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1 INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO – ICSC CURSO: EDUCAÇÃO FÍSICA Claudia Aparecida Alves Lopes – C73830-1 Eduardo Luiz Santana do Ceo - C499FC-9 Mariana Tavares de Almeida Franco - C645HC-0 Valter Queiroz - C7365I-6 Principais regras de competição, princípios biomecânicos, fisiológicos e treinamento físico para competição da modalidade: Luta Livre Olímpica, Wrestling, Luta Greco Romana. Profº Mário Luiz Miranda SÃO PAULO 2017 2 SUMÁRIO 1. Origem da Luta Greco-Romana e Luta Olímpica........................................3 1.2. Modalidade Olímpica..................................................................................3 2. Diferença entre os termos: Wrestling, Luta Livre Olímpica e Luta Greco- Romana...............................................................................................................4 3. Principais regras............................................................................................5 4. Princípios fisiológicos...................................................................................9 5. Aspectos biomecânicos..............................................................................11 5.1. Análise Biomecânica................................................................................13 6. Treinamento físico para competição Luta Livre Olímpica e Greco- Romana.............................................................................................................18 7. . Referências Bibliográficas........................................................................20 3 1.Origem da Luta Greco-Romana e Luta Olímpica. Escrever sobre a origem e história da Luta Olímpica e Greco – Romana sempre será um desafio pois envolve um longo período na história e vários povos que praticam. Sua origem se perde no tempo pois o ato de lutar foi conhecido pelo ser humano antes mesmo do falar e escrever. Ela atravessou grandes evoluções passando por várias ideologias desde aspectos práticos, místicos e religiosos, até chegar no desportivo. Há evidências da prática de lutas datadas de 15 a 20 mil anos atrás nas gravuras e desenhos em cavernas da França, que mostram lutadores em posições comuns as usadas nos dias de hoje. Os Sumérios deixaram provas semelhantes em pedras que datam de aproximadamente 5 mil anos. Há também evidências arqueológicas na China, Japão, Babilônia e Grécia de que a luta era praticada a milhares de anos. No Egito hieróglifos exibem cenas de combates de 2250 a.C., só no túmulo do Vizir Ptahhotep há imagens de seis tipos de lutas diferentes. No templo e túmulo de Beni Hasan, próximo do rio Nilo, pode se ver gravuras com mais de 200 lutadores, muitos deles em posições ou aplicando golpes que são usados nas lutas até hoje, o que revela a relação entre as lutas antigas e as atuais. Todos os deuses gregos também praticavam lutas, o poeta Píndaro descreve Zeus e Kronos lutando pela posse do universo e conta que a primeira edição dos Jogos Olímpicos da Antiguidade foi realizada para comemorar a vitória do primeiro. Foi Teseu o legendário herói ateniense, e matador do Minotauro quem recebeu o crédito de grande organizador das regras da Luta, segundo a tradição grega. (SELAM) 1.2. Modalidade Olímpica Era antiga – A estreia da modalidade segundo escritos e esculturas data de 704 a.C., os atletas lutavam nus e com uma mistura de azeite de oliva e terra no corpo. Não havia limite de tempo. O objetivo era derrubar o adversário três vezes. Era considerado queda quando o oponente tocava as costas, ombro ou tórax no solo. Havia divisão de faixa etária entre adultos e rapazes. O esporte foi praticado até o fim dos Jogos Olímpicos da Antiguidade. Com o domínio do Império Romano sobre os gregos e o 4 fim dos Jogos Olímpicos, a luta ainda permaneceu na cultura romana e atravessou os séculos, fator que explica o termo Greco-Romano a um dos seus estilos. (CBW) Era moderna – Em 1896, Barão de Coubertin inaugurou os Jogos Olímpicos da era moderna, foi apontada como um dos elos entre passado e o presente. A edição seguinte (ano de 1900) marcou a única edição que o esporte não participou. Em 1904, em Saint Louis, o estilo livre foi disputado pela primeira vez apenas por atletas americanos, e distribuídos em categorias de peso. Na edição de Munique em 1972 ficou estabelecido o número de 10 categorias, tanto para o Olímpico quanto para o Greco- Romano. Em Sydney 2000, o número caiu para 8 categorias de peso por estilo. Em Atenas promoveram a entrada do estilo feminino da modalidade, contavam com apenas 4 categorias, enquanto o masculino tinha 7 cada. Pela primeira vez na história em 2016 no Rio de Janeiro as categorias foram equiparadas, sendo seis categorias para Estilo Livre masculino, Estilo Greco-Romano e Luta Feminina. A Luta Olímpica é um dos poucos esportes popular nos quatro cantos do mundo. No continente americano Cuba e Estados Unidos são considerados potências. Na Europa, Rússia e países ex-integrantes da União Soviética estão sempre nas primeiras colocações. No Oriente Médio e África, Irã e Egito também conquistaram medalhas. Na Ásia, China, Coréia do Sul e Mongólia se destacam nessas modalidades. (CBW) 2. Diferença entre os termos: Wrestling, Luta Livre Olímpica e Luta Greco- Romana. O termo em inglês “Wrestling” refere-se as modalidades de lutas tanto no Estilo Livre quanto no Greco-Romano, são caracterizadas como lutas de agarre, usa- se também o termo grappling. No estilo Greco-Romano, os lutadores só podem fazer uso dos membros superiores e tronco, tanto para defesa quanto para o ataque. Se um dos atletas abrir uma diferença de 8 pontos durante a luta ele é denominado vencedor por superioridade técnica (CBW). 5 No estilo livre é permitido a utilização dos membros inferiores, tanto para defesa quanto para o ataque. Se um dos atletas abrir uma diferença de 10 pontos durante a luta ele é denominado vencedor por superioridade técnica. Os três estilos (Luta Olímpica masc./fem. e Greco-Romana) tem um objetivo em comum: o de imobilizar o oponente com as costas encostando-as no solo. Este movimento acarretará no encerramento da luta, e caracterizará o vencedor. Caso não ocorra o encostamento, será denominado vencedor o atleta que obteve maior pontuação ao longo do combate (CBW). 3. Principais regras Tapete de Lutas – As lutas são disputadas em um tapete de lutas que mede 12x12 metros. Dentro do tapete há três círculos, além de dois espaços reservados para cada treinador. Área ou círculo central – Área destinada ao início e reinício do combate. Área de combate – Local onde ocorre o combate, nesta área todos os pontos são assinalados. Área de passividade – Esta área marca o limite da área de combate, todos os pontos que acontecem nesta área são computados. Área de Proteção – Esta área marca a zona de proteção, nesta área somente são computadas as ações que se iniciam dentro da área de combate e terminam na zona de proteção, porém nenhuma ação que se inicie nesta área é validada. Área técnica – Este setor do tapete de luta é destinado ao treinador do atleta com a vestimenta de acordo com a cor da área. 6 Uniforme – Os atletas fazem o uso de malhas obrigatoriamente de cores azuis ou vermelhas e uma sapatilha. Duração das lutas – As lutas são disputadas em 2 rounds de 3 minutos, com 30 segundos deintervalo entre eles. Os pontos conquistados são cumulativos. É permitido durante o intervalo que o atleta beba água e recebam instruções de seus técnicos. Não é permitido que os treinadores façam o uso de toalhas molhadas para refrescar o atleta. Valor das Ações e Projeções: Um Ponto (1): Ao lutador cujo seu adversário pise com todo o pé fora da área de combate (Zona de proteção na posição de Luta em pé) Para o defensor que não sofreu pontos durante os 30 segundos de penalização no Estilo Livre. Ao lutador cuja ação é impedida por seu adversário com uma pegada ilegal, mas que na sequência consiga realizar a ação (ponto de bonificação). Ao lutador atacante cujo adversário foge do contato da luta, do tapete, se nega a voltar ao combate, comete ações ilegais e atos de brutalidade. Ao lutador cujo seu oponente tenha sofrido a terceira penalização no estilo greco-romano. Todas as interrupções de combate por parte do atleta sem que tenha sangramento ou lesão visível são penalizadas com um ponto para seu oponente. Para o lutador que o seu oponente tenha solicitado o desafio (Challenge). E a decisão final dos árbitros não sofra alteração. Ao lutador cujo seu oponente se negue a realizar a pegada ou cometa penalidade na posição de penalização da Luta Greco Romana depois da primeira advertência do árbitro. Dois Pontos (2): Ao lutador que realize uma pegada correta na posição de quatro pontos e coloque seu oponente em posição de perigo de encostamento ou toque instantâneo. 7 Ao lutador atacante cujo oponente rode sobre seus ombros Ao lutador atacante cujo oponente fuja da pegada saindo do tapete na posição de perigo de encostamento “neste caso ainda é aplicada uma penalização para o atleta faltoso” Ao lutador que leva seu oponente ao solo passando para as costas controlando-o com pelo menos três pontos de apoios tocando o solo Ao lutador que aplique uma projeção saindo da posição de luta em pé para o solo e seu oponente caia na posição de quatro pontos e não na posição de perigo. Ao lutador que se sobreponha, derrube e controle seu oponente passando para as costas do mesmo Ao lutador que bloqueia seu adversário sobre um ou dois braços estendidos com as costas expostas ao tapete. Ao lutador atacante cujo oponente se recuse a colocar-se corretamente na posição de quatro pontos na Luta greco-romana depois da primeira advertência Ao lutador atacado cujo atacante cai em posição de toque instantâneo e rode sobre os seus ombros ao realizar a ação. Ao lutador que bloqueia o adversário quando este realizar uma ação na luta de pé e terminar na posição de perigo de encostamento. Quatro Pontos (4): Ao lutador que realize uma ação estando de pé na qual coloque seu oponente em posição de perigo após uma projeção direta com pequena amplitude. Por qualquer ação realizada, levantando o lutador do tapete por uma pequena amplitude quando um dos joelhos do lutador atacante esteja tocando o solo. Ao lutador que realize uma ação de grande amplitude que não coloque seu adversário em uma posição de perigo de encostamento em uma ação direta. Nota: Se ao sofrer uma pegada o lutador atacado mantém contato com o tapete com uma de suas mãos e imediatamente é colocado em uma posição de perigo, o lutador atacante receberá três pontos (3). 8 Estilos livre masculino e livre feminino Todas as ações de grande “amplitude” realizadas com os lutadores de pé onde o lutador atacante coloque seu oponente em uma posição de perigo direta e imediata. A ação realizada por um lutador na posição de quatro pontos que levanta completamente seu oponente do tapete para realizar uma projeção de grande “amplitude” na qual coloca seu adversário em uma posição de perigo direta e imediata Cinco Pontos (5) Todas as ações de grande “amplitude” realizadas, onde os lutadores estejam de pé onde o lutador atacante coloque seu oponente em uma posição de perigo direta e imediata. A ação realizada por um lutador na posição de quatro pontos que levanta completamente seu oponente do tapete para realizar uma projeção de grande “amplitude” na qual coloca seu adversário em uma posição de perigo direta e imediata (Só ocorre na Luta Greco-Romana). Encostamento – é um golpe que encerra o combate. Consiste em dominar o oponente com as costas encostadas no solo. Superioridade Técnica - Estilo livre feminino e masculino: Se um dos atletas obtiver um placar com diferença de 10 pontos sobre o adversário (ex: 10 a 0, 11 a 1) é decretado fim do combate. Estilo greco-romano: Se um dos atletas obtiver um placar com diferença de 8 pontos (ex: 8 a 0, 9 a 1 e 10 a 2) sobre o oponente é decretado fim do combate. Desafio – é o momento em que o treinador de um atleta discorda da pontuação que o árbitro atribuiu. Nesse momento é interrompida a luta e o recurso de vídeo é solicitado exibindo o momento em que é contestado pelo treinador. Caso o árbitro não altere a decisão, o atleta perde a opção de desafio e o seu oponente ganha um ponto. Passividade - Estilos livre masculino e feminino: 9 Primeira passividade: será apenas uma advertência sem penalidades, mas o árbitro deve parar o combate e sinalizar ao atleta e seu treinador. Segunda passividade: o árbitro deverá parar o combate e assinalar os 30 segundos de ação onde o lutador advertido deverá marcar pelo menos um ponto dentro de 30 segundos. O tempo é mostrado no placar eletrônico da partida. Caso o lutador passivo não consiga marcar o ponto, ele receberá uma penalização e se u oponente marcará um ponto técnico. Caso um dos lutadores consiga pontuar durante os 30 segundos, não haverá o ponto por passividade e a luta transcorrerá normalmente. Depois de assinalada a segunda passividade, caso ocorra outra passividade o tempo de 30 segundos será acionado. Estilo greco-romano: Primeira passividade: é apenas verbal e não se faz necessário paralisar o combate. Segunda passividade: na segunda advertência, para o mesmo lutador passivo, o árbitro dará o primeiro aviso de passividade, novamente sem parar a luta; Terceira passividade: quando o mesmo lutador estiver passivo, o árbitro dará o segundo aviso de passividade e 1 ponto técnico ao oponente, novamente sem parar a luta. “FLEE THE FIGHT” (Fugir do combate) - É quando o atleta evita a luta claramente andando para trás evitando a aproximação do adversário. O atleta é punido com um ponto. FONTE: Confederação Brasileira de Wrestling. 4. Princípios fisiológicos Para analisarmos os fatores fisiológicos de uma modalidade esportiva temos que levar em conta as principais características da modalidade. No caso das lutas temos que avaliar se há separação de categoria por peso, estilo da luta (agarre, toque ou varredura), tempo de rounds, o uniforme, entre outros fatores que diferenciam a demanda energética de cada uma em particular. A Luta Livre Olímpica e Greco-romana, entre outras lutas que tem a principal característica o agarre, projeções e imobilizações em solo, requer um enorme esforço ao nível de potência, força muscular bem como de força isométrica. Um 10 atleta de elite dispõe de um alto nível de coordenação motora, força explosiva, velocidade de reação e força relativa (BORBA, 2013). Segundo Lansky (1999) a potência dos lutadores é a capacidade de executar os golpes com máxima velocidade e explosão, essa característica que o leva ao sucesso. A potência e a capacidade anaeróbia são de extrema importânciana luta pois normalmente são combates de curto período, mas alta intensidade. A mudança periódica de regras, sistemas de pontuação e tempo de duração de um combate pode influenciar na resposta fisiológica dos atletas. Por exemplo, os níveis de VO2 máximo vem diminuindo devido a mudança de solicitação energética-metabólica (BORBA, 2013). O atleta de alto nível geralmente é preparado a fim de atingir um somatotipo predominantemente mesomórfico. Os campeões mundiais têm em média um valor menor do que 10% de gordura corporal, o que evidencia cuidados em longos treinos aeróbios e com a nutrição do lutador (YOON, 2002). Nessas modalidades são exigidas uma variedade de manifestações de força: Força máxima – a mais alta força que o sistema neuromuscular consegue imprimir durante uma contração voluntária máxima, e é um movimento anaeróbio-alático. (BOMPA, HAFF, 2012) Força rápida – máxima habilidade de produzir força no mínimo tempo possível. Irá depender da habilidade do sistema nervoso de recrutar unidades motoras rapidamente, da quantidade de fibras musculares envolvidas, e de como esse músculo faz o uso da energia a aneróbia para a contração muscular em um mínimo de tempo. Força de resistência – capacidade do sistema neuromuscular de produzir força e sustenta-la por mais de 30 segundos e menos de 2 minutos (YOON, 2002). Depende de a habilidade do sistema nervoso recrutar unidades motoras e do nível de ATP-CP acumulado no músculo, é um movimento anaeróbio-lático. Força isométrica – habilidade de produzir força sem que haja o ciclo alongamento-encurtamento, ou seja sem a movimentação articular. Depende do recrutamento de unidades motoras e do músculo utilizar energia anaeróbia (BORBA, 2013). Pelo fato da duração dos combates serem atualmente de dois períodos de 3 minutos com intervalos de 30 segundos entre eles, o principal metabolismo 11 utilizado é o glicolítico. E vale ressaltar que nesse sistema há produção de lactato. Recentemente esse fator está sendo utilizado como um indicador de potência e capacidade anaeróbia, pois este afeta diretamente no mecanismo contráctil muscular (KRAEMER, 2004). Um estudo na Coréia em laboratório observou níveis de lactato em atletas de elite com 5 minutos de competição, estes atingiram entre 10 a 13 mmol/L (YOON,1994). Porém em um estudo não publicado de Sharatt em 1986 citou que o melhor lutador russo gerava níveis acima de 20mmol/L. Geralmente devido ás altas intensidades de treinos e competições de atletas de elite, eles são menos sensíveis ao ácido lático e são capazes de tolerar uma maior quantidade em seu sangue. Os lutadores de maior sucesso tendem a tolerar maiores níveis de lactato, assim como têm maior capacidade de tamponamento sanguíneo em termos de resistência muscular (ASCHENBACH et al, 2000). Apesar da demanda energética anaeróbia ser predominante nesse tipo de esporte, há uma importância em treinar as capacidades aeróbias. Elas ajudariam os atletas a manterem uma alta intensidade durante toda a luta. Contribuiria para o retardo do aparecimento da fadiga, pois ajudariam na remoção do lactato sanguíneo. Diminuiria o tempo de recuperação entre combates. (DEL VECCHIO, 2011). 5. Aspectos biomecânicos Ações Técnicas As Lutas Olímpicas são modalidades individuais de grande complexidade que se utiliza de técnicas cruzadas, uma grande solicitação física, entre as quais a força, resistência, velocidade, e um alto padrão coordenativo. (BORBA 2013) Dentro dessas modalidades há uma variedade de técnicas muito extensa tornando quase impossível a assimilação de todas elas. Com a compreensão de características em comum foi possível interpretar as habilidades básicas utilizadas. (PETROV, 1986) (MARTINS 2008). Para descrever as ações decorrentes das técnicas foi necessária uma compreensão de quais aspectos enfatizar e como eles se relacionam entre si. (CORNEANU, DMOWSKI, NERI, 1986). Para isso foi observado ações 12 decorrentes de combates percebendo-se que é possível realizar técnicas tanto em pé quanto no solo. (MARTINS, PEIXOTO, 2004). Quando as técnicas são feitas de pé, independente de outras ações o comportamento das bases assume duas possibilidades: por ação dos lutadores as costas são voltadas para o solo utilizando técnicas onde os apoios abandonam o contato com o chão simultaneamente com fase aérea, são as Projeções, ou alternadamente sem fase aérea são as Derrubadas Ainda uma outra técnica afim de fazer seu oponente vir ao solo porém sem o toque das costas no mesmo e sem fase aérea, são as Puxadas e Desequilíbrios que consiste em puxar o oponente pelo braço ou cotovelo em sua direção e tentar desestabilizar seu ponto de equilíbrio. Nas técnicas de solo o comum na maioria das ações são os giros em torno de um eixo. Quando são feitos de forma longitudinal são chamados de Rotações, quando em eixo transversal são Rolamentos. (BORBA 2013) PEGADAS São os movimentos que os atletas adotam para segurar seu oponente, utilizando os braços em volta do corpo, podendo ou não intercalar os braços, e utilizando-se das mãos para fechar o cerco. Os mais usuais são pegadas em cadeado: as duas mãos em contato com as palmas e dedos em direção opostas, fechando e envolvidos entre si, a pegada cruzada também é bastante utilizada especialmente em técnicas de solo: os braços se cruzam e as mãos em forma de concha sobrepõe ao antebraço. Controle ou Agarre É o modo como o lutador agarra o oponente de forma a inviabilizar as suas ações ofensivas. São utilizadas para dominar e precede a ação técnica propriamente dita. As formas mais usuais são o controle do braço ou perna por dentro ou por fora ou ambos, controle da cabeça e braço, pela cintura pela frente e costas. Posição básica em Pé 13 O lutador pode ficar com os pés paralelos ou com um deles ligeiramente a frente, pernas e braços levemente fletidos direcionados à frente. Essa é a posição em que o combate se inicia. Existem três posições possíveis: a alta, a média e a baixa. O critério é a relação do cotovelo com a cintura pélvica, é alta se estiver acima, média se estiver a frente e é baixa se estiver abaixo. A posição alta é indicada para a Luta Greco-Romana, e a baixa é mais utilizada na Luta Livre Olímpica a posição média é considerada uma transição e é utilizada pelas duas modalidades. Posição Básica no Solo Em quadrupedia no solo com a cabeça levantada e para frente, joelhos afastados dos cotovelos e pernas afastadas entre si. Os deslocamentos São as formas como os lutadores se movimentam na área de luta. Devem ser rasantes ao solo sem trocar a base, pernas e braços fletidos e sempre de frente para o adversário de modo a manter uma posição equilibrada. Existem deslocamentos no solo e em pé para todas as direções. 5.1. Análise Biomecânica Projeções Principal movimento - Hiperextensão de tronco: 14 Principais músculos envolvidos – Eretores da espinha, paravertebrais, glúteo máximo, bíceps femoral, tríceps sural. Movimento no plano sagital, eixo látero- lateral, alavanca interfixa, com eixos principais na coluna e quadril. Braços trabalham para manter o agarre ao adversário. Ombros e cotovelos trabalham em flexão. Derrubadas Principal movimento – Flexão de tronco: Principais músculos envolvidos – Reto abdominal, transverso do abdômen, iliopsoas, sartório, reto femoral. Movimento no plano sagital, eixo látero-lateral, alavanca interfixa, com eixos principais da coluna e quadril. Braços trabalham mantendo oagarre. Ombros e cotovelos em flexão. Puxadas/Desequilíbrios Nas puxadas em geral, também será um movimento composto. Principais movimentos – Abdução horizontal de ombro e flexão do cotovelo. 15 Ombro – grande ativação de latíssimo do dorso, deltoide posterior e trapézio ascendente, intermédio e descendente. Eixo longitudinal, plano transverso, alavanca interpotente. Cotovelo – grande ativação de bíceps braquial, que trabalha tanto quanto dorsal nesse tipo de movimento. Eixo látero – lateral, plano sagital, alavanca interpotente. Destaca-se ainda o grande trabalho dos músculos do antebraço, como pronadores, supinadores e flexores dos dedos, em razão da pegada exercida pela mão. Pegadas Composto de movimentos do ombro, braço, antebraço e mão. Ombro: Flexão de ombro – deltoide anterior, eixo látero – lateral, plano sagital, alavanca interpotente. Braço: Flexão de cotovelo – bíceps braquial, eixo látero – lateral, plano sagital, alavanca interpotente. Antebraço – trabalha em supinação (supinador longo e curto, eixo longitudinal – cotovelo, plano transverso) e com a preensão palmar (músculos flexores dos dedos). 16 Controle ou agarre Conjunto de movimentos de membros superiores e inferiores, concentrando o principal movimento em inferiores, para manutenção de equilíbrio/estabilidade e postura. Principais movimentos: Flexão de joelho e de quadril Joelho e quadril flexionando, com grande ativação de quadríceps femoral, iliopsoas e sartório. Tendo suporte de bíceps femoral, glúteo máximo e médio, eretores da espinha e paravertebrais, todos sinergistas. As duas flexões ocorrem no plano sagital, eixo látero – lateral, as duas sã o alavancas interpotentes, tendo como eixo/articulação envolvida, o quadril e o joelho. Posição básica em pé Segue um padrão próximo dos golpes de controle/agarre. O principal movimento é a leve flexão de joelhos, tronco e quadril, ou semiflexão. O tronco em semiflexão tem ativação de paravertebrais e eretores da espinha, tendo como sinergista os músculos abdominais (reto, oblíquo e transverso). Ocorre no plano sagital, eixo látero – lateral e a alavanca é interfixa. O joelho e o quadril em semiflexão farão com que haja ativação de toda musculatura de membros inferiores, como quadríceps, iliopsoas e sartório em 17 função da semiflexão do joelho, e a cadeia posterior como glúteo, bíceps femoral e tríceps sural, em função da semiflexão de quadril. Ocorre no plano sagital, eixo látero – lateral, e são alavancas interpotentes. Posição básica no solo A posição básica no solo consiste na posição em quatro apoios. Joelhos, quadril e ombros em flexão. Como os membros estão apoiados, a ativação muscular será diferente. Contração de deltoide anterior, de toda região abdominal (oblíquo, transverso e reto), paravertebrais e pequena contração de toda musculatura de membros inferiores. As ativações se apresentam dessa forma por não haver movimento, ser uma posição de estabilidade. Deslocamentos 18 Os deslocamentos possuem a mesma ativação e movimentação da posição básica em pé. Porém deve-se ressaltar que há o deslocamento do corpo no espaço, exigindo mais da musculatura de membros inferiores, principalmente do tríceps sural. 6. Treinamento físico para competição Luta Livre Olímpica e Greco- Romana. O trabalho árduo realizado na preparação física de um atleta antes da competição é de suma importância para que seu desempenho na luta seja o melhor possível. Sabe-se que a vitória em qualquer modalidade, ocorre graças ao preparo adequado do atleta, sendo físico um dos aspectos fundamentais. Claro que, o preparo psicológico e emocional é extremamente importante. Um atleta que deixa fatores externos ou internos interferirem em suas decisões terá seu desempenho prejudicado. A variação de programas de treinamento promove melhor desempenho do atleta durante sua preparação. Borba (2013) mostra evidências que demonstram a contínua necessidade dos treinadores e lutadores variarem o treinamento, desta forma cumprirá com os objetivos propostos na aprendizagem das técnicas e aumentando o desempenho de forma significativa. Essa variação, denominada popularmente como periodização, deve estar de acordo com a fase do atleta e atendendo não somente a melhora das capacidades físicas, mas também o aperfeiçoamento das habilidades e dos movimentos técnicos da luta. A força corporal total e potência são de extrema importância, pois proporciona ao lutador uma base de condicionamento necessária. A falta de ambos pode ser vista quando o lutador falha na finalização de uma projeção ou derrube por falta de explosividade dos membros inferiores, então estes devem ser trabalhadas com mais frequência. Durante essas circunstâncias, um lutador precisa imprimir uma grande potência estrutural de modo a baixar as coxas em relação ao adversário e explosivamente estendendo os membros superiores levantá-lo do tapete. Sabe-se também que a força corporal é muito importante para o lutador, pois algumas habilidades específicas exigidas pela modalidade necessitam que esta capacidade física esteja bem estruturada e desenvolvida. Habilidades como empurrar, puxar e estabilizar com membros superiores e tronco, realizar 19 levantamentos com o peso corporal do oponente usando as pernas, todos esses movimentos ocorrem durante os 6 minutos do combate e, deve-se incluir sempre na rotina de treinamento e na periodização uma variedade de exercícios que otimizem essas técnicas e habilidades. Quando o atleta alcança o alto nível de treinamento, dá-se maior ênfase para a qualidade do que a intensidade, pois a qualidade irá diferenciar a noção de intensidade, ou seja, a intensidade de treinamento dependerá da qualidade de movimentos e exercícios executados de forma equilibrada e coerente. Os exercícios que compõem a estruturação de treinamento competitivo devem estar de acordo com o objetivo a ser alcançado, tendo como classificação: exercícios de competição, exercícios especiais e os exercícios gerais (BORBA, 2013): Exercícios de competição: Em tudo semelhante à essência e natureza da competição, são aqueles que provocam uma adaptação mais complexa e contribuem com eficácia para estabelecer a harmonia entre os vários componentes do treino, ajustando os fatores técnicos, táticos, físicos e psicológicos de preparação para as situações específicas da modalidade. São exercícios importantíssimos, pois sem eles é impossível obter os requisitos que a modalidade exige do praticante e consequentemente impede a evolução nos níveis de treinamento. Exercícios específicos: Exercícios que se definem pelo seu caráter específico, tendo sempre algo em comum com os exercícios de competição. Têm como objetivos fundamentais o aperfeiçoamento da técnica, da tática, e das capacidades condicionais. Exercícios Gerais: São exercícios que do ponto de vista do seu efeito não correspondem nem aos exercícios de competição nem aos exercícios específicos. Tem como objetivo desenvolver força, flexibilidade, mobilidade, aptidão aeróbia e anaeróbia. São tidos como base para um treinamento posterior. Estudos demostram que para trabalhar as capacidades energéticas a forma de treinamento de maior eficiência para este estilo de luta é o método de exercícios intermitentes de alta intensidade. Pois contribui com ganhos para ambos os sistemas tanto aeróbio, quanto anaeróbio. Podemos citar como exemplo: 3 séries de exercícios executadosna maior intensidade possível por 30 segundos cada e com intervalos de 4 minutos. 20 Na primeira série a contribuição energética será dividida da seguinte maneira: 50-55% glicolítico; 23-28% fosfagênios; 16-28% oxidativo. Na terceira série: 15% glicolítico; 15% fosfagênios; 70% oxidativo. (DEL VECCHIO, 2011). 7. Referências Bibliográficas ASCHENBACH, W.J. Effect of oral sodium loading on high intensity armergometry in college wrestlers. Med Science Sports Exercises, 2000; v.32, n.3, p. 75-669. BOMPA, T. O.; HAFF, G. G. Periodização: teoria e metodologia do treinamento. 5.ed. São Paulo: Phorte, 2012. BORBA, F. S. C. Teste de Avaliação da Performance em Lutas. Dissertação (Mestrado em Treino Desportivo) - Faculdade de Motricidade Humana. Lisboa. Universidade Técnica de Lisboa, 2013. CONFEDERAÇÃO BRASILEIRA DE WRESTLING. Disponível em: < http://cbw.org.br/>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. CORNEANU, I.; DMOWSKI, S.; NERI, S. The Technical Evolution of ModernWrestling. Rome: FILA, 1986. 21 DEL VECCHIO, F.B. Treinamento em lutas. 2011. Disponível em:https://pt.slideshare.net/fabricioboscolo/preparao- fsicalutasintermitenciaaerobiobacharelado. Acessado em: 28 de outubro de 2017. KRAEMER, W.J. Treinamento de força para o esporte. Artmed, 2004. LANSKY, R.C. Wrestling and Olympic-style lifts. IN: Season maintenance of power and anaerobic endurance. Strength Cond Journal. 1999; v.21, n.3, p.7- 21. MARTINS, P. O conhecimento pedagógico do conteúdo no ensino da Luta. (Mestrado), Faculdade de Motricidade Humana - UTL, Lisboa, 2008. MARTINS, P.; PEIXOTO, C. Sistema de Análise das Ações Motoras na Luta. Paper presented at the Simpósio Nacional de Ciências do Desporto, Lisboa, 2004. PETROV, R. Freestyle and Greco-Roman Wrestling, Lausanne: FILA.1986. SECRETARIA DE ESPORTE, LAZER E ATIVIDADES MOTORAS. A história da Luta Olímpica. Piracicaba, 2009. Disponível em:<http://www.selam.piracicaba.sp.gov.br/site/modalidades/50-luta- olimpica/54-a-historia-da-luta-olimpica.html>. Acessado em:28 de outubro de 2017. 22 YOON, JR. Physiological profiles of elite senior wrestlers. Sports Medicine. 2002 ; v.32, p.225–233. YOON, JR; BANG, D.D.; JUN, H.S. The development of sparring types for elite Korean national wrestlers. Korean J Sports Science, 1994; v. 5, n.2, p. 24-15. Imagens Disponível em:<https://cblalutas.files.wordpress.com/2010/05/tapete.jpg>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. Disponível em:<https://pt.dreamstime.com/ilustração-stock-luta-romana-greco- romana-image43822174>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. Disponível em:<https://www.behance.net/gallery/4497785/suplay>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. Disponível em:<https://pt.dreamstime.com/ilustração-stock-luta-romana-greco- romana-image43771589>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. Disponível em:<https://es.123rf.com/clipartvectorizado/lucha_libre.html?mediapopup=1040 0647>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. 23 Disponível em:<http://www.clipartpanda.com/clipart_images/clipart-information- 69727112>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. Disponível em:<http://www.portalsaofrancisco.com.br/esportes/lutas- olimpicas>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. Disponível em:<http://www.linkesporte.com.br/2016/05/historico-da-luta- olimpica.html>. Acessado em: 28 de outubro de 2017. Disponível em:<http://www.visualdictionaryonline.com/sports-games/combat- sports/wrestling/starting-positions.php>. Acessado em: 28 de outubro de 2017.
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