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Curso Novo Código de Processo Civil (alterado pelo PL n. 168)

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CURSO NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
FREDIE DIDIER 
1. INTRODUÇÃO
O Novo CPC não é uma reforma do CPC/1973, trata-se de um novo sistema. Entretanto, a matéria que
não sofreu alteração não será estudada.
• Enunciados do FPPC – Fórum Permanente de Processualistas Civis (somente podem ser
aprovados por unanimidade). Trata-se de uma primeira doutrina sobre o Novo Código. 
• facebook.com/frediedidier
• www.frediedidier.com.br
2. DAS NORMAS FUNDAMENTAIS DO PROCESSO CIVIL
É o primeiro capítulo do CPC/2015, possuindo 12 (doze) artigos. 
Rol não exaustivo. Trata-se de rol não exaustivo, pois existem normas fundamentais que estão previstas
na Constituição Federal (p. ex., devido processo legal) ou que estão espalhadas ao longo do código (p.
ex., proibição de prova ilícita). 
Nomenclatura. Os doze primeiros artigos consagram regras e princípios. É importante destacar que nem
todas as normas fundamentais são princípios. Existem normas fundamentais que são regras (p. ex., toda
decisão deve ser fundamentada). 
Art. 1o O processo civil será ordenado, disciplinado e
interpretado conforme os valores e as normas fundamentais
estabelecidos na Constituição da República Federativa do
Brasil, observando-se as disposições deste Código.
As disposições do Código devem ser interpretadas de acordo com a Constituição. 
Do ponto de vista simbólico, o artigo é muito bom, porém, normativamente, diz uma obviedade: “as
normas legais infraconstitucionais devem estar de acordo com a Constituição”.
Uma vez violada a norma do artigo 1º, caberá Recurso Extraordinário, pois se trata de norma que
repete o texto constitucional, nada obstante sua previsão em texto infraconstitucional. 
Por exemplo, o artigo 3º do NCPC reproduz o princípio da inafastabilidade da jurisdição (clone legal) e a
sua violação é atacável por Recurso Extraordinário. 
1
Art. 3º (...) § 2o O Estado promoverá, sempre que possível, a
solução consensual dos conflitos. 
Princípio de promoção pelo Estado da solução por autocomposição. O dispositivo consagra um
princípio de atuação do Estado – política pública da solução consensual dos litígios. Trata-se de uma
meta do Estado, que deve estimular que as partes resolvam seus conflitos de forma consensual. 
Consagra a Resolução n. 125/2010 do CNJ. 
§ 3o A conciliação, a mediação e outros métodos de solução
consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes,
advogados, defensores públicos e membros do Ministério
Público, inclusive no curso do processo judicial.
A solução por autocomposição deve ser promovida não só pelo Estado, mas pelos advogados,
defensores e membros do MP. É uma política nacional. Todo o Código é estruturado no sentido de
estimular a autocomposição (p. ex., dispensa o pagamento de custas se houver transação).
Art. 4o As partes têm o direito de obter em prazo razoável a
solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Princípio da Duração Razoável do Processo (primeira parte, previsão expressa na CF).
Princípio da Primazia da Decisão de Mérito (segunda parte). As partes tem o direito à solução de
mérito. O objetivo deste princípio é deixar claro que a solução de mérito prefere à solução que não é de
mérito. Só não julga o mérito se não tiver jeito. 
Isso é muito claro ao longo de todo o Código. Exemplos: 
• Artigo 139 do NCPC1; 
• Determinação de que o relator não pode deixar de admitir o recurso sem antes determinar a
sua emenda;
• O juiz não pode indeferir a petição inicial, sem antes determinar a sua emenda;
• Retratação nas apelações contra sentença que extinga o processo sem exame do mérito;
1 Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...)
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;
2
• §3º do Artigo 1.028 do NCPC2 - O STJ e o STF poderão desconsiderar um defeito do REsp/RE,
desde que não seja grave e o recurso seja tempestivo (reproduzido na Lei 13.015/2015 – Lei
que cuida dos recursos de revista repetitivos no âmbito trabalhista);
Princípio da Efetividade do Processo (terceira parte). As partes tem o direito à satisfação da decisão
(direito à efetividade). Pela primeira vez na história, temos um artigo que expressamente consagre este
princípio, antes ele decorria exclusivamente do devido processo legal. 
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em
relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos
meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditório.
Princípio da Igualdade Processual (primeira parte). Não é uma novidade.
Princípio do Dever de Zelar pelo Efetivo Contraditório (parte final). Atribui ao juiz o dever de zelar pelo
efetivo contraditório. Fredie entende que este dispositivo é muito aberto e, por tal razão, teme que os
juízes, a pretexto de zelarem pelo contraditório, agirem com parcialidade. 
O que é possível fazer com base nesse dispositivo O não é possível fazer com base nesse dispositivo
- Nomeação de curador especial para casos
atípicos em que ele se revele necessário (p. ex.,
parte foi à audiência, mas o advogado não
compareceu). 
- Dilatação dos prazos processuais (art. 139, VI3)
(p. ex., dilação do prazo para contestar em virtude
do Autor ter juntado muitos documentos na
petição inicial). 
- O juiz não pode destituir um advogado que ele
repute fraco. 
Atenção – CONCLUSÃO 129 do FPPC: A dobra de prazo não pode ser feita depois que o prazo acabou. A
dilatação deve ser feita antes do prazo começar a correr (não pode superar a preclusão).
129. A autorização legal para ampliação de prazos pelo juiz não se presta a afastar preclusão temporal
já consumada.
Art. 5o Aquele que de qualquer forma participa do processo
deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
Princípio da Boa-fé Processual. É um dos pilares do NCPC. Antes, o princípio era extraído do princípio do
devido processo legal, pois não existia no corpo do CPC/1973 artigo que o consagrasse. 
“Aquele que de qualquer forma participa do processo”. O princípio da boa-fé se dirige a todos os
sujeitos do processo (partes, juiz, perito, advogado, testemunha, etc.). Este artigo é cópia do CPC Suíço. 
2 § 3o O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal
de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.
3 Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe: (...)
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às
necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
3
Boa-fé Subjetiva. É um fato: o sujeito acredita que seu comportamento é lícito. Muitas vezes esse fato é
levado em consideração pelo legislador (p. ex., direito aos frutos pelo possuidor de boa-fé). 
Boa-fé Objetiva. É uma norma, mais precisamente é o princípio segundo o qual os comportamentos
humanos devem estar pautados em um padrão ético de conduta. Impõe comportamentos considerados
objetivamente como devidos. Não tem nada a ver com a crença do sujeito. Pouco importa se o sujeito
crê ou não estar agindo licitamente. É o princípio da boa-fé processual.
Obs.: não existe princípio da boa-fé subjetiva. Não é norma, mas fato da vida. 
Cláusula Geral Processual. O artigo 5º do NCPC é um exemplo de cláusula geral processual, o que
significa que se trata de um dispositivo normativo construído de maneira indeterminada, tanto em
relação à sua hipótese normativa (não se sabe de que comportamento se trata), como em relação à suaconsequência normativa (não diz o que acontece se porventura o comportamento não for de acordo
com a boa-fé). Deve, portanto, ser concretizado na prática.
Os Tribunais deverão definir o que são os comportamentos de acordo com a boa-fé. 
CONCRETIZAÇÕES DO PRINCÍPIO DA BOA-FÉ NO DIREITO ESTRANGEIRO: 
1. O princípio da boa-fé torna ilícita qualquer conduta de má-fé – previsão geral de ilicitude em
razão do dolo. Por exemplo, parte entabula acordo durante o prazo para recorrer; após o
trânsito em julgado, a parte desiste do acordo;
2. Proibição geral do abuso do direito no processo. Qualquer abuso do direito no processo
passará a ser considerado como um comportamento ilícito (proibição geral). Por exemplo, o
autor tem o direito de negar a sucessão do réu pelo adquirente de coisa litigiosa, porém, deve
fazê-lo de forma fundamentada. O mero capricho não se tutela. 
3. Proibição de comportamento contraditório. A frustração à expectativa causada pela prática de
ato contraditório à expectativa criada por um comportamento anterior, causando surpresa
para a parte, viola o princípio da boa-fé. É o que o direito civil chama de “proibição do venire
contra factum proprium”. Por exemplo, executado oferece um bem para ser penhorado e
depois alega a impenhorabilidade desse bem. 
4. Supressio processual. Supressio é a perda de um direito pelo fato da parte não o ter exercido,
por um tempo tal, gerando a expectativa de que não mais seria exercido. Não é só o não
exercício, mas o não exercício que gera a expectativa de que o direito não será mais exercido. 
Os alemães entendem que é possível falar da supressio no processo. Por exemplo, após o término de
longa instrução, que se alonga por mais de dez anos, juiz extingue o processo por falta de interesse de
agir. Durante todo o processo, o juiz não se manifestou, gerando a expectativa nas partes de que o
processo estava regular. 
Além dessas concretizações, Fredie acrescenta duas novas:
1. O princípio da boa-fé produz os deveres do princípio da cooperação;
2. Exerce uma função hermenêutica, pois orienta a interpretação da postulação e da decisão. 
4
DEVER DE CONSULTA – PROIBIÇÃO DE DECISÃO SURPRESA
Há muitos anos, no Brasil, se defende que o direito ao contraditório garante às partes o direito de se
manifestar sobre qualquer questão que seja relevante para a solução da causa, mesmo se tratando de
questão que pode ser conhecida pelo juiz ex officio (p. ex., decadência legal, nulidade absoluta,
inconstitucionalidade da lei, etc.). Essa exigência evita decisões surpresa, decorre do dever de consulta
(o juiz tem o dever de consultar as partes sobre questão a respeito da qual elas não se manifestaram).
Por exemplo, juiz verifica suposta inconstitucionalidade de uma lei, antes de reconhecer de ofício o juiz
deverá intimar as partes a se manifestarem para garantir o contraditório.
O dever de consulta foi consagrado na Lei de Execução Fiscal que determina que o juiz, antes de
reconhecer a prescrição de ofício, deverá ouvir a Fazenda Pública. 
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição,
com base em fundamento a respeito do qual não se tenha
dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se
trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
Esse artigo não consagra um princípio, mas uma regra que prevê o dever de consulta ou proíbe o
julgamento surpresa. Esta regra concretiza o princípio do contraditório. 
Essa regra é tão importante que foi repetida em outros artigos do Código:
Art. 493. Se, depois da propositura da ação, algum fato
constitutivo, modificativo ou extintivo do direito influir no
julgamento do mérito, caberá ao juiz tomá-lo em
consideração, de ofício ou a requerimento da parte, no
momento de proferir a decisão.
Parágrafo único. Se constatar de ofício o fato novo, o juiz
ouvirá as partes sobre ele antes de decidir.
Art. 933. Se o relator constatar a ocorrência de fato
superveniente à decisão recorrida ou a existência de questão
apreciável de ofício ainda não examinada que devam ser
considerados no julgamento do recurso, intimará as partes
para que se manifestem no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 1o Se a constatação ocorrer durante a sessão de julgamento,
esse será imediatamente suspenso a fim de que as partes se
manifestem especificamente.
§ 2o Se a constatação se der em vista dos autos, deverá o juiz
que a solicitou encaminhá-los ao relator, que tomará as
providências previstas no caput e, em seguida, solicitará a
inclusão do feito em pauta para prosseguimento do
5
julgamento, com submissão integral da nova questão aos
julgadores.
Essa regra, uma vez desrespeitada, gera a nulidade da decisão por violação ao contraditório.
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
(...) 
§ 1o Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e
no art. 489, § 1o, quando decidirem com fundamento neste
artigo.
O artigo 10 deve ser observado também na formação do precedente, isto é, todas as decisões dos
Tribunais devem observar o contraditório. 
O NCPC prestigia o sistema de precedentes judiciais e, por esse motivo, exige que a formação do
precedente ocorra de forma cuidadosa: todos os fundamentos relevantes para a formação do
precedente têm de ser submetidas ao contraditório. 
Art. 9o Não se proferirá decisão contra uma das partes sem
que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311,
incisos II e III;
III - à decisão prevista no art. 701.
Princípio do contraditório. Não pode ser proferida uma decisão contra uma pessoa que não foi ouvida. 
“Contra”. Se a decisão for a favor de uma das partes, é possível que seja proferida sem que esta parte
seja ouvida. Por isso que o Código admite a improcedência liminar, rejeição da petição inicial logo de
cara (julgamento a favor do réu, sem ouvi-lo). 
A apelação contra decisão que julga improcedente liminarmente o pedido permite o juízo de retratação
(permitir o diálogo entre o autor e o juiz). 
Parágrafo único. Traz exceções a essa regra quando a decisão for provisória (pode ser revista). Significa
que apenas decisões definitivas não podem ser tomadas sem ouvir as partes.
a) Tutela Provisória de Urgência; 
b) Tutela Provisória de Evidência;
c) Ação Monitória. 
6
Há outros exemplos espalhados na legislação de outras decisões provisórias sem a ouvida do réu (p. ex.,
tutela possessória, liminar de despejo, liminar em mandado de segurança, etc.). 
Art. 7o É assegurada às partes paridade de tratamento em
relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos
meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de
sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo
contraditório.
Princípio da Igualdade Processual. Tema antigo com roupagem nova. Esse princípio é concretizado a
partir de quatro aspectos no NCPC:
a) Imparcialidade do Juiz;
b) Igualdade no Acesso à Justiça – não pode haver discriminação para acessar a justiça;
c) Redução das Dificuldades do Acesso à Justiça 
a. Dificuldades financeiras – gratuidade da justiça; 
b. Dificuldades geográficas – previsão de sustentação oral por videoconferência;
c. Dificuldades de comunicação – exigência da utilização da Língua Brasileira de Sinais
caso façam parte do processo surdos/mudos;
d) Paridade de Informações.
REGRA DA TRAMITAÇÃO PRIORITÁRIA
Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo
ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I- em que figure como parte ou interessado pessoa com idade
igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença
grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art.
6o, inciso XIV, da Lei no 7.713, de 22 de dezembro de 1988;
II - regulados pela Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990
(Estatuto da Criança e do Adolescente).
§ 1o A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando
prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade
judiciária competente para decidir o feito, que determinará
ao cartório do juízo as providências a serem cumpridas.
§ 2o Deferida a prioridade, os autos receberão identificação
própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
§ 3o Concedida a prioridade, essa não cessará com a morte do
beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite ou
do companheiro em união estável.
7
§ 4o A tramitação prioritária independe de deferimento pelo
órgão jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida
diante da prova da condição de beneficiário.
Novidade do NCPC – pessoa portadora de doença grave. 
Não há discricionariedade judicial na concessão da tramitação prioritária: se a parte provar a condição, o
juiz deverá deferir. 
Art. 8o Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá aos
fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e
promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a
publicidade e a eficiência.
Fredie critica o artigo 8º, pois trata-se de uma miscelânea de enunciados normativos de inspirações
diversas, devendo ser dividido em três partes:
a) “Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz atenderá e às exigências do bem comum” –
reprodução do artigo 5º da LINDB, dispositivo criado no âmbito de um regime ditatorial
(década de 1940).
b) “Resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a
proporcionalidade e a razoabilidade” – repertório retirado da Constituição de 1988. Do ponto
de vista histórico é contraditório ao restante do artigo 8º. A novidade aqui é apenas a previsão
expressa destes princípios em uma lei. 
Dignidade da Pessoa Humana. A dimensão processual da dignidade da pessoa humana se confunde
com o devido processo legal. A dignidade da pessoa humana neste artigo serve para “iluminar” o
restante do Código, que traz a sua concretização em diversos dispositivos (ex.: dispositivos que
protegem às pessoas portadoras de deficiência; dispositivos relacionados aos bens impenhoráveis; a
humanização da interdição).
c) “A legalidade, a publicidade e a eficiência” – inspirado no do artigo 37 da Constituição Federal,
que cuida dos princípios do direito administrativo (LIMPE). O legislador não menciona a
impessoalidade (no processo é o juiz natural) e a moralidade (se confunde com a boa-fé). 
Legalidade. O artigo 8º, em seu início, menciona “ao aplicar o ordenamento jurídico”, pois parte do
pressuposto que de que a lei não é a única fonte do direito, devendo o juiz aplicar o direito como um
todo. Contraditoriamente, ao final do artigo o legislador menciona o princípio da legalidade.
O Novo CPC ajuda na reconstrução do princípio da legalidade, que significa a observância ao direito
(Constituição, Resoluções do CNJ e CNMP, precedentes judiciais, normas administrativas, contratos) e
não apenas à lei.
Eficiência. Não havia previsão no CPC/1973. 
a) Norma de Direito Administrativo: repercute no Poder Judiciário como ente administrativo;
não há aqui nenhuma peculiaridade. 
8
b) Norma de Direito Processual: princípio que recai sobre o juiz enquanto administrador de
um processo. O juiz deve gerenciar o processo observando a eficiência: 1) obtendo o
máximo de uma finalidade com um mínimo de recursos; 2) atingindo a finalidade da
melhor forma possível. 
Princípio da Eficiência (novo) x Princípio da Economia Processual (antigo). Trata-se do mesmo princípio
com outro nome. Primeiro, pois a Constituição fala em eficiência; em segundo lugar, a nomenclatura
eficiência traz toda a carga já presente no direito administrativo, para impor ao juiz o dever de gerir o
processo de acordo com as boas práticas da administração. Fazer com que o juiz se comporte como um
bom administrador. Eficiência é o novo formato do princípio da economia processual. 
UTILIZAÇÕES PRÁTICAS : 
a) Interpretar as demais normas processuais, que deverão ser aplicadas sob a sua ótica. 
b) Promoção de adequações atípicas no processo: o juiz poderá promover ajustes no processo
sem autorização legal (p. ex., reunir processos que não sejam conexos quando seja
necessária a produção da mesma prova pericial – conexão probatória). 
Eficiência x Efetividade. Eficiência refere-se à gestão de recursos (humanos e financeiros); efetividade
tem a ver com resultado. Assim, é possível que um processo seja efetivo sem ser eficiente (ex., processo
longo e custoso, mas que atingiu o resultado). Contudo, não há como o processo ser eficiente sem ser
efetivo. Um processo inefetivo não pode ser considerado eficiente. 
RESPEITO À ORDEM CRONOLÓGICA DE CONCLUSÃO
Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente,
àordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou
acórdão.
§ 1o A lista de processos aptos a julgamento deverá estar
permanentemente à disposição para consulta pública em
cartório e na rede mundial de computadores.
Agora juízes e Tribunais deverão julgar, preferencialmente, de acordo com a cronologia da conclusão do
processo para julgamento. A lista de processos conclusos será pública para permitir a sua fiscalização. 
Essa regra prestigia os princípios da igualdade e da duração razoável do processo. 
Somente para as decisões finais (sentenças e acórdãos) deverá ser observada a ordem cronológica, para
as decisões interlocutórias não é necessário. 
EXCEÇÕES: Casos em que se permite que o juiz decida fora da ordem cronológica (§2º).
§ 2o Estão excluídos da regra do caput:
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de
acordo ou de improcedência liminar do pedido;
9
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de
tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de
resolução de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo
Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que
tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim
reconhecida por decisão fundamentada.
� Sentenças Proferidas em Audiência (I)
� Homologatórias de Acordo (I) 
� Improcedência Liminar do Pedido (rejeição imediata do mérito da petição inicial). (I)
� Aplicação de Tese Firmada em Recursos Repetitivos (II) 
� Recursos Repetitivos e seus Incidentes de Resolução (III) 
� Extinção do Processo sem Julgamento do Mérito (IV)
� Decisão Monocrática do Relator (IV)
� Embargos de Declaração (V)
� Agravo Interno (VI)
� Preferências Legais (VII)
� Metas do CNJ (VII)
� Processos Criminais (órgãos em que haja competência criminais e cíveis) (VIII)
� Causas Urgentes (IX)
§ 3o Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem
cronológica das conclusões entre as preferências legais.
10
As preferências legais devem ter ordem cronológica própria. É preciso estabelecer uma lista própria para
as preferências legais. Trata-se do mesmo raciocínio utilizadonas listas dos precatórios (comuns e
alimentares).
§ 4o Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1o, o
requerimento formulado pela parte não altera a ordem
cronológica para a decisão, exceto quando implicar a
reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em
diligência.
O processo está concluso e uma parte entra com um requerimento qualquer para tirar da conclusão e
atrasar o andamento do processo. Para evitar esse tipo de manobra, o dispositivo prevê que o
requerimento da parte após a conclusão do processo não tira o processo da lista, salvo se implicar na
reabertura da instrução ou conversão do julgamento em diligência. 
§ 5o Decidido o requerimento previsto no § 4o, o processo
retornará à mesma posição em que anteriormente se
encontrava na lista.
§ 6o Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1o ou,
conforme o caso, no § 3o, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando
houver necessidade de realização de diligência ou de
complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II.
A sentença que foi anulada pelo Tribunal retorna ao primeiro lugar do fila.
Art. 1.040. Publicado o acórdão paradigma:
II - o órgão que proferiu o acórdão recorrido, na origem,
reexaminará o processo de competência originária, a remessa
necessária ou o recurso anteriormente julgado, se o acórdão
recorrido contrariar a orientação do tribunal superior;
Obs.: O art. 153 do NCPC está intimamente conectado com a ordem cronológica da decisão (cronologia
no cartório). 
Art. 153. O escrivão ou o chefe de secretaria atenderá,
preferencialmente, à ordem cronológica de recebimento para
publicação e efetivação dos pronunciamentos judiciais.
§1º A lista de processos recebidos deverá ser disponibilizada,
de forma permanente, para consulta pública.
§2º Estão excluídos da regra do caput:
11
I - os atos urgentes, assim reconhecidos pelo juiz no
pronunciamento judicial a ser efetivado;
II - as preferências legais.
§3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-ão a ordem
cronológica de recebimento entre os atos urgentes e as
preferências legais.
§4º A parte que se considerar preterida na ordem cronológica
poderá reclamar, nos próprios autos, ao juiz do processo, que
requisitará informações ao servidor, a serem prestadas no
prazo de 2 (dois) dias.
§5º Constatada a preterição, o juiz determinará o imediato
cumprimento do ato e a instauração de processo
administrativo disciplinar contra o servidor.
Os §§4º e 5º estabelecem um procedimento disciplinar para apurar a preterição da ordem cronológica
dos processos. Essa previsão suscita uma dúvida: Qual é a consequência do juiz proferir uma sentença
fora da ordem cronológica?
Fredie entende que a sentença não pode ser invalidada, pois não prejudica nenhuma das partes. O
prejudicado é um terceiro. A consequência, portanto, deverá ser de ordem disciplinar perante o CNJ e a
sua Corregedoria. 
O desrespeito à ordem cronológica não gera invalidade do ato, mas pode ser utilizado como um
indício de suspeição do juiz – podendo assim invalidar o ato.
REGRA DE TRANSIÇÃO:
Art. 1.046. (...)
§ 5o A primeira lista de processos para julgamento em ordem
cronológica observará a antiguidade da distribuição entre os
já conclusos na data da entrada em vigor deste Código.
PRINCÍPIO DO RESPEITO DO AUTORREGRAMENTO DA VONTADE NO PROCESSO
O processo para ser considerado devido não pode ser um ambiente hostil ao exercício da liberdade,
consubstanciada na autonomia privada (autorregramento da vontade). 
O processo deve ser pensado como um ambiente propício para o exercício do poder de
autorregramento das partes. O processo não de conter restrições irrazoáveis ao exercício da liberdade.
O Código deixa isso muito claro!
A ideia de que a vontade das partes no processo está superada. Pouco importa se a relação processual é
de direito público. É claro que a autonomia privada no processo é mais limitada do que a exercida no
âmbito extrajudicial, mas o fato de haver restrições no processo não significa que não haja respeito ao
autorregramento da vontade no processo. 
A regra é o autorregramento, mas há restrições razoáveis. 
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O NCPC inteiro é estruturado com base nesse princípio: 
a) Estímulo à autocomposição desde o início; 
b) Permite-se homologação judicial de acordo de qualquer natureza (inclusão de outros sujeitos e
outras lides estranhos ao processo);
c) Cláusula Geral de Negociação Processual, ou seja, permite que as partes celebrem qualquer
acordo sobre O PROCESSO (não sobre o que se discute no processo);
d) Previsão de negócios processuais típicos (calendário processual, convenção sobre ônus da
prova, saneamento consensual, escolha consensual de perito, mudança consensual da
audiência, etc.);
e) O NCPC dedica um capítulo inteiro sobre mediação e conciliação;
f) Arbitragem como meio jurisdicional; 
g) Princípio da cooperação;
Portanto, não há como pensar no NCPC sem partir da premissa do autorregramento da vontade das
partes. Este princípio é um dos pilares do Novo Código. 
Art. 2o O processo começa por iniciativa da parte e se
desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em
lei.
Impulso Oficial. A regra deve ser reexaminada, haja vista que uma das exceções ao impulso oficial é o
autorregramento da vontade pelas partes. Pode haver acordo entre as partes que module o impulso
oficial. 
Tradicionalmente, uma exceção a esse dispositivo era a possibilidade de que o juiz instaure o inventário
de ofício. Esta regra não existe mais. 
A regra do impulso oficial não impede que a parte Autora desista da causa, como sempre lhe foi
permitido.
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
Art. 6o Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si
para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito
justa e efetiva.
Este princípio consagra o modelo cooperativo de processo no Brasil. 
O princípio da cooperação tem por objetivo transformar o processo em um ambiente cooperativo, isto
é, uma comunidade de trabalho em que vigorem a lealdade e o equilíbrio entre os sujeitos do processo.
Quando se fala em sujeitos do processo, inclui-se aí o juiz. 
O modelo de processo cooperativo fica entre dois extremos de modelos de processo civil:
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a) Modelo Publicista – preponderância do juiz, que possui muitos poderes e o exercem à despeito
das partes;
b) Modelo Adversarial – a condução do processo fica ao alvedrio das partes.
c) Modelo Cooperativo – diálogo entre os sujeitos processual. Trata-se de um corolário do
princípio da boa-fé, não por acaso está no artigo seguinte.
A cláusula de boa-fé no direito alemão fez com que os tribunais e a doutrina daquele país entendessem
que a boa-fé gere deveres de cooperação. São os deveres anexos da boa-fé, deveres da cooperação. 
“Cooperar entre si”. Não significa que as partes devem se ajudar uns aos outros. Cooperar é agir em
conformidade com os deveres da boa-fé, que são deveres objetivos (deveres de não atrapalhar, de não
transformar o processo num ambiente hostil). 
O princípio da cooperação gera alguns deveres para o juiz:
a) Dever de Consulta (art. 10 do NCPC) – o juiz deve dialogar com as partes sobre pontos
relevantes sobre os quais elas não se manifestaram; 
b) Dever de Prevenção – o juiz tem o dever de apontar os defeitos do processo, prevenindo as
partes e apontando como deve ser feita a sua correção (ex., todos devem cooperar para uma
decisão de mérito justa e efetiva);
c) Dever de Esclarecimento – se revela de duasformas: i) dever de dar decisões claras; ii) dever
de pedir esclarecimento da parte, caso não entenda a sua postulação. O juiz não pode indeferir
o pedido da parte se não compreendê-lo. 
Tem doutrina que reconhece a existência de um quarto dever de cooperação. 
d) Dever de Auxilio – muito consagrado no direito alemão e austríaco. O juiz deve ajudar as partes
a transpor obstáculos formais ou de mérito. 
Fredie entende que esse princípio não existe no Brasil, pois aqui o pedido é formulado por auxiliar
técnico (advogado ou defensor público). 
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3. DA NORMA PROCESSUAL
VACATIO LEGIS
O Código tem vacatio de um ano.
APLICAÇÃO SUBSIDIÁRIA
O NCPC, por expressa previsão legal, se aplica ao processo trabalhista, ao processo eleitoral e ao
processo administrativo. 
Exemplo: a regra da distribuição dinâmica do ônus da prova é algo muito útil no processo
administrativo. 
FIM DO PROCEDIMENTO SUMÁRIO
O Código Novo elimina o procedimento sumário, ficando somente o procedimento ordinário, que passa
se chamar “procedimento comum”. 
As causa que estão em andamento continuam no rito sumário até a sentença. 
Muitas leis extravagantes faziam referência ao procedimento sumário (ex., lei do usucapião especial). O
NCPC aduz que todas as remissões feitas no procedimento sumário na legislação extravagante
consideram-se como remissões feitas ao procedimento comum.
PSEUDONOVIDADES
São textos novos no NCPC que consagram normas que já existiam. Texto novo de norma velha não é
norma nova, é apenas um artigo novo de uma norma que já existia com base em outro texto. Não é
necessário esperar a vacatio do NCPC para aplica-los. 
Exemplo. Art. 10 do CPC (dever de consulta) � hoje o dever de consulta decorre do contraditório, ele já
vigora hoje. Trata-se de uma pseudonovidade e, portanto, é aplicável hoje! 
“TEMPUS REGIT ACTUM”
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável
imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos
processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas
sob a vigência da norma revogada.
Processo é conjunto de atos e conjunto de situações jurídicas. 
Os atos jurídicos praticados no processo são atos perfeitos e, portanto, são invioláveis por lei nova. Do
mesmo modo, as situações jurídicas (direitos): direitos processuais já consolidados não podem ser
afetados por lei nova. 
Por exemplo, o NCPC reduz, do quádruplo para o dobro, o prazo para o Poder Público contestar. Se o
código começa a viger na fluência do prazo para o Poder Público, já há o direito de contestar com o
prazo em quádruplo. 
Lei processual nova não afeta atos processuais perfeitos nem direitos adquiridos processuais
adquiridos. 
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4. DA COMPETÊNCIA
PERPETUAÇÃO DA JURISDIÇÃO
Fatos supervenientes não vão alterar o juízo onde a causa está. 
Art. 43. Determina-se a competência no momento do registro
ou da distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as
modificações do estado de fato ou de direito ocorridas
posteriormente, salvo quando suprimirem órgão judiciário ou
alterarem a competência absoluta.
A data da fixação da competência é a data da distribuição (onde houver mais de uma vara) ou do
registro (vara única). É a data em que a jurisdição se perpetua. 
Propositura da Ação x Fixação da Competência. A data do protocolo é a data em que ação considera-se
proposta. Contudo, a fixação da competência ocorrerá no momento do registro ou distribuição da
petição inicial. Podem até ocorrer na mesma ocasião, mas trata-se de momentos diversos. 
Para o CPC/1973 a data da fixação é a mesma da propositura. Houve, portanto, uma alteração nesse
sentido. 
“Alterarem a competência absoluta”. O CPC/1973 falava em competência em razão da matéria ou
hierarquia (espécies). Portanto, o novo CPC é mais abrangente, pois afirma que qualquer mudança
superveniente de competência absoluta tem aptidão para alterar a competência fixada na perpetuação.
A jurisprudência já entendia dessa forma. 
INCOMPETÊNCIA PARA JULGAMENTO DE PEDIDO CUMULADO
O NCPC regulou como o juiz deve proceder quando na cumulação de pedidos ele for incompetente para
o julgamento de um dele. 
Art. 45. (...)
§ 1o Os autos não serão remetidos se houver pedido cuja
apreciação seja de competência do juízo perante o qual foi
proposta a ação.
§ 2o Na hipótese do § 1o, o juiz, ao não admitir a cumulação
de pedidos em razão da incompetência para apreciar
qualquer deles, não examinará o mérito daquele em que
exista interesse da União, de suas entidades autárquicas ou
de suas empresas públicas. 
§ 3o O juízo federal restituirá os autos ao juízo estadual sem
suscitar conflito se o ente federal cuja presença ensejou a
remessa for excluído do processo.
Nestes casos, não deve o juiz admitir a cumulação e julgar apenas o pedido para que seja competente. 
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O parágrafo terceiro nada mais é do que a incorporação da súmula 224 do STJ ao Código.
COMPETÊNCIA PARA AS AÇÕES DE INVENTÁRIO
A redação restou melhorada em relação ao Código passado. 
Art. 48. O foro de domicílio do autor da herança, no Brasil, é
o competente para o inventário, a partilha, a arrecadação, o
cumprimento de disposições de última vontade, a
impugnação ou anulação de partilha extrajudicial e para
todas as ações em que o espólio for réu, ainda que o óbito
tenha ocorrido no estrangeiro. 
Parágrafo único. Se o autor da herança não possuía domicílio
certo, é competente:
I - o foro de situação dos bens imóveis;
II - havendo bens imóveis em foros diferentes, qualquer
destes;
III - não havendo bens imóveis, o foro do local de qualquer
dos bens do espólio. 
Há uma gradação e um esclarecimento que o CPC/1973 não fazia. 
FAZENDA PÚBLICA
Art. 51. É competente o foro de domicílio do réu para as
causas em que seja autora a União.
Parágrafo único. Se a União for a demandada, a ação poderá
ser proposta no foro de domicílio do autor, no de ocorrência
do ato ou fato que originou a demanda, no de situação da
coisa ou no Distrito Federal. 
Art. 52. É competente o foro de domicílio do réu para as
causas em que seja autor Estado ou o Distrito Federal. 
Parágrafo único. Se Estado ou o Distrito Federal for o
demandado, a ação poderá ser proposta no foro de domicílio
do autor, no de ocorrência do ato ou fato que originou a
demanda, no de situação da coisa ou na capital do respectivo
ente federado.
O artigo 51 não é uma novidade, visto que reproduz o texto da Constituição Federal; o artigo 52 é um
espelho do anterior, estendendo a mesma lógica nas causas propostas pelo/contra o Estado e o Distrito
Federal. 
COMPETÊNCIA TERRITORIAL
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Equivalente ao artigo 100 do CPC/1973 traz diversas regras de competência territorial, atualizando-o. Há
três pontos novos. 
Art. 53. É competente o foro:
I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento
e reconhecimento ou dissolução de união estável:
a) de domicílio do guardião de filho incapaz;
b) do último domicílio do casal, caso não haja filho incapaz;
c) de domicílio do réu, se nenhuma das partes residir no
antigo domicílio do casal;
Ações relativas a casamento e união estável. O artigo 100 do CPC/1973 entendia as ações relativas ao
casamento/união estável deveriam ser propostas no foro da mulher. 
A regra atual é propor no domicílio do filho incapaz. Caso não haja filho incapaz, o foro será o do antigo
domicílio do casal. Por fim, caso nenhuma das partes residir no antigo domicílio, será competente o foro
do domicílio do réu. 
II - de domicílio ou residência do alimentando,para a ação em
que se pedem alimentos;
III - do lugar:
a) onde está a sede, para a ação em que for ré pessoa
jurídica;
b) onde se acha agência ou sucursal, quanto às obrigações
que a pessoa jurídica contraiu;
c) onde exerce suas atividades, para a ação em que for ré
sociedade ou associação sem personalidade jurídica;
d) onde a obrigação deve ser satisfeita, para a ação em que se
lhe exigir o cumprimento;
e) de residência do idoso, para a causa que verse sobre direito
previsto no respectivo estatuto;
Direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso. Tratam-se dos direitos exclusivos para os idosos, não
estamos falando, por exemplo, dos direitos do consumidor idoso. 
Regra de competência relativa. Este inciso consagra a tese de que a regra de competência relativa ao
idoso para ações individuais é uma regra de competência relativa, cabendo ao idoso a escolha no
momento de ajuizar a demanda. 
Ações coletivas seguem a regra do Estatuto do Idoso, que diz que a competência é a do local do ato ou
fato que causou a ação. Trata-se de regra de competência absoluta. 
O artigo 80 do Estatuto do Idoso regulam apenas as ações coletivas, a competência para as ações
individuais será regulada pelo artigo 53, e, do CPC/2015, que traz hipótese de competência relativa. 
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f) da sede da serventia notarial ou de registro, para a ação de
reparação de dano por ato praticado em razão do ofício;
O foro da sede onde está o cartório é o competente para as ações de reparação de danos decorrentes
de atos praticados em razão do ofício cartorário. 
IV - do lugar do ato ou fato para a ação:
a) de reparação de dano;
b) em que for réu administrador ou gestor de negócios
alheios;
V - de domicílio do autor ou do local do fato, para a ação de
reparação de dano sofrido em razão de delito ou acidente de
veículos, inclusive aeronaves.
CONEXÃO E CONTINÊNCIA
Art. 55. Reputam-se conexas 2 (duas) ou mais ações quando
lhes for comum o pedido ou a causa de pedir.
§ 1o Os processos de ações conexas serão reunidos para
decisão conjunta, salvo se um deles já houver sido
sentenciado.
§ 2o Aplica-se o disposto no caput:
I - à execução de título extrajudicial e à ação de conhecimento
relativa ao mesmo ato jurídico;
II - às execuções fundadas no mesmo título executivo.
§ 3o Serão reunidos para julgamento conjunto os processos
que possam gerar risco de prolação de decisões conflitantes
ou contraditórias caso decididos separadamente, mesmo sem
conexão entre eles.
CONEXÃO
“Pedido”. Mudança apenas terminológica (antes era “objeto”).
§1º (...) “salvo se um deles já houver sido sentenciado”. Consagração da súmula 235 do STJ (“a
conexão não determina a reunião dos processos, se um deles já foi julgado”).
 §2º (...) inciso I. Encerra a discussão sobre a possibilidade de reunião de ação de execução e ação de
conhecimento. Se há conexão tem que reunir. 
§2º (...) inciso II. As execuções referentes ao mesmo título devem ser reunidas. 
§3º. CONEXÃO POR PREJUDICIALIDADE. Se houverem dois processos que possam gerar decisões
contraditórias ou conflitantes, estes devem ser reunidos. É uma nova hipótese de conexão que já era
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admitida pela jurisprudência e pela doutrina. Não importa se incide ou não nos casos do caput ou do
§2º, pois se trata de uma nova hipótese de conexão e os processos deverão ser reunidos. 
Art. 57. Quando houver continência e a ação continente tiver
sido proposta anteriormente, no processo relativo à ação
contida será proferida sentença sem resolução de mérito,
caso contrário, as ações serão necessariamente reunidas.
CONTINÊNCIA
A continência ocorre quando existem duas ações idênticas, sendo que uma delas possui pedido mais
amplo. 
Nem sempre a continência vai gerar a reunião dos processos, apenas se a causa maior for ajuizada
depois. Caso seja ajuizada a causa maior antes, a causa menor será extinta sem exame de mérito. 
PREVENÇÃO
As causas conexas devem ser reunidas no juízo prevento. No CPC/1973 existem dois critérios de
prevenção: a) despacho inicial (mesma competência territorial); b) onde primeiro se deu a citação
(competência territorial distinta). 
O Novo CPC unificou no artigo 59 os critérios de determinação do juízo prevento:
Art. 59. O registro ou a distribuição da petição inicial torna
prevento o juízo. 
 O mesmo fato que gera a perpetuação é o fato que gera a prevenção.
FORO DE ELEIÇÃO
Art. 25. Não compete à autoridade judiciária brasileira o
processamento e o julgamento da ação quando houver
cláusula de eleição de foro exclusivo estrangeiro em contrato
internacional, arguida pelo réu na contestação.
§ 1o Não se aplica o disposto no caput às hipóteses de
competência internacional exclusiva previstas neste Capítulo.
§ 2o Aplica-se à hipótese do caput o art. 63, §§ 1o a 4o.
Foro de eleição internacional. Consagra-se uma prática comercial internacional bastante difundida,
acabando com a ideia de que foro de eleição internacional viola a soberania brasileira. 
Exceção. Nos casos em que a competência brasileira é exclusiva, não caberá foro de eleição. 
Mais um dispositivo que prestigia a autonomia privada. 
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§ 3o Antes da citação, a cláusula de eleição de foro, se
abusiva, pode ser reputada ineficaz de ofício pelo juiz, que
determinará a remessa dos autos ao juízo do foro de domicílio
do réu.
§ 4o Citado, incumbe ao réu alegar a abusividade da cláusula
de eleição de foro na contestação, sob pena de preclusão.
Foro de eleição abusiva. O novo CPC fala de cláusula abusiva de eleição de foro em qualquer contrato,
não mais apenas sobre os contratos de adesão. 
Momento. Antes da citação, o juiz pode controlar de ofício. Depois da citação, apenas se o réu alegar,
sob pena de preclusão. Até a citação pode ser feita de ofício, depois depende da manifestação do réu. 
ALEGAÇÃO DE INCOMPETÊNCIA
Agora a incompetência, qualquer que seja ela, deve ser alegada em preliminar de contestação. Antes a
incompetência relativa era alegada em exceção, em peça avulsa. 
Art. 64. A incompetência, absoluta ou relativa, será alegada
como questão preliminar de contestação.
Qualquer alegação de incompetência pode ser alegada no domicílio do réu. Isso já existia no
CPC/1973, mas apenas em relação à incompetência relativa. 
Alegação pelo MP. O NCPC deixa claro que o MP que atue como fiscal da ordem jurídica4 (não se usa
mais a expressão “fiscal da lei”) poderá alegar a incompetência relativa nos casos em que intervier. 
A incompetência absoluta não gera a nulidade do ato decisório automaticamente. Reconhecida a
incompetência absoluta os autos serão remetidas para o juízo competente, a quem caberá decidir o que
será feito com essa decisão. Não é mais como era no CPC/1973, onde a nulidade do ato decisório era
automática. Aposta-se na preservação do ato decisório, ainda que proferida por juízo incompetente. 
O NCPC deixa claro que a decisão sobre a competência deve ser feita imediatamente pelo juiz: alega-se
a competência, ouve-se a outra parte e decide!
Problema. A decisão do juiz sobre competência tende a ser uma decisão interlocutória: ou rejeita ou
acolha e remete para o juízo competente. O problema é que o NCPC não lista a decisão sobre
competência dentre as hipóteses de cabimento de agravo de instrumento. Cabe recurso imediato sobre
a decisão de incompetência?
Fredie: o rol das hipóteses de agravo é taxativo, porém, isso não afasta a interpretação por analogia. Há
situações semelhantes àquelas da lista que merecem impugnação por agravo. No caso da decisão por
incompetência,Fredie entende que cabe agravo na hipótese de “decisão que rejeita convenção de
arbitragem” (art. 1.015, III, NCPC). Nesse caso, está se dizendo que o juiz não tem competência para
julgar a causa, que seria de competência do árbitro. Trata-se de uma decisão de incompetência. A
decisão é a mesma e solução diversa violaria o princípio da igualdade.
4 Compatibilizado com a nova significação do princípio da legalidade. 
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CONFLITO DE COMPETÊNCIA
Intervenção do MP. Agora fica claro que o MP não intervirá em qualquer conflito de competência,
apenas naqueles referentes às causas em que o parquet já intervêm. No CPC/1973, o MP intervinha em
qualquer conflito de competência. 
O juiz que não aceitar o processo declinado por outro deve suscitar conflito. Isso era uma obviedade
deixada clara no NCPC. 
Em algumas situações, o relator do conflito de competência poderá julgá-lo monocraticamente.
Art. 955. (...)
Parágrafo único. O relator poderá julgar de plano o conflito
de competência quando sua decisão se fundar em:
I - súmula do Supremo Tribunal Federal, do Superior Tribunal
de Justiça ou do próprio tribunal;
II - tese firmada em julgamento de casos repetitivos ou em
incidente de assunção de competência.
O CPC/1973 falava em “jurisprudência dominante sobre o assunto”, o que o NCPC esclarece. 
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5. Dos Pressupostos Processuais
DEFEITO RELATIVO À CAPACIDADE PROCESSUAL
Regulado pelo artigo 13 do CPC/1973, que determina o suprimento dos defeitos referentes à capacidade
processual. Essa parte foi bastante reformulada no NCPC, deixando mais clara a sua aplicação. 
Art. 76. Verificada a incapacidade processual ou a
irregularidade da representação da parte, o juiz suspenderá o
processo e designará prazo razoável para que seja sanado o
vício.
Prazo razoável. Não há prazo determinado, o juiz deve analisar caso a caso. 
§ 1o Descumprida a determinação, caso o processo esteja na
instância originária:
I - o processo será extinto, se a providência couber ao autor;
II - o réu será considerado revel, se a providência lhe couber;
III - o terceiro será considerado revel ou excluído do processo,
dependendo do polo em que se encontre.
Corrige uma imperfeição técnica do CPC/197, que falava que o terceiro seria sempre excluído do
processo. Na verdade ele apenas seria excluído se estivesse no polo ativo. Se o terceiro for um
denunciado à lide não será excluído, pois ele também é réu, seguindo o processo à sua revelia. 
§ 2o Descumprida a determinação em fase recursal perante
tribunal de justiça, tribunal regional federal ou tribunal
superior, o relator:
I - não conhecerá do recurso, se a providência couber ao
recorrente;
II - determinará o desentranhamento das contrarrazões, se a
providência couber ao recorrido.
Aplicação em grau recursal. O dispositivo aplica-se na instância originária e também na instância
recursal (mesmo em Tribunal Superior). Se em grau de recurso houver problema referente à
representação das partes, deverá o relator mandar corrigir em prazo razoável. Se porventura não for
feita a correção, o recurso não será reconhecido ou as contrarrazões serão desentranhadas.
CONDIÇÕES DA AÇÃO
Assim como os pressupostos processuais, as condições da ação são requisitos para o exame do mérito
da causa. 
O termo condição da ação é um termo que o CPC/1973 encampou, rotulado como gênero de que são
espécies a legitimidade ad causam, o interesse processual e a possibilidade jurídica do pedido. 
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Havia muitas críticas a esse rótulo: a) seriam pressupostos processuais, pois cuidam de requisitos de
admissibilidade; b) pelo menos a legitimidade e a possibilidade jurídica do pedido seriam questões de
mérito. 
O NCPC aboliu o rótulo “condição da ação”, assim como não existe mais a expressão “carência de
ação”. Foram eliminadas do nosso sistema. Fredie entende que essas expressões foram abolidas
devido a sua equivocidade. 
Legitimidade e Interesse. O NCPC continua falando em legitimidade e interesse, mas não diz que ambos
são condições da ação. 
Possibilidade Jurídica do Pedido. O NCPC nem menciona mais, consagrando o entendimento de que se
trata de uma decisão de mérito. Pedido juridicamente impossível é pedido rejeitado. 
O NCPC criou a possibilidade de uma improcedência liminar do pedido. O juiz pode pegar uma petição
inicial e julgar de cara improcedente. Isso já existia no CPC/1973, o que foi generalizado no NCPC. 
Legitimidade e Interesse – Pressupostos Processuais. Fredie entende que o NCPC deixa claro que
legitimidade e interesse de agir são pressupostos processuais, isto é, requisitos de admissibilidade do
processo. 
Não há mais necessidade de estuda-los à luz de uma teoria das condições da ação, alinhando-se à
doutrina europeia. 
Posição de Fredie. A legitimidade ordinária é questão de mérito, sendo que a legitimidade
extraordinária seria pressuposto processual (requisito de admissibilidade). Essa posição é minoritária.
Para a doutrina majoritária, a qualquer legitimidade é questão de admissibilidade. 
LEGITIMIDADE
Art. 17. Para postular em juízo é necessário ter interesse e
legitimidade.
 “Para postular”. O artigo 3º do CPC/1973 dizia “Para propor ou contestar ação é necessário ter
interesse e legitimidade”. Propositura e Contestação não são as únicas postulações que podem ser feitas
em juízo, vide os recursos. O NCPC fala em “postular”, termo muito mais amplo. Trata-se de uma
correção técnica. 
Essa mudança de redação encampa um entendimento doutrinário segundo o qual o processo é um
conjunto de atos e situações jurídicas e, por tal motivo, as relações estabelecidas no processo são muito
dinâmicas. Há uma dinamicidade que é intrínseca no processo. Isso quer dizer que no processo a parte
pode adotar posições distintas, apresentando interesses distintos. As posições mudam no mesmo
processo. Assim, a postulação no processo pode ocorrer de várias formas e em momentos distintos. 
O CPC/1973 era muito engessado, pois tratava apenas da propositura e da contestação como atos do
processo. 
Exemplo 1. O juiz não é parte no processo, contudo, caso seja oposta uma alegação de impedimento,
em relação a esta o magistrado passará a ser parte. Para alegar impedimento a parte deve apresentar
interesse e legitimidade, para responder o juiz também deve ter interesse e legitimidade. 
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Exemplo 2. O denunciado a lide vem ao processo para assumir a posição de réu na denunciação e
assistente do denunciado. É inimigo do denunciante na denunciação e amigo deste na relação principal
(pois não quer a condenação do denunciante). 
É preciso pensar o processo de uma maneira complexa, com varias situações e postulações. 
Pessoa jurídica na ação popular e ação de improbidade. A pessoa jurídica nessas ações é intimada para
manifestar qual o interesse quer defender: ser autora, ser ré, ou não fazer nada. 
Art. 18. Ninguém poderá pleitear direito alheio em nome
próprio, salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico.
“Salvo quando autorizado pelo ordenamento jurídico”. No CPC/1973, o artigo correspondente fala
apenas em “salvo quando autorizado por lei”. A mudança do artigo do NCPC tem como inspiração nas
lições de doutrinadores como Barbosa Moreira e Arruda Alvim que diziam que a legitimidade
extraordinária deve ser extraída do sistema, não necessariamente de um artigo de lei. 
LEGITIMIDADE EXTRAORDINÁRIA NEGOCIADA. 
Os negócios jurídicos também faz parte do ordenamento jurídico. Fredie entende que o NCPC admite a
legitimidade extraordinária negociada.
Uma legitimação extraordinária negociada seriaa possibilidade de atribuição de legitimidade a alguém
para defender o direito de outrem. Não há transferência de direito, mas da legitimidade. 
Trata-se da consagração do princípio do respeito ao autorregramento da vontade. Além disso, há no
NCPC uma cláusula geral de negociação processual. 
Exemplo 1. Contrato do Google com a Lenovo em relação à venda da Motorola, em que a Google ficou
com as patentes. Nesse negócio, a Lenovo ficou com a legitimidade para defender em juízo as violações
às patentes da Motorola.
Exemplo 2. Cláusula no acordo de quotistas, que atribuem a todos a possibilidade de serem autores ou
réus. 
L.E.N. NO POLO ATIVO
É possível pensar em:
a) Transferência da legitimação – cede a legitimação sem ceder o crédito;
b) Ampliação da legitimação – legitimidade concorrente.
Tutela de Direitos Absolutos (sujeito passivo indeterminado) – não há nenhum tipo de providência
exigível, uma simples convenção pode permitir isso. 
Tutela de Direitos Relativos (sujeito passivo determinado) – para que essa cessão da legitimidade seja
eficaz perante o sujeito passivo, este deverá ser notificado. Aplica-se, por analogia, o regramento da
cessão de crédito. Basta a notificação, não precisa do consentimento!
Nos direitos absolutos não há razão de ser para notificação, pois não há sujeito determinado. Vai
notificar o universo? 
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L.E.N. NO POLO PASSIVO
Não é possível transferir a legitimação extraordinária passiva, salvo se o sujeito ativo concordar. Precisa
do consentimento da outra parte. 
Artigo de Fredie sobre “fonte normativa para legitimação extraordinária” no site academia.edu. 
Parágrafo único. Havendo substituição processual, o
substituído poderá intervir como assistente litisconsorcial.
É direito do titular do direito que está sendo discutindo o processo de intervir no processo como
assistente litisconsorcial do substituto (litisconsórcio unitário). 
Esse parágrafo único é algo totalmente novo. Se há substituição processual (legitimação extraordinária),
o substituído pode intervir como assistente litisconsorcial do substituto (litisconsorte unitário). 
CURADOR ESPECIAL
Art. 72. O juiz nomeará curador especial ao:
I - incapaz, se não tiver representante legal ou se os interesses
deste colidirem com os daquele, enquanto durar a
incapacidade;
II - réu preso revel, bem como ao réu revel citado por edital ou
com hora certa, enquanto não for constituído advogado.
Parágrafo único. A curatela especial será exercida pela
Defensoria Pública, nos termos da lei.
“Réu preso revel”. Não é qualquer réu preso, como o CPC/1973, mas apenas o revel. 
“Enquanto não for constituído advogado”. O curador especial apenas se justifica se o curatelado não
houver advogado constituído nos autos. Trata-se de uma mudança digna de nota. 
O NCPC consagra que a curatela especial é função da Defensoria Pública. 
CAPACIDADE PROCESSUAL DAS PESSOAS JURÍDICAS IRREGULARES
Além das sociedades irregulares, disciplinadas no CPC/1973, há também as associações irregulares (p.
ex., MST, Centro Acadêmico, etc.). O NCPC atento a essa realidade preenche essa lacuna do nosso
sistema. 
Art. 75. Serão representados em juízo, ativa e passivamente: 
(...)
VIII - a pessoa jurídica, por quem os respectivos atos
constitutivos designarem ou, não havendo essa designação,
por seus diretores;
(...)
27
§ 2o A sociedade ou associação sem personalidade jurídica
não poderá opor a irregularidade de sua constituição quando
demandada.
CAPACIDADE PROCESSUAL DAS PESSOAS CASADAS
Artigo 10 do CPC/1973.
A primeira grande mudança é a adequação do processo civil à regulamentação da matéria no Código
Civil de 2002, visto que o CPC/1973 repetia o Código de 1916. 
Art. 73. O cônjuge necessitará do consentimento do outro
para propor ação que verse sobre direito real imobiliário,
salvo quando casados sob o regime de separação absoluta de
bens.
O consentimento do cônjuge para a propositura de uma ação real imobiliária somente é exigido para os
casos em que não há regime de separação absoluta (repete o Código Civil de 2002).
Dúvida. Essa ressalva se aplica à separação de bens convencional e legal ou apenas à separação
convencional? Há quem diga que essa ressalva só se aplica apenas à separação convencional, pois no
caso da separação legal o patrimônio constituído após o casamento se comunica (súmula 377 do STF). É
uma interpretação. 
Fredie entende que o entendimento se aplica a ambas as modalidades de separação. 
§ 1o Ambos os cônjuges serão necessariamente citados para a
ação:
I - que verse sobre direito real imobiliário, salvo quando
casados sob o regime de separação absoluta de bens;
II - resultante de fato que diga respeito a ambos os cônjuges
ou de ato praticado por eles;
III - fundada em dívida contraída por um dos cônjuges a bem
da família;
IV - que tenha por objeto o reconhecimento, a constituição ou
a extinção de ônus sobre imóvel de um ou de ambos os
cônjuges.
§ 2o Nas ações possessórias, a participação do cônjuge do
autor ou do réu somente é indispensável nas hipóteses de
composse ou de ato por ambos praticado.
§ 3o Aplica-se o disposto neste artigo à união estável
comprovada nos autos.
“Por um dos cônjuges”. A redação do CPC/1973 falava em dívida contraída pelo marido a bem da
família, pois naquela época o marido era o gestor da família, não havia a ideia de igualdade de direitos
entre marido e mulher em 1973. Os artigos 1.643 e 1.644, do Código Civil, dizem exatamente isso. 
28
União Estável (§3º). Em 1973 não havia união estável. O legislador do NCPC estendeu todo o
regramento do casamento à união estável. O problema é que uma das características da união estável é
a sua informalidade. Fredie entende que essa opção é muito complicada, vez que muitas vezes nem
mesmo os conviventes sabem que estão em união estável. 
“Comprovada nos autos”. Comprovada como e de que modo? O documento (contrato de união estável)
não precisa de registro pode inclusive ter data irretroativa. 
Fredie entende que uma interpretação razoável para esta regra seria que quando se fala em “união
estável comprovada nos autos”, entende-se que deve ser comprovada por documento averbado no
registro civil tal como regulamentado pelo CNJ. Essa regulamentação do CNJ do contrato de união
estável serviu para dar eficácia a terceiros desse contrato de convivência. 
O dispositivo, portanto, só se aplica às união estáveis documentadas e registrada por documento
averbado no registro civil, o que trará segurança jurídica e resguardará os direitos de terceiros. 
CAPACIDADE PROCESSUAL DO ESPÓLIO – INVENTARIANTE DATIVO
No CPC/1973, o artigo 12, §1º, dizia que quando o inventariante fosse dativo, todos os herdeiros e
sucessores seriam autores ou réus nas ações em que o espólio fosse parte (litisconsórcio necessário
ativo/passivo entre herdeiros e espólio). 
O NCPC esclarece:
Art. 75 (...)
§ 1o Quando o inventariante for dativo, os sucessores do
falecido serão intimados no processo no qual o espólio seja
parte. 
Quando o inventariante for dativo, basta intimar os sucessores do falecido. 
CONVÊNIO ENTRE AS PROCURADORIAS DOS ESTADOS
§ 4o Os Estados e o Distrito Federal poderão ajustar
compromisso recíproco para prática de ato processual por
seus procuradores em favor de outro ente federado, mediante
convênio firmado pelas respectivas procuradorias.
Possibilidade de celebração de convênios entre os Estados e o Distrito Federal para que as procuradorias
jurídicas dos Estados e o Distrito Federal possam atuar no interesse uns dos outros. 
Fredie entendepossível que este convênio possa abranger também as procuradorias dos entes da
administração indireta (autarquias, fundações, etc.). 
ATO PRATICADO POR ADVOGADO SEM PROCURAÇÃO
O parágrafo único do artigo 37 do CPC/1973 dizia que os atos praticados por advogado sem procuração,
caso não fossem ratificados no prazo determinado pelo juiz, seriam havidos como inexistentes. Fredie
critica o dispositivo, pois o ato não ratificado não poderia ser jamais inexistente. 
Tal dispositivo inspirava anomalias como a súmula 115 do STJ, que dizia que na instância especial é
inexistente recurso interposto por advogado sem procuração nos autos.
29
Além disso, o dispositivo estava em dissonância com o artigo 662, do Código Civil de 2002, que
qualificava como ineficaz o ato praticado por quem não tenha mandato. Fredie entende que este
dispositivo revogava tacitamente o parágrafo único do artigo 37 do CPC/1973.
Para encerrar a discussão, o NCPC incorpora ao processo civil o que já estava disposto no Código Civil. 
Art. 104. (...) § 2o O ato não ratificado será considerado
ineficaz relativamente àquele em cujo nome foi praticado,
respondendo o advogado pelas despesas e por perdas e
danos.
Parte da doutrina brasileira defendia, com base no parágrafo único do artigo 37 do CPC/1973, que
capacidade postulatória era pressuposto de existência do processo. Esse entendimento deve ser revisto:
primeiro, pois o dispositivo não cuidava de capacidade postulatória, mas de juntada de procuração;
segundo, que isso não tem a ver com inexistência, mas com ineficácia. Agora, esta doutrina não tem
mais razão de ser. 
30
6. DO LITISCONSÓRCIO
Art. 113. Duas ou mais pessoas podem litigar, no mesmo
processo, em conjunto, ativa ou passivamente, quando:
I - entre elas houver comunhão de direitos ou de obrigações
relativamente à lide;
II - entre as causas houver conexão pelo pedido ou pela causa
de pedir;
III - ocorrer afinidade de questões por ponto comum de fato
ou de direito.
 Ocorreu uma fusão dos incisos II e III do artigo 46 do CPC/1973 no inciso II do NCPC. Houve uma
simplificação. 
Existem apenas três tipos de litisconsórcio: 
a) comunhão 
b) conexão
c) afinidade
POSSIBILIDADE DE DESMEMBRAMENTO DO LITISCONSÓRCIO MULTITUDINÁRIO 
O NCPC esclarece que esta possibilidade de desmembramento pode ser aplicado em qualquer fase. 
§ 1o O juiz poderá limitar o litisconsórcio facultativo quanto
ao número de litigantes na fase de conhecimento, na
liquidação de sentença ou na execução, quando este
comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa
ou o cumprimento da sentença.
Recurso da decisão sobre o desmembramento. Houve mudança no sistema recursal das decisões
interlocutórias, sendo que o NCPC impede a impugnação imediata de algumas dessas decisões. Neste
sentido, apenas a decisão que rejeita o pedido de desmembramento é agravável. A decisão que acolhe o
pedido de desmembramento não é agravável, visto que não há prejuízo que justifique o recurso
imediato. 
LITISCONSÓRCIO UNITÁRIO
O artigo 116 conceitua litisconsórcio unitário, a partir da doutrina de Barbosa Moreira.
Art. 116. O litisconsórcio será unitário quando, pela natureza
da relação jurídica, o juiz tiver de decidir o mérito de modo
uniforme para todos os litisconsortes. 
Há unitariedade quando o mérito deve ser decidido de modo igual.
31
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO
Art. 114. O litisconsórcio será necessário por disposição de lei
ou quando, pela natureza da relação jurídica controvertida, a
eficácia da sentença depender da citação de todos que devam
ser litisconsortes. 
Conceito. O NCPC diz que o litisconsórcio é necessário: A) quando a lei impuser ou; B) quando, pela
natureza controvertida, todos tiverem ser citados. Essa redação é equívoca, pois não esclarece qual é
essa segunda situação de litisconsórcio necessário. 
Só tem uma interpretação possível: é casar o dispositivo com o artigo 116, que trata do litisconsórcio
unitário. Assim, o litisconsórcio será necessário por disposição de lei ou quando for unitário. 
Consequência da Falta de Citação de Litisconsórcio Necessário. Antes de tudo deve-se perquirir se o
litisconsórcio necessário é simples ou unitário, pois as consequências da ausência de citação irão variar a
depender do caso. O artigo 115 resolve a questão. 
Art. 115. A sentença de mérito, quando proferida sem a
integração do contraditório, será:
I - nula, se a decisão deveria ser uniforme em relação a todos
que deveriam ter integrado o processo;
II - ineficaz, nos outros casos, apenas para os que não foram
citados.
Litisconsórcio Necessário Unitário. A decisão será nula se não houver citação do litisconsorte. Observe
que é a sentença que é nula e não o processo. A sentença não vale para ninguém. 
Litisconsórcio Necessário Simples. Nesse caso, a decisão será ineficaz apenas para os que não foram
citados, sendo válida para os que foram citados. 
Trata-se de ajuste, adequando a lei ao que sempre se defendeu. Portanto, nem sempre a ausência de
citação para litisconsórcio necessário gera nulidade. 
Lembrem-se a sentença só é nula se proferida contra o sujeito, pois se for proferida a favor do que não
foi citado, não tem nenhum problema. 
Parágrafo único. Nos casos de litisconsórcio passivo
necessário, o juiz determinará ao autor que requeira a citação
de todos que devam ser litisconsortes, dentro do prazo que
assinar, sob pena de extinção do processo.
Consagra a tese de que só há litisconsórcio necessário no polo passivo. 
32
Que o juiz pode determinar a citação do litisconsorte necessário, não há qualquer novidade. A novidade
está em que o dispositivo deixa claro que apenas há litisconsórcio necessário passivo. Não há
litisconsórcio necessário no polo ativo.
LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO POR FORÇA DE NEGÓCIO. 
Fredie entende que, pelo princípio do respeito ao autorregramento da vontade e a cláusula geral de
negociação sobre o processo, seria possível o litisconsórcio necessário por força de convenção
processual.
Exemplos. Em um TAC com várias pessoas assinando, poderia haver cláusula prevendo que, em caso de
ação discutindo o negócio, todos os assinantes devem ser litisconsortes necessários. O mesmo pode ser
pensado em um acordo de quotistas. 
Art. 117. Os litisconsortes serão considerados, em suas
relações com a parte adversa, como litigantes distintos,
exceto no litisconsórcio unitário, caso em que os atos e as
omissões de um não prejudicarão os outros, mas os poderão
beneficiar.
No litisconsórcio simples, os litisconsortes deverão ser considerados como litisconsortes distintos. O ato
de um não atinge o outro. 
No litisconsórcio unitário, os litisconsortes devem ser tratados com um só. O ato ou a omissão de um
poderá apenas beneficiar os demais, nunca para prejudicar. Esse artigo encampa o que a doutrina já
dizia. 
33
7. DAS INTERVENÇÕES DE TERCEIROS
OPOSIÇÃO
Deixa de ser intervenção de terceiro para se transformar em um procedimento especial. 
A oposição é muito semelhante aos embargos de terceiros, pois o terceiro dá origem um novo processo
com o propósito de discutir o ato de apreensão de um bem do qual é possuidor. No NCPC, a oposição
está prevista logo abaixo dos embargos de terceiro.
O NCPC trata da oposição como um procedimento especial: a) a competência é a do juízo onde está
tramitando o processo original; b) o prazo de defesa do procedimento de oposição é comum para os
réus, que no caso são autor e réu do processo originário, e não dobrado (duas partes com procuradores
diferentes). 
ASSISTÊNCIAOrganização. A assistência se divide em simples e litisconsorcial, e o CPC/1973 regulava o instituto em
cinco artigos sem dizer quais dispositivos se aplicavam às respectivas modalidades. O NCPC corrige isso:
há uma seção que trata das disposições comuns às duas modalidades, seguido de duas outras seções
que cuidam especificamente de cada uma delas. 
Gestor de negócios. O antigo CPC permitia que o assistente simples apresentasse defesa para o assistido
revel. Houve mudança na redação do dispositivo. 
121. (...) Parágrafo único. Sendo revel ou, de qualquer outro
modo, omisso o assistido, o assistente será considerado seu
substituto processual.
O NCPC traz três mudanças:
1. Deixa claro que o dispositivo se aplica só para a assistência simples;
2. Extingue a figura do “gestor de negócio”, incompatível com o processo civil, substituindo pelo
termo “substituto processual”, clássico caso de legitimação extraordinário;
3. “Ou de qualquer outro modo omisso”. A ideia aqui é a seguinte: permitir que o assistente
simples possa suprir as omissões do assistido, não só no caso de revelia. 
Por exemplo, no prazo para recorrer. O recurso do assistente simples supre, como substituto processual,
a omissão do assistente simples. 
Esse dispositivo soluciona um problema antigo da jurisprudência sobre o destino do recurso do
assistente simples, caso o assistido não tenha recorrido. Não ter recorrido é omissão que pode ser
suprida por atuação do assistente simples. 
Art. 122. A assistência simples não obsta a que a parte
principal reconheça a procedência do pedido, desista da ação,
34
renuncie ao direito sobre o que se funda a ação ou transija
sobre direitos controvertidos.
Manifestação de vontade do assistido (omissão negocial). O assistente simples não pode impedir que o
assistido pratique um dos seguintes atos: a) desista; b) renuncie ou; c) transija. São manifestações de
vontade do assistido, ante as quais o assistido nada pode fazer. 
Omissões não negociais. Se a omissão for não negocial, não há vontade, caso em que o assiste pode
atuar. Revelia, por exemplo, não é um negócio, trata-se de omissão não voluntária. Pouco importa saber
se a revelia foi proposital, pois para o sistema trata-se de um ato-fato jurídico. 
Se há negócio praticado pelo assistido, o assistente fica vinculado a ele (art. 122). Se há omissões não
negociais (para o direito são fatos), o assistente pode atuar (art. 121).
Omissões negociais. A omissão pode ter natureza de negócio (ex., a não alegação de convenção de
arbitragem é renúncia à arbitragem). Nestes casos, o assistente simples fica vinculado a essa omissão.
ATENÇÃO - as omissões negociais devem possuir previsão expressa.
INTERVENÇÃO ASSISTENCIAL NEGOCIADA
Tendo em vista que o código consagra o respeito ao princípio do autorregramento da vontade e a
cláusula geral de negociação processual, seria possível admitir uma intervenção atípica, de fundo
convencional? Seria possível admitir uma assistência negociada, sem interesse jurídico?
R.: Fredie entende que é plenamente possível a intervenção de terceiro com base em um negócio.
NOMEAÇÃO À AUTORIA
Não há mais a figura da nomeação à autoria como intervenção de terceiro. Tratava-se de uma figura
bastante confusa. No lugar da nomeação à autoria surgiram duas novidades.
INCIDENTES DE SUBSTITUIÇÃO DO RÉU
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima
ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz
facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da
petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor
reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e
cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos
termos do art. 85, § 8o.
Passa a ser direito do Autor, trocar o réu, caso concorde com a alegação de legitimidade passiva
afirmada pelo réu originário, cabendo a este receber os valores despendidos a título de custas e
honorários advocatícios em percentuais menores do que os previstos no CPC/1973.
INCIDENTE DE SUBSTITUIÇÃO OU AMPLIAÇÃO DO POLO PASSIVO
Pode ser identificado como o precedente da nomeação à autoria.
35
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu
indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre
que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas
processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes
da falta de indicação.
Dever de cooperação. O NCPC estabelece um dever do réu que alega a sua ilegitimidade e sabe quem é
o seu legitimado. Existem circunstâncias em que o réu sabe de quem é a legitimidade (p. ex., réu que
alega ser um mero empregado). Trata-se de um dever de cooperação decorrente da boa-fé. 
Generalização. Parece com a nomeação à autoria, mas é mais simples, cabendo em qualquer caso:
“sempre que souber”. 
Responsabilidade civil do réu por ausência de indicação. Se, porventura, o réu não indica o legitimado
e o juiz extingue o processo sem exame do mérito. Caso posteriormente venha a se descobrir que
aquele réu sabia quem era o legitimado, cabe ação de responsabilidade civil contra ele. 
Art. 338 x Art. 339. Se o réu só alega a ilegitimidade, o autor pode simplesmente pedir a troca (artigo
338). Além disso, se o réu alega a legitimidade, mas sabe de quem é a legitimidade, ele tem o dever de
indicar (artigo 339). 
§ 1o O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de
15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a
substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único
do art. 338.
§ 2o No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por
alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte
passivo, o sujeito indicado pelo réu.
§2º. Nesses casos, o autor pode pedir para ampliar o polo passivo, não só trocar. Fredie entende que
isso se aplica em qualquer caso de alegação de ilegitimidade do réu. Quem pode o mais, pode o menos:
se ele pode trocar, pode acrescentar. 
DENUNCIAÇÃO DA LIDE
Novidade do CPC/1973 que surgiu para substituir o “chamamento à autoria” e que não obteve sucesso.
Por sua vez, o Código Civil de 2002, em seu artigo 456, trouxe novos problemas em relação ao instituto.
Este dispositivo foi revogado expressamente pelo NCPC. Consequências:
A denunciação da lide não é obrigatória. Aquele que não denuncia a lide não perde o direito de
regresso. A denunciação da lide é uma opção da parte, não uma imposição. O direito de regresso poderá
ser cobrado por via autônoma. Acabou essa discussão. 
Denunciação da lide per saltum. Tratava-se da modalidade de denunciação em que o denunciante
denuncia outro sujeito na cadeia, não aquele com quem ele mantem uma ligação. Essa denunciação
parecia ser permitida pelo artigo 456 do Código Civil. Acabou a discussão: não se admite denunciação
per saltum.
36
Denunciação da lide sucessiva. O CPC/1973 admitia a denunciação sucessiva sem impor limites. No
NCPC, o processo pode ter no máximo duas denunciações da lide: só se admite a denunciação da lide
sucessiva uma única vez. 
Assim: A � B � C. Não pode haver uma terceira denunciação da lide. 
Denunciação da lide pelo réu. Deve ser feita no bojo da contestação, assim como a denunciação da lide
feita pelo autor deve ser feita na inicial. 
Revelia/Confissão do Réu. No CPC/1973, o denunciado podia permanecer inerte, ficando o denunciante
responsável por prosseguir no processo. Isso não faz sentido, pois na denunciação da lide surgem duas
lides diversas. 
O NCPC esclarece isso: quando o denunciado for revel ou confessar os fatos alegados pelo autor,

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