Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE DO TOCANTINS – UNITINS PROGRAMA UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL CURSO DE LETRAS ESTÁGIO SUPERVISIONADO III MÁRIO LUIZ ALVES COUTINHO RELATÓRIO DE REGÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA Ananás 2015 MÁRIO LUIZ ALVES COUTINHO RELATÓRIO DE REGÊNCIA EM LÍNGUA PORTUGUESA Relatório apresentado como requisito parcial de avaliação da disciplina Estágio Supervisionado III do Curso de Letras – Programa Universidade Aberta do Brasil. Orientadora: Professora Silvana Lovera Silva Ananás 2015 SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO:............................................................................04 2 ABORDAGEM METODOLÓGICA:.............................................05 2.1 Métodos e Técnicas:.................................................................05 2.2 Plano de Aula:...........................................................................07 2.2.1 Identificação:..........................................................................06 2.2.2 Assunto:..................................................................................07 2.2.3 Necessidades:........................................................................08 2.2.4 Objetivos:................................................................................08 2.2.5 Metodologia:...........................................................................09 2.2.6 Tempo:...................................................................................10 2.2.7 Recursos:...............................................................................10 2.2.8 Avaliação:...............................................................................11 3-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ANÁLISE:..............................11 3.1 Fundamentação Teórica:...........................................................11 3.2 Análise:......................................................................................16 4 CONSIDERAÇÕES FINAIS:........................................................15 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:...........................................18 4 1 INTRODUÇÃO A Garantia de um ensino de qualidade passa inexoravelmente pela formação do professor, desse modo é imprescindível que ao atual ou futuro professor seja disponibilizada a oportunidade de exercitar a reflexão sobre os problemas e a dinâmica gerados por sua atuação no cotidiano da escola e da sociedade. Reforçamos que a teoria aliada à prática reflexiva, a chamada práxis é essencial na formação docente, uma vez que a atividade docente é sistêmica e científica, tendo um caráter social, possibilitando a transformação da natureza e da sociedade. O nosso Estágio foi desenvolvido no 1.º, 2º e 3º ano do Ensino Médio do período matutino da Escola Estadual Eurico Mota no período de 21 de outubro a 20 de Novembro de 2015, tendo sido composto pelas fases de 20 horas de planejamento, 40 horas de Regência e 10 horas de elaboração do presente relatório. Optamos por motivos óbvios, dentre eles a familiaridade, em realizar a etapa de Regência na mesma escola na qual participamos da fase de observação. Em razão do momento vivenciado pelos alunos em relação à finalização de bimestre e da proximidade com o final do ano, selecionamos os conteúdos a serem ministrados, de acordo com a necessidade detectada pelo professor titular. Sentimos que o Estágio em sua completude, tem o objetivo principal de formar um professor crítico, competente e reflexivo, que tenha como fulcro a interdisciplinaridade e a problematização. Nesse viés, a principal problemática detectada, de igual modo que no período de Regência nas séries finais do Ensino Fundamental, continuou sendo a dificuldade de leitura e escrita, sendo que há conforme ficou claro em conversas informais com os demais professores de Língua Portuguesa da Escola-Campo, uma busca continuada de solução do problema através de atividades de incentivo à leitura e à escrita, com propostas diversificadas a exemplo dos Projetos de Feira de Leitura/Feira Cultural e outros. Trabalhamos durante o período do Estágio, propostas que viessem a mitigar em parte a problemática apontada, através da ênfase na Leitura, Interpretação de textos e produção textual com base na Literatura das várias fases da História, porém em razão da exiguidade do tempo, não nos foi possível trabalhar em sua plenitude a interdisciplinaridade e/ou transdisciplinaridade, proposta essa que deixamos aqui aos professores da escola, de modo que em suas práticas pedagógicas primem 5 mais ainda no trabalho que encampem esse modo de trabalho, levando a contextualização dos conteúdos para a vida cotidiana dos alunos. Este relatório é composto de Introdução, Abordagem Metodológica, Fundamentação Teórica e Análise, Considerações Finais e Referências. 2 ABORDAGEM METODOLÓGICA 2.1-MÉTODOS E TÉCNICAS Após a nossa reapresentação à Direção da escola e à Coordenação Pedagógica, fomos direcionados ao professor titular que nos acolheu com urbanidade e presteza. Em seguida, solicitamos ao professor o plano de curso para análise e subsidio à nossa prática. De antemão, o professor titular colocou a sua preocupação em relação à continuidade da aplicação dos conteúdos por ele planejados e firmamos um acordo de que trabalharíamos com os conteúdos apontados por ele como prioritários. Na análise do Plano de Curso, percebemos que o mesmo foi elaborado de forma generalizada, sem um enfoque mais primoroso quanto às especificidades e singularidades dos alunos tais como: o nível socioeconômico, a faixa etária, a homogeneidade da turma, o grau de repetência, o número de alunos novatos, à localização geográfica da residência do aluno: zona urbana ou rural, etc. Após a verificação da necessidade de adequação dos conteúdos e levando em consideração os conteúdos definidos como prioritários pelo professor titular, partimos para o nosso planejamento de aulas a serem ministradas nas duas séries escolhidas para a Regência e após o planejamento para a prática de Regência. Em nosso planejamento procuramos em consonância com as sequências didáticas, abranger assuntos que possibilitassem o desenvolvimento de competências de análise e interpretação de textos e com isso a melhoria das deficiências em Leitura e Escrita dos alunos. Para a tarefa, mesclamos atividades teóricas e práticas, críticas e reflexivas, onde além dos Livros Didáticos, Livro de apoio e quadro negro, utilizamos momentos de roda de leitura, produção individual/coletiva de textos, pesquisa em jornais, revistas e através do uso da Biblioteca da Escola, do laboratório de informática, em sítios previamente selecionados que propiciam uma maior vivência no sentido de mitigar as deficiências em relação à leitura e a escrita. Como o momento de regência coincidiu com a 6 realização de feira cultural de outra instituição escolar, inserimos no plano momento de visita à feira como atividade extraclasse de interação e exercício da cidadania. Em nossa prática pedagógica utilizamos a avaliação contínua e processual com ênfase na avaliação diagnóstica, onde através da observação mais detalhada poderemos chegar mais rápido a detecção das deficiências e intervir de forma mais objetiva. Em nossa auto avaliação verificamos na prática as intervenções que foram exitosas e àquelas que não foram proveitosas, sendo que destacamos aquique tivemos que realizar mudança de abordagem de conteúdos no 1.º ano em razão do número elevado de alunos na classe, com o complicador de que há um grande número de alunos de idades variadas, ou seja, discrepância e idade/série, somado a isso tudo uma gritante indisciplina. Quanto à indisciplina detectada, firmamos de imediato um contrato didático com os alunos, com definição de regras de convivência. De modo geral a nossa Regência constou de Aulas Expositivas através do uso do quadro, da reprodução de filmes/documentários, da utilização de xerocópias de livro de apoio, da utilização do Livro Didático, da prática de exercícios de compreensão dos conteúdos com correção oral compartilhada pelos alunos, produção textual, bem como da utilização do Laboratório de Informática e de momentos extraclasses a exemplo da Feira Cultural na qual efetuamos uma Visita Orientada, voltada à apreensão dos conteúdos correlatos à proposta. Ressaltamos que momento de Regência se deu de modo tranquilo e proveitoso, onde apesar do tempo disponibilizado não propiciar o exercício pleno da prática pedagógica, nos deu a oportunidade de colocar em prática aquilo de aprendemos nas aulas teóricas e durante o momento de observação de forma que nos possibilitou fazer adequações necessárias ao momento vivenciado. Enfim, o momento de Regência serviu para nos fornecer um referencial daquilo que almejamos para a nossa vida profissional. Abaixo, publicamos o Plano de Aula elaborado e utilizado para a quinzena de Regência nas séries: 1º, 2º e 3º ano Matutino. 7 2.2-PLANO DE AULA 2.2.1 IDENTIFICAÇÃO ESCOLA ESTADUAL EURICO MOTA PROFESSOR: MÁRIO LUIZ ALVES COUTINHO SÉRIES: 1º, 2º e 3.º ano TURNO: Matutino PERÍODO: 28/10/2015 a 18/11/2014 2.2.2 ASSUNTO 1.º ano: A linguagem do Trovadorismo; Contexto histórico do Trovadorismo; A produção literária medieval; Estudo das cantigas – Lírica e Satírica; A linguagem do Classicismo; Contexto histórico do Classicismo; Ação do PPP- Projeto de leitura; Roda de Leitura; Aplicação de seminários de leitura; Estudo do gênero Romance; Produção do Gênero Romance; Inclusão Digital; Digitação dos contos produzidos em sala no laboratório de informática da escola e Word – Digitação, tabulação e formatação; Feira Cultural. 2.º ano: A linguagem do Realismo e do Naturalismo; Estudo do contexto histórico do Realismo/Naturalismo; Estudo dos principais autores e obras do Realismo/Naturalismo; Estudo do embasamento intelectual do realismo/Naturalismo; Ação do PPP- Projeto de leitura; Roda de Leitura; Aplicação de seminários de leitura; Estudo do gênero Romance; Produção do Gênero Romance; Inclusão Digital; Digitação dos contos produzidos em sala no laboratório de Informática da Escola e Word – Digitação, tabulação e formatação; Feira Cultural. 3.º ano: Estudo das orações adjetivas; Função Sintática do Pronome relativo; Estudo da primeira fase do Modernismo; Estudo do texto dissertativo; Produção e refacção do texto dissertativo; Estudo do texto de divulgação científica; Ação do PPP- Projeto de leitura; Roda de Leitura; Aplicação de seminários de leitura; Estudo do gênero Romance; Produção do Gênero Romance; Inclusão Digital; Digitação dos contos produzidos em sala no laboratório de informática da escola e Word – Digitação, tabulação e formatação; Feira Cultural. 8 2.2.3 NECESSIDADES Em consonância com as sequências didáticas dos conteúdos, levando em consideração os conteúdos indicados pelo professor titular, buscar solucionar deficiências de leitura e escrita dos alunos das séries trabalhadas, através do emprego de conteúdos conceituais, procedimentais e atitudinais. 2.2.4 OBJETIVOS De acordo com as diretrizes dos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa para o Ensino Médio, os objetivos gerais são: 1.Garantir ao/à aluno/a do Ensino Médio um domínio ainda maior das práticas sócio- verbais, com uma elaboração condizente com seu nível de ensino; 2.Capacitar cada vez mais o/a aluno/a a perceber nos diferentes textos as diferentes visões de mundo bem como os interesses que eles carregam, ou seja, a não neutralidade de todo o texto; 3.Trabalhar no ensino de Língua Portuguesa referindo o caráter social da língua que se realiza na interação verbal e social dos/as interlocutores/as; 4.Compreender as variações da linguagem como fenômeno social e refletir as diferentes formas de manifestação do preconceito linguístico como uma forma de preconceito social; 5.Desenvolver as atividades de produção e compreensão de textos como extensão da tarefa de leitura e compreensão do mundo em que vivemos, com a consequente produção de reflexões sobre o mundo vivido em textos crítico-reflexivos. 6.Desenvolver, despertar, incentivar, promover no/a aluno/a o prazer da leitura das obras literárias como produtos da experiência da humanidade, como relatos do nosso processo civilizatório tanto quanto nosso cotidiano. A leitura das obras de ficção deverá levar o/a aluno a compreender que estes são relatos da vida e que a história de todos e de cada um estão ali expressas. Desse modo, procuraremos formar alunos capazes de usar adequadamente a Língua Materna em sua modalidade escrita e oral e a partir daí refletir criticamente acerca do que leem e escrevem. Nesse sentido é necessário levar o aluno a: 1.Utilizar linguagens nos três níveis de competência: interativa, gramatical e textual. 2. Ler e interpretar. 9 3. Colocar-se como protagonista na produção e recepção de textos. 4. Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação em situações relevantes 5.Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes manifestações da linguagem verbal; 6. Compreender e usar a língua Portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da própria identidade; · 7.Aplicar as tecnologias de comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes da vida (estas três competências compõem mais precisamente o eixo de representação e comunicação); 8.Analisar os recursos expressivos da linguagem verbal, relacionando textos/contextos, mediante a natureza, função, organização, estrutura, de acordo com as condições de produção, recepção (intenção, época, local, interlocutores participantes da criação e propagação das idéias e escolhas, tecnologias disponíveis); 9.Recuperar, pelo estudo do texto literário, as formas instituídas de construção do imaginário coletivo, o patrimônio representativo da cultura e as classificações preservadas e divulgadas, no eixo temporário e espacial; 10. Articular as redes de diferenças e semelhanças entre a língua oral e escrita e seus códigos sociais, contextuais e lingüísticos (compondo estas três o eixo da investigação e compreensão) 11.Entender a Língua Portuguesa como fonte de legitimação de acordos e condutas sociais e como representação simbólica de experiências humanas manifestas, nas formas de sentir, pensar e agir, na vida social; 12. Entender os impactos das tecnologias da comunicação, em especial da língua escrita, na vida, nos processos de produção, no desenvolvimento do conhecimento e na vida social. 2.2.5 METODOLOGIA Após a explanação oral e no quadro negro informar aos alunos a importância dos conteúdos estudados, contextualizá-lo com a realidade vivenciada e no caso específico da leitura, interpretação e produção textual, procurar se utilizar da forma concreta para facilitar o raciocínio das atividades de compreensão. Nesse viés, 10 trabalhar com rodas de leitura na Bibliotecada escola, dinâmicas com tarefa para casa do livro didático e fontes complementares de apoio, Leitura coletiva de um livro e produção textual a partir dessa leitura com a organização e reconstrução de textos, identificação e emprego das regras gramaticais trabalhadas, comentários individuais sobre os gêneros textuais trabalhados, Debates a partir de filmes e/ou documentários assistidos e etc. Promover Feira de Leitura com os gêneros trabalhados e culminar com Feira Cultural ressaltando as influências dos gêneros enfocados em nossa realidade como país. Em alguns momentos procurar aliar os conteúdos trabalhados aos conceitos de ética, tolerância à multiculturalidade e normas de convivência no ambiente escolar. Buscar momentos de utilização e interligação das Novas Tecnologias da Informação e Comunicação, a exemplo do uso do Laboratório de Informática e Celulares/Smartphones para a complementação dos estudos acerca do conteúdo ministrado. Realizar momentos extraclasses como forma de promover a socialização, o conhecimento de culturas e valores diversos e levar o aluno ao exercício prático da cidadania. A metodologia será executada de forma dialogada com o aluno e será alterada caso seja percebido a necessidade de adequações ao longo da prática pedagógica. 2.2.6 TEMPO 40 horas/aulas (03 Semanas) 2.2.7 RECURSOS Livro Didático de Língua Portuguesa da 1.º ao 3.º Ano: Português: Linguagens, 1/William Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. 9.ª Ed. – São Paulo: Saraiva, 2012. Tarefas Xerocopiadas Revistas e Jornais Quadro e Giz Dicionário da Língua Portuguesa 11 Computador e Datashow Laboratório de Informática Caneta Esferográfica, Lápis e Borracha DVD e CDs de Filmes/Documentários Biblioteca Feira Cultural 2.2.8 AVALIAÇÃO A avaliação dar-se-á através da análise da participação, interesse pelos conteúdos ministrados, em especial o interesse demonstrado pela leitura, interpretação e produção textual, capacidade em usar corretamente as normas cultas da língua, capacidade em produzir e interpretar textos de forma autônoma utilizando as estratégias de antecipação, inferência e verificação, capacidade de realizar uma leitura e produção textual com criticidade, criatividade, fundamentação, coerência e coesão. A avaliação será realizada de forma contínua e somativa, principalmente com base na produção e refacção de textos. O procedimento de avaliação se dará inicialmente com a Avaliação Diagnóstico de modo a perceber os prévios conhecimentos dos alunos acerca dos assuntos abordados e em diversos momentos utilizaremos a Avaliação Formativa que tem como objetivo a identificação das dificuldades e avanços alcançados no ensino aprendizagem do aluno de modo a possibilitar o direcionamento para as melhores formas de se atingir o objetivo proposto. E no final, utilizaremos a Avaliação Classificatória onde a partir dos resultados das avaliações anteriores, atribuiremos notas/conceitos que refletirão os resultados alcançados e resultará em uma Nota/Conceito final. 3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA E ANÁLISE 3.1-FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA De modo a obter o alcance do objetivo proposto de possibilitar de forma interativa, compartilhada e dialogada que o aluno desenvolva competências no uso adequado da Língua Materna em suas modalidades oral e escrita, levando-o a autonomia como sujeito crítico e reflexivo, procuramos diante da necessidade de mitigar os problemas enfrentados no trabalho com a produção e intepretação de 12 textos e sabendo previamente que a escola enfrenta problemas provocados pela falta de hábito da leitura, abordar reflexões sobre a Língua na interação com seus usuários, por entendermos que os métodos são práticos e eficientes na aplicação dos conteúdos. Segundo LANDSMAN (1995), para escrever é preciso ter um conhecimento textual, é preciso antes de tudo conhecer o tema, o fato ou assunto de que vai se falar ou escrever para que se alcance coesão temática e se construam textos relevantes. Diante dessa premissa, buscamos levar aos nossos alunos textos e/ou propostas que tivessem como eixo temas ligados à realidade vivenciada por eles. De igual modo foi preciso conversar com os alunos sobre suas intenções sobre a escrita, para quê e para quem pretendiam escrever e sobre os conhecimentos construídos e em construção. Sabemos que várias pesquisas têm demonstrado que antes do sujeito ler e escrever da maneira convencional levanta várias hipóteses ao pensar a língua escrita e nesse sentido procuramos considerar em nossa prática pedagógica essas hipóteses prévias formuladas por nossos alunos e observamos com atenção aquilo que eles verdadeiramente escrevem. De acordo com TEBEROSKY (2002), alguns escrevem de forma convencional com “erros”, outros reproduzem a escrita escolar com palavras e frases que aparecem em livros didáticos. Procuramos no momento da Regência, atentar para esses detalhes, de modo a efetuar a intervenção mais adequada para cada caso, respeitando a singularidade de cada aluno, mas antes de tudo tendo como direção o requerido no ensino da gramática. Conforme CHIAPPINI (2001), conceber o texto como unidade de ensino/aprendizagem é entendê-lo como lugar de entrada para o diálogo com outros textos, que remetem a textos passados e que farão surgir textos futuros. Conceber o aluno como produtor de textos é concebê-lo como participante ativo deste diálogo contínuo: com textos e com leitores. Nesse sentido, procuramos disponibilizar aos nossos alunos no momento da Regência, textos variados, para que a partir destes eles pudessem realizar uma releitura com base em seus próprios saberes prévios, além leva-los a ter contato com outras opiniões e aprender de forma fundamentada aceita-las ou contestá-las. Procuramos em nossa prática como regente, na tarefa de incentivo a prática de produção de textos, não incorrer no estereótipo de solicitação ao aluno que 13 viesse a produzir textos a partir de um tema do momento apenas para atender uma demanda externa. Somos sabedores da necessidade de que a produção textual esteja ligada a uma atividade prévia considerando as duas vertentes: A escrita como consequência, onde as produções são resultantes de uma leitura, pesquisa de campo, uma palestra, um filme, um passeio e etc. ou a Escrita como trabalho, onde a produção resulta de um processo contínuo de ensino/aprendizagem. Na execução das atividades de prática de produção de textos, devemos sempre incutir, conforme INGEDORE e TRAVAGLIA (2002), as noções de coerência e coesão, pois é comum nos depararmos com produções dos nossos alunos, onde apesar de existir coesão não há a coerência necessária ao bom entendimento do texto. Durante a Regência procuramos de forma contínua através de exemplos de frases e trechos presentes em textos de manchetes de jornais e revistas levar o aluno a perceber quando um texto não consegue transmitir a mensagem necessária por conter discrepâncias que os tornam digamos “sem pé e nem cabeça”. Seguindo o mesmo enfoque acima, KAUFMAN e RODRIGUEZ (1995) fala que durante muito tempo, considerou-se que o aluno deveria primeiro aprender o sistema de escrita e, somente quando dominasse a forma das letras, sua relação com os nós, o uso dos sinais de pontuação, etc. poderia ter acesso à linguagem escrita. E citando TEBEROSKY (1991) afirma que todos os falantes tem uma representação do que se escreve e do que não se escreve, das formas de expressão e organização que deve ou não ter a linguagem escrita. Desse modo é importante que atentemos para o fato que é a partir dessa representação inicial,que o aluno se aproxima dos textos escritos para extrair suas peculiaridades específicas em uma perspectiva mais técnica. Diante disso, em nosso momento de Regência, procuramos contar com certas noções da linguística textual, como o objetivo de levar os alunos a ler e escrever melhor, através do uso das regras de coesão e coerência. E mais, estas noções nos permite descobrir que as dificuldades de compreensão de um texto não se dão somente pelo desconhecimento do significado de alguma palavra ou de outros dados do contexto, mas sim em decorrência do fato de não perceber a relação existente entre diferentes partes de um mesmo texto. A tarefa de produzir um texto com criticidade, criatividade, coesão e coerência, requer essencialmente o conhecimento de alguns aspectos gramaticais, de modo a evitar, por exemplo, os inúmeros erros de concordância nominal e verbal 14 que encontramos diariamente em redações de nossos alunos. É necessário logicamente que o aluno conheça as regras gramaticais da Norma Culta para que possa atingir o objetivo proposto. O Nosso propósito com o estudo da gramática não é a radicalização de ter a Gramática Tradicional como a dona da verdade única, mas seguindo os ensinamentos de BAGNO (2002, p.22) empreender o estudo da gramática da língua dentro de uma perspectiva científica, de acordo com os conceitos modernos das ciências, de forma a incutir nos alunos, regras que lhes serão úteis na sociedade em que estão inseridos. A nossa tarefa principal com o ensino das regras gramaticais é o de levar o aluno a entender a relação existente entre a língua e o pensamento e as relações decorrentes da interação entre as pessoas, de modo a tornar mais fácil a interpretação de um texto e/ou a própria produção textual. Nessa tarefa de ensinar gramática, além do apoio do Livro Didático e do Livro de apoio Português Linguagens de 1.ª a 3.ª série de William Roberto Cereja e Thereza Cochar Magalhães buscamos conforme pode ser constado pelo nosso Plano de Aula, trabalhar com fontes diversas como a prática da leitura de revistas e jornais. No ensino da gramática, percebemos ser necessária a integração entre o ensino da gramática, a compreensão e produção de textos e o ensino do vocabulário, com uma maior ênfase na compreensão e produção, de modo a contextualizar os conhecimentos linguísticos com a prática. De acordo com BECHARA (2002, P.11) não devemos pensar a língua como algo pronto e acabado, com normas, regras e formas, pois além de não tornar o ensino da gramática agradável, foge dos objetivos do ensino da língua materna que são: 1-Tornar o aluno poliglota em sua língua. 2-Capacitá-lo a usar as diversas funções da linguagem e III- Formação e aperfeiçoamento das diversas competências linguísticas. Nesse propósito, buscamos em nossa prática pedagógica promover a integração desses ensinos a partir da inserção dos conceitos das normas gramaticais no momento da Interpretação e produção textual. 3.2 ANÁLISE Ao refletirmos sobre a nossa prática, percebemos que em linhas gerais a nossa metodologia utilizada foi bem aceita por nossos alunos do 1.º, 2.º e 3.º ano 15 Matutino. A maioria dos alunos conseguiu o nível ideal de aprendizagem dos conteúdos ministrados, bem como corresponderam de forma consensual e compartilhada às normas e valores que utilizamos para a condução do ensino- aprendizagem. As dificuldades com relação à leitura foram percebidas de pronto através da recusa da leitura em voz alta, da dificuldade na pronúncia de algumas palavras e na dificuldade de interpretação da mensagem intrínseca dos textos abordados. Essa dificuldade foi mitigada ao longo das aulas de Regência, sendo que 60% (sessenta por cento) dos alunos ao final da regência já se encontravam a nível aceitável de leitura, escrita e interpretação de textos diversos. Percebemos na prática, que o planejamento deve ser sempre flexível e abrangente de modo a permitir adequações ao longo da sua aplicação, a exemplo das mudanças que tivemos que efetivar durante a nossa prática no 1.º ano Matutino, onde houve problemas no desenvolvimento do Plano em razão da grande quantidade de alunos da sala, aliado à gritante discrepância de idade/série, o que veio a exigir uma abordagem diferenciada, primando em considerar o tempo de aprendizagem de cada um em razão da idade e da heterogeneidade de anseios e perspectivas. Aliado a esses fatores percebemos que a falta constante de alguns alunos às aulas, de certa forma atrapalham a condução do processo, uma vez que ao retornarem a sala não conseguem acompanhar adequadamente a sequência dos conteúdos, exigindo do professor que sempre faça uma retrospectiva dos conteúdos abordados. No Estudo do Trovadorismo, ao apresentarmos exemplos práticos com o uso de cantigas atuais que derivam das Cantigas Líricas e Satíricas do período medieval percebemos um grande interesse dos alunos. Ressaltamos que no 1.º Ano especificamente em alguns momentos a participação dos alunos nos momentos iniciais se deu através da imposição, porém após o diagnóstico citado acima e as intervenções pontuais, a participação fluiu de forma natural até o final da fase de Regência. 16 4-CONSIDERAÇÕES FINAIS A Regência a nosso ver é um momento único na qual a reflexão deve ser utilizada em todos os momentos, pois é a partir do olhar sobre si mesmo, sobre os acertos e desacertos vivenciados nessa etapa que podemos utilizar a nosso favor objetivando sempre uma prática pedagógica voltada a excelência na qualidade do ensino que almejamos difundir. Cremos que está nessa etapa a conformação da identidade própria de cada docente. As lições propiciadas por esse momento servirão de base para que as experiências que virão, nos ensinando como nos portar diante das adversidades e nos direcionando para uma prática mais profícua e eficaz. Nesse sentido, a Regência proporciona que compreendamos a necessidade de trabalharmos como conteúdos que sejam mais significativos possíveis para o nosso aluno, pois desse modo o ensino-aprendizagem será eficaz. Para alcançar esse objetivo é preciso que desenvolvamos um senso crítico-reflexivo com um olhar mais apurado sobre as barreiras enfrentadas, de modo que nos portemos com serenidade e ajamos racionalmente na solução dos problemas. Nessa direção, OLIVEIRA (2002, p.13) nos diz que: [...] Ao confrontar suas ações cotidianas com as produções teóricas, é necessário rever as práticas e as teorias que as informam, pesquisar a pratica e produzir novos conhecimentos para a teoria e a prática de ensinar. Assim as transformações, das práticas docentes só se efetivarão se o professor ampliar sua consciência sobre a prática, a de sala de aula e a da escola como um todo, o que pressupõe os conhecimentos teóricos e críticos sobre a realidade. As dificuldades encontradas no momento da Regência, a exemplo da conciliação com o trabalho em outra área (trabalho na área de saúde) foi um dos obstáculos a mais a ser superado, bem com a necessidade de readaptação a uma nova realidade um pouco diferente daquela que vivenciamos diariamente com os pacientes, pois essa nova clientela tem outros anseios e objetivos. Mas como sempre procuramos olhar o sujeito de forma holística, buscamos utilizar nossa experiência no trato com os pacientes para a lida com os alunos e deu tudo muito certo, respeitando logicamente as devidas proporcionalidades. Outra dificuldade que 17 ressaltamos, foi ter que lidar com a indisciplina presente no 1.º Ano Matutino, pois precisamos em um curto espaço de tempo realizar um diagnóstico das possíveis variáveisque ocasionava o problema e encontrar solução (õe)s mais aplicáveis ao fato. Da análise, percebemos que alguns alunos insubordinados tinham problemas de ordem familiar (pais separados, desempregados e /ou alcoólatras/drogados), outros eram repetentes, ou possuíam defasagem no ensino/série. Com base no diagnóstico, traçamos propostas singulares para a resolução do problema, através de conversas em separado com cada um deles, aliado a adequação dos conteúdos para abranger mais ainda as peculiaridades/singularidades existentes na sala em epígrafe. Firmamos também, um contrato pedagógico com a turma com o estabelecimento de normas de convivência. Ressaltamos que tomamos a atitude de conversa individual com os alunos devido à escola não possui em seus quadros um profissional Psicopedagogo/Orientador Educacional e nos sentimos a vontade para conduzir o processo em razão de estarmos qualificado para a tarefa por ter especialização em Psicopedagogia/Orientação Educacional. Diante do fato apontado, sugerimos à Direção da Escola, que proporcione alterações na composição de alunos/série de modo a tornar as salas mais homogêneas, o que facilitará sobremaneira o trabalho docente. Sugerimos ainda, que a instituição mantenha em seus quadros um profissional com o perfil de Psicopedagogo ou Orientador Educacional para a intermediação na solução de problemas tais quais aqueles que relatamos anteriormente. E para solucionar as dificuldades de Leitura e Escrita que continuam presentes, sugiro à instituição, o desenvolvimento de um Projeto de Incentivo a Prática de Produção de Textos com o envolvimento da família no processo. De modo geral, constatamos na prática aquilo que já tínhamos observado na etapa de Observação, que o professor deva diariamente refletir sobre sua prática pedagógica aprendendo com os pontos negativos e positivos, pois em todos os momentos vivenciamos novas situações que exige que estejamos repensando e adequando o nosso modo de conduzir o processo ensino-aprendizagem. Finalmente, a Regência nos indicou o caminho que devemos seguir em nossa prática pedagógica, que estejamos preparados para as mudanças diante dos percalços, que sejamos sempre críticos e reflexivos e que não desistamos nunca, pois as tempestades passam e com sabedoria podemos alcançar a bonança. 18 5-REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BAGNO, Marcos. Português ou Brasileiro?. São Paulo. 3 edição. Ed. Parábola, 2002. BECHARA, Evanildo. Ensino de gramática, Opressão? Liberdade?. São Paulo. 11.ª edição. Ed. Ática, 2002. BRASIL, Ministério da Educação. Secretaria da Educação Média e Tecnológica. Parâmetros curriculares nacionais: ensino médio. Brasília, 1999. CEREJA, William Roberto; MAGALHÃES, Thereza Cochar. Português Linguagens, 1.ª a 3ª Série. São Paulo: Saraiva, 2012. CHIAPPINI, Lígia. Aprender e ensinar com textos de alunos. 4 Ed. São Paulo: Cortez, 2001. INGEDORE, Grufeld Villaça Koch e TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A Coesão textual. 17 ed. São Paulo: Contexto, 2002. KAUFMAN, Ana Maria e RODRIGUEZ, Maria Helena. Escola, Leitura e Produção de Textos. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995. LANDSMAN, Liliana Tolchinsky. Aprendizagem da Linguagem Escrita: processo evolutivo e implicações didáticas. São Paulo: Ática, 1995. OLIVEIRA, Zilma de Moraes Ramos e (Org.). Educação Infantil: Fundamentos e Métodos. 4.ª ed. São Paulo: Cortez, 2002. PIMENTA, Selma Garrido. Estágio e Docência. São Paulo: Cortez, 2004. SACCONI, Luiz Antônio. Novíssima Gramática Ilustrada. São Paulo: Nova Geração, 2008. TEBEROSKY, Ana. Aprendendo a Escrever Perspectivas psicológicas e implicações educacionais. 3 ed. São Paulo: Editora Ática, 2002. ZEICHNER, Kenneth M. A Formação Reflexiva dos Professores: Ideias e Práticas. Lisboa. Educa, 1993. Págs. 15-27.
Compartilhar