tem de controlar ou regular os impulsos do Id, de modo que a pessoa possa buscar soluções mais adequadas, ainda que menos imediatas e mais realistas.
O Superego
Esta última estrutura da personalidade se desenvolve a partir do Ego. O Superego atua como um juiz ou censor sobre as atividades e pensamentos do Ego, é o depósito dos códigos morais, modelos de conduta e dos parâmetros que constituem as inibições da personalidade. Freud descreve três funções do Superego: consciência, auto-observação e formaçãode ideais.
Enquanto consciência pessoal, o Superego age tanto para restringir, proibir ou julgar a atividade consciente, porém, ele também pode agir inconscientemente. As restrições inconscientes são indiretas e podem aparecer sob a forma de compulsões ou proibições.
O Superego tem a capacidade de avaliar as atividades da pessoa, ou seja, da auto-observação, independentemente das pulsões do Id para tensão-redução e independentemente do Ego, que também está envolvido na satisfação das necessidades. A formação de ideais do Superego está ligada a seu próprio desenvolvimento. O Superego de uma criança é, com efeito, construído segundo o modelo não de seus pais, mas do Superego de seus pais; os conteúdos que ele encerra são os mesmos e torna-se veículo da tradição e de todos os duradouros julgamentos de valores que dessa forma se transmitiram de geração em geração (1933, livro 28, p. 87 na ed. bras.).
	 
	Em 1885, nomeado “Privatdozent” de neurologia, Freud obteve uma bolsa de estudos graças à qual pudera realizar um de seus sonhos, ir a Paris. Queria muito encontrar-se com Jean Martin Charcot, cujas experiências sobre a histeria o fascinavam. Foi assim que teve um encontro determinante, na Salpêtrière, com Charcot.
Relações entre os Três Subsistemas
A meta fundamental da psique é manter e recuperar, quando perdido, um nível aceitável de equilíbrio dinâmico que maximiza o prazer e minimiza o desprazer. A energia que é usada para acionar o sistema nasce no Id, que é de natureza primitiva, instintiva. 0 ego, emergindo do id, existe para lidar realisticamente com as pulsões básicas do id e também age como mediador entre as forças que operam no Id e no Superego e as exigências da realidade externa. O superego, emergindo do ego, atua como um freio moral ou força contrária aos interesses práticos do ego. Ele fixa uma série de normas que definem e limitam a flexibilidade deste último.
O id é inteiramente inconsciente, o ego e o superego o são em parte. "Grande parte do ego e do superego pode permanecer inconsciente e é normalmente inconsciente. Isto é, a pessoa nada sabe dos conteúdos dos mesmos e é necessário despender esforços para torná-los conscientes" ( 1933, livro 28, p. 89 na ed. bras.).
Nesses termos, o propósito prático da psicanálise "é, na verdade, fortalecer o ego, fazê-lo mais independente do superego, ampliar seu campo de percepção e expandir sua organização, de maneira a poder assenhorear-se de novas partes do id" (1933, livro 28, p. 102 na ed. bras.).
Obstáculos ao Crescimento
Ansiedade
Para Freud, o principal problema da psique é encontrar maneiras de enfrentar a ansiedade. Esta é provocada por um aumento, esperado ou previsto, da tensão ou desprazer, podendo se desenvolver em qualquer situação (real ou imaginada), quando a ameaça a alguma parte do corpo ou da psique é muito grande para ser ignorada, dominada ou descarregada.
As situações prototípicas que causam ansiedade incluem as seguintes:
l. Perda de um objeto desejado. Por exemplo, uma criança privada de um dos pais, de um amigo íntimo ou de um animal de estimação.
2. Perda de amor. A rejeição ou o fracasso em reconquistar o amor, por exemplo, ou a desaprovação de alguém que lhe importa.
3. Perda de identidade. É o caso, por exemplo, daquilo que Freud chama de medo de castração, da perda de prestígio, de ser ridicularizado em público.
4. Perda de auto-estima. Por exemplo a desaprovação do Superego por atos ou trações que resultam em culpa ou ódio em relação a si mesmo.
A ameaça desses ou de outros eventos causa ansiedade e haveria, segundo Freud, dois modos de diminuir a ansiedade. O primeiro modo seria lidando diretamente com a situação. Resolvemos problemas, superamos obstáculos, enfrentamos ou fugimos de ameaças, e chegamos a termo de um problema a fim de minimizar seu impacto. Desta forma, lutamos para eliminar dificuldades e diminuir probabilidades de sua repetição, reduzindo, assim, as perspectivas de ansiedade adicional no futuro.
A outra forma de defesa contra a ansiedade deforma ou nega a própria situação. O Ego protege a personalidade contra a ameaça, falsificando a natureza desta. Os modos pelos quais se dão as distorções são denominados Mecanismos de Defesa.
Mecanismos de Defesa
Os principais Mecanismos de Defesa psicológicos descritos são: repressão, negação, racionalização, formação reativa, isolamento, projeção, regressão e sublimação (Anna Freud, 1936; Fenichel, 1945). Todos estes mecanismos podem ser encontrados em indivíduos saudáveis, e sua presença excessiva é, via de regra, indicação de possíveis sintomas neuróticos. Freud não pretendeu que suas observações sobre Mecanismo de Defesa fossem inteiramente originais. Ele citava outras observações sobre o tema.
Repressão
A essência da Repressão consiste em afastar uma determinada coisa do consciente, mantendo-a à distância (no inconsciente) (1915, livro 11, p. 60 na ed. bras.). A repressão afasta da consciência um evento, idéia ou percepção potencialmente provocadoras de ansiedade e impede, dessa forma, qualquer "manipulação" possível desse material. Entretanto, o material reprimido continua fazendo parte da psique, apesar de inconsciente, e que continua causando problemas.
Segundo Freud, a repressão nunca é realizada de uma vez por todas e definitivamente, mas exige um continuado consumo de energia para se manter o material reprimido. Para ele os sintomas histéricos com freqüência têm sua origem em alguma antiga repressão. Algumas doenças psicossomáticas, tais como asma, artrite e úlcera, também poderiam estar relacionadas com a repressão. Também é possível que o cansaço excessivo, as fobias e a impotência ou a frigidez derivem de sentimentos reprimidos.
Negação
Negação é a tentativa de não aceitar na consciência algum fato que perturba o Ego. Os adultos têm a tendência de fantasiar que certos acontecimentos não são, de fato, do jeito que são, ou que na verdade nunca aconteceram. Este vôo de fantasia pode tomar várias formas, algumas das quais parecem absurdas ao observador objetivo. A seguinte estória é uma ilustração da negação:
Uma mulher foi levada à Corte a pedido de seu vizinho. Esse vizinho acusava a mulher de ter pego e danificado um vaso valioso. Quando chegou a hora da mulher se defender, sua defesa foi tripla: "Em primeiro lugar, nunca tomei o vaso emprestado. Em segundo lugar, estava lascado quando eu o peguei. Finalmente, Sua Excelência, eu o devolvi em perfeito estado".
A notável capacidade de lembrar-se incorretamente de fatos é a forma de negação encontrada com maior freqüência na prática psicoterápica. O paciente recorda-se de um acontecimento de forma vívida, depois, mais tarde, pode lembrar-se do incidente de maneira diferente e, de súbito, dar-se conta de que a primeira versão era uma construção defensiva.
Para exemplificar a Negação, Freud citou Darwin, que em sua autobiografia dizia obedecer a uma regra de ouro: sempre que eu deparava com um fato publicado, uma nova observação ou pensamento, que se opunha aos meus resultados gerais, eu imediatamente anotava isso sem errar, porque a experiência me ensinou que tais fatos e pensamentos fogem da memória com muito maior facilidade que os fatos que nos são totalmente favoráveis.
Racionalização
Racionalização é o processo de achar motivos lógicos e racionais aceitáveis para pensamentos e ações inaceitáveis. É o processo através do qual uma pessoa apresenta uma explicação que é logicamente consistente ou eticamente aceitável para uma atitude, ação, idéia ou sentimento que causa angústia. Usa-se a Racionalização para justificar comportamentos quando, na realidade, as razões para esses atos não são recomendáveis.
A afirmação cotidiana de que "eu só estou fazendo isto para seu próprio bem" pode ser a Racionalização do sentimento ou pensamento de que "eu quero fazer isto para você, eu não quero que me façam isto ou até mesmo, eu quero que você sofra um pouco". Também pode ser Racionalização a afirmação de que "eu acho que estou apaixonado por você". Na realidade poderia estarsentido que "estou ligado no teu corpo, quero que você se ligue no meu".
Racionalização é um modo de aceitar a pressão do Superego, de disfarçar verdadeiros motivos, de tornar o inaceitável mais aceitável. Enquanto obstáculo ao crescimento, a Racionalização impede a pessoa de aceitar e de trabalhar com as forças motivadoras genuínas, apesar de menos recomendáveis.
Formação Reativa
Esse mecanismo substitui comportamentos e sentimentos que são diametralmente opostos ao desejo real. Trata-se de uma inversão clara e, em geral, inconsciente do verdadeiro desejo. Como outros mecanismos de defesa, as formações reativas são desenvolvidas, em primeiro lugar, na infância. As crianças, assim como incontáveis adultos, tornam-se conscientes da excitação sexual que não pode ser satisfeita, evocam conseqüentemente forças psíquicas opostas a fim de suprimirem efetivamente este desprazer. Para essa supressão elas costumam construir barreiras mentais contrárias ao verdadeiro sentimento sexual, como por exemplo, a repugnância, a vergonha e a moralidade.
Não só a idéia original é reprimida, mas qualquer vergonha ou auto-reprovação que poderiam surgir ao admitir tais pensamentos em si próprios também são excluídas da consciência. Infelizmente, os efeitos colaterais da Formação Reativa podem prejudicar os relacionamentos sociais. As principais características reveladoras de Formação Reativa são seu excesso, sua rigidez e sua extravagância. O impulso, sendo negado, tem que ser cada vez mais ocultado.
Através da Formação Reativa, alguns pais são incapazes de admitir um certo ressentimento em relação aos filhos, acabam interferindo exageradamente em suas vidas, sob o pretexto de estarem preocupados com seu bem-estar e segurança. Nesses casos a superproteção é, na verdade, uma forma de punição. O esposo pleno de raiva contra sua esposa pode manifestar sua Formação Reativa tratando-a com formalidade exagerada: "não é querida..." A Formação Reativa oculta partes da personalidade e restringe a capacidade de uma pessoa responder a eventos e, dessa forma, a personalidade pode tornar-se relativamente inflexível.
Projeção
O ato de atribuir a uma outra pessoa, animal ou objeto as qualidades, sentimentos ou intenções que se originam em si próprio, é denominado projeção. É um mecanismo de defesa através do qual os aspectos da personalidade de um indivíduo são deslocados de dentro deste para o meio externo.
A ameaça é tratada como se fosse uma força externa. A pessoa com Projeção pode, então, lidar com sentimentos reais, mas sem admitir ou estar consciente do fato de que a idéia ou comportamento temido é dela mesma.
Alguém que afirma textualmente que "todos nós somos algo desonestos" está, na realidade, tentando projetar nos demais suas próprias características. Ou então, dizer que "todos os homens e mulheres querem apenas uma coisa, sexo", pode refletir umaProjeção nos demais de estar pessoalmente pensando muito a respeito de sexo. Outras vezes dizemos que "inexplicavelmente Fulano não gosta de mim", quando na realidade sou eu quem não gosta do Fulano gratuitamente.
Sempre que caracterizamos algo de fora de nós como sendo mau, perigoso, pervertido, imoral e assim por diante, sem reconhecermos que essas características podem também ser verdadeiras para nós, é provável que estejamos projetando.
Pesquisas relativas à dinâmica do preconceito mostraram que as pessoas que tendem a estereotipar outras também revelam pouca percepção de seus próprios sentimentos. As pessoas que negam ter um determinado traço específico de personalidade são sempre mais críticas em relação a este traço quando o vêem nos outros.
Regressão
Regressão é um retorno a um nível de desenvolvimento anterior ou a um modo de expressão mais simples ou mais infantil. É um modo de aliviar a ansiedade escapando do pensamento realístico para comportamentos que, em anos anteriores, reduziram a ansiedade. Linus, nas estórias em quadrinhos de Charley Brown, sempre volta a um espaço psicológico seguro quando está sob tensão. Ele se sente seguro quando agarra seu cobertor, tal como faria ou fazia quando bebê.
A regressão é um modo de defesa bastante primitivo e, embora reduza a tensão, freqüentemente deixa sem solução a fonte de ansiedade original.
Sublimação
A energia associada a impulsos e instintos socialmente e pessoalmente constrangedores é, na impossibilidade de realização destes, canalizada para atividades socialmente meritosas e reconhecidas. A frustração de um relacionamento afetivo e sexual mal resolvido, por exemplo, é sublimado na paixão pela leitura ou pela arte.
Deslocamento
É o mecanismo psicológico de defesa onde a pessoa substitui a finalidade inicial de uma pulsão por outra diferente e socialmente mais aceita. Durante uma discussão, por exemplo, a pessoa tem um forte impulso em socar o outro, entretanto, acaba deslocando tal impuso para um copo, o qual atira ao chão.
A presença desses Mecanismos de Defesa é freqüente em indivíduos saudáveis, mas, em excesso é indicação de sintomas neuróticos ou, em alguns casos extremos, o excesso indicaria até sintomas psicóticos, como por exemplo e principalmente, o excesso dos mecanismos de projeção, negação da realidade e clivagem do ego.
RIMEIRA LIÇÃO
PALAVRAS CITADAS:
Histeria – Derivada da palavra grega hystera (matriz, útero), a histeria é uma neurose* caracterizada por quadros clínicos variados. Sua originalidade reside no fato de que os conflitos psíquicos inconscientes se exprimem de maneira teatral e sob a forma de simbolizações, através de sintomas corporais paroxísticos (ataques ou convulsões de aparência epiléptica) ou duradouros (paralisias, contraturas, cegueira). As duas principais formas de histeria teorizadas por Sigmund Freud* foram a histeria de angústia, cujo sintoma central é a fobia*, e a histeria de conversão, onde se exprimem através do corpo representações sexuais recalcadas. A isso se acrescentam duas outras formas freudianas de histeria: a histeria de defesa*, que se exerce contra os afetos desprazerosos, e a histeria de retenção, onde os afetos não conseguem se exprimir pela ab-reação*. A expressão histeria hipnóide pertence ao vocabulário de Freud e Josef Breuer* no período de 1894-1895. Foi também empregado pelo psiquiatra alemão Paul Julius Moebius (1853-1907). Designa um estado induzido pela hipnose* e que produz uma clivagem* no seio da vida psíquica. A expressão histeria traumática pertence ao vocabulário clínico de Jean Martin Charcot* e designa uma histeria consecutiva a um trauma físico.
Absence – (ausência) confusão e alteração da personalidade.
Trauma psíquico – resíduos e símbolos mnêmicos de experiências traumáticas.
            A psicanálise inicia-se com o médico Breuer quando a utiliza pela primeira vez para o tratamento de uma jovem histérica (1880-1882), que é publicado posteriormente por Breuer e Freud no ano de 1895, denominado Estudos Sobre a Histeria.
A paciente do Dr. Breuer de altos dotes intelectuais apresentava uma séria de perturbações físicas e psíquicas e uma característica impossibilidade de beber. Isto que poderia ser considerado uma doença grave, era desde o tempo da medicina grega denominado histeria.
Este quadro da paciente de Breuer surgiu quando estava tratando o pai enfermo, que foi conduzido a morte.
A medicina por falta de conhecimento e impossibilidade de tratamento julga os histéricos simulados e acusa-os de exagero. O Dr. Breuer entretanto não censurou sua paciente, o que se deve as elevadas qualidades da jovem.
Pode-se observar que nos estados de absence a doente murmurava palavras que pareciam relacionar-se com o que ocupava o seu pensamento, diante disso o Dr. Breuer anotou estas palavras e colocando a moça em um estado hipnótico disse-as para incitar uma associação de ideias pela paciente. Assim a paciente relatou fantasias tendo como ponto de partida a cabeceira do pai enfermo.
Após os relatos a paciente reconduzia-se a vida normal, sendo que este bem estar durava horas, até o momento de um novo estado de absenceque cessava com a revelação destas fantasias. As alterações psíquicas durante a absence eram consequência de excitação provocada pelas fantasias intensamente afetivas.
A própria paciente que no período da moléstia só falava inglês, denominou este tratamento de “talking cure” (cura de conversação).
A paciente que se via impossibilitada de beber água, mesmo com uma sede terrível, durante a hipnose certa vez, relatou que tendo ido ao quarto da sua dama de companhia, viu o cãozinho bebendo água num copo, tendo causado-lhe repugnância. Após este relato conseguiu beber novamente.
Diante deste fato foi possível verificar que experiências emocionais deixavam “resíduos” denominados posteriormente de “traumas psíquicos”. Sendo que o sintoma possuía relação com a cena traumática.
Considerando-se também que nem sempre era um único acontecimento que deixava atrás de si os sintomas e sim na maioria dos casos numerosos traumas, às vezes análogos e repetidos. Toda esta cadeia de recordação tinha de ser reproduzida em ordem cronológica e inversa.
Os histéricos sofrem de reminiscências e símbolos mnêmicos (memória) de experiências traumáticas, não só as recordam, como, ainda se prendem a elas emocionalmente tornando-se alheios a realidade e ao presente. Possuem uma fixação da vida psíquica aos traumas patogênicos.
A paciente de Breuer teve de subjugar uma poderosa emoção na situação de sua aversão ao cãozinho bebendo água e diante da cabeceira do pai para que não percebesse sua ansiedade. Diante do médico a doente manifestou sua energia afetiva que estava contida. Podendo verificar-se que era inútil recordar tais acontecimentos sem exteriorização afetiva.
Podemos assim imaginar que as emoções regulavam tanto a doença como a cura. Estas emoções tornavam-se patogênicas quando não tinham exteriorização normal, estando estas “enlatadas” e em parte desviavam-se para sintomas físicos, sendo proposto o nome de “conversão histérica”, que representa uma expressão mais intensa das emoções, conduzidas por uma nova via.
SEGUNDA LIÇÃO
PALAVRAS CITADAS:
Catártico (catarse) – método catártico o procedimento terapêutico pelo qual um sujeito consegue eliminar seus afetos patogênicos e então ab-reagi-los, revivendo os acontecimentos traumáticos a que eles estão ligados.
Repressão – Em psicanálise*, a repressão é uma operação psíquica que tende a suprimir conscientemente uma ideia ou um afeto cujo conteúdo é desagradável.
Resistência - para designar o conjunto das reações de um analisando cujas manifestações, no contexto do tratamento, criam obstáculos ao desenrolar da análise.
Sublimação - Sigmund Freud* conceituou o termo em 1905 para dar conta de um tipo particular de atividade humana (criação literária, artística, intelectual) que não tem nenhuma relação aparente com a sexualidade*, mas que extrai sua força da pulsão* sexual, na medida em que esta se desloca para um alvo não sexual, investindo objetos socialmente valorizados.
Quase ao mesmo tempo em que Breuer praticava a talking cure (cura de conversação) com sua paciente, começava o grande Charcot, em Paris, com as doentes histéricas da Salpêtrière, as investigações de onde havia de surgir nova concepção da enfermidade.
Seguindo o exemplo de Pierre Janet que estudou os processos psíquicos particulares da histeria, Freud tomou a divisão da mente e a dissociação da personalidade como ponto central de sua teoria.
Janet levava em conta as ideias dominantes da França para sua teoria e acreditava que a histeria era uma forma de alteração degenerativa do sistema nervoso, que se manifestava pela fraqueza congênita do poder de síntese psíquica. Os histéricos seriam incapazes de manter a multiplicidade dos processos mentais, esta seria a explicação para a dissociação psíquica.
Freud prosseguindo as pesquisas iniciadas por Breuer foi levado a outro ponto de vista a respeito da dissociação histérica (a divisão da consciência).
O procedimento catártico realizado por Breuer exigia a hipnose profunda do paciente, somente neste estado hipnótico ele tinha conhecimento das ligações patogênicas, que em condições normais às escapavam. Para Freud este procedimento se tornou cansativo, sendo um recurso incerto, assim abandonou a hipnose. Decidiu agir com o método catártico estando os pacientes em estado normal. Questionou-se em como fazer o doente contar aquilo, que nem ele mesmo sabia, neste momento recordou-se de uma experiência de Bernheim, que pessoas submetidas a um estado de sonambulismo hipnótico, tinham executado atos diversos, sendo possível recordar do que houve durante este estado em consciência normal.
Assim Freud procedeu da mesma maneira com seus pacientes, no momento em que o doente afirmava nada mais saber, assegurava-lhes que sabia, e ia mesmo até afirmar que a recordação exata seria a que lhes apontasse no momento em que lhes pusesse a mão sobre a fronte. Porém após algum tempo, esta se mostrou inadequada para uma técnica definitiva.
Pode observar que as recordações do doente não estavam esquecidas, mas que alguma força as detinha, permanecendo no inconsciente. Percebia em oposição à potência quando se tentava trazer as lembranças inconscientes. Foi nesta ideia de resistência que Freud alicerçou sua concepção sobre os processos psíquicos na histeria. Para restabelecer o doente mostrou-se indispensável suprimir as resistências.
Freud formula a ideia que denomina a gênese da doença, sendo: as mesmas forças que hoje, como resistência, se opõem a que o esquecido volte à consciência deveriam ser as que antes tinham agido, expulsando da consciência os acidentes patogênicos correspondentes, a este processo ele nomeia “repressão”.
Através do tratamento catártico Freud pode explicar o mecanismo patogênico da histeria, como se tratando do aparecimento de um desejo violento em contraste com os demais desejos do indivíduo e incompatíveis com as aspirações morais e estéticas de sua personalidade, sendo este um desejo inconciliável, sucumbia à repressão e permanecia no inconsciente. Era, portanto, a incompatibilidade entre a ideia e o ego, o motivo da repressão, que evitava o desprazer, um meio de proteção da personalidade psíquica.
Desta forma a concepção freudiana diferencia-se da de Janet, pois não é atribuída a divisão psíquica à incapacidade inata para a síntese da parte do aparelho psíquico, mas, explica-se pela dinâmica do conflito de forças mentais contrárias. Os conflitos psíquicos são frequentes, sem que isso produza a divisão psíquica.
A hipnose encobre a resistência, deixando livre e acessível um determinado setor psíquico, contudo sua fronteira acumula as resistências, criando para o resto uma barreira intransponível.
 O sintoma pode ser um substituto da ideia reprimida, já que o sintoma é protegido contra as forças defensivas do ego, causando um sofrimento interminável. Pode-se reconhecer traços de semelhança do sintoma com a ideia primitiva reprimida.  Assim é necessário que o sintoma seja reconduzido pelo mesmo caminho até a ideia reprimida.
Quando se consegue reconstituir a atividade mental consciente daquilo que fora reprimido – pressupõe que resistências tenham sido desfeitas - o conflito psíquico que se originara e que o doente quis evitar, orientado pelo médico, seria uma solução mais feliz do que a oferecida pela repressão.
Quando o doente se convence que repelira sem razão o desejo e aceita-o, este é dirigido para um alvo irrepreensível e mais elevado (denomina-se sublimação) ou reconhece como justa a repulsa, onde o mecanismo de repressão é insuficiente e é substituído por um julgamento de condenação,  o controle consciente do desejo é atingido.
TERCEIRA LIÇÃO
PALAVRAS CITADAS:
Catexia - é o processo pelo qual a energia libidinal disponível na psique é vinculada a ou investida na representação mental de uma pessoa, idéia ou coisa. A libido que foi catexizada perde sua mobilidade original e não pode mais mover-se em direção a novos objetos. Está enraizada em qualquer parte da psique que a atraiu e segurou.
Associação livre - foi um métodoutilizado por Freud, em substituição à hipnose, que consistia em deitar o paciente no divã e encorajá-lo a dizer o que viesse à sua mente, sendo também este convidado a relatar seus sonhos. Freud analisava todo o material que aparecesse, e buscava entendê-los e encontrar os desejos, temores, conflitos, pensamentos e lembranças que pudessem se encontrar, que estivessem além do conhecimento consciente do paciente.
Conteúdo manifesto e latente – O conteúdo manifesto é uma deformação do conteúdo latente, o que equivale a dizer que o conteúdo latente dissimula-se por trás do conteúdo manifesto. Essa deformação é a marca de umadefesa* contra o desejo veiculado pelo sonho.
Condensação – Termo empregado por Sigmund Freud* para designar um dos principais mecanismos do funcionamento do inconsciente*. A condensação efetua a fusão de diversas idéias do pensamento inconsciente, em especial no sonho*, para desembocar numa única imagem no conteúdo manifesto, consciente*.
Deslocamento – Processo psíquico inconsciente*, teorizado por Sigmund Freud* sobretudo no contexto da análise do sonho*. O deslocamento, por meio de um deslizamento associativo, transforma elementos primordiais de um conteúdo latente em detalhes secundários de um conteúdo manifesto.
Ato falho – Ato pelo qual o sujeito*, a despeito de si mesmo,substitui um projeto ao qual visa deliberadamente por uma ação ou uma conduta imprevistas.
Corrigindo uma inexatidão somente nas primeiras vezes aconteceu que pela simples pressão por Freud exatamente o esquecido que buscava se apresentava. Continuando a empregar o método, vinham pensamentos despropositados.   
Valeu-se então da utilização de um pressuposto cuja exatidão científica foi anos depois demonstrada pelo amigo C. G. Jung, de Zurique e seus discípulos. 
Duas forças antagônicas atuavam no doente; de um lado, o esforço para trazer à consciência o que permanecia no inconsciente; de outro lado à resistência, impedindo a passagem para o consciente do elemento reprimido. Podendo admitir que tanto maior a deformação do elemento procurado maior a resistência deste. O pensamento que vinha no doente em lugar do desejado, tinha origem idêntica ao sintoma, sendo o sintoma menos semelhante quanto maior fosse à deformação que sofresse sob influência da resistência. O pensamento devia comportar-se em relação ao elemento reprimido com uma alusão, como uma representação do mesmo por meio de palavras indiretas.
   Nomeia-se “complexo” um grupo de elementos ideacionais interdependentes, catexizados de energia afetiva. Assim tem-se a probabilidade de desvendar um complexo reprimido na medida que o doente proporcione um número suficiente de associações livres. Realiza-se mandando o doente dizer o que lhe vem a mente e este indiretamente depende do complexo procurado, sendo o único método praticável. Por vezes o doente afirma não ter mais nada a dizer, porém ideias livres nunca deixam de aparecer, o paciente influenciado pela resistência disfarçada em juízos críticos sobre o valor da ideia, retém-na ou de novo a afasta. Assim solicita-se ao paciente que exponha o que lhe vier ao pensamento sem nenhuma seleção ou crítica.
A interpretação dos sonhos é a estrada real para o conhecimento do inconsciente, a base mais segura da psicanálise. Quando acordados costumamos tratar os sonhos com o mesmo desdém com que os doentes rejeitam as ideias soltas despertadas pelo psicanalista. O nosso descaso funda-se no caráter exótico apresentado mesmo pelos sonhos que apresentam clareza e nexo, como também pela absurdez e insensatez dos demais, esta repulsa explica-se pelas tendências imorais e menos pudicas que se patenteiam em muitos deles. A antiguidade e as camadas baixas do nosso povo, mesmo hoje, não compartilha de tal desapreço, pois esperam a revelação do futuro.
Para Freud não há necessidade de nenhuma hipótese mística. Diferente deste conceito, o sonho seria a realização de desejos trazidos pelo dia do sonho. Apresentam-se de forma distorcida da sua forma original, tendo uma expressão verbal diversa da apresentada no sonho. Devendo diferenciar o conteúdo manifesto, o qual se recorda no dia seguinte, do conteúdo latente do sonho o qual pertence ao inconsciente.
Esta deformação já é conhecida, estando presente na gênese dos sintomas histéricos, sendo a prova da participação da mesma interação de forças mentais tanto na formação de sonhos como na dos sintomas. O conteúdo manifesto do sonho é substituto deformado para os pensamentos inconscientes do sonho. Esta deformação é obra das forças defensivas do ego, isto é, da resistência que na vigília impede a passagem para a consciência, dos desejos reprimidos do inconsciente; enfraquecidas durante o sono, estas resistências são suficientemente fortes para só os tolerar disfarçados. Quem sonha, portanto reconhece tão mal o sentido dos sonhos, como o histérico as correlações e significados de seus sintomas.    O sonho manifesto que conhecem no adulto graças à recordação pode então ser descrito como uma realização velada de desejos reprimidos.
O processo de ‘elaboração onírica’, o qual pensamentos inconscientes do sonho se disfarçam no conteúdo manifesto, ocorre entre dois sistemas psíquicos distintos, como consciente e inconsciente. Entre estes processos há a condensação e o deslocamento.
Pela análise dos sonhos descobriu-se o importantíssimo papel que os fatos e impressões da tenra infância exercem no desenvolvimento do homem, conservando todas as peculiaridades e aspirações, como desenvolvimento de repressões, sublimações e formações reativas. Ainda faz-se notar também através da análise dos sonhos, que o inconsciente serve para a representação de complexos sexuais, de certo simbolismo, em parte variável individualmente e em parte tipicamente fixo.
O aparecimento de pesadelos contradiz o nosso modo de entender o sonho como satisfação dos desejos. A ansiedade que os acompanha não depende simplesmente do conteúdo onírico, ansiedade é uma das reações do ego contra desejos reprimidos violentos. Pode-se assim compreender que a interpretação de sonhos, quando as resistências do doente não atrapalham-na, levam ao conhecimento dos desejos ocultos e reprimidos, bem como dos exemplos entretidos por este.
Tratará agora do terceiro grupo de fenômenos psíquico cujo estudo se tornou recurso técnico empregado na psicanálise. O fenômeno em questão são as pequenas falhas comuns aos indivíduos normais e aos neuróticos, fatos os quais costumamos não dar importância – o esquecimento de coisas que deviam saber e que às vezes sabem realmente (por exemplo, fuga temporária de nomes próprios) lapsos de linguagem, na escrita ou na literatura em voz alta; atrapalhões no executar qualquer coisa, perda ou quebra de objetos, etc. Juntam-se atos ou gestos que as pessoas executam sem perceber ou atribuir importância, como trautear melodias, brincar com objetos, com partes da roupa ou do próprio corpo, etc. Os atos falhos como os sintomáticos e fortuitos, exprimem impulsos e intenções que devem ficar ocultos à própria consciência, pois emanam dos desejos reprimidos e dos complexos que, são criadores de sintomas e formadores dos sonhos.  Fazem a mesma consideração que os sintomas e os sonhos, que podem levar ao descobrimento da parte oculta da mente.  São do mais alto valor teórico testemunham a existência da repressão e da substituição mesmo na saúde perfeita.
O psicanalista se distingue pela rigorosa fé no determinismo da vida mental. Não existindo nada insignificante nas manifestações psíquicas. Antevê um motivo suficiente em toda parte e está disposto a aceitar causas múltiplas para o mesmo efeito, enquanto nossa necessidade causal, que supomos inata, se satisfaz  plenamente com uma única causa psíquica.
O estudo das ideias livremente associadas pelos pacientes, seus sonhos, falhas e ações sintomáticas, considerando ainda outros fenômenos no decurso do tratamento psicanalítico, chega-se a conclusão de que a técnica é suficiente capaz de realizar aquilo que se propôs: conduzir à consciência o materialpsíquico patogênico, dando fim aos padecimentos ocasionados pela produção dos sintomas de substituição.
QUARTA LIÇÃO
PALAVRAS CITADAS:
Auto-erotismo – Termo proposto por Havelock Ellis* e retomado por Sigmund Freud* para designar um comportamento sexual de tipo infantil, em virtude do qual o sujeito encontra prazer unicamente com seu próprio corpo, sem recorrer a qualquer objeto externo.
Zona erógena – se distribuem por quatro regiões do corpo: oral, anal, uretro-genital e mamária. A cada zona correspondem uma ou mais atividades eróticas, dentre as quais Freud situou os atos mais simples da vida cotidiana das crianças: sucção do polegar ou do seio da mãe, defecação e masturbação.
Complexo de Édipo – O complexo de Édipo é a representação inconsciente pela qual se exprime o desejo* sexual ou amoroso da criança pelo genitor do sexo oposto e sua hostilidade para com o genitor do mesmo sexo. Essa representação pode inverter-se e exprimir o amor pelo genitor do mesmo sexo e o ódio pelo do sexo oposto. Chama-se Édipo à primeira representação, Édipo invertido à segunda, e Édipo completo à mescla das duas. O complexo de Édipo aparece entre os 3 e os 5 anos. Seu declínio marca a entrada num período chamado de latência, e sua resolução após a puberdade concretiza-se num novo tipo de escolha de objeto.
Libido – designar a manifestação da pulsão* sexual na vida psíquica e, por extensão, a sexualidade* humana em geral e a infantil em particular, entendida como causalidade psíquica (neurose*), disposição polimorfa (perversão*), amor-próprio (narcisismo*) e sublimação.
Sadomasoquismo – Termo forjado por Sigmund Freud*, a partir de sadismo* e masoquismo*, para designar uma perversão* sexual baseada num modo de satisfação ligado ao sofrimento infligido ao outro e ao que provém do sujeito* humilhado. Por extensão, esse par de termos complementares caracteriza um aspecto fundamental da vida pulsional, baseado na simetria e na reciprocidade entre um sofrimento passivamente vivido e um sofrimento ativamente infligido.
Os desejos patogênicos são da natureza dos componentes instintivos eróticos, sendo as perturbações do erotismo têm maior importância entre as influências que levam à moléstia em ambos os gêneros.
Os doentes em nada facilitam o reconhecimento da tese, procuram ocultá-la. Com efeito nenhum de nós pode manifestar o seu erotismo francamente, em nosso mundo civilizado não são realmente favoráveis à atividade sexual. Quando porém os pacientes tiverem percebido que durante o tratamento devem estar à vontade, se despojarão daquele manto de mentira, e só então estarão os presentes em condições de formar juízo a respeito deste problema.
Para esclarecimento completo da análise faz-se necessário retroceder até a puberdade e a mais remota infância do doente, somente estes fatos explicam a sensibilidade aos traumatismos futuros e só com os descobrimentos destes, e com a volta a consciência, é que se adquire o poder de afastar os sintomas.
A criança possui, desde o princípio, o instinto e as atividades sexuais. Ela os traz consigo para o mundo, e deles provêm, através de uma evolução rica de etapas, até a chamada sexualidade normal do adulto. Na primeira fase da vida sexual infantil a satisfação é alcançada no próprio corpo, excluído qualquer objeto estranho, dá-se o nome de auto-erotismo. Zonas erógenas denominam-se os lugares do corpo que proporcionam o prazer sexual, como chupar o dedo, o gozo da sucção, são exemplos de auto-erotismo partida de uma zona erógena. Outra satisfação da mesma ordem, nessa idade, é a excitação masturbatória dos órgãos genitais, fenômeno de grande importância para o resto da vida, que muitos indivíduos não conseguem superar jamais. Ao lado destas atividades auto-eróticas revelam-se na criança, componentes do gozo sexual ou da libido que pressupõe como objeto uma pessoa estranha. Estes instintos aparecem em grupos de dois, um oposto ao outro, ativo e passivo: os mais notáveis representantes deste grupo o prazer de causar sofrimento (sadismo) com o seu reverso passivo (masoquismo) e o prazer visual, ativo ou passivo. Do gozo visual ativo desenvolve-se mais tarde a sede de saber, como do passivo para as representações artísticas e teatrais. A diferença de sexo ainda não tem neste período infantil papel decisivo, pode-se atribuir a toda criança uma parcial disposição homossexual. A escolha de objeto repele o auto-erotismo, de maneira que na vida erótica os componentes do instinto  sexual só querem satisfazer-se na pessoa amada. Mas nem todos os componentes instintivos originários são admitidos a tomar parte nesta fixação definitiva da vida sexual.
Um princípio da patologia geral afirma que todo processo evolutivo traz em si os germes de uma disposição patológica e pode ser inibido ou retardado ou desenvolver-se incompletamente. Nem todos os impulsos parciais se sujeitam à soberania da zona genital; o que ficou independente chamamos de perversão e pode substituir a finalidade sexual normal pela sua própria.
A criança toma ambos os genitores, e particularmente em deles, como objeto de seus desejos eróticos. O pai em regra tem preferência pela filha, a mãe pelo filho: a criança reage desejando o lugar do pai se é menino, o da mãe se trata da filha. Os sentimentos nascidos destas relações entre pais e filhos e entre um irmão e outros, não são somente de natureza positiva, de ternura, mas também negativos, de hostilidade. O complexo assim formado é destinado à pronta repressão, porém continua a agir do inconsciente com insistência e persistência.
No tempo em que é dominada pelo complexo central ainda não reprimido, a criança dedica aos interesses sexuais notável parte da atividade intelectual. O próprio fato dessa investigação e as conseqüentes teorias sexuais infantis são de importância determinante para a formação do caráter da criança e do conteúdo da neurose futura.
É absolutamente normal que a criança faça dos pais o objeto da primeira           escolha amorosa. Porém a libido não permanece fixa neste primeiro objeto: posteriormente o tomará apenas como um modelo.
QUINTA LIÇÃO
            Com o descobrimento da sexualidade infantil e atribuindo aos sintomas da neurose os componentes eróticos instintivos Freud pode chegar a algumas fórmulas inesperadas sobre a natureza e tendência dos sintomas neuróticos. Viu-se que os indivíduos adoecem quando, por obstáculos exteriores ou ausência de adaptação interna lhes falta na realidade a satisfação das necessidades sexuais, refugiam-se então na doença, para que com seu auxílio encontre uma satisfação substitutiva. Assim os sintomas mórbidos contêm uma parcela da atividade sexual do indivíduo ou sua vida sexual inteira. A resistência oposta pelos doentes à cura seria composta de vários elementos. Não somente o ego do doente se recusa a desfazer a repressão por meio da qual se esquivou de suas disposições originárias, como também pode o instinto sexual não renunciar à satisfação que este lhe proporciona, enquanto houver dúvida de que a realidade lhe ofereça algo melhor.
Esta satisfação proporcionada pela doença se dá pelo caminho da regressão às primeiras fases da vida sexual a que na época própria não faltou satisfação. Esta regressão mostra-se sob dois aspectos: temporal devido à libido em sua necessidade erótica fixa-se aos mais remotos estados evolutivos; e formal porque emprega os meios psíquicos originários e primitivos para manifestação da mesma necessidade. Em ambos os aspectos a regressão orienta-se para a infância, reestabelecendo um estado infantil da vida sexual.
Pode-se ver a ligação entre as neuroses e outras produções da vida mental do homem, que, com elevadas aspirações de nossa cultura e sob a pressão das íntimas repressões, acham a realidade insatisfatória e por isso mantêm uma vida de fantasia, que compense as deficiências da realidade, engendrando a realização de desejos. Ainda lhe e possível encontrar outro caminho dessas fantasias para a realidade, em vez de se alhear ao período infantil. Quando a pessoa possuidotes artísticos (psicologicamente ainda enigmáticos) podem suas fantasias transmudar-se não em sintomas, mas em criações artísticas, subtrai-se desse modo à neurose e reata as ligações com a realidade.
Pelo estudo psicanalítico dos nervosos, pode inferir que o conteúdo psíquico dos neuróticos, pode ser encontrado nos sãos, adoecem pelos mesmos complexos com que lutamos nós, os que temos perfeita saúde. Conforme a quantidade e proporção entre as forças em choque será o resultado da luta a saúde, neurose ou a sublimação compensadora.
A experiência mais importante, que vem a confirmar nossa suposição acerca das forças instintivas sexuais da neurose, foi identifica no tratamento psicanalítico de um paciente neurótico, surge nele o fenômeno da ‘transferência’, isto é, o doente consagra ao médico sentimentos afetuosos mesclados muitas vezes por hostilidade, que não são justificados e que devem provir de antigas fantasias tornadas inconscientes, estes apenas podem dissolver-se e transformar-se em outros produtos psíquicos com a transferência, sendo que o médico desempenha nesta reação o papel de atrair para si a energia afetiva aos poucos liberada durante o processo. 
A transferência surge espontaneamente em todas as relações humanas e de igual modo nas que o doente entretém com o médico, é ela em geral, o verdadeiro veículo da ação terapêutica, agindo tão fortemente quanto menos se pensa em sua existência. A psicanálise, portanto, não a cria, apenas a desvenda à consciência e dela se apossa a fim de encaminhá-la ao termo desejado.
Devemos levar em conta dois obstáculos para a aceitação das ideias psicanalíticas: primeiramente, a falta de hábito de contar com o rigoroso determinismo da vida mental, e em segundo, o desconhecimento das singularidades pelas quais os processos mentais inconscientes se diferenciam dos conscientes que nos são familiares, nestes emprega-se o temor que se faça mal de chamar à consciência do doente os impulsos sexuais reprimidos, como se lhe oferecessem então perigo de aniquilar as mais altas aspirações morais e o privassem das conquistas da civilização.

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