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TP II – Caracterização fisiológica e bioquímica de bactérias Ayerissina Inglês (21504489), Daniela Gomes (21601064), Nuno Neto (21603699) Docente: Elisabete Maurício Ciências da Nutrição, Universidade Lusófona de Humanidades e Tecnologias, Av. Campo Grande, 376, 1749-024, Lisboa, Portugal Resumo: Este trabalho teve como objetivo a caraterização fisiológica e bioquímica de determinadas bactérias (E.Coli, Proteus, Pseudomonas e Bacillus). Para tal, recorreu-se a uma variedade de Testes Bioquímicos (Clássicos, Clássicos rápidos e Galerias API), estudando principalmente a atividade enzimática dos microrganismos em questão. Conclui-se que, cada bactéria tem características específicas que possibilitam a sua identificação. Palavras-chave: Testes Bioquímicos Clássicos e Clássicos Rápidos; Galerias API; E.Coli; Bacillus; Proteus; Pseudomonas; Atividade Enzimática; Identificação 1. INTRODUÇÃO A classificação e identificação de bactérias é realizada através da análise das atividades fisiológicas e bioquímicas (1) . Estas, definem a atividade de um conjunto de enzimas (extra e intracelulares) que são características a determinados grupos de bactérias (5) . Em contexto laboratorial, é possível estudar algumas das atividades bioquímicas através da observação da capacidade dos microorganismos produzirem determinadas enzimas para degradarem macromoléculas. Usualmente, a metabolização destas moléculas orgânicas origina produtos finais cuja deteção pode ajudar na caracterização e identificação dos microorganismos (1) (2) . Deste modo, os métodos usados para esta finalidade são os Testes Bioquímicos (4) (5) . Atualmente, existe uma panóplia de testes bioquímicos. Entretanto, os mais relevantes são alusivos ao metabolismo bacteriano, pois este ocorre na presença de enzimas específicas. Assim, os testes utilizados no presente relatório foram: Hidrólise do amido (as moléculas de amido são hidrolisadas por grande parte das bactérias, que ‘utilizam’ as suas -amilases, originando dextrinas, glicose e maltose. Uma vez que o iodo reage com o amido formando um complexo azul-escuro, a presença do mesmo pode ser detectada com uma solução de iodo); Hidrólise de proteínas-Caseína (A caseína é a principal responsável pela turvação branca característica do leite. Sendo que alguns microorganismos produzem protéases que catalisam a hidrólise da caseína, a produção das mesmas é identificável pela perda desta característica do leite); Hidrólise de proteínas-Gelatina (alguns microorganismos excretam uma enzima capaz de degradar a gelatina – gelatinase. A gelatina é uma proteína que abaixo dos 25º C mantém as suas propriedades de gel e é sólida, enquanto acima dos 25ºC é líquida. Caso ocorra degradação, não se consegue restaurar as características de gel da gelatina, mesmo a baixas temperaturas); Fermentação de glícidos (a maioria das bactérias utiliza glícidos hidrolisando-os com consequente acidificação do pH do meio e formação de gases); Teste de IMViC (Indol, Página | 2 vermelho de Metil, Voges-Proskauer e Citrato) – Produção de Indol (existem microrganismos que são capazes de degradar o aminoácido triptofano até indol, sendo esta conversão mediada pela enzima triptofanase. A acumulação de indol no meio pode ser depois detetada adicionando o reagente Kovacs que vai reagir com o mesmo originando um anel de cor vermelha); Teste de Citrato (algumas bactérias utilizam o citrato de sódio como única fonte de carbono, juntamente com sais de amônia, alcalinizando o meio); Teste da Catalase (existem bactérias que possuem enzimas como a catalase que decompõem o peróxido de hidrogênio (extremamente oxidante) em água e oxigênio, protegendo deste modo, os constituintes celulares da oxidação. Assim, pode detectar-se a catalase pela formação de bolhas de oxigenio); Teste citocromo oxidase (a capacidade das bactérias produzirem esta enzima pode ser determinada pela adição do reagente dihidrocloreto de tetrametil e p-fenilenodiamina. A mesma catalisa a oxidação de um citocromo reduzido, resultando na formação de H2O e de um citocromo oxidado. O reagente referido vai funcionar como um substrato artificial, tornando-se violeta na forma oxidada, e rosa na forma reduzida). Para além dos testes clássicos acima mencionados, utilizaram-se também as Galerias API (3) . Trata-se de um conjunto de mini testes bioquímicos (rápidos, práticos e fáceis de se realizar) disponíveis em kits comerciais, que consistem num conjunto de poços ou cavidades com substratos liofilizados, cujo metabolismo se pretende estudar. Entretanto, a identificação do microorganismo foi feita pelo método tradicional de verificar a mudança de cor nos poços, após o sistema indicador ter sido alterado pelos metabolitos ou pelos reagentes. A identificação da bactéria desconhecida consiste na determinação de um código de 7 dígitos (profile index number) e na consulta do manual da API. Assim sendo, este relatório teve como objetivo fazer a caracterização fisiológica e bioquímica das bactérias. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Materiais e reagentes No decorrer desta atividade prática utilizaram-se os seguintes materiais: quatro microrganismos (E.coli, Proteus, Pseudomonas, Bacillus); meios com agar de amido; meios suplementados com leite; estufa (Heraus instruments); meios inclinados de citrato; meios sólidos com agar nutritivo suplementado com gelatina; tubos durham; meios líquidos com hidratos de carbono; meios líquidos de triptofano a 10%; peróxido de hidrogénio; reagente dihidrocloreto de tetrametil e p-fenilenodiamina; disco de papel de filtro; galerias API; parafina; ampolas com líquido de suspensão; reagente James; reagente PDA; reagente VP (1 e 2); reagente Kovacs; solução de iodo; ácido sulfanílico e dimetilnaftilamina. 2.2 Métodos Para permitir a caracterização das bactérias selecionadas, foram realizados vários testes bioquímicos. Começou-se por realizar dois testes em placas de Petri: hidrólise de proteínas (caseína) e hidrólise do amido. Em ambos dividiram-se as placas ao meio e foram inoculados dois microorganismos em cada, recorrendo á técnica do espalhamento. Utilizou-se meio de agar suplementado com amido para o teste do amido, e meio suplementado com leite para o teste da hidrólise de caseína. Posteriormente, foram realizados outros quatro testes, em tubos com meios distintos. Realizou-se o teste do citrato inoculando, por espalhamento, cada uma das quatro bactérias em meios de citrato inclinado (todas em tubos diferentes). Depois deste teste, foi realizado o de fermentação de glícidos (tubos de fermentação suplementados com lactose, sacarose e glucose- meios líquidos com um tubo de Durhan inserido) em que foi implantado em cada meio uma Página | 3 ansada de microrganismo, repetindo o processo para cada bactéria. Procedeu-se ao teste da hidrólise de proteínas (gelatina), introduzindo os microorganismos em cada tubo correspondente (com meio de agar suplementado com gelatina). Por fim, realizou-se o teste da produção de indol (meio liquido) onde se inseriram os microorganismos em meios contendo triptofano. Todos estes testes foram á estufa, uns a 30ºC durante 48 horas (hidrólise do amido, hidrolise de proteínas (caseína), hidrolise de proteínas (gelatina), utilização do citrato) e outros a 37ºC durante 24 a 48 horas (fermentação dos glícidos e produção do indol). Foram também realizados outros testes denominados de bioquímicos clássicos rápidos. Estes foram: o teste da catálase e o teste do citocromo-oxidase. O primeiro consistiu na introdução de uma gota de peróxido de hidrogénio numa lâmina, onde posteriormente foi introduzido o microorganismo observando-seimediatamente o resultado. Para o segundo teste, foi necessário um disco de papel de filtro onde houve a introdução do microorganismo. Este disco foi dividido em quatro para realizar o mesmo processo com os vários microorganismos. Posteriormente á inserção destes, adicionou-se o reagente dihidrocloreto de tetrametil-p-fenilalanina e observaram-se os resultados imediatamente. Após a realização de todos os testes anteriormente referidos, procedeu-se á observação de resultados. Em alguns testes estes não se observam diretamente, por isso foi necessária a adição de reagentes. No teste do indol foi necessário colocar várias gotas de Kovacs em cada tubo, e aguardar 5 a 10 minutos para repousar. Outro teste que necessitou de um reagente para a sua observação foi o da hidrólise do amido, tendo sido inserido soluto de lugol (solução de iodo). Posteriormente ao registo dos resultados destes testes, procedeu-se á realização dos testes das Galerias API. Para a realização dos mesmos, necessitou-se de preparar uma suspensão com a bactéria escolhida (no caso, a E.Coli). Foi inserida, nos “poços” das Galerias, água esterilizada, com o objetivo de não haver desidratação. Nestes inseriu-se, posteriormente, a suspensão até perfazer metade do compartimento, enchendo até acima apenas aqueles cujo nome do teste se encontrava dentro de um quadrado. Em todos os “poços” destinados a testes cujos nomes se encontravam sublinhados, o restante espaço foi preenchido com parafina. Concluído o processo, as galerias foram incubadas a 37ºC durante 24 horas. Por último e para finalizar este estudo, observaram-se os resultados das Galerias API. No entanto, como nos testes bioquímicos clássicos, também nas Galerias API existem testes que não dão os resultados imediatamente. Para a obtenção do resultado ao teste do indol foi necessário a adição do reagente James; para a realização do teste VP foi necessário adicionar VP1 e VP2 e esperar cerca de 10 minutos para a possível análise. Página | 4 3.RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1. Microorganismos utilizados no decorrer da atividade prática Fig.1 – Cultura pura de Proteus Fig. 2 – Cultura pura de Bacillus Fig.3 – Cultura pura de Pseudomonas Fig. 4 – Cultura pura de E.coli Nas figuras 1, 2, 3e 4, é possível observar as culturas de microorganismos seleccionados para a realização de testes bioquímicos. 3.2. Testes bioquímicos clássicos 3.2.1. Hidrólise do amido Após a realização deste teste registou-se resultado positivo, correspondendo ao microrganismo A (Bacillus). Neste caso, verificou-se que á volta da cultura prevalecia uma zona clara, sendo possível constatar que ocorrera a hidrólise do amido, comprovando-se assim a capacidade do microorganismo produzir amilases. Na cultura B, registou-se um resultado negativo, apresentando esta uma cor azul escura após inundação com uma solução de iodo, o que indica a ausência de amilases, uma vez que a solução assume esta cor ao reagir com o amido, que estava por isso, ainda presente na amostra. Fig.5- Resultados nas culturas A e B 3.2.2. Hidrólise de proteínas (caseína) Obtiveram-se dois resultados: positivo e negativo, correspondentes ás culturas de E.coli e Pseudomonas.Na reação positiva observou-se uma zona transparente em torno das culturas, o que prova a capacidade de hidrólise da caseína por parte dos microorganismos referidos. Por sua vez, na cultura com resultado negativo, constatou-se que o meio estava branco e opaco, resultante do facto de a caseína formar uma suspensão coloidal com o agar. Página | 5 3.2.3. Utilização do citrato Em todas as amostras o indicador manteve a cor verde, levando a concluir que nenhuma das bactérias testadas produz a enzima citrase (resultado negativo), uma vez que caso contrário, por atividade desta enzima, haveria formação de carbonato de sódio (produto alcalino) levando á viragem do indicador para azul. Sabe-se no entanto que a amostra A deveria apresentar um resultado positivo, uma vez que o microrganismo lá presente (E.coli) é capaz de utilizar o citrato na ausência de glícidos fermentáveis. Assim sendo, crê-se que terá ocorrido algum tipo de erro no decorrer da realização deste teste. Fig.6- Teste do citrato (resultado negativo) Fig.7- Teste do citrato (resultado positivo) 3.2.4. Teste de fermentação dos glícidos Lactose(fig.10)- Observou-se que no tubo A o indicador permaneceu vermelho, concluíndo que as respectivas bactérias não utilizam a lactose para fazer fermentação, uma vez que caso isto ocorre-se, a produção de ácidos (própria da fermentação) levaria á alteração do indicador para amarelo (pH mais ácido). Na amostra B, verificou-se a formação de uma bolha de gás e mudança de cor para alaranjado. Sacarose(fig.8) – O indicador permaneceu vermelho em ambos os tubos, sugerindo que nenhuma das bactérias utiliza a sacarose como substrato para fermentação (fig.8). Glucose (fig.9)– Foi possível constatar um resultado negativo no tubo A. Na amostra B apenas foi possível verificar a mudança de cor do indicador para amarelo, o que sugere que o gás produzido no processo de fermentação não foi suficiente para ficar retido no tubo Durham. Fig.8- Resultados teste Sacarose Fig.9- Resultados teste glucose Página | 6 Fig.10- Resultados teste lactose 3.2.5. Teste de produção de indol Para as amostras A e B, registaram-se resultados negativos, concluindo-se que não possuem enzimas capazes de hidrolisar o triptofano, uma vez que é nesta reacção que se daria a produção de indol. Fig.11 – Resultados do teste da produção de indol 3.3. Testes bioquímicos clássicos rápidos 3.3.1. Teste da catalase Na presença de peróxido de hidrogénio, foi possível observar a formação de bolhas de oxigénio nas amostras A e B, com as bactérias testadas. Isto indica que possuem a enzima superóxido dismutase, enzima esta capaz de degradar o peróxido de hidrogénio, sendo que os produtos desta reacção são a água e o oxigénio. Fig.12 – Teste da catalase Página | 7 3.3.2. Teste da citocromo-oxidase Obtiveram-se resultados negativos nas amostras A e B, observando-se as amostras com uma cor incolor. Fig.13 - Teste da citocromo-oxidase API Fig.14– Observações de resultados Fig.15- Poços IND e VP após 10 minutos A E.coli foi a bactéria escolhida para a realização dos testes das Galerias API. No final da realização dos testes, e consoante os resultados, deveria ter sido possível identificar, por consulta do manual API com um código de correspondência, a bactéria testada (ainda que neste caso, a mesma já fosse conhecida). Obteve-se o código 7353000, o que sugere a ocorrência de um erro, possivelmentena análise dos resultados dos testes, uma vez que esta foi feita fora do tempo previsto (devia-se verificar os resultados entre 24h e 48h) e também por falta de experiência dos operadores. Sendo classificada como género não identificado. No manual API a Escherichia coli é codificada com o número 7144552. Página | 8 4. CONCLUSÃO Ao longo da atividade experimental, foram estudadas quatro bactérias recorrendo a diversos testes bioquímicos, o que levou a que finalmente se concluísse que é possível caracterizar, e por conseguinte, identificar este tipo de microrganismos estudando a sua atividade enzimática. No entanto, uma vez que para as bactérias utilizadas, as características relativas á atividade bioquímica já são conhecidas, reconhece-se que alguns dos resultados não correspondem á realidade, indicando a ocorrência de erros. Seria conveniente repetir essas frações do trabalho prático para que se obtivessem resultados mais semelhantes ou mesmo idênticos ao que é esperado, tendo em conta os fatos conhecidos. A vantagem dos testes clássicos é a possibilidade de analisar tanto amostras límpidas como amostras turvas. Trata-se de uma técnica que pode ser realizada por operadores com formação básica em microbiologia, e é relativamente barata, uma vez que, não requer equipamento muito sofisticado. No entanto, pode tornar-se uma técnica que implica trabalho de laboratório intensivo, quando são necessárias fazer muitas diluições das amostras. Já, os testes API, são mais rápidos de se efetuar que os anteriores, porém as desvantagens encontradas é que é necessário uma supervisão exata de horários, pois não se pode ultrapassar os mesmos. Estes testes também são mais caros que os anteriores. 5.REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS (1) Koneman, E. W., & Allen, S. (2008). Koneman. Diagnostico Microbiologico/Microbiological diagnosis: Texto Y Atlas En Color/Text and Color Atlas. Ed. Médica Panamericana. (2) Eigner, U., Schmid, A., Wild, U., Bertsch, D., & Fahr, A. M. (2005). Analysis of the comparative workflow and performance characteristics of the VITEK 2 and Phoenix systems. Journal of clinical microbiology, 43(8), 3829-3834. (3) Biomeriex API WEB–Disponível em: <http://www.biomerieux.pt/servlet/srt/bio/portugal/dynPage?open=PTG_CLN_PRD&d oc=PTG_CLN_PRD_G_PRD_CLN_76&pubparams.sform=4>Acesso em: 29 de Abril de 2016. (4) Silva, J. O., & Candido, R. C. (2005). Avaliação do sistema API20C AUX na identificação de leveduras de interesse clínico. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, 38(3), 261-263. (5) Módulo, V. Detecção e Identificação de Bactérias de Importância Médica. Página | 9 Anexos Tabela 1 – Resultados gerais dos testes clássicos Figura 16- Resultados dos testes nas Galerias API Hidratos de Carbono Citrato Glucose Sacarose Lactose Índol Gelatina Caseí na Amido Catalase Oxidase Gás Cor Gás Cor Gás Cor A -/- -/- -/- -/- -/- -/- -/- -/- +/+ + + +/+ -/- B +/- +/+ +/+ -/- -/- -/- +/+ +/+ -/+ - - +/+ -/- C -/ -/- -/- -/ -/ -/ -/ -/- -/- + + +/ +/- D +/- -/- +/+ -/ -/ -/ -/ -/- -/- + + +/ -/-
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