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A Influência de Brentano na Psicologia

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A FENOMENOLOGIA
( Influências antecedentes: Brentano e Dilthey;
Franz Brentano
Filósofo alemão (1838-1917).
Franz Brentano, (1838-1917), ex-sacerdote católico e filósofo alemão, geralmente considerado o fundador do intencionalismo, que se ocupa dos processos mentais mais que com o conteúdo da mente, e da psicologia que hoje é chamada psicologia existencial. Foi professor livre docente em filosofia (1866) e professor nomeado (1872) na universidade de Würzburg. Deixou o sacerdócio em 1873. Seu livro mais famoso e influente foi "A Psicologia de um ponto de vista empírico", de 1874, no qual tenta apresentar uma psicologia sistemática que seria a ciência da alma. 
Os trabalhos mais importantes de Brentano são no campo da psicologia, por ele definida como ciência da alma. O objeto de seus estudos não foram, porém, os estados, mas sim os atos e processos psíquicos. Segundo Brentano, o fenômeno psíquico distingue-se dos demais por sua propriedade de referir-se a um objeto através de mecanismos puramente mentais. Ao filósofo caberia, então, estudar as diversas maneiras pelas quais a mente estabelece contatos com os objetos.
Ele reviveu e modernizou a teoria escolástica da "existência intencional" ou, como ele chamou, "objetividade imanente". Segundo ele, no fenômeno psíquico, já existe uma "direção da mente para um objeto", a pessoa "vê alguma coisa". Ele sugeriu que, fundamentalmente, a mente pode referir-se aos objetos de três maneiras: 
1) por percepção e idealização, incluindo sensação e imagem.
2) por julgamento, incluindo atos de reconhecimento, rejeição, e recordação; e
3) por amor ou ódio, o que leva em conta desejos, intenções, vontade e sentimentos
Isto é: Brentano distingue três mecanismos fundamentais: a percepção, julgamento e aprovação ou desaprovação. 
Em 1874 Brentano foi designado professor na Universidade de Viena. Sua decisão de se casar em 1880 foi bloqueada pelas autoridades austríacos, que não aceitaram sua renúncia às ordens sacras e, considerando-o ainda um clérigo, recusaram-lhe a permissão para o matrimônio. Foi forçado a deixar seu posto de professor na universidade e mudar-se com a esposa para Leipzig. No ano seguinte teve permissão para voltar à universidade, porém somente para a antiga posição de professor livre, cujo salário dependia de quantos alunos escolhessem sua disciplina. Lá permaneceu até 1895. Gozava de grande popularidade entre os estudantes, entre os quais estavam Sigmund Freud, o psicólogo Carl Stumpf, e o filósofo Edmund Husserl. 
A Influência das Idéias de Brentano 
na Psicologia Fenomenológico-Existencial
De acordo com Ana Maria Feijoó, a sistematização das idéias de Brentano vai exercer fortes influências em diferentes áreas de estudo, tais como a filosofia fenomenológica de Husserl, Max Sheler e Martin Heidegger;
Ao negar a possibilidade de se levar para o laboratório o psiquismo, propôs que este fenômeno fosse abordado de forma empírica, mas não experimental, e mais, que se abandonasse a introspecção, como método, já que esta implicava em uma observação interna, e aos fenômenos psicológicos cabia a percepção interna. Esta proposta fica claramente descrita em seu livro “A psicologia do ponto de vista empírico”, no seguinte trecho:
”Tal como as ciências da natureza, a psicologia repousa sobre a percepção e a experiência. Mas seu recurso essencial é a percepção interna de nossos próprios fenômenos psíquicos, consistindo em uma representação, um julgamento, o que é prazer e dor, desejo e aversão, esperança e inquietação, coragem e desencorajamento, decisão e intenção voluntária, nunca o saberíamos se a percepção interna de nossos próprios fenômenos não nos lho ensinasse.”
Brentano retomou a alma como objeto de estudo da psicologia, porém referiu-se a esta como um substrato substancial de representações, de sensações, de imagem, de lembranças, de esperanças. Denominou a todas estas vivências de fenômenos psíquicos, e como tais são intencionados. São atos que se referem a objetos exteriores e os objetos são imanentes aos atos mentais.
A consciência intencional constitui-se numa atividade, na qual os fatos físicos vão diferir dos fatos psicológicos, que vão ser denominados fenômenos.
Os fenômenos psíquicos constituem-se de experiências intencionais, ocorrem como representações, juízos e fenômenos emocionais e possuem as seguintes propriedades: de intencionalidade, de se constituírem como objetos de percepção interna: portanto evidentes, de existir efetivamente, de se mostrarem como unidade, de se apresentarem como atos de representação.
As idéias de Brentano vão dar início a uma psicologia que irá buscar as propriedades da consciência através da experiência interna. A partir da sistematização de sua teoria vão surgir a psicologia da gestalt, a teoria de Lewin, a psicologia fenomenológica, enfim toda a psicologia cuja ênfase recaia sobre a consciência com sua característica essencial: a intencionalidade.
Wilhelm Dilthey
Filósofo alemão (1833 – 1911) 
Notável filósofo historicista alemão, nascido em Biebrich-Mosbach (Wiesbaden-Biebrich). Estudou na Universidade de Berlim. Tese de habilitação na Faculdade de Filosofia de Berlim, em 1864. Professor em 1867 na Universidade de Bale (Basiléia), Suíça; na de Kiel em 1868. Em 1882, catedrático da Universidade de Berlim, até ao final de sua vida. 
Compreendemos, segundo Dilthey, com a totalidade de nossa alma, inclusive com a vontade ao esbarrar com uma resistência, assim constatando a presença de um mundo exterior. Compreender não é apenas um explicar, mas uma função em que participam também as forças emotivas da alma. Pela história sabe o homem o que ele mesmo é. De outra parte, só através do homem é possível o saber histórico. O homem não é incognoscivel como a coisa em si, das demais ciências; dá o homem sinal de si mesmo, de sua própria existência, Atender a estes sinais, eis a tarefa de uma ciência especificamente diferente. Por isso, ocorre a distinção entre ciências da natureza e ciências do espírito. Interpretou o espírito como um devir, em que tudo flui e nada permanece.   
Dilthey elaborou uma teoria do conhecimento para as ciências do espírito, em que destaca o conhecimento histórico. O seu sistema, conhecido por historicismo, se apoia particularmente no estudo da história. O conhecimento histórico se constitui de uma reflexão sobre si mesmo; portanto, não se alcança o devir histórico pelo procedimento racional das ciências da natureza, por ser de outra ordem. O historicismo tem algo de paralelo com as filosofias que tratam toda a realidade como um devir. Há também um trânsito da filosofia de Dilthey para a de Heidegger, especialmente no que se refere à teoria do tempo. 
As ciências do espírito teriam como objeto o homem e o comportamento humano; para Dilthey é possível, diante do mundo humano, adotar uma atitude de "compreensão pelo interior", ao passo que, diante do mundo da natureza, essa via de compreensão estaria completamente fechada. Os meios necessários à compreensão do mundo histórico-social podem ser, dessa maneira, tirados da própria experiência psicológica, e a psicologia, deste ponto de vista, é a primeira e mais elementar das ciências do espírito. A experiência imediata e vivida na qualidade de realidade unitária (Erlebnis) seria o meio a permitir a apreensão da realidade histórica e humana sob suas formas concreta e viva.
A filosofia de Dilthey assumiu uma função programática:  encontrar um lugar para aquilo que designou por "ciências do espírito", as denominamos "ciências humanas" (sociologia, psicologia, história, antropologia, etc). O seu objetivo é o de estabelecer relações constantes e necessárias entre os fenômenos observados, cujas causas podem ser isoladas e descritas. 
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